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Aproveitamento da Biomassa da

Cana para a Produção de Energia


Fernando JG Landgraf
Diretor de Inovação do IPT
 Instituição centenária, vinculada
ao Governo do Estado de São
Paulo.

 Provê soluções tecnológicas para


empresas e instituições públicas e
privadas.

 Em 2011 teve faturamento anual


de R$88 milhões.

 Agroindústria é parceiro
importante.
Vemos biomassa como grande oportunidade

Em 2010,
a safra de cana produziu 120 Mt de bagaço e palha secos

Em 2011 faltou bagaço

Como estaremos em 2020?


As oportunidades

 Uma usina sucroalcooleira de 4Mt cana tem que lidar com 800.000 t
biomassa seca/ano.

 Já existem usos bem estabelecidos, mas é importante avaliar alternativas


para as novas usinas:
 Rota bioquímica para produzir etanol a partir do bagaço: a hidrólise
enzimática e
 Rota termoquímica para produzir gás e dele energia elétrica, vapor,
biocombustíveis e monômeros.
• Essas duas rotas concorrem na pesquisa, mas podem vir a ser usadas
conjuntamente
DoE Biomass Multiyear Program
IPT atua nas duas:

Tem projetos de
hidrólise enzimática

Tem projetos de
gaseificação
Google Scholar mostra a competição
(outubro de 2011)

Enzymatic Biomass
hydrolysis gasification
Desde 2006 Todas páginas 62.000 16300

Em portugues 9.400 813

Brasil tem investido muito mais na hidrólise enzimática do que na gaseificação

Não confundir gaseificação com biogas (de biodigestor)


Processamentos da biomassa

 Processos bioquímicos

 Processos termoquímicos
 Combustão total
Em cada um desses,
 Torrefação (240 C)
o
dezenas de alternativas
 Pirólise rápida (400o C)
 Carvoejamento (500o C)
 Gaseificação a 900oC
• Leito fixo ou leito fluidizado
 Gaseificação a 1200o C (fluxo de arraste)
O que é a gaseificação de biomassa

É queimar o bagaço e a palha com pouco oxigênio, de forma autotérmica


de maneira a obter um gás contendo principalmente CO + H2

Esse gás é reativo,

 Pode ser queimado numa turbina para gerar EE

 Pode ser reagido (syngas) e transformar-se em


• Biocombustíveis: biodiesel, metanol etc
• Bioprodutos: biopolímeros, amônia, hidrogênio
Alternativas tecnológicas da gaseificação
dependem da alimentação
Se for líquido ou pó fino: Se for sólido:
Num maçarico confinado Numa cama de areia

Fluxo de
arraste

(modelo Siemens) Leito fluidizado


Principais processos de gaseificação

Escolha depende de:

Qual a escala mais


adequada?

Quais os produtos
desejados?

150 kt/ano 1500 kt/ano


A aposta do IPT: a gaseificação por fluxo de arraste
Razões da escolha
 Maior versatilidade de produtos: vapor, energia elétrica, gás,
biocombustíveis, monômeros.

 Gás exige menos limpeza do que o leito fluidizado, por não ter
alcatrão.

 GFA pode processar todo bagaço e palha de uma usina de 4Mtpa:


800.000t/ano.

 Tem potencial de viabilidade econômica em grande escala.

 Processo é comercial, pelo menos para carvão mineral.


Haverá bagaço e palha para isso?

 Só nos green fields, nas novas usinas.

 Como o desenvolvimento das tecnologias só maturará em 7-10


anos, falamos de 2020.

 Mas quanto crescerá o setor?


Crescimento da colheita brasileira de cana
600

colheita de cana
500
(dados Unica) 5% a.a.
Colheita cana (Mt/ano)

400

300

200
Tomando uma perspectiva longa, taxa de crescimento anual média é 5%
100

0
1985 1990 1995 2000 2005 2010 2015
ano
Potencial para plantas de gaseificação
na década de 2020: as novas usinas

UNICA

550 Mt em 10 anos
BNDES 140 novas usinas

5%a.a.

140 novas usinas é um bom universo a ser atacado pela nova tecnologia
Situação atual de Gaseificação de Biomassa

 Inexiste uma planta comercial de gaseificação de biomassa no


mundo
 Várias plantas pilotos sem continuidade
 Desafios tecnológicos
 China: investimentos em plantas de gaseificação de carvão
 Tecnologias importadas
 As plantas de gaseificação exigem altos investimentos
 Economia de escala é relevante
 Desafios em financiamento de projetos de P&D e de implantação
comercial
Plantas piloto de GFA de biomassa no mundo
Projeto Choren, Alemanha
65.000t madeira/ano

Projeto Chemrec,
Suécia

Projeto BioTfuel,
França
Rota termoquímica do carvão
Plantas em construção na China

 Shenhua Shell 1Mt carvão/ano oil products


 Shenhua GE 600kt carvão/ano PP+PE
 Shenhua Siemens 500 kt carvão /ano PP

GE
Quando podemos começar?

 Gaseificar carvão é comercial,

 Biomassa é o desafio:
Alguns Desafios Tecnológicos da Gaseificação de
Bagaço
 Desenvolvimento de novos processos de pré-tratamento de
bagaço com reduzido consumo de energia
 Materiais resistentes ao desgaste abrasivo

 Melhorar a confiabilidade operacional de gaseificador


 Refratários
 Sistema de alimentação
 Controle da remoção de cinzas

 Desenvolver catalizadores para otimizar a produção de


biocombustíveis e outros produtos em grande escala a partir de
syngas
EVTE de Planta de 323 MWth
(400 mil ton de bagaço/palha seca e 8 meses de safra)

Investimento em
Etapas equipamentos (M US$2011)
Pretratamento 30
Gaseificação 40 - 75 TCI (Total Capital Investment):
Limpeza e Equipamento +
condicionamento de outside battery limits
gás 40 - 75
400 a 700 M US$2011
Unidade FT (Fischer
Tropsch) 50 - 80

ASU (Air separation


unit) 30 - 75

Unidade termoelétrica
Fontes: Boerrigter (2006); Faaij
de geração 50 (2006); Swanson et al. (2010)
Parâmetros Técnicos do EVTE

 Eficiência energética (diesel FT/bagaço seco) de longo prazo: 55%


(Faaij, 2006)

 Long term capital investment costs do Faaij (2006):


540 Euro/KWth input capacity

 PCI do bagaço seco: 17 GJ/ton

 PCI de diesel (FT fuel): 41 GJ/m3

 Fator de escala recomendado por Boerrigter (2006)


Parâmetros Econômicos do EVTE

 Vida econômica da planta 10 anos

 Imposto brasileiro para biocombustível: 20%

 Custo de distribuição e marketing de combustível: 7% do


preço de combustível

 Duração da safra: 8 meses

 Custos de operação & manutenção anual / Total Capital


Investment = 0,04
Planta de Gaseificação (323 MWth)
Produção de FT Fuel: VPL e ROI
CENÁRIOS DOS PARÂMETROS
Preço de
combustivel Brasil
Custo de bagaço Taxa de TCI (M 2020-2030
(US$/ton) desconto US$2010) (US$/litro)
30 0,08 388
50 0,10 487 1,48
70 0,12 647 2,11
VPL (M US$) ROI

Cenário otimista 358 185%


Cenário
esperado 41 20%
Cenário
pessimista -53 -23%
Promessas demais no mercado

 No mundo, dezenas de empresas oferecem sistemas de torrefação,


de pirólise e mesmo de gaseificação.

 Poucas tem dados técnicos esclarecedores a mostrar, difícil confiar.


Rendimento energético!

 Pouquíssimas tem plantas em operação contínua.

 Muitas operaram apenas dias ou poucos meses, e estão


“vendendo” tecnologia.
 Oportunidade: Projeto Biosyngas
Construir e operar uma usina piloto de
gaseificação de biomassa por fluxo de arraste,
focada em bagaço de cana de açúcar, de forma a
adquirir o conhecimento necessário para projetar
uma usina industrial com Capex de US360M, para
400.000t/ano
Tecnologia escolhida de Gaseificação

 Gaseificação por fluxo de arraste


 Capacidade de 500kg de biomassa / hora
 Gaseificador “flex”: pó ou óleo como insumo
 Com oxigênio
 Recuperação de calor
 Tmax = 1300°C

 Especificações do gás de síntese:


 80% de CO+H2
 < 0,5% CH4
 <1g alcatrão / Nm3
 < 0,5% N2
Gargalos tecnológicos mais relevantes

1. Sistemas de secagem da biomassa


2. Sistemas de pré-tratamento de biomassa
 Torrefação
 Pirólise rápida
3. Sistema de remoção de cinzas pré-gaseificação.
4. Sistema de alimentação do combustível;
5. Revestimento da câmara de gaseificação;
6. Utilização ou não de recuperador de calor;
7. Sistema de remoção de cinzas;
8. Sistemas de monitoramento, controle e segurança.
9. Sistemas de limpeza de gases
10. Sustentabilidade ambiental
Ponto crítico: as cinzas da biomassa

 Como remover continuamente as cinzas de dentro do gaseificador?

 Qual o teor de cinzas da biomassa?

 Quanto é “cinza botânica” e quanto é “terra”?

 Que variáveis afetam “cinza botânica”? E a “terra”?

 Projeto temático sendo estruturado pela Esalq


 participam Poli-USP, Unicamp, IPT. Há vagas...
Apoio
Parceiros

Parceiros

Financiamento
Fluxograma do processo
Torrefação
Limpeza Syngas
Secagem SHIFT

Pirólise
Gaseificação
Bagaço
úmido (50 %) CO + H2 (Syngas)
1,1 - 1,3 t/h 0,25-0,35 t/h [H2/CO 2:1]

Balanço Oxigênio
BME Água
0,4 - 0,7 t/h

de massa 0,2 – 0,3 t/h


CO2
0,35 - 0,45 t/h

~100 kW*

Água em recirculação no sistema 30 m³/h

Make-up de água 2 m³/h

Consumo de GLP 45 kg /t bagaço (dados torrefação)

* Não contabilizados energia consumida nas etapas de secagem, moagem, torrefação e pirólise
Local da Planta Piloto: Piracicaba/Estado de São Paulo

Cosan

Dedini

CTC
Esalq
Licença de Instalação - Emitida
Resultado da Consulta
Nº da SD -
Data da SD - 24/11/2011
21016661
Razão Social - INSTITUTO DE PESQUISAS TECNOLÓGICAS DO ESTADO DE SÃO PAULO S.A.
IPT
Logradouro - RODOVIA LAÉRCIO CORTE - SP 147
Nº Complemento - KM 142+50 METROS
Bairro - VILA
Município - PIRACICABA
AREIÃO
CNPJ- Nº do Processo - 21/01456/11
Objeto da Solicitação -LICENÇA PRÉVIA E DE INSTALAÇÃO
Nº Documento -
Situação - Emitida Desde 07/02/2012
21000905
Cronograma proposto
PROJETO BIOSYNGAS - CRONOGRAMA FÍSICO
2011 2012 2013 2014 2015 2016
1° 2° 1° 2° 1° 2° 1° 2° 1° 2° 1° 2°
Gerenciamento técnico do projeto
Definição de termos de PI
Definição de regras de governança
Assinatura de contratos
Projeto Conceitual
Projeto básico
Projeto executivo da Planta Piloto
Implantação do sistema de pré-tratamento
Implantação do sistema de limpeza de gases
Utilidades
Central de Instrumentação e Controle
Obras civis da planta piloto
Construção do gaseificador
Acoplamento dos Equipamentos
Testes a frio
Testes a quente
Testes de longa duração (3.000 h não
contínuas)
Estudos viabilidade econômica
Orçamento
ITENS VALOR (R$ Milhões)
Equipamentos 38.2
Instalações 3.6
Despesas com Viagens 1.2
Materiais de consumo 3.3
Recursos humanos (IPT, CTC, companies) 11.4
Serviços de terceiros 20.4
Custos administrativos 2.9
Contingências 5.7
TOTAL 86.8
Quer saber mais? Save the date

 Coloquem na sua agenda: 17/09/2012

 Workshop sobre Gaseificação de Biomassa

 Na Fapesp, em S. Paulo

 Organizado pelo IPT

 Parte das comemorações de 50 anos da Fapesp.


Evento: C&T de Gaseificação

 Objetivos:
 Definir temas de P&D em gaseificação de bagaço
 Promover P&D em gaseificação na comunidade de C&T no ESP

 Público alvo: academia e indústria de equipamentos

 Palestrantes convidados:
 Acadêmicos nacionais e do exterior (Europa, EUA e China)
 Pesquisadores industriais (fabricantes de gaseificadores de biomassa e
carvão)
 Gestores de plantas pilotos do exterior
Palestrantes
Palestra Palestrante e Instituição

Relevância da rota termoquímica no BIOEN Glaucia Mendes Souza, Fapesp


Programa Biosyngas do IPT Fernando Landgraf, IPT
Perspectivas de sustentabilidade de etanol no Brasil Luiz A. Horta Nogueira,
Universidade Federal de Itajubá

IKFT’s experience in the development of pyrolysis Eckhard Dinjus,


technologies Karlsruhe Institute of Technology
Development of low temperature thermal conversion in Phil Hobson,
the sugar industry Queensland Univ. of Technology

Development of an opposed multi-burner gasification Zhijie Zhou, East China University of


technology Science and Technology
ETC’s experience in the development of biomass Rikard Gebart, Energy Technology Centre
gasification process (ETC)

TPS’s experience in the development and operation of Lars Walheim, Waldheim Consulting
biomass gasification plant
TU Bergakademie’s experience in the development of Bernd Meyer, TU Bergakademie Freiberg
pilot gasification plant
Uhde’s experience in the design and operation of pilot Norbert Ullrich, ThyssenKrupp Uhde
gasification plant GmbH
Contatos

Dr. Fernando Landgraf


Diretor de inovação - IPT
landgraf@ipt.br
+55 (11) 3767-4466

Dr. Gerhard Ett


Gerente de Gaseificação - IPT
gett@ipt.br
+55 (11) 3767-4455

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