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PNBE na escola

Literatura fora da caixa


Guia 1
Educação Infantil
Guia 1

Presidência da República
PNBE na escola
Ministério da Educação Literatura fora da caixa
Secretaria Executiva
Secretaria da Educação Básica Educação Infantil
Presidência da República Sumário
Ministério da Educação
Secretaria Executiva
Secretaria de Educação Básica
Diretoria de Formulação de Conteúdos Educacionais
Coordenação Geral de Materiais Didáticos

Equipe Técnico-Pedagógica – COGEAM/SEB


Andrea Kluge Pereira 7 A p r e s e nta ç ã o
Cecília Correia Lima Ministério da Educação
José Ricardo Albernás Lima
Lucineide Bezerra Dantas
Lunalva da Conceição Gomes 11 Int r o du ç ã o
Maria Marismene Gonzaga
Magda Soares
Equipe de Apoio Administrativo – COGEAM/SEB Aparecida Paiva
Gabriela Brito de Araújo
Gislenilson Silva de Matos
Neiliane Caixeta Guimarães 19 Na e du c a ç ã o i nfa nt il , ve r s o s
Paulo Roberto Gonçalves da Cunha
q u e c o nta m h i s t ó r ia s
Seleção de originais e Coordenação da edição
Maria Zélia Versiani Machado
Magda Becker Soares
Aparecida Paiva

Planejamento editorial e preparação de textos


31 ER A UMA VEZ... UMA C A IXA DE H ISTÓRIA S :
Ana Paiva Prosa no acervo do PNBE 2014
Rogerio Mol
Renata Junqueira de Souza
Projeto gráfico e diagramação Cyntia Graziela Simões Girotto
Christiane Costa

45 L IVROS DE IM A GEM: Como aproveitar a


PNBE na escola : literatura fora da caixa / Ministério da Educação ; elaborada pelo Centro
de Alfabetização, Leitura e Escrita da Universidade Federal de Minas Gerais. – [Brasília :
atratividade e desenvolver o potencial destas
Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, 2014].
3 v.
obras na sala de aula com atividades literárias
Guia 1 : Educação infantil – Guia 2: Anos iniciais do Ensino Fundamental – Guia 3: Ana Paula Paiva
Educação de Jovens e Adultos.

ISBN: 978-85-7783-154-8

1. Programa Nacional Biblioteca da Escola. 2. Acervo. 3. Mediação pedagógica.


61 QU A NDO UMA IM A GEM VA L E
4. Educação literária. I. Brasil. Ministério da Educação. II. Universidade Federal de Minas
Gerais. Centro de Alfabetização, Leitura e Escrita.
M A IS QUE M IL PA L AVRA S : Livros de Imagem
CDU 028.1(036)
e Histórias em Quadrinhos no PNBE
Vitor Amaro Lacerda

Tiragem
Guia 1 – PNBE: Literatura fora da caixa – Educação Infantil
71 PNB E 2 0 1 4
563.634 exemplares Ob r a s s e l e c i o na da s
7

Apresentação
Ministério da Educação

Categorias 1 e 2 . Educação infantil


A distribuição de obras de literatura pelo Programa Nacional Biblio-
teca da Escola (PNBE) já passou por diversos formatos. Em todos eles, o
objetivo do Ministério da Educação (MEC) sempre foi proporcionar aos
alunos da rede pública o acesso a bens culturais que circulam socialmente,
de forma a contribuir para o desenvolvimento das potencialidades dos
leitores, favorecendo, assim, a inserção desses alunos na cultura letrada.
No entanto, apenas o acesso aos livros não garante sua apropria-
ção, sendo de fundamental importância a mediação do professor para a
formação dos leitores. Mediar a leitura significa intervir para aproximar
o leitor da obra e, nesse sentido, o trabalho do professor assume uma
dimensão maior, uma vez que extrapola os limites do texto escrito, pro-
movendo o resgate e a ampliação das experiências de vida dos alunos e
do professor mediador.
Para auxiliar os professores nessa tarefa, o MEC vem, ao longo dos
anos, produzindo materiais voltados para o uso dos acervos do PNBE,
como o Guia do Livronauta (PNBE 1998),1 História e Histórias (PNBE
1999), o Catálogo Literatura na Infância: imagens e palavras (PNBE 2008),2
além de outras publicações voltadas para a formação de leitores, como a
Revista Leituras, o kit Por uma Política de Formação de Leitores3 e o volume
20 – Literatura Infantil – Coleção Explorando o Ensino.4
Dando prosseguimento à essa ação formativa, este Ministério está
encaminhando às bibliotecas das escolas que oferecem Educação Infantil
(creche e pré-escola), anos iniciais do Ensino Fundamental e/ou Educa-
ção de Jovens e Adultos esta publicação PNBE na escola: Literatura fora da
caixa. Composta por três volumes, ela traz um conjunto de textos que,
certamente, irão contribuir para uma mediação mais efetiva, de forma a
proporcionar aos alunos diferentes experiências com a leitura literária.

1
Disponível em http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/me001878.pdf
2
Disponível em http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/Avalmat/literatura_na_in-
fancia.pdf
3
Disponíveis em http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&view=ar-
ticle&id=16896&Itemid=1134
4
Disponível em http://portaldoprofessor.mec.gov.br/linksCursosMateriais.html?cate-
goria=117
8

Essa publicação foi elaborada pelo Centro de Alfabetização, Leitura


e Escrita (CEALE), da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG),
responsável pelo processo de avaliação, seleção e composição dos acervos.
Cada acervo, concebido para o uso coletivo de alunos e professores,
Categorias 1 e 2 . Educação infantil

vem acompanhado desta publicação. Os acervos estão organizados em


quatro categorias:
Categoria 1: Para as instituições de educação infantil que atendem
creche foram formados 2 (dois) acervos distintos, com 25 (vinte e cinco)
obras cada, num total de 50 (cinquenta) obras.
Categoria 2: Para as instituições de educação infantil que atendem
pré-escola foram formados 2 (dois) acervos distintos, com 25 (vinte e
cinco) obras cada, num total de 50 (cinquenta) obras.
Categoria 3: Para as escolas que oferecem os anos iniciais do ensino
fundamental foram formados 4 (quatro) acervos distintos, com 25 (vinte
e cinco) obras cada, num total de 100 (cem) obras.
Categoria 4: Para as escolas que oferecem educação de jovens e
adultos foram formados 2 (dois) acervos distintos, com 25 (vinte e cinco)
obras cada, num total de 50 (cinquenta) obras.
Nem todas as escolas receberão todos os acervos, porque a distribui-
ção está relacionada ao número de alunos matriculados. Mas, ao final dos
volumes, consta a relação de todas as obras selecionadas de forma que os
professores possam conhecer a totalidade dos títulos.
As obras selecionadas, além de diversificadas do ponto de vista te-
mático, dos gêneros e formatos, também diferem do ponto de vista do
grau de complexidade. Portanto, os acervos são compostos por obras que
estimulam a leitura autônoma por parte de crianças, jovens e adultos em
processo de alfabetização ou propiciam a professores e alunos alternativas
interessantes de leitura compartilhada.
No que diz respeito à educação infantil, este Ministério, consideran-
do a necessidade de garantir material de apoio à educação de crianças
nessa etapa de ensino, ampliou a distribuição dos acervos voltados para
a educação infantil, encaminhando-os, não apenas às bibliotecas dessas
escolas, mas, também, para salas de aula e outros espaços onde se dá o
trabalho com crianças de 0 a 3 anos (creche) e de 4 e 5 anos (pré-escola).
Este Ministério, ao incluir nos acervos de livros de literatura essa
publicação, espera contribuir, de forma efetiva, com a circulação e leitura
das obras que compõem os acervos do PNBE 2014 e, de modo especial,
com a formação leitora de alunos e professores.
11

Introdução
Magda Soares

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Aparecida Paiva

Você tem em mãos o guia da Educação a você um conjunto de textos que representam os
Infantil do PNBE 2014. Este volume é um dos gêneros selecionados para o acervo: prosa, verso,
dos três guias que serão disponibilizados pelo imagem e história em quadrinhos.
MEC para acompanhar os acervos selecionados
pelo Programa Nacional Biblioteca da Escola. Divisão interna do Guia
Além deste guia, foram produzidos mais dois:
um para os anos iniciais do Ensino Fundamen- Cada um dos textos, impressos após a apre-
tal e um para a Educação de Jovens e Adultos, sentação deste guia, foi planejado especialmente
segmentos contemplados por esta edição do para você, mediador de leitura; são textos escri-
Programa. Esperamos que você, de posse deste tos em linguagem simples e direta onde cada au-
guia, tenha uma oportunidade concreta de cres- tor(a) procura discutir as especificidades de cada
cimento como mediador(a) de leitura literária gênero, abordando obras que o representam, no
na escola e de enriquecimento de sua formação intuito de que essas leituras funcionem como
como leitor de literatura, o que, acreditamos, exemplos e incentivo para a apropriação dos
o ajudará a dar um novo significado às práticas acervos pelos mediadores de leitura, de forma
de leitura literária com seus alunos, em sala de a enriquecer as atividades de leitura na escola.
aula, ou na biblioteca escolar. Além desses textos básicos, há, ao final de
Nosso propósito com esse “guia”, esse ma- cada guia, a relação de todos os títulos sele-
terial de apoio, é possibilitar a você um acesso cionados no PNBE 2014, separados por seg-
dialogado ao universo literário das obras que mento, categoria e gênero. Esperamos, com
constituem os acervos do PNBE 2014, propon- esse nosso esforço, duas coisas: socializar com
do orientações de uso desses acervos na escola, você os livros selecionados no PNBE 2014, a
pelos professores e pelos profissionais que atuam fim de que você possa usufruir desse acervo
nas bibliotecas escolares, com apresentação e como leitor(a) de literatura, independente do
discussão pedagógica de gêneros, autores, temá- segmento em que atue, provocando em você
ticas, competências literárias e outras formas de o desejo de lê-los e compartilhá-los com seus
conhecimento e apreciação das obras. alunos. Por outro lado, esse nosso movimento
Assim, além dessa apresentação inicial, que de apresentar visualmente, ao final de cada guia,
explicita nosso desejo de contribuir efetivamente todo o acervo do PNBE 2014 também pretende
com a circulação e leitura das obras que compõem fomentar uma curiosidade nos mediadores de
os acervos do PNBE 2014, e, de modo muito leitura, assim como uma maior circulação das
especial, com sua formação leitora, apresentamos obras na escola, ao deixar claro o quanto são
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tênues as separações por segmento, faixa etária, ou qualquer outro tipo Agora, com base no quadro a seguir, pres- – que recebe o maior número de inscrições
de categorização e que, o mais importante, é a literatura de qualidade te especial atenção na quantidade de escolas e de livros pelas editoras: mais da metade dos
estar disponível. alunos atendidos no período de 2006 a 2013 e inscritos. Por outro lado, a inscrição é muito
Por fim, gostaríamos de ressaltar que a relação das obras adquiridas projete a espantosa quantidade de livros distri- pequena para livros destinados às crianças de 0
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pelo PNBE ainda oferece um parâmetro relevante a respeito do quadro buídos pelo Programa desde sua criação. Muitas a 3 anos – apenas 3% – o que evidencia a pouca
geral dos livros veiculados nas escolas públicas brasileiras. Ao observar vezes, os professores de escolas menores, que produção editorial que há para esse segmento,
gêneros, autorias e categorias, o professor, ainda que sua escola não tenha recebem uma quantidade pequena de acervos, ainda não contemplado pelas editoras. No en-
alguns desses títulos em seu acervo, dispõe de um conjunto de dados não imaginam a quantidade de livros de litera- tanto, é uma produção importante, porque já
que podem funcionar como baliza para a escolha de material de leitura, tura que são distribuídos ano a ano. No entanto, na creche a criança merece oportunidades de
considerando que a qualidade literária é item primordial para a seleção no que pese esse grande número de livros dis- contato com livros adequados para a idade, que
dos acervos do PNBE. tribuídos, se pensarmos no tamanho do nosso promovem sua entrada no mundo da escrita.
País, na carência das nossas escolas públicas e na
Para começo de conversa, alguns dados para você se situar quantidade de alunos que elas atendem, sem- O segmento Educação Infantil
O Programa Nacional Biblioteca da Escola – PNBE – foi insti- 1 pre haveremos de reivindicar um aumento no
Obedecendo ao que foi previsto no edital
tuído em 1997 e tem como objetivo principal democratizar o acesso a volume de investimento.
do PNBE 2014, deveriam ser selecionadas,
obras de literatura infantojuvenil, brasileiras e estrangeiras, e a materiais para cada acervo literário destinado à Educação
de pesquisa e de referência a professores e alunos das escolas públicas Infantil, obras de cada um dos três agrupamen-
brasileiras. O Programa é executado pelo Fundo Nacional de Desen- tos seguintes:
volvimento da Educação – FNDE – em parceria com a Secretaria de
Educação Básica do Ministério da Educação – SEB/MEC. Você pode 1. Textos em verso – quadra, parlenda,
obter informações sobre todas as edições do Programa no site do MEC, cantiga, trava-língua, poema;
buscando por PNBE. 2. Textos em prosa – clássicos da literatura
Para que você tenha uma ideia da magnitude desse Programa, vamos infantil, pequenas histórias, textos de
apresentar a seguir dados do investimento feito no período de 2006 a tradição popular;
2013. Os dados de 2014 ainda estão sendo processados. Observe bem o 3. Livros com narrativa de palavras-chave,
volume de recursos investidos. O que foi oferecido para livros de narrativa por imagem.2
a seleção dos acervos?
Para que você tenha uma ideia da quantidade Nota-se que o segmento Educação Infantil,
de livros inscritos no PNBE 2014, abarcando os em suas duas categorias de inscrição (Categoria 1
segmentos Educação Infantil, anos iniciais do Ensi- e Categoria 2), ainda responde por uma parcela
no Fundamental e EJA, observe o gráfico a seguir: pequena no gráfico, ou seja, a quantidade de livros
inscritos até 2013 – para o PNBE 2014 – ainda foi
baixa quando o endereçamento abarca 0 a 5 anos,
se compararmos este segmento, por exemplo,
com o fluxo de livros inscritos para a Categoria
3: Anos Iniciais do Ensino Fundamental.
Além de ser pequeno o número de livros
inscritos para o segmento de 0 a 3 anos, e tam-
bém não muito grande o número de inscritos
para o segmento de 4 e 5 anos, eles se distri-
buíram de forma muito diferenciada por esses
1
Se você quiser saber mais sobre o PNBE, como por exemplo sua história, processo de três agrupamentos; observe, nos dois gráficos a
seleção e constituição de acervos, cf. FNDE: http://www.fnde.gov.br/ e cf. PAIVA,
Aparecida (org.). Literatura fora da caixa: O PNBE na escola – distribuição, circulação e Observe que é a categoria 3 – livros inscri-
leitura. São Paulo: Editora UNESP, 2012. tos para os anos iniciais do Ensino Fundamental Item 4.3 do Edital PNBE 2014.
2
14 15

seguir, a percentagem dos inscritos para os dois de número tão pequeno de livros de imagem, crianças na faixa etária correspondente à Edu- Na educação infantil não poderia ser di-
níveis da Educação Infantil por agrupamento e, que muito atraem as crianças não alfabetizadas, cação Infantil; qualidade temática, que se ferente. Nesta fase, a leitura literária conta em
portanto, as possibilidades de escolha oferecidas ou ainda em processo inicial de alfabetização. manifesta na diversidade e adequação dos temas, grande medida com a mediação de professores
para a composição dos acervos: Apesar do desequilíbrio no número de li- e no atendimento aos interesses das crianças, aos e bibliotecários, em atividades de contação de
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vros inscritos em cada categoria e por gênero, na diferentes contextos sociais e culturais em que histórias e de leitura de poemas, que possibilitem
seleção final para compor os acervos destinados vivem e ao nível dos conhecimentos prévios a construção de sentidos por esse “leitor”, do
à Educação Infantil incluímos, em cada um que possuem; qualidade gráfica, que se tra- qual ainda não se espera que saiba ler sozinho.
dos acervos, livros das cinco categorias – prosa, duz na excelência de um projeto gráfico capaz Espera-se que, nesse segmento da escolaridade,
verso, imagem, palavras-chave e história em de motivar e enriquecer a interação do leitor as crianças tenham contato permanente com es-
quadrinhos – mesmo havendo, pelo já expos- com o livro: qualidade estética das ilustrações, ses bens culturais que são os livros de literatura,
to, mais alternativas de escolha da prosa – isso articulação entre texto e ilustrações, e uso de para que se familiarizem com eles de modo a
explica por que os livros em prosa são mais recursos gráficos adequados à criança na etapa interagir com a linguagem literária – nos textos
numerosos nos acervos. Mas você encontrará, inicial de inserção no mundo da escrita. e nas ilustrações –, preparando-se para com-
nos acervos 2014, livros de todas as categorias Foi ainda critério para constituição dos preender também esses usos sociais da escrita.
previstas no Edital, o que propicia às crianças a acervos a seleção, entre as obras consideradas Todo o trabalho com o livro de literatura, se
vivência de diferentes gêneros e a possibilida- de qualidade, nas cinco categorias – prosa, verso, feito de maneira adequada quando as crianças
de de desenvolver conceitos, conhecimentos e imagem, palavras-chave e história em quadri- iniciam a sua trajetória escolar, pode despertar
habilidades peculiares a cada um deles. nhos –, daquelas que representassem diferentes o gosto pela leitura e o interesse por livros, e
Do grande número de livros inscritos no níveis de dificuldades, de modo a atender a pode ainda contribuir consideravelmente para a
PNBE, do desequilíbrio na distribuição deles crianças em variados níveis tanto de compre- etapa posterior, quando o aluno aprenderá a ler
pelas cinco categorias a serem contempladas, dos ensão dos usos e funções da escrita quanto de e a escrever, pelo fato deste já ter participado de
diversos critérios a serem obedecidos, que serão aprendizagem da língua escrita, possibilitando situações escolares de leitura. Mas para que isso
indicados no item abaixo, enfim, desse univer- assim formas diferentes de interação com o livro, ocorra, essas experiências precisam ser bem-su-
so de possibilidades, foi necessário selecionar seja pela via da leitura autônoma pela criança cedidas, de modo a aguçar a vontade de ler mais
apenas os 100 títulos previstos em Edital3 para (de livros só de imagens ou de livros em que a e conhecer outros livros que compõem o grande
Educação Infantil e distribuí-los pelos quatro imagem predomina sobre o texto, estando este acervo de obras da cultura escrita endereçado a
acervos de 25 livros, dois destinados a crianças reduzido a poucas palavras), seja pela leitura crianças. Nas situações de leitura mediadas que
Os números evidenciam que a quantidade de 0 a 3 anos e dois destinados a crianças de 4 e mediada pelo professor. ocorrem na educação infantil, vale apostar numa
de livros em prosa inscritos pelas editoras é mui- 5 anos. Foi o que fizemos e, pode-se facilmente relação mais cúmplice e aproximada, em que
to superior à dos inscritos nas outras categorias, concluir, não foi uma tarefa fácil. A literatura na Educação Infantil: o mediador também escute as manifestações –
o que permite supor que a produção de livros
ler “para” ou ler “com” a criança? palavras ou gestos – das crianças, uma vez que
para a Educação Infantil vem privilegiando, de
Com que critérios foram escolhidos os na escuta compreensiva e nada passiva que elas
forma significativa, a prosa. O PNBE tem cumprido o importante papel
livros para compor os acervos? realizam pode-se conduzir melhor a leitura e a
Sob determinado aspecto, essa predomi- de fazer chegar até as escolas públicas brasileiras
Além de constituir cada acervo com dife- mediação. Por isso, a opção de ler com as crianças
nância da prosa entre os livros inscritos é posi- livros de literatura para todos os segmentos da
rentes categorias de livro e diferentes gêneros, pode ser a mais interessante na educação infantil.
tiva: é fundamental que a criança, na etapa da escolaridade. Em suas várias edições, o Progra-
Educação Infantil, quando está começando a procuramos ainda selecionar os livros pelo crité- ma vem ampliando o seu alcance, apontando
se inserir, de forma sistemática, no mundo da rio de sua qualidade: qualidade textual, que se o quanto é diversificado o público leitor que A literatura na escola: formando leitores
escrita, vivencie com frequência e intensidade revela nos aspectos éticos, estéticos e literários, frequenta as bibliotecas escolares. Essa condi- Depois de um longo caminho percorrido
o texto em prosa, para que, além de imergir no na estruturação narrativa, poética ou imagética, ção variável e múltipla requer o olhar sensível pelo livro, desde sua inscrição no PNBE, pela
mundo do imaginário e da fantasia dos contos numa escolha vocabular que não só respeite, e nuançado para as especificidades de cada fase sua editora, até a sua seleção para compor o
e das narrativas, e também no mundo da infor- mas também amplie o repertório linguístico de de formação e também para as peculiaridades acervo do Programa e posterior aquisição pelo
mação, vá construindo o conceito de sistema das mediações que envolvem cada segmento FNDE para distribuição, ele, finalmente, chega
alfabético e o conhecimento dos usos e funções 3
Ao final deste guia, você encontrará a relação completa da escolaridade. Mediações que acontecem nos à escola. Se há dados seguros dessa distribui-
da escrita. Entretanto, surpreende a inscrição de todos os acervos do PNBE 2014. espaços e tempos dedicados à leitura na escola. ção, como você pôde observar no início desta
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introdução, o mesmo não podemos dizer da sua voz do docente não pode ser isolada, todos Os livros na sala de aula
recepção, circulação e uso nas escolas públicas são mediadores de leitura, os professores, os
do País. Com menos segurança ainda podemos profissionais da biblioteca, os gestores, enfim, Nas salas de atividade,
elencar ações que viabilizam a formação de os diferentes mediadores de leitura do con- berçários e áreas externas,
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professores e de profissionais que atuam nas texto escolar são aqueles que detém o poder é possível estimular nas
crianças a aproximação de
bibliotecas escolares para o reconhecimento de fazer o livro circular. Se os mediadores se jogos, brinquedos e livros.
do potencial da literatura disponibilizada e suas propõem a conhecer os acervos do PNBE, suas
possibilidades formativas e educativas no co- características e potencialidades, e se o trabalho
tidiano escolar, em especial, na sala de aula e for coletivo, tanto será mais fácil naturalizar,
na biblioteca. valorizar positivamente a atividade da leitura
Mas por acreditar na qualidade literária junto aos leitores iniciantes. O espaço escolar,
destes acervos, nosso papel inclui um desejo então, passaria a ser concebido como privile-
de divulgação dos livros do PNBE, e por isso giado para as atividades de leitura. Enfim, se os
chega até você este material de apoio, para que próprios mediadores intensificarem suas práticas
os profissionais responsáveis pelo processo de de leitura, o livro de literatura poderá ocupar o
mediação de leitura na escola dele se apropriem centro da escola.
e depois façam circular os conhecimentos.
Assim, nossa expectativa é a de que você,
Os livros na biblioteca
que está lendo esse guia – o que certamente
indica que os acervos do PNBE chegaram em A biblioteca precisa ser assumida como o
sua escola –, se envolva nesse processo, da forma espaço da socialização, não do isolamento; inú-
mais colaborativa possível. Nessa perspectiva, meras atividades positivas e prazerosas de leitura
vamos apresentar, desde já, algumas sugestões podem ser desenvolvidas nela: a contação ou
leitura de histórias, fábulas, contos de fadas; a Professor, sua turma está recebendo os acervos do PNBE-2014. São
que podem ser implementadas na escola.
leitura ou a recitação de poemas; a busca de 100 novos livros, que poderão ser usados em espaços variados: berçários,
informações em livros informativos; e tantas salas de atividade, bibliotecas escolares, anfiteatros, e em áreas externas
Chegada e presença tais como pátios, não devendo estar restritos a espaços internos. Para isso,
outras atividades que levam a criança ainda não
dos livros na sua escola a interação entre responsável pela biblioteca e professor é importante,
alfabetizada a apreciar e diferenciar gêneros.
Sugerimos que você reflita inicialmente A criança pode ser ela mesma protagonista não só para controle do acervo, mas também para uma colaboração que
sobre algumas questões: de atividades, como: atuando em teatrinho de pode ser rica, entre esses dois mediadores de leitura.
fantoches; narrando oralmente suas experiên- Várias atividades podem ser desenvolvidas em sala de aula com livros
• Os acervos do PNBE estão em minha cias; ouvindo e contando causos e histórias da biblioteca, como: após a leitura pela professora, as crianças podem
escola? Onde? de pescador. representar em desenhos partes da história, fábula ou conto de fadas; a
• Foi feita ou vai ser feita divulgação so- A biblioteca tem também o papel de apro- história ou fábula lida pela professora pode ser dramatizada pelas crianças;
bre a chegada desses acervos na escola? ximar dela as crianças, potenciais leitores. Ati- as crianças podem apresentar e “ler” um livro de imagem para os colegas
• É ou será desenvolvido algum trabalho vidades simples, como uma “festa” para receber de uma outra sala; as crianças podem recontar oralmente uma história
de mediação com esses acervos? novos acervos ou a divulgação em cartazes de que foi lida pela professora; as crianças podem memorizar e recitar poe-
• Os acervos do PNBE têm sido postos novos livros atraem a atenção e o interesse das mas curtos; as crianças podem preparar um cartaz de propaganda de um
à disposição das crianças, têm sido pro- crianças. O importante é que os profissionais livro de que tenham gostado, para expô-lo na biblioteca e incentivar
curados por elas? que trabalham nesse local se reconheçam como colegas a procurá-lo.
mediadores no trabalho de formação de leito- Além disso, a professora, em parceria com a pessoa responsável pela
Essas são algumas questões que podem nor- res. Assim, uma vez concebida como local de biblioteca, pode orientar o empréstimo de livros para as crianças, com
tear a ação coletiva dos mediadores de leitura leitura, interação e experimentação, a biblioteca dois objetivos principais: para que familiares leiam o livro para a criança;
no espaço escolar. E veja que estamos falando se converte em referência de cultura e conhe- para que as crianças contem a familiares, folheando o livro, a história que
de espaço escolar, porque acreditamos que a cimento para o leitor iniciante. foi lida pela professora.
18 19

Concluindo
Agora, finalmente, você vai poder entrar em contato com os textos
Na educação
que discutem as principais categorias de seleção do PNBE Educação
Infantil 2014 – prosa, verso, imagem e história em quadrinhos. Pesquisa- infantil, versos
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dores e professores, com larga experiência na área da leitura e de literatura,
comentarão, cada um ao seu modo, a concepção de gênero que subjaz
a cada categoria e apresentarão análises textuais e ilustradas de algumas
que contam histórias
obras selecionadas, refletindo, por meio de exemplos, as possibilidades Maria Zélia Versiani Machado 1
de uso e prática de algumas destas obras para a Educação Infantil.
Desejamos a você uma boa leitura dos textos que compõem esse guia
e, de modo muito especial, uma prazerosa leitura dos livros selecionados
para 2014, além de um excelente trabalho de mediação com as crianças.

Neste texto, a partir da escolha de alguns livros de texto em verso do


PNBE/2014, serão sugeridas atividades que podem levar a boas experi-
ências de leitura literária, considerando-se o endereçamento à criança da
educação infantil, sobretudo àquela que se encontra na faixa de 3 a 5 anos.
Convém ressaltar, no entanto, que as propostas de atividade com cada um
dos livros selecionados não esgotam as possibilidades de mediação a partir
da linguagem literária. Decerto outras propostas poderão ser inventadas a
partir das obras, com a vantagem de professores e bibliotecários conhece-
rem melhor as crianças de uma determinada escola, de uma determinada
turma. Nesse sentido, é bom lembrar ainda que as propostas sugeridas neste
texto podem ser adequadas conforme os diferentes contextos escolares de
aplicação, suas condições sociais e seus repertórios culturais, previamente
avaliados pelos mediadores. No próximo tópico, serão focalizados todos
os livros da categoria “textos em verso” que foram selecionados pelo
PNBE/2014, para possibilitar uma visão geral do acervo.

Os livros do PNBE/2014 da categoria “textos em versos”


para a educação infantil e o que eles podem oferecer
Antes de apresentar os livros da categoria “textos em versos” e o que
eles podem oferecer no trabalho com a criança pequena, apontaremos
alguns aspectos peculiares à mediação literária na educação infantil. Para
o entendimento das especificidades dessa fase de formação de leitores,
parte-se do pressuposto de que a criança pequena que ainda não sabe ler é
capaz de interagir com textos verbais e imagéticos que a literatura oferece.
A partir dessa percepção, considera-se que a mediação não corresponde à
interpretação de um texto, mas à indicação de caminhos que o próprio texto
indica ao leitor no processo de construção de sentidos. O papel mediador,

Doutora em Educação pela Universidade Federal de Minas Gerais (FAE-UFMG)


1

e professora do Departamento de Métodos e Técnicas de Ensino - DMTE - e do


Programa de Pós-Graduação da Faculdade de Educação da UFMG.
20 21

principalmente em se tratando de textos da li- O primeiro passo para se garantir mediações Título da
teratura, exige de quem lê uma abertura tal que bem-sucedidas consiste em conhecer os acervos Autor(a) Ilustrador(a) Síntese
obra
o ato de leitura, para o qual nós, adultos, apenas e o que eles podem oferecer a atividades de
História em versos sobre os cinco
emprestamos a voz, pareça ter sido realizado pela leitura planejadas para esse público. O bosque
Ignacio Sanz Noemí Villamuza dedos das mãos e a imaginação que
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criança. Por isso é tão importante preparar essa encantado
propiciam.
leitura de modo a explorar os aspectos do tex- Os livros que compõem o acervo para a
História de encorajamento, em que a
to verbal e da visualidade que vão provocar nas educação infantil do PNBE/2014 apresentam Mary França
O guerreiro Eliardo França linguagem visual-verbal busca mostrar
crianças o desejo de participação, sem a qual não propostas variadas como se pode verificar no Eliardo França
a força da arte.
acontece a interação literária. quadro abaixo:
O minhoco História em versos baseada em canção
Alessandra Pontes Roscoe Luciana Fernández
apaixonado popular de conteúdo cômico.
Título da Parlendas Josca AilineBaroukh Parlendas organizadas segundo a sua
Autor(a) Ilustrador(a) Síntese Camila Sampaio
obra para brincar Lucila Silva de Almeida função nas brincadeiras infantis.
Pequena história que explora cantiga Pipoca, um
História poética cumulativa sobre de-
de domínio público, na qual ilustra- carneirinho Graziela Bozano Hetzel Elma
sejos e afetividade.
Borboletinha Andréia Moroni Daniela Galanti ções e texto em versos se comple- e um tambor
mentam na construção das ações do Pequena narrativa em verso com enca-
personagem. Quem tem medo
Ruth Rocha Mariana Massarani deamento surpreendente sobre medos
de monstro?
Narrativa poética marcada pela passa- de seres que nos amedrontam.
Dois gatos
Guilherme Mansur Sônia Magalhães gem do tempo, responsável pelo ritmo Ilustrações e versos sobre peripécias
fazendo hora Humberto Guima-
do texto, na rotina de dois gatos. Ratinhos Ronaldo Simões Coelho de ratinhos dialogam com a tradição
rães
Cirandas em redondilha maior que oral das parlendas.
Duas festas Fábio Sombra
Fábio Sombra reúnem bichos e elementos da cultura Pequena história que explora cantiga
de ciranda Sérgio Penna
popular. de domínio público, na qual ilustra-
Brena Milito Polet-
Narrativa rimada, com progressão nu- Samba Lelê Andreia Moroni ções e texto em versos se comple-
tini
E o dente mérica a cada tentativa vã de resolução mentam na construção das ações do
Ana Terra Ana Terra personagem.
ainda doía de um problema, em estrutura típica
de acumulação. História de bichos contada em quadras
Narrativa poética circular que provoca Sete patinhos rimadas cujo desfecho comprova a in-
Caio Riter Laurent Cardon
História Bartolomeu Campos a curiosidade para os sons e as letras, na lagoa teligência dos mais fracos, com explo-
André Neves ração do humor, em texto e ilustrações.
em 3 atos de Queirós e também para os números, de forma
lúdica e estimulante. Poemas que apresentam cenas de rua
Poesia que se apresenta em forma de e pessoas que trabalham nela. As ilus-
Tem de tudo
Histórias metalinguagem nos versos que insti- Marcelo Xavier Marcelo Xavier trações feitas com massinha, material
Odilon Moraes Odilon Moraes nesta rua...
escondidas gam o leitor a encontrar as histórias muito usado na infância, exploram
escondidas nas ilustrações. formas e cores da cidade.

Narrativa poética que traz temática História de imaginação, contada em


Mas que mula! Martina Schreiner Martina Schreiner de contos populares, explorada com estrofes de três e quatro versos, pro-
Vira bicho Luciano Trigo Mariana Massarani
humor e sabedoria. tagonizada por uma menina que se
transforma em vários bichos.
Em versos, a narrativa em primeira pes-
soa compara o coração do menino a
Meu coração características de diferentes bichos. A As histórias em verso e os livros de poema explorados em mediações literárias. A partir do
Michael Hall Michael Hall
é um zoológico ilustração tem como forma básica o co- mostrados no quadro indicam a variedade reuni- quadro, sabe-se, por exemplo, que quase todos
ração, acentuando a relação amorosa do da no segmento de Educação Infantil, mas pou- os livros trazem narrativas sob a forma de ver-
personagem com os bichos que imagina. co revelam sobre os elementos que podem ser sos, que se utilizam de elementos da linguagem
22 23

poética como as rimas, e que exploram temáticas que agradam as crian- à expressão. O humor incide nessa noção de hora, que para a vida dos
ças – e neste quesito, os bichos se destacam. Mas para perceber o que os gatos não faz nenhum sentido. Daí o grande achado humorístico de a
livros de fato podem propiciar na criação de atividades de leitura junto às narrativa ser iniciada com a expressão “dez pra daqui a pouco” – que
crianças seria necessário ler cada um deles para apreender o tratamento esvazia a indicação cronológica real –, e finalizada com “dez e lá vai
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dado ao tema e a proposta de linguagem que lhe dá sustentação. pedrada”, expressão temporal popularmente usada para ampliar a noção
A variedade do acervo aponta para a pluralidade de abordagens dos de tempo, desconsiderando qualquer medida. A criança pequena, a priori,
livros em atividades na sala de aula e nos espaços das bibliotecas. No caso não compreenderá essas expressões, e talvez por isso não ache graça. Mas
de textos em verso, o que vale tanto para narrativas como para poemas, na mediação poderá captar o movimento de expansão que a linguagem
o leitor mediador dá vida ao que lê para a criança, explorando ritmos, permite na relação com o tempo no emprego, novo para ela, dessas ex-
rimas, sons, entonações, musicalidade e também as ilustrações e os temas pressões. Os elementos de forte interesse para as crianças são as ações dos
presentes nos livros, de acordo com o que se revela, como um convite, dois gatos, reforçadas pelo contraste do preto e do branco nas ilustrações,
nos textos literários. Para desenvolver as atividades exemplares que virão que se sucedem no encadeamento dos minutos que abrem as estrofes:
a seguir foi preciso “prestar atenção” no que os livros dizem, mas também
em como eles dizem o que dizem, e é esse “como” que faz deles um
texto único e atraente para o leitor. Vamos, então, às atividades a partir
de livros em verso selecionados para o acervo do PNBE/2014.

1 - Alguns livros em verso do acervo do PNBE/2014 para


a Educação Infantil e sugestões de atividade para serem
desenvolvidas com as crianças
Para a melhor compreensão das atividades literárias, este tópico adotará
a seguinte organização: 1) Breve resenha sobre a obra, com a descrição e o
levantamento de aspectos passíveis de serem focalizados nas atividades que
virão a seguir; 2) Sugestões de atividade, parte que se subdivide em: 2.1)
Explorando a capa; 2.2) Explorando a linguagem poética; 2.3) Explorando
a linguagem visual [Entre estas duas últimas partes, convém ressaltar, não há Repetições nos números que marcam a hora e na referência aos dois
uma ordenação sequencial. Elas foram separadas para efeito didático, mas, gatos designados por “um gato” e “o outro” produzem ecos de fórmulas
nas atividades, as dimensões verbal e visual são focalizadas conjuntamente]. conhecidas nas brincadeiras infantis. A partir dessas repetições, o jogo que
faz avançar a narrativa poética – dosando bem o que já se conhece e o que
LIVRO 1 está por vir – se apoia na surpresa das rimas, responsáveis pelo movimento
das ações dos felinos. Parlendas que brincam com palavras e números podem
1 - Breve resenha sobre a obra
ser muito conhecidas pelas crianças:“Um, dois, feijão com arroz. Três, quatro,
Em Dois gatos fazendo hora, de Guilherme feijão no prato...” ou “Serra, serra, serrador, quantas tábuas já serrou, já serrou
Mansur, ilustrado por Sônia Magalhães, a criança vinte e três, um, dois, três”. Crianças familiarizadas com parlendas reconhe-
encontrará dois gatos e aquilo que eles gostam cerão a proposta lúdica, na qual o som do número que finaliza o primeiro
de fazer (caçar ratos, soltar puns, sentir preguiça, verso, destacado em cor diferente na programação visual do livro, rima com
passear livremente em “armazéns” das redondezas, o final do último verso, de modo alternado. Para aquelas que não as conhe-
beber leite, escutar os barulhos da cidade, sumir, cem, o livro oferecerá abertura para este diálogo ampliador de repertórios,
miar, brincar, dormir, se deitar no colo do seu favorecendo que se apresentem aos alunos esses textos da cultura popular.
dono e escapulir do perigo, quando necessário).
Treze ações se desenrolam no compasso dos mi- 2 - Sugestão de atividade
nutos do relógio que marca, de minuto a minu-
to, a passagem do tempo. A expressão “fazer hora”, que já anuncia no 2.1 - Explorando a capa
título a relação com a passagem das horas, ganha, no modo de viver dos Recomendável para todo e qualquer trabalho com a literatura, a
felinos, não o sentido de perder tempo segundo o emprego que damos exploração da capa do livro é uma etapa fundamental, por ser ela a
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porta de entrada para a interação literária que expressiva da marcação da passagem dos mi- descuidar das ilustrações que dialogam com as palavras nas páginas do livro.
se propõe. No caso da narrativa poética em nutos, recurso que aparece em destaque no Elas captam nesta obra, com muita propriedade, características típicas dos
questão, na capa os dois personagens olham de primeiro verso que se destaca como um título. felinos, insinuando imageticamente suas ações. Mesmo estáticas, conse-
frente para o leitor, posicionados em volta de guem representar a leveza dos movimentos dos felinos e seu modo de ser
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um relógio, de modo a convidá-lo a conhecer em cada situação. Ao contar a história, deve-se mostrar as imagens para os
o conteúdo do livro. O relógio e os gatos nas alunos, sem que se comprometa o fluxo da narrativa. Se as crianças tiverem
imagens visuais podem ser os primeiros ele- a oportunidade de manusear o livro antes da atividade de leitura, as rela-
mentos a serem explorados num diálogo com ções entre texto e imagens que serão mostrados durante a leitura podem
as crianças, a partir de questões elaboradas com ser estabelecidas mais satisfatoriamente pelos ouvintes. Torna-se também
essa finalidade e adequadas ao seu desenvolvi- importante que, após a leitura, o livro circule livremente entre os alunos.
mento linguístico, sabendo que de 0 a 6 anos
existem diferenças consideráveis quanto ao de- LIVRO 2
senvolvimento das crianças nas interações com
1 - Breve resenha sobre a obra
os adultos mediadores. Parte-se do pressuposto,
para esta proposta de atividade, com este livro, Em História em 3 atos, de Bartolomeu
que as crianças já sabem falar e encontram-se A inflexão da voz, na marcação do tempo, Campos de Queirós, ilustrado por André
na faixa de idade entre 4 e 6 anos. Algumas produz a espera da rima que fecha cada uma das Neves, o apelo mais forte, capaz de instigar
questões para a criança que se encontra nessa estrofes. Os versos rimados estimulam a memori- a criança pequena, encontra-se na sonori-
faixa etária podem ser: “O que a história desse zação pelas crianças e uma das propostas possíveis dade em sua relação com a escrita. Embora
livro vai contar?”,“Que bichos vão aparecer na pode ser a de oralização da última palavra da na educação infantil ainda não se espere que
história?”, “O que gatos gostam de fazer?”, “O estrofe na busca da rima com o primeiro verso, se inicie o processo sistemático de alfabeti-
que é isto [apontando para o relógio] que apare- depois de as crianças terem ouvido a história mais zação, crianças de 4 e 5 anos encontram-se
ce entre os dois gatos?”,“O que faz o relógio?”, de uma vez. Pode-se ainda recontar a história dos receptivas e curiosas a reconhecer letras e a
“Por que eles estão perto do relógio?”, dentre gatos, suspendendo a leitura no último verso de compreender os sinais – letras e números –
outras, porque certamente as crianças trarão cada estrofe – “Dez para daqui a pouco/um gato que estão ao seu redor. A proposta literária apresentada na narrativa lúdica
conhecimentos sobre os temas abordados que maluco atrás do rato/O outro...” –, para este ser do livro consiste em brincar com troca de letras e os diferentes sentidos que
levarão a outras questões. Depois desse trabalho completado pelas crianças com a palavra que se produz: ‘gato’ e ‘pato’ inicialmente perdem a primeira letra para depois
inicial com perguntas que mobilizem as crianças falta. Pode-se também solicitar, numa variação trocarem entre si as letras iniciais dos seus nomes, o que provoca grande
para os elementos que aparecem na capa, para que vai além da memorização, que as crianças confusão. Outros níveis de leitura apontam outras dimensões como a de gê-
levantar hipóteses sobre o que será encontrado substituam a palavra que rima por outra de so- nero – que possivelmente a criança pequena ainda não alcançará –, presente
no interior do livro, títulos e pequenos textos noridade aproximada, produzindo assim outras na estrutura em três atos, típica do gênero dramático.A expressão ‘atos’, nessa
poderão ser lidos na mediação, confirmando ou rimas possíveis. Outras atividades podem ser de- narrativa poética infantil, refere-se
não algumas das previsões feitas pelas crianças senvolvidas de modo a produzir o envolvimento tanto aos sons finais das palavras
com base nas ilustrações. Passa-se, depois da da criança com a história e sua materialidade ‘gato’, ‘pato’ e ‘rato’ (personagens
etapa de exploração do objeto livro, à história sonora. A exploração temática, articulada com a da história), como a cada uma das
ou aos poemas que ele traz. exploração da linguagem, poderia, por exemplo, partes do pequeno drama que se
levar à criação de outras cenas e ações envolvendo desenrola. No primeiro e no se-
2.2 - Explorando a linguagem poética os personagens, a partir de conhecimentos que gundo atos: o pato vira gato e o
A contação da história, preparada previa- as crianças têm sobre a vida dos gatos. gato vira pato. No terceiro ato, en-
mente, deve explorar aquilo que a linguagem tra em cena o rato. No encontro
poética apresenta com mais realce. Por isso, é 2.3 - Explorando a linguagem visual entre os bichos, repete-se o susto
bom reforçar, cada livro oferece uma perspectiva Embora a linguagem visual não se separe que provoca a queda da letra ini-
de abordagem. Com esse propósito, observa-se, da linguagem verbal no processo de produção cial ‘r’, e, na sequência, as coisas se
no texto em questão, a importância, que deve de sentido dos textos, este tópico aparece sepa- complicam pois ‘gato’ vira ‘grato’
ser dada na leitura para as crianças, da cadência radamente para fins didáticos, pois não se pode e ‘pato’ vira ‘prato’:
26 27

Com muito humor, o que era para ser uma história em três atos a princípio pode se fechar para a criança, no sem que se evitem entradas para a percepção
acaba como uma história com 2 ratos e 1 ato, que recomeça em pro- qual se relaciona ‘ato’ à materialidade sonora das do funcionamento de elementos gráficos que
posta circular para quem está apenas descobrindo o funcionamento da palavras ‘gato’,‘pato’ e ‘rato’. Na conversa sobre participam da história. Aos 6 ou 7 anos, com
linguagem escrita: o título com as crianças, esta materialidade pode certeza, a História em 3 atos permitirá outros
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e deve ser explorada pelo mediador, aprovei- focos sobre este funcionamento. Por enquanto,
tando a deixa do pequeno texto da contracapa. na educação infantil, vale a descoberta de que
a língua falada e a língua escrita têm suas di-
2.2 - Explorando a linguagem poética ferenças, como o pato e o gato, preparando o
Elementos da escrita podem ser explora- terreno para o que virá depois.
dos na leitura dessa história, sem que se vise à
alfabetização que acontecerá, de forma siste- 2.3 - Explorando a linguagem visual
mática, no ensino fundamental. Antes de serem As ilustrações de História em 3 atos cum-
alfabetizadas, as crianças participam de muitas prem também elas o papel mediador para a
situações que as colocam em contato direto compreensão do texto verbal, e, nesta condição,
com conhecimentos que dizem respeito à es- se bem exploradas, podem encorajar o pequeno
crita, como, por exemplo, o conhecimento dos leitor a decifrar os jogos linguísticos propostos
nomes de algumas letras. As trocas de letras são na narrativa poética. Letras soltas, que aparecem
fundamentais para a compreensão da histó- nas confusões geradas pelas trocas, sinalizam os
2 - Sugestão de atividade ria e das confusões que elas geram. Para isso, componentes gráficos de grande importância
uma boa estratégia para o acompanhamento da para a compreensão do texto. Da mesma for-
2.1 - Explorando a capa narrativa pela criança necessariamente passará ma, no plano pictórico, a troca de identidade
Abertas, capa e contracapa do livro oferecem uma panorâmica das pela compreensão de alguns aspectos da escrita, operada pela troca de letras dos nomes produz
imagens e textos verbais que convidam à leitura. Exibindo-as para as sem necessariamente o seu aprofundamento, na narrativa visual situações inusitadas para os
crianças, muitas perguntas podem ser formuladas para a antecipação do identificando-se as letras que, quando trocadas, bichos que as crianças conhecem bem.
que poderá ser encontrado no interior do livro:“Quem são esses bichos?”, levam à troca de papéis (o pato passa a se com- A metamorfose final que transforma os dois
“O que eles fazem?”,“O que existe de parecido nas palavras ‘pato’,‘gato’ portar como gato e o gato passa a se comportar animais em rato, mantendo nas ilustrações ca-
e ‘rato’?” Uma boa exploração da capa pode desenvolver disposições como pato). No trabalho com a criança de 4 ou racterísticas de pato e gato, sugere uma atividade
para a leitura, e, no caso de crianças que ainda não sabem ler, disposições 5 anos, ganhará relevo o desenvolvimento da lúdica para além da história.Terminada a leitura,
para a escuta da história. Em História em 3 atos, o que sobressai na capa percepção sonora de que um som pode alterar as crianças podem desenhar animais imaginários
e contracapa são os bichos cujas figuras se embaralham, antecipando no sentidos. Como na relação da criança com os que misturem características de dois bichos à
plano da linguagem visual a confusão que está por vir. Outros aspectos trava-línguas, a história, se bem contada, pode sua escolha, e, a partir dos desenhos, criar pala-
relacionados a jogos de palavras e os seus sons podem ser explorados pelo ressaltar aspectos fônicos da linguagem verbal, vras para designá-los, em processo semelhante
mediador a partir de elementos da capa, como, por exemplo, por meio
das palavras ‘rabo’ e ‘pata’, que também querem confundir o leitor, pois
aparecem, na representação pictórica dos personagens, em posições que
produzem ilusão de que o pato tem rabo de gato e de que o gato tem
pata de pato. Os dois ratinhos estrategicamente posicionados provocam
os leitores, com um sorriso sarcástico, para a confusão anunciada na capa
e contracapa. Explorados os elementos visuais, outras perguntas sobre o
título e demais informações verbais podem ser focalizadas nesta etapa do
trabalho com o livro: “Qual será o nome dessa história?” “Pato tem ‘ato’,
gato tem ‘ato’ e rato tem ‘ato’?”, “Por que três atos?” O levantamento
de hipóteses facilita a compreensão de outros aspectos para os quais as
crianças podem encontrar maiores dificuldades. Há na contracapa um
pequeno texto que colabora para a compreensão do título do livro, que
28 29

ao que se propõe na história lida, juntando partes de seus nomes. Uma das imagens da capa, passa-se ao título, através o foco no eixo principal da narrativa que tem
exposição com os bichos e seus nomes, escritos pela professora, pode ser do qual se tem a confirmação de que se trata como estrutura básica: 1) a redução paulatina do
montada na sala de aula ou na biblioteca escolar. de uma lagoa e de que os patinhos são mesmo número de patinhos, 2) o perigo permanente
sete. O fato de o nome do jacaré não aparecer que os ameaça, 3) as artimanhas do jacaré para
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LIVRO 3 no título já indica uma direção de afinidades devorar cada um deles – nestes momentos, pode-
que propõe uma identificação entre a criança e se intensificar o clima de suspense – e, por fim,
1 - Breve resenha sobre a obra
os patinhos da história. Sob a forma de versos e a pergunta que permanece na cabeça do leitor
Caio Riter, em Sete patinhos na lagoa, narrativa em versos ilustrada com alguma rima, um pequeno texto explicati- durante toda a história: 4) como os patinhos vão,
por Laurent Cardon, explora também números vo na contracapa acentua a situação de perigo afinal, se salvar?
e bichos, em estrofes que contam uma história – sob a constante ameaça do “terrível jacaré”
bem engraçada mas que gera tensão e até um – dos patinhos, apenas sinalizada na ilustração 2.3 - Explorando a linguagem visual
certo medo. Isso porque os indefesos patinhos, da primeira capa. Com certeza, a exploração da As ilustrações do livro se aproximam de de-
um a um, vão sendo engolidos por um enorme capa contará com muitos conhecimentos que senhos de animação, dadas as suas dimensões e o
jacaré. Nota-se o elemento da repetição com as crianças trazem sobre esses bichos. efeito de movimento que produzem. Para contar
avanços relativos ao aprendizado dos persona- a história às crianças, é preciso portanto estar bem
gens diante do perigo. Para o jacaré, o temível 2.2 - Explorando a linguagem poética próximo delas para que as ilustrações sejam bem
vilão da história, a mudança de estratégia de defesa dos patinhos leva à Do ponto de vista temático, outras histórias visualizadas à medida que o texto verbal avança.
invenção de novas artimanhas para alcançar o seu intento de comê-los. infantis trazem esse tipo de conflito, que se ma- Elementos da composição das imagens
As quadrinhas, em versos de sete nifesta entre um personagem forte e persona- podem ser fatores de ampliação do suspense
sílabas, também conhecidos como gens aparentemente fracos, mas que encontram em algumas passagens: “Estava lá, todo alegre e
redondilha maior, propiciam uma maneiras de vencer o perigo (Os três porquinhos faceiro,/do susto já esquecido,/quando viu no
leitura ritmada pelo mediador, com e Os sete cabritinhos são dois bons exemplos para
rimas alternadas entre o primeiro e este caso). Essas relações intertextuais podem ser
o último verso, favorecendo a utili- exploradas, por meio de comentários e perguntas
zação de recursos de dramatização adequadas aos repertórios das crianças, tudo feito
como a modulação da voz conforme na hora certa durante as interações mediadas. Na
sugere a situação de tensão em cada oralização do texto, a forma como a história é
episódio da narrativa. narrada, em estrofes e versos rimados, propicia
uma leitura dramatizada, para a qual contam as
2 - Sugestão de atividade ênfases, as modulações, o reforço às expectativas
geradas pelas situações de perigo que estrutu-
2.1 - Explorando a capa ram a narrativa de suspense, dosando pausas ou
Na capa do livro, em dois planos, temos: na parte superior, sobre a aceleração da leitura, nos momentos oportunos.
superfície das águas de um lago ou rio, sete patinhos, e, no plano inferior, A identificação dos numerais que estruturam a
debaixo d’água, um grande jacaré. O que se destaca para a exploração da narrativa deve também ser focalizada pelo media-
imagem é o campo de visão dos personagens. Os patinhos, com expressão dor, de forma lúdica, durante a leitura, com apoio
apreensiva, parecem procurar algo; o jacaré, sem ser visto, está à espreita, nas ilustrações que favorecem a contagem pelas
de olho nos patinhos. A partir da cena que anuncia o perigo, perguntas próprias crianças. Elas vão, assim, percebendo, em meio da água,/um rabo bem verde e compri-
podem ser feitas para instigar a curiosidade das crianças: “Quem são contagem regressiva, a diminuição do número de do”; na página que traz este texto, na lagoa, va-
os bichos dessa história?”, “O que eles fazem?”, “Os patinhos podem patinhos, a cada nova investida do jacaré Barnabé. zada na página, surge o enfático contraste entre
ver o jacaré?”, “O jacaré vê os patinhos?”. Como a história se estrutura Por ser uma história extensa, quando comparada o patinho na sua pequenez e um grande pedaço
como um conto de repetição, para o qual é relevante o conhecimento a outras endereçadas a crianças pequenas, desta de rabo, o que deixa ainda maior a situação de
de números, outro aspecto a ser explorado nas questões diz respeito à mesma faixa etária, é preciso criar estratégias perigo que se apresenta ao leitor. Detalhes como
noção de quantidade: “Quantos patinhos aparecem na capa do livro?”, para despertar e manter a atenção das crianças. este podem e devem ser mostrados durante a
“Quantos jacarés aparecem?”. Depois da conversa sobre os componentes Uma destas estratégias consiste em não perder leitura do texto verbal para as crianças.
30 31

ERA UM A VEZ... UM A
CAIXA DE HISTÓRIAS:
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Prosa no a c er vo
do PNBE 2 0 1 4
Renata Junqueira de Souza 1
Cyntia Graziela Simões Girotto 2
Que portas abrir?
Para concluir este texto sobre o que podem e da imaginação, que reorganizam as relações
livros que hoje chegam às escolas da educação sociais e afetivas do grupo, dando sentido ao ato
infantil via PNBE, reforça-se a importância de de ler que se leva para toda a vida.
se reorientar o foco para o que podem os me-
diadores de leitura, quando fisgados pelos livros, Sugestões de leitura
junto a seus alunos. Evitou-se aqui criar receitas BORDINI, Maria da Glória. Poesia infantil. São Era uma vez...
acerca do “modo de usar” os livros, com o claro Paulo: Ática, 1986. Quando falamos em prosa, em narrativa, logo imaginamos um texto
propósito de se deixar espaço para a elaboração CADEMARTORI, Ligia. O professor e a literatu- com começo meio e fim. Na realidade a maioria das histórias segue essa
livre de atividades, a partir das ideias sugeridas. ra: para pequenos, médios e grandes. Belo Horizonte: ordem, conhecida por “esquema de 3 atos”. Mas o que seria isso?
Naturalmente, outras ideias surgirão, pelas ela- Autêntica, 2009. Podemos dizer que o começo, também conhecido como situação ini-
borações de quem está na escola e conhece bem cial, é o ponto de partida da narrativa, momento em que ela é iniciada.
CUNHA, Leo (org.). Poesia para crianças – concei-
as crianças e o que pode dar certo na interação Há aqui a apresentação de uma situação tranquila até que algo a perturbe.
tos, tendências e práticas. Curitiba: Positivo, 2013.
com elas. Os livros apresentados nesta pequena Geralmente antes da perturbação, o leitor percebe o local onde se passa a
MACHADO, Maria Zélia Versiani (org.). A
amostra exibem a fertilidade de algumas narra- história e as personagens que vão vivê-la. Este é o primeiro ato (situação
criança e a leitura literária – livros, espaços, mediações.
tivas poéticas, apontando direções do que pode inicial/introdução).
Curitiba: Positivo, Rio de Janeiro: Fundação
ser feito para que as crianças passem a gostar O segundo ato (complicação/desenvolvimento) mostra como os
Biblioteca Nacional, 2012.
de livros na escola, em importante etapa da sua envolvidos resolverão a perturbação. É neste momento, no meio, que per-
formação de leitores que é a educação infantil. OLIVEIRA, Rui de. Pelos jardins Boboli: a arte de cebemos uma sequência de eventos que formam a história. Ou seja, são
ilustrar livros para crianças e jovens. Rio de Janeiro:
Não saber ler não impede que se realizem ati- frases que enredam casualidade; o que acontece no meio é resultado de
Nova Fronteira, 2008.
vidades de leitura com meninos e meninas que algo que ocorreu no início e, assim, consequentemente. Desta maneira, o
acabam de ingressar na escola. Boas experiências PINHEIRO, Helder. Poesia na sala de aula. Cam- que vai decorrer no final é efeito do que foi apresentado no segundo ato.
com os livros serão levadas para outras etapas da pina Grande: Bagagem, 2007. A situação final, ocasião em que a narrativa termina, isto é, o desfecho,
escolaridade, quando, aos poucos, vai se adqui- REYES, Yolanda. A casa imaginária – leitura e lite- o fim da história, é também o terceiro ato (situação final/conclusão). Este
rindo autonomia e prescindindo de mediações ratura na primeira infância. São Paulo: Global, 2010. momento mostra como a ação perturbadora foi resolvida e se as coisas
do adulto, na leitura de textos literários. Quando SORRENTI, Neusa. A poesia vai à escola – no enredo voltam ou voltarão a ficar da forma como foram apresentadas
se escolhe um bom livro para ser lido em sala Reflexões, comentários e dicas de atividades. Belo antes da perturbação.
de aula ou na biblioteca, muitas portas se abrem Horizonte: Autêntica, 2007.
para professores e alunos que compartilham o VAN DER LINDEN, Sophie. Para ler o livro 1
Doutora em Letras pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho e
texto literário, pela força da linguagem poética ilustrado. São Paulo: Cosac Naify, 2011. livre-docente em Educação pela mesma Instituição – campus Presidente Prudente.
2
Doutora em Letras pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho –
campus de Marília.
32 33

Complicado? Achamos que não, mas para facilitar a compreensão comer moscas e outros insetos. Prevemos então Se no esquema de três atos a estrutura é gene-
vamos demonstrar em um quadro descritivo: que nas páginas seguintes ele vai procurar outra ralizante, pois aborda apenas aquilo que está mais
coisa para comer. E é o que acontece. Na es- claro, na estrutura de Claude Bremond (1972) per-
Quadro I – Esquema de 3 atos trutura do texto narrativo de Bremond (1972), cebemos variáveis como: o ponto de vista daqueles
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dizemos que há um melhoramento a obter – no que vivem a história – o que é melhoramento para
Narrativa – Esquema de 3 atos Especificidade do ato
caso, experimentar algo diferente e gostoso. No Branca de Neve é degradação para a madrasta e
1º. Ato: Início/Situação inicial/ Há uma situação estável até aparecer entanto, uma degradação possível é comer e não vice-versa. Outras variáveis são apresentadas nas
Introdução algo que a perturbe. gostar. Na história o sapo prova: tomates, alface, relações estabelecidas entre as personagens, nos
2º. Ato: Meio/Complicação/ Apresentação da perturbação e a neces- melancia, jabuticabas, milho, macarronada, sorvete temas, nas pessoas do discurso (quem conta a his-
Desenvolvimento sidade de voltar a uma situação estável. e sempre há um problema com os novos alimen- tória) e nas normas transmitidas pela narrativa.
3º. Ato: Fim/Situação final/ Neutralização da perturbação e volta à tos; um é esquisito, outro horrível, ou é azedo, Nos livros do PNBE 2014, selecionados para
Conclusão estabilidade. gelado demais, enfim, Comilão não se satisfaz crianças de 0 a 5 anos, o educador e a criança
com nada. Em Sapo Comilão temos um final feliz; terão uma diversidade de enredos. São histórias
Essa sequência nem sempre precisa ser seguida, uma parte dela pode podemos dizer que se trata de uma solução ao com temas que remetem à família, a brincadeiras
ficar implícita para o leitor. É o que acontece na história Sapo Comilão, evento perturbador, e que o protagonista retoma infantis, às diferenças entre ser menino e meni-
de Stela Barbieri e Fernando Vilela: a situação inicial, comendo moscas e afirmando na, à busca pela aceitação do outro, a bichos de
que é disso que ele gosta.Assim, o melhoramento estimação e muito mais. Em A princesa Maribel,
Quadro II – Obra Sapo Comilão no esquema em 3 atos é obtido, pois ele prova diversos alimentos, mas por exemplo, tem-se um conto cumulativo, ou
manifesta preferência às suas moscas. seja, repetições frasais que constroem a história.
Narrativa – Esquema de 3 atos Sapo Comilão Algo muito comum no desenvolvimento da “Esta é a Princesa Maribel. E isto, o que é? Este é
Situação implícita na primeira imagem narrativa, tratando-se de textos para crianças, é mais o anel da princesa Maribel. E isto, o que é? Este
1º. Ato: Início/Situação inicial/
Introdução
do livro, que mostra o sapo comendo de um perturbador aparecer no texto. Isso acontece, é o pano que cobria o anel da Princesa Maribel
uma mosca, feliz da vida. por exemplo, no livro Branca de Neve – adaptado do [...]” (p.4-8). Há narrativas em primeira pessoa,
“Cansado de comer grilos, moscas, vaga original dos Irmãos Grimm por Laurence Bour- como a do menino Gabriel:“Eu me chamo Ga-
-lumes e outros insetos, o sapo Comilão guignon. Contamos três as tentativas da madrasta/ briel. E, hoje de manhã minha mãe tirou minha
2º. Ato: Meio/Complicação/
Desenvolvimento
resolveu experimentar novos tipos de bruxa para eliminar a protagonista. A primeira com medida. Agora, eu tenho 99 centímetros [...]”
comida” (p.5). E ele sai provando vários um cordão de fios de seda, uma espécie de cinto, a (s/n). Nos acervos há histórias cujo narrador em
tipos de comida. segunda, com um pente e, por fim, a maçã.Todos terceira pessoa descreve as ações das personagens:
“...viu uma mosquinha bem gordinha esses objetos têm o poder de “envenenar” Branca “Um elefante se balançava numa teia teia teia
3º. Ato: Fim/Situação final/ e distraída. Shlept! Foi a melhor coisa de Neve e cada vez que a madrasta lhes oferece o de aranha... E achou a brincadeira tão emocio-
Conclusão que ele comeu! Sapo gosta mesmo é de leitor se pergunta: “Será que Branca de Neve vai nante, que convidou sua amiga Cléo” (s/n). Em
mosca. – Hum, que delícia” (p. 27-29). morrer?”. Cada uma dessas tentativas é um evento outras obras, o narrador divide a palavra com
perturbador; nós leitores esperamos sempre que as personagens da história: “Eu quero mesmo
O que devemos observar nes- cheguem os sete anões ou o príncipe para evitar um bicho de estimação. – Mamãe, por favor,
te exemplo é que, muitas vezes em ou desfazer o feitiço. Assim, do ponto de vista da eu posso ter um bicho de estimação? / – Bom,
textos infantis, a situação inicial é teoria de Bremond (1972), para cada degradação talvez, se ele não tiver muito pelo – a mamãe
apresentada por imagens e não no há um melhoramento. O melhoramento final é disse” (s/n). Mas há também narrativas só com
primeiro parágrafo da história. Nes- também o terceiro ato, o desfecho. diálogos entre personagens como nos livros: O
te caso, na primeira página do livro A situação final na narrativa de Branca de crocodilo e o dentista e Eu te disse.
temos o título, mas também o sapo Neve é o casamento. Momento em que o prín- Além disso, os acervos de Educação Infantil
Comilão com a língua de fora e uns cipe é recompensado por “desenvenená-la” e a são compostos por livros cuja narrativa é acessí-
pontinhos que representam o voo da madrasta castigada,“[...] já lhe haviam preparado vel e lúdica – por exemplo Aperte aqui, de Hervé
mosca a ser comida por ele. sapatos em brasa com grandes pinças, obrigando-a Tullet: “Aperte a bola amarela e vire a página. /
A história impressa inicia-se na a vesti-los e a dançar com eles. Dançar até a Muito bem! /Aperte a bola amarela mais uma
complicação: o sapo estava cansado de morte, que não custou a chegar” (p.31). vez” (s/n).Também se faz uso de repetições que
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levam a surpresas – por exemplo, em Eu vi! o aliadas, pois são eles quem arrumam a solução, Outro assunto que nós educadores devemos levar em conta é que
leitor é convidado a descobrir o que o narrador embarcando o rinoceronte para seu país de origem. geralmente as histórias infantis utilizam animais como protagonistas. O
viu.“Eu vi dois olhos.../ nas asas da borboleta./ Já o melhoramento de Daisy só é conquistado ao acervo do PNBE não fugiu à regra. Sobre isso, vamos abrir um novo
Eu vi um labirinto.../nas escamas da cobra” final, quando, depois da viagem do rinoceronte, tópico, pois cremos que entender o que alguns bichos vivem – suas pre-
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(s/n). Alguns livros também têm a estrutura do seus pais lhe perguntam sobre como ela conheceu ocupações, seus desejos – é importante para posteriormente pensarmos
conto de fada (situação inicial, evento pertur- o animal, e começam então a lhe ouvir. em um trabalho prático para os espaços da Educação Infantil.
bador, solução ou não do conflito, desfecho). Com estrutura parecida, Anton e as meninas,
Nestes vão aparecer histórias contemporâneas de Olé Könnecke, nos apresenta o menino que Os bichos que vivem histórias
como: As três velhinhas; Papai não fui eu; Jeremias não tem amigos e elabora uma série de ações
Quando o autor de uma história atribui características humanas para os
desenha um monstro; contos populares: Como sur- para chamar a atenção das meninas: mostra o
animais chamamos de antropomorfização.As Fábulas de Esopo, por exemplo,
giram os vaga-lumes; O grande rabanete; Curupira baldinho para brincar na areia, a pá, o carrinho,
utilizam desta estratégia, pois mostram bichos vivendo enredos cujos desfe-
brinca comigo?; e contos de fada tradicionais: O exibe seus músculos, constrói uma casa com
chos são lições de moral. Nas histórias da literatura infantil percebemos que
patinho feio; Branca de Neve e Cachinhos de Ouro. folhas e galhos. Mas somente o choro, no final
as personagens/bichos muitas vezes permanecem em seu habitat, ou seja,
Com relação às personagens também há da narrativa, faz com que as meninas o ajudem,
um lago, uma floresta, bem como conservam as suas características físicas:
muito para se falar, pois quando lemos uma his- oferecendo biscoitos e convidando-o para brin-
focinho, rabo, nadadeiras, entre outras, para viverem situações humanas.
tória imediatamente nos colocamos no lugar do car. O herói Anton tem seu melhoramento ob-
Exemplo disso podemos encontrar em O crocodilo e o dentista, de Taro Gomi.
protagonista, ou seja, da personagem principal, tido – ter a atenção das meninas. A narrativa, no
O texto relata um crocodilo indo ao dentista, seu medo, a dor, finalmente
nomeada por Bremond (1972) como herói. Isso entanto, termina com a frase: “Lá vem o Lucas”
o alívio após o tratamento e a necessidade de cuidados como escovar os
mesmo, o autor vai chamar de herói a Branca e o leitor pode inferir que os objetivos de Lucas
dentes. Sabemos, no entanto, que crocodilos não vão ao dentista. Assim, as
de Neve e não o príncipe; para ele o príncipe são os mesmos de Anton: ter amigos para brincar.
ações descritas têm características humanas e o protagonista é um bicho.
é um aliado, alguém que aparece na história Não há nesta história nenhuma personagem
Outro modelo de antropomorfização vem da cultura popular: A casa
para ajudar a protagonista. A madrasta seria o antagonista, ou seja, rival ou adversária. Pois, a
do bode e da onça, recontado e ilustrado por Angela Lago. O texto traz todas
inimigo que também tem aliados, e estes podem adversidade neste caso é construída pela norma
as ações humanas nas etapas da construção de uma casa: limpar o terreno,
ser mágicos como o espelho ou pessoas comuns social que separa os meninos das meninas.
separar o material, fazer a estrutura, levantar as paredes, construir o telha-
como o caçador, chamado para matar a princesa Diante do exposto, julgamos ainda neces-
do, etc. Ao final, atitudes também humanas, mas menos nobres: enganar,
e trazer os pulmões e o fígado como prova para a sário falar sobre as normas transmitidas. Na es-
mentir, discutir e fugir fazem parte do cotidiano do bode e da onça.
maldosa madrasta. Mas devemos prestar atenção trutura do texto narrativo de Bremond (1972),
Diante de tais exemplos, notamos que em alguns livros até mesmo
na narrativa, pois o aliado pode mudar, começar toda história possui uma mensagem, uma lição.
as ilustrações se utilizam da antropomorfização. Na narrativa Um elefante
a história ajudando uma personagem e finalizar No entanto, essas mensagens modificam-se de
se balança, de Marianne Dubuc, as personagens estão vestidas como seres
do lado de outra. É isso que acontece com o leitor para leitor e nós professores não podemos
humanos. O elefante usa bermuda e camiseta; Cléo, a ratinha, além de
caçador, que no início promete matar Branca querer que os alunos compreendam o texto de
ter nome de gente usa um vestido branco de bolinhas vermelhas; a girafa
de Neve para a madrasta e, no fim, pede que a uma mesma maneira, afinal eles são muitos, têm
Manuelão usa calças e camiseta; os gatos Pim, Pão e Mel vestem-se com
menina fuja, tornando-se assim seu aliado. vivências e conhecimentos prévios diferentes.
calça, camiseta e um deles tem um chapéu; e Lulu, a hipopótamo-fêmea,
Mas em todas as histórias temos esses tipos Então, o importante é sabermos entender essas
traja um vestido verde com bolinhas e babados.
de personagem? lições. Por exemplo, no já citado livro Branca de
Não, pois há narrativas em que não existe o Neve uma das mensagens é a vaidade da madras-
famoso maniqueísmo dos contos de fada, isto é, a ta, outra é a solidariedade dos anões; no Sapo
luta do bem contra o mal. Por exemplo, em Rinoce- Comilão poderíamos dizer que a mensagem é
rontes não comem panquecas, de Anna Kemp, notamos dar valor àquilo que a gente tem. Em Anton e
que a protagonista Daisy tem um melhoramento a as meninas a importância da amizade é uma das
obter: fazer seus pais lhe escutarem. Nesta história, ideias centrais do texto; e em Rinocerontes não co-
enquanto Daisy tem um desejo, o rinoceronte tem mem panquecas uma lição é dar atenção ao outro,
outro: voltar para casa. Assim, podemos dizer que criar tempo para a escuta, além das possibilidades
os dois são heróis de suas próprias narrativas. Para de amizade entre seres tão diferentes – no caso,
o rinoceronte, Daisy e seus pais são personagens a menina e o rinoceronte.
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Outros livros do PNBE 2014 também tra- Neste sentido, nós educadores temos na escola de personagens retiradas dos filmes ou desenhos o que tem dentro dele é o objetivo de todas as
zem animais com desejos e características huma- os espaços como aliados: a sala de aula, o pátio, animados, entre outros. Esse tipo de produção personagens da narrativa. A surpresa vai fazer
nas. É o caso dos já mencionados anteriormente: a biblioteca, o parquinho, a sala de merenda, consegue chamar a atenção dos pequenos, mas, todos darem muitas risadas.
Rinocerontes não comem panquecas e Sapo Comilão. algumas instituições têm brinquedotecas, e to- se tratando de incentivar o gosto por livros in- Se a sala de aula é um dos espaços para as
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E ainda, Gino, girino cujo desejo é mudar de dos esses locais podem ser preparados para o fantis e o ato de ler, os educadores podem tro- crianças receberem uma iniciação como leitoras,
girino para sapo e aprender a pular; Cachinhos encontro da criança com o livro. car a decoração da sala em intervalos de tempo a biblioteca tem também essa função. Como o
de Ouro, onde uma família de ursos mora em Iniciaremos com o lugar onde as crianças menores. Por exemplo, na semana em que o número de títulos é maior neste local, os edu-
uma casa e come mingau; e Um tanto perdida, de Educação Infantil passam a maior parte do professor planejar ler ou contar a história de cadores devem arrumar o espaço inicialmente
que narra como uma corujinha bebê se perde tempo: a sala de atividades. Geralmente esse Anna Cláudia Ramos, Era uma vez três velhinhas, verificando se os livros estão acessíveis às mãos
da mãe e sai à sua procura. ambiente tem um mobiliário básico: mesas, ele pode a partir das ilustrações do livro vestir dos pequenos, pois estamos cansados de ver
Após esta explicação você deve estar se per- cadeiras, estantes e, às vezes, um tapete. Para três manequins com as roupas das protagonistas estantes altas cheias de livros que não podem
guntando:“Por que tenho que saber tudo isso?” que a criança tenha melhor acesso ao livro, o ou, se a escola não tem manequins ou bonecos, ser escolhidos ou tocados. Desta forma, os pro-
Justamente porque quando lemos para as crian- educador pode espalhá-los: em cima das mesas, pode colocar essas roupas em cabides e espalhá fessores e os responsáveis pela biblioteca têm de
ças a primeira coisa que elas fazem é procurar nas estantes, em uma caixa aberta junto com os -los pelo ambiente. As crianças ficarão curiosas garantir que os livros infantis fiquem nas prate-
no texto conexões com suas vivências. Ou seja, brinquedos, para que conforme os pequenos e essa vontade de saber é vista por Yopp e Yopp leiras mais baixas, ao alcance dos pequenininhos
elas também têm medo de ir ao dentista, adoram engatinhem possam tocar, pegar, abrir o livro. (2001) também como uma estratégia de leitura. – ainda que isso inclua dias especiais de visita.
brincar de elástico ou de pular como o elefante Por que esse movimento é importante? Por- Tal ação cria um objetivo para que as crianças Uma sugestão para enfeitar o ambiente
(do livro) e seus amigos, e notam como a vida é que, segundo Martins (1985), esse é um primei- queiram ouvir a história e conhecer o livro. neste caso é homenagear um autor ou ilustra-
melhor com companhia. Os pequenos podem ro tipo de leitura e a autora se refere a ele como Em se tratando da história O saco, de Ivan e dor por mês ou bimestre. O responsável pela
pensar: “Gostei do Coach! porque me pareço leitura sensorial. Isso significa que, ao tocar o Marcello, a sala de atividades pode ser decorada biblioteca escolar pode montar com plásticos
com o porquinho, estou sempre procurando livro, ao folheá-lo, ao virar suas páginas e olhar com sacos de diversos tipos e tamanhos, alguns transparentes ou mesmo uma sapateira trans-
novos amigos”. Assim, mesmo os menores se as gravuras, a criança já estabelece relações com vazios, outros cheios, alguns pendurados nos parente um expositor de livros. Para cada bolso
identificam ou procuram pontos semelhantes a narrativa, observa, faz inferências – vê a figura armários, outros nas janelas, ou no quadro ne- ou envelope plástico: um livro daquele autor.
entre as histórias e suas experiências de vida. de um cachorro e se lembra do cachorro da tia, gro, um maior em pé num canto da sala, enfim, Outra ideia é separar caixas de papelão, cortá-las,
Tudo isso ajuda essas crianças e nós educado- ou observa um pato e se recorda da história do
cada educador pode criar um lugar com muitos encapá-las e guardar os livros infantis. Tais caixas
res a alargarmos conhecimentos do mundo, os patinho feio que se transforma em cisne etc.
sacos. Novamente, movidas pela curiosidade as parecem arquivos e o que pode ser feito neste
sentimentos com relação aos outros e as coisas, Essas ações são estratégias de leitura e irão ajudar
crianças vão querer saber por qual motivo tantos caso é separar os livros por temas: histórias de
e facilita a compreensão que teremos de novos os pequenos leitores a compreenderem o texto,
sacos e o que eles fazem ali. A partir da indaga- bichos, poemas, enredos com crianças, contos
textos, de novas histórias. que naquele momento está sendo folheado, e
ção, o professor tem a entrada para apresentar de fada, entre outros. Cada embalagem abrigará
A seguir, vamos pensar como seria o am- mais tarde será lido ou contado pelo educador.
aos futuros leitores a história. Afinal, trata-se de um desses temas e estas caixas podem passar de
biente para essas histórias ganharem vida. Apre- Pesquisas indicam que esse contato inicial,
um saco encontrado no meio da floresta, e saber uma sala para outra, durante os dias da semana.
sensorial com o objeto livro desperta na criança
sentamos algumas dicas de como, por exemplo,
uma curiosidade para leitura, e que crianças
preparar a sala de aula, o pátio, como decorar o
que têm essa relação com os livros aprendem
ambiente para despertar nas crianças a vontade
a ler antes daquelas que não foram expostas a
de ler.
materiais escritos.
Ainda sobre o espaço da sala de aula, acre-
O espaço ditamos que além dos locais onde os livros serão
Assim como as histórias dos livros tomam expostos também as paredes podem auxiliar no
lugar nos mais diversos espaços – lago, casa, incentivo à leitura. Frequentemente as salas são
parque, céu etc. –, o espaço para expor os livros decoradas com uma série de cartazes que per-
também é importante. Alguns pesquisadores manecem na escola durante todo o ano letivo:
acreditam que não só os pais, professores e bi- quadros com o nome dos alunos, cartaz de ani-
bliotecários podem mediar a leitura, mas tam- versariantes, alfabeto em papel ou EVA, tabelas
bém o local onde a história é lida ou contada. com o ajudante do dia, alguns cartazes e figuras
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O parque da escola também é local de lei- crianças, ou seja, ao dar vida aos objetos trans- ler em voz alta de modo coerente, convidativo, deste livro: os educadores devem mesclar histórias
tura. Neste sentido, por ser um espaço aber- formando-os em personagens, o professor utiliza agradável e apropriado. Desta maneira, numa novas, desconhecidas dos pequenos, com histórias
to, daremos dicas não só de como preparar o também da estratégia de leitura da visualiza- sessão de leitura em voz alta, o educador deve já conhecidas e aquelas preferidas pelo grupo de
ambiente, mas também de como apresentar os ção. Neste sentido, oportuniza que os pequenos estar atento a três questões: 1) Para que idade crianças. Não há nada de errado em ler o mesmo
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livros para as crianças. criem imagens mentais dessas personagens e isso vamos ler?; 2) Quanto de histórias, de texto, livro, até três vezes num dia só.
O acervo é composto por vários livros cujas facilita o entendimento do conto. ler?; 3) Como ler? Uma de nossas alunas do Plano Nacional
narrativas se passam ao ar livre. Anton e as meni- Vocês perceberam como o espaço influen- Alguns pais começam a ler para seus filhos de Formação de Professores (PARFOR), nos
nas, Um elefante se balança ou A princesa Maribel cia também na maneira como nós educadores ainda no útero; com seis meses, um ano de ida- contou que um dia teve que ler o mesmo livro
podem determinar como o local deve ser ar- vamos apresentar o texto para os pequenos? A de algumas crianças já aprenderam os sons da para sua sala, de crianças de 2 anos, por meia
rumado. Em Anton e as meninas, por exemplo, seleção da história também influencia. Nas pas- língua materna e já ensaiam, balbuciam palavras. hora. Não existe nenhum inconveniente nesta
as garotas brincam no tanque de areia e, neste sagens acima não só arrumamos o espaço como Especialistas dizem que podemos começar a ler atividade, muito pelo contrário... as palavras
sentido, o parque pode receber enfeites durante também já demos dicas de como apresentar o em voz alta para as crianças desde os primeiros são essenciais na construção das conexões de
uma semana: baldes, pás, peneiras etc. Esses obje- livro para as crianças. meses. Os fundamentos da aprendizagem da pensamento com o cérebro. Quanto mais uma
tos podem também ser utilizados no momento A seguir, queremos conversar sobre a leitura leitura são estabelecidos a partir do momento criança experimentar da linguagem de um texto,
de ler a narrativa para os alunos. em voz alta, oferecendo algumas ideias para que em que uma criança ouve: os sons de pessoas através dos livros ou de conversas sobre eles,
A história de um elefante que se equilibra nesse momento o educador/leitor crie vínculos falando, as melodias das canções e seus ritmos, mais benefícios sociais e educacionais ela terá.
em um fio e convida vários amigos para brincar com a criança/ouvinte e os livros. as repetições das rimas e as histórias. Mas então, como o educador deve conduzir
e se balançar com ele igualmente pode ser lida Quanto mais cedo lermos em voz alta para uma sessão de leitura em voz alta? Inicialmente,
no parque. Neste momento, o professor inicia as crianças, mais rápido elas desenvolverão ha- nós professores não devemos nos preocupar com
A mágica da leitura em voz alta
as atividades, primeiro brincando, para em se- bilidades de fala. Por isso, enquanto educado- o que as crianças estão fazendo. Devemos pegar
guida introduzir questões sobre a brincadeira Nós educadores achamos que sabemos o res devemos conversar, rir, explicar, ler para os o livro, sentar e iniciar a leitura, logo elas se apro-
e apresentar o livro às crianças. Por exemplo: que seja ler, afinal conseguimos ler. Mas ler pequenos antes de eles completarem três anos. ximarão e prestarão atenção, até mesmo as mais
“O que vocês acham que acontece quando um pode ser complicado por ser complexo. Ler não Alguns psicólogos e fonoaudiólogos estão con- ativas. Não há, no entanto, uma maneira exata
elefante, uma rata, três gatos, uma girafa e um é meramente ser capaz de pronunciar palavras vencidos de que quanto mais nós conversarmos para se ler em voz alta. O mais importante é dei-
hipopótamo-fêmea se balançam num fio como de maneira correta, é poder atribuir significados com as crianças mais espertas e astutas elas serão. xar a história falar pelos nossos sentidos. Devemos
esse?” As crianças provavelmente vão inferir às palavras impressas no papel. Neste sentido, Assim, uma sessão de leitura em voz alta é ler com os olhos, com as mãos e cuidar da voz.
que todos vão cair, se machucar, pois o fio não ler em voz alta pode auxiliar as crianças no o momento perfeito para iniciar conversações Enquanto lemos um texto devemos estar
aguenta o peso, mas terão uma grata surpresa aprendizado da leitura. com as crianças, pois o leitor e o ouvinte podem atentos à posição do nosso corpo, ao nosso con-
no final da história de Marianne Dubuc. Mem Fox (2001) relata que um dia uma trocar ideias sobre o tema da história, sobre as tato visual com os ouvintes/crianças, à nossa
Já em A princesa Maribel, por ser um conto professora lhe perguntou como ela deveria ler em ilustrações, utilizar as palavras, criar mensagens. entonação vocal e à nossa expressão facial. Fox
cumulativo e as ilustrações serem feitas com voz alta para seus alunos. Fox conta que pensou, Segundo Fox (2001), ler em voz alta e conversar (2001) acredita que cada um de nós acha uma
objetos do nosso dia a dia: prendedor de roupa, pensou e achou até engraçada a pergunta, pois sobre o livro aguça o cérebro da criança. Ajuda maneira de ler, criando identidade com o texto.
apontador de lápis, uma peça de xadrez, retalho parecia óbvia demais. Indiscutível para quem cres- a desenvolver sua habilidade de concentração, A autora explica que podemos fazer pelo me-
de tecido, entre outros, sugerimos que o docente ceu em um ambiente onde ler em voz alta fazia a resolver problemas e a expressar-se com mais nos cinco coisas com a nossa voz para manter as
utilize esses objetos no momento da apresen- parte do cotidiano da família.A autora respondeu facilidade e clareza. crianças na história, ou seja, engajadas na sessão de
tação e leitura do livro. Ou seja, as crianças em que bastava a docente escolher um livro, juntar as Outra questão colocada diz respeito à quan- leitura em voz alta. Quatro delas são contrastantes,
semicírculo e o professor com todos os objetos crianças, sentar-se e começar a leitura. Mas o que tidade de leitura em voz alta em um determinado opostas: alto e baixo; rápido e devagar. Por fim,
do conto em um saquinho. Conforme ele vai parece simples, muitas vezes não o é. A bagagem espaço de tempo. Pois bem, Mem Fox (2001) podemos ainda... p-a-u-s-a-r a voz. São as pala-
lendo a história, vai retirando os objetos/perso- do mediador também faz diferença no processo. brinca dizendo que devemos ler mil histórias para vras das histórias que nos auxiliarão nesta escolha.
nagens do saco. “Este é o corvo que roubou Quanto mais expressiva for a leitura, melhor nossos alunos. Mais tarde ela explica que se lermos Em Pai, não fui eu!, de Ilan Brenman, o edu-
o pano que cobria o anel da Princesa Maribel” será a experiência com o livro, e quanto melhor três histórias por dia letivo em menos de dois anos cador pode criar ênfase na passagem: “Estava
(p.10). Nesta página o corvo é representado for este contato, mais as crianças (de 0 a 5 anos) as crianças e os educadores terão atingido essa sentado no silêncio do meu escritório escrevendo
por um prendedor de roupas; ao ler o educador irão gostar e irão “fingir” que leem. Quanto mais meta. Nas atividades da Educação Infantil (creche uma história e, de repente: Catapum! uma coisa
pode retirar o prendedor do saco e manipulá-lo. elas brincarem de ler, mais rápido será o apren- e pré-escola) não seria difícil ler pelo menos um pesada caiu no chão” (s/n). A palavra “catapum”
Ao mostrar os elementos da narrativa para as dizado da leitura. Por isso, precisamos aprender a livro infantil por dia.A dica aqui fica para a seleção pode ser pronunciada num tom de voz mais alto.
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Já um tom mais baixo pode ser utilizado na passagem do texto Será Antes de passarmos às atividades práticas, dada pela tia do menino, que explica ter em sua
mesmo que é bicho?: “Debaixo da árvore apareceu um menino. A libélula precisamos compreender que sessões de leitura casa um balde mágico que troca chupetas por
viu o menino e foi voando chamar os outros bichos. – Que bicho será? – têm potencial para despertar as crianças como presentes. O menino gosta pois “[...] junto das
Será que está morto? E os bichos, curiosos, começaram a pesquisar” (s/n). futuros leitores. Nas palavras de Fox (2001):“[...] amigas a pepeta seria feliz para sempre” (p.30).
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A narrativa nos dá uma dica, bem como a ilustração. O menino debaixo o fogo da leitura é criado pelas faíscas entre uma O melhoramento é obtido quando o garoto vai
de uma árvore parece descansar ou dormir e os bichos curiosos querem criança, um livro e a leitura em voz alta. Ele não até o balde, dá um beijo de despedida na chupeta
saber o que é aquilo. Por isso, o diálogo a seguir: “– Que bicho será? – é alcançado pelo livro sozinho, nem pela criança, e pede: “ – Quero duas coisas: uma bola nova e
Será que está morto?” pode ser lido com uma voz bem baixa, talvez até nem pelo adulto que lê em voz alta, mas será a que ninguém me tire o meu Soninho!” (p.31).
sugerindo que por não saber do que se trata os bichos devem ter cuidado. relação entre os três que fará da leitura um ato Nesta narrativa não há antagonistas, so-
O grande rabanete, de Tatiana Belinky, conta a história de um avô que fácil e harmônico” (p.10). mente personagens aliadas, pois todas querem
planta um rabanete, logo ele cresce e está pronto para ser colhido. No que Joca deixe de chupar a chupeta. Uma das
entanto, o avô não consegue arrancar o rabanete da terra e precisa de As escolhas mensagens do texto é a determinação e a força
muita ajuda. Primeiro vem a avó, depois a neta, depois o Totó, em seguida de vontade do menino. Além disso, Joca acredita
Até o momento, os livros em prosa do
o gato, e só com a ajuda do rato é que o rabanete é colhido. Na sequência que sua pepeta será feliz com as outras chupetas
acervo PNBE 2014 mencionados neste texto
todos comem o rabanete. O conto é repetitivo, ou seja, o texto se repete, do balde e largá-la fica mais fácil.
exemplificaram ora a estrutura em três atos, ora
mudando somente as personagens que aparecem para ajudar o avô. Neste Por ser a chupeta um objeto bastante fami-
demonstraram a antropomorfização, outros au-
sentido, podemos iniciar a leitura lendo rapidamente e, conforme as per- liar das crianças da Educação Infantil, pensamos
xiliaram na explicação sobre o espaço da leitura,
sonagens finais gato e rato forem chegando, mudamos a cadência da voz que a sala pode ser decorada – no dia da contação
e alguns serviram para mostrar modos de ler
para uma leitura bem devagar. A intenção aqui é mostrar como as várias de O balde das chupetas – com diversos objetos
tentativas para arrancar o rabanete unem as personagens. A pronúncia em voz alta. Nossa intenção a partir de agora é da infância das crianças, como ursinhos de pe-
rápida indica agilidade, disposição para o serviço da colheita, e uma voz selecionar dois livros para sintetizarmos todas lúcia, fraldas que servem de paninho, chocalhos,
devagar sugere a fadiga, o cansaço pela repetição da tarefa. essas informações. Para isso escolhemos O balde chupetas e mamadeiras. No entanto, um objeto
Em Meninos de verdade dois garotos zombam de coisas feitas por me- das chupetas e Cachinhos de Ouro. destoará dos outros: no meio da sala um balde
ninas: “As meninas são tão sem graça! Passam o dia penteando bonecas!” Escrito por Bia Hetzel com ilustrações de ornado e a legenda “Balde mágico das chupe-
Depois os dois indagam: “E também morrem de medo de fantasmas! Mariana Massarani, O balde das chupetas conta a tas”. Melhor será se os objetos forem novos, não
F-F-Fantasmas? Eles existem?!” (s/n). Ao ler este texto, o educador pode história de Joca, um menino que dorme chu- cotidianos na sala, para surpreender as crianças.
pronunciar pausadamente a palavra referente ao medo dos meninos: pando chupeta e abraçando um boneco chama- Como vimos anteriormente, antes de ler
F-F-Fan-tas-mas. O objetivo desta leitura pausada é mostrar o medo, mas do Soninho. O garoto trata carinhosamente a o texto, o educador pode desenvolver ativida-
também a dúvida com relação à existência ou não de fantasmas. chupeta por ‘pepeta’. Mas, ele cresce e tem que des para estimular o conhecimento prévio das
Diante do exposto, nós educadores devemos deixar as palavras e largar a pepeta. Como situação inicial, a narrativa crianças. Assim, se elas não notarem de imediato
o enredo das histórias nos levarem, darem o tom da nossa leitura. O em terceira pessoa apresenta Joca, seu cotidiano, a decoração e principalmente o balde, podemos
propósito maior é prender a atenção das crianças e fazê-las gostar de seus hábitos. Na sequência uma complicação conversar sobre isso: “Gente, tem tanta coisa
ouvir histórias. Depois prepará-las para os atos de leitura: segurar um é apresentada, Joca cresceu e precisa parar de diferente na sala!”, “O que vocês perceberam
livro, folheá-lo, apontar gravuras, entre outros. Estas atitudes ajudarão na chupar chupeta. Depois de diversas tentativas, o de novidade?”, “O que todos esses objetos têm
formação do pequeno leitor. garoto é apresentando ao balde das chupetas e em comum?”, “De quem eles devem ser?”, “E
Os professores podem ainda, durante a sessão de leitura em voz alta, na situação final troca sua pepeta por uma bola. o que significa esse balde no meio da sala?”,
iniciar segurando um livro de ponta cabeça. Embora as crianças ainda não Diante do ponto de vista de Bremond “O que vocês acham que está escrito nele?”,
saibam ler perceberão o equívoco do educador e chamarão sua atenção. (1972), Joca tem um melhoramento a obter: “Querem que eu leia?”
Outra dica é anunciar que a história lida será um conto de fada conhecido, conseguir largar a chupeta.Vários eventos per- A discussão e a conversa a partir dessas per-
por exemplo, Chapeuzinho Vermelho. O educador estará com o livro da me- turbadores são tratados durante o desenvolvi- guntas vão preparar os alunos para ouvir a his-
nina que leva doces para a avó em mãos, mas iniciará a leitura com “Era uma mento do texto: a mãe quer jogar a chupeta tória de Bia Hetzel. Na sequência, o educador
vez três porquinhos...”. Imediatamente, os pequenos vão corrigir o docente no lixo, a vovó sugere que o menino entregue pode começar a sessão de leitura em voz alta. O
dizendo que aquele livro é Chapeuzinho Vermelho. Esses jogos, brincadeiras a pepeta para um sapo, a irmã do protagonista balde das chupetas permite uma leitura com um
com as habilidades de leitura fazem com que as crianças compreendam quer que ele dê a chupeta para as formigas etc. mesmo timbre de voz até a página 24 quando
as dinâmicas do livro e as relações entre a capa, a narrativa e as ilustrações. A solução final para o evento perturbador é o livro apresenta parte do texto em caixa alta:
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família de ursos chega em casa compreende que Discutir a capa do livro, em que Cachinhos
o melhoramento – comer o mingau – não será de Ouro dorme tranquilamente e um dos mem-
realizado, pois já não há mais mingau para todos. bros da família dos ursos, Mamãe Ursa, olha
Os ursos, ao perceberem que alguém esteve na desapontada para a cena, é função do educador,
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casa, começam a verificar os estragos. Descon- para estimular inferências e relações com as
fiados sobem para o quarto. Neste momento, questões respondidas.“Observem a cena, o que
Cachinhos de Ouro acorda e sai correndo, as- vocês veem?”, “Nesta imagem, quem pode ter
sustada. O melhoramento da menina é obtido, ido a algum lugar sem ser convidado?”,“Vamos
pois ela descobre quem morava naquela casinha. ler o título do livro?”, “Alguém conhece esta
Essa narrativa encanta crianças e adultos e história?”, “Alguém sabe outros nomes dados
para a sessão de leitura em voz alta propomos a essa menina?”. Por ser um conto conhecido,
uma atividade antes da leitura. O objetivo é algumas crianças podem se lembrar de outros
aguçar a curiosidade dos pequenos, além de pre- títulos: Cachinhos Dourados, Cachinhos Dourados e
“ERA MELHOR PARECER UM BEBÊ GIGANTE” (p.24). Neste pará-los para conhecer as personagens do texto. os três Ursos, Cachinhos Dourados e os três ursinhos,
momento, o professor pode ler em um tom mais alto, afinal o texto sugere Desta maneira, o educador deve começar Cachinhos de Ouro e os três ursos, dentre outros.
que Joca pensa desta maneira. Além do mais, o protagonista está bravo, perguntando aos pequenos:“– Quem já foi em al-
pois não conseguiu até o momento solucionar o evento perturbador. E gum lugar sem ser convidado?”; as respostas serão
se ele fosse um bebê gigante poderia continuar com a chupeta. registradas em folhas de papel ou no flip chart3. O
O mesmo tom de voz será utilizado para ler o último parágrafo da educador anota o nome da criança e sua resposta,
história, impresso no livro também com letras maiúsculas: “– QUERO por exemplo: “Laura: Eu fui a um aniversário”.
DUAS COISAS: UMA BOLA NOVA E QUE NINGUÉM ME TIRE Depois que várias crianças tiverem respondido
O MEU SONINHO!” (p.31). Ler o desfecho num tom alto enfatiza a o professor pode seguir com uma nova questão:
determinação de Joca, bem como deixa claro que ele se desfez da chupeta; “ – Quem já mexeu em alguma coisa que não
concomitantemente, a interpretação enfatiza que do boneco Soninho, era sua?”, “E estragou, quebrou tal objeto sem
que também lhe ajuda a dormir, ele não abrirá mão. querer?”. A sistematização da atividade é feita da
O educador deve ler com naturalidade, conversar sobre os aconteci- mesma maneira: “Ricardo (nome do aluno): Eu
mentos da vida de Joca, mostrar como é difícil as pessoas abandonarem já mexi na caixinha de música da minha irmã e
algo que gostam e, por fim, tentar estabelecer relações com as crianças. quebrei a bailarina (resposta do aluno)”.
Quanto mais informações sobre a história de Joca forem levantadas, maior Na sequência, o educador anuncia que co- Fonte: Machado, A. M. (2004).
pode vir a ser a identificação e maiores as possibilidades de as crianças nhece uma menina muito curiosa, que um dia
quererem conhecer o livro e brincar de ler. A seguir, o educador deve foi a um lugar sem ser convidada e quebrou Para que as crianças ativem seus conheci-
disponibilizar o livro para a leitura sensorial, ou seja, para o momento algo que não era seu. O objetivo deste tipo de mentos prévios e iniciem a atividade de estabe-
de pegar, tocar, folhear. atividade é fazer com que os leitores promovam lecer relações e significados com a capa, desper-
A outra escolha foi Cachinhos de Ouro, recontada por Ana Maria respostas pessoais, ativando seus conhecimentos tem a curiosidade dos pequenos para conhecer a
Machado. A história mostra uma menina que é muito curiosa; um dia, prévios, mas, mais do que isso, é como vimos história dessas personagens; o professor deve, no
passeando pela floresta, ela avista uma casinha e quer saber quem mora lá. anteriormente, despertar a curiosidade e motivar momento de explorar as ilustrações e o título do
Papai Urso, Mamãe Urso e Neném Ursinho costumam comer mingau a leitura (GIROTTO & SOUZA, 2010). Feito conto de fada, planejar questões que ultrapassem
pela manhã. Em uma determinada manhã o mingau está tão quente que isso, as crianças têm acesso à capa do livro, que as informações pontuais. Isto quer dizer que per-
eles resolvem sair para passear enquanto a comida esfria. pode ser ampliada e pintada em cartolina, ou guntar sobre o título da história, quem escreveu
Este enredo apresenta a estrutura de um conto de fada. Cachinhos tem digitalizada para Powerpoint, e apresentada com e ilustrou é relevante, mas construir um conhe-
um melhoramento a obter: saber quem mora naquela casinha; e a família o próprio livro. cimento sobre o que o leitor pode encontrar
de ursos tem outro: esperar o mingau esfriar para comê-lo. Durante o dentro do livro é tão ou mais importante. Assim,
período de tentativa da menina algumas ações acontecem: ela come todo o educador pode perguntar: “Qual a expressão
Tipo de quadro, em cavalete, usado geralmente para
3

o mingau do Ursinho, quebra sua cadeira e adormece na sua caminha.Até exposições didáticas ou apresentações, no qual fica preso da Mamãe Ursa?”, “O que ela parece estar pen-
essa passagem o melhoramento de Cachinhos não é obtido. Quando a um bloco de papel em rolo. sando?” e “O que será que vai acontecer?”. Esse
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tipo de questionamento é mais aberto e requer


respostas mais complexas. Permitir que as crianças
dia preparar mingau para o lanche das crianças.
Afinal, a comida da família urso não é difícil de LIVROS DE IMAGEM:
falem em voz alta e escutem as ideias dos outros fazer, nem é cara e, geralmente, as escolas têm
colegas de sala: tudo isso cria contribuições para todos os ingredientes necessários. Mais uma vez, Como a proveita r a a tra tivida de e
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a compreensão do texto. o objetivo desta atividade é estabelecer relações
A seguir, é hora de o educador deixar as
crianças folhearem o livro. Ele deve planejar
com os acontecimentos da história. É importante
para o professor conversar sobre as sensações de
desenvolver o potenc ia l destas
um tempo para que os pequenos brinquem
com o livro Cachinhos de Ouro, descobrindo-o,
saborear o mingau, assim como fazer com que as
crianças se coloquem no lugar das personagens;
obra s na sa la de a ula c om
percebendo detalhes das ilustrações, para então
terem vontade de ouvir a história.
tudo isso ajuda na compreensão do texto.
Por fim, essas histórias entraram por uma a tivida des literá ria s
Ler em voz alta é a próxima ação. O pro- porta e saíram por outra, quem quiser que conte
fessor deve ler o livro antes da atividade com os outra... Desejamos que os professores, a partir do Ana Paula Paiva 1
pequenos, pois como vimos preparar a leitura é que foi colocado neste texto, possam fazer com
relevante, e cada texto dá dicas de como quer que os livros do acervo PNBE não só entrem
nas instituições de Educação Infantil, mas sejam Uma imagem, assim como um texto escrito, pode apresentar várias
ser proferido. No caso desta família de ursos que
camadas de leitura, o que requer daquele que a examina um olhar
morava em uma casa e adora mingau não é di- lidos aos pequenininhos, em percepção à sua
atento e calmo, uma atenção que poderíamos chamar de flutuante,
ferente, pois o narrador anuncia o tom de voz estrutura de narrativa em prosa e em observação apta a captar além daquilo que é visto em um primeiro momento.
das personagens. Assim, o educador pode ler o às características das personagens e às mensagens (RAMOS: 2011, p. 35).
texto com três vozes distintas:“Papai Urso falou, das histórias. Ler para as crianças também deve
com uma voz bem grossa e forte [...]” (s/n), “E ser uma atividade planejada.
Mamãe Ursa também disse, com uma voz nem E lembrem-se: ler em voz alta tem que ser Apresentação do tema
grossa nem fina [...]” (s/n), “[...] mas o Neném uma ação contínua, uma atividade diária. Desta Amigo professor(a),
Ursinho começou a chorar, com uma voz bem maneira, ajudaremos as crianças a adquirirem Pode ser difícil ler livros de imagem, como contemporâneo. Os livros de imagem têm valor
fininha [...]” (s/n). No caso, a professora pode habilidades leitoras, para a seguir quererem se ouve falar, mas não porque falte ao gênero na sala de aula, atraem a experiência de leitura
manter sua voz em tom normal para ler as falas aprender a ler. valor literário ou porque este seja um subgênero na infância, promovem a apreciação e o interesse.
da Mamãe Ursa, pode criar uma voz grossa e bem
acentuada para o Papai Urso e uma voz fininha, Referências bibliográficas A imagem, como sabemos, é um registro visual e
de choro e dengosa para representar o Ursinho. BREMOND, Claude. A lógica dos possíveis uma tradução do pensamento. Representacional, as
Neste sentido, ao mudar as vozes da nar- imagens criam espaço na transmissão das ideias,
narrativos. In: BARTHES, Roland (org.). Análise assim como abrem espaço para que cada um – em
rativa, o professor não se confunde, pois são estrutural da narrativa. Rio de Janeiro:Vozes, 1972. seus acréscimos – construa a imagem que vê.
poucas vozes que podem propiciar ao ouvinte Naturalmente as crianças sentem atração pelas
FOX, Mem. Reading magic: why reading aloud
oportunidades de perceber a estrutura do texto imagens: ora porque se identificam, ora porque através
to our children will change their lives forever. Nova da expressividade das imagens conseguem ter alcance
a partir dessas diferenciações. A mudança de voz
Iorque: Harcourt, 2001. a significados correlatos, simulados ou mediados.
também cria atenção leitora. Enunciativas em potência, as imagens são bastante
Acreditamos que ler não significa apenas de- GIROTTO, Cyntia, SOUZA, Renata J. Es- importantes para o letramento literário, sobretudo
codificar ou decifrar o código escrito, mas sim in- tratégias de leitura: para ensinar alunos a com- na infância, porque estimulam a apropriação da
preender o que leem. In: SOUZA, R. J. [et al.] linguagem, valorizando a curiosidade nata infantil, e
terpretar, narrar, vivenciar, estabelecer um vínculo também porque a leitura de imagens pode contribuir
afetivo com o seu ouvinte, tornando a história Ler e compreender: estratégias de leitura. Campinas: para a construção literária de sentidos.
significativa para que seja possível compreendê-la Mercado das Letras, 2010.
Mar de sonhos: tradução da obra de Dennis Nolan
preenchendo lacunas que possam surgir. MARTINS, Maria Helena. O que é leitura. São (Editora Singular, 2013). Acervo do PNBE 2014.
Paulo: Editora Brasiliense, 1985. Livro de imagem.
Essa sessão de leitura em voz alta pode ter-
minar em outro ambiente da escola – a cozinha YOPP, Hallie Kay. & YOPP, Ruth Helen. Lite-
ou o pátio da merenda, por exemplo. O pro- rature-based reading activities. Boston: Allyn and Ana Paula Mathias de Paiva é doutora em Educação pela UFMG (FAE), autora, professora, mediadora de leitura e
1

fessor combina com a cozinheira de naquele Bacon, 2001. ministra oficinas de confecção de livros artesanais para a sala de aula.
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A obra Mar de sonhos apresenta ao leitor livros de imagem e 3 de palavras-chave compõem este ano uma seleção
apenas por imagens uma menina, uma praia e a cuja característica é a ênfase visual, ainda que entre eles haja diversidade
brincadeira de construir castelos de areia. Mas, de temas e de formas de conhecimento de contextos literários. Esta soma
ao entardecer, quando a água do mar invade a de 12 livros de forte apelo visual – 24% do conjunto – mostra-se afim aos
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estrutura do castelo, muitas coisas fantásticas interesses da Educação Infantil e tem potencial para estimular competências
podem acontecer no intervalo de tempo de óculo-manuais e sensíveis de interação das crianças com o bem cultural livro.
uma maré alta. A narrativa convida o leitor à
aventura da fantasia. Como trabalhar com livros de imagem
A partir deste primeiro exemplo, pretende-
As imagens falam tantas coisas, exigem decifrações e sentimentos.
mos dialogar com o professor acerca de desafios
Muitas vezes, podem inclusive provocar uma necessidade intensa de
inerentes à leitura imagética e desejamos regis-
agora vá! Se até o momento seu contato com interpretação; neste momento, pode haver uma crise de leitura, uma
trar neste espaço algumas sugestões de trabalho
livros de imagem era mínimo, pode ser a hora dificuldade para compreender o que as imagens querem transmitir. Por
para a mediação de leitura do acervo do PNBE
de experimentar as obras de 2014. isso, professor, é preciso treino, costume, exercício com as imagens.
2014, no segmento de Educação Infantil, sempre
Para saber o que há na caixa, nos acervos
considerando que é o professor quem filtra e
distribuídos pelo PNBE, aventure-se: ajude se pos-
melhor adapta as sugestões à demanda de seus
alunos e aos projetos em andamento na escola. sível na descoberta dos novos livros, remexa, aguce
O contato com obras literárias estritamente sua curiosidade, abra-se para todos os gêneros. Duplo duplo, Editora Pallas, 2013.
de imagem exige alguns treinos e habilidades que Mesmo percebendo que alguns gêneros são Nesta obra, de narrativa por palavra-chave, a autora Menena Cottin
podem ser desenvolvidos com a prática e vivência predominantes, aprecie os demais. Em 2014, para brinca com o leitor desde a capa a respeito dos sentidos que as imagens
as crianças de 0-3 anos, dentre as obras seleciona- assumem dependendo do ângulo pelo qual as olhamos. Palavras como
de leitura. Você, professor, é a figura mediadora “subir”/“descer”, “boiar”/“afundar”, “abrir”/ “fechar” etc. se intercalam
que nesta etapa de aprendizagem pode cooperar das, temos disponíveis todos os gêneros incritos numa proposta visual lúdica e dinâmica, haja vista que é preciso
e contribuir para que a aproximação entre os bens em Edital. Para as crianças de 4-5 anos, o PNBE manusear o livro em diferentes posições para que os efeitos de cena
2014 disponibiliza como acervo para alunos, pro- cumpram sua proposta de evidenciar para cada imagem seu duplo.
culturais (livros) e as crianças seja bem espontânea.
Considerando o acervo do PNBE 2014 para fessores e profissionais que atuam em bibliotecas
o segmento Educação Infantil e a abordagem, aqui escolares um conjunto de obras, no qual livros
específica, dos livros de imagem selecionados, tor- de imagem representam também 18% do mon-
na-se relevante colocar na roda de discussão tanto o tante distribuído entre livros de prosa, em verso,
trabalho em sala de aula ou nas bibliotecas escolares história em quadrinhos e livros de palavra-chave.
realizado com variedade de gêneros quanto os Pelo fato de os livros de palavra-chave, no
interesses infantis que incrementam o prazer de PNBE 2014, estruturarem a sua significação so-
apropriação das leituras, sem desconsiderar o po- bretudo pela força das imagens, estimulando assim
tencial das obras de exercitar práticas pedagógicas. a leitura autônoma além da mediada, pode-se
Não fique apreensivo. É mesmo preciso uma pausa para refletir como
Valendo-se do seu conhecimento de turma, considerar que, para a faixa etária de 4-5 anos, 9
trabalhar um gênero como o de livros de imagem na Educação Infantil.
professor, se possível vá receber o acervo novo É possível estimular as orientações da mediação de leitura sem restringir
do PNBE, informe-se acerca dos autores e te- ou limitar o acesso livre das crianças às percepções e ao manuseio direto
mas, não se acanhe em já folhear alguns livros das obras? Sim, é possível! As crianças tanto estarão curiosas para ouvir
e, se possível, inicie a leitura de algumas obras as histórias na mediação do professor quanto se empenharão para uma
pois é sobretudo você quem identificará as obras apropriação pessoal das obras, pelos sentidos da visão e do tato.
mais instigantes para a demanda de seus alunos. A mediação de leitura é importante porque desenvolve nos alunos a
vontade de expressão, a observação dos modos de contar uma história, assim
Uma caixa chegou! como é uma atividade professor-aluno que cria vínculo e a vivência de ex-
Quando os acervos do PNBE chegarem na periências interlocutórias.
escola, mesmo que anteriormente você, pro- Selecione alguns livros de imagem. Escolha o primeiro a ser lido/
fessor, não tenha ido ao encontro dos acervos, apreciado e faça uma rodinha com as crianças.Valorize a observação dos
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detalhes, e desde a capa até a estrutura de miolo vá interpretando as partes Potencial do livro de imagem
da história, enquanto as apresenta à turma, sempre atento às reações dos Os livros de imagem, se bem observados, livro impresso em prosa, também pode em sua
alunos e a possíveis manifestações de vontade de participação. Organizados
têm função narrativa – mostram cenas, ações estrutura editorial ser construído considerando
em rodinha, os alunos poderão escutar a história, registrar um conteúdo
encadeadas e na configuração do espaço e si- personagens, tempo, espaço e conflito. Por isso,
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e sentir tudo aquilo que suas sensações acrescentam à escuta.
mulação do tempo criam histórias. As ideias professor, na atividade de folhear o livro de
Crianças e mediação
ilustradas expressam sentido, colocam em jogo imagem explicite que o leitor pode encontrar
de leitura. códigos culturais e compõem uma estética apre- enredo, clímax e desfecho – ou, na linguagem
Contação de histórias por ciável através das situações ilustradas. da educação infantil: história, emoção e fim.
Edna Maria, da obra Não
é uma caixa, de Antoinette
Devemos lembrar que a ausência de texto Outra dica, professor. Observa-se nos livros
Portis (Editora Cosac Naify, nos livros de imagem pode, inclusive, fomentar de imagem que a ação narrativa advém de um
2013). Ao lado, alunos a criatividade, a espontaneidade, o simbolismo, número variável de sequências impressas e o
da professora Jacqueline
Ferreira, reunindo-se para o improviso e a capacidade de complementação sentido emerge da organização da linguagem em
a contação de histórias leitora pela apreciação dos sentidos – visíveis e cena. A diferença básica (para o livro em prosa)
mediada, na Escola
possíveis. De modo que, pelo que é ilustrado e se é que a ação está toda condensada no visual
Municipal Dona Santinha,
em Lagoa Santa, Minas dá a conhecer no livro de imagens, o leitor in- quando se trata de um livro só de imagens. Além
Gerais (Edu. Inf., ano 2010). fantil pode ganhar acesso a percepções e a ações disso, ao contrário da narrativa verbal, onde a
Ter alcance a algumas especificidades deste gênero (livro de imagem)
pode ajudar o professor na hora na mediação de leitura ou mesmo durante narrativas pelas pistas visuais que encontra na história se utiliza da palavra, no caso do livro
práticas pedagógicas. Por exemplo, livros de imagem não empregam a materialidade do livro. Tais pistas se distribuem de imagem as crianças podem acompanhar o
escrita textual para exprimir em suas páginas um caminho-guia ou um no espaço e nos tempos de cena, e o leitor-crian- conteúdo da história sem ter de tentar visualizar
respaldo para os acontecimentos em cena, mas ainda assim podem in- ça conquista formas de ir acompanhando e até todas as situações que, no texto escrito, se ex-
centivar a leitura, a observação de estilo narrativo, criar empenho leitor de enriquecer a história através de correlações e pressam/se apresentam. Realize uma leitura na
e incentivar, dentre outras perspectivas, a entonação através do uso de associações (mentais-visuais-orais-gestuais etc.). sua sala e examine com atenção este potencial.
pausas, ênfases e ritmo. A mediação do professor e todos os mo- Perceba o nível de atenção das crianças.
A própria visualização das imagens – de forte potencial represen- mentos compartilhados de leitura, na sala de Agora, seja pela leitura contínua – cena a cena
tacional – muitas vezes instiga a ficcionalização infantil e, portanto, a aula, nas bibliotecas ou ao ar livre, contribuem – ou pela alternância de cenas – atenção visual
contação de histórias. Ou seja, apenas pela visualização das imagens as paulatinamente, e muito, para a desenvoltura mais intensa em algumas cenas –, o leitor-criança
crianças tornam-se capazes de, pouco a pouco, desenvolver falas asso- dos futuros leitores. que tem acesso a livros de imagem vai se fami-
ciativas às cenas que veem impressas nos livros. Experimente, professor. O texto narrativo imagético costuma va- lizarizando com uma busca fundamental para o
Trazendo os livros de imagem para sala de aula é possível ampliar o lorizar a ação visual mas, à semelhança de num entendimento das obras literárias: a busca pelo
repertório dos alunos não somente no que diz respeito à origem de autores,
ilustradores e temas, mas, e o
Livro O gato e a árvore, que é mais significativo para Bocejo, de Renato Moriconi e Ilan Brenman,
de Rogério Coelho, Editora Companhia das Letrinhas, 2012.
Editora Piá, Curitiba, 2013. esta idade, é possível ampliar
A obra em questão trabalha via imagens e
Na sequência, o autor o senso estético e a curiosi- interjeições com uma expressão atemporal,
expressa imageticamente (p. dade por livros, fomentando que pode ilustrar preguiça, tédio, sono,
11) a passagem do tempo cansaço e até mesmo simples exercício
pelo uso de quadros artísticos
a apreciação gradativa nos
facial: o bocejo. De modo lúdico, as páginas
contínuos, destacando o momentos de leitura. em formato agigantado representam desde
personagem principal (gato) É importante também o bocejo do homem das cavernas, passando
no contexto dinâmico do tema pela expressão de um faraó, um viking e um
da obra, que é o de cuidar que os livros sejam apresen- bruxo, até o bocejo de grandes personagens da
de uma árvore desde sua tados em um espaço bem história humana, como Charlie Chaplin, Albert
pequena muda. iluminado e o professor Einstein e Napoleão Bonaparte. A obra chama
a atenção para as formas gráficas e visuais
deve ser a figura que dá de escrita, instiga as crianças a imitações
vida às sequências visuais: cômicas dos personagens e desencadeia
voz e coração. sínteses culturais.
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sentido emocional e cognitivo que envolve as cenas, suas sequências e ênfa- coleção valoriza a diversão, o desafio e a percepção cumulativa de partes
ses, assim como os personagens, o encadeamento das ações e um desfecho. para um entendimento do todo. Igualmente, a obra introduz uma noção
Além disso, o livro na infância pode ser apreendido como mais do de unidade pela apresentação de partes constitutivas. Confira esta obra
que um objeto material; sua função pode incluir a brincadeira cultural no seu acervo!
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de descoberta dos jogos de sentido. Permita que os alunos manipulem alguns dos livros, sempre que for
possível. E procure se envolver com os projetos da biblioteca escolar que
valorizam o contato das crianças com o novo acervo e com atividades
Livro-folder É um gato?
Coleção O que é? O que é? de contação de história. Aproveite também para selecionar novas obras
Obra de Guido van Genechten, e gêneros sempre que visitar a biblioteca, afinal sua intimidade com as
Gaudí Editorial, 2008. obras faz toda a diferença na mediação.
Esta experiência de leitura
instiga o manuseio infantil,
uma vez que o livro é leve e Gestos simples, ganhos expressivos
bem pequeno. A imagem de
capa provoca identificação
com o leitor e, através Ladrão de galinhas, obra de
do formato e de suas Béatrice Rodriguez (Raposa
dobraduras em folder, a Vermelha, 2013).
criança entra na brincadeira Esta é outra obra que
visual de descoberta dos surpreende o leitor, porque
bichos (“todos em um”) – sem seu início nos leva a um rapto;
que para isso, neste momento, as situações em sequência,
seja ensinado formalmente muito claras e expressivas,
que a obra tem unidade vão aos poucos inserindo
gráfica e é expressiva em no contexto uma afinidade
suas partes constitutivas. entre o raptor (a raposa) e a
Esta coleção, é interessante galinha roubada, numa trama
observar, agrada as crianças que envolve perseguições e
de Educação Infantil e até os aventuras, tempo transcorrido,
alunos dos anos iniciais do convivências, até um desfecho
Ensino Fundamental. inesperado, que trata da
amizade entre animais a
princípio incompatíveis.

As ações simples de folhear – durante o aprendizado da leitura – po-


dem envolver tomadas de posição. A leitura contínua ou de ir e vir nas
No caso das obras de Guido Van Genechten que chegam ao PNBE páginas, por exemplo, desenvolve na criança um sentimento de propósito
2014, boas possibilidades de apropriação literária podem unir aluno e e cria a percepção das ações principais e secundárias na narrativa.Treino
professor. Afinal, o mote das histórias é a pergunta “o que é, o que é?”, este que será válido para a educação do olhar.
atraente para o universo infantil e ludicamente trabalhada neste projeto Apelos visuais, rítmicos, bem como jogos de cena presentes em livros
gráfico que apresenta, de modo artístico, o conceito de complementarida- de imagem infantis algumas vezes conseguem provocar o olhar e criar
de – uma vez que parte de um bicho ilustrado ajuda a indicar o próximo um magnetismo entre livro e leitor, de forma a suscitar que a criança
bicho na sequência de dobradura.As páginas, compostas apenas de imagem, deseje a leitura e o contato com o livro.
brincam de atiçar a curiosidade leitora, ajudando a criança a perceber Há inclusive livros que brincam com a estratégia de oscilação da
que partes e todo formam unidades, ora surpreendentes, ora engraçadas. atenção leitora, inserindo na elaboração da história alguns momentos de
Obras como a de Guido – como É um ratinho? e É um gato? – tra- continuísmo fluido, bem como outros de contraste ou destaque gráfico
balham com a noção de prática de leitura associativa, com o humor, a para acender o foco de atenção do leitor.
surpresa visual e a descoberta lúdica. O manuseio é fácil porque não pesa, Percebe-se que o jogo de posicionamento de comunicações atrativas
a obra tem acabamento resistente e pode ser aberta autonomamente ou no espaço gráfico-literário pode instigar empenho no leitor de Educação
na mediação. Ao longo de seis páginas e cinco dobras, cada livro desta Infantil. O tipo de elaboração da obra e seu fácil manuseio contribuem
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para a valorização da atenção e da sensibilidade leitora, antes mesmo da Mar de sonhos, de


alfabetização, uma vez que num livro de imagens muito do que se faz Dennis Nolan. Editora
Singular, 2013. Seleção
presente na história é sobretudo mentalmente significativo, percebido e PNBE 2014.
intuído no desenrolar visual – sensorial mas também lógico e sintético.
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O mais importante é sentir que a experiência de leitura na infância
favorece a familiaridade com os elementos do discurso literário e com
suas combinatórias possíveis. Assim, através do contato direto ou media-
do com as obras podem ser observados no cotidiano entre livros alguns
estímulos que desencadeiam escolhas leitoras, releituras, socializações de
obras entre as crianças, ou mesmo o levantamento de repertórios. Calma, camaleão!, de
Laurent Cardon. Editora
Deve-se sobretudo estar atento aos movimentos de leitura no espaço Anglo, 2013. Seleção
escolar e observar o que está relacionado aos interesses de uma turma ou PNBE 2014.
faixa etária através do trabalho de mediação literária. Afinal, os interesses
humanos são tão variados quanto os gêneros do discurso disponíveis. O
professor será o melhor mediador dos acervos, sempre, salvo exceções.
Durante a mediação de leitura, é válido observar nos livros de ima-
gem o que serve à comunicação com o leitor. Afinal, a linguagem é
um sistema articulado que assume várias maneiras de nos vincular às
expressões do mundo. É preciso ter olhos bem abertos ao que é relacional As obras Mar de sonhos e Calma, camaleão! enquadram-se no gênero
na linguagem visual, ao que movimenta saberes na transmissão de ideias livro de imagem. Ambas criam ação visual lúdica, conexão com a aventura
e sensações.Todo livro deve ser enxergado como um meio de expressão do conhecimento, ativam o prazer na leitura e inserem nas cenas desafios,
e de representação no uso que faz de sua linguagem articulada. enquanto a estrutura material investe em belas ilustrações, numa estética
Por tudo isso, pegue o livro com carinho, gaste tempo com ele, ensine aos literária fantasiosa e no convite a jogos de sentido.
alunos pela sua postura que o livro tem valor, é importante, é companheiro. Lembremos, ademais, que um bom motivo para ler, na infância, é a
diversão ou o desafio. Isto porque a leitura na infância também envolve
Preciso de um motivo para ler livros de imagem? jogos de descoberta de sentido para a formação de ideias. Sendo assim,
Se precisar de um motivo para ler livros de imagens, reflita que é mais livros de imagem selecionados para enriquecer atividades de leitura na
uma possibilidade de contato com o mundo de ideias. Afinal, quanto mais escola devem permitir experimentações, ou seja, o contato pessoal ou
lemos mais nos habituamos a identificar caminhos interpretativos, pois o coletivo com a linguagem literária, mesmo que inicialmente isto se dê
olhar vai ficando treinado para as funções que a linguagem assume, assim por intuições infantis, suspeitas, sondagens, curiosidades ou percepção
como para todo um repertório em movimento, dinâmico na cultura e daquilo que é mediado pela leitura do professor.
ativo na consciência humana. Na infância, a percepção dos usos de linguagem é uma das grandes
Livros de imagem valorizam nossas percepções de significantes visuais, aventuras que atravessa esta fase de desenvolvimento. Ao escutar a história
ou seja, colocam em destaque a importância de elementos que estruturam – na mediação – e também agindo, folheando, tocando, sentindo o livro,
maneiras de ilustrar histórias. Sejam cores, diagramações, formas, claros e as crianças da Educação Infantil ganham a oportunidade, sobretudo, de
escuros, planos cheios ou vazios, valorização de primeiro plano de cena se alegrar e de se deleitar com suas descobertas. Afinal, o contato com
ou de fundo etc., o fato é que um conjunto de apreciações nos ativa um livro de imagem é capaz de construir consciências e sensações num
a reconhecer o papel da linguagem visual enquanto meio de expressar leitor-criança, até porque se a criança se interessa pelo livro ele pode se
códigos e mensagens vinculadas ao que é visto. transformar numa brincadeira de leitura, atividade que não se limita a
Por isso, livros de imagem são também um campo fértil para o traba- uma relação simples com o real. Fantasia, experiência e cognição serão
lho com zonas de atratividade enfática e sutilezas. Porque o olho humano acréscimos ao conteúdo da obra.
naturalmente está apto a desenvolver varreduras para suas leituras. Assim, Agora, professor, peço uma atenção especial. Na infância, para a
tanto pontos de referência e de fixação quanto entornos criam, na leitura, aproximação espontânea e/ou mais prazerosa de crianças com relação
efeitos visuais de atenção, de associação e de disposição interpretativa, o aos livros é importante sentir o objeto, a sua produção material – vi-
que se relaciona também a entendimentos de legibilidade. sualidade e matéria do livro –; para além disso, é muito importante seu
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valor emocional, isto é, o valor do livro como que PODE SER o significado da imagem há Como professora, compartilho com todos os meus colegas de pro-
objeto mágico, que atravessa o prazer dos senti- um campo para a interpretação que suplanta o fissão este sentimento: ler sempre será uma forma de nos situarmos no
dos. Como forma de pensar a cultura do seu simples olhar e constatar. mundo dos acontecimentos à disposição.
tempo e de organizar seus pensamentos, o livro Sempre que narramos uma história em voz A qualidade articulada da linguagem permite grandes entrosamentos
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de infância não pode, em sua arquitetura visual alta, estamos exercitando um estilo de dizer, o com as crianças, e a leitura de imagens pode suscitar gestos, falas, sons,
e material, esquecer então da influência dos que inclui escolhas, tomadas de decisão, estraté- produção de textos e desenhos etc.
sentimentos para a ativação do gosto infantil gias de tradução. Além disso, sem a base textual Um livro, enfim, pode ser visto como um incrível campo de força
pela leitura. Senão, perde propósito e torna-se impressa no livro infantil, a história parece me- envolvido pelo cultural, contextual, habitual e diferenciado. Muitos jogos
mais um objeto substituível ou descartável no nos em repouso e mais dinâmica para a interação podem ser preparados no caldeirão literário, mesclando ora reconhe-
universo de meios circulantes em nossa cultura. do leitor e com o leitor – fator que deve ser cimentos de retenção comum, facilitadora, ora fugas à linearidade do
O discurso imagético deve ser enxergado valorizado na mediação. discurso via surpresas, ruídos, especulações e indagações surpreendentes.
como exercício expressivo da linguagem, que A vontade de comunicar uma história, uma A tradição e o desafio podem marcar lugar neste meio de transmissão
põe em circulação sentidos. Compreende-se, por sequência de situações ou mesmo uma versão do pensamento humano, sabiamente flexível a escritas que se atualizam
exemplo, que o livro de imagem produz signifi- para os fatos visuais deve ser vista como revela- ao longo do tempo.
cação na base de sua construção, hoje ancorado dora de pensamentos e intenções infantis, além
na linguagem visual universal – a qual ilustra de favorecer o ganho e o reconhecimento de Atividades literárias em foco
livros nacionais e internacionais para a infância. vocabulários e de repertórios coletivos.
Professores e alunos estão permanentemente em contato com um
Assim, ao ler eu também me conecto com um
conjunto de materialidades do discurso – cores, formas, suportes de
mundo de situações comunicativas. Detectamos
leitura etc. Em meio à rotina, a diversidade de situações comunicativas
nos livros, por exemplo, imagens simbólicas que
na sala de aula interessa sobremaneira, porque é pela compreensão dos
fazem sentido para crianças de vários continentes.
propósitos de uso aplicado da linguagem que advém um entendimento
de função dos recursos disponíveis, a exemplo do livro.
Pensar requer imagens Fatores situacionais igualmente importam na mediação de leitura
Pensar requer imagens e é um exercício, e devem ser considerados porque são capazes de alterar o interesse e
porque as imagens são enunciativas em potência, até a interpretação do leitor na atualização mental do significado das
trazem questões, suscitam acréscimos e engre- imagens numa obra. Ou seja, uma vez que compreensão e significação
nam situações de pensamento. são relacionais, é desejável que o ambiente de contato com os livros seja
Valendo-se da identificação e semelhança, propício para a troca de ideias e também para a fantasia.
do referencial e associativo, a representação das No caso dos livros de imagem, as crianças têm de entrar em con-
imagens nos facilita acessos ao conhecimento, tato com a visualidade da obra – sendo o plano visual de fundamental
sem excluir do animado jogo de leitura o que importância para o conhecimento da história. Aquele que percorre as
nos é correlato ou fica expandido, enquanto Hora da contação de histórias. Após a mediação de leitura, páginas do livro precisa de um tempo de visualização das imagens para
registro de um pensamento visual. hora da leitura dos alunos. Centro Infantil Pupileira Ernani poder recompor seu entendimento da obra no campo de inscrição per-
Agrícola. Belo Horizonte, 2013. Escola pública que atende
Por tudo o que movimenta, o livro de ima- à Educação Infantil em período integral. O mais incrível é
ceptivo. Se rapidamente o som de uma contação, na mediação da leitura,
gem tem grande potencial para instigar no leitor- perceber o espaço para a imaginação (dos alunos). explicar os espaços da visualidade, o modo de depurar o livro de imagem
criança o desejo pelo manuseio direto da obra e o autonomamente se altera.
gosto pela leitura que se depreende de conteúdos Cada vez que o livro de imagem circula, o Por outro lado, é preciso dar espaço à expressão individual e coletiva.
visuais. Afinal, imagens são responsáveis pela di- leitor tem a possibilidade de se situar entre o Quando uma pessoa iletrada quer, por exemplo, entrar em contato com
nâmica mental de um mix de significações. que enxerga impresso e o que imagina para dar a literatura, ela se serve sobretudo de sua bagagem vivencial, de sua me-
Se observarmos, na mediação de livros de lógica à sequência narrativa. Assim, neste exer- mória e da transmissão oral. A linguagem nos liga com o mundo interior
imagem, entre uma imagem impressa e sua lei- cício, a criança que lê imagens aprecia, exercita e com o mundo de coisas ao redor. Pela linguagem podemos nos sentir
tura-apropriação há um espaço aberto, a ser atos de linguagem, vai criando autonomia do integrantes da cultura e manter contato com os outros. Por isso, desde
preenchido com a aquisição de uma consciên- pensamento e ficcionaliza, porque sente a his- a tenra infância, entrar em contato com uma herança cultural – oral ou
cia, haja vista que entre o que É impresso e o tória na sua apropriação. escrita – nos coloca diante de impressões do mundo, e neste processo
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alguns elementos são muito importantes, como a percepção dos ritmos: • O professor deve exemplificar para os alunos modos de contar livros de
visual, gráfico, poético, sonoro etc. imagem, partindo do folhear que valoriza a apresentação das imagens
O convite aqui manifesto, professor, é então o de que, desde cedo, e dando sequência oral aos acontecimentos representados visualmente
exercitemos nas crianças leitoras certas noções, como as descritivas, sen- na obra.
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soriais, associativas e de ritmo, pois tal incentivo lida com estímulos natos
e em desenvolvimento, com a capacidade de atenção e a memorização.
Na mediação de leitura:
Sabemos que este desejo já existe em vocês (professores); apenas reforça-
mos o convite com entusiasmo! Os livros deste acervo 2014 exercitam O Jornal, obra de Patricia Auerbach.
Editora Brinque-Book, 2012.
uma diversidade de formas de dizer um texto, e o professor tem meios
para evidenciar estes esquemas aos alunos, por exemplo através do estí-
mulo à apreciação e da valorização da entonação na leitura, ou mesmo
por outras atividades literárias lúdicas para a infância.
Se um encadeamento de ideias contracena no livro de imagem,
isto ocorre num percurso espacial e temporal de descoberta e de reco-
nhecimento dos sentidos do texto. Algo que pode ser demonstrável e Neste livro, a ação de
experienciado na mediação de leitura. No processo – na contação de brincar é que dota de
histórias – podem ser sugeridas ações, gestos, memórias, reconhecimen- finalidade o objeto material
denominado jornal.
tos de códigos de leitura, assim como a leitura pode evoluir para uma
Barquinho, avião de papel,
novidade configurada no espaço gráfico e atravessada por um tempo de prancha de surf, luneta
leitura provocador. Todos estes são exercícios de leitura que o professor etc. recriam funções para
o jornal.
tem à disposição na mediação.

Sugestão de atividades literárias


Inicialmente:
• Na própria disputa pelo espaço e visibilidade, quando livros são trazidos
para a roda de leitura, no acolhimento dos alunos algumas obras se dis-
persam no montante e outras tornam-se mais procuradas. O professor
deve observar – nunca ignorar – as seleções dos alunos para iniciar o
trabalho de mediação de leitura.
• Nos livros infantis, as imagens costumam ter grande importância
porque apoiam o entendimento e criam interação com a obra. No
entanto, é importante que o professor-mediador engrene, sempre
Um livro de imagem como O jornal pode nos ajudar a demonstrar,
que possível, através de exemplos e atividades lúdicas, situações de por exemplo, que as ilustrações não existem apenas para a identificação
pensamento e imaginação através da leitura de imagens. Assim as e a constatação. Por meio delas podemos alcançar outros pontos de vista,
interpretações se enriquecem. representações, convenções, simulações e tantos outros desdobramentos.
• A visão se vale do olho e conta com o emocional para depurar o que Afinal, mesmo terminadas enquanto concepção de arte, as imagens
é visto na capa, na página, no conjunto da obra. Valorize a intuição impressas num livro podem continuar sendo lidas sem fim, por muitos
dos alunos. Permita que eles também perscrutem as obras, a seu jeito. leitores e seus pontos de vista.
O exercício vale como treino. A obra O jornal coloca em movimento, por exemplo, a diferença de
• O que forma a imagem de um objeto (livro) é também a percepção do função dos objetos para os adultos e as crianças. O que é utilitário para os
que ele representa num contexto.Torna-se válido exercitar seleções de adultos como fonte de informação, só vai ganhar interesse infantil quando
obras num contexto de planejamento escolar, quando as crianças enten- se transformar em recurso para a fantasia e as brincadeiras. Ademais, a
dem os propósitos de leitura firmados – por exemplo, em temas-chave. criança, em cor de contraste, está no centro da narrativa.
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Espacial e ritmicamente, a obra O jornal consegue, imageticamente, espaço mental, em prol de um desenvolvimento cognitivo e de seus
“puxar conversa” com o leitor de todas as idades – por isso é uma das jogos em movimento.
obras que você deve procurar logo no acervo 2014. De modo natural • Para uma compreensão da materialidade como mensagem: o suporte
acompanhamos o personagem principal em seu tédio inicial, depois de leitura – quase sempre ainda em papel, mas ano a ano diversificado
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transformado em aventura. As ilustrações são expressivas, veiculam ideias em pano, plástico e afins – deve ser encarado como um estímulo que
e estimulam a imaginação. Cada página folheada cria expectativa em sua pode desencadear sensações, chamamentos ao espírito, ao intelecto, à
criação visual e, de modo original, este livro se torna um registro aberto imaginação e à experiência oral. Como materialidade podemos valorizar
a leituras e a brincadeiras com o suporte (real), o jornal, feito de papel, não só o que as mãos tocam como também o formato, a montagem e
dobras e composto em letras distribuídas pelo espaço gráfico. os acabamentos que imprimem feição ao livro.
A diversidade de gêneros, portanto, pode contribuir para conquistas • Para estimular o protagonismo do aluno: o professor pode estimular a
cognitivas e treinos a leituras na sala de aula. Como em sua estrutura o prática de contação que amplia versões para um mesmo texto visual,
livro O jornal valoriza espaços em branco, as páginas não ficam saturadas de modo a permitir que cada aluno preencha com a sua voz e sensi-
de informação visual e a criança pode perceber os apelos das cenas e bilidade os espaços onde inexiste texto verbal. O professor igualmente
como as ações do personagem influem em suas emoções e experiência pode incentivar, pela faixa etária, a produção de desenhos ou textos a
com o objeto-jornal. partir das leituras autônomas ou mediadas, assim como ricos diálogos
de levantamento de interpretações do texto imagético.
Muitas outras ações podem ser • Para exercitar convivências lúdicas: a partir da apresentação de livros
incentivadas com livros de imagem de imagem, o professor pode instigar nos alunos a vontade de elabo-
Prontos para começar?! ração de novos títulos possíveis para as obras, ou o desenvolvimento
• Para a desenvoltura narrativa: incentive a narrativa oral das obras que de desfechos narrativos orais para as imagens conclusivas, de forma a
circulam na preferência das crianças.Valorize a entonação, a apreciação suscitar o desejo de participação literária dos alunos na convivência
dos planos visuais, a observação atenta de detalhes significativos para com os livros deste gênero.
o sentido da obra e o ritmo de leitura na cadência da contação – por • Uma vez que os livros circulem entre os alunos: o professor-mediador
exemplo, as sequências, pausas e ênfases. pode demonstrar que algumas obras têm uma raiz comum, isto é, nos
oferecem um gênero, modos de alcance às ideias, seja pelo que está
• Para a interpretação do texto, faça o resgate de cenas no contexto li-
impresso nas palavras escritas, seja pelas sensações que imaginamos e
terário, as ênfases descritivas orais com base na leitura visual e motive
projetamos para a leitura.
as crianças na realização do exercício de leitura: tudo conta no proces-
samento interpretativo. Livros de imagem, enfim, também nos colocam em relação com
• Para a valorização da sociabilidade: o livro, uma vez disponível para a o literário, fomentam interações com temas, histórias, acontecimentos,
apreciação, pode provocar e desenvolver tanto a expressividade pessoal abordagens para os fatos e estilos autorais. Ao transmitirem ideias, nos
quanto coletiva dos alunos em meio a outros recursos escolares, além treinam para situações interpretativas e comunicativas, sensações, emoções,
modos de agir e de pensar.
da partilha.
Imagens são feitas do que é sensível e pode ser representável. Nós
• Para a iniciação sígnica: toda imagem vem codificada e desvendá-la somos o MEIO de tradução, e nossos percursos mentais e de sentido para
através da leitura é um desafio instigante que valoriza a observação e desvendar ou ratificar o que as imagens significam num tempo-espaço
as opiniões dos alunos, a bagagem cultural do grupo e a capacidade acompanham necessidades humanas e culturais. Ou seja, ler imagens
associativa/interpretativa das crianças. Diante especificamente do livro é um treino antigo, natural e que sempre nos instigará, porque atrai a
de imagens, o olho reage e também a emoção, assim como a memória, alma, o intelecto e a experiência. Somos leitores de imagem natos. Tal
os sentidos e a racionalidade. exercício é natural ao ser humano e desenvolvê-lo enriquece nossas
• Para a compreensão da estrutura editorial: os leitores devem manusear experiências de convivência e contato com o mundo ao redor.
as obras, de modo a percorrer pelas páginas a lógica de sequenciamento Amigo professor, desejo ótimas oportunidades de mediação de
que cria a estrutura, o conteúdo ou mensagem do livro; assim, os alunos leitura com o acervo 2014. No final deste guia estão ilustrados todos
vão aprendendo a compreender pertencimentos, partes do todo e, neste os livros de imagem selecionados para a Educação Infantil. Vamos lá
processo de leitura, sentimentos e pensamentos simultâneos ocupam abrir as caixas? É hora de se aventurar!
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Referências bibliográficas
AUERBACH, Patricia. O jornal. São Paulo: PORTIS, Antoinette. Não é uma caixa. 2.ed.
QUANDO UMA
Brinque-Book, 2012.
CARDON, Laurent. Calma, camaleão! São Pau-
Trad. Cassiano Elek Machado. São Paulo: Cosac
Naify, 2013. IMAGEM VALE MAIS
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lo: Anglo, 2013.
COELHO, Rogério. O gato e a árvore. 2.ed.
RAMOS, Graça. A imagem nos livros infantis:
caminhos para ler o texto visual. Belo Horizon- QUE MIL PALAVRAS:
te: Autêntica, 2011. Coleção Conversas com o
Curitiba: Ed. Piá, 2013.
COTTIN, Menena. Duplo duplo. Trad. Aron
Professor, II.
RODRIGUEZ, Béatrice. Ladrão de galinhas. São
Livros de Ima gem e
Balmas. Rio de Janeiro: Editora Pallas, 2013.
GENECHTEN, Guido Van. É um gato? São
Paulo: Raposa Vermelha, 2013. História s em Qua drinhos
Paulo: Gaudí Editorial, 2008. Coleção O que
é? O que é?
Sugestões de leitura
PAIVA,Ana Paula Mathias de. Um livro pode ser tudo
no PNBE
MORICONI, Renato; BRENMAN, Ilan. Bo- e nada. [Tese] Belo Horizonte: Universidade Fede-
Vitor Amaro Lacerda 1
cejo. São Paulo: Companhia das Letrinhas, 2012. ral de Minas Gerais, Faculdade de Educação, 2013.
NOLAN, Dennis. Mar de sonhos. 2.ed. Rio de VAN der LINDEN, Sophie. Para ler o livro ilus-
Janeiro: Editora Singular, 2013. trado. São Paulo: Cosac Naify, 2011.

Imagens sempre fizeram parte do universo da literatura infantil. Desde


que, há alguns séculos, este gênero – livros de imagem – se consolidou, as
obras para crianças têm sido, quase sempre, acompanhadas por ilustrações.
Uma longa tradição de artistas ilustradores se dedicou (e ainda se dedica)
à criação de imagens para essas obras, explorando as mais diversas técnicas
e estilos, desde a xilogravura até a pintura digital, passando pelo desenho
a bico-de-pena, pela aquarela, pela colagem etc. Assim, as ilustrações
dos livros infantis têm exercido um fascínio inegável sobre as crianças a
partir do primeiro momento em que estas têm oportunidade de folhear
um exemplar belamente ilustrado. E não são poucos os adultos que se
lembram vividamente de ilustrações vistas na infância, ainda que tenham
se esquecido do livro em si e das histórias que traziam.
No passado, as ilustrações já foram vistas como um recurso para em-
belezar as edições e atrair as crianças para a leitura de obras que editores e
educadores consideravam adequadas para a formação dos jovens leitores.
Como se considerava que a palavra escrita deveria ser central e pautar a
formação dos jovens, as ilustrações eram tidas como um aspecto secun-
dário da obra e os livros ilustrados como leituras inferiores. Muitas vezes,
excelentes artistas produziam ilustrações de ótima qualidade artística, mas
que possuíam a função limitada de apenas reforçar aspectos centrais de uma
obra, seja representando, de forma fragmentada, situações importantes da

Mestre em Estudos Literários pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).


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narrativa ou ajudando a descrever personagens, A valorização do potencial estético e narra- recursos dos quadrinhos. Assim, não há nenhuma característica formal
cenários e situações. Assim, o texto verbal era tivo das ilustrações (e de seu diálogo com o texto que, de imediato, defina que uma obra se trata de um livro de imagem
sempre mais valorizado do que o texto imagético verbal) permitiu ainda a consolidação de outros ou de um livro de história em quadrinhos.
e as ilustrações, por mais belas que fossem, per- gêneros no campo da literatura infantil, como Como buscar um critério para conseguir diferenciar e classificar
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maneciam sempre subordinadas à palavra escrita. os livros de imagem e os livros de história em estas obras foge dos propósitos deste texto; nós vamos nos concentrar
No entanto, do século XIX – quando a quadrinhos. Nestas obras, a narrativa é construída em observar o que é essencial: o fato de que tanto as histórias em qua-
indústria de livros infantis fortemente se con- quase exclusivamente por meio das ilustrações. O drinhos quanto os livros de imagem consistem em narrativas formadas
solidou – até os dias de hoje, a literatura infantil texto verbal não está necessariamente excluído, pela sucessão de imagens que podem ser produzidas pelas mais variadas
passou por intensas transformações, sendo uma mas aqui as imagens ganham uma função de técnicas artísticas.
delas a mudança na função atribuída às ilustra- grande destaque e devem sustentar a narrativa, Assim, um bom caminho para acessar tais gêneros pode ser buscar
ções em uma obra. Diversos autores e artistas evidenciando as situações centrais vivenciadas o entendimento dos elementos da linguagem visual que estas obras
talentosos conseguiram amadurecer e valorizar pelos personagens em um determinado con- compartilham: cor, forma, composição, textura, luz, sombra, traço, linha,
as imagens enquanto parte integrante da pro- texto, mas também deixando entrever detalhes ritmo, enquadramento, iluminação, perspectiva etc. A maneira como
posta estética de suas obras. Ilustradores de obras que ampliem suas possibilidades interpretativas. percebemos estes elementos é comum a várias formas de expressão ar-
infantis ganharam um novo status e, em muitos Livros de imagem e histórias em quadrinhos tística (cinema, teatro, artes visuais, animação, quadrinhos, charges etc.)
casos, passaram eles também a autores, criando constroem suas narrativas a partir da apropriação e o entendimento dos princípios que as regem pode nos preparar para
obras que se enriqueceram esteticamente pelo de elementos das artes visuais, como o desenho, uma leitura imagética mais ampla e que não se restrinja a uma única
diálogo criativo entre textos e imagens. a pintura, a animação, a fotografia etc. Porém, as forma de expressão artística.
Atualmente, as ilustrações já não são mais histórias em quadrinhos desenvolveram recur- Agora, vejamos em alguns exemplos de livros selecionados pelo
pensadas como mero atrativo para as crianças. sos que caracterizam uma linguagem própria PNBE/2014 como cada obra pode explorar estes aspectos para construir
Reconhecendo que a imagem pode oferecer e que estamos acostumados a atribuir-lhes: os suas narrativas.
informações que o texto escrito não contem- balões, as legendas, narrações, o uso gráfico das Na obra Lá vem o homem do saco, de Regina Rennó (2013), temos a
pla, a ilustração ganha outras funções além de onomatopeias, as linhas de ação e movimento história de um forasteiro que chega a uma pequena cidade e percorre suas
simplesmente reforçar aspectos centrais do texto etc. As histórias em quadrinhos também recor- ruas com um saco às costas, enquanto crianças amedrontadas acompanham
verbal. A relação com o texto verbal deixa de rem com maior frequência ao uso da palavra sua passagem de longe, observando-o por frestas e janelas. Para sugerir a
ser de subordinação e pode assumir diversas escrita, sendo que muitas vezes estas histórias aura de suspense e o medo em torno do personagem, as ilustrações quase
facetas: contradição, complementaridade, con- são vistas como uma mistura ou somatória do monocromáticas exploram tons escuros e sombrios.
flito, ironia etc. texto verbal com o texto visual. No entanto,
Dessa forma, as obras infantis podem valori- uma importante peculiaridade das histórias em
zar o papel ativo de cada leitor-criança durante quadrinhos é o tratamento visual que pode ser
a leitura, uma vez que ele se torna responsável, conferido ao texto. O tipo de fonte empregado,
por exemplo, por comparar e estabelecer relações a cor, o tamanho, as variações entre as letras,
entre o texto imagético e o verbal, ainda que essas tudo isso pode ser explorado para configurar a
relações sejam sutis e, às vezes, apenas sugeridas. expressividade de uma página de quadrinhos.
Analisando a obra infantil de Angela Lago, o A diferenciação entre livros de imagens e
pesquisador e professor André Mendes (2007) histórias em quadrinhos nem sempre é nítida.
nos mostra como esta autora e ilustradora explora Felizmente, a produção literária nestes gêneros é
uma proposta estética e literária, em que texto e extensa e bastante diversificada e os bons autores
imagem criam uma relação ambígua e indeter- e artistas não se deixam prender por convenções
minada, concretizada plenamente apenas no ato e classificações. Existem, por exemplo, narra-
da leitura. Com maior liberdade para interpretar tivas de quadrinhos que prescindem do texto
e formular hipóteses, cada leitor percorre um verbal, o que as torna ainda mais próximas dos Ao final da narrativa, quando o personagem finalmente revela a uti-
caminho individual diante de múltiplas possi- livros de imagem. Por outro lado, existem livros lidade do saco que carregava nas costas e surpreende as crianças, o apa-
bilidades significativas. A leitura se torna, assim, de imagem que exploram, em alguma medida, recimento das cores quebra os preconceitos dos personagens, bem como
mais instigante, mais provocativa, mais prazerosa. elementos textuais ou até mesmo recorrem a as expectativas dos leitores. Mais do que simplesmente criar um outro
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visual para a história, a mudança no uso das cores ganha ainda um caráter Atentos às ilustrações percebemos que quase todos os personagens aparecem
simbólico ou metafórico, estando associada à superação da condição de desenhados em traços pretos sobre o fundo branco. Assim, vemos apenas
preconceito das crianças em relação ao homem estranho e misterioso. os contornos de seus corpos. No entanto, o pequeno protagonista aparece
colorido, criando assim um contraste visual de sua forma com o cenário.
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Além da questão das cores, outro aspecto que é valorizado nesta obra é
a perspectiva ou o ponto de vista assumido por um espectador em relação
Além do personagem, apenas alguns outros poucos elementos apa-
a um objeto ou cenário. A perspectiva com que uma cena é representada
recem coloridos e se destacam por suas cores, como o amarelo que
pode colocar o leitor mais próximo da ação e se tornar mais envolvente,
preenche toda a copa da árvore. Por meio deste recurso, o personagem
ou mais fria e distanciada. No caso de Lá vem o homem do saco, algumas
aparece sempre em destaque nas composições e, dessa forma, conduz
imagens colocam o personagem visto de baixo pra cima, o que, além de
nosso olhar a cada página.
enfatizar o cenário de casas e sobrados altos, também funciona para dar
Em um pequeno texto ao final da edição, a autora/ilustradora sugere,
ao “homem do saco” uma aparência sutilmente ameaçadora. Este é um
sutilmente, um certo viés autobiográfico para a narrativa, reforçado pela
artifício muito empregado nas narrativas cinematográficas – quando a
ilustração que acompanha aquela página. Diante desse dado, podemos
câmera é posicionada de baixo pra cima confere a um personagem mais
ler a história também enquanto uma espécie de memória da infân-
imponência e, de cima para baixo, enfatiza fragilidade ou vulnerabilidade.
cia. Passamos a entender que as
grandes áreas em branco em cada
página, além de funcionarem, a
nível sensorial, como importan-
tes áreas de respiro e descanso
visual (determinando o ritmo de
leitura), também apontam para a
incompletude da memória, con-
ferindo à narrativa o aspecto de
uma lembrança longínqua, sendo
a nossa memória incompleta, la-
cunar e, às vezes, formada apenas
por fragmentos de sentimentos e
sensações experimentados em ocasiões específicas do passado.
Na obra A visita, de Lúcia Hiratsuka (2012), também podemos encon- No trabalho com obras para o público infantil, os ilustradores dis-
trar um uso expressivo das cores que favorece a construção da narrativa e põem de uma grande liberdade estilística. A princípio, não existe traço
lhe confere outras possibilidades significativas. Nesta narrativa, uma criança ou estilo que seja mais certo ou adequado para as crianças, embora os
vê a chegada de um estranho na casa de sua família e o observa de longe. traços cartunescos, arredondados e simplificados, sejam mais comumente
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empregados do que o desenho realista. No caso de A visita, o traço solto, ou Lá vem o homem do saco. Já a obra Rapunzel, cabe ao leitor, baseado em sua memória e experi-
levemente impreciso, com o aspecto de um esboço, contribui para tornar de Thais Linhares (2012), segue uma proposta ências concretas anteriores, reconhecer os diversos
tudo um pouco mais fugaz e efêmero, reforçando a interpretação da obra diferente. Trata-se de uma adaptação do con- elementos visuais e completar as lacunas da nar-
pelo viés de uma reminiscência da infância. to popularizado, primeiramente, pelos irmãos rativa. Enquanto o leitor percorre cada fragmento
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Grimm. Como vários outros contos de fada, a da sequência, faz mentalmente a ligação temporal
história da donzela de longas tranças aprisionada e espacial entre eles e, dessa forma, a unidade
em uma torre já foi explorada em incontáveis da história vai sendo construída por sua leitura
versões para o público infantil. Mas esta versão participativa. Como afirma Steve McCloud,“[...]
traz como novidade, justamente, a adaptação entre os quadros acontece uma magia que só o
para um livro de imagem. quadrinho consegue criar” (p. 63). Para que a
As adaptações de textos literários canônicos história seja lida e compreendida, o autor busca
em histórias em quadrinhos e livros de imagem acessar o repertório visual que compartilha com
têm se tornado cada vez mais comuns. Ao con- o leitor. Isso significa que, em cada quadro, ele
trário do que muitas vezes se afirma, a adaptação deve “desenhar” figuras que sejam reconhecíveis
não é uma simples transposição de linguagens, ou identificáveis por aquele que lê sua obra. Para
pois o processo de adaptação é formado por isso, tem que escolher bem os momentos que
uma série de decisões tomadas pelo adaptador, indicam com mais clareza e dramaticidade os
que tem liberdade para, por exemplo, modificar movimentos, atitudes e ações dos personagens.
É de se ressaltar também as composições desta obra, simples e leves,
o contexto histórico da obra original, excluir Nas páginas 8 e 9 de Rapunzel, por exemplo,
mas bem elaboradas e consonantes com sua proposta estética. Na única
determinados trechos ou personagens e enfatizar as imagens narram o crescimento e o amadure-
página totalmente preenchida e que não deixa espaços para o branco, a
aspectos dramáticos tidos como secundários. cimento da protagonista, desde o nascimento em
narrativa nos prepara para um momento decisivo, quando ocorre uma
Neste caso – obra Rapunzel –, a adaptação uma família de camponeses até a idade adulta.
pequena reviravolta na percepção que o protagonista tem em relação a
condensou uma narrativa fantástica que se estende Várias versões da personagem são colocadas lado
outro personagem. Nesse momento, a composição enfatiza seu rosto e
por vários anos em algumas poucas imagens, sem a lado desempenhando atividades solitárias. Ao
sua expressão facial. O preenchimento completo das duas páginas e a
perder seu efeito dramático original. Para ofere- fundo, as janelas da torre mostram, ainda que
proximidade do leitor em relação ao personagem permitem ao leitor
cer uma nova visão de uma história já bastante com menor destaque, o sol e a lua, sugerindo
compartilhar com o personagem o impacto daquele momento, em que
conhecida, o uso expressivo da linguagem dos sutilmente a passagem do tempo ao longo dos
algo extraordinário estaria sendo revelado aos seus olhos.
quadrinhos em alguns momentos foi fundamental, anos. Em cada momento, o cabelo de Rapunzel
já que permitiu mobilizar o poder de síntese da se encontra mais comprido. Assim, em apenas
imagem tão bem apropriado por esta arte. duas páginas e alguns poucos desenhos, a narra-
Nas histórias em quadrinhos, encontramos tiva nos fornece a dimensão de uma vida passada
um fragmento da narrativa em cada quadrinho e em confinamento.

Quase sempre os livros de imagem, comumente voltados para crian-


ças mais novas, apresentam narrativas simples e curtas. Estas narrativas
são condensadas em um período curto de tempo e, em geral, lidam
com um conflito simples e localizado, como podemos ver em A visita
68 69

Seguindo essa mesma lógica, o estado de espírito e os sentimentos as imagens enquanto um recurso expressivo e narrativo. Nas páginas 14/15
vivenciados pelos personagens devem ser sugeridos por meio de suas e 16/17, as imagens em composições semelhantes enfatizam as diferenças
expressões faciais e corporais. Baseado em sua experiência de vida e em entre cada momento, bem como as relações distintas que Rapunzel esta-
sua memória, o leitor reconhece as poses e os gestos dos personagens e belece com o cavaleiro e com a bruxa, sua antagonista na história.
Categorias 1 e 2 . Educação infantil

Categorias 1 e 2 . Educação infantil


consegue atribuir significado a eles. Nas páginas 28 e 29, por exemplo,
o enquadramento nos aproxima muito dos personagens e podemos ver
com detalhes e bastante proximidade suas expressões faciais, o que coloca
em destaque a emoção do reencontro experimentada pelos personagens.

Curiosamente, a composição horizontal da edição diverge da forma


geométrica evocada pelo principal cenário da trama, a torre vertical no
alto da qual se encontra confinada Rapunzel. No entanto, explorado dessa
forma, o projeto gráfico possibilitou enfatizar a dramaticidade da narrativa
quando ela se encontra apresentada de forma a prescindir do uso da palavra
escrita. Privilegiando, quase sempre, composições que se estendem por duas
páginas, Rapunzel também recorre ao jogo de semelhança e contraste entre

Como podemos ver, diversos elementos e recursos contribuem para


conformar – nos exemplos supracitados – uma narrativa de caráter ima-
gético. As diversas características de cada ilustração ou quadrinho confi-
guram um contexto para as ações dos personagens, sendo interpretadas
pelo leitor e associadas entre si. Além disso, ao menos nos bons livros de
imagem e de história em quadrinhos, nada é deixado ao acaso e os bons
autores e artistas sabem aproveitar cada detalhe e cada elemento visual
de suas páginas em prol da história que pretendem contar.
Assim, um rápido olhar para algumas das obras selecionadas pelo
PNBE 2014 pode nos indicar que os livros de imagem e as histórias em
quadrinhos podem apresentar uma grande complexidade. Percorrendo
estas narrativas por imagem, o leitor lida com uma infinidade de infor-
mações visuais e, além de decifrá-las, estabelece relações entre elas.
70

Nesse sentido, o olhar e a sensibilidade para Uma sequência particularmente interessante


a imagem podem ser exercitados e desenvolvidos. para uma atividade como essa é a do crescimento
Diferentemente do que pensamos em relação à da personagem Rapunzel, mencionada acima. Os
leitura e à escrita, nem sempre levamos em conta diversos objetos com que ela lida a cada momen-
Categorias 1 e 2 . Educação infantil

que a leitura que fazemos das imagens também to, representados nas imagens, podem ser proble-
deve ser aprendida e exercitada para que possamos matizados pelos leitores e justificados, levando
fruir e apreciar, de forma crítica e ativa, grandes em conta o contexto geral da cena e a idade da
obras de arte, sejam elas pinturas, grafites, filmes, personagem em cada momento. Se for necessário,
livros de imagem ou histórias em quadrinhos. pode-se ajudar as crianças a identificarem os ele-
No entanto, se devemos buscar compreender mentos visuais que indicam a passagem do tem-
os princípios e elementos básicos que regem a po, ou ainda os elementos que indicam como a
conformação destas imagens, devemos evitar o personagem mantém suas lembranças de infância
estímulo a uma leitura fria e mecânica que busque e sua ligação com o campo. Por fim, não menos
estritamente decodificar e definir cada elemento, interessante é identificar os objetos estranhos ao
sem perceber suas interações. É importante que contexto dos contos de fada (como o guarda-pó
uma etapa mais analítica não determine uma úni- e os instrumentos de laboratório), deixando as
crianças livres para imaginarem explicações para
Obras selecionadas
ca intepretação da história e dos elementos visuais

PNBE
que a compõem. Acima de tudo, é importante a presença destes elementos na cena.
respeitar e manter as ambiguidades assim como as
aberturas do discurso visual, preservando o espaço Referências bibliográficas
para uma leitura ativa e participativa. HIRATSUKA, Lúcia. A visita. São Paulo: Farol
Se, como diz o provérbio, uma imagem vale Literário, 2012.

2014
mais do que mil palavras, devemos sensibilizar MENDES, André. O amor e o diabo em Angela
nossos jovens leitores – e leitores iniciantes – Lago: a complexidade do objeto artístico. Belo Ho-
para que estes possam efetivamente se apropriar rizonte: UFMG, 2007.
e construir sentido para as imagens que con- McCLOUD, Scott. Desvendandos os quadrinhos.
templam, sem perder de vista o prazer que elas São Paulo: M. Books do Brasil, 2005.
podem nos proporcionar.
LINHARES,Thaís. Rapunzel. São Paulo: Mun-
do Mirim, 2012.
Sugestão de atividade
RENNÓ, Regina. Lá vem o homem do saco. Porto
Um recurso que funciona bem com as Alegre: EdiPUCRS, 2013.
crianças menores, especialmente de 3 a 5 anos,
é conferir-lhes o papel de narrador a partir Sugestões de leitura
da observação das imagens. A eficácia pode
R, Will. Quadrinhos e arte sequencial. São Paulo:
ser maior se o professor ou mediador iniciar a
Martins Fontes, 2001.
narração e introduzir o cenário e os persona-
gens, deixando que a criança assuma o papel CAMARGO, Luís. Ilustração do livro infantil. Belo
de contador. Diante de algumas informações Horizonte: Lê, 1995.
que a criança interpreta a partir das imagens HUNT, Peter. (Org.) Children’s literature: an
e apresenta aos adultos, pode-se pedir à crian- illustrated history. Oxford/New York: Oxford
ça que justifique as informações, ajudando-a a University Press, 1995.
elaborar melhor as próprias descobertas. Nesse MOYA, Álvaro de (org.). Shazam! 2.ed. São
sentido, é importante saber valorizar respostas Paulo: Perspectiva, 1972.
inusitadas e inesperadas, evitando impor uma SRBEK, Wellington. Um mundo em quadrinhos.
única interpretação sobre a narrativa. João Pessoa: Marca de Fantasia, 2005.
72 73

Categoria 1 . Educação Infantil . 0 a 3 anos . Acer vo 1 Categoria 1 . Educação Infantil . 0 a 3 anos . Acer vo 1

ERA UMA VEZ TRÊS VELHI- CACHINHOS DE OURO HUM, QUE GOSTOSO! MEU CORAÇÃO
NHAS... É UM ZOOLÓGICO
Texto (adaptação): Texto: Sonia Junqueira
Texto: Anna Claudia Ramos Ana Maria Machado Ilustrações: Texto e ilustrações: Michael Hall
Ilustrações: Ilustrações: Ellen Pestili Mariângela Haddad Editora: Paz e Terra
Alexandre Rampazzo Editora: Editora FTD Editora: Autêntica Categoria: Textos em verso
Editora:Editora Globo Categoria: Textos em prosa Categoria: Textos em prosa
Categoria: Textos em prosa

O PATINHO FEIO É um ratinho? Quando os Tam-Tans SAMBA LELÊ


Texto e ilustrações: fazem tum-tum
Texto (adaptação): Texto: Andreia Moroni
Roberto Piumini Guido van Genechten Texto e ilustrações: Ivan Zigg
Ilustrações:
Ilustrações: Editora: Gaudí Editorial Editora: Nova Fronteira Brena Milito Polettini
Barbara Nascimbeni Categoria: Livros de Categoria: Livros de Editora: Carochinha
Editora: Editora Positivo narrativas por imagens narrativas por imagens
Categoria: Textos em verso
Categoria: Textos em prosa

PIPOCA, UM CARNEIRINHO PAI, NÃO FUI EU!


Eu vi!
UM ELEFANTE E UM TAMBOR Texto: Ilan Brenman
Texto e ilustrações: SE BALANÇA...
Texto: Graziela Bozano Hetzel Ilustrações:
Fernando Vilela
Texto e ilustrações: Ilustrações: Elma AnnaLaura Cantone
Editora: Escarlate Marianne Dubuc
Editora: DCL Editora: All Books
Categoria: Textos em prosa Editora: DCL
Categoria: Textos em verso Categoria: Textos em prosa
Categoria: Textos em prosa

QUEM É ELA? Douglas quer Vira Bicho!


DIA DE SOL
um abraço Texto: Luciano Trigo
Texto: Eliane Pimenta Texto e ilustrações:
Ilustrações: Ionit Zilberman Renato Moriconi Texto e ilustrações: Ilustrações: Mariana Massarani
David Melling Editora: Versus
Editora: Brinque-Book Editora: Jujuba
Editora: Salamandra Categoria: Textos em verso
Categoria: Textos em prosa Categoria: Textos em prosa
Categoria: Livros de
narrativas por imagens

O BEBÊ DA O SACO Longe-Perto O MINHOCO APAIXONADO


CABEÇA AOS PÉS Texto:
Texto e ilustrações: Ivan Zigg Texto: Alessandra
Texto: Victoria Adler Marcello Araujo Vera Lúcia Dias Pontes Roscoe
Ilustrações: Hiroe Nakata Editora: Duetto Ilustrações: Ilustrações:
Editora: Editora Globo Categoria: Textos em prosa Romont Willy Luciana Fernández
Categoria: Textos em prosa Editora: Editora Elementar Editora: Editora Canguru
Categoria: Textos em prosa Categoria: Textos em verso
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Categoria 1 . Educação Infantil . 0 a 3 anos . Acer vo 1 Categoria 1 . Educação Infantil . 0 a 3 anos . Acer vo 2

Aperte aqui Asa de papel O GRANDE RABANETE CADÊ O SOL?

Texto e ilustrações: Texto e ilustrações: Texto: Tatiana Belinky Texto: Vera Lúcia Dias
Hervé Tullet Marcelo Xavier Ilustrações: Claudius Ilustrações: Romont Willy
Editora: Editora Ática Editora: Livraria Saraiva Editora: Moderna Editora: MMM
Categoria: Textos em prosa Categoria: Textos em prosa Categoria: Textos em prosa Categoria: Textos em prosa

NO MUNDO Ida e volta


DO FAZ DE CONTA Texto e iustrações: O MENINO E O PEIXINHO O CROCODILO
Texto e ilustrações: Fê Juarez Machado E O DENTISTA
Texto: Sonia Junqueira
Editora: Paulinas Editora: Edigraf Ltda.
Ilustrações: Texto e iustrações:
Categoria: Textos em prosa Categoria: Livros de Taro Gomi
Mariângela Haddad
narrativas por imagens
Editora: Autêntica Editora: Berlendis &
Verteccchia Editores
Categoria: Livros de
narrativas por imagens Categoria: Textos em prosa
TEM BICHO QUE SABE...
Texto e iustrações: Toni e Laíse
Editora: Bamboozinho Gino girino coco Louco
Categoria: Textos em prosa Texto: Theo de Oliveira e Milton Texto: Gustavo Luiz
Celio de Oliveira Filho Ilustrações: Mig
Ilustrações: Alexandre Alves Editora:
e Ronaldo lopes Melhoramentos Livrarias
Editora: Editora Globo Categoria: Textos em prosa
Categoria 1 . Educação Infantil . 0 a 3 anos . Acer vo 2 Categoria: Textos em prosa

É UM GATO? BORBOLETINHA UM SOM... ANIMAL! O BALDE DAS CHUPETAS


Texto e ilustrações: Texto: Andreia Moroni ANIMAIS DO
Texto: Bia Hetzel
Guido van Genechten NOSSO ENTORNO
Ilustrações: Daniela Galanti Ilustrações:
Editora: Gaudí Editorial Editora: Carochinha Texto e ilustrações: Mariana Massarani
Categoria: Livros de Lô Carvalho
Categoria: Textos em verso Editora: Manati
narrativas por imagens Editora: Bamboozinho
Categoria: Textos em prosa
Categoria: Textos em prosa

Eu te disse
O BOSQUE ENCANTADO
Texto e ilustrações: Taro Gomi QUE BICHO SERÁ maria que ria
Texto: Ignacio Sanz QUE BOTOU O OVO?
Editora: Berlendis & Texto e ilustrações: Rosinha
Verteccchia Editores Ilustrações: Noemí Villamuza
Texto: Angelo Machado Editora: Araguaia
Categoria: Textos em prosa Editora: Macmillan
Ilustrações: Roger Mello Categoria: Livros de
Categoria: Textos em verso
Editora: Edigraf Participações narrativas por imagens
Categoria: Textos em prosa
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Categoria 1 . Educação Infantil . 0 a 3 anos . Acer vo 2 Categoria 1 . Educação Infantil . 0 a 3 anos . Acer vo 2

BRANCA DE NEVE
DUAS FESTAS DE CIRANDA O GUERREIRO
Texto: Jacob Grimm e Wilhelm Grimm
Texto: Fábio Sombra Texto: Mary França
Adaptação: Laurence Bourguignon
e Sérgio Penna Ilustrações: Eliardo França
Iludstrações: Quentin Gréban
Ilustrações: Fábio Sombra Editora: Mary e Eliardo Editora
Editora: Comboio de Corda
Editora: Zit Editora Categoria: Textos em verso
Categoria: Textos em prosa
Categoria: Textos em verso

Categoria 2 . Educação Infantil. 4 e 5 anos . Acer vo 1


MENINOS DE VERDADE ANTON E AS MENINAS
Texto e ilustrações: Texto e ilustrações:
Manuela Olten Ole Könnecke Você e eu Já pra cama, monstri-
Editora: Saber e Ler Editora: WMF Martins Fontes Texto e ilustrações: nho!
Categoria: Textos em prosa Categoria: Textos em prosa Maggie Maino Texto e ilustrações:
Editora: Livros da Matriz Mario Ramos
Categoria: Livros de Ima- Editora: Berlendis &
gens e Livros de Histórias Verteccchia Editores
em Quadrinhos Categoria: Textos em prosa
O JORNAL SAPO COMILÃO
Texto e ilustrações: Texto: Stela Barbieri
Patrícia Bastos Auerbach QUEM QUER SERÁ MESMO
Ilustrações: Fernando Vilela
BRINCAR COMIGO? QUE É BICHO?
Editora: Brinque-Book Editora: DCL
Categoria: Livros de Texto: Tino Freitas Texto: Angelo Machado
Categoria: Textos em prosa
narrativas por imagens Ilustrações: Ivan Zigg Ilustrações: Roger Mello
Editora: Abacatte Editora: Edigraf Ltda.
Categoria: Textos em prosa Categoria: Textos em prosa

UM TANTO PERDIDA BOCEJO


LADRÃO DE GALINHAS CALMA, CAMALEÃO!
Texto e ilustrações: Texto: Ilan Brenman
Chris Haughton Ilustrações: Renato Moriconi Texto e ilustrações: Texto e ilustrações:
Editora: Abril Educação Béatrice Rodriguez Laurent Cardon
Editora: Cia. das Letrinhas
Categoria: Textos em prosa Editora: Livros da Editora: Anglo
Categoria: Livros de
Raposa Vermelha Categoria: Livros de
narrativas por imagens
Categoria: Livros de narrativas por imagens
narrativas por imagens

A CASA DO BODE QUEM SOLTOU O PUM? UM+UM+UM+TODOS AUAU MIAU PIU-PIU


E DA ONÇA Texto e ilustrações: Texto e ilustrações:
Texto: Blandina Franco
Texto e ilustrações: Anna Göbel Cécile Boyer
Ilustrações: José Carlos Lollo
Angela Lago Editora: Gutenberg Editora: Berlendis &
Editora: Claro Enigma
Editora: Lendo e Aprendendo Categoria: Livros de Verteccchia Editores
Categoria: Textos em prosa
Categoria: Textos em prosa narrativas por imagens Categoria: Textos em prosa
78 79

Categoria 2 . Educação Infantil. 4 e 5 anos . Acer vo 1 Categoria 2 . Educação Infantil. 4 e 5 anos . Acer vo 1

DUPLO DUPLO NÃO VOU DORMIR A PRINCESA MARIBEL MAS QUE MULA!
Texto e ilustrações: Texto: Christiane Gribel Texto: Patacrúa Texto e ilustrações:
Menena Cottin Ilustrações: Orlando Ilustrações: Javier Solchaga Martina Schreiner
Editora: Pallas Editora: Gaudí Editorial Editora: Editora Positivo Editora: Editora Cata Sonho
Categoria: Livros com Categoria: Textos em prosa Categoria: Textos em prosa Categoria: Textos em verso
narrativa de palavras-chave

UM GATO MARINHEIRO QUERO UM BICHO


RATINHOS HISTÓRIAS ESCONDIDAS DE ESTIMAÇÃO
Texto: Roseana Murray
Texto: Texto e ilustrações: Texto e ilustrações:
Ilustrações:
Ronaldo Simões Coelho Odilon Moraes Lauren Child
Elisabeth Teixeira
Ilustrações: Editora: Hedra Editora: Editora Reviravolta
Editora: Universo
Humberto Guimarães Categoria: Textos em verso
Categoria: Textos em prosa Categoria: Textos em prosa
Editora: Editora Reviravolta
Categoria: Textos em verso
TEM DE TUDO NESTA RUA... ABRAÇO APERTADO

NÃO É UMA CAIXA JEREMIAS DESENHA Texto e ilustrações: Texto: Celso Sisto
UM MONSTRO Marcelo Xavier Ilustrações:
Texto e ilustrações:
Editora: Editora Saraiva Elisabeth Teixeira
Antoinette Portis Texto e ilustrações:
Peter McCarty Categoria: Textos em verso Editora: Piá
Editora: CosacNaify
Editora: Editora Globo Categoria: Textos em prosa
Categoria: Livros com
narrativa de palavras-chave Categoria: Textos em prosa

DE QUE COR É O VENTO?


Texto e ilustrações:
MÃENHÊ! O GATO E A ÁRVORE Anne Herbauts
Texto: Ilan Brenman Texto e ilustrações: Editora: FTD
Ilustrações: Rogério Coelho Categoria: Textos em prosa
Guilherme Karsten Editora: Piá
Editora: Escarlate Categoria: Livros de
Categoria: Textos em prosa narrativas por imagens

Categoria 2 . Educação Infantil. 4 e 5 anos . Acer vo 2


MINHOCAS COMEM
QUEM TEM MEDO
AMENDOINS COMO COÇA! A VELHOTA
DE MONSTRO?
Texto e ilustrações: Elisa Géhin Texto e ilustrações: CAMBALHOTA
Texto: Ruth Rocha
Editora: Pequena Zahar Lucie Albon Texto: Sylvia Orthof
Ilustrações:
Categoria: Livros de Editora: Melhoramentos Ilustrações: Tato
Mariana Massarani
narrativas por imagens Categoria: Livros com Editora: Lê
Editora: Richmond
narrativa de palavras-chave Categoria: Textos em prosa
Categoria: Textos em verso
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Categoria 2 . Educação Infantil. 4 e 5 anos . Acer vo 2 Categoria 2 . Educação Infantil. 4 e 5 anos . Acer vo 2

NÃO! A VISITA
MAR DE SONHOS SETE PATINHOS
NA LAGOA Texto e iustrações: Texto e iustrações:
Texto e ilustrações:
Marta Altés Lúcia Hiratsuka
Dennis Nolan Texto: Caio Riter
Editora: Escarlate Editora: Farol Literário
Editora: Singular Ilustrações: Laurent Cardon
Categoria: Textos em prosa Categoria: Livros de
Categoria: Livros de Editora: Biruta
Imagens e Livros de
narrativas por imagens Categoria: Textos em verso Histórias em Quadrinhos

MISTURICHOS HISTÓRIA EM 3 ATOS VOA PIPA, VOA PARLENDAS


PARA BRINCAR
Texto: Beatriz Carvalho Texto: Bartolomeu Campos Texto e ilustrações:
Regina Rennó Texto: Josca Ailine Baroukh e
Ilustrações: Renata Bueno de Queirós
Lucila Silva de Almeida
Editora: WMF Martins Fontes Ilustrações: André Neves Editora: Lê
Ilustrações: Camila Sampaio
Categoria: Textos em prosa Editora: Global Editora Categoria: Livros de
narrativas por imagens Editora: Araguaia
Categoria: Textos em verso
Categoria: Textos em verso

COMO SURGIRAM O NOIVO DA RATINHA


CURUPIRA, COACH! OS VAGA-LUMES
Texto e ilustrações:
BRINCA COMIGO Texto: Stela Barbieri Lúcia Hiratsuka
Texto: Rodrigo Folgueira
Texto: Lô Carvalho Ilustrações: Poly Bernatene Ilustrações: Fernando Vilela Editora: Araguaia
Ilustrações: Susana Rodrigues Editora: EdiPUCRS Editora: Editora Scipione Categoria: Livros de
Editora: Bamboozinho Categoria: Textos em prosa Categoria: Textos em prosa narrativas por imagens
Categoria: Textos em prosa

GABRIEL TEM NERINA: A OVELHA NEGRA


ALÔ, MAMÃE! CHAPÉU 99 CENTÍMETROS
Texto e ilustrações:
ALÔ, PAPAI! Texto: Annette Huber Michele Iacocca
Texto e ilustrações:
Texto: Alice Horn Paul Hoppe Ilustrações: Manuela Olten Editora: Editora Ática
Ilustrações: Editora: Brinque-Book Editora: Saber e Ler Categoria: Livros de
Joëlle Tourlonias Categoria: Textos em prosa Categoria: Textos em prosa narrativas por imagens
Editora: Champagnat Edito-
ra PUCPR
Categoria: Textos em prosa
RAPUNZEL LÁ VEM O HOMEM
DOIS GATOS PONTO Texto: Jacob Grimm DO SACO
FAZENDO HORA e Wilhelm Grimm Texto e ilustrações:
Texto e ilustrações:
Texto: Guilherme Mansur Patricia Intriago Adaptação e ilustrações: Regina Rennó
Ilustrações: Sônia Magalhães Editora: Duetto Thais Linhares Editora: EdiPUCRIO
Editora: SESI-SP Editora Categoria: Textos em prosa Editora: Mundo Mirim Categoria: Livros de
Categoria: Textos em verso Categoria: Livros de Imagens e Livros de
Imagens e Livros de Histórias em Quadrinhos
Histórias em Quadrinhos
82 83

Categoria 2 . Educação Infantil. 4 e 5 anos . Acer vo 2 Categoria 3 . Anos iniciais do Ensino Fundamental . Acer vo 1

TOM E O DENTE AINDA DOÍA O LAÇO COR DE ROSA CHÁ DE SUMIÇO E


Texto e ilustrações: Texto e ilustrações: OUTROS POEMAS
Texto: Carlos Heitor Cony
André Neves Ana Terra ASSOMBRADOS
Ilustrações: Cláudio Duarte
Editora: Projeto Editora Editora: DCL Texto: André Ricardo Aguiar
Editora: Sociedade Literária
Categoria: Textos em prosa Categoria: Textos em verso Ilustrações: Luyse Costa
Categoria: Textos em prosa
Editora: Gutenberg
Categoria: Textos em verso

RINOCERONTES NÃO
COMEM PANQUECAS
A BRUXA E O VAI E VEM
Texto: Anna Kemp ESPANTALHO
Texto e ilustrações:
Ilustrações: Sara Ogilvie Texto e ilustrações: Laurent Cardon
Editora: Paz & Terra Gabriel Pacheco Editora: Gaivota
Categoria: Textos em prosa Editora: Jujuba Categoria: Livros de
Categoria: Livros de Imagens e Livros de
narrativas por imagens Histórias em Quadrinhos

Categoria 3 . Anos iniciais do Ensino Fundamental . Acer vo 1


MESTRE GATO JOÃOZINHO E MARIA
E COMADRE ONÇA
O GARIMPEIRO DO O SACI EPAMINONDAS Adaptação: Cristina Agostinho
RIO DAS GARÇAS Texto e ilustrações: e Ronaldo Simões Coelho
Texto: Alan Oliveira
Carolina Cunha Ilustrações:
Texto: Monteiro Lobato Ilustrações: Daniel Araujo
Editora: Edições SM Walter Lara
Ilustrações: Guazelli Editora: Editora Gaivotaivota
Categoria: Textos em prosa Editora: Mazza Edições
Editora: Globo Kids Categoria: Textos em prosa
Categoria: Textos em prosa
Categoria: Textos em prosa

111 POEMAS TRÊS FÁBULAS DE ESOPO A MENOR ILHA CARVOEIRINHOS


PARA CRIANÇAS DO MUNDO
Texto: Paulo Garfunkel Texto e ilustrações:
Texto: Sergio Capparelli Texto: Tatiana Filinto Roger Mello
Ilustrações: Sanzio Marden
Ilustrações: Ana Gruszynski Ilustrações: Editora: Cia. das Letrinhas
Editora: Carochinha
Graziella Mattar Categoria: Textos em prosa
Editora: L&PM Editores Categoria: Textos em verso
Editora: Grão Editora
Categoria: Textos em verso
Categoria: Textos em prosa

O MENINO QUE SAPO IVAN E O BOLO A VELHINHA PEQUENO REI


MORAVA NO LIVRO E O PORCO E O PARQUE REAL
Texto e ilustrações:
Texto: Henrique Sitchin Henfil Texto e ilustrações: Texto: Jose Roberto Torero
Ilustrações: Alexandre Rampazo Editora: Ediouro Rosinha Ilustrações:
Editora: Guia dos Publicações Passatempos Editora: Editora do Brasil Vinicius Vogel
Curiosos Comunicações e Multimídia Categoria: Textos em prosa Editora: Fontanar
Categoria: Textos em prosa Categoria: Textos em prosa Categoria: Textos em prosa
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Categoria 3 . Anos iniciais do Ensino Fundamental . Acer vo 1 Categoria 3 . Anos iniciais do Ensino Fundamental . Acer vo 2

HISTÓRIAS DA CAROLINA OS OITO PARES DE SAPA- OTOLINA E A CHAPEUZINHO AMARELO


A MENINA SONHADORA QUE TOS DE CINDERELA GATA AMARELA
Texto: Chico Buarque
QUER MUDAR O MUNDO
Texto: Jose Roberto Torero Texto e ilustrações: Ilustrações: Ziraldo
Texto e ilustrações: Ziraldo e Marcus Aurelius Pimenta Chris Riddell
Editora: José Olympio Editora
Editora: Globo Livros Ilustrações: Raul Fernandes Editora: Galera Record
Categoria: Textos em verso
Categoria: Livros de Editora: Alfaguara Categoria: Textos em prosa
Imagens e Livros de Categoria: Textos em prosa
Histórias em Quadrinhos

OU ISTO OU AQUILO O GATO MASSAMÊ E


LILI INVENTA O MUNDO A MENINA E O CÉU
AQUILO QUE ELE VÊ
Texto: Cecília Meireles
Texto: Mario Quintana Texto: Leo Cunha
Ilustrações: Odilon Moraes Texto: Ana Maria Machado
Ilustrações: Suppa Ilustrações: Cris Eich Ilustrações: Jean-Claude
Editora: Global Editora
Editora: Gaudí Editorial Editora: Champagnat Eduto- Ramos Alphen
Categoria: Textos em verso
Categoria: Textos em verso ra PUCPR Editora: Editora Ática
Categoria: Textos em verso Categoria: Textos em prosa

A ÁRVORE QUE PENSAVA MULA SEM CABEçA E OU-


QUERO MEU PEDRO NOITE
Texto: Oswaldo França Junior TRAS HISTóRIAS
CHAPéU DE VOLTA
Texto: Caio Riter
Ilustrações: Ângela Lago Texto: Sylvia Orthof
Texto e ilustrações: Ilustrações: Mateus Rios
Jon Klassen Editora: Edigraf Ltda. Ilustrações: Ana Terra
Editora: Editora Biruta
Editora: Martins Fontes Categoria: Textos em prosa Editora: Florescer
Categoria: Textos em prosa
Categoria: Textos em prosa Categoria: Textos em verso

E A MOSCA O SEGREDO DE RIGOBER-


O ANIVERSÁRIO QUANDO O LOBO
FOI PRO ESPAÇO TA
DO DINOSSAURO TEM FOME
Texto e ilustrações: Texto: Raquel Marta Barthe
Texto: Índigo Texto:
Renato Moriconi Ilustrações: Leticia Asprón
Ilustrações: Elma Christine Naumann-Villemin
Editora: Escala Educacional Editora: Biruta
Editora: Dedo de Prosa Ilustrações: Kris Di Giacomo
Categoria: Livros de Categoria: Textos em prosa
Categoria: Textos em prosa Editora: Berlendis &
Imagens e Livros de
Verteccchia Editores
Histórias em Quadrinhos
Categoria: Textos em prosa
A MULHER QUE
VIROU URUTAU PSSSSSSSSSSSSSIU! COM A NOITE
VEIO O SONO
Texto: Olívio Jekupe Texto: Silvana Tavano
e Maria Kerexu Ilustrações: Daniel Kondo Texto: Lia Minápoty
Ilustrações: Taisa Borges Editora: Callis Ilustrações: Maurício Negro
Editora: Guia dos Categoria: Textos em prosa Editora: IMP
Curiosos Comunicações Categoria: Textos em prosa
Categoria: Textos em prosa
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Categoria 3 . Anos iniciais do Ensino Fundamental . Acer vo 2 Categoria 3 . Anos iniciais do Ensino Fundamental . Acer vo 2

CONTOS DE PRINCESAs TRUDI E KIKI


A FOME DO LOBO A OVELHA NEGRA
DA RITA Texto: Wendy Jones Texto e ilustrações:
Texto: Cláudia Maria Eva Furnari
Ilustrações: Su Blackwell
de Vasconcellos Texto e ilustrações:
Editora: WMF Martins Fontes Editora: Moderna
Ilustrações: Odilon Moraes Silvana de Menezes
Categoria: Textos em prosa Categoria: Textos em prosa
Editora: Iluminuras Editora: MMM Edições
Categoria: Textos em prosa Categoria: Livros de
narrativas por imagens UM FIO DE AMIZADE IRMÃ-ESTRELA
Texto e ilustrações: Texto: Alain Mabanckou
CULTURA RINDO ESCONDIDO Marilia Pirillo Ilustrações: Judith Gueyfier
Texto: Arnaldo Antunes Texto e ilustrações: Editora: Lafonte Junior Editora: Champagnat Edito-
Ilustrações: Thiago Lopes João Proteti Categoria: Livros de ra PUCPR
Editora: Iluminuras Editora: Papirus narrativas por imagens Categoria: Textos em prosa
Categoria: Textos em prosa Categoria: Textos em verso
CHARLES NA ESCOLA DE DRAGÕES
Texto: Alex Cousseau
Ilustrações: Philippe-Henri Turin

O VELHO, O MENINO ARCO-ÍRIS TEM MAPA? Editora: Associação


E O BURRO Paranaense de Cultura
Texto: Vivina de Assis Viana
Categoria: Textos em prosa
Texto: Monica Stahel Ilustrações: Marilda Castanha
Ilustrações: Laura Michell Editora: Editora Scipione
Editora: WMF Martins Fontes Categoria 3 . Anos iniciais do Ensino Fundamental . Acer vo 3
Categoria: Textos em prosa
Categoria: Textos em prosa
OS PÁSSAROS ALFABETO ESCALAFOBÉTICO
Texto e ilustraçlões: Albertine Texto: Claudio Fragata
Zullo e Germano Zullo Ilustrações: Raquel Matsushita
COELHO MAU 20.000 LÉGUAS
Editora: Editora 34 Editora: Jujuba
SUBMARINAS
Texto: Jeanne Willis Categoria: Livros de Imagens e
EM QUADRINHOS Categoria: Textos em verso
Ilustrações: Tony Ross Livros de Histórias em Quadrinhos
Texto: João Marcos
Editora: Anglo
Ilustrações: Will LIMERIQUES DO BÍPEDE BICHOS DO LIXO
Categoria: Textos em prosa
Editora: Nemo APAIXONADO
Texto e ilustrações:
Categoria: Livros de Imagens e Texto: Tatiana Belinky Ferreira Gullar
Livros de Histórias em Quadrinhos Ilustrações: Andrés Sandoval Editora: Casa da Palavra
Editora: Editora 34 Categoria: Textos em verso
VOU ALI E VOLTO JÁ JARDIM DE VERSOS Categoria: Textos em verso
Texto: Angela Carneiro, Texto: Robert Louis Stevenson
MEU REINO CENA DE RUA
Lia Neiva e Sylvia Orthof Ilustrações: Marilia Pirillo
Ilustrações: Elisabeth Teixeira, Ma- Texto e ilustrações: Kitty Crowther Texto e ilustrações:
Editora: FTD
riana Massarani e Roger Mello Editora: CosacNaify Laurent Cardon
Categoria: Textos em verso
Editora: Vida Melhor Categoria: Textos em prosa Editora: Gaivota
Categoria: Textos em prosa Categoria: Livros de Imagens e
Livros de Histórias em Quadrinhos
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Categoria 3 . Anos iniciais do Ensino Fundamental . Acer vo 3 Categoria 3 . Anos iniciais do Ensino Fundamental . Acer vo 3

CERTOS DIAS ERA UMA VEZ ESTóRIAS DE JABUTI KARU TARU -


Texto e ilustrações: Texto: María Teresa Andruetto O PEQUENO PAJÉ
Texto: Marion Villas Boas
María Wernicke Ilustrações: Claudia Legnazzi Texto: Daniel Munduruku
Ilustrações: Marcelo Pimentel
Editora: Casa Amarelinha Editora: Gutenberg Ilustrações: Marilda Castanha
Editora: Florescer
Categoria: Livros de Categoria: Textos em prosa Editora: Edelbra
Categoria: Textos em prosa
Imagens e Livros de
Categoria: Textos em prosa
Histórias em Quadrinhos

UM MENINO E UM URSO CADÊ O SUPER-HERÓI?


EM UM BARCO HISTÓRIAS DE CANTIGAS CARMELA VAI À ESCOLA
Texto: Walcyr Carrasco
Texto e ilustrações: Ilustrações: Jefferson Ferreira Organização: Celso Sisto Texto: Adélia Prado
Dave Shelton Ilustrações: Claudia Cascarelli Ilustrações: Elisabeth Teixeira
Editora: Altea
Editora: Bertrand Brasil Editora: Cortez Editora Editora: Cameron
Categoria: Textos em prosa
Categoria: Textos em prosa Categoria: Textos em prosa Categoria: Textos em prosa

CARTA ERRANTE, UMA ESTÁTUA DIFERENTE


AVÓ ATRAPALHADA, Texto: Charlotte Bellière
OS INVISÍVEIS COBRAS E LAGARTOS
MENINA ANIVERSARIANTE Texto: Tino Freitas Texto: Wania Amarante
Ilustrações: Ian De Haes
Texto: Mirna Pinsky Editora: Saber e Ler Ilustrações: Renato Moriconi Ilustrações: Gaiola Estúdio
Ilustrações: Ionit Zilberman Categoria: Textos em prosa Editora: Casa da Palavra Editora: Quinteto Editorial
Editora: FTD Categoria: Textos em prosa Categoria: Textos em verso
Categoria: Textos em prosa

TRINCA-TROVA TRUQUES COLORIDOS


Texto: Ciça Texto: Branca Maria de Paula
NO OCO DA AVELÃ UMA, DUAS,
TRÊS PRINCESAS
Ilustrações: Ilustrações: Marcelo Xavier Texto: Muriel Mingau
Fabíola P. Capelasso Ilustrações: Carmen Segovia Texto: Ana Maria Machado
Editora: Compor
Editora: Globo Kids Editora: Rodopio Ilustrações: Luani Guarnieri
Categoria: Textos em prosa
Categoria: Textos em verso Categoria: Textos em prosa Editora: Anglo
Categoria: Textos em prosa

O LIVRO DOS OS DOZE TRABALHOS FUMAÇA


PÁSSAROS MÁGICOS DE HÉRCULES
Texto: Antón Fortes
Texto: Heloisa Prieto Adaptação: Denise Ortega
Ilustrações: Joanna Concejo
Ilustrações: Laurabeatriz Ilustrações: Luiz Podavin
Editora: Editora Positivo
Editora: FTD Editora: Globo Kids
Categoria: Textos em prosa
Categoria: Textos em verso Categoria: Livros de
Imagens e Livros de
Histórias em Quadrinhos
90 91

Categoria 3 . Anos iniciais do Ensino Fundamental . Acer vo 4 Categoria 3 . Anos iniciais do Ensino Fundamental . Acer vo 4

A PRINCESA DESEJOSA TRÊS CONTOS DE MUITO OURO A PONTE A BRUXINHA E O DRAGÃO


Texto e ilustrações: Texto: Fernanda Lopes de Almeida Texto: Heinz Janisch Texto e ilustrações:
Cristina Biazetto Ilustrações: Cristina Biazetto Ilustrações: Helga Bansch Jean-Claude R. Alphen
Editora: Projeto Editora Editora: Projeto Editora Editora: Escarlate Editora: Pearson
Categoria: Textos em prosa Categoria: Textos em prosa Categoria: Textos em prosa Categoria: Textos em prosa

EMIL E OS TRÊS GÊMEOS ERA UMA VEZ UM CÃO OS SINOS VISITA À BALEIA

Texto e ilustrações: Texto: Adélia Carvalho Texto: Manuel Bandeira Texto: Paulo Venturelli
Erich Kastner Ilustrações: João Vaz de Carvalho Ilustrações: Ilustrações:
Editora: Pavio Gonzalo Cárcamo Nelson Cruz
Editora: Editora Canguru
Categoria: Textos em prosa Editora: Gaudí Editorial Editora: Posigraf
Categoria: Textos em prosa
Categoria: Textos em verso Categoria: Textos em prosa

O TAPETE VOADOR YAGUARÃBoIA - BAGUNÇA NO MAR HISTÓRIAS DA ONÇA


A MULHER-ONÇA E DO MACACO
Texto e ilustrações: Caulos Texto: Bia Hetzel
Texto: Yaguare Yamã Ilustrações: Mariana Massarani Texto: Vera do Val
Editora: Lendo e Aprendendo
Ilustrações: Mauricio Negro Editora: Manati Ilustrações: Geraldo Valério
Categoria: Livros de
narrativas por imagens Editora: Leya Categoria: Textos em prosa Editora: WMF Martins Fontes

Categoria: Textos em prosa Categoria: Textos em prosa

RECEITAS DA VÓ NANA PESTANA Zoo JARDIM DE MENINO POETA


PARA SALVAR A VIDA Texto e ilustrações: Texto: Maria Valéria Rezende
Texto: Sylvia Orthof
Jesús Gabán
Texto: Neide Barros e Ilustrações: Rosinha Ilustrações: Maurício Veneza
Juju Martiniano Editora: Projeto Editora
Editora: Ediouro Publicações Pas- Editora: Planeta Infantil
Ilustrações: Escrita_Fina Categoria: Livros de
satempos e Multimídia Categoria: Textos em verso
narrativas por imagens
Editora: Globo Kids Categoria: Textos em prosa
Categoria: Textos em verso

ANTOLOGIA ILUSTRADA CHAPEUZINHO REDONDO


A VENDEDORA BOULE & BILL:
DA POESIA BRASILEIRA:
Texto: Geoffroy de Pennart DE CHICLETES SEMENTE DE COCKER
PARA CRIANÇAS DE QUAL-
QUER IDADE Ilustrações: Gilda de Aquino Texto: Fabiano Moraes Texto: Laurent Verron
Editora: Escarlate Ilustrações: Claudio Cambra Ilustrações: Roba
Organização e iustrações:
Adriana Calcanhotto Categoria: Textos em prosa Editora: Universo da Literatura Editora: Nemo
Editora: Casa da Palavra Categoria: Textos em prosa Categoria: Livros de
Categoria: Textos em verso Imagens e Livros de
Histórias em Quadrinhos
92 93

Categoria 3 . Anos iniciais do Ensino Fundamental . Acer vo 4 Categoria 4 . Educação de Jovens e Adultos . Acer vo 1

BRUNO E AMANDA: MEU AMOR AS SETE VIAGENS FABU- AISJA


HISTÓRIAS MISTURADAS LOSAS DO MARINHEIRO
Texto e ilustrações: Texto:
Texto: Pedro Veludo Beatrice Alemagna SIMBAD
Pieter van Oudheusden
EM CORDEL
Ilustrações: Henrique Koblitz Editora: Digisa Ilustrações:
Editora: Quatro Cantos Categoria: Livros de Adaptação: Sergio Severo Stefanie de Graef
Categoria: Textos em prosa narrativas por imagens Ilustrações: Valeriano Editora: Comboio de Corda
Editora: Nova Alexandria Categoria: Textos em Prosa
Categoria: Textos em verso
PALAVRAS SÃO PÁSSAROS O URSO, A GANSA E O LEÃO
Texto: Angela Leite de Souza Texto: Ana Maria Machado O COMPADRE DE OGUM 1 REAL
Ilustrações: Pipida Fontenelle Ilustrações: Roberto Weigand Texto: Jorge Amado Texto e ilustrações:
Editora: Mundo Mirim Editora: Quinteto Editorial Editora: Claro Enigma Federico Delicado Gallego
Categoria: Livros com narrativa Categoria: Textos em prosa Categoria: Textos em Prosa Editora:
de palavras-chave Edições Jogo de Amarelinha
Categoria: Livros de Imagens e
Livros de Histórias em Quadrinhos
Campeões
Texto: Fiona Rempt
PEQUENO DICIONÁRIO NOITES BRANCAS
Ilustrações: Noëlle Smit
DE PALAVRAS AO VENTO
Editora: Manati Texto: Fiódor Dostoiévski
Texto: Adriana Falcão Ilustrações: Livio Abramo
Categoria: Textos em prosa
Ilustrações: Thaís Beltrame Editora: Editora 34
Editora: Richmond Categoria: Textos em prosa
Categoria: Textos em prosa

Categoria 4 . Educação de Jovens e Adultos . Acer vo 1

ALEXANDRE E AS CORES DA ESCRAVIDÃO


O QUE VI POR AÍ - A BICICLETA QUE
ANDANÇAS E DESCOBERTAS TINHA BIGODES OUTROS HERÓIS Texto: Ieda de Oliveira
DE UM ESCRITOR PELO BRASIL Texto: Graciliano Ramos Ilustrações: Rogério Borges
Texto e ilustrações: Ondjaki
Texto: Manuel Filho Editora: Pallas Editora: Cameron Editora: Champagnat
Ilustrações: Marcello Araujo Categoria: Textos em prosa Editora PUCPR
Categoria: Textos em prosa
Editora: Edições Arvoredo Categoria: Textos em prosa
Categoria: Textos em prosa

ADOLESCÊNCIA & CIA MAIS COM MAIS DÁ MENOS O SEGREDO E OUTRAS HISTÓ- CANTE LÁ QUE
Organização: Texto: Bartolomeu RIAS DE DESCOBERTA EU CANTO CÁ
Jorge Fernando dos Santos Campos de Queiroz Texto: Lygia Fagundes Telles Texto: Patativa do Assaré
Ilustrações: Cláudio Martins Ilustrações: Marcelo Drummond Ilustrações: Eloar Guazelli Editora: Editora Vozes
Editora: Miguilim e Marconi Drummond
Editora: Cia. das Letras Categoria: Textos em verso
Categoria: Textos em prosa Editora: RHJ Editora
Categoria: Textos em prosa
Categoria: Textos em prosa
94 95

Categoria 4 . Educação de Jovens e Adultos . Acer vo 1 Categoria 4 . Educação de Jovens e Adultos . Acer vo 1

A MANTA- UMA HISTÓRIA EM


MARCÉU GALANTE QUADRINHOS (DE TECIDO)
Texto: Marcos Bagno Texto e ilustrações: Texto: Isabel Minhós Martins
Editora: Posigraf João Proteti
Ilustrações: Yara Kono
Categoria: Textos em prosa Editora: Cortez Editora
Editora: Tordesilhinhas
Categoria: Textos em verso
Categoria: Textos em prosa

Categoria 4 . Educação de Jovens e Adultos . Acer vo 2


MERGULHO DE QUANTA TERRA PRECISA
Texto e ilustrações: O HOMEM? DOM CASMURRO A CULPA É DAS ESTRELAS
Luciano Tasso Texto: Liev Tolstói Adaptação: Felipe Greco Texto: John Green
Editora: JPA Ilustrações: Cárcamo Ilustrações: Mario Cau Editora: Intrínseca
Categoria: Livros de Editora: Cia. das Letrinhas Editora: Devir Livraria Categoria: Textos em prosa
narrativas por imagens
Categoria: Textos em prosa Categoria: Livros de Ima-
gens e Livros de Histórias
em Quadrinhos
A DOLOROSA RAIZ O BEABA DO SERTÃO
DE MICONDÓ NA VOZ DE GONZAGÃO
A DONZELA SEM ERA OUTRA VEZ –
Texto: Conceição Lima Texto: Arlene Holanda MÃOS E OUTROS CON- CONTOS
Editora: Geração Editorial e Arievaldo Viana TOS POPULARES
Texto: Livia Garcia-Roza
Categoria: Textos em verso Ilustrações: Suzana Paz Adaptação: Helena Gomes Editora: All Books
Editora: Armazém da Cultura Ilustrações: Kako Categoria: Textos em prosa
Categoria: Textos em verso Editora: Escrita Fina
Categoria: Textos em prosa

ADEUS CONTO DE FADAS BEM-VINDO:


ENTRETANTO, FOI ASSIM CONTOS DA MAIS-VALIA E
HISTÓRIAS COM AS CIDADES
Texto: Leonardo Brasiliense QUE ACONTECEU - QUANDO OUTRAS TAXAS
DE NOMES MAIS BONITOS E
Editora: 7 Letras A NOTICIA É SÓ O COMEÇO
MISTERIOSOS DO BRASIL Texto: Paulo Tedesco
DE UMA BOA HISTÓRIA
Categoria: Textos em prosa Editora: Dublinense
Organização: Fabrício Carpinejar
Texto: Christian Carvalho Cruz
Editora: Bertrand Brasil Categoria: Textos em prosa
Editora: Arquipélago Editorial
Categoria: Textos em prosa
Categoria: Textos em prosa

o man e o brother CULTURA DA TERRA AUTO DA COMPADECIDA QUARTO DE COSTURA


Texto: Dilan Camargo Texto e ilustrações: Texto: Ariano Suassuna Texto: Wania Amarante
Editora: Inverso Editora Ricardo Azevedo Ilustrações: Romero de Ilustrações: Guignard
Categoria: Textos em prosa Editora: Moderna Andrade Lima Editora: EdiPUCRS
Categoria: Textos em prosa Editora: Gol Editora Categoria: Textos em verso
Categoria: Textos em prosa
96 97

Categoria 4 . Educação de Jovens e Adultos . Acer vo 2 Categoria 4 . Educação de Jovens e Adultos . Acer vo 2

QUANDO MARIA APOLINÁRIO – O NAVIO NEGREIRO NELSON MANDELA –


ENCONTROU JOÃO O HOMEM DICIONÁRIO O PRISIONEIRO MAIS
Texto: Castro Alves
FAMOSO DO MUNDO
Texto e ilustrações: Texto e ilustrações: Fabio Yabu Adaptação: Slim Rimografia
Rui de Oliveira Texto e ilustrações: Daniel Bueno Texto: Seong Eun Gang
Ilustrações: Grupo Opni
Editora: Singular Editora e Gráfica Editora: Guia dos Ilustrações: Gyeong Eun Gang
Editora: Guia dos
Categoria: Livros de Curiosos Comunicações Curiosos Comunicações Editora: Pallas
Imagens e Livros de Categoria: Textos em verso Categoria: Textos em prosa
Categoria: Textos em verso
Histórias em Quadrinhos

SINA O VOO DA ASA BRANCA


O LENÇO BRANCO CONTOS DA FLORESTA
Texto e ilustrações: Texto e ilustrações: Soud
Roniwalter Jatobá Texto: Viorel Boldis Texto: Yaguarê Yamã
Editora: Prumo
Editora: Piá Ilustrações: Antonella Toffolo Ilustrações: Luana Geiger
Categoria: Livros de
Categoria: Textos em prosa Editora: Pequena Zahar Editora: Editora Peirópolis
Imagens e Livros de
Histórias em Quadrinhos Categoria: Livros de Categoria: Textos em prosa
Imagens e Livros de
Histórias em Quadrinhos

NO RESTAURANTE SUBMARINO – EU SOU MAIS EU


ABC.... ATÉ Z! O DETECTOR DE SACIS
CONTOS FANTÁSTICOS
Texto: Sylvia Orthof
Texto: Bartolomeu Texto: Milton Morales Filho
Texto: Murilo Rubião, Ilustrações: Renato Alarcão Campos de Queirós Ilustrações: Polly Duarte
Lygia Fagundes Telles,
Editora: Florescer Ilustrações: Júlia Bianchi
Amilcar Bettega e Moacyr Scliar Editora: Paulus
Categoria: Textos em prosa Editora: Dibra
Editora: Boa Companhia Categoria: Textos em prosa
Categoria: Textos em prosa Categoria: Textos em verso

MOBY DICK JONAS E A SEREIA

Adaptação: Carlos Heitor Cony Texto: Zélia Gattai PENAS DE GARÇA


Editora: Singular Editora Ilustrações: Flavio Morais Texto: Auta de Souza
e Gráfica Editora: Claro Enigma Ilustrações: Rosinha
Categoria: Textos em prosa Categoria: Textos em verso Editora: Jujuba
Categoria: Textos em verso

ORQUESTRA BICHOFÔNICA CAIXINHA DE GUARDAR O


TEMPO
Texto: Antonio Barreto
Ilustrações: Sebastião Nuvens Texto: Alessandra Roscoe
Editora: Aaatchim! Ilustrações: Alexandre Rampazo
Categoria: Textos em verso Editora: Gaivota
Categoria: Textos em prosa

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