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OS PERÍODOS FILOSÓFICOS

Antes, de mais nada façamos um breve esclarecimento histórico.

Durante muitos séculos aquilo que chamamos de Grécia não era um país como
nós entendemos hoje, mas sim várias cidades-estado, independentes e
autônomas entre si. Uniam-se ou se separavam de acordo com as
circunstâncias e conveniências.

Essas cidades-estado possuíam culturas e características diferentes com


alguns elementos em comum. Várias delas possuíam poder central e, em
alguns casos, algumas colônias. A parte circulada, no mapa, representa a
Grécia (região continental e insular). Os demais pontos em destaque verdes
eram as colônias ou as regiões com as quais os gregos mantinham relações
comerciais.

Todas essas regiões receberam influência e influenciaram o mundo grego.


Esse contato interativo possibilitou aos gregos as comparações entre os
elementos culturais que fizeram nascer a filosofia.

Mas isso se fez lentamente, obedecendo alguns períodos. Podemos até dizer
que a forma de fazer filosofia evoluiu ao longo dos séculos. Como vimos
anteriormente, houve um longo processo para que a capacidade reflexiva do
homem chegasse ao ponto de ser chamada de Filosofia. E isso só aconteceu
na Grécia, por volta do século VII. O pensar, antes desse período, ainda era
envolto em mitos e religiosidade que dificultava a racionalidade específica da
filosofia.

Ao nascer, a filosofia grega tinha um objetivo: explicar racional e


coerentemente o mundo. Com o transcorrer dos anos esse objetivo foi se
aprimorando e novas temáticas foram sendo incorporadas à reflexão filosófica.
Hoje podemos estudar a história da filosofia tanto pela sua evolução
cronológica como pelas abordagens temáticas. E mais ainda: a história da
filosofia não se faz da mesmaforma que a história geral da humanidade. A
história da Filosofia é a história de como e porque o pensamento filosófico
assumiu determinadas característica, em cada época.

Período Pré-Socrático

Este período é assim chamado porque desenvolveu temáticas diferentes


daquelas inaugurada pela "mosca de Atenas". É também é chamado de
período Cosmológico. Os pensadores deste período são de várias cidades ou
das colônias gregas. Nenhum era de Atenas.

A preocupação dos pensadores deste período é encontrar uma explicação


racional e sistemática (uma cosmologia) para o mundo (o cosmo), que
substituísse a antiga cosmogonia (explicação mítica).

E um dos primeiros pensadores de que se tem registro é da cidade de Mileto.


Daí seu nome: Tales de Mileto (623/546 aC). Foram seus concidadãos e
contemporâneos: Anaximandro (610/547 aC) e Anaxímenes (588/524 aC).
Para estes pensadores o mundo era constituído a partir de determinados
elementos.

O que sabemos de Tales vem principalmente de Aristóteles, que diz: "a maior
parte dos filósofos antigos concebia somente princípios materiais como origem
de todas as coisas. (...). Tales, o criador de semelhante filosofia, diz que a água
é o princípio de todas as coisas" (Aristóteles, apud, Bornheim, [198?], p. 23 )
Tales, além de ser considerado Pai da Filosofia, deixou valiosas contribuições
para o desenvolvimento da matemática e da geometria.

Anaximandro, discípulos de Tales, afirmava que o princípio (Arché) de tudo


era o ÁPEIRON (ilimitado). "Todas as coisas se dissipam onde tiveram sua
gênese; pois pagam umas às outras castigo e espiação pela injustiça,
conforme a determinação do tempo" (apud Bornheim, [198?], p. 24).

Anaxímenes, seu sucessor, discordava, dizendo que a origem de todas as


coisas é o ar: "assim como nossa alma, que é ar, nos mantém unidos, da
mesma maneira o vento envolve todo o mundo" (apud Bornheim, [198?], p. 28).

Outros pré-socráticos foram: Pitágoras (570/490 aC) que nasceu na ilha de


Samos e afirmava que as coisas são constituídas de Números. A esse
pensador se devem importantes contribuições à matemática e geometria. É
indiscutível a atualidade de seu teorema, afirmando que a "soma do quadrado
dos catetos é igual ao quadrado da hipotenusa"

Por sua vez Heráclito de Éfeso (504aC) dizia que tudo está em movimento e
as realidades se manifestam pelos seus contrários. "O frio torna-se quente, o
quente frio, o úmido seco e o seco úmido". "A doença torna a saúde agradável;
o mal, o bem; a fome, a saciedade; a fadiga, o repouso". "Não se entra duas
vezes no mesmo rio. Dispersa-se e reúne-se; avança e se retira"

Parmênides de Eléa (500 aC?) irá fazer uma afirmação exatamente oposta e
dirá que o ser é eterno, dirá que o "ser é e o não ser não é". Mostra os "únicos
caminhos de investigação cabíveis. O primeiro diz que o ser é e o não-ser não
é; este é o caminho da convicção, pois conduz à verdade.[...]. Pois não podes
conhecer aquilo que não é – isto é impossível –, nem expressa-lo em palavras"
Com isso inaugura o princípio lógico da "não contradição" que foi desenvolvido
mais tarde por Aristóteles.

Demócrito foi o criador da teoria Atomista, segundo a qual o mundo é


composto de partículas indivisíveis, os átomos que se misturam ao acaso,
dando origem a cada uma das realidades. Afirma a inacessibilidade à verdade
ao dizer que "no entanto, ver-se-á bem que não se pode chegar a saber o que
cada coisa realmente é". Afirma também que "o homem é um microcosmo".

Conhece-se, além desses, outros pensadores, também chamados de pré-


socráticos. É o caso de Zenão de Eléia para discutir o problema do
conhecimento e do movimento, propõe vários paradoxos como o da tartaruga,
do arqueiro. Ele diz que "o que se move está sempre no mesmo agora". Já
Empédocles falava de quatro elementos: ar, fogo, terra, água e que o princípio
de todas as coisas é a luta dos contrários (amor x ódio). Leucipo diz que "nada
deriva do acaso, mas tudo de uma razão e sob a necessidade". Cada um
desses pensadores deu sua contribuição para o desenvolvimento humano.
Hoje seu pensamento pode nos parecer ultrapassado ou coisa corriqueira.
Entretanto, não importa como os vejamos, ultrapassado ou simplórios, o fato é
que muito do que temos devemos a eles. Seu mérito é, em tempos
remotíssimos, ter dado o pontapé inicial.

Período Socrático

Por volta do século V aC. começa o que podemos considerar como um novo
período na história da filosofia, ao qual podemos chamar de período Socrático
ou ANTROPOLÓGICO. Esse também é chamado deperíodo clássico da
filosofia.

Podemos marcar o início desse período com a atuação dos Sofistas que
estavam preocupados mais com a linguagem e a erudição do que com a
explicação do mundo. Para os sofistas o importante era o bem falar e a arte de
convencer o interlocutor.

As contendas políticas e os conflitos de opiniões favoreceram a ação desses


professores ambulantes que consideravam não haver uma verdade única.
Alguns comentadores da história da filosofia viram com maus olhos a atuação
dos sofistas, principalmente devido a escritos de Platão que os considerava
não filósofos, mas manipuladores do raciocínio sem amor pela verdade. Essa
visão, entretanto, começa a ser revista, pois se percebe que os sofistas não
eram os aproveitadores mencionados em alguns manuais, mas pessoas que se
utilizaram, de forma pragmática, da filosofia.

O fato é que o centro das atenções tanto dos sofistas como de Sócrates, Platão
e Aristóteles (e dos posteriores) volta-se para o homem e suas relações.
Protágoras, um sofista dirá que "o homem é a medida de todas as coisas;
daquelas que são enquanto são; daquelas que não são, enquanto não são". E
Górgias, outro sofista, preocupado com o discurso, fará a seguinte afirmação:
"o bom orador é capaz de convencer qualquer pessoa sobre qualquer coisa".

A postura dos sofistas, demonstrando pouca preocupação com a verdade e


muito mais com o argumento, levou Platão a colocar na boca de Sócrates a
afirmação de que "Ele supõe saber alguma coisa e não sabe, enquanto eu, se
não sei, tampouco suponho saber. Parece que sou um pouco mais sábio que
ele exatamente por não supor que saiba o que não sei". Vê-se, portanto que a
preocupação dos sofistas é a argumentação e a de Sócrates/Platão é a
verdade daquilo que se sabe ou do que se pode saber.

O período antropológico que também é chamado o período Clássico da


Filosofia recebe essa denominação por que nessa época floresceu não só a
filosofia como também as artes e o começo da organização de todo o saber.
Principalmente pela atuação de Aristóteles e seus discípulos do Liceu (nome
de sua escola, em homenagem ao deus Apolo Lício) floresceu o processo de
aquisição e sistematização de vários saberes. A filosofia chegou ao seu
apogeu com esses três pensadores que foram uma das maiores marcas da
história do saber.

Algumas curiosidades: Sócrates ensinava na praça de Atenas, dialogando com


seus discípulos e interlocutores. Usava a maieutica e a ironia, como
instrumentos metodológicos. Em virtude de sua postura filosófica foi chamado
de "inseto", comparado com uma mosca: a mosca de Atenas. Um de seus
principais discípulos foi Platão. Esse criou uma escola, a Academia, onde se
reunia com seus discípulos e onde ditou os textos de seus diálogos em que
Sócrates é o personagem principal. Um dos principais ensinamentos de Platão
é a teoria do Mundo das idéias e a da Reminiscência da Alma. Na porta de sua
academia estava escrito: "não entre aqui quem não for amante da matemática".
Aristóteles discípulo de Platão, também fundou uma escola, o Liceu, mas não
lecionava dentro de uma sala e sim andando pelos corredores. Daí vem a
denominação de escola peripatética (andar ao redor). Aristóteles foi o grande
sistematizador da filosofia (dos conhecimentos da época), classificando em
várias áreas. Fez, através de uma grande rede de discípulos, estudos de
Botânica, Zoologia, Química, Psicologia etc. A esses estudos denominou
Física. Aos estudos sobre o Ser, o conhecimento, entre outros, chamou de
Metafícia (depois da física).

Ainda hoje a cultura e o saber ocidental são tributários à mentalidade e à


filosofia grega, do período clássico: quando falamos em corpo-alma estamos
nos referindo a conceitos originários de Platão. Quando pretendemos maior
clareza de nosso interlocutor, e para isso lhe fazemos uma série de
questionamentos, estamos nos reportando a Sócrates. Quando falamos em
lógica, organização e sistematização de conhecimentos, estamos aplicando
uma metodologia aristotélica.

Outra conseqüência da ação desses três pilares da filosofia grega foi o fato de,
após suas mortes, a filosofia ter entrado em um período de declínio. Não por
ter perdido qualidade ou preocupação com o saber, mas pelo fato de, por um
longo período, não terem aparecido grandes nomes, propondo novos sistemas.

Helenismo

Com isso chegamos ao período do HELENISMO. A partir do século III aC.


inicia-se a decadência político-militar da Grécia. Trata-se de uma época em a
sociedade e os valores entraram em decadência.Conseqüentemente, para
ocupar o vácuo do poder grego ascenderam os macedônios que assimilam a
cultura grega, através de Alexandre, discípulo de Aristóteles. O Helenismo se
caracteriza pelo sincretismo de elementos culturais provindos dos povos do
oriente, conquistados por Alexandre e a cultura grega. A filosofia desse período
é, ao mesmo tempo, continuação dos ensinamentos de Platão e Aristóteles,
mantidos pelos seus discípulos e uma reelaboração desses ensinamentos
filosóficos.

As preocupações da filosofia no período Helenista, entretanto, mudam de


curso. Deixa de estar centrada no homem social, político e na compreensão da
natureza. Ou seja, a preocupação deixa de ser em relação a "explicação dos
mistérios do universo"(MONDIN, p. 1982, p. 107) para se voltar para problemas
éticos. A filosofia começa a tratar não do coletivo, mas da vida interior do
homem. Essa preocupação ética permaneceu durante todo o período
Helenista, passou pelo Império Romano e continuou com a chegada do
Cristianismo, quando começou uma nova etapa da história da filosofia.

No período Helenista desenvolveram-se várias escolas filosóficas. Podemos


destacar:

O CINISMO: esta escola pode ser apresentada como aquela que caracteriza a
decadência moral da sociedade grega e macedônica. Pode-se dizer que o
personagem que melhor caracteriza essa escola é Diógenes que em pleno
meio dia, com uma vela acesa andava pelas ruas dizendo: "procuro o homem".
Cinismo vem de Cão (xýon) o que se justifica, pois o pensador afirmava: "faço
festa aos que me dão alguma coisa, lato contra os que não me dão nada e
mordo os celerados" (Diógenes, Apud, REALE; ANTISERI, 1990, p. 233). Num
banquete, ao lhe atirarem osso ele teria urinado em cima, como fazem os cães.
"Diogenes tomava sol quando Alexandre, o homem mais poderoso da terra se
aproximou e lhe disse: 'pede-me o que quiseres'; ao que Diógenes respondeu:
'afasta-te do meu sol'" (ibidem, 1990, p. 233). A partir disso já podemos ter uma
idéia do que essa escola pregava: desprezo àquilo que a sociedade dominante
considera valor e valorização da simplicidade do viver. Foi uma escola que
atravessou os séculos e podemos dizer que a postura socrática esteve sempre
muito próxima do ideário cínico. Aliás, se levarmos em conta a afirmação de
Gaarder podemos dizer que foi com Sócrates que nasceu o cinismo: diz o
autor: "Conta-se que, um dia, Sócrates parou diante de uma tenda do mercado
em que estavam expostas diversas mercadorias. Depois de algum tempo, ele
exclamou: 'Vejam quantas coisas o ateniense precisa para viver!'.
Naturalmente ele queria dizer com isto que ele próprio não precisava de nada
daquilo.

Esta postura de Sócrates foi o ponto de partida para a filosofia cínica, fundada
em Atenas por Antístenes – um discípulo de Sócrates -, por volta de 400 a.C."
(Gaarder, 1998, p. 147, grifo no original)

O ESTOICISMO: esta escola caracteriza-se pelo espírito de completa


austeridade física e moral. Ou seja, o Homem deve suportar os sofrimentos,
fugir dos prazeres fáceis e afastar-se das permissividades e licenciosidades. A
sabedoria consiste em manter uma vida austera. A pratica da virtude "consiste
na apatia (apátheia), isto é, na anulação das paixões" (MONDIN, 1982, p. 112)
Essa corrente filosófica influenciou profundamente o cristianismo, marcando-o
até nossos dias, como, por exemplo, a prática da penitência.

EPICURISMO: é a escola que pode ser colocada no extremo oposto ao


estoicismo. Ela se caracteriza pela idéia de que o homem deve buscar o
prazer, entendido como "ausência da dor e não como satisfação das paixões"
(Mondin, 1982, p. 114). Desfrutar do prazer é virtude, portanto é um bem,
enquanto a dor é um mal. O supremo prazer é o saber que pode ser obtido
quando se superam as paixões que são a causa da degradação social. Diz
Epicuro "Quando dizemos que o prazer é o bem supremo não queremos
referir-nos aos prazeres do homem corrompido, que pensa só em comer, em
beber e nas mulheres" (Epicuro, apud, Mondin, 1982, p. 115).

O CETICISMO: Nesse mesmo contexto histórico formou-se o ceticismo. O


Ceticismo se caracteriza pela postura de constante busca do conhecimento.
Para os céticos a sabedoria não "não é o conhecimento da verdade, mas sua
procura" (Mondin, 1982, p. 116). Pirro, fundador dessa escola, teria dito que as
coisas "são igualmente sem diferença, sem estabilidade, indiscriminadas; logo
nem nossas sensações nem nossas opiniõessão verdadeiras ou falsas"
(REALE; ANTISERI, 1990, p. 268). Assim sendo, o homem deve se concentrar
em desfrutar do que as aparências proporcionam, visto ser impossível chegar a
um saber completo e universal; é impossível ao homem, saber se as coisas
são, de fato, o que parecem ser. Como não há certeza, não existe avanço nos
conhecimentos. O progresso, portanto fica impossibilitado de acontecer.

O ECLÉTISMO: Esta escola desenvolve-se em oposição aos céticos.


Afirmavam os ecléticos que a verdade não se limita a um sistema filosófico e,
portanto, deve ser complementada por elementos das diversas escolas. A base
de sua reflexão é assim sintetizada pela padre B Mondin: "para eles, o
desacordo dos filósofos deve-se ao fato de que, não podendo a fraca ente
humana abarcar toda a verdade com um só olhar, um filósofo limita a sua
investigação a um aspecto e outro filósofo a outro aspecto. Assim, estudando
aspectos diferentes da realidade é natural que cheguem a conclusões
diferentes. Por isso, para se chegar a uma compreensão adequada das coisas,
não se deve confiar em um só filósofo, mas é necessário reunir as conclusões
das pesquisas dos melhores entre eles" (MONDIN, 1982, p. 118). A postura
eclética pode ser apresentada como um dos elementos centrais da cultura
romana. Seu exército se fez poderoso por que foi capaz de, entre outras
coisas, assimilar valores dos povos e exércitos vencidos.

Os ecléticos, como todos os outros pensadores do período helenista não foram


criadores de sistemas, mas assimiladores, releitores e divulgadores do
pensamento grego, com algumas variantes e acréscimos.

O Cristianismo

Além dessas correntes filosóficas e dentro desse mesmo período nasceu o


cristianismo. E várias das correntes helenistas influenciaram no
desenvolvimento dessa nova mística. Em base disso é que podemos dizer que
o cristianismo, nasceu não de Jesus Cristo e do grupo inicial de discípulos, mas
a partir do sincretismo de elementos helênicos, judeus, orientais e romanos. O
cristianismo, portanto é uma religião que se fez por ecletismo. O grande
criador-divulgador do cristianismo foi Paulo de Tarso que após sua conversão
levou os ensinamentos de Jesus para além do mundo judeu. O cristianismo
demorou a ser aceito por alguns judeus, mas se desenvolveu rapidamente
entre os chamados gentios. O que teria sido a proposta de Jesus Cristo, passa
a ser reinterpretada de acordo com categorias greco-romanas. Isso, entretanto,
só foi possível devido à crescente decadência do Império Romano e à releitura
de Platão, feita principalmente por Plotino e os demais Neoplatônicos. Para
percebermos a influência grega sobre o cristianismo primitivo podemos ler as
cartas de Paulo, um primor de argumentação e retórica grega. Emblemática,
sobre isso, também, o chamado um discurso de Paulo aos Atenienses, que o
ouvem embevecidos, embora não se convertam por considerarem absurda a
pregação sobre a Ressurreição.

Num primeiro momento o cristianismo se apresenta como Patrística (do séc I


ao V, aproximadamente), e depois como Escolástica, até o fim da Idade
Média. Um dos grandes nomes da Patrística foi Santo Agostinho e da
Escolástica foi Santo Tomás de Aquino.

Durante a patrística os ensinamentos sobre Jesus podem ser agrupados em


dois blocos: os textos dos apologistas e os textos contra as heresias. As
apologias surgiram por que os cristãos precisavam mostrar às autoridades
romanas uma defesa de sua fé. Entre os cristãos também aparecem algumas
distorções sobre como entender os ensinamentos de Jesus ou como falar
sobre sua divindade. Contra essas distorções são formulados os textos para
"corrigi-las", uma vez que são consideradas Heresias.

Nos dois casos o trabalho precisa ser desenvolvido através de uma boa
argumentação, que tenha por base os ensinamentos de Jesus, a tradição
Judaica e seja apresentado de forma clara, para que a argumentação seja
convincente. Isso foi feito utilizando-se de elementos e argumentação lógico-
formal da filosofia grega. Nesse meio é que se desenvolveu o Neoplatonismo e
se cristalizou, cada vez mais a visão platônica de que este mundo é onde
reside o pecado e a maldade. Por isso devem ser evitados todos os vícios
(estoicismo) para se chegar à pureza do céu (mundo das idéias, de Platão).
Graça a isso é que a partir do século III o cristianismo passou a exercer
domínio não só sobre o pensamento, mas também sobre o mundo político dos
romanos. A influencia do cristianismo se tornou cada vez maior e permaneceu
até o fim da Idade Média. Com o Renascimento, com o advento da Reforma
Protestante e o desenvolvimento das bases do capitalismo, o cristianismo
católico perdeu espaço quando desenvolveu-se os tempos modernos com um
vasto leque de correntes filosóficas e políticas.

O segundo momento do cristianismo, a ESCOLÁSTICA, já se confunde com a


Idade Média quando os ensinamentos e valores cristãos são claramente
travestidos de elementos gregos provindos, principalmente, de Aristóteles.

O pensamento cristão, durante a Idade Média, aos poucos, foi deixando de se


fundamentar em Platão para assumir as categorias aristotélicas. Isso se deve
ao fato de a filosofia grega ter, em grande, parte se perdido no mundo
ocidental. Permanecia só a vertente neoplatônica. Mas a partir do nascimento
do Islamismo de sua Guerra Santa e de seu avanço religioso, militar,
econômico e político, sobre a Europa, afogando os domínios dos monarcas
católicos surge a necessidade de uma postura de defesa. O comércio passou a
ser assimilado positivamente: os dois lados estavam ganhando. Com isso o
perigo militar também estava contido e as instituições políticas. Mas
permanecia o perigo religioso: o islamismo crescia sobre o cristianismo. E uma
das características que permitiam a fácil assimilação dos valores religiosos
islâmicos era a sua lógica e sua apresentação a partir dos conceitos de
Aristóteles, que os europeus e o cristianismo desconheciam.

Para conter o avanço da religião islâmica os cristãos se viram obrigados a


rever seus conceitos e fundamentos de base platônica. Passou-se a ler
Aristóteles, suas categorias filosóficas e "científicas". Ao mesmo tempo
elementos cristãos embebidos na filosofia Aristotélica começavam a ser
ensinadas nas escolas das catedrais e nos mosteiros. Nascia a Escolástica.

Nesse momento da história da filosofia quando há aliança do poder temporal


com o espiritual, a filosofia esteve a serviço da teologia que estava serviço da
igreja que pretendia sempre manter o domínio sobre reis, reinos e povos.

Pode-se dizer que o cristianismo desenvolveu-se, inicialmente, ao desvincular-


se do judaísmo assumindo uma conotação greco-romana, ao se expandir
dentro do Império Romano influenciando rumos dentro do Império. Depois, com
uma estrutura romana e com roupagens gregas, durante a Idade Média, o
cristianismo, já como instituição forte, assumiu o aristotelismo como
instrumento de manutenção do poder. Ou seja, o cristianismo sobreviveu ao
saber trocar de "roupa" em momentos determinantes da história, sabendo fazer
a releitura da proposta de Jesus Cristo dentro de cada contexto. Um dos
grandes nomes desse processo de adaptação do cristianismo aos conceitos
aristotélicos fundamentando a escolástica foi Santo Tomás de Aquino.

O coroamento da Idade Média, com os avanços e tropeços desses mil anos de


história, foi o processo do RENASCIMENTO e a inauguração dos TEMPOS
MODERNOS. Ou seja, a passagem da patrística para a escolástica e todo o
processo de reinauguração do pensamento preparou um novo momento
histórico que recebeu o nome de renascimento

Os valores e as referências do mundo medieval (escolástica) era a religião. Por


isso se chama essa épocade Teocêntrica. A partir do Renascimento ocorreu
uma reviravolta e os valores e referências passam a ser o Homem
(antropocentrismo). Em todas as áreas, desde as artes, a filosofia (nascem as
ciências), a teologia, a economia, a política e todo o desenvolvimento teve o
homem como referência.

A arte sacra com motivos religiosos cede lugar à arte centrada no homem, no
corpo que é evidenciado e mostrado em sua beleza física. Exemplo disso é a
pintura de L. da Vinci e a escultura de Michelangelo. A filosofia escolástica
deixa espaço para o Racionalismo, o Humanismo e o Empirismo, privilegiando
a razão, o homem e o conhecimento advindo da experiência. Com Galileu a
ciência ganha um método experimental e juntamente com outros pensadores
vão se estruturando as várias áreas da ciência. A teologia, antes dominada
pelos dogmas católicos começa a ser contestada pelos reformadores, onde se
destaca a ação de Lutero e todo o movimento reformador. Em oposição à
Idade Média em que praticamente inexistem relações comerciais os tempos
modernos assistem às intensas viagens marítimas, caracterizando uma
transformação geográfica, que são expressão do desenvolvimento do
comércio (está nascendo o capitalismo). Na política medieval o poder estava
nas mãos dos senhores feudais que pagam tributo aos monarcas. Essa prática
permitiu aos monarcas acumulem riquezas que serviram para financiar as
inovações tecnológicas e comerciais, que aceleraram a queda do poderio
feudal e, paradoxalmente, são as raízes da Revolução Francesa quando a
burguesia faz as mais diferentes alianças para derrubar definitivamente o poder
dos senhores feudais e de toda a nobreza, inclusive tomando o poder dos
monarcas.

Nos TEMPOS ATUAIS, a partir do Iluminismo, que sustentou a Revolução


Francesa, a filosofia deixa de ser a única via de interpretação do Real. O
desenvolvimento das ciências fez com que a filosofia deixasse de se ocupar
com a explicação do mundo e dos fenômenos passando a dedicar-se a temas
específicos. Atualmente, ao mesmo tempo que a filosofia é um complemento à
ciência, apresenta-lhe questionamentos ou questiona-lhe os resultados. A
ciência nasce da filosofia e desenvolve-se a partir dos questionamentos que ela
levanta. Por isso podemos dizer que não há ciência sem filosofia.

Os resultados da ciência aparecem a partir dos questionamentos que são


originários da filosofia. Ou seja, a Filosofia levanta os problemas e a ciência se
encarrega de fazer as investigações. Diante desses resultados a filosofia
coloca novas indagações e problemas.

Isso não significa, entretanto, que não se tenham desenvolvido correntes e


sistemas de pensamento, depois do nascimento das ciências. Várias correntes
merecem um estudo particular: o empirismo, o iluminismo, o idealismo, o
pragmatismo, o positivismo, a fenomenologia, o marxismo, o existencialismo.
Além de campos específicos onde se faz filosofia: filosofia da ciência, filosofia
política, filosofia da linguagem, filosofia da educação, filosofia do direito, entre
outras.

Essas são só algumas das adaptações que o pensar filosófico fez para
adaptar-se e continuar interpretando o mundo.

Fonte: http://www.webartigos.com/articles/5415/1/Os-Periodos-
Filosoficos/pagina1.html#ixzz10lZ1ryKM

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