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TRIBUNAL MARÍTIMO

IF/GAP PROCESSO Nº 31.782/17


ACÓRDÃO

N/M “VANTAGE”. Acidente pessoal de tripulante ao se ferir com uma barra


de peação provocando-lhe uma fratura no pé esquerdo. Causa determinante:
não foi apurada com a devida precisão. Arquivamento.

Vistos os presentes autos.


Trata-se de analisar o fato da navegação, envolvendo o N/M “VANTAGE”,
bandeira de Malta, armado por Evergreen Marine Corp., quando, por volta das 14h15min,
do dia 05/11/2015, encontrava-se atracado no Porto da Santos Brasil, Santos, SP, o
Estivador Edivaldo Paulo da Silva veio a sofrer, acidentalmente, uma lesão no pé
esquerdo, durante faina de despeação de contêineres.
Dos depoimentos colhidos e documentos acostados extrai-se que o N/M
“VANTAGE”, 95.390 AB, sob o comando do Capitão de Longo Curso Davis Ioannis,
encontrava-se atracado no Porto da Santos Brasil, momento em que o Estivador Edivaldo
Paulo da Silva, durante faina de despeação dos contêineres, uma barra ferro teria
escapado da sua mão e atingido sua perna esquerda. O Estivador foi socorrido e levado
ao hospital, com lesões na referida perna.
Após investigação pelo pessoal de bordo, o Imediato constatou que o
Estivador machucado não estava usando os sapatos de segurança exigidos, mas em vez
deles, notou estar usando um par de botas de borracha.
Durante o Inquérito foi ouvida uma única testemunha, a própria vítima
Edivaldo Paulo da Silva. Foi juntado aos autos o Relatório do Acidente de Trabalho
elaborado pela Santos Brasil Participações S/A, Operadora Portuária.
O Estivador Edivaldo Paulo da Silva em seu depoimento declarou, em
resumo, que estava em operação de despeação, em faina de retirada do “long bar” (varão
de 3m), momento em que veio a escapar de suas mãos, bateu no piso do navio e veio
atingir seu pé esquerdo, constatando-se uma fratura, após ser feito o Raio-X; que retomou
suas atividades normais após 15 dias; que o acidente foi uma fatalidade.
Laudo de Exame Pericial concluiu que não foi possível chegar a uma causa
determinante sobre o fato ocorrido.
No relatório, o Encarregado do Inquérito, após resumir o depoimento de 1
testemunha, descrever a sequência dos acontecimentos e analisar os dados obtidos do

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(Continuação do Acórdão referente ao Processo nº 31.782/2017........................................)
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Laudo Pericial e dos depoimentos concluiu que foi observado pelo Oficial de Segurança
do Navio que os estivadores iniciaram a operação de despeação com procedimentos
impróprios, como, por exemplo “jogar as barras de peação por cima do nível da ponte de
peação”, entretanto, não restou confirmado se o estivador acidentado era um dos
trabalhadores que executaram tais condutas.
Ficou constatado que o acidentado estava fazendo uso de botas de borracha,
conforme fotos juntadas aos autos, fls. 14.
O Estivador acidentado informou que a barra escapou de sua mão, não
sabendo, entretanto, informar o nome ou qualquer outro elemento que identificasse o
indivíduo que estava trabalhando com ele. Dessa forma, não há como apurar com
precisão o acidente com o estivador, uma vez que o próprio acidentado não esclareceu o
ocorrido e que o mesmo não conseguiu identificar a única testemunha do fato.
A D. Procuradoria, após descrever os fatos extraídos dos autos, se manifestou
pelo arquivamento do feito em face da insuficiência de provas, especialmente a pericial,
eis que a causa determinante do fato da navegação, que causou lesões corporais no
Estivador vitimado, não restou devidamente apurado.
Publicada Nota de Arquivamento os prazos foram preclusos sem que
interessados se manifestassem.
Decide-se.
De tudo o que consta nos presentes autos, conclui-se que a natureza e
extensão do fato da navegação sob análise, tipificados no art. 15, alínea e, da Lei nº
2.180/54, ficaram caracterizadas como acidente pessoal de tripulante ao se ferir com uma
barra de peação provocando-lhe uma fratura no pé esquerdo.
A causa determinante não foi apurada com a devida precisão.
Analisando-se os autos, verifica-se que as condições do tempo e de mar no
momento do acidente eram boas e que o navio se encontrava em bom estado.
De acordo com o depoimento da própria vítima verifica-se que ao escapar o
varão de 3m (long bar) de sua mão, a barra foi ao piso e atingiu seu pé esquerdo. Que
tudo aconteceu por uma fatalidade não tendo que apontar uma causa determinante para o
fato. Que o equipamento utilizado era apropriado para a faina em andamento e que o
Estivador era cursado em Peação e Despeação de carga, estando, portanto, qualificado
para tal tarefa.
Pelo exposto deve-se considerar procedente o pedido de arquivamento
formulado pela D. PEM, mandando-se arquivar os autos do presente Inquérito.

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(Continuação do Acórdão referente ao Processo nº 31.782/2017........................................)
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Assim,
ACORDAM os Juízes do Tribunal Marítimo, por unanimidade: a) quanto à
natureza e extensão do fato da navegação: acidente pessoal de tripulante ao se ferir com
uma barra de peação provocando-lhe uma fratura no pé esquerdo; b) quanto à causa
determinante: não foi apurada com a devida precisão; e c) decisão: julgar o fato da
navegação, previsto no art. 15, alínea e, da Lei nº 2.180/54, como decorrente de origem
indeterminada, mandando arquivar o IAFN, conforme promoção da PEM.
Publique-se. Comunique-se. Registre-se.
Rio de Janeiro, RJ, em 11 de setembro de 2018.

GERALDO DE ALMEIDA PADILHA


Juiz-Relator

Cumpra-se o Acórdão, após o trânsito em julgado.


Rio de Janeiro, RJ, em 23 de outubro de 2018.

WILSON PEREIRA DE LIMA FILHO


Vice-Almirante (RM1)
Juiz-Presidente
PEDRO COSTA MENEZES JUNIOR
Primeiro-Tenente (T)
Diretor da Divisão Judiciária
AUTENTICADO DIGITALMENTE

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Assinado de forma digital por COMANDO DA MARINHA
DN: c=BR, st=RJ, l=RIO DE JANEIRO, o=ICP-Brasil, ou=Pessoa Juridica A3, ou=ARSERPRO, ou=Autoridade Certificadora SERPROACF,
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Dados: 2018.12.10 14:12:04 -02'00'

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