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A Religiosidade dos sem Religião.

Segundo dados do censo do IBGE- 2010 existem, aproximadamente, 12 milhões de


pessoas religiosas no Brasil, que não fazem parte de uma religião oficial. Esse
percentual significativo optou por ter uma vida cúltica mais reclusa. Elas não estão
hierarquicamente submissas a uma autoridade eclesiástica,ou seja, elas próprias
monitoram os seus ritos sagrados.

De acordo com uma pesquisa feita pelo Instituto Gallup (revista Cristianismo Hoje -
edição de julho de 2015), o Brasil ocupa o vigésimo terceiro lugar em um ranking
mundial que aponta os maiores percentuais de pessoas religiosas. A mesma pesquisa
revela que 79% das pessoas declaram ser religiosas. Entretanto, por que tantas
pessoas declaram ser religiosas e não professam uma religião específica. Há de se
destacar que nem todos aqueles que se abstém de uma religião oficial são
necessariamente ateus.

O autor do artigo “A Religiosidade dos sem Religião” cita que uma das causas do
acentuado número de religiões e também de pessoas religiosas, se dá por conta,
historicamente falando, da formação cultural de nosso povo. Pela influência européia
no período colonial, dos africanos durante o período escravocrata e dos indígenas, já
que as práticas culturais desses povos ajudaram a construir esse pluralismo religioso.

O cenário que vislumbramos atualmente é a instauração de relações entre indivíduo e


o transcendente em um caráter autônomo. O crescimento acentuado da religiosidade
contemporânea não se estabelece em nossos dias como uma negação da
secularização ( uma espécie de ascetismo),nem muito menos um retorno ao período
medieval em que tínhamos uma religião que ditava as normas em âmbito religioso e
também social.

Os “sem religião”
Segundo dados de 2010 do IBGE, 8,04% das pessoas declararam expressar algum
tipo de manifestação religiosa. Apesar de não terem uma religião oficial, ainda assim,
elas se orgulham de sua relação com o transcendental.

A nomenclatura “os sem religião” da forma como é apresentada é algo específico no


Brasil. No nosso país existem pessoas que não são necessariamente atéias, mas que
professam e/ou possuem uma certa religiosidade sem fazer parte de nenhuma
instituição religiosa oficial. Observamos também que alguns termos são utilizados
para classificar estes grupos, a saber: desencaixados, desvinculados, desfiliados de
qualquer autoridade religiosa.
“Perfil dos chamados “sem religião”
Verificamos assim o perfil dos sem religião: em sua maioria residem nas grandes
cidades, estão em quantidade mais elevadas entre o sexo masculino, tendo faixa etária
entre 16 a 20 anos entre o grupo mais jovem e 21 a 30 anos no grupo mais adulto.

Aos olharmos para os números que o censo de 2010 nos apresenta, entendemos o
porquê do investimento de tantos pesquisadores nessa temática sobre religiosidade.

Comparativo do crescimento de religiões no Brasil:

Católicos Evangélicos Espíritas Candomblé sem religião


1970 91,8 5,2 - - 0,8
1980 89,0 6,6 - - 1,6
1991 83,3 9,0 1,1 0,4 4,8
2000 73,9 15,6 1,4 0,3 7,3
2010 64,6 22,2 2,0 0,3 8,0

Conclusão:
Quando o assunto a ser abordado é religião, temos notado que tem ocorrido não
somente em termos de Brasil, mas em diversas sociedades um aumento significativo
de pessoas que desejam um relacionamento com o sagrado apenas esporádico, que
não exija delas um grau mais acentuado de comprometimento com o transcedente.

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