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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA

____ VARA CÍVEL DA COMARCA DE ARACAJU – ESTADO DE


SERGIPE.

Distribuição por Dependência

ao Processo n.º 201010900668

ESPOLIO DE JOÃO LEAL PINTO, representado por sua


Administradora Provisória, a senhora CLEIDE BEIRIZ PINTO, brasileira, viúva,
aposentada, portadora de RG nº 3.034.986-9 SSP/SE, CPF nº 974.966.345-49, residente
e domiciliada Porto da Folha, 2061, Suíça, Aracaju – SE, por intermédio de
seus advogados subfirmados, qualificados e constituídos na
forma da cártula mandatória anexa, querendo promover AÇÃO
DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO C/C
REPETIÇÃO DO INDÉBITO, contra a ENERGISA SERGIPE
DISTRIBUIDORA DE ENERGIA SA, com sede na rua Ministro Apolônio Sales, nº81,
Distrito Industrial de Aracaju, nesta capital,,
vem, perante Vossa
Excelência, na forma do dos artigos 166, 186, 876, 927, 946,
953 e 954 do Código Civil c/c artigos 6º, 22 e 42 do Código do
Consumidor, artigo 5º, incisos V e X da Constituição Federal e
art. 274 do Código de Processo Civil, dizer de início para no
final requerer o seguinte:
DOS FATOS

O suplicante é proprietário da unidade consumidora registrada


sob o CDC nº3/63589-6, classificação residencial, em nome de
Manoel O. de Souza, antigo proprietário do imóvel.

O requerente é o atual proprietário do imóvel, possuindo o seu


domínio há mais de 14(quatorze) anos, onde se encontram
estabelecidos atualmente uma clinica odontológica de seu filho,
o Sr. Kelsen Beiriz Pinto e um salão de beleza de propriedade
da Srª Maria da Conceição A. M. Rabelo, sua inquilina, tendo recebido
no imóvel no dia 23/02/2010 prepostos da empresa-
suplicada, que após vistoriarem os aparelhos que
necessitavam de energia elétrica e o medidor de consumo de
energia retiraram este alegando que o mesmo estava com
irregularidades.

No dia 27/04/2010, após a troca do medidor, o suplicante


recebeu comunicado por escrito da suplicada informando que
na análise feita no aparelho retirado fora constatado que a
unidade usuária se encontrava em desacordo com os padrões
e normas vigentes, o que provocou uma divergência entre o
consumo faturado e o consumo real, sem qualquer resumo de
consumo e de quando se referia entregue ao consumidor.(conf.
doc. anexo)

Informou ainda no expediente epigrafado que o usuário teria


que pagar na próxima fatura, ou seja no dia 18/12/2003, a
divergência de consumo apurado em 68.170 kWh, o que
totalizava a quantia de R$25.770,30 podendo interpor recurso
administrativo no prazo de 10 dias a contar do recebimento,
sendo o mesmo protocolado em 14/11/2003 às 13:30 horas.
(conf. doc. anexo)
No mesmo dia 14/11/2003,
como se pode verificar da data do documento denominado
“resultado do recurso”, sendo recebido pelo suplicante no dia
17/11/2003, a suplicada analisou o reclamo interposto, tendo
o aceito parcialmente, analisando somente no tocante a
juntada das notas fiscais dos aparelhos eletrônicos existente
no imóvel, tendo ocorrido uma diminuição no valor cobrado de
R$ para R$

No tocante ao restante das


alegações, as mesmas foram indeferidas sem qualquer
fundamentação plausível, avisando, ainda, que o novo valor
apurado deveria ser pago na fatura vindoura, e caso isso não
ocorresse a unidade consumidora estaria sujeita a suspensão
do fornecimento de energia elétrica. (conf. doc. anexo)

Nesta trilha fora proposta a


ação cautelar de nº 201010900668, onde fora deferida a
concessão da cautela in limine, impedindo a suplicada de
efetuar o corte da energia do consumidor, como também de inserir
nas faturas vindouras a taxa de consumo em litígio.

DA INEXISTÊNCIA DE FRAUDE POR PARTE DO CONSUMIDOR

Como já informado, a requerida, através da carta de cobrança,


alega ter sido detectada por uma vistoria realizada pelos seus
prepostos, a existência de fraude no contador instalado na
unidade consumidora do requerente, o que em verdade não
aconteceu, conforme passaremos a demonstrar.
O propietário é pessoa de boa-fé e idônea, nunca tendo
manuseado de forma alguma o medidor de energia

É muito simples para suplicada, demonstrar através de pericia


realizada por seus prepostos
Inicialmente, é de grande importância ressaltar que o medidor que a suplicada se
refere como irregular, o que objetivou a cobrança da quantia absurda que se pretende
desconsiderar, fora instalado pela própria empresa-suplicada, estando em local
passível de qualquer pessoa transeunte daquela localidade danificar qualquer
proteção.

Não fosse só isso, deve-se ver a máquina como instrumento falível, criada pela mente
humana, que pode apresentar ao longo do tempo, defeitos, que não podem, em
princípio ser atribuído a ato voluntário do consumidor, como quer a suplicada, visto
que não se sabe quem é o responsável pela irregularidade do medidor visto que o
mesmo está a mercê de ação de quaisquer pessoas, pois se encontra exposto à rua ou se
este está danificado por ação do tempo, o que pode muito bem ocorrer face a exposição
a intemperes climáticas(sol, chuva, frio, calor, etc) as quais ficam exposto diariamente
o aparelho.

Ocorre que após a instalação


de nova aparelhagem de medição pela empresa ré, o consumo,
se manteve na mesma média do período em que se alega ter
sido fraudado o medidor.

Ora Exa, se caso realmente


tivesse acontecido alguma fraude no medidor, o consumo após
a mudança deveria ter um aumento considerável, posto que,
pela quantidade de Klws/hora que a requerida alega não ter
sido faturado, a media de consumo
verifica-se, ainda o princípio da
boa-fé do usuário, visto que nunca manuseou o medidor d energia, sendo
este apenas observado vez em quando pelos próprios prepostos da
empresa-comunicante, não ciente em nenhum momento da irregularidade
dita pela empresa.
6.)

9. O suplicante em todo o
tempo em que exerce o seu munus nunca teve problemas de
ordem de fraude com a suplicada, pagando as suas contas,
sendo cumpridor de suas obrigações, demonstrado, dessa
forma, que foi vítima da ação do tempo, com o perecimento do
medidor, bem como da ação de populares visto que o medidor
foi instalado para o lado da rua, vindo a suplicada arrancar o
aparelho sem qualquer perícia policial local, retirando o
medidor e se creditando de valores para cobrança sob a
ameaça de corte do fornecimento de energia, com a maculação
da honra e imagem do suplicante, que quando vivo era
individuo de moral ilibada e pessoa totalmente idônea, tendo
sido manchado o seu nome, bem como o da sua família ao ser
lançada a acusação de fraude no medidor, posto que quem
acompanhou os prepostos na inspeção do medidor e dos
aparelhos instalados no imóvel fora a Srª, inquilina da
requerente.

Diante da lei, doutrina e


jurisprudência, evidenciado o exercício arbitrário das próprias
razões da suplicada em procedimento de averiguação de
aparelhos de medição de energia, onde a mesma não segue
determinados procedimentos, agindo de forma unilateral e
arremessa valores para cobrança ao consumidor, alegando
que tal débito decorre de irregularidades do medidor, quando
este se encontra exposto a ações do tempo e de terceiros, torna
inexigível o valor cobrado e implica em reparação do dano
moral sofrido pelo consumidor de eletricidade, pelo ato ilícito
da suplicada, bem como a repetição do indébito pelo valor
indevidamente cobrado, pelo que se impõe a presente ação e
sua cumulação.
DA LEGITIMIDADE ATIVA

A autora, como representante provisória do espólio de JOÃO LEAL


PINTO, é legitimada ativa para poder pleitear ações que envolvam bens e interesses
referentes a direitos do de cujus, tudo conforme a melhor inteligência do nosso código
civil e do código de processo civil.

O art. 1.797 do CC e seus incisos trazem que:


Art. 1.797. Até o compromisso do inventariante, a
administração da herança caberá, sucessivamente:
I - ao cônjuge ou companheiro, se com o outro convivia ao
tempo da abertura da sucessão;
II - ao herdeiro que estiver na posse e administração dos bens,
e, se houver mais de um nessas condições, ao mais velho;
III - ao testamenteiro;
IV - a pessoa de confiança do juiz, na falta ou escusa das
indicadas nos incisos antecedentes, ou quando tiverem de ser
afastadas por motivo grave levado ao conhecimento do juiz.
(GRIFO NOSSO)

Corroborando ainda mais o pensamento trazido por este causídico, os


arts. 985 e 986 do CPC só ratificam ainda mais a legitimidade da autora para estar no
pólo ativo desta demanda ao dizer:

Art. 985. Até que o inventariante preste o compromisso (art. 990, parágrafo
único), continuará o espólio na posse do administrador provisório.

Art. 986. O administrador provisório representa ativa e passivamente o


espólio, é obrigado a trazer ao acervo os frutos que desde a abertura da
sucessão percebeu, tem direito ao reembolso das despesas necessárias e
úteis que fez e responde pelo dano a que, por dolo ou culpa, der causa.

Não restando dúvidas que a autora é a administradora provisória do


espolio de João Leal Pinto, posto que mesmo com o falecimento deste ainda não se
deu a abertura do inventário e partilha, estando comprovado, pela cópia da certidão
de casamento em anexo, que a autora era casada com o de cujus, sendo a primeira na
escala sucessiva do art. 1797 do CC.
Os Tribunais do nosso país já decidiram acerca dessa questão,
corroborando o pensamento de que o a conjugue sobrevivente, como administradora
provisória, é parte legitima para representar ativamente o espólio, tudo conforme
podemos apreciar dos julgados provenientes do Tribunal de Justiça do Rio Grande do
Sul, abaixo colacionadas (seguem em anexo os acórdãos na integra):

ESPÓLIO. REPRESENTAÇÃO PROCESSUAL. AUSÊNCIA DE


INVENTÁRIO. DE REGRA, O ESPÓLIO É REPRESENTADO
PELO INVENTARIANTE. CONTUDO, NÃO HAVENDO
INVENTÁRIO EM CURSO, SERÁ ESTE REPRESENTADO
PELO ADMINISTRADOR PROVISÓRIO, SENDO O
CÔNJUGE SUPÉRSTITE O REPRESENTANTE
PREFERENCIAL, NOS TERMOS DO ARTIGOS 985 E 986 DO
CPC .APELAÇÃO PROVIDA (TJ/RS – APELAÇÃO CÍVEL Nº
70009883596 - 19º Camara civel).

APELAÇÃO CÍVEL. EMBARGOS DO DEVEDOR. LOCAÇÃO.


REPRESENTAÇÃO DO ESPÓLIO. Se não há inventário em curso, o
espólio é representado pelo administrador provisório, nos
termos dos arts. 985 986 do CPC. O cônjuge sobrevivo, vivendo com o
outro ao tempo da morte, exercerá o encargo.MULTA. Inaplicabilidade
do CDC à relação locatícia, já assentada a matéria pelo
colendo STJ. Mantida a multa no percentual de 10%.
PRELIMINAR REJEITADA. APELO DESPROVIDO. (TJ/RS –
Apelação Civel nº Nº 70005338736 – 16º CAMARA CIVEL).

DO INTERESSE DE AGIR

Diz-se que está presente o interesse de agir quando o autor tem a


necessidade de se valer da via processual para alcançar o bem da vida pretendido,
interesse esse que está sendo resistido pela parte ex adversa, bem como quando a via
processual lhe traga utilidade real, ou seja, a possibilidade de que a obtenção da tutela
pretendida melhore na sua condição jurídica.

Sobre o tema, invocam-se as lições de Adroaldo Furtado Fabrício:

Do ponto de vista da necessidade, a imposição da restrição visa


impedir que alguém provoque a atividade jurisdicional do Estado por
mero capricho ou comodismo, quiçá com o só propósito de molestar o
réu, quando estava apto a obter o mesmo resultado por seus próprios
meios e sem resistência. Na perspectiva da utilidade, supõe-se que a
sentença almejada represente um proveito efetivo para o autor, no
sentido de assegurar-lhe uma posição jurídica mais vantajosa do que
a anterior (Extinção do Processo e Mérito da Causa. In: Revista de
Processo nº 58.)
Assim, comprovada a titularidade da propriedade através da cópia da
escritura pública de compra e venda em anexo, ainda que na posição de
administradora provisória, e mesmo não estando cadastrada como usuária no CDC
3/63589-6, que é o CDC que consta no cadastro do imóvel, não restam duvidas que a
mesma possui interesse de agir nesta demanda, posto que é a mesma que arca com os
pagamentos das contas mensais de energia, e que a suspensão do fornecimento de
energia no seu imóvel irá, conforma já fora ressalvado nesta peça, acarretar diversos
prejuízos as atividades ali desenvolvidas.

DA INEXITÊNCIA DE FRAUDE – DA UNILATERALIDADE DA


PERICIA

DA INEXISTÊNCIA DE CONSUMO NÃO FATURADO

Ora Exa. a requerida, através


da carta de cobrança, alega ter sido detectada, através de
seus prepostos, a existência de fraude no contador instalado
na unidade consumidora do requerente.

Ocorre que após a instalação


de nova aparelhagem de medição pela empresa ré, o consumo,
se manteve na mesma média do período em que se alega ter
sido fraudado o medidor.

Ora Exa, se caso realmente


tivesse acontecido alguma fraude no medidor, o consumo após
a mudança deveria ter um aumento considerável, posto que,
pela quantidade de Klws/hora que a requerida alega não ter
sido faturado, a media de consumo
verifica-se, ainda o princípio da
boa-fé do usuário, visto que nunca manuseou o medidor d energia, sendo
este apenas observado vez em quando pelos próprios prepostos da
empresa-comunicante, não ciente em nenhum momento da irregularidade
dita pela empresa.
2. Neste passo, verifica-se a
ausência de culpa do usuário, visto que o equipamento pode ter sido
deteriorado por própria operação de prepostos da comunicante, como
também por ação do tempo, visto que nunca teve acesso ao medidor.

3. A máquina , como instrumento


falível, criada pela mente humana, apresenta, ao longo do tempo, defeitos,
que não podem ser atribuído a ato voluntário do consumidor.

DAS IRREGULARIDADES E DA INVALIDADE DA PERICIA


TÉCNICA REALIZADA PELA EMPRESA RÉ

Conforme toda documentação anexada junto a este petitório, verifica-se que a pericia
que supostamente constatou fora realizada por dois prepostos da empresa reclamada.

Segundo relato dos prepostos feito no termo de ocorrência nº 98017, cópia em anexo,
fora constatada procedimento irregular no medidor, estando o circuito de potencial
interrompido.

Ora Exa. é notório que a perecia técnica realizada por prepostos da requerida será
favorável a mesma, posto que tais peritos encontram-se no seu quadro de funcionários,
sendo subordinados a mesma.

Além de realizada de forma totalmente unilateral, a mesma apresentou irregularidades


gritantes. Conforme termo de ocorrência citado, ficou agendado para o dia 24/02/2010
as 9:00 horas da manha a abertura do medidor supostamente fraudado, onde o mesmo
passaria por exames de calibração para se verificar as suas condições técnica e de
funcionamento.

Ocorre que tal verificação somente ocorreu no dia 03/03/2010, não tendo sido a parte
autora informada em momento algum da mudança da data agendada, impossibilitando
assim qualquer participação sua no procedimento de verificação de irregularidades, o
que torna o laudo totalmente parcial e favorável a empresa reclamada, não servindo
como prova para a comprovação da suposta fraude alegada.

O Tribunal de justiça do nosso Estado já decidiu acerca dessa questão, declarando a não
existência de fraude em virtude da não existência de prova pericial imparcial, senão
vejamos:
APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO DE INEXISTÊNCIA DE DÉBITO C/C
DANOS MORAIS - COBRANÇA DE VALORES A TÍTULO DE
RECUPERAÇÃO DE CONSUMO - FRAUDE NÃO COMPROVADA -
AUSÊNCIA DE PROVA TÉCNICA IMPARCIAL - DISTRIBUIÇÃO DO
ÔNUS DE SUCUMBÊNCIA IGUALITARIAMENTE ENTRE AS
PARTES EM RAZÃO DA SUCUMBÊNCIA RECÍPROCA. RECURSO
CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO.(TJSE – Processo nº
2009214143 – Des. Rel. OSÓRIO DE ARAUJO RAMOS FILHO).

APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO DECLARATÓRIA DE DÉBITO C/C


INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS - COBRANÇA DE VALORES
A TÍTULO DE RECUPERAÇÃO DE CONSUMO - FRAUDE DO
MEDIDOR NÃO COMPROVADA - PROVA UNILATERAL -
AUSÊNCIA DE PROVA TÉCNICA IMPARCIAL - DANOS MORAIS -
OCORRÊNCIA DE ATO ILÍCITO POR PARTE DA EMPRESA
REQUERIDA O QUE POSSIBILITA A PROCEDÊNCIA DO PLEITO
INDENIZATÓRIO - APELO CONHECIDO E IMPROVIDO - DECISÃO
UNÂNIME.(TJSE – Processo nº 2009205984 – Des. Rel. OSÓRIO DE
ARAUJO RAMOS FILHO).

Também de grande importância ressaltar que na argumentação da suplicada de que


houve indícios de violação no relógio de medição de consumo de energia, devia esta
realizar tal averiguação acompanhada de autoridade policial, bem como para periciar o
equipamento, uma vez que, em tese, há o delito do art. 155, §3º do Código Penal, que é
de ação pública, não o fazendo, exercendo o exercício arbitrário das próprias razões
através de seus prepostos que arrancaram o medidor, atribuindo a pratica de fraude ao
suplicante..

Assim já decidiu o Superior Tribunal de Justiça:

RECURSO ESPECIAL. ENERGIA ELÉTRICA. CORTE.


FORNECIMENTO.ALEGAÇÃO DE VIOLAÇÃO DOS ARTIGOS 22 E
42 DA LEI 8078/90 E INCISO II, § 3º DO ARTIGO 6º DA LEI
8987/95, ALÉM DE DISSÍDIO PRETORIANO. ACÓRDÃO
FUNDADO EM MATÉRIA FÁTICA. RAZÕES RECURSAIS QUE
CONFRONTAM OS FATOS NOS QUAIS SE BASEOU O
DECISÓRIO.INCIDÊNCIA DA SÚMULA 07/STJ. RECURSO NÃO
CONHECIDO. 1. Em exame recurso especial interposto de acórdãos
assim ementados:"ENERGIA ELÉTRICA. FORNECIMENTO.
INDÍCIOS DE FRAUDE. COBRANÇA E CORTE. NORMAS DO
CDC. VIOLAÇÃO.I - A existência de indícios de violação no
relógio de medição de consumo de energia elétrica implica
na participação policial para periciar o equipamento, uma
vez que, em tese, há o delito do art. 155 § 3º do Código Penal,
que é de ação pública.II - A concessionária que dispensa a
constatação policial, retira o relógio, se credita de valores e
os cobra sob ameaça de corte no fornecimento de energia,
adota atitude violadora dos artigos 22 e 42 da Lei Federal 8078
(CDC).III - Essas condutas evidenciam exercício arbitrário
das próprias razões, tornando inexigíveis os valores
cobrados e implicam em reparação do dano moral sofrido
pela consumidora de eletricidade.IV - Apelação provida para
condenar a concessionária". (fl. 167)"Fornecimento de energia
elétrica. Prova documental. Carta da consumidora insurgindo-se
contra o valor cobrado. Impossibilidade de suprir a inexistência
de perícia no equipamento de medição. Diferença entre os
valores despendidos não induz à existência de fraude. Exame e
valoração de provas. Necessidade de prévio aviso para operar o
corte de energia. Violação do artigo 6º, § 3º, inciso II, da Lei
Federal 8975 c/c artigo 22 do CDC. Embargos declaratórios
rejeitados ." (fl. 227).2. Em sede de recurso especial alega-se
violação dos artigos 22 e 42 da Lei 8078/90 e inciso II, § 3º do
artigo 6º da Lei 8987/95, além de dissídio pretoriano. Foram
apresentadas contra-razões defendendo-se a integridade do acórdão
rechaçado.3. Havendo o acórdão reclamado fundado suas
conclusões nos fatos e provas constantes dos autos, e por outro
lado, estando as razões recursais confrontando os fatos
narrados pelo decisório no sentido de infirmá-los; afigura-se
inviável a investigação, nesta Instância Especial, da aludida
infringência dos artigos de lei apontados pela parte, em face da
incidência do óbice sumular 7 deste STJ.4. O dissídio pretoriano
alegado não foi demonstrado nos termos exigidos pelo RISTJ.5.
Recurso especial não-conhecido.(STJ - RECURSO ESPECIAL Nº
783.102 - RJ (2005/0155286-9) - RELATOR : MINISTRO JOSÉ
DELGADO)

Dessa forma, não restam duvidas de que os procedimentos adotados pela ENERGISA
SERGIPE para apontar a suposta fraude que detectou, foram realizados de forma
irregular, bem como o laudo fornecido fora formulado de forma totalmente unilateral,
tornando-se totalmente parcial e favorável a referida empresa, não sendo eficaz para
comprovar a existência de fraude ou não.

DA CONSEQUENTE INEXISTÊNCIA DE FRAUDE REALIZADA PELA PARTE


AUTORA.

Como demonstrado no tópico acima, a pericia apresentada pela empresa ré a parte


autora não possui validade alguma para comprovar uma suposta fraude, o que já remete,
com apoio da jusprudencia pátria, a não comprovação de fraude.

Alia

Como já dito anteriormente o mau funcionamento do medidor retirado, caso tenha


acontecido realmente, pode ter sido causado por diversos outros fatores, como a ação de
terceiros estranhos, já que o medidor encontra-se instalado ao lado de fora da residência,
como também dei

Alia-se a todo o exposto, o fato de que, mesmo depois de


constatada suposta irregularidade pela requerida, havendo
sido realizada a troca do medidor, e tendo sido colocado um
novo aparelho, o consumo da unidade consumidora em
questão não atingiu em momento algum o patamar indicado
pela requerida como sendo o consumo real do local.

Conforme carta ao cliente enviada pela empresa ré a parte


autora, o consumo que fora faturado no período de 36
meses(de 03/2007 a 02/2010) fora de 20935 kWh(vinte mil,
novecentos e trinta e cinco Quilowatt-hora), tendo a nível de consumo a recuperar
o montante de 45881 kWh(quarenta e cinco mil, oitocentos e oitenta e um
Quilowatt-hora), assim, somando tais consumos, resultaria no montante de
66816kWh(sessenta e seis mil, oitocentos e dezesseis Quilowatt-hora).

Fazendo uma media do consumo mensal com base no quantidade de kWh


apresentado, resultaria num media mensal de 1856kWh(hum mil, oitocentos e
cinquenta e seis Quilowatt-hora).

Dessa forma, é de se esperar, que após a regularização do medidor, o consumo


mensal da supra citada unidade consumidora se alterasse, e passar e vir em
patamares similares.

Ocorre Exa. que mesmo depois da empresa ré ter realizado a mudança do


medidor, e ter colocado novo aparelho, o consumo não alcançou tais patamares.
Ao contrario, conforme cópia da conta do mês de

Assim, logicamente, se realmente ocorreu alguma fraudegum


consumo não tivesse sido apurado, a situação toda iria mudar
após a troca do aparelho supostamente fraudado
Ocorre Exa. que mesmo depois de

, ao contrário, conforme pode-se atestar das contas de energias


geradas após a troca do medido, todas em anexo, o consumo
se manteve em conformidade com o consumo do período em
que a empresa ré alega não ter sido corretamente apurado.

Assim, logicamente, se tivesse ocorrido realmente alguma


fraude, e consequentemente algum consumo não tivesse sido
apurado, a situação toda iria mudar após a troca do aparelho
supostamente fraudado, e com o novo aparelho o atual
consumo da unidade consumidora estaria vindo conforme o
consumo apurado pela ENERGISE, ou no mínimo, próximo do
que ela alegou em sua carta de comunicação, o que não
ocorreu, conforme já fora demonstrado pelas contas acima
juntadas.

É notório, que a perecia técnica, realizada por preposto da


requerida será favorável a mesma, posto que tais peritos
encontram-se no seu quadro de funcionários, sendo
subordinados a mesma.

Além do fato acima citado, é de salutar importância frisar que


a Srª, que acompanhou a retirada do medidor e a sua
inspeção, bem como a representante provisória do requerente,
são pessoas leigas, que não possuem conhecimento algum
acerca dos procedimentos utilizados para averiguar a suposta
fraude, não podendo questionar, em termos técnicos, a real
apuração de uma irregularidade.

DA TAXA ADMINISTRATIVA

O inciso II do art. 74 da resolução nº456/2000 da ANEEL traz


que:

Art. 74. Nos casos de irregularidades referidas no art. 72, se,


após a suspensão do fornecimento, houver auto-religação à
revelia da concessionária, poderão ser adotados os seguintes
procedimentos:

II - auto-religação sem eliminação da irregularidade e sem o


pagamento das diferenças: além do disposto no inciso anterior,
cobrar o custo administrativo adicional correspondente a, no
máximo, 30% (trinta por cento) do valor líquido da primeira
fatura, emitida após a constatação da auto-religação,
devidamente revisada nos termos do inciso IV, art. 72.

Já é cediço na jurisprudência que caso devida, a empresa terá


que demonstrar o real gasto tido, e não cobrar os 30% de forma
integral, o que fora feito pela requerida, posto que, conforme
documentação em anexo, incluiu na cobrança do consumo
supostamente não faturado uma quantia de R$
4.000,00(quatro mil reais), a titulo de custo administrativo, não
tendo demonstrando em momento algum o porque daquele
valor.
DA INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA

Sobre a inversão do ônus da prova, em especial


quanto à verossimilhança de que trata o artigo 6º VIII, do CDC, cita-se o festejado
Professor RIZZATTO NUNES, da PUC/SP, num dos mais conceituado livro sobre
Direito do Consumidor do país, o seu CURSO DE DIREITO DO CONSUMIDOR
(Saraiva, 2004, p. 728):

É necessário que da narrativa decorra verossimilhança tal que


naquele momento da leitura se possa aferir, desde logo, forte
conteúdo persuasivo. E, já que se trata de medida extrema, deve o
juiz aguardar a peça de defesa para verificar o grau de
verossimilhança na relação com os elementos trazidos pela
contestação. E é essa a teleologia da norma, uma vez que o final da
proposição a reforça, ao estabelecer que a base são “as regras
ordinária de experiência”. Ou, em outros termos terá o magistrado de
se servir dos elementos apresentados na composição do que
usualmente é aceito como verossímil.

DOS PEDIDOS

Assim, diante do exposto, requer a Vossa Excelência, que em


sendo distribuída a presente ação por dependência à cautelar
de nº, digne-se em determinar a citação da suplicada no
endereço retromencionado, por carta com aviso de
recebimento, para querendo contestar a ação e sua
cumulação, sob pena de revelia, para ao final julgar
procedente o pedido da presente ação e sua cumulação,
declarando a inexistência do débito de R$25.770,30 referente
ao consumo apurado, unilateralmente, pela suplicada relativo
a 68.170Kwh, pela inexistência de culpa do suplicante, bem
como pela forma de procedimento adotado pela ré, condenando
ainda, a suplicada à indenização pelos danos morais
causados ao suplicante com a maculação da sua honra e
imagem com a arremesso da acusação de fraude de energia
perante os seus clientes, em valor a ser abritado por V. EXA.no
valor equivalente a 200 salários mínimos ou outro qualquer
valor que este Juízo entenda necessário para a reparação do
dano, bem como a repetição do indébito pelo valor
indevidamente cobrado pela suplicada, condenando, por fim a
suplicada nas custas e honorários de advogado no percentual
de 20% sobre o total da condenação e do débito declarado
inexistente, ratificando a liminar concedida na ação cautelar.

Fica requerido por todos os


meios de provas em direito admitidos, inclusive a intimação do
representante legal da suplicada para prestar depoimento sob
pena de confissão, oitiva de testemunhas, documentos, perícia,
com a inversão do ônus da prova na forma do art. 6º da Lei
Consumerista, inspeção, vistoria, e as que se fizerem
necessárias.

Dá-se à causa o valor de R$


25.770,30.

Nestes termos,

Pede deferimento,
Aracaju, 21 de janeiro de 2004.

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