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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMI-ÁRIDO

CAMPUS ANGICOS
CURSO: BACHARELADO EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA

JOSÉ HUMBERTO DANTAS DE MEDEIROS

Gestão dos Resíduos Sólidos para Municípios de Pequeno e Médio Porte à


Luz da Política Nacional de Resíduos Sólidos

ANGICOS/RN
2012
JOSÉ HUMBERTO DANTAS DE MEDEIROS

Gestão dos Resíduos Sólidos para Municípios de Pequeno e Médio Porte à


Luz da Política Nacional de Resíduos Sólidos

Monografia apresentada à Universidade


Federal Rural do Semi-Árido – UFERSA,
Campus Angicos para a obtenção do Título de
Bacharel em Ciência e Tecnologia.

Orientadora: Profª Drª Roselene de Lucena


Alcântara.

ANGICOS/RN
2012
A Pedro Dantas de Medeiros [in memoriam],
que foi meu avô, pai, amigo, conselheiro,
homem pelo qual tenho maior orgulho, meu
agradecimento pelos momentos em que esteve
ao meu lado, me apoiando e me fazendo
acreditar que nada é impossível, e será para
vida inteira minha fonte de inspiração, pessoa
na qual tento me espelhar.

À Rosa Lima de Medeiros [in memoriam]


que foi minha avó, mãe, amiga que me amou e
que eu também amei com um amor mais puro,
sincero e verdadeiro, e que junto comigo
sonhou com a realização desse momento,
mulher que foi fundamental na minha
formação.

À Maria Do Socorro Medeiros, minha tia,


mãe, amiga, conselheira e uma pessoa que
nunca mediu esforços para minha felicidade,
de quem eu me orgulho bastante de ter como
minha mãe, e que fez ser quem sou hoje.
À Jurema Dantas de Medeiros, minha mãe,
por ter me concedido a vida, e que também
sonhou com esse momento.
À minha namorada, Isabelly Cristiny
Monteiro de Souza Pinto, por toda paciência e
compreensão durante esta jornada de dedicação
exclusiva para realização deste trabalho, pela
dedicação, companheirismo, amor e carinho,
incentivo e, conselhos.
AGRADECIMENTO

Agradeço a Deus pelo que conquistei ate agora, e por se mostrar presente me apoiando em
todos os momentos da vida, iluminando as minhas tomadas de decisões, fortalecendo e
orientando durante todo essa jornada, todos os dias me dando a saúde e mas peço a Ele para
me dar sabedoria para conquistar muito mais;

Aos meus avós, Pedro Dantas de Medeiros e Rosa de Lima de Medeiros, por toda dedicação,
amor e carinho que me deram, apoio, incentivo, força e torcida nessa jornada;

À professora Drª Roselene de Lucena Alcântara, pelas orientações, apoio, críticas


construtivas, disponibilidade, contribuições para qualificação desse trabalho, meu
agradecimento por ter acrescentado os seus conhecimentos durante todo esse trabalho;

À minha Tia, Maria do Socorro de Medeiros, pela preocupação, disponibilidade, incentivo,


dedicação, carinho e contribuição na minha jornada acadêmica, uma pessoa que admiro
demais;

À minha Mãe, Jurema Dantas de Medeiros, pelo o carinho, amizade, orientações, e o amor;

Ao meu Tio, Fabiano Dantas de Medeiros, pelo o incentivo, carinho, apoio, por ter se
demonstrado e prontificado auxílio nas causas necessárias para realização deste trabalho;

Ao meu Tio, Numeriano Dantas de Medeiros, pelo o incentivo, apoio, pela força, amizade,
por toda orientação;

À minha Tia, Maria da Saúde de Medeiros, pelas orientações, carinho, apoio, e além de
grandes lições de vida e palavras de conforto e motivação;

À minha Tia, Agatângela Maria de Medeiros, pelo o carinho, amizade, e o amor que tem por
mim;

Ao meu Tio, Veridiano Dantas de Medeiros, pelo o incentivo, e amizade;

À toda a minha família, irmãs, primos, tios que direta ou indiretamente se puseram a ajudar
sempre, para que eu pudesse chegar aqui;

Aos meus amigos de infância Bruno de Souza, Marcio de Araújo, Saulo de Souza, Paulo
Roberto, Gleysdiston Neves, Demanoel Pinheiro, Rafael Alexandre, Leandro Cândido,
Edmarcos Leite, Tiago, Wagner, companheirismo, parceria, pela sincera e fiel amizade;
Aos meus amigos da faculdade, Marilha Sá Leitão, João Paulo Cavalcante, Renato Alisson,
Hildelbrando, Angleja Nautchely, Leidiane Marques, Marja Luma, Ruan Landolfo, Jéssica
Emanuela, Ítalo Menezes, por toda parceria e convívio durante esses anos;

Aos professores que durante os três anos e meio passaram seus ensinamentos, além de
grandes lições de vida e palavras de conforto e motivação;

Aos funcionários da Universidade Federal Rural do Semi-Árido;

E a todas as pessoas que me conhecem e torcem pelo meu sucesso;

A todos, os meus sinceros agradecimentos.


“[...] As coisas são descartadas por sua feiúra,
ou são feias por terem sido destinadas ao lixo?”

Zygmunt Bauman1

1
BAUMAN, Zygmunt. Vidas Desperdiçadas, Rio de Janeiro: Zahar, 2005. p. 10.
RESUMO

A procura de uma solução para os problemas socioambientais gerados pelo acúmulo, destino
e falta de tratamento adequado dos resíduos sólidos tem despertado discussões, mobilizações
e intensa busca de alternativas que visem o equilíbrio sustentável do meio ambiente. Com este
objetivo, o presente trabalho se propõe a fazer uma análise do destino dos Resíduos Sólidos
nos municípios de pequeno e médio porte (Angicos-RN e Caicó-RN, respectivamente), à luz
da Lei n° 12.305/10 que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos e dá outras
providências. O percurso metodologia usada ocorreu através de visitas técnicas ao lixão dos
municípios de Angicos-RN e Caicó-RN, e aos órgãos responsáveis pela gestão dos resíduos
municipais para criação de um banco de dados, com o acompanhamento de registro
fotográfico, foram observados os procedimentos básicos e os possíveis impactos decorrentes
do descarte dos mesmos. Um dos problemas está ligado ao tratamento ou acondicionamento
dos resíduos produzidos nas residências, e o mais preocupante nos municípios está
relacionado aos danos ambientais provocados quanto à disposição inadequada dos resíduos,
sendo estes colocados em um lixão que deve ser erradicado até 2014 conforme a Lei n°
12.305/10.

Palavras-chave: Resíduos sólidos. Lei 12.305/2010. Lixão. Catadores.


LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Recipientes com cores diferenciadas para a coleta de materiais recicláveis... 21


Figura 2 – Processo de compostagem em usinas................................................... 26
Figura 3 – Sistemas de drenagem superficial de água de chuva.......................... 29
Figura 4 – Sistema de drenagem do chorume....................................................... 30
Figura 5 – Aterro Sanitário de Ibirubá/RS, resíduos sólidos sendo espalhados e
compactados.......................................................................................... 32
Figura 6 – Recobrimentos diários de lixo em aterro sanitário............................... 33
Figura 7 – Mapa do Rio Grande do Norte.............................................................. 45
Figura 8 – Lixão Municipal de Angicos/RN.......................................................... 49
Figura 9 – Resíduos descartados nos bairros de Caicó/RN.................................... 50
Figura 10 – Lixão municipal de Caicó/RN.............................................................. 50
Figura 11 – Imagem do Bairro Frei Damião, Caicó/RN.......................................... 51
Figura 12 – Armazenamento dos materiais recicláveis no lixão municipal de
Caicó/RN. ............................................................................................. 52
Figura 13 – Imagem do Projeto Reciclagem Cidadã................................................ 54
Figura 14 – Catadores em busca do sustento no Lixão Municipal de Angicos/RN. 57
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas


ABLP Associação Brasileira de Resíduos Sólidos e Limpeza Pública
ANVISA Agência Nacional de Vigilância Sanitária
Art Artigo
CETESB Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental
CNI Confederação Nacional da Indústria
CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente
EPA Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos
EUA Estados Unidos
FUNASA Fundação Nacional de Saúde
GT Grupo de Trabalho
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IPEA Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada
MMA Ministério do Meio Ambiente
NBR Norma Brasileira
PANGEA Centro de Estudos Socioambientais
PEVs Postos de Entrega Voluntária
PEAD Polietileno de Alta Densidade
PEGIRS-RN Plano Estadual de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos do RN
PL Projeto de lei
PNRS Política Nacional de Resíduos Sólidos
PVC Policloreto de Vinila
RSU Resíduos Sólidos Urbanos
RCD Resíduos de Construção e Demolição
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO.................................................................................... 11
2 REFERENCIAL TEÓRICO............................................................... 13
2.1 RESÍDUOS SÓLIDOS.......................................................................... 13
2.1.1 Classificação......................................................................................... 15
2.1.2 Tratamento e destinação final............................................................. 18
2.1.2.1 Reciclagem............................................................................................. 20
Coleta Seletiva......................................................................................
2.1.2.1.1 21
Aspectos econômicos e sociais da coleta seletiva...............................
2.1.2.1.2 24
2.1.2.2 Compostagem......................................................................................... 24
Controle do Processo...........................................................................
2.1.2.2.1 25
2.1.2.3 Aterro Sanitário...................................................................................... 26
Área de implantação............................................................................
2.1.2.3.1 27
Construção............................................................................................
2.1.2.3.2 28
Aspectos Econômicos...........................................................................
2.1.2.3.3 30
Aspectos Ambientais............................................................................
2.1.2.3.4 31
Viabilidade Técnica, Vantagens e Desvantagens..............................
2.1.2.3.5 34
2.1.2.4 Incineração............................................................................................. 36
Vantagens e Desvantagens...................................................................
2.1.2.4.1 39
2.2 HISTÓRICO DA CONCEPÇÃO DA POLÍTICA NACIONAL DOS
RESÍDUOS SÓLIDOS (PNRS)............................................................. 39
2.2.1 Importância do gerenciamento dos resíduos sólidos........................ 42
2.2.2 Plano Nacional de Resíduos Sólidos................................................... 43
3 MATERIAL E MÉTODOS................................................................. 45
3.1 ÁREA DE ESTUDO.............................................................................. 45
3.2 TIPOS DE PESQUISA E TEMAS ABORDADOS.............................. 46
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO......................................................... 47
4.1 DIAGNÓSTICO DA GESTÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS DOS
MUNICÍPIOS DE ANGICOS E CAICÓ.............................................. 47
4.1.1 Município de Pequeno Porte – Angicos ............................................. 47
4.1.2 Município de Médio Porte – Caicó..................................................... 49
5 CONCLUSÃO...................................................................................... 59
REFERÊNCIAS........................................................................................................ 60
1 INTRODUÇÃO

O crescimento acelerado populacional quando associado às mudanças de


hábitos incrementa um aumento na produção de materiais e atividades. Estes, por sua
vez, à medida que são produzidos e consumidos, acarretam um surgimento cada vez
maior de resíduos, os quais, coletados ou postos de forma inadequada, trazem
significativas transformações ambientais que têm se tornado um dos maiores desafios
do planeta. A produção exagerada desses resíduos é baseada em uma questão que
vem se agravando de forma gradativa, a partir do aumento da população e das
mudanças nos hábitos de vida.
Angelis Neto e Zmitrowicz (2000, p. 2) reportam que, a partir da primeira
fase da revolução industrial as cidades tornaram-se ambientes degradados, contudo, o
movimento sanitarista melhorou a qualidade ambiental das mesmas. Logo depois da
revolução industrial as cidades transformaram-se em grandes aglomerados onde a
qualidade de vida perde suas características e a degradação ambiental toma lugar.
Os progressos da humanidade aumentaram a qualidade e a expectativa de
vida. A contrapartida é um padrão de consumo que demanda matérias-primas, o que
de certa forma pode comprometer a qualidade de vida das gerações futuras. Esse
compromisso com as gerações futuras é o princípio do que se denomina crescimento
sustentável. Assim, espera-se que esta geração e as futuras usem a capacidade que o
homem possui de transformar as matérias, porém de forma sustentável (TENÓRIO;
ESPINOSA, 2004).
No contexto dos resíduos sólidos, quando destinados de forma inadequada
produzem grandes impactos ambientais, causando poluição das águas superficiais e
subterrâneas, contaminação dos solos e do ar e a proliferação de doenças; não
constituem somente um problema de ordem estética, mas representam também uma
séria ameaça ao homem e ao meio ambiente, diminuindo consideravelmente os
espaços úteis disponíveis (TENÓRIO; ESPINOSA, 2004; SCHALCH et al., 2002).
Com efeito, os resíduos sólidos quando destinados adequadamente
apresentam extrema importância no que se refere a qualidade de vida dos indivíduos
na sociedade, e redução aos riscos a saúde pública. O tratamento nunca constitui um
sistema de destinação final completo ou definitivo, pois sempre há um remanescente
inaproveitável. Entretanto, as vantagens decorrentes dessas ações, tornam-se mais
12

claras após o equacionamento dos sistemas de manejo e de destinação final dos


resíduos (SCHALCH et al., 2002).
De acordo com a Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental
(ABES) (RESÍDUOS ..., 2010), é notória a dificuldade dos municípios brasileiros
para a destinação adequada dos seus resíduos sólidos, com um quadro especialmente
mais grave nos municípios de pequeno porte. Em relação à destinação final, a
Pesquisa Nacional de Saneamento Básico realizada em 2008 (IBGE, 2010) revelou
que de 1989 a 2008 houve um crescimento considerável do percentual de municípios
que destinavam seus resíduos aos aterros sanitários e aterros controlados.
Entretanto, apesar dos avanços no Brasil, na Região Nordeste a situação da
destinação final destes resíduos ainda é muito crítica, revelando que, de acordo com a
pesquisa supracitada (IBGE, 2010), foi possível identificar que 89,3% dos
municípios do nordeste ainda tinham os lixões como destino final dos referidos
resíduos. A ausência de saneamento básico na maior parte dos bairros do município
de Angicos/RN, um dos objetivos da presente pesquisa, é um desses exemplos.
Segundo dados da última análise realizada pela Secretaria do Estado de Meio
Ambiente e dos Recursos Hídricos (SEMARH) em fevereiro de 2008, no Rio Grande
do Norte, os resíduos sólidos urbanos são depositados em lixões a céu aberto em
mais de 92% dos municípios, e essa realidade se concentra, na maioria das vezes, nos
pequenos municípios, que geralmente não têm recursos suficientes para dar o destino
adequado aos resíduos sólidos urbanos.
O objetivo do presente Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) é realizar um
levantamento bibliográfico e um recorte situacional em dois municípios de médio e
pequeno porte, sobre as formas de tratamento e disposição dos resíduos sólidos, à luz
da Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei Nº 12.305, 03/08/2010), considerando
que esta une proteção ambiental à inclusão social.
13

2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 RESÍDUOS SÓLIDOS

Nos últimos tempos, em decorrência dos hábitos da sociedade capitalista na


qual habitamos, a natureza tem sido agredida pelo consumo exagerado de produtos
industrializados e tóxicos que, ao serem descartados, acumulam-se no ambiente
como resíduos, causando danos ao planeta e à própria existência humana (ZANETI,
2003, p. 26).

No tocante à definição conceitual, a literatura técnica se serve dos


termos resíduos sólidos para designar o produto de descarte gerado
pela atividade industrial, comercial e de serviços da sociedade em
geral, seja urbana, rural, privada ou pública (KRELING, 2006, p.
20).

A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT, 2004), define resíduos


sólidos:

Resíduos sólidos são resíduos nos estados sólidos e semi-sólidos, que


resultam de atividades da comunidade, de origem: industrial, doméstica,
de serviços de saúde, comercial, agrícola, de serviços e de varrição.
Consideram-se também resíduos sólidos os lodos provenientes de
sistemas de tratamento de água, aqueles gerados em equipamentos e
instalações de controle de poluição, bem como determinados líquidos,
cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública
de esgotos ou corpo d'água, ou exijam para isso soluções técnicas e
economicamente inviáveis em face à melhor tecnologia disponível.

Uma das principais preocupações relacionada à produção de resíduos em todo


o mundo está voltada para as causas que esses resíduos podem ter sobre a saúde
humana e sobre a qualidade do meio ambiente (solo, água, ar e paisagens). Os
resíduos, tanto em termos de composição como de volume, variam em função do
consumo e dos métodos de produção (SANTOS, 2011, p. 1).
Tenório e Espinosa (2004) mencionam que, aparentemente, o homem seria o
único agente gerador de resíduos causados pelos os padrões de consumo da
sociedade atual. E ainda reportam que, muitas vezes, fenômenos naturais, localizados
são suficientes para desfazer a harmonia local, causando mudanças nos ciclos de
elementos e nas cadeias alimentares. Com isso, o ser humano não é o único agente
causador de desequilíbrio localizado.
Fazendo-se uma retrospectiva histórica dos recursos naturais, pode-se dizer
que a década de 70 foi a década voltada para preocupação quanto ao recurso água; a
14

de 80, a década do ar; e a de 90, dos resíduos sólidos. Isso não ocorreu apenas no
Brasil, os Estados Unidos (EUA) também iniciaram a campanha referente aos
resíduos sólidos no início da década de 80, quando foi instaurado o Superfund, que
era uma legislação peculiar que visava recuperar os grandes lixões de resíduos
sólidos existentes nos Estados Unidos da América (EUA). E essa abordagem
propiciou à Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (EPA) a fazer toda
uma legislação sobre resíduos sólidos, que constava no Federal Register n.º 40
(CAVALCANTI, 2004, p. 1).
Para Santos (2011, p. 5), o problema dos resíduos sólidos no Brasil é ainda
um fato a ser questionado. É um país formado por mais de 5.500 municípios, com
populações que variam de 2,5 mil a 15 milhões de habitantes, em áreas variadas e
que estão espalhados pelo todo país: Norte, Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul.
No Brasil, a responsabilidade da coleta dos resíduos sólidos urbanos (RSU) é dos
municípios. No Brasil existe um grande número de municípios de pequena
população, e também que a viabilidade técnica e econômica de operação de um
tratamento sanitário requer uma quantidade mínima de resíduos a ser tratada, a
dificuldade no gerenciamento dos RSU nesses pequenos municípios é evidente.
De acordo com Kreling (2006, p. 20):
[...] A definição conceitual, [...] dos termos de resíduos sólidos
para designar o produto de descarte gerado pelas atividades
industriais [...]. A palavra lixo e suas variações assumem idêntica
conotação caindo na preferência de uso e entendimento junto à
população leiga e meio de comunicação social. [...] Campanhas
públicas, promovidas por órgão governamentais e materiais de
didáticos, se utilizam de tal vocábulo para melhorar a abrangência
e a compreensão. Exemplo disso são os jargões que comumente
são utilizados para atingir o público alvo quando o objetivo é
engajar a população em movimentos de cidadania nas questões
ambientais e de saneamento básico, como é o caso de: “jogue o
lixo no lixo”; “lugar de lixo é no lixo”; “coleta seletiva de lixo”;
“lixo seco e lixo orgânico”; “mantenha a cidade limpa, use a
lixeira”; “ajude a manter a escola limpa e coloque o lixo no lixo”;
[...].
Portanto, a população saberá da à destinação final dos resíduos produzido por
ela, por sua vez, “esta população é heterogênea na sua formação cultural e atividade
produtiva, assumiu-se as palavras resíduos sólidos e lixo como sinônimo sem
prejuízo conceitual ou texto” (KRELING, 2006, p. 20).
15

2.1.1 Classificação

No Brasil, os resíduos sólidos são classificados pela Norma NBR no. 10.004 da
Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT, 2004) da seguinte forma:

 Resíduos Classe I (perigosos) - são os resíduos sólidos ou misturas de


resíduos que tem “características de inflamabilidade, corrosividade, reatividade,
toxicidade e patogenicidade, podem apresentar riscos à saúde pública”;
 Resíduos Classe II (não inertes) – são os resíduos sólidos ou mistura de
resíduos sólidos que não se enquadram na Classe I (perigosos) ou na Classe III
(inertes). Estes resíduos podem ter características como combustibilidade,
biodegradabilidade ou solubilidade em água;
 Resíduos Classe III (inertes) – contemplam os resíduos sólidos ou mistura de
resíduos sólidos que, submetidos ao teste de solubilização (Norma NBR no. 10.006 –
Solubilização de Resíduos – Procedimento) não tenham nenhum de seus
constituintes solubilizados, em concentrações superiores aos padrões definidos na
Listagem 8 – Padrões para os testes de solubilização. Como exemplo destes
materiais, citam-se rochas, tijolos, vidros e certos tipos de borrachas e plásticos que
não são facilmente decompostos.
Quanto ao estado físico, os resíduos podem ser divididos em NBR n.º 10004
(ABNT, 2004):
 resíduos sólidos: correspondem aos resíduos apresentados nos estados sólido
e semi-sólido, são aqueles originados de atividades industriais, doméstica, hospitalar,
comercial, agrícola, de serviços e de varrição, e ainda nessa divisão tem-se os lodos
oriundos de sistemas de tratamento de água, resíduos produzidos em equipamentos e
instalações de controle de poluição, líquidos que por suas características não podem
ser lançados na rede pública de esgoto ou corpos de água de forma viável.
 resíduos gasosos: correspondem aos resíduos resultantes das reações de
fermentações aeróbias e anaeróbia, no caso dos aterros sanitários a fermentação
anaeróbia ocorre produzindo o gás carbônico e ao metano, que são aproveitados na
produção de biogás;
 resíduos líquidos: os resíduos líquidos também podem ser considerados como
lixiviados, possuem uma grande concentração de material orgânico, como azoto e
material tóxicos, e por apresentar um alto potencial de contaminação é necessário
16

fazer o seu tratamento com a finalidade de impedir a sua infiltração no solo e a


poluição das águas.
Ainda de acordo com Norma supracitada NBR n.º 10004 (ABNT, 2004),
quanto à origem, os resíduos sólidos podem ser classificados em:
Resíduos Urbanos – consistem nos resíduos domiciliares ou domésticos, ou
seja são aqueles originados das residências e compostos por restos de alimentos,
embalagens plásticas, de metal, de vidro, de papel e de papelão, jornais, revistas, nos
resíduos comerciais, que por sua vez introduzem os resíduos gerados de atividades
realizadas em escritórios, hotéis, lojas, cinemas, teatros, mercados, terminais, e são
compostos essencialmente por papel, papelão e embalagens em geral, nos resíduos
públicos, que são aqueles que incluem os resíduos resultantes da limpeza de vias
públicas, praças e jardins, e são compostos principalmente por papéis, embalagens,
restos de cigarros, folhagens e sedimentos diversos.
Resíduos Industriais – são aqueles procedentes das atividades industriais, que
apresentam um grande número de materiais e substâncias que não se decompõem ou
podem permanecer muito tempo estáveis, representando sérios perigos para a saúde
pública, e exigindo acondicionamento, transporte e destinação especiais.
Para Tenório e Espinosa (2004), os resíduos industriais variam entre 65 a 75
% do total de resíduos produzidos em regiões mais industrializadas. A
responsabilidade pelo o manejo e destinação desses resíduos é da empresa.
Dependendo da forma de destinação, a empresa prestadora do serviço pode ser
responsável. Por exemplo, quando um resíduo industrial é destinado a um aterro, a
responsabilidade passa a ser também da empresa que gerencia o aterro.
Resíduos de Serviços de Saúde (RSS) - esses resíduos são produzidos em
hospitais, clínicas médicas e veterinárias, laboratórios de análises clínicas, farmácias,
centros de saúde, consultórios odontológicos e outros estabelecimentos afins, e
podem ser incluídos em dois níveis diferentes, os resíduos comuns, que são aqueles
que compreendem os restos de alimentos, papéis, invólucros, e os resíduos sépticos,
que correspondem aos constituídos de restos de salas de cirurgia, áreas de
isolamento, centros de hemodiálise, etc. Enquanto ao manuseio esses resíduos
exigem atenção especial.
A Resolução CONAMA nº 358, de 29 de abril de 2005 (BRASIL, 2005),
dispõe sobre o tratamento e a disposição final dos resíduos dos serviços de saúde e dá
outras providências, entre as quais:
17

Considerando a necessidade de ação integrada entre os órgãos federais,


estaduais e municipais de meio ambiente, de saúde e de limpeza urbana
com o objetivo de regulamentar o gerenciamento dos resíduos de serviços
de saúde, resolve:
Art. 1º - Esta Resolução aplica-se a todos os serviços relacionados com o
atendimento à saúde humana ou animal, inclusive os serviços de
assistência domiciliar e de trabalhos de campo; laboratórios analíticos de
produtos para saúde; necrotérios, funerárias e serviços onde se realizem
atividades de embalsamamento (tanatopraxia e somatoconservação);
serviços de medicina legal; drogarias e farmácias inclusive as de
manipulação; estabelecimentos de ensino e pesquisa na área de saúde;
centros de controle de zoonoses; distribuidores de produtos
farmacêuticos; importadores, distribuidores e produtores de materiais e
controles para diagnóstico in vitro; unidades móveis de atendimento à
saúde; serviços de acupuntura; serviços de tatuagem, entre outros
similares.
Parágrafo único. Esta Resolução não se aplica a fontes radioativas
seladas, que devem seguir as determinações da Comissão Nacional de
Energia Nuclear-CNEN, e às indústrias de produtos para a saúde, que
devem observar as condições específicas do seu licenciamento ambiental .

No Anexo I estão elencados os resíduos de acordo com os grupos:


I - GRUPO A: são os resíduos com a provável presença de agentes
biológicos que, por suas características de maior virulência ou
concentração, podem apresentar risco de infecção.
a) A1
1. culturas e estoques de microrganismos; resíduos de fabricação de
produtos biológicos, exceto os hemoderivados [...];
2. resíduos resultantes da atenção à saúde de indivíduos ou animais, com
suspeita ou certeza de contaminação biológica por agentes classe de risco
4 [...];
3. bolsas transfusionais contendo sangue ou hemocomponentes rejeitadas
por contaminação ou por má conservação, ou com prazo de validade
vencido e aquelas oriundas de coleta incompleta;
4. sobras de amostras de laboratório contendo sangue ou líquidos
corpóreos, recipientes e materiais resultantes do processo de assistência à
saúde, contendo sangue ou líquidos corpóreos na forma livre;
b) A2
1. carcaças, peças anatômicas, vísceras e outros resíduos provenientes de
animais submetidos a processos de experimentação com inoculação de
microorganismos [...];
c) A3
1. peças anatômicas (membros) do ser humano; produto de fecundação
sem sinais vitais, com peso menor que 500 gramas ou estatura menor que
25 cm ou idade gestacional menor que 20 semanas, que não tenham valor
científico ou legal e não tenha havido requisição pelo paciente ou
familiares;
d) A4
1. kits de linhas arteriais, [...] quando descartados;
2. filtros de ar e gases aspirados de área contaminada,[...] entre outros
similares;
3. sobras de amostras de laboratório e seus recipientes contendo fezes,
urina e secreções [...];
e) A5
1. órgãos, tecidos, fluidos orgânicos, materiais perfurocortantes ou
escarificantes e demais materiais resultantes da atenção à saúde de
indivíduos ou animais [...];
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II - GRUPO B: resíduos contendo substâncias químicas que podem


oferecer risco à saúde pública ou ao meio ambiente, dependendo de suas
características de inflamabilidade, corrosividade, reatividade e toxicidade;
a) produtos hormonais e produtos antimicrobianos; citostáticos;
antineoplásicos; imunossupressores; digitálicos [...];
b) resíduos de saneantes, desinfetantes, desinfestantes; resíduos contendo
metais pesados; reagentes para laboratório, inclusive os recipientes
contaminados por estes;
c) efluentes de processadores de imagem (reveladores e fixadores);
d) efluentes dos equipamentos automatizados utilizados em análises
clínicas;
e) demais produtos considerados perigosos, conforme classificação da
NBR-10.004 da ABNT (tóxicos, corrosivos, inflamáveis e reativos);
III - GRUPO C: quaisquer materiais resultantes de atividades humanas
que contenham radionuclídeos em quantidades superiores aos limites de
eliminação especificados nas normas da Comissão Nacional de Energia
Nuclear-CNEN e para os quais a reutilização é imprópria ou não prevista;
a) enquadram-se neste grupo quaisquer materiais resultantes de
laboratórios de pesquisa e ensino na área de saúde, [...];
IV - GRUPO D: resíduos que não apresetam risco biológico, químico ou
radiológico à saúde ou ao meio ambiente, podendo ser equiparados aos
resíduos domiciliares;
a) papel de uso sanitário e fralda, absorventes higiênicos, peças
descartáveis de vestuário, resto alimentar de paciente, material utilizado
em anti-sepsia e hemostasia de venóclises, [...];
b) sobras de alimentos e do preparo de alimentos;
c) resto alimentar de refeitório;
d) resíduos provenientes das áreas administrativas;
e) resíduos de varrição, flores, podas e jardins;
f) resíduos de gesso provenientes de assistência à saúde;
V - GRUPO E: materiais perfurocortantes ou escarificantes, do tipo:
lâminas de barbear, agulhas, esclapes, ampolas de vidro, brocas, limas
endodônticas, pontas diamantadas, lâminas de bisturi, lancetas; tubos
capilares; micropipetas; lâminas e lamínulas; espátulas; e todos os
utensílios de vidro quebrados no laboratório (pipetas, tubos de coleta
sanguínea e placas de Petri) e outros similares.

2.1.2 Tratamento e destinação final

O arcabouço de leis, regulamentos e procedimentos para tratar os resíduos é


definido nas três esferas federal, estadual e municipal. Porém, a grande
responsabilidade é do município que responde pela coleta, transporte, tratamento e
disposição final dos resíduos sólidos urbanos, ficando sob responsabilidade do
Estado o licenciamento e/ou fiscalização ambiental e cabendo à União, a definição
das normas gerais (DIAS et al., 1999).
Com efeito, um novo marco na gestão dos resíduos sólidos no Brasil é a
Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), Lei 12.305/10 (BRASIL, 2010), que
estabelece obrigatoriedades fundamentais para que o Brasil deixe de ser um país
onde prevalecem os lixões, o desperdício e a falta de dignidade aos cidadãos que
trabalham com os materiais recicláveis. A Política determina a proibição da abertura
de novos lixões e a obrigação dos municípios em estruturar a coleta seletiva, com
19

participação das cooperativas de catadores para viabilizar a separação e correta


destinação dos recicláveis. Faz distinção entre rejeito (o que não é passível de
reaproveitamento) e resíduo (lixo que pode ser reaproveitado ou reciclado),
referenciando todo tipo de resíduo (doméstico, industrial, da construção civil,
eletroeletrônico, da área de saúde, etc.).
Os objetivos são: a não geração, redução, reutilização e tratamento de
resíduos sólidos, bem como destinação final ambientalmente adequada dos rejeitos;
redução do uso dos recursos naturais (água e energia, por exemplo) no processo de
produção de novos produtos; intensificar ações de educação ambiental; aumentar a
reciclagem no país; promover a inclusão social, a geração de emprego e renda de
catadores de materiais recicláveis. Institui o princípio de responsabilidade
compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos, abrangendo fabricantes,
importadores, distribuidores e comerciantes, titulares dos serviços públicos de
limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos, mas também os consumidores.
Conforme Schalch et al. (2002, p. 10), o tratamento abrange um conjunto de
atividades e processos com o objetivo de promover a reciclagem de alguns de seus
elementos, como o plástico, o papelão, os metais e os vidros, além da modificação da
matéria orgânica em composto, para ser utilizado como adubo nas plantações e
condicionador do solo, ou em polpa para a utilização como combustível.
Os autores supracitados ainda consideram que o tratamento jamais vai
constituir um sistema de destinação final completo ou definitivo, pois sempre há um
restante inaproveitável. As vantagens decorrentes dessas ações tornam-se mais claras
após o equacionamento dos sistemas de manejo e de destinação final dos resíduos.
O tratamento também corresponde a uma série de procedimentos destinados a
reduzir a quantidade ou o potencial poluidor dos resíduos sólidos, seja evitando
descarte de lixo em ambiente ou em local impróprio, transformando-o em material
inerte ou biologicamente estável. As principais formas de tratamento empregadas aos
resíduos são: reciclagem, incineração, compostagem e aterro sanitário. Este último,
além de ser um tratamento, é também uma forma de disposição final adequada aos
resíduos. Outras formas de disposição final são: aterros controlados e lixões. Os
lixões quando evitados têm elevada importância, pois sua presença gera impactos
negativos como: poluição do solo, água e ar; dissemina doenças por meio de vetores
(ratos, moscas, baratas, entre outros); degrada a paisagem, etc (RESÍDUOS..., 2007).
20

2.1.2.1 Reciclagem

A reciclagem é uma atividade econômica, que deve ser vista como um


elemento dentro do conjunto de atividades integradas no gerenciamento dos resíduos,
não se traduzindo, portanto, como a principal "solução" para os resíduos, já que nem
todos os materiais são técnica ou economicamente recicláveis (SCHALCH et al.,
2002, p. 11). Para tanto, de acordo com Tonani (2011), a reciclagem é o
reaproveitamento de determinados materiais, mediante reprocessamento e
recuperação de detritos para posterior uso doméstico ou na indústria.
Fernandes e Leite ([2007?], p. 3), determinam que os materiais recicláveis
têm ampla utilização nas indústrias, onde são beneficiados como matéria-prima pré-
processada. Evitando-se, assim, a extração de novos recursos da natureza e, na
maioria das vezes, eliminando-se etapas onde há grande consumo de energia e
utilização de produtos químicos poluidores.
Os resíduos sólidos que se encontram misturado no lixo domiciliar devem ser
separados em uma usina de reciclagem de forma eletromecânica ou manuais
conseguindo-se em geral uma eficiência de apenas 3 a 6% em peso, dependendo do
tamanho e do grau de sofisticação tecnológica da usina (MONTEIRO, 2001, p. 120).
O autor ainda cita que o balanço gravimétrico (em peso) de processamento
em uma usina de reciclagem, com uma unidade de compostagem ligada, em geral
mostra o aproveitamento, de uma unidade hipotética de 1.500kg/dia, onde se pode
observar que, de 100% do lixo processado, apenas 12,6% serão transportados aos
locais de destino final, desde que haja produção de composto orgânico. Assim
mesmo, esse material é inerte, não poluente, pois a matéria orgânica residual, nele
contida, já se encontra estabilizada, uma vez que a maior parte foi transformada em
composto orgânico.
A atividade de reciclagem existe desde a época em que compradores de papel,
papelão, garrafa de vidro e outros objetos eram recolhidos nas ruas de grandes
cidades para ser reciclados (NEPOMUCENO SOBRINHO, 2009, p. 57).
No Brasil, este tratamento dos resíduos sólidos domésticos teve início nos
anos 80, com uma intensa divulgação junto às administrações municipais e muitas
cidades experimentaram a técnica como solução definitiva para os problemas
ambientais e sanitários pela crescente produção de RSU (PRADO FILHO;
SOBREIRA, 2007, p. 54).
21

Para Prado Filho e Sobreira (2007, p. 53) a triagem e a reciclagem servem


para separação dos materiais recicláveis presentes nos RSU. Esses materiais do tipo
(papéis, metais, plásticos, vidros etc.), a segunda etapa, é o processo industrial,
permitindo a reciclagem e/ou transformação em novos produtos.
Ainda conforme o autor, o elevado percentual de matéria orgânica presente
nos resíduos sólidos domésticos, também é realizado, nas chamadas usinas de lixo, o
processo da compostagem, tem características semelhantes às dos fertilizantes
orgânicos. E também mencionam que os materiais não recicláveis e os resíduos não
orgânicos separados, os chamados rejeitos, são dispostos em aterros sanitários ou em
aterros controlados, sendo esta última à prática mais seguida.

2.1.2.1.1 Coleta Seletiva

A coleta seletiva é uma forma de recolhimento de materiais recicláveis


(Figura 1): papéis, plásticos, vidros, metais e orgânicos, previamente separados na
fonte geradora e que podem ser reutilizados ou reciclados. Esse processo pode ser
implantado em bairros, escolas, centros comerciais ou outros locais que trabalhe
junto com o sistema da coleta de materiais recicláveis, servindo também como
método educativo na medida em que sensibiliza a comunidade sobre os
questionamentos do desperdício de recursos naturais e da poluição causada pelo lixo
(COELHO et al., 2010, p. 2).

Figura 1 – Recipientes com cores diferenciadas para a coleta de materiais recicláveis.

Fonte: O QUE é coleta seletiva? Disponível em:


<http://reciklacao.blogspot.com.br/2010_08_01_archive.html>. Acesso em: 11 maio 2012.
22

Pelo exposto, percebe-se que, a trajetória em busca da sustentabilidade nas


cidades brasileiras, impõe mudanças profundas nos sistemas de limpeza urbana
(GUIDA, 2002, p. 1).
Ainda conforme o autor, a ocasião que observamos nos pequenos municípios
do interior do Estado de São Paulo é a mesma com certeza, deparada em todo o país.
Os pequenos municípios não têm condições econômicas, técnicas e políticas de
solucionar o problema de seus resíduos sólidos. Esse quadro leva a ocorrência
frequente de lixões a céu aberto ou aterros precários e sem controle, gerando
problemas para o meio ambiente e, de forma inconsequente, poluindo o que é de
patrimônio da coletividade.
Com relação à coleta seletiva, a Agência Brasil ([2012] apud ABES
INFORMA, 2012) registrou:
Dos mais de 5.500 municípios brasileiros, apenas 766 fazem coleta
seletiva de lixo. A conclusão é da pesquisa Ciclosoft 2012,
desenvolvida pelo Cempre - Compromisso Empresarial para Reci-
clagem, apresentada em seminário no Rio de Janeiro sobre política
nacional de resíduos sólidos.
Apesar do baixo índice em relação ao total do país, o diretor
executivo do Cempre, André Vilhena, destacou o crescimento do
número de municípios que fazem coleta seletiva, após a instituição
da Política Nacional de Resíduos Sólidos, em 2010. Naquele ano,
apenas 443 municípios faziam coleta seletiva.

Existem basicamente três técnicas ou estratégias de separação e coleta


seletiva que visam à reciclagem (TENÓRIO; ESPINOSA, 2004):
 Separação na Fonte Pelo Gerador - ocorre a separação dos materiais
recicláveis de forma individuais. Que deve ser feita pelo gerador ou pelo o coletor.
No caso dos pequenos municípios, não ocorre nenhum tipo de tratamento antes da
comercialização. Uma das opções desse tipo de coleta seletiva é a separação, pelo
gerador, dos materiais recicláveis e dos não recicláveis. Cabe à administração do
município definir quais os materiais a serem segregados;
 Pontos de Entrega Voluntária (PEVs), Seguidos de Processamento em Usinas
de Reciclagem – os PEVs são locais estratégicos nas cidades e municípios, aonde os
materiais segregados pelo gerador devem ser entregues, cabendo a seus
administradores definir quais os tipos e como eles devem ser coletados e dispostos e
tem como principal vantagem o menor custo de operacional em relação a separação
de fonte pelo gerador;
23

 Usinas de Separações e Reciclagem do Resíduo Sólido Misturador - nessa


estratégia não existe a segregação dos resíduos recicláveis para os outros, o resíduo
misturado é transportado para uma central de processamentos onde por métodos
automatizados, é separado e pode ser reciclado.
Para COELHO et al., (2010, p. 6), a coleta seletiva é eficaz e possui grandes
vantagens que colaboram para a melhoria do meio ambiente, na medida em que
suaviza a exploração de recursos naturais, diminui a poluição do solo, da água e do
ar, adia a vida útil dos aterros sanitários, permite a reciclagem de materiais que iriam
para o lixo, diminui os gastos com a limpeza urbana, cria oportunidade de fortalecer
organizações comunitárias, gera emprego e renda pela comercialização dos
recicláveis.
E as desvantagens, por sua vez, da coleta seletiva são mencionadas por
Schalch et al. (2002, p. 19), como elevado custo da coleta e transporte, pois necessita
de veículos especiais, que passam em dias diferentes dos da coleta convencional; e
necessidade de um centro de triagem, onde os recicláveis são separados por tipo,
mesmo após a segregação na fonte.
Para COELHO et al., (2010, p. 6), a criação de um programa de coleta
seletiva não é tarefa difícil de realizar, porém é trabalhosa, requer muita dedicação e
empenho. Engloba três etapas: planejamento, implantação e manutenção, todas com
muitos detalhes importantes.
De fato uma cidade cuidadosa é essencial para qualquer programa de coleta
seletiva. Se o planejamento estimular a participação da comunidade provavelmente
terá uma identificação com o programa de reciclagem proposto, bem antes que ele se
inicie de fato. A educação ambiental tem se mostrado a chave fundamental para o
sucesso dos programas de reciclagem, pois influencia a aprendizagem do cidadão
sobre o seu papel como gerador de resíduos, atingindo escolas, repartições públicas,
residências, escritórios, fábricas, lojas, enfim, todos os locais onde os cidadãos geram
resíduos (SCHALCH et al., 2002, p. 14).
24

2.1.2.1.2 Aspectos econômicos e sociais da coleta seletiva

Silva e Silva (2007, p.03) citam que “a miséria socioeconômica brasileira faz
com que o lixo acabe se transformando numa fonte de sustento para milhares de
pessoas, adultos e crianças, homens e mulheres”.
De acordo com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA, 2012),
A dificuldade de precisar a quantidade de catadores atuantes no Brasil se
encontra no preconceito social em torno da profissão, disse Igor Ferraz. O
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IBGE alega que existem
atualmente 70 mil, os Institutos Cáritas e Póllis dão conta de 500 mil
pessoas. Já o Pangea/UFBA e o Movimento Nacional dos Catadores de
Materiais Recicláveis afirmam que há no Brasil 800 mil trabalhadores da
catação de recicláveis. O intervalo sugerido no Comunicado, levando em
consideração todas essas fontes, fica em 400 mil e 600 mil catadores. Das
cooperativas existentes, que atendem a apenas 10% dos catadores,
existem as que contam com equipamentos adequados, as de médias
eficiências e as de baixa eficiência. O estudo aponta que 60% dessas
organizações estão nos graus mais baixos de eficiência. A renda média
dessa categoria de trabalhadores, aproximada, fica abaixo do salário
mínimo, entre R$ 420 e R$ 520.

2.1.2.2 Compostagem

Para Tenório e Espinosa (2004), a compostagem é, sem dúvida, um dos


assuntos mais controversos em termos de tratamento de resíduos orgânicos, porque
uns defendem seu favorecimento e outros, rejeitam.
Fernandes e Silva (1999, p. 9) citam que a mesma é praticada desde a História
antiga, até os dias atuais, sendo baseada na experiência. Gregos, romanos, e povos
orientais já sabiam que resíduos orgânicos podiam ser retornados ao solo,
contribuindo para suas produtividades. No entanto, só a partir de 1920, com Albert
Howard, é que o processo passou a ser pesquisado cientificamente e realizado de
forma coerente. Nas décadas seguintes, muitos trabalhos científicos lançaram as
bases para o desenvolvimento desta técnica, que hoje pode ser utilizada em escala
industrial.
A compostagem é vista como uma prática usual em propriedades rurais e nem
tanto em centrais de reciclagem de resíduos. É uma estratégia do agricultor para
transformar os resíduos agrícolas em adubos essenciais para a prática da agricultura,
orgânica ou não. Pode ser também uma necessidade administrativa, que tem a
intenção de diminuir o volume do material a ser gerenciado além de estabilizar um
material poluente (PITSCH, 2011, p. 20).
25

Sendo considerada por Pereira Neto (2007, p. 59) um processo nobre, visto
que é comprometido com a proteção do meio ambiente (pelo o tratamento dos
resíduos contaminados), com a saúde pública (pela quebra dos ciclos evolutivos de
vários tipos de doenças), e com o resgate da cidadania (por cria oportunidade de
emprego etc), é a forma mais eficiente de se obter a biodegradação controlada dos
resíduos orgânicos. Os resíduos tem que passar por uma boa mistura, para formar a
massa de compostagem, que é arrumada em montes de forma cônica ou de forma
prismática (leira de compostagem) em pátio, onde o material é submetido a
tratamento e humificação. Esse processo dura em média 110 dias. Durante este
período, observam-se duas fases principais: degradação ativa e maturação. A
primeira dura em média 70 dias, a temperatura fica na faixa de 50°C a 60°C,
diminuindo para menos de 40°C no final; e na segunda, o material sofre o processo
de humificação em média de 30 a 50 dias.

2.1.2.2.1 Controle do Processo

O método de compostagem dos resíduos sólidos domiciliares pode ser


dividido em duas etapas diferentes: a primeira ocorre o tratamento mecânico, visando
retirar da massa de resíduos os produtos recicláveis, indesejáveis e homogeneizar a
massa de resíduos e reduzir a dimensão de seus constituintes; a segunda, é que o
material é fermentado em leiras, completando o processo (SCHALCH et al., 2002, p.
22).
Fernandes e Silva (1999, p. 41) citam que os processos de compostagem
podem ser divididos em três grandes grupos:
 corresponde ao sistema de leiras revolvidas (windrow), onde a mistura de
resíduos é disposta em leiras, sendo a aeração fornecida pelo revolvimento dos
resíduos e pela convecção e difusão do ar na massa do composto, uma variante deste
sistema, além do revolvimento, utiliza a insuflação de ar sob pressão nas leiras;
 refere-se ao sistema de leiras estáticas aeradas (static pile), onde a
mistura a ser compostada é colocada sobre uma tubulação perfurada que injeta ou
aspira o ar na massa do composto, não havendo revolvimento mecânico das leiras;
 menciona sistemas fechados ou reatores biológicos (In-vessel), onde os
resíduos são provenientes do processo de compostagem (Figura 2).
26

Figura 2 – Processo de compostagem em usinas.

Fonte: BRITO, M. J. C. Processo de Compostagem de Resíduos Urbanos em Pequena


Escala e Potencial de Utilização do Composto como Substrato. 2008. Dissertação
(Mestrado em Engenharia de Processo) – Universidade Tiradentes. Aracaju, 2008.

Tenório e Espinosa (2004) mencionam que o processo de digestão aeróbia é


desenvolvido por um grupo de microorganismos aeróbios e anaeróbios, compostos
por bactérias, protozoários etc. Assim é considerado por Pereira Neto (2007), que há
uma necessidade de controle para criar às exigências desses microorganismos para
que eles possam, então, degradar, tratar e humificar a matéria orgânica bruta.
Os principais parâmetros para o controle do processo de compostagem são
umidade, temperatura, aeração e concentração de nutrientes.
Nascimento et al. (2005, p. 53) reportaram que, dentre as principais vantagens
do adubo orgânicos (húmus) nas atividades agrícolas, incluem-se a "melhora da
saúde do solo”, onde a matéria orgânica composta se liga às partículas (areia e
argila), ajudando na retenção e drenagem do solo melhorando sua aeração; aumenta a
capacidade de infiltração de água, reduzindo a erosão; dificulta ou impede a
germinação de sementes de plantas invasoras; aumenta o número de minhocas,
insetos e microorganismos desejáveis, devido a presença de matéria orgânica,
reduzindo a incidência de doenças de plantas; mantêm a temperatura e os níveis de
acidez do solo; ativa a vida do solo, favorecendo a reprodução de microorganismos
benéficos às culturas agrícolas; aproveitamento agrícola da matéria orgânica;
eliminação de patógenos; redução do odor.

2.1.2.3 Aterro Sanitário

Conforme a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT, 2004):


27

Aterro sanitário de resíduos sólidos urbanos consiste na técnica de


disposição de resíduos sólidos urbanos no solo, sem causar danos
ou riscos à saúde pública e à segurança, minimizando os impactos
ambientais, método este que utiliza princípios de engenharia para
confinar os resíduos sólidos à menor área possível e reduzi-los ao
menor volume permissível, cobrindo-os com uma camada de terra
na conclusão de cada jornada de trabalho ou a intervalos menores
se for necessário.

Na realidade o aterramento sanitário é considerado por Brentano (2006, p. 14)


como o método de disposição final dos resíduos sólidos que, com as técnicas da
engenharia, minimiza os impactos causados pela disposição dos resíduos sólidos,
sendo adequado para tal fim. Na execução de um aterro sanitário, princípios básicos
são executados. Dentre eles, destaca-se a implantação de dispositivo de drenagem e
tratamento de gases, drenagem e tratamento de lixiviados, afastamento das águas
pluviais, canalização de eventuais córregos e nascentes do local, recobrimento diário
e sistemático com argila, isolamento e impermeabilização mínima das células após o
alcance da altura limite e urbanização do parque.

2.1.2.3.1 Área de implantação

Os aterros sanitários são implantados geralmente em 3 (três) tipos de áreas -


encostas naturais ou degradadas, planícies e cavas de antigas minerações (NAHAS,
200-, p. 2).
O autor também cita que os aspectos que influem nas técnicas construtivas e
sistemas operacionais de aterros de encosta dizem respeito à necessidade de isolar e
drenar águas de nascentes ou de potenciais afloramentos do lençol freático durante as
escavações. Com relação aos aterros de planície, os aspectos que mais influem nas
técnicas construtivas e sistemas operacionais estão relacionados à necessidade de
importe de solo para o recobrimento diário e final; obrigatoriedade de implantação de
vias de acesso no próprio corpo do aterro; 3 maiores áreas de implantação de camada
de revestimento final; maior facilidade para implantação de sistemas de drenagem
superficial de águas e de drenagem interna de percolados e gases; maior facilidade de
reaproveitamento do biogás. E com relação aos aterros que aproveitam cavas de
mineração, os aspectos que mais influem na sua execução correspondem à
necessidade de instalação de sistemas de recalque de água e de percolados durante a
implantação e operação da parcela do aterro que se situa abaixo do nível natural do
terreno; e importe de solo para a realização da cobertura diária e final.
28

2.1.2.3.2 Construção

A construção de um aterro sanitário requer a participação de uma equipe de


pessoas que devem estar bem treinadas e bem orientadas de exercer suas funções
específicas. As tarefas e funções de cada um dos componentes das equipes
encarregadas da construção, operação e manutenção do aterro são de fundamental
importância, tendo em vista a preservação ambiental da área onde o aterro será
implantado. A condução técnica deverá estar sob a orientação de um profissional da
área da Engenharia Civil, Sanitária ou Ambiental, com experiência neste tipo de
obra. Dependendo do corte do aterro, auxiliares técnicos: topógrafo, desenhista,
projetista, cadista e laboratorista para estudo de solos, deverão dar suporte técnico ao
Engenheiro responsável. Supervisores, capatazes, operadores de equipamento e
pessoal devidamente capacitado deverão compor a equipe (OBLADEN, 2009, p. 7).
Segundo BORGES et al. (2010, p. 19), nas células os resíduos sólidos deve
ser espalhado em rampa, numa proporção de 1 na vertical para 3 na horizontal (1:3).
O trator de esteira deve compactar o lixo com movimentos repetidos de baixo para
cima. No final do dia, essa célula deverá receber uma cobertura de terra, que deve ser
espalhada em movimentos de baixo para cima, com camada, preferencialmente, de
argila de 15 a 20 cm de espessura. Assim, evita-se a presença de vetores.
 Drenagem de Águas Pluviais e Percoladas
Para Schalch et al. (2008, p. 11), as águas derivadas da precipitação direta
sobre o aterro, bem como as do escoamento superficial das áreas adjacentes, tendem
a percolar através da massa de lixo, carreando poluentes que, juntamente com o
chorume vindo da decomposição do lixo, formam material de alta carga poluidora
(percolado), semelhante ao esgoto doméstico, porém, com concentração bastante
superior.
Os autores ainda consideram que para os aterros sanitários são indicados dois
sistemas de drenagem: sub-superficial e superficial. Sendo o sistema de drenagem
superficial aquele que tem como finalidade básica afastar as águas da bacia de
contribuição para fora da área do aterro, diminuindo dessa forma o volume de líquido
percolado. Este sistema requer a construção de canais de superfície livre a meia
encosta, ou canaletas, envolvendo toda a área do aterro. Toda água recolhida por esse
sistema deverá ser conduzida para um ponto distante, onde não cause danos ao
aterro, durante e após a fase de operação (Figura 3). E o sistema de drenagem sub-
29

superficial visa coletar e conduzir os líquidos percolados para uma unidade de


tratamento, evitando o comprometimento do lençol freático; esse sistema é
constituído basicamente de estruturas drenantes com escoamento em meio poroso e é
formado por drenos horizontais, preenchidos com britas, com inclinação de fundo de
2%.

Figura 3 – Sistema de drenagem superficial de água de chuva.

Fonte: ANDRADE, C. F.; CARVALHO, G. L. de O.; ANDRADE, J. C. C. de;


MARTINS, J. de M.; TAVARES, M. M. R. Proposta de Captação de Biogás com
Aproveitamento Energético em Aterro Sanitário no Município de Santa Luzia,
MG. 2011. TCC (conclusão do curso Engenharia Ambiental) – Faculdade de
Engenharia e Arquitetura – FEA, Universidade Fumec. Belo Horizonte, 2011.

 Sistema de Drenagem do Chorume

Segundo Monteiro et al., (2001, p. 167), a coleta do chorume é feita por


drenos implantados sobre a camada de impermeabilização inferior e arquitetado em
forma de espinha de peixe, com drenos secundários conduzindo o chorume para um
dreno principal que irá levá-lo até um poço de reunião, de onde será transportado
para a estação de tratamento (Figura 4). O canal destes drenos será em brita ou
rachão, seguida de areia grossa e de areia média, a fim de evitar que o dreno seja
tapado pelos sólidos em suspensão presentes em grande quantidade no chorume.
Outra alternativa, é implantar dentro do leito de brita um tubo perfurado de
policloreto de vinila (PVC) ou de polietileno de alta densidade (PEAD). O conjunto
tubo brita também deve ser coberto por bidim ou geotêxtil similar, a fim de evitar
que as perfurações feitas nos tubos sejam obstruídas.
30

Figura 4 – Sistema de drenagem do chorume.

Fonte: AVISERRA. 2012. Disponível em:


<http://www.aviserra.com.br/index.php?site=prod11.php>. Acesso em: 15 maio
2012.

 Sistema de Drenagem dos Gases

O “gás do aterro” é uma mistura heterogênia de gases obtidos de metano


( ), com aproximadamente de 50 a 70% do total, dióxido de carbono ( ) com
20 a 30% do total de diferentes gases, como amônia ou gás amônia (NH3), sulfeto de
hidrogênio (H2S), nitrogênio (N2) e hidrogênio (H2). É altamente inflamável quando
reage com outras substâncias, podendo provocar acidentes. Se houver uma
concentração de 5% do gás metano em ambiente fechado, torna-se necessária a sua
liberação para que não ocorra uma explosões no local. Por isso, a necessidade de
instalação de um sistema de drenagem de gás (PEREIRA NETO, 2007, p. 80).

2.1.2.3.3 Aspectos Econômicos

O mercado oferece diversos tipos de embalagens, tentando facilitar a vida do


homem, sem, contudo, atentar para sua destinação final adequada. A técnica do
enterramento radical dos resíduos sólidos urbanos em aterros torna-se contraditória
às preocupações atuais relativas à proteção ambiental, à reciclagem e ao
reaproveitamento de matérias, à economia de energia e recursos naturais, à economia
das áreas para aterramento, à geração de empregos e serviços (PEREIRA NETO,
2007, p. 73).
31

Para Monteiro et al., (2001, p. 155), os critérios econômicos – financeiros


são:

 Distância ao centro geométrico de coleta


É recomendável que o percurso de ida (ou de volta) que os veículos de coleta
fazem até o aterro, nas ruas e estradas, seja o menor possível, com intenção de
reduzir o custo de transporte do lixo.
 Custo de aquisição do terreno
Caso o a terreno não pertença à prefeitura, deverá estar, preferencialmente,
em área rural, uma vez que o seu custo de aquisição será menor do que o de terrenos
situados em áreas industriais.
 Custo de investimento em construção e infraestrutura
É de fundamental importância que a área escolhida disponha de infraestrutura
completa, reduzindo os gastos de investimento em abastecimento de água, coleta e
tratamento de esgotos, drenagem de águas pluviais, distribuição de energia elétrica e
telefonia, etc.

2.1.2.3.4 Aspectos Ambientais

A Resolução n.º 404 do CONAMA, de 11 de novembro de 2008, (BRASIL,


2008) estabelece critérios e diretrizes para o licenciamento ambiental de aterro
sanitário de pequeno porte de resíduos sólidos urbanos:
Considerando que a disposição inadequada de resíduos sólidos constitui
ameaça à saúde pública e agrava a degradação ambiental, comprometendo
a qualidade de vida das populações;
Considerando as dificuldades que os municípios de pequeno porte
enfrentam na implantação e operação de aterro sanitário de resíduos
sólidos, para atendimento às exigências do processo de licenciamento
ambiental;
Considerando que a implantação de aterro sanitário de resíduos sólidos
urbanos deve ser precedida de Licenciamento Ambiental por órgão
ambiental competente, nos termos da legislação vigente;
Considerando o disposto no artigo 12 da Resolução CONAMA nº 237, de
19 de dezembro de 1997, que possibilita a adoção de procedimentos
simplificados, observadas a natureza, características e peculiaridades da
atividade ou empreendimento, resolve:
Art. 1º - Estabelecer que os procedimentos de licenciamento ambiental de
aterros sanitários de pequeno porte sejam realizados de forma
simplificada de acordo com os critérios e diretrizes definidos nesta
Resolução.
§ 1º - Para efeito desta Resolução são considerados aterros sanitários de
pequeno porte aqueles com disposição diária de até 20 t (vinte toneladas)
de resíduos sólidos urbanos. [...].
32

Monteiro et al. (2001, p. 172), determinam que nas células os resíduos sólidos
devem ser espalhados e compactados (Figura 5), frequentemente, de baixo para cima,
a fim de se obter um melhor resultado, para realização de uma compactação de ótima
qualidade, o espalhamento dos resíduos sólidos deverá ser feito em camadas não
muito grossa de no máximo, 50 cm, com o trator dando de três a seis passadas sobre
a massa de resíduos. A altura da célula deve ser de quatro a seis metros para que a
decomposição do lixo aterrado ocorra em melhores condições, a inclinação dos
taludes é de um metro de base para cada metro de altura nas células em atividade e
de três metros de base para cada metro de altura nas células já encerradas. A camada
de solo de cobertura ideal é de 20 a 30 cm para os recobrimentos diários de lixo
(Figura 6). Uma nova célula será construída no dia seguinte em continuidade à que
foi concluída no dia anterior, o recobrimento final do lixo só deverá acontecer após
um período de cerca de 60 dias, a camada final de material de cobertura deverá ter 50
cm, a largura da célula deverá ser a menor possível.

Figura 5 – Aterro Sanitário de Ibirubá/RS, resíduos sólidos sendo


espalhados e compactados.

Fonte: VISITA a usina e aterro sanitário. 2012. Disponível em:


<http://sistemaepu.com.br/visita-a-usina-e-aterro-sanitario/>. Acesso: 18 maio
2012.
33

Figura 6 – Recobrimentos diários de lixo.

Fonte: FUNDAÇÃO ESTADUAL DE MEIO AMBIENTE. Minas Sustentável:


Meio Ambiente, Cidades Sustentáveis. 2010. Disponível em:
<http://minassustentavel.wordpress.com/tag/fundacao-estadual-do-meio-
ambiente/>. Acesso em: 27 abr. 2012.

De acordo com Brito Filho (2005, p. 56), algumas medidas são fundamentais
na construção de um aterro sanitário:
 proteger as águas superficiais e subterrâneas de possível contaminação vinda
do aterro, através de camada impermeabilizante e drenagem adequada;
 preparar, acumular e compactar diariamente o lixo na forma de células,
utilizando as técnicas corretas para liberar o tráfego de caminhões coletores,
equipamentos e para reduzir recalques futuros do local;
 recobrir diariamente o lixo com uma fina camada de terra de 20 cm (selo de
cobertura) para impedir a procriação de vetores e a presença de catadores e animais a
procura de materiais e alimentos;
 controlar gases e líquidos que são formados no aterro, através de drenos
específicos;
 manter os acessos internos e externos em boas condições;
 isolar e tornar indevassável o aterro e evitar incômodos à vizinhança.

2.1.2.3.5 Viabilidade técnica, vantagens e desvantagens

Os procedimentos para a construção de um aterro sanitário devem ter um


prévio estudo sobre sua viabilidade técnicas, com observações relacionadas às
condições de acesso ao aterro, aos distanciamentos em relação a área residenciais, à
34

disponibilidade de água e energia, à proteção dos recursos hídricos e aos benefícios


sociais e ambientais (PEREIRA NETO, 2007, p. 75).
Como vantagens, citam-se os baixos custos de implantação e de operação,
adequado para países em desenvolvimento; mão de obra pode ser não especializada;
recuperação de áreas inundáveis para a formação de locais de recreação; aceitação de
qualquer tipo de resíduos, até industriais, desde que projetados e construídos para tal
e, não há necessidade de equipamentos especiais que não sejam unidades
componentes de qualquer administração municipal; e há controle de vetores
(FARIAS, 2002, p. 81).
E, de acordo com Novaes Júnior et. al. (1997), o investimento é bem menor
que o requerido por outras formas de tratamento de resíduos sólidos; o custo de
operação é bem menor que outros tipos de tratamentos de resíduos sólidos; método
não apresenta rejeitos ou refugos a serem tratados em outras instalações;
simplicidade operacional, flexibilidade operacional, sendo capaz de operar bem
mesmo ocorrendo flutuações nas quantidades de resíduos a serem aterradas.
Como desvantagens cita-se que poderá ser necessário o transporte de resíduos
a longa distância, desvalorização das áreas destinadas ao aterro, caso elas não
necessitem de recuperação topográfica, probabilidade de poluição do lençol freático
quando planejado ou operado de forma inadequada, período longo para a
estabilização do solo do aterro, ruídos e poeiras durante a fase de execução e
operação (SCHALCH et al., 2002, p. 71).
Ainda como desvantagens, pode-se citar:
Os resíduos não são tratados, consistindo numa forma de armazenamento no
solo, a necessidade de grandes áreas cada vez maiores, a operação sofre ação das
condições climáticas, e apresentam risco de contaminação do solo e da água
subterrânea (FARIAS, 2002, p. 81).

 Aplicações de Aterro em Municípios de Pequeno e Médio Porte

A pesquisadora em meio ambiente Elaine Nolasco, professora da


Universidade de Brasília (UnB), acredita que a dificuldade para
introdução de políticas de manejo - como reciclagem e criação de aterros
sanitários - atinge sobretudo os municípios pequenos, com até 20 mil
habitantes. “Faltam recursos e contingente técnico nas pequenas
prefeituras”, destaca.
O vice-presidente da Associação Brasileira de Resíduos Sólidos e
Limpeza Pública (ABLP), João Zianesi Netto, também avalia que faltou
capacitação e conscientização. “Alguns não criaram o plano por
35

ignorância, outros por desconhecimento técnico. Em muitos municípios


de pequeno e médio porte, a destinação dos resíduos é gerenciada por
pessoas que não têm a formação adequada. Além disso, há uma
preocupação de que quando você começa a melhorar a questão ambiental
você aumenta os custos”, afirma.
O presidente da Confederação Nacional dos Municípios (CNM), Paulo
Ziluldoski, reclama da falta de auxílio financeiro para que as prefeituras
cumpram as determinações da Lei n°12.305. Segundo ele, são necessários
R$ 70 bilhões para transformar todos os lixões em aterro sanitário, até
2014. “Isso equivale à arrecadação conjunta de todos os municípios do
país. Quando acabar o prazo, os prefeitos estarão sujeitos a processo pelo
Ministério Público por não terem cumprido a lei”, disse. (ABES
INFORMA, no. 287, 2012, p. 3).
Os municípios de pequeno e médio porte brasileiros têm dificuldade para
tratar os resíduos sólidos por não disporem de recursos suficientes e terem pouca
capacidade técnicas na gestão dos serviços de limpeza pública, coleta seletiva e
tratamento de resíduos. A formação de consócios públicos municipais ou
interfederativos pode proporcionar a sustentabilidade dos serviços prestados e a
divisão das despesas, além de contribuir para a inclusão social de catadores e a
desativação de lixões (BRASIL, 2011, p. 6).
É evidente a dificuldade dos municípios brasileiros para a destinação
adequada dos seus resíduos sólidos. Os dados da última Pesquisa Nacional de
Saneamento Básico (2000), 64% deles existe lixões, e este quadro é muito mais
grave nos municípios de menor porte, que são 83% do total. A principal dificuldade é
na gestão e, para isso, a entrada em vigor das recentes Lei de Saneamento Básico e
Lei de Consórcios Públicos contribuirá, e muito, para a melhora do quadro nacional.
Segundo Pinto (2010, p. 1), as dificuldades que São Paulo, quarta maior cidade do
mundo, tem para dar a destinação adequada dos seus resíduos sólidos, também são
percebidas para Borá (SP), o menor município brasileiro, com 800 habitantes. “É
como se a miniaturização da solução complexa para São Paulo fosse válida para
qualquer pequeno município” (Pinto, 2010, p. 1).
Com efeito, o Estado do Rio Grande do Norte, assinou convênio com a
Fundação Nacional de Saúde (FUNASA) para a construção do aterro sanitário do
Seridó e do Alto Oeste no valor de R$ 22 milhões. Os planos traçarão um
diagnóstico e farão proposições para a questão dos resíduos sólidos nestas regiões.
Esta ação é mais um passo no sentido de fortalecer os Consórcios Públicos
Regionais, que são a união dos municípios por região para resolver a questão do
destino correto do lixo gerado nas cidades de pequeno e médio porte. No sentido de
apoiar os municípios potiguares, o Governo estadual vem realizando algumas ações
36

com vistas ao fortalecimento da gestão dos resíduos sólidos urbanos, como por
exemplo, a formalização de consórcios públicos regionais proposta no Plano
Estadual de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos do RN (PEGIRS-RN). Os recursos
vão financiar o diagnóstico para atender 108 municípios com uma população de mais
de 1 milhão de habitantes (ICLEI ..., 2011).
Para garantir a eficácia do Plano Regional de Gestão Integrada de Resíduos
Sólidos o Governo do Estado do Rio Grande do Norte articulou a formação de seis
consórcios intermunicipais, dos quais dois - Alto Oeste e do Seridó, reúnem 44 e 25
municípios. Já os Consórcios do Vale do Açu, Mato Grande, região Metropolitana e
Agreste estão em fase de formalização (GRILO, 2012).
O consórcio do aterro Vale do Assú é formado pelo os municípios de: Assú,
Baraúna, Tibau, Grossos, Areia Branca, Serra do Mel, Porto do Mangue, Carnaubais,
Pendências, Macau, Guamaré, Alto do Rodrigues, Afonso Bezerra, Pedro Avelino,
Pedra Preta, Lajes, Ipanguaçu, Itajá, Angicos, Fernando Pedroza, São Rafael,
Santana do Matos, Paraú e Upanema.
O consórcio do Seridó é formado pelos municípios de: Acari, Bodó, Caicó,
Carnaúba dos Dantas, Cerro Corá, Cruzeta, Currais novos, Equador, Florânia,
Ipueira, Jardim de Piranhas, Jardim do Seridó, Jucurutu, Lagoa Nova, Ouro Branco,
Parelhas, Santana do Seridó, São Fernando, São João do Sabugi, São José do Seridó,
São Vicente, Serra Negra do Norte, Tenente Laurentino Cruz, Timbaúba dos Batistas
e Triunfo Potiguar.

2.1.2.4 Incineração

Santos (2011, p. 40) define a incineração como um método “para o


tratamento dos resíduos que envolve a combustão das substâncias orgânicas
presentes na matéria que compõe os resíduos”. O autor continua mencionando:
Durante o processo de incineração, o resíduo apresentam uma
diminuição do seu volume, do seu peso, e das suas características
periculosas iniciais, através de uma combustão controlada.
Considerando os usos atuais dado para o processo de incineração
podemos melhorar ainda mais esta conceituação afirmando que a
incineração é considerada também, como um processo de
reciclagem energética, onde a energia contida nos resíduos,
liberada na queima, é um bem que é reaproveitado para outros
processos, ou seja, é reciclada. (SANTOS, 2011, p. 40).
37

Libânio (2002, p. 18) considera a “incineração como a queima controlada de


resíduos sólidos”, e continua reportando:
É mais utilizada em países desenvolvidos, nos quais a
indisponibilidade de área, o elevado custo com mão de obra
qualificada e a possibilidade de grandes investimentos iniciais,
justificam a automação de processos e a adoção de operações de
controle da poluição. Esta não é, ainda, a realidade dos países em
desenvolvimento, onde a incineração tem sua aplicabilidade restrita
há alguns casos, notadamente resíduos de unidades de saúde,
perigosos e outros [...]. É mais empregada no tratamento dos
resíduos sólidos industriais.
Os incineradores modernos são produzidos em outros países, e é a abordagem
mais dispendiosa para a gestão de resíduos, só os custos da construção podem ser
centenas de milhões de dólares. Os custos de construção e de funcionamento normal
dos incineradores são inevitavelmente suportados pelos investidores. As companhias
de incineradores têm inventado vários esquemas de financiamento complicados, para
conseguirem o apoio do governo em pagamentos em longo prazo, o que várias vezes
provou ser desastroso para os governos locais. Os incineradores criam de longe
menos empregos por toneladas de resíduos do que as tecnologias alternativas e
práticas, tais como a reciclagem. Geralmente, também substituem o trabalho em rede
de reciclagem informal, já existente, causando dificuldade adicional ao mais pobre
dos pobres (ACPO, 2011?).
Para Morgado e Ferreira (2006, p. 6), o processo de incineração consiste
geralmente em dois estágios:
Inicialmente, o resíduo é queimado na câmara primária, que é a
receptora direta do lixo, em uma temperatura suficientemente alta
para que algumas substâncias presentes se tornem gases e outras
assumam a forma de pequenas partículas. Nesse dispositivo, a
temperatura de operação varia em média entre 500°C e 900°C. Em
todas as configurações, a alimentação de oxigênio nessa câmara é
sub-estequiométrica, evitando-se assim gradientes elevados de
temperatura. Nessas condições controladas, evita-se a volatilização
de grandes quantidades de metais presentes no lixo, como chumbo,
cádmio, cromo, mercúrio, entre outros. Além disso, minimiza-se a
formação de óxidos nitrosos, que surgem apenas sob temperaturas
mais elevadas.
Já a fase gasosa gerada na câmara primária é encaminhada para a
câmara secundária, essa mistura de gases e partículas é então
queimada a uma temperatura mais alta por um intervalo de tempo
suficiente para que haja a combustão completa. Tempo de
residência representativo para resíduos sólidos é de 30 minutos
para o primeiro estágio e de 2 a 3 segundos para a combustão da
fumaça no segundo estágio. [...] Atmosfera é altamente oxidante
(excesso de oxigênio) e a temperatura de projeto varia
normalmente entre 750°C-1250°C. Os diversos gases gerados na
38

câmara anterior são oxidados a CO2 e H2O. Nessa temperatura, a


probabilidade de existência de moléculas com grande número de
átomos como dioxinas e furanos, compostos altamente nocivos aos
seres humanos, é praticamente zero.

No Brasil, Morgado e Ferreira (2006, p. 10) informaram que, a incineração é


utilizada somente para a “questão da disposição final de resíduos sólidos perigosos e
parte dos resíduos hospitalares. No entanto, essa tecnologia utilizada no país não faz
o uso do aproveitamento energético”. Para tal, precisa aprimorar a tecnologia “para
permitir esse aproveitamento de forma economicamente viável e ambientalmente
correta. Algumas iniciativas neste sentido estão sendo implementadas em Campo
Grande/MS e Vitória/ES”.
Em Campo Grande/MS, o lixo hospitalar, hoje em dia, terá um destino,
ecologicamente correto. Uma empresa instalada com apoio da Prefeitura vai
incinerar 98% desse tipo de lixo produzidos na Capital. Os outros 2% poderão ser
reutilizados (FRANCO, 2012, p. 1). O autor continua reportando que, no pólo
industrial da Capital, uma empresa especializada em incineração, a Oxinal
Ambiental, entrou em atividade com a incineração do produto, através dos fornos de
alta combustão e 98% do lixo hospitalar será destruído. E os 2% restante, vai servir
para a composição de lama asfáltica.
Sobre os resíduos que podem ser incinerados, a Empresa LUFTECH -
Soluções Ambientais informa (INCINERADORES..., [2008]):
Os resíduos preferenciais para incineração são resíduos não-recicláveis,
orgânicos, e que precisem de algum tratamento para reduzir seu risco à
saúde pública e ao meio ambiente. Então, a priori qualquer tipo de resíduo
que queima pode ser processado, no entanto, para cada tipo de resíduo há
variações no dimensionamento dos equipamentos, e alguns tipos de
resíduos não podem ser incinerados devido à sua composição. [...]
Podemos dividir os resíduos conforme sua geração em:
 Hospitalar
 Industrial
 Agrícola
 Urbano
Estes resíduos podem ter componentes de papel, madeira, polietileno,
polipropileno, poliestireno, isopor, plástico, poliester, acrílico, epóxi,
FRP, ABS, nylon, eponite, borracha natural e borracha sintética, pneu,
filme, couro sintético, óleo usado, solvente usado, tintas, resíduos de
couro, wet blue, e outros.

A incineração de resíduos para Santos (2011, p. 40):

[...] transforma os resíduos basicamente em três produtos: cinzas, gases da


combustão e calor. As cinzas são [...] formadas por constituintes
inorgânicos que estavam presentes nos resíduos. Elas podem se aglomerar
em nódulos sólidos (bottom ash), ou serem carreadas diretamente pelos
gases da combustão (fly ash). Os gases da combustão necessitam de um
39

tratamento adequado para reduzir a concentração de alguns poluentes


gasosos presentes e para reduzir a quantidade de material particulado
antes de serem despejados na atmosfera.

2.1.2.4.1 Vantagens e Desvantagens

Para COSTA (2012, p. 1) as vantagens da incineração são:

 Redução drástica do volume a ser descartado – A incineração deixa


como produto apenas as cinzas, que geralmente são inertes. Desta
forma, reduz a necessidade de espaço para aterro.
 Redução do impacto ambiental – Comparativamente com o aterro
sanitário, a incineração minimiza a preocupação a longo prazo com
monitorização do lençol freático já que o resíduo tóxico é destruído
e não “guardado”. [...]
 Dimunuição no consumo de combustíveis fósseis – Com a utilização
dos resíduos como combustível existe uma diminuição no consumo
de combustíveis fósseis. Esta substituição situar-se-á entre os 25 a
40% no consumo de combustível primário.
 Reciclagem das escórias e outros inertes – que podem servir como
material de enchimento para a produção de asfalto, betão e também
no fabrico de tijolos.

Para COSTA (2012, p. 1) as desvantagens da incineração são:

 Custo elevado – A incineração é um dos tratamentos de resíduos que


apresenta custos elevados tanto no investimento inicial como no
custo operacional. [...]
 Exige mão-de-obra qualificada – É difícil encontrar e manter pessoal
bem qualificado para a supervisão e a operação de incineradoras.
 Problemas operacionais – A variabilidade da composição dos
resíduos pode resultar em problemas de manuseio de resíduo e
operação do incinerador e também exigir manutenção mais intensa.
[...]
 Composição química das emissões gasosas – não se conhece ao
certo a composição química dos gases produzidos pela incineração
de resíduos perigosos.
 Incerteza dos efeitos das emissões – Desconhecem-se as áreas de
influência das emissões e da sua deposição nos solos. [...]

2.2 HISTÓRICO DA CONCEPÇÃO DA POLÍTICA NACIONAL DOS RESÍDUOS


SÓLIDOS (PNRS)

A primeira lei brasileira que trata dos resíduos sólidos foi a Lei Federal de n.º 2.312,
noticiada em 1954, cujo Artigo 12 diz: “a coleta, o transporte, e o destino final do lixo, deverão
processar-se em condições que não tragam inconvenientes à saúde e ao bem estar públicos”. Em
40

1961, por ocasião da publicação do Código Nacional de Saúde, essa diretriz foi reafirmada pelo
Artigo 40 do Decreto 49.974-A (VALADARES, 2009, p. 51).
Em 1979, o Ministério do Interior - MINTER baixou a Portaria MINTER n.º
53, que dispunha sobre o controle dos resíduos sólidos provenientes das atividades humanas,
como forma de prevenir a poluição do solo, do ar e das águas. Essa Portaria
estabelece que os resíduos sólidos de natureza tóxica, os que contêm substâncias inflamáveis,
corrosivas, explosivas, radioativas e outras consideradas prejudiciais, devem passar por
tratamento, no próprio local de geração e nas condições estabelecidas pelo órgão estadual de
controle da poluição e de preservação ambiental (VALADARES, 2009, p. 51).
Em meados do ano 1981, a Lei Federal n.º 6.938 estabeleceu que a Política Nacional do
Meio Ambiente, e o Artigo 2.º, inciso I, estabelece que “é responsabilidade do Poder Público a
manutenção do equilíbrio ecológico, considerando o meio ambiente como patrimônio público a
ser necessariamente assegurado e protegido, tendo em vista o uso coletivo” (VALADARES,
2009, p. 51).
Porém, o grande marco histórico da gestão ambiental no Brasil foi à lei que
estabeleceu a Política Nacional de Resíduos Sólidos que lança uma visão moderna na
luta contra um dos maiores problemas do Planeta: o lixo urbano. Tendo como
princípio a responsabilidade compartilhada entre governo, empresas e população, a
nova legislação impulsiona o retorno dos produtos às indústrias após o consumo e
obriga o poder público a realizar planos para o gerenciamento do lixo. Entre as
novidades, a lei consagra o viés social da reciclagem, com participação formal dos
catadores organizados em cooperativas. Promulgada no dia 2 de agosto de 2010,
após amplo debate entre o governo, universidades, setor produtivo e entidades civis,
a Política Nacional promoverá mudanças no cenário dos resíduos (CEMPRE, 2010).

O Ministério do Meio Ambiente (MMA), (BRASIL, 2011) elaborou a


evolução histórica das legislações sobre os resíduos sólidos (Tabela 1):

Tabela 1 - Histórico das Legislações sobre Resíduos Sólidos


Projeto de Lei 203 dispõe a propósito da disposição, coleta, tratamento, transporte e
1991 destinação dos resíduos de serviços de saúde.
Proposição CONAMA 259 intitulada Diretrizes Técnicas para a Gestão de Resíduos
30/06/1999 Sólidos. Aprovada pelo Plenário do Conselho, embora não chegou a ser divulgada.
A Câmara dos Deputados cria e implementa Comissão Especial da Política Nacional
de Resíduos com a finalidade de apreciar as matérias contempladas nos projetos de lei
2001 apensados ao Projeto de Lei (PL) 203/91 e formular uma proposta substitutiva global.
Realizado em Brasília o 1º Congresso Nacional dos Catadores de Materiais
41

Recicláveis, com 1.600 congressistas, entre catadores, técnicos e agentes sociais de 17


estados.
Em janeiro foi realizado, em Caxias do Sul, o I Congresso Latino-Americano de
Catadores, que sugere formação profissional, erradicação dos lixões,
responsabilização dos geradores de resíduos.
O presidente Lula cria Grupo de Trabalho (GT) Interministerial de Saneamento
2003
Ambiental a fim de solicitar a integração das ações de saneamento ambiental, no
âmbito do governo federal. GT reestrutura o setor de saneamento e resulta na criação
do Programa Resíduos Sólidos Urbanos.
O MMA promove grupos de discussões interministeriais e de Secretarias do
Ministério para elaboração de sugestão para a regulamentação dos resíduos sólidos.
Em agosto, o CONAMA realiza o seminário “Contribuições à PNRS” com objetivo
2004
de ouvir a sociedade e estabelecer nova proposta de projeto de lei, pois a Proposição
CONAMA 259 estava defasada.
Nomeado um grupo interno na Secretaria de Qualidade Ambiental nos Assentamentos
Humanos do MMA para consolidar contribuições do Seminário CONAMA, os
anteprojetos de lei existentes no Congresso Nacional e as contribuições dos diversos
atores envolvidos na gestão de resíduos sólidos.
Encaminhado anteprojeto de lei de “PNRS”, discutido com Ministérios das Cidades,
da Saúde, mediante sua Fundação Nacional de Saúde-Funasa, do Desenvolvimento,
2005
Indústria e Comércio Exterior, do Planejamento, Orçamento e Gestão, do
Desenvolvimento Social e Combate à Fome e da Fazenda.
Realizada II Conferência Nacional de Meio Ambiente para consolidar participação da
sociedade na formulação de políticas ambientais. Um dos temas prioritários são os
resíduos sólidos.
Aprovado relatório que trata do PL 203/91 acrescido da liberação da importação de
2006 pneus usados no Brasil.
Executivo indica, em setembro, o PL 1991. O projeto de lei da PNRS considerou o
estilo de vida da sociedade contemporânea, que aliado às estratégias de marketing do
setor produtivo, induzem a um consumo intensivo gerando uma série de impactos
ambientais, à saúde pública e sociais incompatíveis com o modelo de
desenvolvimento sustentado que se deseja implantar no Brasil.
O PL 1991/2007 proporciona forte inter-relação com outros instrumentos legais na
2007
esfera federal, tais como a Lei de Saneamento Básico (Lei nº11.445/2007) e a Lei dos
Consórcios Públicos (Lei nº11.107/1995), e seu Decreto regulamentador (Decreto nº.
6.017/2007). De igual modo está inter-relacionado com o Programa Nacional do Meio
Ambiente PNMA, de Educação Ambiental, de Recursos Hídricos, de Saúde, Urbana,
Industrial, Tecnológica e de Comércio Exterior e as que gerem inclusão social.
Realizadas audiências públicas, com contribuição da Confederação Nacional da
Indústria, da representação de setores interessados, do Movimento Nacional de
2008
Catadores de Materiais Recicláveis e dos demais membros do GTRESID.
Em junho, uma minuta do Relatório Final foi apresentada para receber contribuições
2009 adicionais.
No dia 11 de março, o plenário da Câmara dos Deputados aprovou em votação
simbólica um substitutivo ao Projeto de Lei 203/91, do Senado, que institui a PNRS e
impõe obrigações aos empresários, aos governos e aos cidadãos no gerenciamento dos
resíduos.
Foi analisado em quatro comissões e no dia 7 de julho foi aprovado em plenário.
2010
No dia 2 de agosto, o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em cerimônia no Palácio
do Itamaraty, sancionou a lei que cria a PNRS.
No dia 3 é publicada no Diário Oficial da União a Lei nº 12.305 que institui a PNRS e
dá outras providências.
42

No dia 23 de dezembro é publicado no Diário Oficial da União o Decreto nº 7.404,


que regulamenta a Lei no 12.305, de 2 de agosto de 2010, que institui a PNRS, cria o
Comitê Interministerial da PNRS e o Comitê Orientador para a Implantação dos
Sistemas de Logística Reversa, e dá outras providências.
No dia 23 foi publicado o Decreto nº 7405, que institui o Programa Pró-Catador,
denomina do Comitê Interministerial para Inclusão Social e Econômica dos Catadores
de Materiais Reutilizáveis e Recicláveis o Comitê Interministerial da Inclusão Social
de Catadores de Lixo criado pelo Decreto de 11 de setembro de 2003, dispõe sobre
sua organização e funcionamento, e dá outras providências.
Fonte: BRASIL (2011).

2.2.1 Importância do gerenciamento dos resíduos sólidos

O manejo dos resíduos sólidos, no comando interno dos estabelecimentos,


deve atender a critérios técnicos que conduzam à minimização do risco à saúde
pública e à qualidade do meio ambiente (FARIAS et al., 2010, p. 1).
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) menciona que, no ano
de 1988, com a publicação da Constituição Federal, o município começou a ser um
ente federativo autônomo, tendo competências próprias, independência
administrativa, legislativa e financeira e, em particular, com a capacidade de legislar
sobre assuntos de interesse local; suplementar a legislação federal e a estadual e,
ainda, formar e prestar, diretamente ou sob-regime de concessão ou permissão, os
serviços públicos de interesse local de caráter essencial (Artigo 30, incisos I, II e V),
sendo então o município, o detentor da titularidade dos serviços de limpeza urbana e
toda a gestão e manejo e dos resíduos sólidos, desde a coleta até a sua destinação
final. Apesar de existir normas que abordam a temática dos resíduos sólidos,
especialmente Resoluções do Conselho Nacional de Meio Ambiente - CONAMA, no
País não há, um departamento que estabeleça diretrizes gerais para que seja aplicada
aos resíduos sólidos para auxiliar os Estados e os municípios na gestão desses
resíduos.
Para Farias et al., (2010, p. 1), um plano de gerenciamento de resíduos sólidos
não pode deixar de apresentar algumas etapas de gerenciamento como o tratamento
que é definido como conjunto de unidades, processos e procedimentos que mudam as
características físicas, físico-químicas, químicas ou biológicas dos resíduos.
Os autores ainda menciona que o sistema de destinação final se refere ao
conjunto de instalações, processos e procedimentos que visam à destinação
ambientalmente correta dos resíduos de acordo com as exigências ambientais. A
disposição final dos resíduos deverá ser realizada de acordo com as características e
43

classificação, podendo ser objeto de tratamento (reprocessamento, reciclagem,


descontaminação, incorporação, co-processamento, refino, incineração) ou
disposição em aterros.

2.2.2 Plano Nacional de Resíduos Sólidos

Para Lopes e Calixto (2012, p. 1), “o Brasil aprovou após duas décadas de
discussões a PNRS. Essa política procura organizar a forma como o país trata o lixo,
incentivando a reciclagem e a sustentabilidade”.
De acordo com a lei 12.305 PNRS (BRASIL, 2010), os lixões a céu aberto e
aterros controlados ficam proibidos. A Lei, determina que todas as administrações
públicas municipais devem construir aterros sanitários e eliminar as atividades dos
lixões no prazo de 4 (quatro) anos, onde só poderão ser armazenados resíduos sem
qualquer possibilidade de reciclagem e reaproveitamento, forçando também fazer a
compostagem dos resíduos orgânicos. A mudança também para os fabricantes,
distribuidores e comerciantes, eles ficam obrigados a recolher e destinar para a
reciclagem as embalagens de plástico, papel, papelão, de vidro e as metálicas usadas
e etc.
Para Lopes e Calixto (2012, p. 1), a lei dá ênfase a três pontos:
- Todos os lixões a céu no Brasil devem ser ratificados até 2014. No local que
esses lixões estão implantados, devem ser concebidos aterros controlados ou aterros
sanitários. Na construção desses aterros têm que ter um preparo no solo para evitar a
contaminação de lençol freático, capta o chorume que resulta da degradação do lixo e
contam com a queima do metano para gerar energia.
- Só os resíduos que não são reciclados poderão ser encaminhados aos aterros
sanitários, esses rejeitos são os resíduos que não tem como ser reciclado. 10% dos
resíduos sólidos são resíduos que não são reciclados. A maioria dos resíduos é de
origem orgânica, que em compostagem pode ser reaproveitada e transformada em
adubo, e reciclável, que deve ser devidamente separada para a coleta seletiva.
- Todos os municípios tem que ter um plano de resíduos sólidos, os planos
municipais serão criados para ajudar os prefeitos e cidadãos a descartar de forma
correta o lixo.
44

Uma das grandes importâncias do avanço da política é a "logística reversa".


Diz que uma vez descartadas as embalagens são de responsabilidade dos fabricantes,
que devem criar um sistema para reciclar o produto (Lopes; Calixto, 2012, p. 1). Os
produtos dos tipos: agrotóxicos, seus resíduos e embalagens assim como outros
produtos, após o uso dos resíduos devem ser destinados conforme as regras de
gerenciamento de resíduos perigosos previstas em lei ou regulamento; como pilhas e
baterias; pneus; óleos lubrificantes, seus resíduos e embalagens; lâmpadas
fluorescentes, de vapor de sódio e mercúrio e de luz mista; produtos
eletroeletrônicos e seus componentes.
A lei 12.305/10 (BRASIL, 2010), também menciona que as empresas e
demais instituições públicas e privadas devem desenvolver um “Plano de
Gerenciamento de Resíduos”, integrado ao Plano Municipal. Caso descumpram essa
obrigação ficam proibidas de receber recursos de fontes federais.
45

3 MATERIAL E MÉTODOS

3.1 ÁREA DE ESTUDO

O trabalho foi realizado nos meses de março a outubro de 2012, nos


municípios de Angicos e Caicó, no Rio Grande do Norte (Figura 10), com o
propósito de elaborar um levantamento bibliográfico e um recorte situacional em
dois municípios de médio e pequeno porte, sobre as formas de tratamento e
disposição dos resíduos sólidos, à luz da Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei
Nº 12.305, 03/08/2010), considerando que esta une proteção ambiental à inclusão
social.

Figura 7 – Mapa do Rio Grande do Norte.

Fonte: Congresso de Gestão Pública do Rio Grande do Norte. Disponível


em: http://www.searh.rn.gov.br/icongesprn/rn_informacoes.asp. Acesso em:
12 jun. 2012.

O município de Angicos/RN, com uma população de 11.549 habitantes


(IBGE, 2010), situa-se na Micro-região central do Estado e limita-se com os
municípios de Ipanguaçu (oeste), Afonso Bezerra e Pedro Avelino (norte), Lajes,
Fernando Pedroza e Santana do Matos (sul) e Itajá (sul e oeste). A distância
rodoviária até a capital é de 171 km.
O município de Caicó/RN, com uma população de 61.923 habitantes (IBGE,
2010), situa-se na Região do Seridó e limita-se com os municípios de Jucurutu
(norte), Florânia, Cruzeta, São José do Seridó, Jardim do Seridó e Ouro Branco
(leste); São João do Sabugi (sul) e Serra Negra do Norte, Timbaúba dos Batistas e
46

São Fernando (leste) e Jardim de Piranhas ao (sul). A distância até a capital é de 280
km.

3.2 TIPOS DE PESQUISA E TEMAS ABORDADOS

Utilizou-se a pesquisa qualitativa, pautando-se na documentação direta


(observação e entrevista) e indireta (pesquisa bibliográfica) (MARCONI;
LAKATOS, 2005; ANDRADE, 2003).
Inicialmente, as atividades desenvolvidas foram direcionadas para
levantamento bibliográfico dos temas relacionados aos resíduos sólidos, incluindo as
formas de tratamento e destinação final (buscou-se associar a realidade de
municípios de pequeno e médio porte!).
Foram realizadas duas visitas técnicas ao lixão dos municípios de Angicos e de
Caicó, e três visitas aos órgãos responsáveis pela gestão dos resíduos municipais para
criação de um banco de dados, com o acompanhamento de registro fotográfico.
Também foram realizadas entrevistas livres com os catadores de resíduos dos dois
municípios.
47

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 DIAGNÓSTICO DA GESTÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS DOS


MUNICÍPIOS DE ANGICOS E CAICÓ

4.1.1 Município de Pequeno Porte – Angicos

No contexto dos resíduos sólidos de Angicos/RN, é importante mencionar


que foi realizado um estudo preliminar desenvolvido no período de dezembro/2008 a
fevereiro/2009 (Souza Filho, 2009); e nos anos de 2009 – 2011 foi realizado um
diagnóstico dentro do projeto de pesquisa de iniciação científica intitulado “Interface
Saúde, Saneamento e Meio Ambiente no Município de Angicos/RN”, desenvolvido
por alunos/as do Curso de Bacharelado em Ciência e Tecnologia da UFERSA -
Campus Angicos, sob a orientação da professora Roselene de Lucena Alcântara.
Como produtos desse trabalho de iniciação científica foram publicados alguns
trabalhos técnicos-científicos que nortearão a discussão aqui apresentada.

Com relação ao destino dos resíduos sólidos, Costa et al., (2011) reportaram
que:
No município de Angicos/RN, o destino dos resíduos sólidos coletados
(domiciliar, comercial, de feiras livres e de construção civil) é o lixão
municipal, localizado, aproximadamente, a 2 km do município em uma
área de 9 hectares. Os resíduos são depositados em um lixão a céu aberto,
sem obediência a nenhuma técnica operacional de engenharia e sem os
cuidados sanitários e ambientais pertinentes, fazendo com que a área em
estudo esteja submetida a pressões antrópicas. Ressalte-se que, uma
grande parte dos resíduos sólidos do município, é simplesmente
descartada sem qualquer critério ambiental em depósitos espalhados nos
bairros do município. Em determinados pontos do lixão, observou-se a
presença de animais mortos e carcaças de animais, locais onde o cheiro
nauseabundo sugere o alerta, bem como evidências de queima de resíduos
em alguns pontos do lixão.

De acordo com a lei da Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei Nº 12.305,


03/08/2010), o destino final adequada dos resíduos sólidos seria a reutilização, a
reciclagem, a compostagem, a recuperação e o aproveitamento energético
distribuição ordenada de rejeitos em aterros, observando normas operacionais de
modo a evitar danos ou riscos à saúde pública e segurança e a minimizar os impactos
ambientais adversos.
48

Sobre os catadores e o quadro de funcionários responsáveis pela limpeza


urbana do município, Costa et al., (2012, p. 03) mencionaram:

Na atividade de catação no lixão, observou-se a presença de três pessoas


(um homem e duas mulheres), residentes nas proximidades do lixão que,
diariamente, vão ao local nos dois turnos para coletar e separar os
materiais coletados. De acordo com o observado, os resíduos separados
são armazenados em sacos de 30 kg e, segundo a fala dos catadores, esses
são comprados por uma pessoa que leva para uma recicladora no Estado.
Com mais de 20 anos trabalhando como catadores de lixo, as duas
catadoras entrevistadas informaram que, para cada 1 kg de resíduo
coletado, os preços finais para comercialização dos resíduos coletados
são: R$ 0,20 para resíduos plásticos e R$ 0,10 para resíduos ferrosos. As
duas conseguem coletar, semanalmente, 6 sacos de 30Kg, segundo suas
informações. Na hora de comercializar, para cada saco coletado, são
descontados 6 Kg em virtude de resíduos inertes que podem ter sido
coletados. Logo, a quantidade de resíduos coletada por elas diariamente,
semanalmente (segunda a sexta-feira) e mensalmente, é de,
aproximadamente, 28,8 kg; 144 kg e 576 kg, respectivamente.
Informaram ainda que, os resíduos que não conseguiam vender eram
queimados no local.
A Prefeitura Municipal, por intermédio da Secretaria de Obras e
Urbanismo, informou que, atualmente, existem 32 (trinta e dois)
funcionários responsáveis por toda a limpeza municipal, dos quais 10
(dez) são garis e 22 (vinte e dois) estão distribuídos nos cinco veículos de
coletas, que circulam diariamente, em todos os dias da semana, em todos
os bairros recolhendo os resíduos sólidos municipais, (e trabalham todos
os dias da semana). A Prefeitura realiza um acompanhamento semanal
dos resíduos depositados no lixão municipal e afirma que é feito um
trabalho com tratores de terraplanagem no local sempre que as camadas
de resíduos são depositadas (no local). No contexto dos resíduos
hospitalares, informaram que estes são transportados duas vezes por
semana por uma empresa de Natal/RN, denominada Serquip –
Tratamento de Resíduos RN Ltda., pioneira no Estado na gestão de
resíduos sólidos de serviços de saúde.

Está em fase de discussão à implantação de um Consórcio Público Regional


de Saneamento Básico, denominado “Consórcio do Aterro Sanitário do Vale do
Açu” com participação de 25 municípios, Angicos é um desses municípios. O
referido consócio será construído no município de Assú. “A empresa Geotechnique
Consultoria e Engenharia é a responsável pelo estudo da escolha da área para a
construção do aterro sanitário e pelos equipamentos necessários para coleta de lixo”,
entre eles: “as Estações de Transbordo (equipamento que vai transferir resíduos),
Unidade de Triagem (equipamento que fazer a separação do lixo) e Ponto de Entrega
Voluntária (equipamento onde a população vai entregar o lixo reciclável)”. A
empresa está fazendo o levantamento para viabilizar a coleta e transporte dos
resíduos na região do Vale do Açu (SEMARH, 2012). Onde até 2014 todos os
municípios brasileiros têm por obrigação acabar com todos os lixões que a no Brasil
conforme a lei dos Resíduos Sólidos 12.305.
49

Segundo informação do Secretário de Infraestrutura da Prefeitura do


município de Angicos-RN, a obra está em fase de estudo para encontrar o melhor
local de implantação do aterro no município de Assú e que tem previsão do início da
obra para primeiro semestre de 2013.
É notória a dificuldade do município na questão da destinação adequada dos
seus resíduos sólidos. O quadro do lixão do município se a agrava de modo crescente
fazendo com que a área em estudo esteja submetida a grandes impactos ambientais
com decorrer do tempo (Figura 11). Logo, os problemas encontrados não são
somente problemas estéticos e sim ambientais, de saúde pública, socioambiental, etc.

Figura 8 - Lixão Municipal de Angicos/RN.

Fonte: Acervo do autor. (Setembro/2012).

4.1.2 Município de Médio Porte - Caicó

No município de Caicó/RN, o destino dos resíduos coletados (domiciliar,


comercial, de feira livre e construção civil) é o lixão municipal (Figura 13),
localizado, aproximadamente, a 700 m da BR 427 que liga o município de Caicó/RN
ao de Jardim de Piranhas/RN, distante 8 Km do centro do município em estudo, em
uma área 70 hectares que é alugada pela Prefeitura. Os resíduos são depositados em
um lixão a céu aberto, sem obediência de nenhuma técnica operacional de engenharia
e sem os cuidados sanitários e ambientais pertinentes, fazendo com que essa área
esteja submetida a impacto causado no meio ambiente por atividades humanas.
Ressalte-se que, nas proximidades do lixão, existem corpos aquáticos - os Rios Barra
Nova e o Seridó, que ficam a uma distância, aproximadamente, de 500 m (leste do
50

lixão) e o Rio Sabugí que fica a uma distância de 700 m, aproximadamente, a oeste
do lixão. Uma grande quantidade de resíduos é simplesmente descartada, sem
qualquer critério ambiental, em depósitos espalhados nos bairros do município
(Figura 12).

Figura 9 – Resíduos descartados nos bairros de Caicó/RN.

Fonte: Acervo do autor. (Setembro/2012).

Figura 10 – Lixão municipal de Caicó/RN.

Fonte: Acervo do autor. (Maio/ 2012).

Na atividade de catação no lixão, segundo o Secretário de Infraestrutura e


Serviços Urbanos da Prefeitura de Caicó/RN, existem, aproximadamente, 64 pessoas
com uma média 13 mulheres e 51 homens exercendo essa atividade naquele local. A
maior parte dos catadores reside no Bairro Frei Damião que fica a uma distância de,
aproximadamente, 6 Km do lixão. Os catadores aqui mencionados se referem aos
homens e mulheres que separam os resíduos no lixão.
51

O Bairro Frei Damião (Figura 14), localizado na zona Oeste de Caicó/RN, é


considerado o de pior qualidade de vida da cidade. É totalmente desprovido de
sistema de esgotos, pavimentação e coleta de lixo. Segundo um morador do bairro,
menos da metade dos domicílios ocupados têm acesso à água encanada. Pode-se
dizer que as atividades exercidas pelos pais, chefes de domicílio, neste bairro exigem
pouco ou nenhum nível intelectual e muito esforço físico. O nível de renda familiar
está atrelado ao tipo de ocupação, onde boa parte da população sobrevive com renda
mensal inferior a um salário mínimo, tendo em vista que as principais ocupações
recebem remunerações ínfimas por tarefa, principalmente a atividade de catar lixo,
de onde a maior parte da população retira o sustento para sua família.
No entanto, uma das opções para essas pessoas que sobrevivem da catação de
resíduos é a formação de cooperativas de reciclagem que é uma alternativa para não
permanência dessas pessoas em áreas de risco. Dessa forma, oportuniza-se uma
melhora nas condições de vida dessas pessoas que vivem da catação de resíduos nos
lixões. No contexto social, observa-se que, geralmente, no entorno de lixões formam-
se aglomerados de pessoas que são consideradas marginalizadas e não excluídas, ou
seja, são aquelas que tiveram poucas oportunidades.

Figura 11 – Imagem do Bairro Frei Damião, Caicó/RN.

Fonte: Acervo do autor (Junho/2012).

A maioria dos catadores realiza suas atividades pela manhã e por volta das 4
horas da manhã, em função da temperatura, esse horário, ser mais amena. Os
catadores trabalham em equipe e, à medida que vão coletando os materiais
recicláveis que são encontrados, vão armazenando em um local no próprio lixão. No
fim da manhã, eles armazenam em sacos de 50 e 300 kg (Figura 15) todos os
52

materiais que foram coletados para posteriormente serem comercializados por


empresas recicladoras existentes no município.
Nesse sentido, pode-se determinar que essas atividades são realizadas em
condições insalubres de trabalho, pois não há higiene no local, o ar é praticamente
irrespirável e não existe abrigos para se proteger do forte sol, etc.

Figura 12 – Armazenamento dos materiais recicláveis no lixão municipal de


Caicó/RN.

Fonte: Acervo do autor (Maio/2012).

A catadora, identificada como Dona Maria, 42 anos de idade, com mais de 8


anos de trabalho como catadora de lixo, informou que, para cada 1 Kg de resíduo
coletado é comercializado com o preço variando de acordo com o tipo de resíduo,
como, por exemplo: R$ 0,40 para resíduos de politileno tereftalato (PET); R$ 0,30
para resíduos plástico rígido (vasilhame de água sanitária) e R$ 0,20 para plásticos
finos (sacola). O valor mensal que Dona Maria consegue com a catação que ela faz é
de, aproximadamente, R$ 350,00. Ela Informou ainda que, os resíduos que não
conseguem vender são queimados no próprio lixão.
A Prefeitura Municipal, por intermédio da Secretaria de Infraestrutura e
Serviços Urbanos, informou que, atualmente, existem 70 (setenta) funcionários
responsáveis por toda a limpeza das 772 ruas dos 33 bairros do município, dos quais
20 (vinte) são podadores, 30 (trinta) são garis, e 20 (vinte) estão distribuídos nos 6
(seis) carros de coletas - 4 (quatro) dos tipo compactador e 2 poliguindaste e ainda
possuem 10 (dez) caçambas e máquinas para coleta de metralha. A coleta é iniciada
às 3h da manhã em todos os bairros do município, com os veículos circulando 2
(duas) vezes por semana em cada rua.
53

A Prefeitura realiza um acompanhamento semanal dos resíduos depositados


no lixão municipal e afirma que é feito um trabalho com tratores de terraplanagem no
lixão todos os sábados. No contexto dos resíduos hospitalares, informaram que estes
são transportados a cada 15 dias por uma empresa de Natal/RN, denominada Serquip
– Tratamento de Resíduos RN Ltda., pioneira no Estado na gestão de resíduos
sólidos de serviços de saúde. Os resíduos são acondicionados em sacos e
transportados em um carro tipo baú para Natal/RN. Quanto aos resíduos das clínicas,
é a própria clínica que é responsável para dar um destino adequado aos resíduos.
De acordo com a Lei 12.305/2010, que regulamenta a PNRS, o descarte de
resíduos hospitalar requer cuidado redobrado, esses resíduos precisam ser
corretamente encaminhados para uma destinação correta (incineradores).
Com relação aos catadores, a Prefeitura Municipal, por intermédio da
Secretaria de Infraestrutura e Serviços Urbanos, informou que hoje eles trabalham
por conta própria, mas há uma parceria da Prefeitura com Agência de
Desenvolvimento Sustentável do Seridó-ADESE que vai possibilitar implantação da
Coletiva Seletiva em Caicó/RN. Para tanto, está sendo formada uma Associação dos
Catadores de Matérias Recicláveis no município. Segundo o Secretário, já existem 3
(três) bairros do município que fazem a coleta seletiva, mas só por iniciativa dos
Presidentes dos Conselhos Comunitários desses bairros que colocaram carros de som
e panfletagem nas ruas dos seus bairros orientando e pedindo para comunidade
separar os resíduos conforme suas características.
No entanto, a coleta seletiva é a forma menos insalubre da atividade de
catação, e a partir da formação de cooperativas faz com que pessoas voltem ao
convívio da sociedade de forma mais digna.
O Projeto Reciclagem Cidadã (Figura 16), que tem a frente o líder
comunitário Pedro Xambaril, possui 8 pais de família trabalhando voluntariamente
que recolhe em média 8 toneladas de resíduos mensais. Esses resíduos passam por
uma triagem e são vendidos para reciclagem no município. A renda dos produtos é
dividida conforme o que catador recolheu durante o mês, que chega a média a R$
330 reais por mês.
54

Figura 13 – Imagem do Projeto Reciclagem Cidadã: (A) Setor de triagem; (B) Coleta dos
resíduos; (C) Fazendo a triagem e (D) Empacotamento dos resíduos.

A B

C D

Fonte: Pedro Xambaril. (Dezembro/2009).

Quando questionado sobre a existência de algum convênio com outras


cidades ou Estado para a implantação de um aterro sanitário, o Secretário informou
que existe um consórcio entre 25 (vinte e cinco) municípios da região do Seridó. O
município de Caicó/RN será beneficiado com esse aterro, pois ainda não se sabe
onde ficará localizado no município, está sendo feito um estudo pela empresa
Geotechnique que também vai fazer o projeto de encerramento dos lixões nos
municípios. O Secretário também falou que técnicos da empresa já fizeram análise
topográfica e encontraram 3 (três) locais propícios para implantação deste aterro no
município, desses será escolhido um que cause menos danos ao meio ambiente. Mas,
até o momento, o projeto não foi implementado.
Com relação aos municípios integrantes do consórcio da região do Seridó,
Araújo et al., (2011, p. 722) reportam:
55

O território do Seridó-RN possui uma circunscrição territorial


caracterizada por 25 municípios, cujos membros são Acari, Bodó, Caicó,
Carnaúba dos Dantas, Cerro Corá, Cruzeta, Currais Novos, Equador,
Florânia, Ipueira, Jardim de Piranhas, Jardim do Seridó, Jucurutu, Lagoa
Nova, Ouro Branco, Parelhas, Santana do Matos, Santana do Seridó, São
João do Sabugi, São Fernando, São José do Seridó, São Vicente, Serra
Negra do Norte, Tenente Laurentino Cruz e Timbaúba dos Batistas que
juntos totalizam uma superfície de 10.796,62Km² o que corresponde a um
percentual de 20,45% do Estado. O referido território limita-se ao Norte
com os territórios do Vale do Açu e o Sertão Central Cabugi, ao Leste
com o Estado da Paraíba e com os territórios do Trairi e do Potengi, a
Oeste com a Paraíba e com o Sertão do Apodi e ao Sul com a Paraíba.
No contexto da proteção e conservação do meio ambiente e da gestão dos
resíduos sólidos, balizados pela legislação ambiental brasileira, os autores
supracitados narram:
De acordo com essa legislação o Ministério Público entrou com um
pedido de Termo de Ajustamento de Conduta- TAC, para vários
municípios do Seridó. Esse TAC é um instrumento extrajudicial por meio
do qual as partes se comprometem, perante os procuradores da república,
a cumprirem determinadas condições, de forma a resolver os problemas
que estão causando ou a compensar danos e prejuízos já causados. O TAC
antecipa a resolução de problemas de uma maneira mais rápida e eficaz
do que se o caso fosse a juízo. Se a parte descumprir o acordo no TAC, o
procurador da república pode entrar com pedido de execução, para o juiz
obrigá-lo a cumprir o determinado no documento. Este termo de conduta
será considerado um título executivo extrajudicial, de forma que o agente
causador do dano estará admitindo ter consciência da ofensa que está
praticando contra o meio ambiente, e se comprometendo a, num espaço
de tempo pré-estabelecido no próprio termo, deixar de causar dano ou
recuperar o meio ambiente à sua forma original, de maneira que aquilo
está determinado no artigo 225, da constituição federal atual, “todo
cidadão tem direito a um meio ambiente saudável e ecologicamente
equilibrado”, seja perfeitamente cumprido. Caso o agente provocador do
dano não venha a cumprir ao que fora determinado no TAC, o órgão
público responsável terá o dever de executar diretamente o ofensor, de
modo que não se faz mais necessário o reconhecimento, para poder exigir
o comprimento do acordo, uma vez que o termo de ajustamento de
conduta possui a característica de titulo executivo.
Com isso, a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e dos Recursos
Hídricos-Semarh oficializou a instalação do consórcio de resíduos sólidos
da região Seridó. A ação faz parte do Programa Estadual de Resíduos
Sólidos. Com esse programa, 15 municípios terão como oferecer destino
correto ao lixo. Com a instalação deste consórcio, essas cidades passarão
a dar destinação correta ao lixo, possibilitando uma melhora na qualidade
de vida e na saúde da população, assim, como no meio ambiente
(ARAÚJO et al. 2011, p. 725).

De maneira geral, percebe-se que, nos municípios de Angicos/RN e


Caicó/RN há uma necessidade imediata de ações de políticas públicas e educativas
por intermédio das prefeituras, dos municípios e do próprio Estado, para que haja
uma gestão dos resíduos sólidos à luz da PNRS, lei 12.305/10. Dentro deste contexto,
é necessário que os municípios se preparem para as resoluções da Política Nacional
de Resíduos Sólidos e, principalmente, procedam ao fechamento dos seus lixões.
56

Com relação ao fechamento dos lixões, a Agência Brasil ([2012] apud ABES
INFORMA no. 294, 2012, p. 1) registrou:
O excesso de burocracia é um dos principais entraves que impedem o
cumprimento da determinação de acabar com os lixões até 2014, prevista
na Política Nacional de Resíduos Sólidos. A reclamação dos prefeitos é
que o prazo é apertado para cumprir todas as exigências previstas na lei.
Além de determinar o fim dos lixões em todo o país, a nova legislação
prevê a redução gradual do volume de resíduos sólidos recicláveis que
ainda são enviados aos aterros. A ideia é que, cada vez mais, esse
material seja encaminhado para tratamento e reciclagem adequados. A lei
também determina que, até agosto, os municípios iniciem seus planos de
gestão de resíduos sólidos. “Só receberão recursos para programas de
resíduos os municípios que tiverem, pelo menos, iniciado a elaboração de
seus planos”, explicou o secretário de Recursos Hídricos e Ambiente
Urbano do Ministério do Meio Ambiente, Silvano Silvério da Costa. Ele
ressaltou que o Ministério tem diversos programas para incentivar os
municípios na adoção da lei. Entre eles, o que incentiva a chamada
logística reversa, que é o retorno para a indústria de materiais como
embalagens, eletroeletrônicos e pneus, para que possam ser novamente
aproveitados pelo fabricante. Além disso, será lançado um programa para
incrementar a reciclagem em 153 municípios que tenham aterros
sanitários. “Esse programa atingirá 70 milhões de habitantes”, informou
o secretário.
Ainda no contexto do fechamento dos lixões, uma questão que influencia
muito é que o lixo é uma forma de sustento, talvez a única, para muitos dos(as)
catadores(as) como bem expressam Silva e Silva (2007, p.03 ) quando relatam:
[...] percebe-se que a grave crise social existente, caracterizada também
por distribuições de renda totalmente desiguais, tem levado um número
cada vez maior de pessoas a buscar sua sobrevivência através da catação
de materiais recicláveis existentes no lixo domiciliar. A miséria
socioeconômica brasileira faz com que o lixo acabe se transformando
numa fonte de sustento para milhares de pessoas, adultos e crianças,
homens e mulheres, [...].
Em Angicos (Figura 14) e Caicó (Figura 12) a situação não é diferente,
conforme exposto anteriormente.
57

Figura 14 - Catadores em busca do sustento no Lixão Municipal de Angicos/RN.

Fonte: Acervo do autor. (Maio/2012).

Em decorrência dos lixões, percebe-se a questão da favelização do local e de


outros impactos ambientais, conforme relato da Secretaria Nacional de Saneamento
Ambiental (2008, p.32):
Em termos ambientais, os lixões agravam a poluição do ar, do solo e das
águas, além de provocar poluição visual. Nos casos de disposição de
pontos de lixo nas encostas é possível ainda ocorrer a instabilidade dos
taludes pela sobrecarga e absorção temporária da água da chuva,
provocando deslizamentos.
Em termos sociais, os lixões a céu aberto contribuem para a favelização
do local. A área passa a exercer atração nas populações de baixa renda do
entorno, que buscam na separação e comercialização de materiais
recicláveis uma alternativa de trabalho, apesar das condições insalubres e
sub-humanas da atividade. Do ponto de vista econômico, a área para
disposição de resíduos gera custos externos negativos, quase sempre
ignorados, referentes à depreciação das terras e imóveis nos seus
arredores. Esse tipo de destinação está proibido no Brasil.
No decorrer desse trabalho, foi visto que nos municípios de pequeno e médio
porte, os resíduos sólidos são simplesmente despejados a céu aberto, com o único
tipo de “tratamento”, que é o espalhamento dos resíduos, no entanto, não é o mais
adequado, podendo trazer uma série de consequências danosas ao meio ambiente,
entre elas a contaminação de águas subterrâneas e impactos à saúde da população. Os
lixões irregulares atraem várias famílias que se amontoam em busca de materiais
recicláveis misturados a restos de comidas e bebidas, para, depois, serem
comercializados por empresas que não pagam o valor digno do trabalho que essas
famílias exercem, além de desenvolverem suas atividades em condições totalmente
insalubres. De maneira geral, pode-se dizer que os municípios em estudo precisam se
58

organizar no tocante a gestão dos seus resíduos em consonância com o estabelecido


na Lei da Política Nacional de Resíduos Sólidos.
59

5 CONCLUSÃO

O objetivo do presente Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) foi realizar


um levantamento bibliográfico e um recorte situacional em dois municípios de médio
e pequeno porte, sobre as formas de tratamento e disposição dos resíduos sólidos, à
luz da Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei Nº 12.305, 03/08/2010). Com as
visitas técnicas em campo, foi possível destacar que, com relação ao estudo
realizado, é fundamental fazer um diagnóstico dos tipos de resíduos para, depois,
poder propor uma modelo de gestão de resíduos (prognóstico).
De maneira geral pode inferir que, os resíduos gerados são derivados de feiras
livres, comercial, domiciliar, e de construção civil onde são despejados em lixões
municipais. Observou-se que os resíduos são depositados em um lixão a céu aberto,
sem obediência de nenhuma técnica operacional de engenharia e sem os cuidados
sanitários e ambientais pertinentes, fazendo com que essa área esteja submetida a
impacto causado no meio ambiente por atividades humanas.
Os resíduos ali despejados são coletados e comercializados por empresas
recicladoras por preços muito baixos quando comparados com valores estabelecidos
em outras regiões do país. Com preço variando de acordo com o tipo de resíduo
coletados. A coleta e o espalhamento dos resíduos são os únicos “tratamentos” nos
lixões.
A população precisa ser esclarecida quanto às implicações do descarte
incorretos de resíduos, suas causas e consequências. Bem como precisa, também, ser
informada sobre a lei da Política Nacional de Resíduos Sólidos.
Deste modo, este trabalho contribuirá para incentivar a população, Governo
Municipal e Estadual sobre a necessidade e urgência da implementação da Política
Nacional de Resíduos Sólidos.
60

REFERÊNCIAS

ABES INFORMA - Informativo Eletrônico da Associação Brasileira de Engenharia


Sanitária e Ambiental. Lixão é Problema em Cidades Pequena, no. 287, 25 de
Julho de 2012. Disponível em: <http://www.abes-
dn.org.br/publicacoes/abesinfor/ABESInform_271.pdf>. Acesso em: 21 de Outubro
de 2012.

ABES INFORMA – Informativo Eletrônico da Associação Brasileira de Engenharia


Sanitária e Ambiental. Coleta Seletiva em Apenas 766 Municípios, no. 294, 12 de
setembro de 2012. Disponível em:
<http://www.abesdn.org.br/publicacoes/abesinfor/ABESInforma294.pdf>. Acesso
em: 14 de set. 2012.
ABES INFORMA – Informativo Eletrônico da Associação Brasileira de Engenharia
Sanitária e Ambiental. Fim dos lixões é caro e burocratizado, no. 271, 04 de Abril
de 2012. Disponível em: <http://www.abes-
dn.org.br/publicacoes/abesinfor/ABESInform_271.pdf>. Acesso em: 10 de Abril de
2012.

ABNT - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Norma NBR


10.004. 2004. Disponível em:
<http://www.ablp.org.br/conteudo/conteudo.php?cod=44>. Acesso em: 23 mar.
2012.

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