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TRIBUNAL MARÍTIMO

AR/FAL PROCESSO Nº 31.521/17


ACÓRDÃO

Traineira “GUERREIRO”. Naufrágio. Causa não apurada. A embarcação não


foi apresentada para ser periciada, depois de reflutuada. Com pedido de
arquivamento da D. Procuradoria Especial da Marinha. Arquivamento.

Vistos e relatados os presentes autos.


Consta que no dia 19 de novembro de 2016, cerca das 9h, ocorreu o naufrágio
da traineira “GUERREIRO” (nº de inscrição 381-387386-2, casco de madeira de 13,78m
de comprimento e 3,78m de boca, de 9,3 AB, motor de 80 HP, ano de construção 1984,
classificada para transporte de passageiros e cargas, capacidade para 2 tripulantes e 50
passageiros, navegação interior, de propriedade de Carlos Alberto Morais Junior, sob a
guarda do fiel depositário Walmir Reis de Oliveira Filho), enquanto fundeada e
desguarnecida, na enseada de Camorim, Angra dos Reis, RJ, resultando em danos
materiais, mas sem registro de danos pessoais ou ambientais.
No Inquérito instaurado pela Delegacia da Capitania dos Portos em Angra dos
Reis foram ouvidas três testemunhas e anexados os documentos de praxe.
No Laudo de Exame Pericial, fls. 6 a 10, realizado no dia 24 de novembro de
2016, com fotos da embarcação naufragada, fls. 12 e 13, e trecho da carta náutica com o
local do naufrágio, fl. 14, consta que a traineira estava em Processo Judicial nº 0005159-
22.2014.8.19.0003 (fl. 37) e não foi periciada, porque seu fiel depositário, após reflutuar
a embarcação sem conhecimento da Delegacia da Capitania, não a apresentou para
perícia.
Os Peritos apresentaram a seguinte sequência de acontecimentos: no dia 19 de
novembro de 2016, cerca das 9h, foi comunicado, por telefone de denúncia da Delegacia
da Capitania dos Portos em Angra dos Reis, o naufrágio da embarcação “GUERREIRO”,
na enseada do Camorim; cerca das 9h40min uma equipe de Inspetores Navais se
deslocou para o local informado, onde pode constatar a embarcação parcialmente
naufragada, sem vestígios de poluição hídrica ou de vítimas; o fiel depositário da
embarcação, Walmir Reis de Oliveira Filho, foi notificado para que efetuasse a

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reflutuação da embarcação, o que foi feito, mas não foi comunicada a faina à Delegacia
da Capitania e o paradeiro da embarcação é desconhecido. Uma equipe de Inspetores
Navais foi ao local do naufrágio e constatou que a embarcação não estava mais naquele
local; foi feito contato com o fiel depositário para a apresentação da embarcação para
perícia, mas este não atendeu ao solicitado e a embarcação não pode ser vistoriada.
Os Peritos consideraram que não foi possível determinar se os fatores humano,
material e operacional contribuíram e concluíram que não foi possível determinar a causa
do acidente, porque a perícia ficou prejudicada, devido ao desaparecimento da
embarcação, após ter sido reflutuada, pelo seu fiel depositário.
Nas fls. 30 a 32 consta o Boletim de Informações Ambientais, com a
informação de que a região esteve sob a influência de instabilidades atmosféricas
associadas à passagem de uma frente fria nos dias 18 e 19 de novembro de 2016.
No Relatório, fls. 40 a 44, o Encarregado do IAFN, depois de resumir os
depoimentos e o Laudo de Exame Pericial, na análise dos dados obtidos constatou que a
embarcação se encontrava amarrada à sua boia, na Enseada do Camorim, quando
naufragou; devido à não apresentação da embarcação para perícia, depois que foi
reflutuada, tornou o Laudo de Exame Pericial inconclusivo; que, pelo Boletim de
Informações Ambientais ocorreu chuva fraca a moderada, com ventos de 9 a 20 nós e não
foi possível determinar se as condições climáticas influenciaram diretamente para o
acidente, não apontando possível responsável.
A Douta Procuradoria, fls. 52 e 53, em uniformidade de entendimento com o
Encarregado do IAFN, entendeu que a não apresentação da embarcação para perícia,
depois que foi reflutuada, não foi possível apurar a causa determinante do naufrágio e,
diante da carência de provas sólidas, requereu o arquivamento dos presentes autos.
Foi publicada Nota para Arquivamento, tendo decorrido o prazo legal sem que
possíveis interessados se manifestassem.
Por todo o exposto, deve-se concordar com a promoção da Douta Procuradoria
Especial da Marinha e mandar arquivar os presentes autos.
Assim,
ACORDAM os Juízes do Tribunal Marítimo, por unanimidade: a) quanto à
natureza e extensão do acidente da navegação: naufrágio da traineira “GUERREIRO”,
com danos materiais, mas sem registro de danos pessoais ou ambientais; b) quanto à

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causa determinante: indeterminada; e c) decisão: julgar o acidente da navegação,
tipificado no art. 14, letra “a” (naufrágio), da Lei nº 2.180/54, como decorrente causa não
apurada, mandando arquivar os presentes autos, conforme promoção da Douta
Procuradoria Especial da Marinha, de fls. 52 e 53.
Publique-se. Comunique-se. Registre-se.
Rio de Janeiro, RJ, em 04 de outubro de 2018.

FERNANDO ALVES LADEIRAS


Juiz Relator

Cumpra-se o Acórdão, após o trânsito em julgado:


Rio de Janeiro, RJ, em 08 de novembro de 2018.

WILSON PEREIRA DE LIMA FILHO


Vice-Almirante (RM1)
Juiz-Presidente
PEDRO COSTA MENEZES JUNIOR
Primeiro-Tenente (T)
Diretor da Divisão Judiciária
AUTENTICADO DIGITALMENTE

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Assinado de forma digital por COMANDO DA MARINHA
DN: c=BR, st=RJ, l=RIO DE JANEIRO, o=ICP-Brasil, ou=Pessoa Juridica A3, ou=ARSERPRO, ou=Autoridade Certificadora SERPROACF, cn=COMANDO DA MARINHA
Dados: 2018.12.14 14:42:35 -02'00'

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