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Durante muitos séculos aquilo que chamamos de Grécia não era um país como
nós entendemos hoje, mas sim várias cidades-estado, independentes e
autônomas entre si. Uniam-se ou se separavam de acordo com as
circunstâncias e conveniências.
Mas isso se fez lentamente, obedecendo alguns períodos. Podemos até dizer
que a forma de fazer filosofia evoluiu ao longo dos séculos. Como vimos
anteriormente, houve um longo processo para que a capacidade reflexiva do
homem chegasse ao ponto de ser chamada de Filosofia. E isso só aconteceu
na Grécia, por volta do século VII. O pensar, antes desse período, ainda era
envolto em mitos e religiosidade que dificultava a racionalidade específica da
filosofia.
Período Pré-Socrático
O que sabemos de Tales vem principalmente de Aristóteles, que diz: "a maior
parte dos filósofos antigos concebia somente princípios materiais como origem
de todas as coisas. (...). Tales, o criador de semelhante filosofia, diz que a água
é o princípio de todas as coisas" (Aristóteles, apud, Bornheim, [198?], p. 23 )
Tales, além de ser considerado Pai da Filosofia, deixou valiosas contribuições
para o desenvolvimento da matemática e da geometria.
Por sua vez Heráclito de Éfeso (504aC) dizia que tudo está em movimento e
as realidades se manifestam pelos seus contrários. "O frio torna-se quente, o
quente frio, o úmido seco e o seco úmido". "A doença torna a saúde agradável;
o mal, o bem; a fome, a saciedade; a fadiga, o repouso". "Não se entra duas
vezes no mesmo rio. Dispersa-se e reúne-se; avança e se retira"
Parmênides de Eléa (500 aC?) irá fazer uma afirmação exatamente oposta e
dirá que o ser é eterno, dirá que o "ser é e o não ser não é". Mostra os "únicos
caminhos de investigação cabíveis. O primeiro diz que o ser é e o não-ser não
é; este é o caminho da convicção, pois conduz à verdade.[...]. Pois não podes
conhecer aquilo que não é – isto é impossível –, nem expressa-lo em palavras"
Com isso inaugura o princípio lógico da "não contradição" que foi desenvolvido
mais tarde por Aristóteles.
Período Socrático
Por volta do século V aC. começa o que podemos considerar como um novo
período na história da filosofia, ao qual podemos chamar de período Socrático
ou ANTROPOLÓGICO. Esse também é chamado deperíodo clássico da
filosofia.
Podemos marcar o início desse período com a atuação dos Sofistas que
estavam preocupados mais com a linguagem e a erudição do que com a
explicação do mundo. Para os sofistas o importante era o bem falar e a arte de
convencer o interlocutor.
O fato é que o centro das atenções tanto dos sofistas como de Sócrates, Platão
e Aristóteles (e dos posteriores) volta-se para o homem e suas relações.
Protágoras, um sofista dirá que "o homem é a medida de todas as coisas;
daquelas que são enquanto são; daquelas que não são, enquanto não são". E
Górgias, outro sofista, preocupado com o discurso, fará a seguinte afirmação:
"o bom orador é capaz de convencer qualquer pessoa sobre qualquer coisa".
Outra conseqüência da ação desses três pilares da filosofia grega foi o fato de,
após suas mortes, a filosofia ter entrado em um período de declínio. Não por
ter perdido qualidade ou preocupação com o saber, mas pelo fato de, por um
longo período, não terem aparecido grandes nomes, propondo novos sistemas.
Helenismo
O CINISMO: esta escola pode ser apresentada como aquela que caracteriza a
decadência moral da sociedade grega e macedônica. Pode-se dizer que o
personagem que melhor caracteriza essa escola é Diógenes que em pleno
meio dia, com uma vela acesa andava pelas ruas dizendo: "procuro o homem".
Cinismo vem de Cão (xýon) o que se justifica, pois o pensador afirmava: "faço
festa aos que me dão alguma coisa, lato contra os que não me dão nada e
mordo os celerados" (Diógenes, Apud, REALE; ANTISERI, 1990, p. 233). Num
banquete, ao lhe atirarem osso ele teria urinado em cima, como fazem os cães.
"Diogenes tomava sol quando Alexandre, o homem mais poderoso da terra se
aproximou e lhe disse: 'pede-me o que quiseres'; ao que Diógenes respondeu:
'afasta-te do meu sol'" (ibidem, 1990, p. 233). A partir disso já podemos ter uma
idéia do que essa escola pregava: desprezo àquilo que a sociedade dominante
considera valor e valorização da simplicidade do viver. Foi uma escola que
atravessou os séculos e podemos dizer que a postura socrática esteve sempre
muito próxima do ideário cínico. Aliás, se levarmos em conta a afirmação de
Gaarder podemos dizer que foi com Sócrates que nasceu o cinismo: diz o
autor: "Conta-se que, um dia, Sócrates parou diante de uma tenda do mercado
em que estavam expostas diversas mercadorias. Depois de algum tempo, ele
exclamou: 'Vejam quantas coisas o ateniense precisa para viver!'.
Naturalmente ele queria dizer com isto que ele próprio não precisava de nada
daquilo.
Esta postura de Sócrates foi o ponto de partida para a filosofia cínica, fundada
em Atenas por Antístenes – um discípulo de Sócrates -, por volta de 400 a.C."
(Gaarder, 1998, p. 147, grifo no original)
O Cristianismo
Nos dois casos o trabalho precisa ser desenvolvido através de uma boa
argumentação, que tenha por base os ensinamentos de Jesus, a tradição
Judaica e seja apresentado de forma clara, para que a argumentação seja
convincente. Isso foi feito utilizando-se de elementos e argumentação lógico-
formal da filosofia grega. Nesse meio é que se desenvolveu o Neoplatonismo e
se cristalizou, cada vez mais a visão platônica de que este mundo é onde
reside o pecado e a maldade. Por isso devem ser evitados todos os vícios
(estoicismo) para se chegar à pureza do céu (mundo das idéias, de Platão).
Graça a isso é que a partir do século III o cristianismo passou a exercer
domínio não só sobre o pensamento, mas também sobre o mundo político dos
romanos. A influencia do cristianismo se tornou cada vez maior e permaneceu
até o fim da Idade Média. Com o Renascimento, com o advento da Reforma
Protestante e o desenvolvimento das bases do capitalismo, o cristianismo
católico perdeu espaço quando desenvolveu-se os tempos modernos com um
vasto leque de correntes filosóficas e políticas.
A arte sacra com motivos religiosos cede lugar à arte centrada no homem, no
corpo que é evidenciado e mostrado em sua beleza física. Exemplo disso é a
pintura de L. da Vinci e a escultura de Michelangelo. A filosofia escolástica
deixa espaço para o Racionalismo, o Humanismo e o Empirismo, privilegiando
a razão, o homem e o conhecimento advindo da experiência. Com Galileu a
ciência ganha um método experimental e juntamente com outros pensadores
vão se estruturando as várias áreas da ciência. A teologia, antes dominada
pelos dogmas católicos começa a ser contestada pelos reformadores, onde se
destaca a ação de Lutero e todo o movimento reformador. Em oposição à
Idade Média em que praticamente inexistem relações comerciais os tempos
modernos assistem às intensas viagens marítimas, caracterizando uma
transformação geográfica, que são expressão do desenvolvimento do
comércio (está nascendo o capitalismo). Na política medieval o poder estava
nas mãos dos senhores feudais que pagam tributo aos monarcas. Essa prática
permitiu aos monarcas acumulem riquezas que serviram para financiar as
inovações tecnológicas e comerciais, que aceleraram a queda do poderio
feudal e, paradoxalmente, são as raízes da Revolução Francesa quando a
burguesia faz as mais diferentes alianças para derrubar definitivamente o poder
dos senhores feudais e de toda a nobreza, inclusive tomando o poder dos
monarcas.
Essas são só algumas das adaptações que o pensar filosófico fez para
adaptar-se e continuar interpretando o mundo.
Fonte: http://www.webartigos.com/articles/5415/1/Os-Periodos-
Filosoficos/pagina1.html#ixzz10lZ1ryKM