Guia de Recomendaes de Parmetros e Dimensionamentos para Segurana e Conforto em Estdios de Futebol PDF

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GUIA DE RECOMENDAÇÕES DE

PARÂMETROS E DIMENSIONAMENTOS
PARA SEGURANÇA E CONFORTO EM
ESTÁDIOS DE FUTEBOL
Prefácio ........................................................................................................................................................................................... 11
Introdução ..................................................................................................................................................................................... 15
1. O estádio .......................................................................................................................................................................... 21
2. Breve História ............................................................................................................................................................... 27
3. Plano Geral .................................................................................................................................................................... 31
3.1. Planejamento ............................................................................................................................................... 31
3.2. Zonas de segurança ................................................................................................................................... 33

Índice
3.2.1. Zona 4 ............................................................................................................................................... 35
3.2.2. Zona 3 ............................................................................................................................................... 36
3.2.3. Zona 2 ............................................................................................................................................... 37
3.2.4. Zona 1 ................................................................................................................................................ 37
3.3. Local de implantação ................................................................................................................................ 37
4. Transporte ..................................................................................................................................................................... 43
4.1. Transporte coletivo .................................................................................................................................. 43
4.2. Transporte individual ................................................................................................................................ 43
5. Estacionamentos ......................................................................................................................................................... 47
5.1. Acessos ............................................................................................................................................................ 47
5.2. Demanda .......................................................................................................................................................... 48
5.3. Características das vagas ..................................................................................................................... 50
5.3.1. Espectadores ................................................................................................................................ 50
5.3.2. Competidores e staff ................................................................................................................ 50
5.4. Zoneamento dos estacionamentos ...................................................................................................... 51
6. Paisagismo do Estádio ............................................................................................................................................... 55
6.1. Impacto ambiental de vizinhança ......................................................................................................... 55
6.2. Uso do plantio ............................................................................................................................................... 56
6.3. Zona de amortecimento ............................................................................................................................ 57
7. Estrutura do Estádio ................................................................................................................................................ 61
7.1. Exigências funcionais ................................................................................................................................ 61
7.2. Escolha de materiais ................................................................................................................................. 62
7.3. Recobrimento do campo ............................................................................................................................ 64
7.4. Forma das arquibancadas ....................................................................................................................... 65
7.5. Circulação de pessoas .............................................................................................................................. 65
7.6. Acabamentos ................................................................................................................................................ 66
7.7. Detalhes construtivos ............................................................................................................................. 66
7.8. Coberturas .................................................................................................................................................... 67
7.8.1. Tipos de cobertura ..................................................................................................................... 69
7.8.2. Materiais para coberturas ..................................................................................................... 70
8. Área de atividades Campo de Jogo .................................................................................................................... 73 10.9. Projeto para o movimento de saída .................................................................................................... 118
8.1. Características do gramado .................................................................................................................. 74 10.10. Saídas de emergência ................................................................................................................................ 118
8.1.1. Drenagem ......................................................................................................................................... 75 10.11. Catracas ........................................................................................................................................................ 120
8.1.2. Irrigação .......................................................................................................................................... 76 10.12. Equipamentos auxiliares .......................................................................................................................... 120
8.1.3. Gramados artificiais ................................................................................................................... 76 10.13. Elementos de circulação horizontal ................................................................................................ 121
8.1.4. Dimensões, limites e layout ..................................................................................................... 76 10.14. Elementos de circulação vertical ..................................................................................................... 122
8.2. Usos múltiplos .............................................................................................................................................. 78 10.14.1 . Escadas ........................................................................................................................................... 122
8.3. Controle de público ................................................................................................................................... 79 10.14.2. Rampas ............................................................................................................................................. 122
8.3.1. Cerca alambrado ...................................................................................................................... 79 10.14.3. Escadas rolantes e elevadores .......................................................................................... 124
8.3.2. Fosso ................................................................................................................................................. 81 10.15. Acessibilidade ............................................................................................................................................... 124
8.3.3. Barreira rebaixada ..................................................................................................................... 83 10.15.1. Escape para PNEs ........................................................................................................................ 125
9. Arquibancadas .............................................................................................................................................................. 89 11. Alimentos e Bebidas ................................................................................................................................................... 129
9.1. Capacidade do estádio ............................................................................................................................... 89 11.1. Oportunidade, oferta e demanda ........................................................................................................ 129
9.1.1. Previsão inicial .............................................................................................................................. 89 11.2. Tipos de equipamentos .............................................................................................................................. 130
9.1.2. Exigências oficiais ........................................................................................................................ 90 11.2.1. Máquinas de vendas ................................................................................................................... 130
9.1.3. Custos comparativos ................................................................................................................. 90 11.2.2. Concessões .................................................................................................................................... 130
9.1.4. Expansão por módulos .............................................................................................................. 91 11.2.3. Bares e lanchonetes ................................................................................................................. 131
9.1.5. Extensão da cobertura ............................................................................................................ 92 11.2.4. Self service ................................................................................................................................... 132
9.2. Distância de visibilidade ............................................................................................................................ 92 11.3. Áreas de copa e cozinha .......................................................................................................................... 133
9.3. Lugares de preferência ............................................................................................................................. 93 12. Banheiros ........................................................................................................................................................................ 137
9.4. Visibilidade ...................................................................................................................................................... 94 12.1. Banheiros para espectadores ............................................................................................................... 138
9.4.1. Ângulos de visibilidade e linhas de visão .......................................................................... 96 12.2. Demanda prevista ....................................................................................................................................... 138
9.4.2. Método de cálculo ...................................................................................................................... 97 12.3. Detalhamento .............................................................................................................................................. 140
9.5. Altura dos espelhos de degraus .......................................................................................................... 99 12.4. Banheiros especiais .................................................................................................................................... 140
9.6. Assentos .......................................................................................................................................................... 99 13. Área de Vendas ............................................................................................................................................................ 145
9.6.1. Portadores de necessidades especiais ............................................................................... 104 14. Instalações para JogaDOres, Árbitros e Auxiliares .................................................................................... 149
9.7. Camarotes privativos ................................................................................................................................ 105 14.1. Vestiários para as equipes ...................................................................................................................... 149
10. Circulação ...................................................................................................................................................................... 109 14.2. Facilidades adicionais ............................................................................................................................... 153
10.1. Áreas concêntricas .................................................................................................................................... 109 14.3. Vestiários para árbitros e oficiais ...................................................................................................... 154
10.2. Setorização .................................................................................................................................................... 110 14.4. Instalações médicas .................................................................................................................................. 155
10.3. Acesso entre Zona 4 e Zona 3 ................................................................................................................. 111 14.5. Sala para testes de doPing .................................................................................................................. 155
10.4. Entradas de público ................................................................................................................................... 112 15. Mídia .................................................................................................................................................................................. 159
10.4.1. Entradas privativas ................................................................................................................... 113 15.1. Previsão de acomodações ....................................................................................................................... 159
10.5. Acesso a serviços de emergência ......................................................................................................... 113 15.1.1. Imprensa escrita ......................................................................................................................... 160
10.6. Saídas de público ......................................................................................................................................... 113 15.1.2. Rádio ................................................................................................................................................. 161
10.7. Acessos entre Zona 3 e Zona 2 Entrada de arquibancadas ................................................... 114 15.1.3. Televisão ........................................................................................................................................ 191
10.8. Sinalização .................................................................................................................................................... 115 15.2. Instalações externas ............................................................................................................................... 162
15.3. Instalações internas ................................................................................................................................. 162
16. Operações Administrativas ..................................................................................................................................... 167
16.1. Sala de controle do estádio .................................................................................................................. 167
16.2. Sala de controle de vídeos telões ................................................................................................... 168
16.3. Salas de equipamento de computação .............................................................................................. 168
16.4. Salas de manutenção ................................................................................................................................ 169
16.5. Comissários .................................................................................................................................................... 169
16.6. Policiais e equipes de segurança .......................................................................................................... 170
16.7. Instalações complementares ................................................................................................................ 172
16.8. Primeiros socorros ..................................................................................................................................... 172
17. Iluminação nos Estádios ........................................................................................................................................... 177
17.1. Sistema de iluminação ............................................................................................................................... 177
17.2. Iluminação de segurança ......................................................................................................................... 177
17.3. Luminárias ....................................................................................................................................................... 178
17.4. Geradores de emergência ........................................................................................................................ 178
17.5. Iluminação de campo .................................................................................................................................. 178
17.5.1. Controle de claridade .............................................................................................................. 179
17.5.2. Projeto de instalação .............................................................................................................. 179
17.5.3. Iluminação para TV ..................................................................................................................... 180
18. Sistemas de TV em Circuito Fechado ................................................................................................................... 183
18.1. CCTV de segurança ..................................................................................................................................... 183
18.1.1. Integração de sistemas ............................................................................................................ 183
18.2. CCTV para informação e entretenimento ......................................................................................... 184
18.2.1. Placares e telões ....................................................................................................................... 184
19. Sistemas de som ........................................................................................................................................................... 187
20. Sistemas de combate a incêndio ........................................................................................................................... 191
21. Suprimento de Água e Serviços de Drenagem .................................................................................................. 195
22. Manutenção ................................................................................................................................................................... 197
23. Green Goal (Objetivo Verde) ................................................................................................................................... 201
FICHA TÉCNICA ................................................................................................................................................................................ 206
Bibliografia .................................................................................................................................................................................... 208
PREFÁCIO

A Excelência dos Estádios acrescentou-se o laudo de vistoria de engenha-


ria. Em 2010, aprimoramos o Estatuto do Tor-
Das arenas gregas ao Ninho de Pássaro de Pe- cedor, com novas medidas para o combate à
quim, passando pelo nosso emblemático Mara- violência e a melhoria das condições de acesso
canã, os estádios vêm cumprindo um mesmo e permanência nos estádios.
papel ao longo da história: ser o palco das ca-
tarses coletivas, do ódio e do amor, da derrota Agora, apresentamos um trabalho específico:
e do triunfo. No mundo inteiro, e no Brasil em este Guia de Recomendações de Parâmetros e
particular, simbolizam as paixões esportivas vi- Dimensionamentos para Segurança e Confor-
venciadas por todos os povos e têm nos aman- to em Estádios de Futebol, concebido em con-
tes do futebol seu maior público cativo. junto com a Fundação Getúlio Vargas. Voltado
a profissionais envolvidos com atividades de
Junto com outros esportes, o futebol começou construção, reforma, manutenção e gestão de
sua jornada rumo à profissionalização ainda no estádios, além de autoridades, legisladores e
século passado. Isso trouxe à tona a necessida- acadêmicos, esta é uma obra inédita no Brasil.
de, cada vez mais premente, de estabelecermos Adaptamos à nossa realidade importantes so-
parâmetros de excelência para esses locais tão luções e padrões adotados por entidades inter-
especiais. Afinal, o Brasil — que já mudou e vai nacionais como a Federação Internacional de
mudar cada vez mais — merece estádios con- Futebol Associado (FIFA) e a União das Federa-
fortáveis, modernos e, sobretudo, seguros. ções Europeias de Futebol (UEFA), entre outras.

O Ministério do Esporte tem estado atento a Com a proximidade da Copa do Mundo FIFA
essa demanda. O primeiro passo foi dado em 2014 e dos Jogos Olímpicos Rio 2016, o momen-
2009, quando a regulamentação do artigo 23 to do lançamento deste Guia não poderia ser
do Estatuto do Torcedor tornou obrigatória a mais oportuno. Mas, em que pese a importância
apresentação de quatro laudos técnicos para desses eventos para a sociedade brasileira, é
a aprovação de um estádio. Além dos três já importante frisar que o seu objetivo transcende
previstos — segurança; condições sanitárias e a preparação para essas grandes competições
higiene; e prevenção e combate a incêndios —, ao incluir parâmetros e recomendações para a

13
construção e melhoria de quaisquer estádios
existentes no país, independentemente de loca-
lidade, tamanho, tempo de existência, tipologia
ou capacidade de espectadores.

Por enquanto, este trabalho se pretende apenas


uma contribuição do Ministério do Esporte aos
interessados em melhorar ou construir novos es-
tádios. Nosso desejo, no entanto, vai além: que o
Guia fomente, na sociedade, um debate que leve
à criação de regulamentos e normas, e que a
partir daí possamos evoluir para uma legislação
nesse sentido, como já acontece em muitos paí-
ses, criando um legado de valor inestimável para
o Brasil, que tem no futebol sua maior expressão
esportiva e, por que não dizer, também social.

14
Introdução

Este Guia de Recomendações de Parâmetros e A intenção dos autores foi a de trazer à dis-
Dimensionamentos para Segurança e Conforto cussão, pela primeira vez, um conjunto de
em Estádios de Futebol é um documento para anotações importantes sobre os estádios e as
ser utilizado por todos aqueles a quem cabe estruturas que envolvem o programa de neces-
propor, projetar, adaptar, reformular, executar, sidades, cada vez mais específicas.
reformar, financiar, legislar, implementar e fis-
calizar medidas que tornem os estádios de fu- Procurou-se abordar todas as etapas de planeja-
tebol e suas instalações mais seguras, confor- mento a partir de uma aproximação do geral para
táveis e eficientes. o particular, ressaltando os itens que pareceram
mais expressivos. Nesse sentido, este não é um
Incluem-se nesse grupo pessoas envolvidas com manual para ser consultado em partes, fora do
a gestão dos estádios esportivos, arquitetos, en- contexto geral e da abrangência do todo.
genheiros e técnicos em instalações prediais,
além de autoridades, representantes da socie- As sugestões aqui apresentadas não têm força
dade civil e dirigentes de entidades esportivas. de lei ou de um estatuto, mas podem ser utili-
E também o público que utiliza esses estádios, zadas, no todo ou em parte, para a formulação
os que ali trabalham e os administradores que de normas que venham a se tornar obrigatórias
têm a tarefa de cuidar para que os eventos ali e cuja aplicação possa vir a ser exigida para
realizados se desenvolvam de forma satisfató- estádios de futebol em todo o nosso território,
ria, sempre respeitando a legislação pertinente. independentemente de suas dimensões, capa-
cidade de espectadores, tipologia, tempo de
E, além desses, os protagonistas do espetácu- existência ou localização.
lo que ali se apresenta: jogadores, auxiliares,
juízes e oficiais, cuja tarefa é tornar encantado Essas recomendações não se sobrepõem a
o palco por onde passam as esperanças de to- qualquer legislação, norma, regulamentação,
dos nós, uma mágica série de acontecimentos decreto ou recomendação oficial dos órgãos
arranjados numa lógica misteriosamente reno- competentes em vigor, em especial àqueles
vada — a eterna “caixinha de surpresas” dos cujos parâmetros de exigência sejam superiores
locutores esportivos. ou mais restritivos dos que os aqui expressos.

17
Ainda assim, elas pretendem não só atender trazem esclarecimentos sobre normas a
as necessidades das novas construções mas serem adotadas;
também orientar possíveis melhorias nas con-
dições das construções já existentes, apesar de 7 Considerar as normas, recomendações e
se reconhecer as dificuldades e restrições natu- instruções técnicas de segurança da Polícia Mi-
rais a que estão sujeitas. Este material poderá litar, do Corpo de Bombeiros e das organizações
ser desenvolvido em outros trabalhos posterio- de Defesa Civil;
res e, se possível, mais completos.
7 Inteirar-se do conteúdo dos laudos de enge-
Se for o caso, os interessados nos assuntos nharia, de segurança, de estabilidade e de con-
aqui tratados que desejarem desenvolver dições sanitárias e de higiene adotados pelo
algum tema específico podem adotar os Ministério do Esporte;
seguintes procedimentos:
7 Estudar as legislações ambientais, de pro-
7 Aprofundar-se nos textos indicados na teção ao patrimônio edificado, urbanísticas e de
bibliografia deste trabalho, que abrange o edificações vigentes, nos níveis municipal, esta-
que há de mais completo e atual sobre os dual e federal aplicáveis em cada situação.
assuntos expostos;

7 Consultar as publicações da Associação


Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) que

18
O Estádio

Em Olímpia, na Grécia Antiga, o termo está- estádios gregos; das mais significativas, como
dio se aplicava a uma corrida de 192 metros. os anfiteatros e circos romanos; ou mesmo das
Com o tempo, passou a definir o local onde mais espetaculares já executadas — do Coliseu
se realizavam essas provas. Nos nossos dias, de Roma ao Estádio Nacional de Pequim, o Ni-
os estádios se compõem de múltiplos espa- nho de Pássaro, construído vinte séculos mais
ços, incluindo um campo gramado, pista de tarde que o primeiro.
atletismo, áreas de lançamentos e saltos, de-
graus de arquibancadas e tribunas para o pú- O estádio esportivo é um imenso teatro prepa-
blico e imprensa, além de inúmeras funções rado para a apresentação de feitos heroicos.
de apoio. Sua forma é determinada de acordo Paixão e drama, fé e elevação, esperança e
com sua função principal, ou seja, a atividade mistério — emoções que se desenrolam dian-
esportiva a que se destina. te do público —, são palavras associadas ao
jogo. Esse público é aquele que comparece,
Os estádios reservados especialmente ao fute- chova ou faça sol, para a celebração coletiva
bol, de uma maneira geral, possuem quatro zo- da devoção a seus heróis, a suas conquistas,
nas de arquibancadas distribuídas em torno de a seus esportes e a seus clubes do coração.
um campo de forma retangular. Dos mais sim-
ples aos mais complexos, os estádios não são A combinação entre essa função dramática e
apenas locais onde se realizam competições sua escala monumental deveria ser suficiente
esportivas, assistidas por algumas centenas de para produzir uma arquitetura extraordinária.
espectadores. Hoje, eles são complexos espor- Mas, para que isso aconteça, não é bastante
tivos, com funções diversificadas, que se torna- ordenar apenas a composição das arquiban-
ram marca registrada de clubes, de cidades e cadas, das rampas ou escadarias, das estru-
até mesmo de países. turas que sustentam todo esse conjunto e sua
cobertura. Nem mesmo apenas juntar as re-
Desde os primeiros exemplares, esse tipo de gras convencionadas ou as normas de dimen-
edificação encontra-se entre os maiores pré- sionamento regulamentadas, como se elas
dios históricos, representando algumas das pudessem, por si próprias, transformar-se no
obras mais antigas de arquitetura — como os estádio que desejamos.

23
Criar um espaço com significado, que se tra- uma partida — que são, e serão para sempre, mais espaço para cada espectador, menor dis- calizados, áreas de escape amplas ou sinaliza-
duza sob a forma de uma arquitetura ideal, seus principais atributos. tância a ser percorrida para se deixar o está- ção adequada. O problema tem de ser atacado
simples e harmoniosa, às vezes parece um dio, mais portões de acesso e saída, melhores em suas origens, que estão bem distantes dos
desafio sem solução. Mas devemos trabalhar O desafio atual é que, nos novos estádios, pro- e mais confortáveis áreas de estar junto aos limites de um simples estádio esportivo.
para que isso aconteça e as gerações futuras jetados de acordo com os regulamentos hoje pontos de alimentação, sanitários e maior pro-
possam continuar assistindo ao esporte, ao adotados, possamos preservar os melhores teção para os assentos sob coberturas bem di- Da mesma forma que não existem regras que
vivo, com o mesmo entusiasmo de hoje em elementos da atmosfera tradicional dos cam- mensionadas para a proteção da chuva ou do possam garantir uma boa arquitetura, não se
dia. E fazer com que isso se realize dentro de pos de futebol, adaptando-os, ao mesmo tem- sol. Tudo isso cria, sem dúvida, uma atmosfera pode produzir uma fórmula que garanta um
todas as condições de segurança e conforto. po, às necessidades de hoje em dia. mais relaxada e um ambiente mais tranquilo. estádio totalmente seguro. Mas podemos
identificar alguns fatores que devem ser aten-
Após diversos acidentes ocorridos em estádios Quando a FIFA tomou a liderança por mudan- É preciso observar, no entanto, que algumas didos para que isso ocorra.
de futebol em todo o mundo, em especial os ças, ao decidir, desde o final da década de recomendações exigidas para estádios de
de maior repercussão nas últimas décadas do 1980, que as competições internacionais sob uma determinada região não devem ser apli- As recomendações apresentadas neste tra-
século passado, com dezenas ou centenas de sua jurisdição não poderiam mais se reali- cadas sem ajustes ou adaptações a outros das balho pretendem criar as condições para que
vítimas fatais, a maioria torcedores inocentes, zar em estádios que não tivessem assentos mesmas dimensões, mas em locais diferentes. volte a comparecer aos estádios brasileiros
tornou-se imperativa a preocupação com a se- fixos e numerados, iniciou-se uma nova fase aquele grupo de torcedores que gostaria de
gurança nos estádios. A partir das providências de recomendações, organizadas em manuais Para o ser humano, imprevisível, inseguro e assistir novamente aos jogos nos estádios se
que foram tomadas após as conclusões dos de orientações técnicas, que foram se aper- falível como é, principalmente quando agru- as condições encontradas nesses locais fos-
relatórios das comissões que investigaram, em feiçoando. Essas recomendações procuraram pado em grandes multidões, o que se impõe sem extremamente confortáveis e seguras
diversos países, as causas desses desastres, atender ao conforto e à segurança nos está- é a reeducação das torcidas de cada um dos
desenvolveu-se, por todo lado, uma tendência dios e seus arredores, e logo foram seguidas clubes, da força policial e dos administrado- A nós todos, cidadãos brasileiros, autoridades
simplificadora de limitar as análises e os proje- pela UEFA e por diversas confederações na- res dos estádios, em um movimento tão am- governamentais, dirigentes esportivos, educa-
tos dos estádios de futebol a apenas um exercí- cionais em todo o mundo. plo quanto permanente. Isso é tão importante dores, jornalistas, torcedores comuns, espor-
cio de dados, medidas e tabelas. quanto adotar novos padrões arquitetônicos e tistas, atletas, técnicos de diversas especiali-
Ressalte-se ainda que, com a limitação dimensionamentos adequados, dentro e fora dades, engenheiros e arquitetos, caberá esta
A ênfase na segurança, acrescida de alguns da possibilidade de superlotação nos das edificações esportivas. enorme tarefa de trabalhar para que isso se
fatores comerciais relacionados ao conforto estádios, tumultos e comportamentos realize no mais breve período possível. Portan-
e à rentabilidade dos equipamentos, tornou- ameaçadores foram reduzidos e, em muitos Parece claro que, a longo prazo, a melhor defe- to, é essencial que todos nós que admiramos
-se parâmetro decisivo a ser observado. En- casos, eliminados, já que a segurança e o sa contra a violência que se manifesta nas cer- o futebol e que desejamos que sua prática se
tretanto, essa não deixa de ser uma visão conforto dos milhares de espectadores estão canias ou dentro dos campos de futebol não mantenha cheia de significado e dentro do
simplificada, que, se aplicada sem os devidos diretamente ligados a excessos de público. poderá se dar apenas por meio de cercas, ara- mais alto nível tenhamos sempre em mente
cuidados, pode retirar dos estádios de fute- mes farpados, portões de acesso mais bem lo- aquilo que escreve Hélio Sussekind:
bol todo o potencial relacionado à magia do O aumento da oferta de facilidades para os fãs
esporte, à sua vitalidade, ao seu caráter im- de esporte também leva a um acréscimo em
previsível e ao clima de emoção que envolve sua segurança. O conforto oferecido significa

24 25
“Com o acúmulo dos anos e das décadas, os torcedores sabiam que não estavam mais lidando
apenas com o presente imediato. Sabiam que tinham um passado mitológico atrás de si. Recebiam
narrativas de pais, avós, amigos. Um mesmo jogo é narrado e comentado ad infinitum.

Há novas versões e interpretações para derrotas ou vitórias. Certos detalhes podiam escapar a 50
mil, 60 mil pessoas, mas não a quem esteve lá há 40 anos, e viu.

Quando alguém se dirige hoje ao campo de futebol, quando um torcedor veste a camisa de um clube,
sabe que está portando um passado mitológico e repetindo o que fizeram milhares de outros em tempos
remotos. O torcedor vive um momento presente, romanesco, único, mas experimenta num estádio a sen-
sação de tomar parte em algo muito precioso, que se converterá mais tarde em mitologia. ”1

1
SUSSEKIND, Hélio (1996) Futebol em dois tempos - Rio de Janeiro, RJ : Relume Dumará-Rioarte- p.72-73

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Breve História

Os precursores dos estádios modernos foram os na elíptica cercada em toda a sua volta por altas
hipódromos e os estádios gregos, construídos nas fileiras de degraus de arquibancadas, permitin-
cidades onde se realizaram os primeiros jogos do um grande número de espectadores e ótima
olímpicos desde o século VII a.C. Alguns seguiam visão das lutas que se travavam diante deles. O
o padrão dos teatros gregos, com as arquibanca- termo “arena” era o termo latino para “areia” ou
das recortadas em colinas, de forma que os as- “área de areia” e se refere à areia que era espa-
sentos tivessem uma visibilidade natural para o lhada no local para absorver o sangue derrama-
local da competição. Outros eram executados em do. Na verdade, a forma final desses anfiteatros
terrenos planos. Nesse caso, a área de competi- era obtida por dois teatros gregos colocados jun-
ção era ligeiramente rebaixada, proporcionando tos de maneira a produzir uma elipse completa.
melhor visibilidade para o público. Exemplo des-
se tipo é o Estádio Olímpico de Atenas. Da mesma forma que o teatro grego se tornou
o anfiteatro romano, o hipódromo grego levou
Construído em 331 a.C. e reconstruído no ano ao circo romano. Esses circos, construídos tam-
160 d.C., este estádio foi novamente reformado bém em forma de “U”, eram destinados a cor-
em 1896 para os I Jogos Olímpicos da Era Mo- ridas equestres, e se arrematavam numa linha
derna. Hoje em dia, tem lugar para 50 mil pes- reta que formava sua entrada e acomodava os
soas acomodadas em 46 fileiras de degraus. estábulos para os cavalos e carruagens. Entre
Os pontos mais marcantes do estádio são sua eles, o Circus Maximus de Roma, do século IV
forma adaptada ao terreno existente e o uso de a.C., foi provavelmente o maior estádio já cons-
materiais naturais. truído: tinha 660 metros de comprimento e 210
metros de largura e oferecia três andares de ar-
Dos hipódromos, construídos em forma de “U” quibancadas paralelas a sua pista.
e adaptados ao terreno natural, originam-se os
posteriores circos romanos. Em Roma, o estado Quando o Cristianismo se espalhou pela Euro-
militarista estava mais interessado que o públi- pa e as atenções da sociedade passaram a se
co dispusesse de combates para assistir. Para voltar para a salvação religiosa, os esforços da
acomodar esses espetáculos, eles desenvolve- arquitetura se transferiram para a construção
ram uma nova forma para anfiteatros: uma are- de igrejas. Assim sendo, nenhum edifício signi-

29
ficativo que abrigasse um local de recreação e futebol. Com a adoção de regras padronizadas Depois de um século de mudança gradual nos tiplicidade quase ilimitada de possibilidades
entretenimento, como eram os estádios espor- e de campeonatos anuais, a trajetória do jogo maiores centros, os últimos anos do século XX e criativas oferecidas pelos novos materiais e pe-
tivos ou os anfiteatros, foi construído nos quinze teria um crescimento vertiginoso e logo apare- o início do século XXI têm assistido aos estádios las técnicas construtivas mais avançadas.
séculos seguintes. Os edifícios esportivos her- ceriam clubes de futebol por todo lado e em to- assumirem um número muito mais amplo e so-
dados da era romana foram abandonados ou das as latitudes. E, com eles, a necessidade de fisticado de funções. Estamos atravessando um Hoje, portanto, dispomos da técnica e do conhe-
convertidos para novos usos, como mercados construir seus campos de jogo. momento interessante e único na história, no cimento para construir estádios seguros, con-
ou conjuntos de moradias. qual é possível associar as mais sofisticadas fortáveis e funcionalmente eficientes. Essa é a
Com a popularização desses esportes, a cres- inovações tecnológicas disponíveis a uma mul- tarefa que devemos estar habilitados a cumprir.
O estádio como tipo de edificação só seria re- cente demanda por conforto e segurança
vivido após a Revolução Industrial, na segunda passou a exigir construções cada vez mais
metade do século XIX. Na ocasião, a grande complexas, tanto do ponto de vista técnico
demanda por eventos de massa para o enorme quanto logístico. Já no século XX são vários
público das capitais facilitou a construção de os exemplos de estádios com estruturas de
grandes estruturas. O momento coincidiu com a qualidade excepcional. Entre eles, destacam-
nova tecnologia do emprego do ferro conjugado -se os estádios olímpicos de Berlim, de 1936;
com o vidro na construção, quando surgiram as o de Roma, de 1960; o da Cidade do México,
enormes pontes e as estações ferroviárias, as de 1968; e o espetacular conjunto dos Jogos
galerias envidraçadas e os espetaculares pavi- de Munique, de 1972.
lhões das feiras internacionais.
Mais recentemente, já no século XXI, podem
No campo dos esportes, esse impulso levou à ser citados os estádios de Sydney, em 2000;
reedição dos Jogos Olímpicos da Grécia Antiga, Atenas, em 2004; Pequim, em 2008; e de Lon-
com a proposta do Barão de Coubertin para as dres, em 2012. Ao considerarmos os estádios
primeiras Olimpíadas da Era Moderna, na cida- específicos para o futebol, em especial aqueles
de de Atenas, em 1896. Com a realização dos construídos para abrigar uma Copa do Mundo,
Jogos Olímpicos, de quatro em quatro anos, destaca-se o Maracanã, no Rio de Janeiro.
em diversas capitais europeias, um notável in-
centivo foi dado para a construção de novas Os melhores exemplos de estádios são ca-
estruturas esportivas. racterizados não apenas por terem sediado
eventos importantes, mas por possuírem
Quando, em dezembro de 1863, representan- qualidades arquitetônicas que são a essên-
tes de 13 clubes ingleses se reuniram para fun- cia dos projetos para os grandes fatos e fei-
dar a FA — Football Association, a maioria dos tos esportivos da humanidade: monumenta-
três milhões dos habitantes de Londres já de- lidade, liturgia, significado, grandeza, porte e
monstrava suas preferências pelo rugby e pelo presença marcante.

30
Plano geral

3.1. Planejamento conter a descrição exata e detalhada da área,


determinando suas dimensões e elementos
Os complexos esportivos são muitas vezes existentes, tais como meios-fios, arruamentos
construídos em etapas que se desenvolvem ao internos, alinhamentos de muros e cercas, de-
longo de anos, por diversas razões — na maior marcações, árvores, postes, ralos, edificações
parte das vezes, por questões financeiras, exi- existentes, edificações confrontantes, rios ou
gências de acréscimos no programa inicial ou córregos próximos ao terreno, pontos cotados,
inclusão de novas áreas anexadas ao terreno curvas de nível, taludes e rochas.
original. Para que o desenvolvimento dessas
etapas se faça de uma forma equilibrada, tanto O planejamento e a realização de uma grande
do ponto de vista estético quanto funcional, um instalação esportiva dependem de um corre-
plano que contemple o desenvolvimento pleno to estudo de zoneamento do terreno dispo-
do projeto deve ser estabelecido desde o início. nível. Isso inclui não só as áreas destinadas
ao esporte, mas também as necessárias para
Isso significa o estudo das fases sucessivas estacionamentos, circulação de público e de
de implantação do conjunto, ou de cada uma veículos de serviço, acessos diferenciados
de suas partes, de forma a garantir que a exe- exigidos, além de instalações técnicas com-
cução parcelada preserve a consistência da plementares que necessitem ser colocadas
totalidade do conjunto em cada momento de do lado externo do estádio.
sua utilização. Para isso, é fundamental o co-
nhecimento das formas e dimensões do ter- Para que o resultado alcance os objetivos propos-
reno escolhido e a reunião das informações tos por seus idealizadores, alguns fatores determi-
disponíveis sobre sua inserção no meio onde nantes devem ser considerados com prioridade.
se localiza, através de um cuidadoso levanta-
mento de dados. O ponto de partida do projeto é a definição da
área central, ou campo de jogo. Sua forma,
Um levantamento topográfico planialtimétrico suas dimensões e sua orientação devem ser
cadastral do terreno é elemento auxiliar es- capazes de preencher todas as funções exigi-
sencial nessa etapa. Esse procedimento deve das para ela.

33
O ponto seguinte é a determinação da capaci- os horários em que as partidas ocorrerão e as Figura 1

dade de público prevista para o estádio. Essa condições ambientais do local, como, por exem-
capacidade irá depender de uma decisão a ser plo, os ventos dominantes.
tomada pelos administradores do estádio e
deverá estar de acordo com as exigências das No caso dos campos de futebol no Brasil, quase
federações esportivas e das autoridades públi- todos situados no Hemisfério Sul, a orientação
cas que legislam sobre a matéria. A tendência deve atender ao diagrama apresentado na Fi-
universal dos estádios contemporâneos é a de gura 1. No caso de estádios situados acima da
abrigar o público em assentos fixos e demarca- linha do Equador — caso de parte do território
dos por espectador, protegidos do sol e da chu- do Amazonas, Roraima, Pará e Amapá —, o dia-
va, em busca de maior conforto e segurança grama deve ser ajustado para o Hemisfério Nor-
para o espetáculo. te. Pequenas variações podem ser aceitas, mas
seus limites devem estar compreendidos entre
Se for previsto que o campo de jogo tenha di- os valores indicados.
mensões variáveis para abrigar diferentes ativi-
dades, a capacidade do estádio deve ser base- As orientações aqui relacionadas estão ba-
ada em duas figuras: o número de assentos ao seadas em estádios abertos, com ou sem co-
redor do tamanho máximo do campo — no caso bertura sobre o local destinado ao público, no
do campo de futebol — e o número máximo de Hemisfério Sul, dentro dos limites do território
lugares que possam ocupar a dimensão menor brasileiro. Para outros locais, será necessário
de uso proposto — no caso, por exemplo, do pal- que se façam os devidos ajustes.
co de uma apresentação musical ou artística. É
importante observar que os investimentos ne- O futebol no Brasil é jogado durante todo o ano,
cessários ao financiamento das obras necessi- não só em virtude da distribuição dos calendá-
tam que a avaliação dessas possibilidades seja rios das competições nacionais, regionais ou
feita com muita clareza, para que se possa cal- estaduais em vigor, mas também pelas possibi- Se o estádio for dotado de uma pista de atletis- 3.2. Zonas de Segurança
cular o retorno do aporte realizado. lidades oferecidas pelo clima. Assim, a orienta- mo junto ao campo de futebol, deve-se levar em
ção ideal para o campo de jogo é que ele tenha conta o posicionamento da reta de chegada das Tendo sido determinada a orientação do estádio,
Um passo seguinte é a determinação da orien- seu eixo longitudinal aproximadamente no eixo provas de corridas, de maneira que os atletas a prioridade a seguir é planejar sua localização no
tação do campo de jogo, que irá depender, de Norte-Sul, sendo aceitável um pequeno desvio não tenham o sol nos olhos quando estiverem terreno disponível, a fim de ajustar a relação entre
forma bem ampla, dos usos que o estádio de- com o eixo na posição Nordeste-Sudoeste, na realizando as provas. Essa orientação pode, às suas partes principais. Esse ajuste dos elementos
verá acolher e do lugar onde será construído. maior parte dos casos. O auxílio fornecido pelos vezes, não estar em conformidade com a dire- de um estádio, desde o campo de jogo situado no
Será preciso observar, ainda, o hemisfério no gráficos de insolação de cada uma das regiões ção de vento indicada. Assim, quando possível, centro até os estacionamentos e acessos locali-
qual o estádio está localizado, o período do ano do país é importante para a comprovação da as provas de saltos ou lançamentos poderão zados nos espaços externos, se dá função da ne-
em que o determinado esporte será realizado, orientação indicada. buscar direção alternativa. cessidade de se estabelecer zonas de segurança.

34 35
Figura 2
Planejamento da construção de um estádio:

1. Análise do terreno

2. Determinação da área de campo

3. Determinação da capacidade de público

4. Determinação da orientação do campo

5. Determinação das zonas de segurança

Para isso, é preciso identificar as quatro diferen- estádio que o separa das cercas ou muros de
tes zonas, ligadas entre si, que fazem parte do seu perímetro.
plano de segurança do conjunto, auxiliando a
definição das rotas de circulação. O tamanho e 7 Zona 4 (área de segurança final) — é a área
a localização dessas zonas são determinantes aberta fora dos limites do fechamento do perí-
no funcionamento do estádio numa situação de metro do estádio e que o separam dos estacio-
emergência (Figura 2). namentos ou vias públicas.

As zonas de segurança são as seguintes: A razão para que se obedeça a esse zoneamen-
to é permitir que, em caso de uma emergência,

7 Zona 1 (área de segurança temporária) — é os espectadores possam escapar dos seus lu- 7 Os administradores ou responsáveis pelo par, de forma que estejam em segurança ainda
a área central de atividade, ou seja, a área do gares por meio de uma série de zonas de se- estádio devem se assegurar que os portões de que os portões que levam ao exterior do conjunto
campo onde ocorrem os jogos. gurança intermediárias até alcançar uma zona escape dos espectadores — de seus assentos estejam parcial ou totalmente bloqueados.
de segurança permanente, na parte externa para os locais seguros — estejam permanente-
Zona 2 (área dos espectadores) — é compos- do estádio. Isso permite o estabelecimento de mente desbloqueados e desobstruídos, e que A seguir serão relacionados mais detalhes de
7
ta pelas áreas de arquibancadas dos espectado- um modelo-padrão auxiliar de segurança, tanto sejam facilmente abertos para permitir a fuga projeto que devem ser observados, começando
res e de circulação de público em torno da área para o projeto de um novo estádio quanto para em caso de emergência. pela Zona 4 (área de segurança definitiva) até a
de atividade. A Zona 2, em alguns casos, pode ser o projeto de reforma ou reorganização de um Zona 1 (local de segurança temporária).
subdividida em duas: a área de arquibancadas e estádio existente. 7 Os projetistas devem levar em conta que
a área de circulação interna. Se essa subdivisão as ações dos administradores, responsáveis no 3.2.1. Zona 4
for feita, o total de zonas passa a ser de cinco, Exemplos de acidentes ocorridos em está- campo da segurança podem ser passíveis de fa-
sem que isso altere suas funções principais. dios esportivos e a dinâmica dos fatos acon- lha. Por isso, deverá ser estabelecida uma Zona 3 Um estádio ideal deve estar cercado de áreas li-
tecidos mostram que algumas medidas de- (de segurança temporária) dentro do perímetro do vres para estacionamento de automóveis e ôni-
7 Zona 3 (área de segurança temporária) — é vem ser consideradas pelos administradores estádio para onde os espectadores possam esca- bus e com acesso facilitado ao transporte públi-
a área de circulação em volta da estrutura do e pelos projetistas:

36 37
co. Os estacionamentos de automóveis devem 7 Também em situações normais, a Zona 4 No entanto, se a Zona 1 puder ser considerada de ção a seus assentos individuais. Da mesma
ser dimensionados para atender às previsões oferece ainda áreas para pontos de vendas, de segurança temporária, a área da Zona 3 poderá forma, é possível encontrar uma tela, gradil
de vagas destinadas a esse tipo de transporte, encontro e de informações, que podem estar ser reduzida. Em todos os casos, o número de por- ou fosso interno separando as arquibanca-
localizadas em volta do estádio de maneira que localizados nessa área aberta. Para atender a tões de saída e suas dimensões devem permitir das da área de jogo. De toda forma, essas
os espectadores possam alcançar, de forma essa função social, tanto a superfície do piso um fácil e rápido escape de uma zona para outra. barreiras não devem impedir que o público
mais direta possível, as entradas para os seus quanto as estruturas dos equipamentos devem possa escapar através delas, em caso de in-
lugares dentro do estádio, sem precisar circular ser adequadas. Do ponto de vista da circulação normal, a Zona cêndio ou outra emergência.
em torno do seu perímetro. 3 é o principal caminho de circulação dentro do
Em resumo, a Zona 4 pode tanto servir como perímetro do estádio. 3.2.4. Zona 1
Entre o anel de áreas de estacionamentos deve zona de segurança definitiva como atender à
existir uma área livre de veículos, que se des- necessidade de uma zona de separação paisa- 3.2.3. Zona 2 A Zona 1 compreende o campo onde ocorrem
tinaria às características e funções da Zona 4: gística entre o estádio e seu exterior. as atividades, no centro do estádio. Junto com a
A Zona 2 (área dos espectadores) compreende Zona 3, ela pode servir como um espaço adicio-
7 Em uma situação de emergência, a Zona 3.2.2. Zona 3 as arquibancadas, as áreas de circulação em nal de segurança temporária. Para isso, é preci-
4 é a área permanente de segurança, aquela mesmo nível (concourses), as áreas sociais, os so que as rotas de escape dos assentos para o
para a qual os espectadores podem escapar O perímetro do estádio deve formar uma linha banheiros as facilidades de alimentos e bebidas. campo sejam projetadas de maneira que essa
das arquibancadas passando pela Zona 3. Para de segurança pela qual ninguém deverá passar Situada entre as Zonas 1 e 3, a Zona 2 é a que possibilidade seja percebida de forma imediata,
isso, a área deve dispor de uma superfície dis- sem um tíquete ou bilhete válido. Entre essa li- deve ser evacuada em caso de emergência. Por mesmo se houver uma barreira entre as áreas.
ponível capaz de receber a totalidade do públi- nha de controle e a estrutura do estádio se si- isso, deve ser projetada para uma fuga fácil e rá-
co presente, considerando uma densidade de tua a Zona 3, que deverá ter duas funções: de pida dos espectadores, primeiramente para uma Além disso, o número de portões de saída e suas
quatro a seis pessoas por metro quadrado. segurança temporária e de circulação. zona de segurança temporária (Zonas 1 ou 3) e dimensões devem permitir uma fácil e rápida pas-
dali para a zona de segurança definitiva (Zona 4). sagem de uma zona para outra. Para mais deta-
7 Em situação de uso normal, a Zona 4 ofere- Do ponto de vista da segurança, é o lugar para lhes sobre esse assunto, observar o Capítulo 10,
ce aos espectadores um cinturão de circulação o qual os espectadores devem escapar direta- Como dito anteriormente, essa zona pode ser di- que trata da circulação de pessoas no estádio.
livre, onde podem procurar um determinado mente do estádio e da qual podem seguir para a vidida em duas partes: área de arquibancadas e
portão de acesso. Tanto quanto possível, o pro- segurança definitiva da Zona 4. É também uma área de circulação interna. Essa divisão não im- 3.3. Local de implantação
jeto deve buscar condições para que o público espécie de reservatório entre as Zonas 2 e 4. plica qualquer variação nos procedimentos que
possa se dirigir do estacionamento ou do ponto devem ser adotados os casos de emergência. Os primeiros estádios esportivos eram edifica-
de chegada dos meios de transporte público di- Se o campo de jogo (Zona 1) não puder ser de- ções com capacidade para receber um público
retamente para um portão de acesso indicado. signado também como uma área de segurança Em alguns casos, existe uma linha de contro- reduzido e estavam inseridos no contexto co-
Isso resolve dificuldades na hora de encontrar temporária, a Zona 3 deverá ser espaçosa o su- le e segurança entre as Zonas 2 e 3, na qual munitário de um determinado bairro ou região.
os portões corretos, permitindo a busca do lo- ficiente para acomodar a totalidade dos espec- os bilhetes são conferidos. Pode ocorrer tam- Na medida em que os centros urbanos foram
cal indicado por meio de um encaminhamento tadores do estádio, com a densidade de 4 a 6 bém um segundo controle dentro da própria crescendo, e com o desenvolvimento dos siste-
livre e desimpedido. pessoas por m2. Zona 2, antes do ingresso do público em dire- mas de mobilidade urbana, os estádios foram

38 39
se transformando em empreendimentos maio- mente plano, considerando apenas a área do novos padrões de conforto e de segurança exi- mais chances de encontrar áreas de dimen-
res, recebendo um público mais numeroso e estádio em si, além das áreas destinadas aos gidos, assim como a instalação de todas as fa- sões adequadas, que permitam a inclusão dos
heterogêneo — aumentando, assim, os desa- estacionamentos. cilidades desejadas. Além disso, a maior parte itens e facilidades que aumentem a segurança
fios dos administradores e das autoridades pú- desses estádios está inserida em terrenos va- e o conforto dos espectadores.
blicas em termos de segurança e de conforto 7 Grandes terrenos livres, em alguns casos, lorizados, envolvidos por uma malha urbana
para os espectadores. são remanescentes de áreas inadequadas para edificada, permitindo pouca margem para apre- Independente da escolha feita em termos de lo-
uso residencial, comercial ou industrial, como, sentar alternativas em seu entorno que possam calização, o projeto de reforma ou construção de
A partir dessa transformação social e urbanís- por exemplo, antigas áreas de depósito de deje- atender as adaptações necessárias. qualquer estádio deve buscar atender aos requisi-
tica, ao planejar a construção ou a reforma de tos. Em caso de uso de áreas como essas, sua tos mínimos de conforto e segurança — em termos
um estádio, é preciso considerar aspectos po- recuperação pode implicar em custos adicio- Por sua vez, a construção de novos estádios, de transporte, estacionamento, acesso e facilida-
sitivos e negativos da escolha do local de sua nais para o projeto. geralmente em áreas mais afastadas, apre- des para o público — que serão descritos nos ca-
implantação. Com a tecnologia disponível atu- senta características opostas. Em termos de pítulos a seguir. Além disso, deve buscar uma inte-
almente, pode-se construir estádios seguros, 7 É preciso observar sempre as legislações lo- demanda, pode apresentar dificuldades para gração com outros estabelecimentos comerciais,
confortáveis e funcionalmente eficientes em cais sobre zoneamento urbano, garantido que os o acesso do público, diminuindo o interesse cuja operação conjunta pode facilitar o alcance da
qualquer lugar, seja a partir da reforma ou da usos previstos para o estádio sejam permitidos. dos torcedores. Por outro lado, em geral, tem viabilidade econômica do empreendimento.
reconstrução de estádios antigos, geralmente
localizados em áreas mais centrais das cida- A partir da análise desses fatores, é possível
des, seja a partir da construção de novos es- ponderar as vantagens e desvantagens de re-
tádios, normalmente realizada em áreas mais formular estádios já existentes ou de buscar
afastadas dos perímetros urbanos. áreas livres para novos estádios.

Entre os fatores que devem ser considerados A recuperação de um estádio já existente


para essa decisão, destacam-se os seguintes: tem como vantagem o fato de que ele já está
inserido no contexto social e urbano de de-
7 O estádio deve ser facilmente acessível terminada comunidade ou bairro. Em muitos
para sua clientela cativa, ou seja, o público que casos, os clubes já contam com o apoio das
frequentemente acompanha os jogos de deter- pessoas que vivem na região e que estão
minado clube ou agremiação. Para isso, deve-se acostumadas a frequentá-lo. Também é um
levar em conta uma análise sobre quantos são ponto positivo a facilidade de acesso dos tor-
esses espectadores, onde eles moram e quais cedores, considerando que, em geral, esses
são os meios de transporte acessíveis para que estádios já são atendidos pela infraestrutura
cheguem ao estádio. de transporte da cidade.

7 Um novo estádio exige uma área de pelo O aspecto negativo da reforma dos estádios
menos 60 mil m², em um terreno razoavel- já existentes é a dificuldade de se atender aos

40 41
TRANSPORTE

Na ótica do espectador, se a distância percorri- 4.2. Transporte Individual


da e o tempo gasto para chegar a um evento es-
portivo lhe parecerem demasiados, para não se O sistema viário ao redor dos estádios deve per-
aborrecer, ele pode acabar optando por desistir mitir um deslocamento fluido de veículos, tanto
de ir ao estádio, especialmente se atrações al- na chegada quanto na saída dos complexos.
ternativas estiverem disponíveis. Por essa razão, Além de vias suficientes e adequadas, devem-
deve haver uma preocupação em facilitar o aces- -se prever também sistemas de monitoramento
so do torcedor ao estádio, por meio de transporte eletrônico e de controle que minimizem riscos
coletivo ou do individual. Em outras palavras, é de congestionamentos e de bloqueio de tráfe-
preciso garantir que o torcedor chegue ao estádio go, sempre em coordenação e parceria com as
de forma rápida, tranquila, confortável e segura. autoridades de trânsito.

4.1. Transporte Coletivo Antes dos maiores eventos, é possível prever


uma estratégia de comunicação prévia com os
Os estádios devem estar preferencialmente loca- torcedores, com a impressão de avisos nos in-
lizados próximos a estações de trem/metrô e/ou gressos antecipados, com informações referen-
atendidos por linhas de ônibus provenientes de tes a vias possíveis de acesso e/ou meios alter-
diversos pontos da cidade. Se a oferta desses ser- nativos de transporte. Essa estratégia pode ser
viços for insuficiente, faz-se necessário uma arti- complementada com ações de comunicação na
culação com as autoridades competentes para a mídia (rádio, televisão, jornais ou Internet).
complementação dos serviços existentes ou para
a oferta temporária de soluções alternativas. No dia do evento, todo esforço deve ser feito
para assegurar um fluxo de tráfego ordenado.
Além disso, a ligação entre os pontos de chega- Placas de sinalização de vias — permanentes ou
da e os portões do estádio deve dispor de aces- temporárias — devem estar colocadas nos arre-
sos pavimentados, bem iluminados e claramen- dores do estádio, tornando-se mais frequentes
te sinalizados, a fim de facilitar o deslocamento e detalhadas à medida que se aproximem do
dos espectadores. complexo esportivo.

45
Na área externa do estádio, as orientações de-
vem ser informativas e claras, indicando áreas
de estacionamentos (inclusive com situação de
lotação), pontos de encontro, locais de acesso
aos portões, além da direção de estações de
trem/metrô e de pontos de ônibus.

O mesmo esforço deve ser feito de forma a as-


segurar um fluxo de saída, após o evento, sem
obstáculos para o público e para os automóveis.
Como não se deve supor que as pessoas irão
encontrar facilmente seus caminhos de saída,
uma clara sequência de placas de orientação
também deve ser providenciada.

46
Estacionamentos

Os estacionamentos devem estar preferencial- mana, por períodos de 6 horas, em média, é


mente localizados nas áreas do entorno imedia- possível tentar estabelecer ajustes para a ocu-
to do estádio e, preferencialmente, no mesmo pação compartilhada das vagas, beneficiando
nível de suas entradas. Como, em geral, o esta- todas as partes envolvidas.
cionamento representa uma grande área asfal-
tada, na maior parte do tempo sem uso, ele pode 7 Em casos específicos, especialmente se
ter um efeito desagradável para a paisagem ur- o estádio estiver localizado em área ampla e
bana. Por isso, essa área deve ser tratada de aberta, e se for bem atendido em termos de
forma adequada do ponto de vista paisagístico. transporte público, pode-se contar com a utili-
Algumas alternativas para isso são as seguintes: zação parcial de estacionamentos nas ruas ao
redor do estádio. Entretanto, como regra geral,
7 É possível construir o estádio sobre um o estacionamento nas ruas não deve ser enco-
estacionamento. Essa opção ajuda a reduzir a rajado, principalmente por conta dos transtor-
quantidade de terreno ocupado e evita uma de- nos causados à vizinhança.
masiada extensão do estacionamento de auto-
móveis. Porém, tem a desvantagem de ser uma 7 Pode-se contar com um estacionamento
solução muito cara. com deslocamento, ou seja, localizado a cer-
ta distância do estádio, mas que disponha de
7 Um estádio pode dividir seu estacionamen- serviço de transporte exclusivo (como vans e
to com edifícios de escritórios, conjuntos co- micro-ônibus) para transportar os espectadores
merciais ou equipamentos industriais vizinhos antes e após os jogos.
a ele. Essa opção requer um ajuste prévio junto
a esses estabelecimentos, prevendo as solu- 5.1. Acessos
ções para uso simultâneo do estacionamento,
principalmente nos casos de empreendimentos É essencial providenciar um número suficiente de
comerciais como lojas que permanecem aber- vagas nos estacionamentos e assegurar que seu
tos à noite ou em fins de semana. Mas, consi- acesso seja eficiente, evitando a desagradável
derando que os estacionamentos dos estádios lentidão do tráfego antes ou depois do jogo. Deve
são usados apenas duas ou três vezes na se- existir um sistema claro que oriente os motoristas

49
Dimensionando o estacionamento
até os estacionamentos, assim como em direção espectadores irá depender do tipo de atendi-
às saídas. A chegada, em geral, é mais fácil de mento que se pretende oferecer. Da mesma
ser administrada, por se realizar durante um pe- forma, o número de automóveis particulares
ríodo de pelo menos duas horas antes do início e de ônibus fretados que chegarão ao estádio
dos eventos. Na saída, todos querem se retirar ao irá depender da qualidade da oferta de trans-
mesmo tempo, o mais rápido possível. porte público e das condições de acesso pelas
vias próximas ao local. Por isso, é recomendá-
O levantamento de dados sobre a capacidade vel buscar antecipadamente os dados disponí-
das vias localizadas no entorno dos estádios veis dos sistemas de transporte público e do
e o tráfego que elas podem admitir deve ser sistema viário das cercanias do estádio, a fim
cuidadosa e antecipadamente estudado. Pode de realizar uma determinação mais equilibra-
ser necessária a alteração de padrões de uso da da necessidade real de estacionamentos.
ou a implantação de modificações viárias que
devem ser discutidas e apresentadas nas fases De todo modo, como regra geral, considerando
iniciais do projeto. que os estacionamentos podem ocupar grande
parte da área total do terreno disponível, o uso
Uma alternativa bastante comum nos dias de do transporte público parte dos espectadores
hoje é estimular o espectador a ficar um pou- deve ser estimulado.
co mais no estádio depois da partida e sair de
uma forma mais gradual, de maneira a reduzir Como a capacidade máxima de público do es-
os congestionamentos. Isso pode ser obtido se tádio irá ser alcançada em poucas oportuni-
houver restaurantes ou outras facilidades de dades, deve ser avaliada uma “capacidade de
convívio social, ou programas de entretenimen- projeto”, que poderá ser calculada por meio da 7 Proporção entre as diversas categorias de culação. Essas dimensões podem variar, depen-

to em telões de vídeo depois dos eventos. análise dos eventos, de sua frequência numa espectadores; dendo da legislação de cada localidade.

determinada época do ano e do número de es-


Os estacionamentos e suas vias de acesso não pectadores estimado para cada um deles. 7 Proporção de ocupação de ônibus e auto- Cálculo de área de estacionamento:

devem impedir as áreas necessárias para eva- móveis. Para efeito de cálculo, pode-se conside-
25m2 por automóvel previsto
cuação de emergência do estádio nem dificultar Cada tipo de evento gera um padrão determi- rar uma média de 2,5 pessoas por automóvel e
o acesso de carros dos bombeiros, ambulân- nado de demanda de estacionamento. O uso de 50 pessoas por ônibus; 72m2 por ônibus previsto
cias, viaturas da polícia, entre outros. de transporte público, de automóveis parti-
culares ou de serviços fretados de transporte 7 O tamanho de área de estacionamento ne- Pesquisando esses dados para um determina-
5.2. Demanda coletivo e a variação de sua utilização mudam cessário, para carros e ônibus, que pode ser fixa- do estádio e levando em conta os vários fato-
de um tipo de evento para outro. Assim sendo, da em 10 mil m² para 400 carros ou 138 ônibus. res envolvidos, pode ser deduzida com razoável
A determinação da quantidade e do tipo de a quantidade de estacionamentos requeridos Ou seja, calcula-se uma área de 25 m² por carro acerto a capacidade necessária de projeto e de
vagas de estacionamento previstas para os pode ser baseada em: e de 72 m² por ônibus, incluindo espaço de cir- área de estacionamento.

50 51
Alguns dos espaços disponíveis no estaciona- Parte das vagas deve ser destinada a portado- Diretores, patrocinadores e o staff do estádio estádio, antes e depois do evento. Esse espaço
mento podem ser ocupados ocasionalmente res de necessidades especiais (PNE). Na falta devem ter também seus estacionamentos em deverá ser cercado e ter seu acesso controlado.
para outros usos, como, por exemplo, para veícu- de requerimentos específicos, pode-se adotar separado, claramente identificados e em lo-
los de serviços de TV, que devem ser estaciona- previsão de 2% das vagas do estacionamento cais seguros, sob vigilância, supervisão e con- Um complexo esportivo requer a oferta de
dos em áreas adjacentes ao estádio. Isso preci- para veículos de espectadores com deficiên- trole, incluindo as vagas destinadas ao circui- uma série de bens de consumo e alimentação,
sa ser considerado no cálculo de vagas previstas cias. Essas vagas deverão estar próximas aos to de TV fechada. além de pontos de serviços variados. Para este
para o estacionamento próximo ao estádio. portões de entrada do estádio, projetado para atendimento, vias de passagem e circulação
ampla acessibilidade. Essa área poderá estar localizada dentro do desobstruídas e diretas devem estar previs-
5.3. Características das Vagas perímetro cercado dos estádios, desde que os tas no projeto desde seu estágio inicial. Como
A FIFA sugere uma vaga de ônibus para cada espaços disponíveis sejam amplos o suficien- esses veículos executam suas operações de
5.3.1. Espectadores 120 espectadores, embora isso seja um padrão te e separados dos acessos utilizados pelo abastecimento em geral antes dos horários
alto para ser adotado. Considerando outros fa- público em geral. No caso de não ser possível, dos eventos, os estacionamentos necessários
Com a finalidade de apresentar uma estimativa tores, como o número de automóveis esperado recomenda-se que todos os veículos oficiais, podem ser encontrados nas áreas de serviço
preliminar para o número de vagas para auto- ou o acesso por meio de transporte público, exceto aqueles dos serviços essenciais de próximas ao estádio.
móveis, deve-se estabelecer uma relação de 1 pode-se sugerir uma vaga para ônibus por cada emergência, sejam colocados fora do períme-
vaga para cada 10 ou 15 espectadores. Obser- 240 espectadores, como estimativa preliminar. tro cercado do estádio, em áreas reservadas 5.4. Zoneamento dos
ve-se que a FIFA recomenda a adoção de 1 vaga pela autoridade pública. Estacionamentos
para cada 6 espectadores, enquanto a Associa- Também deve haver previsão de vagas para bi-
ção Internacional de Federações de Atletismo cicletas e motocicletas, de acordo com as ca- Amplas áreas devem ser destinadas ao cres- Todos os grupos de usuários devem ter suas
(IAAF, na sigla em inglês) é ainda mais exigente: racterísticas de cada cidade ou região. cente número de veículos de televisão e rádio. zonas de estacionamentos facilmente identifi-
sugere 1 vaga para cada 4 espectadores. Pelo menos 10 veículos especiais (OB Van Com- cáveis e independentes. Essas zonas poderão
5.3.2. Competidores e Staff pound Unit: 24mx4m) são utilizados em um ser divididas em blocos de 500 a mil carros, e
As dimensões das baias de estacionamento evento comum. Além da vaga necessária para devem ser facilmente reconhecíveis por sinali-
para automóveis devem atender às recomenda- As vagas para os ônibus dos atletas ou joga- cada um, deve-se considerar as pistas desim- zação bem marcada. Cores ou padrões diferen-
ções locais. Porém, a princípio, deve ser previsto dores devem ser providenciadas para cada um pedidas de acesso e saída, sua largura e seus ciados dos elementos da pavimentação auxi-
um espaço mínimo de 2,5x5 metros. dos times em disputa. De uma maneira geral, raios de curva exigidos. Essas vagas deverão liam esse parcelamento do estacionamento em
exige-se entre 1 e 6 vagas para ônibus, ainda estar incorporadas às dos estacionamentos zonas distintas.
Os usuários de camarotes, convidados, VIPs, au- que a FIFA peça pelo menos 2 vagas de ônibus gerais, desde que tenham acesso direto ao
toridades e profissionais de mídia devem poder e 10 de automóveis para seus eventos oficiais. cabeamento e pontos de ligação previstos em Muitas vezes os espectadores chegam duran-
utilizar áreas de estacionamento exclusivas, cla- A determinação dessas vagas depende dos es- projeto. Devem também ser capazes de rece- te o dia e voltam para buscar seus veículos à
ramente identificadas, separadas dos estaciona- portes em disputa e deve ser pesquisado com ber o peso desses veículos técnicos (cerca de noite, quando o ambiente parece diferente. Já
mentos comuns. Esses locais deverão estar próxi- antecipação. Esses espaços deverão ser sem- 20 a 30 ton./m²). Será necessário que no seu para os jogos noturnos, a chegada e a saída são
mos aos pontos de acesso para seus respectivos pre seguros, separados entre si e dos outros entorno próximo existam áreas destinadas à feitas no escuro, o que exige uma iluminação
centros de recepção e hospitalidade, que condu- estacionamentos, dando acesso direto aos ves- alimentação e sanitários, pois suas equipes de suficiente e bem distribuída em todas as áreas
zem esses usuários às suas tribunas especiais. tiários, sem contato direto com o público. operação permanecem por longos períodos no de estacionamento.

52 53
Ao sair do estacionamento, os espectadores de- superlotação dos espaços ao redor do estádio,
vem dispor de passagens seguras de pedestres permitindo aos espectadores uma saída mais
que os levarão diretamente até aos portões de fácil e rápida. Esses pontos de embarque de-
entrada do estádio. Essa distância deve ser, de verão ser cobertos, iluminados e dotados de
preferência, de até 500 metros ou, se isso não placas de informação. A colocação de telefones
for possível, admite-se um máximo de 1.500 públicos e lixeiras próximas servem para com-
metros. Para o caso de estacionamentos mais pletar esses equipamentos.
afastados, deve ser prevista a circulação de um
transporte interno com pequenos veículos e a Todas as áreas de estacionamento devem ser
determinação de áreas de espera sinalizadas bem iluminadas, de maneira uniforme e sem
para auxiliar os usuários. zonas de escuridão, para permitir a entrada e a
saída num ambiente seguro. Postes mais altos
Como já foi observado, a cada ponto de entra- devem ser utilizados para isso, desde que não
da do estacionamento deve haver sinalização causem perturbação de luz em áreas residen-
dirigindo os visitantes para as posições de seus ciais vizinhas. Nos caminhos destinados aos
veículos. Quando estacionado, placas e sinais pedestres nos estacionamentos, uma ilumina-
deverão indicar onde estão localizados e para ção adequada deve propiciar um direcionamen-
onde deverão se dirigir a fim de alcançar seus to claro e seguro entre os portões de entrada do
portões de acesso ao estádio. Os pontos de estádio e os veículos mais distantes.
acesso ao perímetro do estádio devem estar
claramente identificados. Se o terreno não for suficiente para acomodar
o número de veículos previsto para um determi-
Da mesma forma, ao final do evento, o cami- nado evento, áreas de estacionamento adicio-
nho de volta aos seus veículos deve estar cla- nais deverão ser identificadas e oferecidas, an-
ramente indicado. tecipadamente, nas proximidades do estádio.
Para isso podem ser usados parques, áreas de
Um sistema de transporte que alcance pontos lazer ou estacionamentos de estabelecimentos
próximos aos estacionamentos deve reduzir a comerciais próximos.

54
Paisagismo do Estádio

6.1. Impacto Ambiental blico acerca da capacidade do meio urbano


e de Vizinhança para comportar determinado empreendimen-
to. Tratam-se de documentos técnicos exigidos
Hoje, o conceito de meio ambiente coloca o para a concessão de licenças e de autoriza-
homem e suas ações como seus elementos ções de construção, ampliação ou funciona-
integrantes. Assim, as questões da urbe de- mento de empreendimentos ou atividades que
vem ser consideradas na proteção ao meio possam afetar a qualidade de vida da popu-
ambiente, para que seja possível assegurar lação residente na área ou nas proximidades.
uma sadia qualidade de vida.
O conteúdo desses estudos fornecem os
As dimensões e o porte dos complexos espor- meios para que o poder público avalie previa-
tivos e a forma extrema com que sua utiliza- mente a repercussão do empreendimento, no
ção impacta seu entorno imediato e influen- que se refere às questões ligadas a visibilida-
cia o desenvolvimento da região onde serão de, acesso, uso e estrutura do meio ambiente
implantados recomendam cuidados excepcio- cultural que compõe determinada área, tais
nais quanto à sua localização. como variáveis ambientais, paisagísticas, so-
ciais e econômicas.
Por esses motivos, é necessário que as autori-
dades municipais examinem a adequação dos Dessa maneira, a administração pública dis-
estádios e de seus complementos essenciais ao põe de meios para intervir com o intuito de
respectivo local e entorno, tanto em relação aos minimizar os danos que possam vir a ser ge-
aspectos do sistema viário e de transportes — rados. Também deve ser levada em conside-
além de fluxos de público, produção de ruídos e ração a opinião da população diretamente
resíduos sólidos e capacidade de infraestrutura afetada pelo empreendimento.
instalada — como em relação à própria escala da
construção e da relação que será determinada por Atualmente, o aumento das ações de proteção,
ela com as construções vizinhas de menor porte. defendidas por associações e comunidades
cada vez mais atuantes, tem se voltado de for-
Os Estudos de Impacto Ambiental e de Vizi- ma ativa contra novas edificações de vulto, em
nhança têm por finalidade instruir o poder pú- especial aquelas geradoras de mais tráfego e

57
ruído. Essas ações vem conseguindo impedir do-as mais agradáveis, deve ser implantado. Ao rampas suaves ou pequenos muros de arri- 6.3. Zona de Amortecimento
execução de obras ou forçar a adoção de modi- mesmo tempo, isso pode servir para definir com mo. Elas não devem acompanhar as inclina-
ficações que reduzam suas áreas, volumes edi- mais clareza as áreas especiais, as áreas de es- ções do terreno, como é comum ocorrer. A principal zona de amortecimento é a tran-
ficados ou atividades propostas. Assim sendo, tacionamento e os caminhos dos pedestres que sição entre o edifício do estádio e a área de
toda a atenção deve ser prestada à legislação as atravessam. 7 Para a drenagem dessas áreas pavimen- estacionamento, a Zona 4, como foi descrita
ambiental e conservacionista relacionada. tadas, devem ser utilizadas canaletas e ralos, anteriormente. Uma parte dela deve ser pavi-
Algumas medidas podem ajudar a alcançar de preferência acompanhando o padrão do mentada ou gramada para servir como uma
Portanto, a apresentação do projeto e sua am- esse objetivo: desenho do piso e do plantio proposto. área de reunião, como se faz necessário por
pla discussão nos seus estágios iniciais com sua função específica. Porém, sua parte re-
as autoridades e representantes das comuni- 7 As superfícies pavimentadas devem ser di- 7 As mudanças de nível devem atender aos manescente pode ter árvores, arbustos ou
dades envolvidas continua sendo a forma mais vididas em áreas que formem um desenho atra- pedestres, mais do que aos veículos. Devem mesmo floração, essas últimas de preferên-
adequada de lidar com este assunto. ente. Nos dias de hoje, os grandes eventos são ser tomados cuidados especiais com o posi- cia junto aos portões de entrada.
acompanhados por milhões de espectadores cionamento de grelhas e ralos em pontos de
6.2. Uso do Plantio nas transmissões ao vivo pela TV e as tomadas mudança de nível dos caminhos dos pedes- O plantio nas áreas de circulação é utilizado
aéreas são um recurso muito utilizado. Dessa tres e observadas as rotas de deslocamento dentro do perímetro do estádio para ajudar a
A implantação de um estádio pode ser feita de forma, é da maior importância que a arquitetura de cadeirantes ou portadores de necessida- definir os padrões de circulação e para auxi-
forma a atenuar alguns problemas de escala dos novos estádios e o tratamento do seu en- des especiais. liar a separação dessas do volume proporcio-
e o aspecto pouco agradável de acabamentos torno produzam grande impacto visual, tanto ao nado pela estrutura do edifício.
normalmente associados a esse tipo de edifica- nível do chão como do ponto de vista do público 7 Os processos construtivos e os materiais
ção. A utilização de plantio denso de proteção que assiste pela TV. utilizados devem ser escolhidos de forma a Em razão de essas áreas serem ocupadas por
em seu entorno pode aliviar o impacto visual exigir pouca manutenção, oferecendo uma multidões, é recomendado que sejam planta-
causado por sua altura e seu volume aparente, 7 Alguns elementos diferenciados de piso boa superfície de uso. O asfalto, onde utiliza- das espécies cujas folhagens permaneçam a
fazendo com que a edificação pareça menor e podem ser colocados segundo um desenho ge- do, deve ser aplicado em áreas demarcadas pelo menos dois metros de altura, a fim de
mais inserida em seu contexto urbano. Embora ométrico, intercalando as superfícies maiores por subdivisões nítidas e ordenadas. não atrapalhar a visão dos espectadores.
esse plantio tenha custo inicial e de manuten- de asfalto, de maneira a contrastar com ele. O
ção alto, particularmente junto a estádios es- plantio de vegetação a meia altura ou arboriza- 7 Em algumas áreas de uso menos frequen-
portivos onde o comportamento descuidado e o ção entre as zonas do estacionamento podem te ou ocasional, podem ser usadas peças de
vandalismo do público podem ocorrer, essa so- ajudar na definição de suas partes, contribuin- concreto vazadas com plantio de grama para
lução deve ser tentada desde o início das obras do para um aspecto mais suave quando obser- amenizar o aspecto do conjunto.
e não relegada para as últimas providências. vado do alto. A arborização pode acompanhar
as vias do entorno, auxiliando na amenização
Como o vazio dos estacionamentos pode contri- dessas extensas superfícies.
buir para um aspecto negativo do conjunto, cui-
dados especiais devem ser tomados. Um plano 7 Cada uma dessas áreas pavimentadas
de tratamento paisagístico capaz de reduzir o deve, sempre que possível, ser plana ou divi-
impacto visual dessas áreas extensas, deixan- dida em planos, com seus níveis ligados por

58 59
Estrutura do Estádio

A excelência de um projeto de estádio pode ser Os estádios naturalmente se voltam para a ação
alcançada quando a estrutura, os fechamentos que se desenvolve internamente — são um caso
e os acabamentos expressam em toda a sua de forma voltada para dentro. Assim, podem ser
escala — do todo ao pormenor — um conceito incluídos numa categoria que se pode chamar
simples, funcional e expressivo. de “contêineres”, ou seja, são lugares-cenários
onde o ritual do consumo se reproduz, onde a
Nos últimos anos, temos podido reconhecer distribuição dos bens desejados encontra os
esses atributos em alguns exemplos de exce- seus consumidores, juntamente com museus,
lência. Porém, são raros os que aliam inovação shopping centers, casas de espetáculo — tea-
criadora, custos de execução moderados e ope- tros, óperas, circos —, parques temáticos de en-
racionalidade comprovada. Os passos iniciais tretenimento, edifícios históricos para visitação.
para alcançar um padrão arquitetônico de qua-
lidade superior devem ser a identificação dos Todos são recintos fechados, estruturas não
elementos que permitam aliar beleza e funcio- transparentes onde a “separação” constitui
nalidade no projeto de um estádio. uma premissa fundamental para que se crie,
com toda a evidência, um espaço próprio de
7.1. Exigências Funcionais representação. Suas fachadas, voltadas para a
rua ou para a paisagem em volta, podem ser
Alguns problemas podem ser identificados em até desagradáveis em virtude dos muros e das
razão de os estádios de futebol terem de ser cercas de segurança ou de outras medidas obri-
preparados para complexas exigências fun- gatórias de controle das multidões.
cionais — linhas de visibilidade desimpedidas;
conforto; comodidade; proteção contra ventos, Muitas vezes os estádios são envolvidos por
chuvas e sol; oferta de serviços de qualidade; grandes áreas de estacionamentos de automó-
áreas de circulação eficientes para a entrada veis e ônibus que não só são pouco atraentes
e a saída de grande número de pessoas, en- por si mesmos, como afastam o estádio do seu
tre outras. Esse é um tipo de edificação para entorno. Calçadas e espaços públicos amplos à
a qual pode-se dizer que a forma segue direta- sua volta, preparados para o acúmulo das mul-
mente sua função. tidões nos dias de jogos, nos dias comuns ficam

63
desertos ou com uma frequência reduzida de ça, a harmonia e uma aparente naturalidade rabilidade e resistência ao fogo, devem ser ana- Quando o concreto é pré-fabricado (assim como
pessoas circulando. Podem ficar desocupados, que fazem a boa arquitetura. lisadas com muita atenção e só então ser com- o aço), ele traz vantagens sobre o concreto mol-
vazios e sem utilização por semanas, transmi- paradas com alguns outros atributos menos dado no local, pois seus elementos podem ser
tindo um aspecto de abandono e falta de vida Quando passamos da forma para os acaba- quantificáveis, porém igualmente importantes, produzidos fora do canteiro e ainda antes da
em sua volta mentos, temos de considerar que os estádios como sustentabilidade, graça e beleza. preparação do terreno, adiantando o avanço
devem ter superfícies resistentes e altamente das obras. O concreto pré-fabricado é largamen-
Eis que, de repente, por poucos períodos, eles resilientes, capazes de se manter em boas con- Com relação às fundações dos estádios, deve- te utilizado para formar as arquibancadas por
se tornam intensamente utilizados, perturban- dições ainda que sem grandes cuidados, tanto -se observar que esses equipamentos são, meio de unidades que se encaixam formando
do e congestionando a sua vizinhança. Esse em climas adversos quanto ao serem subme- muitas vezes, instalados em terrenos que não degraus e que são, muitas vezes, pré-tensiona-
padrão de uso, quase único entre os vários ti- tidas à ação das multidões e do vandalismo serviriam para outro tipo de uso, como depósi- das para que possam ser mais leves e delgadas.
pos de edificações, causa ao estádio e a seu deliberado. Em muitos casos, as exigências de tos de matérias indesejadas, antigas áreas de
entorno um dos efeitos mais evidentes de sub e resiliência para seu acabamento podem ser en- mineração, áreas pantanosas, pátios ferroviá- Ainda assim, é um material que tende a se des-
super utilização de um mesmo local. tendidas como uma opção por materiais duros, rios e outros. Parte dos custos da construção, gastar com o tempo, piorando o seu aspecto
brutos e descuidados. nesses casos, pode se destinar para a com- final. No caso de sua indicação preferencial,
Ainda que suas enormes escalas físicas possam pactação do solo, descontaminação da área, grandes cuidados devem ser adotados para evi-
não significar um problema maior em locais A atenção e a análise de estádios nos quais retirada de lixo ou demolição de fundações ou tar manchas em sua superfície. Com o aumento
afastados e fora das cidades, é muito mais di- esses ou outros problemas tenham sido resol- de redes subterrâneas de infraestruturas pré- do uso de elementos pré-fabricados, os quais
fícil que isso aconteça no meio de uma malha vidos com bom senso e qualidade ajudam na -existentes. Dessa forma, esta baixa capacida- podem ser manufaturados com um melhor con-
urbana mais adensada. Procurar a reconciliação identificação de alternativas bem sucedidas de do solo muitas vezes traz o risco de resultar trole de qualidade do que o concreto vertido in
dessa escala dos estádios com aquela do seu para os casos que se apresentem. em fundações custosas, além de exigir estu- situ, obtém-se acabamentos de alta qualidade.
entorno é sempre um desafio para o projeto. dos geotécnicos mais bem elaborados.
7.2. Escolha de Materiais A pintura no concreto é um recurso que pode
Um estádio é composto de elementos que são O concreto armado compete com o aço como também ser aplicado, e alguns estádios têm se
inflexíveis e muitas vezes difíceis de ser assimi- Os estádios têm sido construídos com todo tipo o material mais comuns em uso nas estruturas utilizado dessa alternativa. Finalmente, as super-
lados por uma fachada constituída num esque- de material. O custo é o fator principal a ser ava- dos estádios. Ele tem a vantagem de ser natu- fícies de concreto que se encontram expostas ao
ma de composição tradicional. Esses elemen- liado, porque a estrutura representa um percen- ralmente à prova de fogo e mais barato que o contato do público devem ser revestidas com ce-
tos são os degraus, as escadas e as rampas, tual de aproximadamente 35% do custo total do aço em muitos países. O concreto pode ser apli- râmica, chapas metálicas ou outros acabamen-
os pórticos de entrada e a forma da cobertura. empreendimento — proporção maior nos está- cado in situ ou utilizado em estruturas ou pe- tos resistentes e de bom aspecto. Isso ajudará
dios do que em outros tipos de edificações. ças pré-moldadas, sendo ambos, muitas vezes, a conservação do estádio em geral, embora se
Para dar conta desse conjunto de imposições utilizados simultaneamente. Porém, apresenta deva admitir maior custo de implantação.
formais, em algumas situações, as regras habi- A comparação do custo entre todos os mate- a desvantagem de que seu aspecto não é con-
tuais de composição devem ser abandonadas, riais que podem ser utilizados na estrutura, siderado agradável, em especial quando entre- O aço, em alguns lugares do mundo, é mais ba-
emergindo formas arquitetônicas inovadoras com uma atenção particular para a escolha do gue sem acabamento ou revestimento, por pas- rato do que o concreto, e isso permite a pré-fa-
que procuram acomodar, envolver ou adoçar tipo de cobertura, é de vital importância. Outras sar uma impressão de pressa e de ausência de bricação fora do canteiro de obras, por razões já
esses rígidos elementos para conseguir a gra- características de desempenho, tais como du- cuidado com a qualidade da obra. relacionadas anteriormente. Ele é de fato mais

64 65
leve que o concreto, tanto física como estetica- dio, variará o grau de possibilidade de aplica- uma parcela considerável e suficiente de ilumi- espectadores aqueles inseridos dentro dos
mente, e isso promove vantagens funcionais, ção da grama natural ou a superfície de jogo nação e ventilação natural. setores previamente estabelecidos e com ro-
como fundações mais baratas em solos ruins mais recomendada para diversos esportes. tas de fuga definidas.
e a possibilidade de graciosas e esbeltas estru- Se for adotado algum tipo de grama sintética
turas. O aço parece ser uma escolha óbvia para No caso dos estádios completamente abertos, para o campo, a forma escolhida para o estádio Tanto quanto possível, os espectadores devem
coberturas, pois sua utilização permite cobrir aqueles em que não existe cobertura das loca- não tem qualquer tipo de efeito sobre uma su- estar perto do campo o bastante para que pos-
mesmo arquibancadas que já estejam em uso lidades de público, aceita-se qualquer tipo de perfície de jogo. Algumas considerações, no en- sam ver e acompanhar o movimento da bola, de
há anos. superfície de jogo, incluindo a grama. Aqueles tanto, deverão ser observadas tanto na escolha preferência sem olhar diretamente para o sol e
com coberturas que se projetam por cima da como na instalação desses materiais2. sem quaisquer obstruções, tais como colunas
As posturas de prevenção a incêndios vão pro- área das arquibancadas podem ter superfícies ou coberturas, tão baixas que prejudiquem uma
vavelmente exigir que as peças metálicas este- de grama natural, porém, determinadas rela- 7.4. Forma das Arquibancadas visão desimpedida do campo de jogo.
jam recobertas por substâncias retardantes de ções de sombra, luz do sol ou correntes de ar
fogo, com prejuízo do aspecto dos perfis utiliza- podem representar um dano de difícil supera- Para um apanhado geral das condições deter- 7.5. Circulação de Pessoas
dos. Isso pode ocasionar a perda das vantagens ção para o gramado. minantes para o desenho da forma e da es-
que o aço tem sobre o concreto. trutura de um estádio, deve-se levar em conta O padrão das rotas de circulação, escadas e
A orientação de um técnico especializado e a alguns fatores essenciais. A todos os especta- rampas para que os espectadores possam en-
7.3. Recobrimento do Campo análise criteriosa dos diagramas de tempo de dores deve ser oferecida uma visão clara e de- trar e sair do estádio, antes e após as partidas,
insolação nas áreas de jogo deverão ser usadas simpedida do campo, sobre as cabeças daque- de maneira direta e sem hesitação, deve ser
Quando o nível da superfície de jogo é rebaixa- para a determinação dos efeitos da sombra so- les que estiverem sentados a sua frente. Isso suficiente para assegurar um fluxo contínuo e
do em relação ao nível do terreno, os primeiros bre o campo, além das anotações sobre o efeito implica que os degraus das arquibancadas de- desimpedido de pessoas. Esses itens devem
degraus das arquibancadas podem ser assen- da aeração e da ventilação natural do estádio. vem possuir as dimensões indicadas para isso. estar articulados entre si de uma forma que
tados diretamente no terreno natural. Esse ar- ofereçam as dimensões necessárias para pro-
tifício pode representar economia nos custos Já os estádios total ou permanentemente co- Ao mesmo tempo, essas arquibancadas não porcionar um esvaziamento de saída rápido e
da construção e oferecer o beneficio estético bertos, no presente, não podem receber pisos devem ser tão inclinadas a ponto de se tor- seguro, mesmo em condições de pânico. A arti-
da redução da altura do edifício. Mas a cons- de jogo de grama natural e devem se utilizar nar perigosas, nem desconfortáveis a ponto culação das vias por onde circulam os especta-
trução das arquibancadas diretamente no solo de gramados artificiais. Experiências para tor- de criar uma sensação de vertigem. Pode-se dores deve também facilitar o acesso direto aos
não é sempre uma escolha tão simples como nar possível o uso de gramados naturais nos fixar um ângulo máximo de 34º de inclinação banheiros e áreas de alimentação.
pode parecer. Condições de solo ruins podem estádios fechados não demonstram sua pos- para que isso não ocorra. Entretanto, somen-
criar problemas que neutralizem os benefícios sibilidade ou necessitam de soluções muito te serão considerados lugares destinados a As rotas de circulação devem ser projetadas para
de custos imaginados. caras. Como um recurso extremo, dadas as di- atender a uma subdivisão da capacidade total

34º
mensões extraordinárias dos vãos, a qualida- dos assentos em setores de cerca de 2.500 a
Algumas formas de estádios podem significar de e o peso dos equipamentos e mecanismos 3 mil espectadores cada um. Isso permitirá um
dificuldades, ou mesmo impossibilidade para necessários, pode-se adotar, na cobertura, um controle de multidão mais fácil e uma melhor dis-
é a inclinação máxima recomendada
o uso de determinados tipos de superfícies de sistema que assegure o deslocamento de par- tribuição dos banheiros, bares e restaurantes.
para as arquibancadas.
jogo. Dependendo do quão fechado for o está- te desse teto, de maneira a garantir ao menos

2
Ver FIFA Quality Concept for Football Turf / Handbook of Requirements and Handbook of Test Methods – January 2008 Edition.

66 67
Em cada área individual de assentos, essas ro- durabilidade se tratadas com aditivos e selan- As saídas devem ser protegidas, de ambos os pecto de conforto, tendendo a preferir algum
tas de circulação consistirão de pórticos aces- tes. No entanto, ainda estão associadas à ima- lados ou sempre que houver um desnível mais tipo de cobertura sobre seus locais de assento.
sados por passagens laterais — correndo pa- gem que não se quer atrelar aos melhores está- acentuado, com guarda-corpos e/ou corrimãos,
ralelas com os lados do campo — e passagens dios: a de um local áspero e desagradável, ou que devem ser adotados em ambos os lados das Coberturas influenciam também na relação de
radiais que terão degraus. O padrão de poucos seja, um lugar que as pessoas prefeririam evitar. escadas ou rampas. Eles devem estar situados luz e sombra projetadas sobre o campo e sobre
pórticos de acesso (vomitories) atendidos por entre 80 e 90 centímetros acima do nível do piso as arquibancadas. É importante considerar,
longas passagens usualmente deixa menos O uso de superfícies de blocos de concreto na- e possuir terminações arredondadas ou curvas. por exemplo, que, para jogos à tarde, a arqui-
espaço para assentos, enquanto um número tural com pintura antigrafite é utilizável, embora bancada principal deve ser voltada de forma
maior de pórticos, acessados por passagens para o público represente o mesmo que os está- As superfícies superiores dos corrimãos e ba- que o número de espectadores de frente para
mais curtas, deixa um espaço mais bem utili- dios de concreto aparente. As paredes de tijolo laustradas devem ser arredondadas, para dificul- o sol seja o menor possível. Em todos os casos,
zado e de mais fácil saída em condições de pâ- natural, os revestimentos de paredes em mo- tar que os torcedores fiquem em pé sobre elas. a eficácia de uma cobertura para proteger os
nico. O encontro de uma solução intermediária saicos cerâmicos e as chapas de diversos mate- Os tetos altos ou forros rebaixados são menos espectadores do sol e a extensão das sombras
entre as duas alternativas deve ser buscado. riais apresentam uma imagem mais agradável, propensos a ser danificados pelo público. projetadas sobre o campo, nas diversas horas
além de poderem ser tratadas com pintura ou do dia e do ano, deve ser estudada por meio de
7.6. Acabamentos vernizes antigrafite. Os pisos de alta resistência, As balaustradas colocadas antes do limite dos modelagem em computador.
as cerâmicas industriais e as mantas ou placas pisos das circulações e patamares ajudam a
O ideal seria que, nos estádios, o espectador emborrachadas podem atender a vários locais reduzir o perigo da queda de objetos sobre o Como já apontado, a combinação de sombra em
se comportasse, individualmente ou em grupo, com suficiente qualidade e, mesmo mais caros, público que está abaixo. Da mesma maneira, excesso e reduzida circulação de vento tem um
de maneira conveniente e que não depredasse são bem resistentes ao uso, além de estarem a superfície dos pisos próximos ao seu limite efeito adverso sobre a qualidade e a durabilida-
o edifício. Isso permitiria que os assentos, as disponíveis em bonitas cores. deve ser pensada de forma a evitar que obje- de da grama do campo. É importante verificar a
áreas de circulação, os banheiros e as áreas de tos possam escorregar para fora dos seus li- direção e a velocidade dos ventos dominantes
lazer tivessem acabamentos do padrão dos ci- 7.7. Detalhes Construtivos mites. Em torno dos pórticos de acesso (vomi- e testar padrões de turbulência que possam ser
nemas e shopping centers. torium), para se alcançar uma altura mínima causados por edificações vizinhas e pelo pró-
Alguns cuidados especiais devem ser objeto de de 1,10 metro, recomenda-se que, até a altura prio estádio e suas estruturas. Recomenda-se,
No entanto, onde as multidões apresentam atenção dos projetistas no momento em que esti- de 90 centímetros, esta guarda seja executa- por isso, que sejam efetuados testes de túnel
registros de comportamento desordenado ou verem detalhando os componentes principais das da em concreto. de vento para uma avaliação definitiva do com-
violento e grande parte da construção está ex- áreas de maior circulação do público. O uso de cor- portamento das estruturas das coberturas do
posta ao vento e à chuva, os acabamentos de- rimãos ao longo das paredes, por exemplo, ajuda 7.8. Coberturas estádio, em especial se o campo for recoberto
vem ser altamente resistentes para atender ao na proteção de suas superfícies, por manter o pú- de gramado natural.
intenso desgaste, às limpezas com abrasivos blico a uma distância segura. Os cantos das pare- Estádios com arquibancadas descobertas ou
e detergentes e às mudanças de temperatura des também devem ser arredondados ou protegi- parcialmente cobertas ainda são os mais co- Uma cobertura plana ou quase plana e contí-
ocasionadas pelo efeito do sol e da chuva. dos com cantoneiras, para evitar danos causados muns de serem encontrados em nosso país e nua, arrumada em círculo ou elipse, em vez de
por carrinhos de alimentos ou veículos de serviço. na maioria dos campos de futebol em todo o tetos separados com espaços entre eles, tem
Superfícies de concreto são largamente utiliza- Todos os balanços e cantos com quinas vivas nas mundo. Porém, os espectadores vem aumen- mais condições de diminuir o efeito de circula-
das e relativamente baratas, podendo ter maior áreas do público devem ser evitados. tando seu nível de exigência em relação ao as- ção de ar no interior no estádio. Isso cria uma

68 69
situação mais favorável de conforto para os entre as variáveis que determinam a escolha de ciclo menor e sua durabilidade depende do tipo em túnel de vento é recomendável nesses ca-
espectadores e atletas e pode influir de forma uma determinada seção transversal para a co- e da qualidade do material empregado e do sos, mesmo que isso exija maquetes mais sofis-
benéfica no desempenho dos jogadores em pa- bertura. A sua borda deve ser sempre elevada padrão da manutenção que for adotado. Esses ticadas, mais tempo e maior custo.
íses de clima muito frio. No entanto, a pouca cir- o bastante, de forma que a grande maioria dos períodos devem ser discutidos e decididos com
culação de ar pode proporcionar maior umida- espectadores possa ver a bola do jogo quando os consultores de custo nos estágios iniciais 7.8.1. Tipos de Cobertura
de das superfícies de jogo depois das chuvas, o for lançada para o alto, e a vista dos espectado- de projeto, como parte da determinação de um
que poderia sugerir a adoção de cantos abertos res sob a cobertura não seja também obstruída custo-durabilidade previsto para o empreendi- Alguns tipos de estrutura podem ser usados
e separados entre os planos de cobertura. por colunas ou suportes estruturais (Figura 3). mento do estádio como um todo. para resolver a maioria das forças que atuam
sobre a cobertura dos estádios, que poderão
A relação proporcional entre a necessidade de Para as coberturas, pode-se estimar uma vida Um detalhamento que permita a manuten- adotar outras formas e muitas combinações en-
proteção dos espectadores contra o sol, a chu- útil entre 20 e 25 anos, dependendo do seu ção e a substituição fácil de partes dos ele- tre as opções básicas selecionadas:
va e os ventos e a qualidade do gramado está tipo. Os acabamentos e revestimentos têm um mentos da cobertura e o ciclo previsto para
isso devem estar previstos no projeto e cons- 7 Nas estruturas de pilares e vigas, consi-
tar em manual de usuário a ser produzido e deramos apenas dois pilares nas extremida-
Figura 3
distribuído pelos projetistas. des com uma viga entre eles, de maneira que
a cobertura seja toda ela sustentada por uma
Quando forem consideradas alternativas para simples trave. Essas estruturas têm como van-
a forma da estrutura da cobertura, deve ser tagens um custo moderado e a visão sem obs-
lembrado que sustentar a cobertura não é o trução, em especial se os apoios estão situados
único — e nem o mais complexo — problema nas extremidades do campo de jogo. No entan-
estrutural. A pressão de vento por baixo da co- to, o sistema funciona desde que não sejam ne-
bertura pode muitas vezes criar um problema cessários assentos nos cantos do campo, res-
muito mais sério (o de derrubá-la) e é fato que tringindo a arrumação e o posicionamento das
a maioria das coberturas sobre arquibancadas cadeiras nas arquibancadas;
apresentaram muito mais falhas devido ao es-
forço a que são submetidas por causa das tor- 7 Numa cobertura em balanço, o peso é sus-
ções exercidas quando do esforço provocado tentado apenas por um ponto fixado na parte
por esse arrancamento do que por falhas no traseira do seu limite, enquanto o outro ponto,
sistema de sustentação adotado. que está próximo ao campo, fica livre e sem
suporte. Essa tipologia tem como vantagem
Essa condição de arrancamento, como podería- permitir uma visão totalmente livre para uma
mos chamar, é muitas vezes transitória e pode arquibancada de qualquer profundidade, pois
levar a uma complicação mais séria por causar os balanços livres podem chegar a 45 metros,
oscilações nas estruturas do teto que devem ser aparentando não estar sendo suportados por
absorvidas pela estrutura. A utilização de testes nenhum recurso estrutural mais visível. Se os

70 71
últimos degraus da arquibancada estiverem elementos submetidos apenas a tensões, como aos efeitos das variações da temperatura, dos 7 Os estádios com coberturas totais sobre a
muito afastados do campo, o balanço tende a cabos. Eles são mais econômicos materialmente ventos e da sua exposição aos raios ultravioleta. área de jogo se utilizam de coberturas translúci-
se tornar mais caro e isso pode sugerir outro do que outras formas de estrutura, mas exigem Sobre as áreas de estar — camarotes e tribunas; das que oferecem um efeito agradável de ilumi-
tipo de sustentação para o espaço coberto; ser cuidadosamente estabilizados e protegidos cozinhas, bares e restaurantes; sanitários e de- nação e visibilidade e um ambiente amplo, auxi-
contra qualquer deformação que possa fazer com pósitos — ou onde as normas de construção exi- liando o televisionamento ao reduzir o contraste
7 Cascas de concreto são estruturas com que partes do sistema entrem em compressão. girem, podem ter de receber proteção térmica entre as áreas de luz e sombra.
finas superfícies curvas em uma ou duas dire- Podem ser de três tipos principais: cabos em ca- ou acústica adicional. Os materiais mais utiliza-
ções, derivando sua força mais da forma geomé- tenária, redes de cabos e membranas; dos para coberturas são:
trica do que da espessura ou solidez do material
de que é moldada. Elas incluem formas cilíndri- 7 Membranas plásticas formando um am- 7 Chapas de aço galvanizadas que, em ge-
cas, cônicas ou hiperbólicas e permitem cober- biente fechado, sozinhas ou numa combinação ral, vêm recobertas de pintura plástica ou de
turas e tetos muito elegantes. Uma casca fina, com estruturas portantes, como um conjunto outros tipos de recobrimento. São baratas,
como 75 ou 100 milímetros, pode facilmente suportado por uma tensão interna positiva cau- fáceis de colocar e muito usadas. As folhas
vencer um vão de 100 metros; sada por ventiladores e/ou insufladores de ar. de alumínio são mais leves e resistentes ao
Essas membranas são em geral formadas por ataque dos elementos da atmosfera, mas
7 Quando a estrutura consiste num anel in- poliéster PVC, algumas vezes reforçadas — no têm menos resistência ao impacto e sofrem
terno de tensão e num externo de compressão, caso de grandes vãos e amplas coberturas; os efeitos da corrosão eletrolítica quando em
ambos são conectados por elementos radiais contato com outros metais ou concreto;
que mantêm a geometria da forma resultan- 7 Uma estrutura espacial é composta por uma
te, como se fosse a estrutura de um pneu, re- malha de elementos estruturais com uma forma 7 O concreto é tão pesado que só deve ser
presentando o plano da cobertura. Com esse tridimensional e estável nas três dimensões, a utilizado onde a estrutura da cobertura é tam-
sistema, grandes e profundas arquibancadas não ser, por acaso, uma malha estruturada e pla- bém o recobrimento, como em lajes ou cascas.
com mais de 50 metros de distância entre os na que é estável apenas na sua própria super- Com o tempo, seu aspecto passa a ser pouco
anéis externo e interno podem ser cobertas fície. Pode ser executada em qualquer material, atrativo devido aos fatores climáticos, embora
com relativa facilidade, servindo ainda, tan- porém é comumente montada em aço e tende a alguns tratamentos com silicone possam aju-
to técnica como esteticamente, para resolver ser cara. É capaz de vencer grandes vãos e cobrir dar na sua conservação;
projetos de reforma e atualização de estádios todo o espaço necessário de um estádio, supor-
já existentes. No entanto, possuem a limitação tada apenas com apoios em seu perímetro. 7 Plásticos rígidos incluem folhas de acríli-
de só poderem ser utilizadas em estádios que co, PVC e de policarbonatos. Esses materiais,
têm a forma de uma tigela, ou seja, estádios 7.8.2 Materiais para Coberturas à prova d’água e resistentes, podem conviver
com suas arquibancadas arrumadas ao redor com deformações sem sofrer danos e têm uma
de uma forma elíptica; Os materiais de recobrimento das coberturas razoável resistência a impactos;
devem ser leves, resistentes, impermeáveis,
7 Estruturas tensionadas são coberturas nas incombustíveis, esteticamente aceitáveis, com
quais todas as forças primárias são realizadas por custo razoável e duração suficiente para resistir

72
Área de Atividades
Campo de Jogo

Um campo de grama natural é mais agradável e efeitos de sombra da estrutura da edificação


esteticamente mais atraente, permitindo veloci- em torno do mesmo, a qualidade do gramado
dade de quique da bola e um grau de resistência pode apresentar resultados insatisfatórios.
a seu rolamento, sendo o mais adequado para
o futebol. Esse tipo de campo oferece uma su- Uma segunda limitação é que a grama natural
perfície que não é dura ou macia demais, sen- não consegue sobreviver ao uso muito frequente,
do confortável para a corrida, causando menos em especial quando o campo é utilizado durante
contusões do que outros acabamentos ou co- ou após chuvas mais intensas. Isso, de certa ma-
berturas alternativas e, se irrigada corretamen- neira, impede ou limita a utilização frequente dos
te, torna-se uma área fresca em climas quentes. estádios — condição essencial para sua viabilida-
de econômica e financeira.
A maior limitação para o uso de superfícies de
jogo gramadas é que elas não podem ser utili- Diversas alternativas têm sido tentadas para
zadas em estádios totalmente cobertos e são superar essas dificuldades, todas elas de custo
difíceis de ser mantidas sadias e resistentes, excessivo e operação complicada. A colocação
mesmo em estádios cobertos parcialmente. de grama em grandes caixas retangulares, encai-
A razão é que a grama necessita de bastan- xadas entre si, que podem ser retiradas e poste-
te incidência de luz solar, aeração, umidade e riormente recolocadas no campo, é uma delas.
temperatura adequadas para que se mante- Outras tentativas são a utilização de uma estru-
nha em condições de uso intenso dentro dos tura elevada sobre o gramado, de maneira a mi-
parâmetros exigidos pelo esporte. Por isso, nimizar os danos de seu uso para outros eventos,
tem sido impraticável sua utilização em está- ou o deslocamento de todo o campo montado
dios cobertos, ainda que com uso de mate- sobre uma estrutura que desliza sobre trilhos até
rial translúcido na cobertura. Mesmo em es- fora do perímetro do estádio. Nesse local, a gra-
tádios semicobertos, dependendo do clima e ma recebe o tratamento e a insolação adequada
da quantidade de horas de insolação/ano, da e, quando necessário, volta por meio do mesmo
amplitude das aberturas sobre o campo e dos processo ao seu lugar anterior.

75
Todos esses procedimentos são custosos e repre- grama e seu enfraquecimento exigem um tem- A superfície gramada deve ser lisa, sem res- também variadas, que facilita o encaminhamen-
sentam uma enorme despesa adicional à manu- po de recuperação variável para que possam saltos, e o campo não precisa ser totalmente to do excesso de água a ser esgotado em dire-
tenção de um estádio. Se a superfície do campo ocorrer jogos no local. plano, podendo apresentar pequena inclinação ção à rede de tubos de drenagem planejada. As
não puder removida e for vulnerável a dano quan- para que não acumule água ou forme poças. Os profundidades dessas camadas dependem da
do o estádio for usado para shows, concertos ou 8.1. Características do Gramado níveis de caimento permitidos devem ser avalia- natureza do subsolo encontrado e deverão ser
outras atividades que utilizem a área de jogo, dos antes do projeto. O ideal é que esse caimen- determinadas pelo especialista encarregado.
existem coberturas protetoras que podem ajudar Plantar e manter um campo de grama é uma to principal seja feito do centro para ambos os
a preservar o piso. tarefa para especialistas. As observações feitas lados do campo e não na direção do seu maior 8.1.1. Drenagem
neste guia servem apenas para uma introdução comprimento, ou seja, no sentido das balizas.
Embora o gramado natural necessite de pro- geral ao assunto. Um consultor ou uma empre- Uma drenagem bem calculada é uma neces-
teção, a cobertura por meio dessas mantas sa especializada deve ser convocado para o As espécies de grama a serem adotadas de- sidade vital para o esporte. Várias precauções
especiais não deve durar mais de 2 ou 3 dias, detalhamento, a especificação e o acompanha- vem ser escolhidas com cuidado, em função devem ser adotadas para evitar a formação de
após os quais a grama começa a sentir o aba- mento do processo a ser empregado. A figura 4 das suas características de maciez, resistência poças de água retida após chuvas fortes, antes
famento. Em alguns casos em que a duração mostra os elementos de um típico corte numa e adaptabilidade a uma determinada condição ou durante a partida. Basicamente, dois méto-
do recobrimento for maior, a descoloração da superfície de campo gramado. do solo e à natureza do clima da região onde dos de drenagem são utilizados:
será plantada. Uma mistura de tipos de grama
que se completem pode ser a melhor indicação, a) A drenagem passiva, que se utiliza da
Figura 4
ouvido o aconselhamento de um especialista. gravidade para drenar a água para fora do cam-
po, por meio da implantação de uma rede de
Imediatamente abaixo da grama há uma ca- tubos de drenagem no subsolo. Os espaços
mada de solo, muitas vezes arenoso, com uma remanescentes são preenchidos com areia ou
profundidade de entre 10 e 15 centímetros. pedra de granulação fina para que a água se fil-
Essa camada deve ser livre de pedras ou de tre com rapidez por meio dessa camada, fluindo
materiais perigosos para os atletas, permeável pelos tubos em direção à rede geral de águas
bastante para a drenagem da água, não con- pluviais e caixas previstas para seu reaproveita-
taminada e bem fertilizada para garantir um mento posterior;
crescimento saudável da cobertura gramada.
O material utilizado contém uma variação de b) A drenagem ativa, que utiliza bombas,
areia com diversas granulações. usualmente ativadas por equipamentos co-
locados no campo com sensores sensíveis à
Abaixo do solo há uma área de isolante cinza, água, para sugar a água para fora do campo
de pedra moída ou qualquer composto asseme- e para dentro de câmaras de acumulação,
lhado, para preencher os vãos da superfície logo limpando a superfície muito rapidamente e
abaixo e permitir uma base lisa para o solo. Mais ampliando a capacidade do campo de tornar
abaixo fica a camada de pedras de graduações a receber outra atividade. Tubos especiais de

76 77
drenagem podem ser colocados com essa fina- O investimento inicial não é baixo, embora pos- Para partidas internacionais, essas medidas No caso do campo de futebol estar circunscrito
lidade. Ou, ainda, com uma tecnologia alterna- sa ser compensado pelo uso intensivo que ela deverão estar situadas entre 100 e 110 metros a uma pista de atletismo, a IAAF determina o
tiva, pode-se utilizar a mesma rede espalhada permite. A superfície tem uma duração de vida para o comprimento (linha lateral) e 64 e 75 layout e as dimensões a serem atendidas (figu-
pela área do campo para irrigação, por meio aproximada de 6 a 8 anos, desde que submeti- metros para a largura (linha de meta). ras 5 e 6).
de uma alteração na direção do fluxo de água da à conservação periódica.
por controle computadorizado.
Figura 05
8.1.4. Dimensões, Limites e Layout
8.1.2. Irrigação
Para todos os jogos de alto nível profissional, in-
A forma comum de irrigação dos gramados cluindo disputas internacionais, a área do cam-
ocorre por meio de sistema de bicos de as- po deverá ser de 105x68 metros, de acordo com
persão, de jato intermitente. Essa tem sido as recomendações da FIFA. Essas dimensões
comparada com um sistema de irrigação sub- são obrigatórias para todos os campos onde se
terrânea por meio de de uma rede de tubos realizam jogos da Copa do Mundo FIFA e as fi-
apropriados, que pode se utilizar de nutrien- nais dos campeonatos das confederações.
tes diluídos e que mantém um nível pré-deter-
minado de umidade no solo, sem encharcar o Nesse caso, as dimensões necessárias para as
terreno do campo. Com isso, evita-se que ele áreas auxiliares — que incluem os espaços adi-
possa se compactar e endurecer com o sol e cionais requeridos para o aquecimento de jo-
reduz-se a evaporação de água superficial. gadores, circulação dos assistentes dos juízes,
gandulas, serviço médico, segurança e a mídia
Figura 06
8.1.3. Gramados Artificiais — vão resultar num retângulo com o compri-
mento de 125 metros e largura de 85 metros.
Hoje em dia a FIFA sugere, se for de todo neces-
sário, o uso de gramados artificiais com a utili- Outros jogos poderão ser realizados em cam-
zação de alguns produtos que têm apresentado pos de futebol com tamanhos diversos, desde
características assemelhadas de desempenho que o comprimento das linhas laterais seja
ao revestimento do campo em grama natural. superior ao comprimento das linhas de meta,
obedecendo às dimensões máximas e mínimas
Isso ocorre porque, em estádios totalmente fe- abaixo relacionadas:
chados ou em regiões em que o clima ou as chu-
vas prejudicam a grama natural, a sintética deve
Comprimento (linha lateral) x Largura (linha de meta)
ser adotada mesmo que não possa ser encarada
Mínimo = 90m Mínimo = 45m
como uma solução duradoura, livre de manuten-
Máximo = 120m Máximo = 90m
ção e resposta para todos os problemas.

78 79
8.2. Usos Múltiplos sobre trilhos, os degraus de arquibancadas 8.3. Controle de Público se inverteram. Os elementos de separação
rígidos com rolamentos retráteis e os assen- servem para proteger a área de atividade da
Um estádio deve poder abrigar o maior número tos retráteis em camadas ou estruturas teles- Um grupo de pessoas que assiste a um evento invasão dos espectadores, por meio de três téc-
de eventos possível, mesmo quando mantenha cópicas, que podem ser movidos manual ou é considerado uma “multidão” e deve ser cui- nicas de projeto comumente usadas: telas ou
suas funções principais e seu uso determinado. mecanicamente de uma posição para outra, de dadosamente controlado desde o momento em gradis, fossos e mudanças de nível.
Para que isso ocorra, devem ser previstos, des- forma a atender a um determinado evento. Os que entra na zona de influência de um estádio.
de o início do projeto, os diferentes equipamen- de tipos retráteis são guardados ou recolhidos Algumas vezes, um pequeno acontecimento im- 8.3.1. Cerca/Alambrado
tos que poderão vir a ser utilizados e as áreas dentro de um compartimento quando não es- previsível é suficiente para que essa multidão
necessárias e acomodações específicas para tão em uso e recolocados em sua posição origi- se transforme numa turba amotinada, promova Uma cerca ou gradil robusto entre a área dos es-
abrigar essas atividades. nal quando necessário. Esses compartimentos um levante desordenado que exploda em revol- pectadores e o campo atende à proteção dos jo-
se localizam, em geral, sob os degraus inferio- ta e quebra-quebra. A administração e o mane- gadores, auxiliares e juízes dos torcedores hostis
Desde que o projeto ofereça a máxima flexibili- res das arquibancadas. jo dessa possibilidade devem ser considerados e resguarda a superfície gramada do campo de
dade para suas instalações, alguns usos múl- com extrema atenção e cuidado no projeto de compactação e danos provocados pela invasão
tiplos podem ser pensados também para as Sob esse aspecto, os estádios do futuro podem um estádio, para que essa mudança de com- de grande número de torcedores.
diversas salas e recintos que compõem o pro- estar sendo concebidos a partir dessa nova era portamento brusca e perigosa possa ser reduzi-
grama esportivo do estádio quando não estive- de arquibancadas móveis ou desmontáveis, da ou de todo eliminada. No entanto, muitos desses gradis representam
rem sendo usados: salões, auditórios, camaro- com sistemas de mais fácil manutenção e ope- uma obstrução à própria visão do jogo. Outra des-
tes, vestiários e outros. ração. Podem ser previstos níveis diferentes de A maioria dos espectadores dá uma grande vantagem que têm é em relação à própria segu-
acomodação para os espectadores, que se mo- importância à forma com que são recebidos e rança, por paradoxal que pareça. Em caso de um
Ao se propor um verdadeiro estádio multiuso vem ou se deslocam em decorrência dos inte- tratados pelos responsáveis pelo estádio. Pes- pânico nas arquibancadas ou de fuga de uma si-
como uma forma de assegurar a viabilidade resses em jogo e do espetáculo a ser assistido. quisas indicam que, nos Estados Unidos, para tuação de incêndio, o campo pode ser uma zona
financeira do empreendimento, muitas manei- 92% dos usuários, esse atendimento foi con- segura e uma cerca ou alambrado que impeça
ras de alterar temporariamente sua estrutura No entanto, para isso se tornar realidade, uma siderado a primeira prioridade na gestão de que essa rota de escape pode resultar em uma
básica têm sido tentadas. A mais comum de- grande mobilidade de traçados visuais e recur- um estádio. É, portanto, esse serviço de aten- armadilha mortal.
las é a utilização de conjuntos de assentos ou sos técnicos terão de ser alcançados, de ma- dimento e recepção, aliado às condições pro-
arquibancadas móveis, ou pelo menos retrá- neira que o público tenha garantido seu confor- porcionadas pela arquitetura, que servirá para Em cada caso, os prós e os contras de um alam-
teis, ainda que representem soluções caras, to e suas linhas de visibilidades perfeitas para manter a ordem e o comportamento amigável brado devem ser claramente pesados e discuti-
de operação e montagem complexas e de- o espetáculo que se apresenta, qualquer que dos espectadores. dos com os organizadores, as autoridades públi-
moradas. Podem ser fornecidos em qualquer seja ele. Ele poderá, também, atender a um cas, a polícia local e as equipes de segurança,
número, desde algumas centenas até alguns determinado número de espectadores para um Se nos estádios da Antiguidade algum tipo de cujas opiniões devem esclarecer as dúvidas exis-
milhares de lugares, para caber em qualquer evento específico e ser desmontado, no todo ou separação entre o público e os participantes do tentes.
conformação desejada. em parte, para que suas tribunas sirvam a ou- espetáculo era utilizado, possivelmente mais
tros eventos em locais diversos daquele para o para proteger os espectadores das atividades Entre os fatores que devem ser observados está
Os tipos de soluções mais comuns são as ar- qual foram elaboradas, subdivididas em dois ou que ocorriam na arena do que qualquer outra a história de comportamento do público na cida-
quibancadas rígidas com assentos montados mais estádios menores. coisa, nos últimos anos do século XX os papéis de e/ou na região do estádio. Se houver registros

80 81
prévios de situações de violência, a necessidade rada a elas no seu projeto, deverão ser capazes Deve haver a previsão de fuga ou passagem atra- 8.3.2. Fosso
de uma cerca ou alambrado é indicada nos es- de resistir a pressões exercidas pela multidão vés dessas cercas, seja na forma de portões,
tádios de futebol. Também se recomenda o uso iguais àquelas que devem ser esperadas de abertura de painéis ou partes que cedam à pres- O uso de um fosso para o controle da mul-
desse recursos nos jogos de alto nível interna- uma barreira a uma altura de 1,10 metro, aci- são. Quando incorporadas ao projeto de estádio, tidão e para outras funções já analisadas
cional, mesmo que não apresentem diretamente ma do rosto do espectador. é necessário que as cercas sejam capazes de permite que a proteção seja alcançada de
uma ameaça à segurança no estádio. resistir à pressão da torcida durante o seu uso maneira clara e sem qualquer obstrução
Além disso, elas não devem poder ser esca- normal e, ao mesmo tempo, sob condições extre- ou impedimento da visão dos espectadores
Uma cerca alambrado do perímetro do campo ladas e o seu projeto deve permitir que, por mas, os mecanismos de abertura se mantenham para o campo. Essas qualidades superam o
deve ter uma altura máxima de 2,20 metros, meio delas, o público tenha a melhor visão intactos e à prova de falhas. emprego dos alambrados ou cercas. Porém,
segundo o Guide to Safety at Sports Ground, possível do campo, desimpedida e sem obs- é preciso considerar que a utilização desse
uma referência permanente no assunto. Essa é truções. Materiais transparentes como vidro De todo modo, qual seja o processo utilizado recurso aumenta a distância entre o campo
a altura mínima indicada pela FIFA e UEFA para temperado ou policarbonato podem ser usa- para a fuga ou escape, deve-se ter muita clare- de jogo e a plateia.
estádios de futebol. dos, porém alguns efeitos decorrentes, tais za da gravidade desse problema e de que isso
como sujeira, influência sobre a temperatura, é um elemento crítico e essencial do projeto de As recomendações da FIFA e da UEFA a res-
Essas cercas devem ser fortes e resistentes e, reflexos indesejáveis e arranhões devem ser segurança do conjunto. Para que isso esteja as- peito das dimensões do fosso apontam para
se não houver uma barreira antipânico incorpo- levados em conta (figura 7). segurado, elas devem estar sob a supervisão per- uma largura mínima de 2,50 metros e uma
manente das equipes de segurança do estádio altura máxima de 3 metros, com barreiras su-
antes, durante e logo após as partidas. ficientemente altas dos dois lados para preve-
Figura 7 nir a queda acidental de pessoas.
Aberturas de passagem devem ser dimensiona-
das de acordo com o número total de espectado- O fosso não deve conter água e deve ser cons-
res que necessitem ter acesso ao campo em caso truído de maneira a impedir entradas não
de emergência e sua posição deve ser claramente autorizadas no campo, com a utilização, por
identificada visualmente. exemplo, de obstruções contra escaladas em
seu interior (figuras 8 e 9).
No caso de estádios de uso múltiplo, as cercas
devem ser removíveis, de maneira que sejam O fosso serve também para possibilitar a circu-
usadas apenas para ocasiões em que seja es- lação, em torno do campo, de oficiais e equipes
sencial alguma forma de separação para jogos de segurança, tais com as da polícia e do Corpo
de futebol, considerados de alto risco, mas que de Bombeiros, que necessitem de um rápido e
não sejam utilizadas em concertos, shows de fácil acesso a alguma área das arquibancadas,
música ou outros eventos. e também pelos profissionais da mídia.

82 83
Figura 08

Para isso, o fosso deve ter pelo menos 2,50 para contêineres ou caçambas apropriadas,
metros de largura e prever uma maneira para depois retirados. Para isso, a balaustrada
que veículos de serviço ou emergência pos- de público deve ter o espaçamento neces-
sam atingir o campo por meio de pontes, ram- sário para essa tarefa.
pas ou plataformas ajustáveis que permitam
esse acesso direto. Além disso, devem poder O acesso de atletas, jogadores, oficiais e
atender as situações em que veículos pesa- juízes deve ser feito por meio de túneis ou
dos devam chegar ao campo, o que é o caso coberturas que atravessem o fosso direta-
de caminhões de transporte de equipamen- mente para os vestiários, se isso for possível
tos para shows e outros espetáculos. dentro do projeto.

Deverá ser adicionada a previsão de rotas de 8.3.3 Barreira Rebaixada


fácil passagem por meio do fosso nos está-
dios onde a área do campo for considerada A combinação de uma barreira rebaixada,
um local de fuga em caso de emergências. menos profunda do que os fossos e não tão
Assim, um método de cruzar o espaço do alta quanto os alambrados, fornece um meio
fosso deve ser incorporado, de forma perma- parcial de impedir as tentativas de invasão do
nente ou temporária, para permitir aos espec- campo, enquanto as equipes de segurança se
Figura 09
tadores, sob alguma circunstância especial, movimentam para contê-la por completo.
entrarem no campo.
De uma maneira alternativa, a primeira filei-
Dependendo da forma do fosso, deverão ser ra de assentos da arquibancada pode estar
previstas escadas que possam levar o público suficientemente elevada sobre o campo para
de volta para as arquibancadas ou para fora dificultar essa invasão, embora não impossi-
do estádio, preparando essas rotas pelo meio bilite esse acesso. Uma vantagem adicional
daquelas ou pelos cantos do estádio. Suas é garantir o abrigo de um grande número de
dimensões, entretanto, devem ser calculadas jogadores, oficiais ou outros elementos auto-
para impedir que os espectadores tentem sal- rizados em volta do campo, sem prejudicar a
tar o fosso para chegar ao campo desde os visão do público (figura 10).
primeiros degraus das arquibancadas.
Porém, esse sistema é apenas moderadamente
Finalmente, o fosso também pode ser usa- efetivo como barreira para as invasões do campo,
do para a limpeza das arquibancadas do detendo apenas os torcedores menos decididos,
estádio, na medida em que os restos e o sendo mais adequado para estádios onde o pú-
lixo podem ser varridos para lá, diretamente blico, de modo geral, mantém-se razoavelmente

84 85
em ordem e onde a administração conte com As dimensões mais comuns do método de
equipes de apoio eficientes. É necessário que se barreira são de 1,50 metro de profundidade
observe que elevar a altura da primeira fileira da para o fosso, mais um metro de cerca do lado
arquibancada dificulta o desenho de uma linha do campo. A colocação da primeira fila de
de boa visibilidade para os assentos das fileiras assentos da arquibancada deve ficar a 1,50
posteriores, em particular nos grandes estádios. metro ou dois metros acima do fosso.

Figura 10

86
Arquibancadas

O ponto de partida do projeto de um estádio é o 9.1. Capacidade do Estádio


tamanho e a orientação do campo de jogo, ambos
definidos pelas funções do esporte a ser acomo- Na montagem do programa da construção, a
dado — no caso, o futebol. Em seguida, pode ser decisão mais importante para o planejamento
traçado um limite imaginário para a área destina- de um novo estádio ou para a expansão de um
da a receber os espectadores em volta do campo. já existente é o número de espectadores a se-
rem acomodados.
A equipe de projeto precisa garantir assentos con-
fortáveis e seguros para o número de espectado- 9.1.1. Previsão Inicial
res previstos no programa, de maneira que todos
tenham uma boa visão do evento. No seu lado Como parte do otimismo natural que envolve a
interno, o limite dessa área deverá estar o mais equipe de projeto e o cliente, frequentemente
próximo possível do campo, além de permitir que esse número ideal é superestimado, pois os clu-
seja construída uma barreira de segurança como bes esportivos sempre acreditam que sua tendên-
as apresentadas no capítulo anterior. cia é crescer fortemente, mesmo que as evidên-
cias estatísticas mostrem o contrário. Ao mesmo
Suas bordas externas, por outro lado, serão deter- tempo, os proprietários de estádios tendem a
minadas pelo tamanho da área capaz de abrigar o acreditar que, se tiverem um equipamento maior,
número de espectadores previsto, pela distância poderão receber um maior número de pessoas,
máxima do campo aceitável para os lugares mais aumentando sua renda, mesmo que em seus
afastados das arquibancadas e pelos lugares pre- estádios menores muitos lugares fiquem vazios.
feridos para se assistir ao jogo. Finalmente, os consultores sempre tendem a en-
corajar grandes planos e projetos.
Finalmente, estabelecendo-se os bons ângulos
de visão e as linhas de visibilidade, preservados No entanto, há circunstâncias nas quais realmen-
os limites de segurança de inclinação das arqui- te um estádio pode atrair mais espectadores. Isso
bancadas e definida a opção pela inexistência de se dá quando, por exemplo, o clube é promovido
barreiras visuais, o plano esquemático montado para disputar partidas de séries ou divisões su-
se converte em um projeto tridimensional. periores ou competições internacionais, ou se o

91
novo estádio for confortável, seguro e bem proje- do estádio (tanto interna quanto externamente); o diversos estádios internacionais demonstra que acesso e escadas e uma multiplicação de áreas
tado. O clube pode, ainda, conseguir aumentar a custo da estrutura e das facilidades de apoio; os essa relação está sujeita às soluções estruturais de circulação, é a razão para que isso aconteça.
sua bilheteria por meio de uma campanha efetiva custos de manutenção e a extensão; além do tipo adotadas, às particularidades dos sistemas cons-
entre seus torcedores. de facilidades de apoio que sejam viáveis. trutivos empregados e a sua execução, aos valo- 9.1.4. Expansão por Módulos
res da mão de obra empregada e às condições de
No entanto, para que esse aumento de frequên- 9.1.2. Exigências Oficiais acomodação do programa solicitado dentro dos Uma vez que um número mínimo e máximo de as-
cia não retorne aos níveis anteriores quando a terrenos disponíveis, entre outros. sentos para um determinado estádio tenha sido
novidade tiver sido incorporada, e esse público A capacidade mínima de assentos e de padrões estabelecido, existe ainda a possibilidade de se
consiga ser mantido, é essencial a adoção de es- que devem ser atendidos para alguns jogos pode- A partir do resumo apresentado no quadro a se- optar por um equipamento inicial mais modesto ,
tratégias para a manutenção do desempenho e rá ser determinada por órgãos esportivos nacio- guir, pode-se verificar que o acréscimo dos custos mas que possa ser ampliado posteriormente.
da projeção do time. nais ou internacionais ou autoridades governa- de construção de um estádio não se dá apenas
mentais. Esses padrões mínimos exigidos muitas em razão direta do aumento da capacidade de No caso de um estádio aberto, esta expansão mo-
É fundamental, portanto, que a capacidade de vezes têm certa flexibilidade, pois a FIFA, que é espectadores previstos. Estes custos aumentam, dular é relativamente simples. Isso se torna um
um estádio não seja ampliada além da realmente o órgão regulador do futebol mundial, não deseja principalmente, no momento em que o número pouco mais difícil se a forma final do estádio for
necessária, considerados os custos do capital, a excluir a possibilidade de que pequenos países de espectadores previstos necessita ser distribu- proposta para receber uma cobertura sobre todos
manutenção requerida, a real influência do equi- possam realizar grandes jogos e torneios. ído em dois ou mais níveis de arquibancadas, de os seus assentos.
pamento na sua área próxima, as atividades e forma a garantir para todos uma proximidade ade-
eventos suplementares, os potenciais patrocina- No entanto, as orientações da FIFA e da UEFA dei- quada do campo de jogo. Uma estrutura maior e O problema não se reduz apenas ao projeto ou à
dores, o comprometimento positivo das autorida- xaram claro, desde os anos de 1990, que, para mais complexa, que inclui também as rampas de construção da fase final em si, mas se o estágio
des públicas e as limitações do terreno. partidas oficiais nacionais e internacionais, todos
os estádios que tivessem lugares em que o públi-
Essa é uma decisão preliminar, pois não há ga- co assiste aos jogos em pé deveriam ser transfor-
CATEGORIA DE CUSTO CAPACIDADE DO ESTÁDIO CONFIGURAÇÃO DE ARQUIBANCADAS
rantia imediata de atendimento ao número pro- mados em lugares com assentos marcados.
posto de lugares com a desejada qualidade de
10 A 15 FILAS NO ANEL
visão, com uma cobertura adequada ou com a 9.1.3. Custos Comparativos BAIXO ATÉ 10 MIL TORCEDORES
(ESTRUTURA SIMPLES)
implantação correta do estádio no terreno e no
seu entorno. Para que isso se transforme em um A proporção entre a área do terreno e o número de DE 10 A 20 MIL
MÉDIO 15 A 20 FILAS NO ANEL
projeto acabado, essas implicações do número de espectadores que podem ser acomodados varia TORCEDORES
assentos precisam ser verificadas, de acordo com enormemente, por uma infinidade de fatores. Assim
DE 20 A 50 MIL MAIS DE 50 FILAS EM DUAS
diversas considerações. sendo, simples comparações diretas não podem ALTO
TORCEDORES ARQUIBANCADAS
ser feitas e a relação entre capacidade de público e
Entre elas, as mais importantes são: a qualidade área de terreno deverá ser observada com critério. ACIMA DE 50 MIL MAIS DE 50 FILAS EM DUAS OU MAIS
MUITO ALTO ARQUIBANCADAS COM CAMAROTES
de visão obtida e a distância da área de atividade; TORCEDORES E OUTRAS FACILIDADES.
o tipo de cobertura possível (onde ela é realmente A capacidade do estádio pode ser limitada tam-
necessária) e sua dimensão; o aspecto estético bém pelo seu custo de construção. A análise de

92 93
Figura 11
inicial for muito modesto, uma ampliação proposta mano passa a sentir dificuldade de perceber cla-
pode ter de arcar desproporcionalmente com um ramente algum objeto quando está contido num
aumento da infraestrutura, ampliando de forma ângulo menor que 0,4º, em especial se esse ob-
também desproporcional os custos das fundações jeto estiver em movimento. Por essa razão, uma
e da superestrutura para poder ser executada. bola de futebol com aproximadamente 220 milí-
metros de diâmetro teria sua distância de visibili-
9.1.5. Extensão da Cobertura dade a não mais do que 150 metros entre o olho
do espectador e o ponto mais extremo do campo
Apesar de serem caras, as coberturas têm sig- de jogo, distância essa que pode chegar a um má-
nificativo impacto na forma e na estética do ximo de 190 metros.
estádio e representam um poderoso adicional
de qualidade ao equipamento. Uma percenta- Colocando-se essas distâncias das posições ex-
gem considerável de área coberta é essencial tremas de visibilidade obtidas, como as diago-
para o conforto do espectador, proporcionan- nais dos escanteios opostos de um campo de
do abrigo contra sol, chuva e vento. Para cada jogo, teremos a zona de visibilidade preferível. A
estádio, portanto, é preciso verificar não só o configuração média dessa visibilidade sugere um
clima local, mas também a variação das esta- círculo fechado no campo, geralmente chamado
ções do ano, as temporadas esportivas e os de “círculo de visibilidade ótima”. Esse círculo, no
horários em que serão realizados os jogos. caso do futebol, poderia ter um raio de 90 metros,
conforme apresentado na figura 11.
Como existem também orientações oficiais que áreas do círculo ótimo de visibilidade poderiam nas laterais e das equipes posicionadas em todas
sugerem certa relação entre os números de lu- As áreas dos planos circulares desenvolvidos na ser menos satisfatórios do que outros, embora na as linhas do campo.
gares de um estádio e o percentual desejável figura 11 são apenas um ponto inicial para se mesma distância do jogo.
de localidades cobertas para eventos determi- estabelecer a visibilidade das arquibancadas e Tais preferências são verdadeiras e é preciso con-
nados, essas normas atualizadas deverão ser devem ser modificadas de muitas maneiras. Num 9.3. Lugares de Preferência siderá-las para o estudo do estádio. E trabalhar
verificadas junto aos órgãos responsáveis. Na grande estádio, os espectadores não estão senta- o “círculo de visibilidade ótima” para localizar a
medida do possível, a totalidade dos assentos dos no nível do campo e sim elevados acima do Não é sempre evidente o local onde os espectado- maior densidade de espectadores nas suas posi-
deve estar sob a proteção da cobertura do es- chão, até 20 ou 30 metros. res preferem sentar, em cada tipo de esporte. No ções preferidas.
tádio, ou contar com um projeto em que esteja caso do futebol, o costume diz que os melhores
prevista a sua implantação progressiva. Assim, o efeito dessa elevação também tem de lugares são aqueles ao longo das laterais, próxi- A decisão de se projetar quatro arquibanca-
ser considerado, calculando-se as distâncias dire- mos à linha que divide o campo, pois oferecem das colocadas nos quatro lados do campo

9.2. Distâncias de Visibilidade tas ao centro do campo a partir desses espectado- uma boa visão do vai e vem do jogo entre as duas deixando os cantos abertos, ou de propor
res em pontos elevados. Porém, como os lugares áreas. Mas há também a tradição de torcidas que que em volta do campo exista um estádio

Para o cálculo da distância máxima de visibilidade de melhor visibilidade dependem de cada tipo de preferem ver os jogos atrás das balizas, de onde contínuo em forma circular deve ser feita an-

num estádio, deve ser dito que o olho do ser hu- esporte, mesmo assentos situados em algumas se tem uma boa visão do movimento que ocorre tecipadamente (figura 12).

94 95
Figura 12 Figura 13

ras ideais, isso se torna mais difícil num equipa- quentemente acomodadas num mesmo está-
mento que precisa acomodar diferentes esportes dio, isso acontece com um custo de qualidade
Deixar os cantos abertos representa um custo tadores e jogadores do que outro com a forma
com suas diferentes características. da visibilidade dos torcedores do futebol, já
menor para a construção e pode, em alguns ca- de cantos abertos, podendo oferecer um espaço
que a locação de uma pista de atletismo em
sos, beneficiar o campo de gramado natural por melhor resolvido do que aquele em que as quatro
Ainda assim, alguns esportes são compatíveis, volta do campo de futebol afasta os especta-
promover melhor circulação de ar e uma secagem arquibancadas estão arrumadas em separado.
como futebol e rúgbi, por exemplo. Os campos de dores do campo, reduzindo o seu envolvimen-
mais rápida da grama em dias de chuva. Mas
jogo dessas modalidades diferem pouca coisa no to com o jogo.
essa escolha sacrifica um valioso espaço de visi- 9.4. Visibilidade
tamanho e são retangulares. As preferências das
bilidade e a melhor decisão é no sentido de uma
posições dos espectadores, ainda que não sejam Para que o projeto chegue ao resultado deseja-
completa exploração da área situada dentro até Estádios multiuso fazem sentido financeiramente,
iguais, têm pequenas diferenças. do é preciso definir com clareza variáveis como
da distância de visibilidade máxima (figura 13). mas não oferecem necessariamente ao especta-
quais esportes serão atendidos, qual o núme-
dor uma qualidade superior de visibilidade. Como
Já o futebol e o atletismo são menos compa- ro de lugares proposto e qual o padrão de visi-
Um estádio na forma de tigela (bowl) pode ofere- cada tipo de modalidade esportiva tem sua pró-
tíveis. Apesar de essas atividades serem fre- bilidade ótima que será obedecido.
cer condições mais confortáveis para os espec- pria distância de visibilidade e posições de cadei-

96 97
Figura 14
9.4.1. Ângulos de Visibilidade O método de cálculo para isso é simples, mas em
e Linhas de Visão um projeto real se repete infinitas vezes, porque
o ângulo precisa ser calculado para cada fileira
As áreas em que os espectadores assistem aos individual no estádio, na medida em que o ângu-
jogos devem ser capazes de acomodar o número lo de visão ótimo varia ao mesmo tempo com a
previsto de lugares, estar o mais próximo possível altura do olho espectador sobre o nível do campo
do campo e dentro dos limites definidos como de e a sua distância ao campo. Além disso, o tempo
distância máxima de visibilidade, além de abrigar todo, cada um desses fatores muda de uma de-
a maioria dos espectadores em suas localizações terminada fileira de cadeiras para outra, e as con-
preferidas para assistir às partidas. tas resultantes dos dados apresentados precisam
ser refeitas (figura 14).
Esse diagrama básico será transformado em um
projeto com três dimensões e linhas de visão sa- Diversos estádios recém construídos têm apre-
tisfatórias, onde o termo “linha de visão” não se sentado falhas em suas linhas de visibilidade.
refere à distância entre o espectador e o campo Isso pode ter ocorrido porque os cálculos são
de jogo e sim à possibilidade do espectador ver o complexos, porque a geometria do projeto é mo-
ponto de seu interesse mais perto no campo de dificada em razão da realidade das obras ou por
jogo — o ponto focal — confortavelmente, sobre as outras considerações quaisquer. No entanto, em
cabeças das pessoas em frente. Em outras pala- virtude da sua importância vital, é recomendável
vras, isso se refere à altura e não à distância. que as linhas de visão corretas sejam analisadas
por computador, usando programas testados e
O exemplo mostra o cálculo de H, a altura do es- aprovados para esse objetivo.
pelho do degrau, segundo a fórmula dada abaixo:
Profissionais com prática em projetos de está-

(A + C) x (D + L) dios esportivos podem desenvolver seus próprios 9.4.2. Método de Cálculo 7 O valor do “C” é a distância entre a linha de
programas de computador, que podem também visão para o campo e o centro do olho do especta-
H = ----------------------------- - A
gerar desenhos dos resultados e do perfil preciso O método para desenvolver esse cálculo, com os dor que está abaixo. Para o valor de “C”, 150 milí-
D
das arquibancadas. Por exemplo, a equipe de pro- elementos assinalados e os passos essenciais no metros seria considerado excelente para o projeto;
jeto do Estádio Olímpico João Havelange, constru- processo de decisão, são os seguintes: 120 milímetros, muito bom; 90 milímetros, razoá-
onde: H = altura do degrau
ído entre 2003 e 2007 no Rio de Janeiro, utilizou vel; e 60 milímetros seria o mínimo absoluto acei-
A = altura do olho até o “ponto focal”
métodos de cálculo por computação para analisar 7 Escolha o ponto focal no campo de jogo, le- to. Para novos projetos, o valor do “C” de 90 milí-
no campo
o gráfico de todas as curvas de visibilidade das vando em conta que a parte do campo de jogo metros pode ser considerado como mínimo ideal.
D = distância do olho ao “ponto focal”
no campo suas diversas localidades de público e determinar que está mais perto dos espectadores é a que
o projeto executivo da variação dos degraus das apresenta a mais complicada condição para o A escolha desse número apropriado depende de
C = valor do “C” aplicado
arquibancadas do estádio. projeto. Depois, escolha o valor do “C” apropriado; diversos fatores. Se o valor do “C” for muito pe-
L = profundidade do degrau

98 99
queno para uma boa visão de certas partes do representar o valor máximo possível para que as Ao mesmo tempo, outra decisão a ser tomada te será determinado pelos regulamentos rela-
campo, por exemplo, o espectador pode improvi- arquibancadas não tenham um ângulo de incli- diz respeito à definição da distância entre a fileira tivos às escadas.
sar sua linha de visão sobre as cabeças daqueles nação excessivo. Deve-se considerar, porém, que da frente e o ponto focal, pois, quanto maior for
que estão a sua frente inclinando sua cabeça para para certas situações ou para determinadas ati- esta distância, mais rasa pode ser a inclinação 9.5. Altura dos Espelhos de Degraus
trás ou se movendo para o lado. Se isso precisar vidades desenvolvidas, isso poderia resultar em da arquibancada e mais baixas as fileiras de trás.
ser feito apenas vez por outra, o fato pode não ser uma visão insatisfatória. Um terreno restrito pode exigir uma arquibanca- A inclinação da arquibancada calculada para um
relevante. No entanto, não é agradável ter que fa- da desenvolvida em um espaço mais apertado estádio profundo, em razão da variação da altu-
zer isso todo o tempo, em especial em eventos de Já um valor como 120 milímetros poderia propor- e, nesse caso, uma inclinação mais acentuada ra dos espelhos, faz com que ela não tenha um
longa duração. Um jogo de futebol dura de 1,5 a cionar uma excelente visão, mas fazer com que será inevitável. Ou ainda, quanto mais os assen- ângulo constante, mas sim um desenho próximo
2 horas, enquanto uma competição de atletismo a inclinação das arquibancadas fique muito forte, tos da frente estão elevados acima do campo de à curva na qual cada espelho sucessivo é alguns
leva de 3 a 5 horas e, em Jogos Olímpicos, pode criando uma grande dificuldade de projeto, em jogo, melhor será o padrão de visão, porém mais milímetros maior do que o anterior. Para favore-
durar quase o dia todo. especial em estádios de grande capacidade ou inclinadas serão as arquibancadas. Esse desnível cer a padronização e evitar que a construção das
com vários lances de arquibancadas. Dessa for- depende também do método de separação dos peças que compõem as arquibancadas se torne
A determinação de um valor baixo para o “C”, ma, para a escolha do valor do “C”, diversas pos- espectadores do campo de jogo, seja por meio de muito cara, é comum dividir as arquibancadas
como 90 milímetros ou mesmo 60 milímetros, sibilidades têm de ser consideradas, sendo essa alambrado ou fosso. É recomendado que a altura em lances retos de alguns degraus que resultem
pode tornar o projeto da arquibancada mais fácil decisão vital para o resultado do projeto e para o do olho do espectador acima do campo não deva ainda em ótimos ângulos de visão, reduzindo-se a
(figura 15), pois, num grande estádio, isso pode sucesso do estádio (figura 15). ser menor que 80 centímetros, sendo 70 centíme- variação das alturas dos espelhos.
tros o mínimo absoluto.
Com a precisão no concreto pré-moldado, é re-
Figura 15
O perfil resultante do estádio, que minimiza a lativamente fácil de conseguir que essas alte-
distância entre os espectadores e o campo de rações nas alturas dos degraus sejam peque-
jogo, pode ainda resultar em uma inclinação nas, tais como 10 a 15 milímetros. Algumas
que é muito acentuada para o conforto ou a se- vezes, o bom senso sugere aumentar as dife-
gurança. É geralmente aceito que um ângulo de renças dos degraus para 20 ou 25 milímetros.
inclinação de até 34º, como o de uma escada, Essa variação dos degraus da arquibancada
é desconfortável e induz a uma possível sensa- resulta numa mudança das alturas dos espe-
ção de vertigem em algumas pessoas, ao descer lhos das escadas de circulação, podendo con-
pelas escadas das arquibancadas, mesmo que flitar com os regulamentos de construção que,
em alguns países sejam permitidos ângulos ain- muitas vezes, proíbem a variação de alturas de
da maiores. Nesses casos, podem ser utilizados espelhos de degraus.
guarda-corpos em frente a cada fileira de assen-
tos – por segurança e para combater a sensação 9.6. Assentos
de desconforto provocada.
Definidas as propriedades relacionadas às áreas
Onde não existam regulamentos específicos dos espectadores, para que tenham uma visão
para isso, o ângulo de inclinação normalmen- clara e desimpedida do jogo, a etapa seguinte

100 101
diz respeito à escolha do modelo dos assentos devem investigar cuidadosamente não só os ti- A altura dos assentos é outro fator que também nylon, PVC ou fibra de vidro. Esses são facilmen-
a serem adotados, obedecendo aos fatores de pos de evento como os tipos de público e seu afeta diretamente o conforto e recomenda-se te moldáveis em formas anatômicas, com inú-
conforto, segurança, robustez e economia. comportamento habitual nos estádios. que uma média entre 43 e 45 centímetros meras cores disponíveis e já são acabados.
deva ser adotada.
O grau de conforto depende em parte do tem- Nesses casos, duas questões principais aju- Para a estrutura de suporte é usado metal, fa-
po que o espectador vai permanecer sentado darão a decidir o quão robusto e resistente o O mínimo de profundidade aceitável das filei- bricado com aço leve, ou, com custo maior, o
para assistir a um evento determinado. Quanto assento precisa ser. De uma maneira geral, ras de cadeiras é de 76 centímetros. Porém, alumínio fundido. Os suportes de metal exigem
maior o tempo que ele estiver sentado numa alguns torcedores agem de modo desorga- a medida recomendada deve estar entre 80 e acabamento adequado ao material, conside-
posição, mais confortável o assento precisa ser. nizado e violento durante as partidas. Uma 90 centímetros, em especial para construções rando sua estrutura e os agentes a que estarão
A relação desejável entre conforto e custo do avaliação cuidadosa desses fatores e da fre- novas. Suas dimensões precisam ser tais que sujeitos para aumentar sua durabilidade. As es-
assento deve ser decidida para cada projeto de quência da limpeza e manutenção que serão ofereçam espaço suficiente para o conforto dos pecificações e os testes que comprovem suas
estádio e é preferível que se busque maior con- empregadas influenciará na escolha dos as- espectadores sentados, tanto na largura quan- qualidades deverão ser obtidos junto aos forne-
forto do que menor custo. sentos, em sua estrutura e no sistema de fi- to na profundidade, e permitam a passagem fá- cedores do material.
xação adotado. cil em qualquer emergência.
Com relação à segurança dos diversos tipos Eles também devem ser resistentes ao fogo, fator
de assentos, existem argumentos opostos que Como as entidades oficiais determinam que Os assentos retráteis ou temporários são utiliza- vital na segurança do estádio, e os regulamentos
se relacionam ao tipo de comportamento do os assentos sejam individuais, a opção mais dos para permitir que o estádio tenha adaptação a respeito desse assunto precisam ser consulta-
público. Entre os tipos de assentos, o que é barata é a dos moldados em metal ou plástico para outros usos. No entanto, deve-se cuidar dos. Os padrões mínimos de retardamento, o uso
rebatível proporciona maior segurança porque múltiplo, fixados diretamente nos degraus de para que sua utilização temporária não interfira de aditivos no plástico e fatores como o uso de
permite um espaço maior de passagem entre concreto. A mais cara é a de assentos rebatí- no padrão da linha de visibilidade dos outros as- formas com camada dupla para impedir que as
as cadeiras, facilitando o movimento do públi- veis. Rebater o assento permite uma circula- sentos fixos localizados nas fileiras posteriores. bordas sejam queimadas devem ser incorporados
co, do pessoal de segurança e de socorro mé- ção mais fácil e facilita a limpeza embaixo e às especificações dos assentos selecionados.
dico durante uma emergência. em volta da cadeira. Seguindo a tendência de aumentar o conforto
dos espectadores nos estádios, os assentos Suas cores podem ajudar o gerenciamento do
Algumas opiniões defendem que os bancos fi- A largura mínima de assento recomendada podem passar a contar com novas tecnologias, estádio e são importantes para diferenciar seto-
xados sobre os degraus da arquibancada são pelo Green Guide3 é de 46 centímetros, sem que incluem tomadas de força, monitores de áu- res e padrões dos assentos associados a códigos
mais seguros porque os espectadores podem braços, e de 50 centímetros, com braços. En- dio e vídeo, telefonia e tecnologias eletrônicas. presentes nos ingressos. Sua escolha é também
andar sobre eles durante uma emergência. Os tretanto, o mesmo guia recomenda que a lar- fator importante na ambiência do estádio quando
assentos com costas baixas, seriam mais indi- gura de 50 centímetros para todos os assentos Os materiais dos assentos devem ser resisten- parcialmente vazio. Algumas cores se comportam
cados nesse caso. Porém, aqueles que têm as seja adotada sempre que possível, em razão tes a intempéries, duráveis e confortáveis. A melhor, por se manterem originais mesmo com a
costas mais elevadas e oferecem grande con- do natural aumento nas proporções dos es- qualidade de cada um deles depende de seu redução de sua intensidade, em razão do efeito
forto são os recomendados pelas normas da pectadores e o fato de que aproximadamente desenho, acabamento, sistema de fixação e causado pelos raios ultravioleta e outros poluido-
FIFA e UEFA, e devem se tornar o padrão ado- 95% de homens e mulheres têm 48 centíme- detalhamento. Podem incluir alumínio e alguns res do ambiente, tais como a chuva ácida. Isso
tado em todos os estádios. Isso significa que, tros de medida ombro a ombro, não incluindo tipos de madeiras, mas o mais comum é o plás- pode ser importante para a expectativa de tempo
antes de sua decisão, as equipes de projetos a espessura das roupas. tico — polipropileno (o mais usado), polietileno, de uso de um assento, estimada em 20 anos.

3
Green Guide é a expressão pela qual é conhecido o Guide to Safety at Sports Grounds, usado no Reino Unido.

102 103
Aditivos podem afetar a qualidade da cor, assim Acessórios ou sistemas de fixação mais altos assentos com estruturas de assentos únicos tativa de todos que se interessam por esporte.
como o tipo de pigmento usado em sua fabrica- são preferíveis por uma questão prática, pois pode ser necessária para ajustar a fixação à Por essa razão, os setores, as fileiras e os assen-
ção, mesmo quando estabilizadores e absorven- possibilitam a manutenção de uma altura pa- geometria do estádio. tos dos espectadores devem ser devidamente
tes de raios ultravioleta ajudam a preservar a apa- drão para o assento. Independentemente da numerados e identificados, com marcação fixa e
rência dos assentos. Cores intensas como preto, altura variável dos degraus da arquibancada, a Para o caso em que um estádio existente visível, devendo também as fileiras serem identi-
azul, vermelho e verde, de uma maneira geral, fixação no espelho tende a ser mais utilizada do estiver sendo modernizado, um tipo de es- ficadas nas laterais dos acessos radiais.
desbotam mais rápido do que as cores pastéis que a fixação no piso. trutura que exija a menor modificação nas
suaves, como azul celeste e rosa. arquibancadas significará mais economia Para maior segurança, é absolutamente neces-
Outras combinações podem ser adotadas, nas obras. sário manter uma passagem fácil e desimpedida
Os assentos devem ser projetados para que todas variando entre um maior apoio no piso entre as cadeiras, permitindo o movimento dos
se drenem facilmente e não retenham a água da arquibancada ou no espelho dos seus de- A maioria será, com certeza, de assentos individu- espectadores ao longo das fileiras dos assentos.
— o que pode ser conseguido por meio de re- graus, com os assentos fixados em longarinas ais com encosto ou do tipo rebatível, mais confor- O espaço mínimo recomendado é de 40 centí-
baixamentos ou furos em sua forma — e para ou em estruturas individuais. A fixação em táveis, adequados e seguros. Nas áreas especiais, metros. O Green Guide estabelece que essa me-
serem fáceis de limpar, em volta e embaixo, longarinas é mais barata, mas a combinação que estarão sob a cobertura, vão prevalecer as- dida pode ser reduzida para 30,5 centímetros
com sua fixação sendo projetada para isso. de longarinas composta por três ou quatro sentos mais confortáveis, com encosto e braços. onde existam somente 7 assentos lado a lado
numa fileira servida por um acesso de um dos
A oferta de estádios confortáveis, independente- lados, ou 14 assentos se fossem servidas por
mente de suas dimensões, é o desejo e a expec- acessos dos dois lados (figura 16).

Figura 16

104 105
Quanto maior a passagem livre entre as fileiras aos assentos das áreas de visão, recomenda-se cedores PNE sofrem isolamento ou intimidação tádio que contenha tais espaços disponíveis se
de cadeiras, melhor. No entanto, é preciso consi- que essas áreas sejam acessíveis aos especta- quando situados entre ou perto de torcedores torna mais bem equipado para o uso múltiplo
derar o número máximo de cadeiras numa mes- dores com necessidades especiais com um mí- não PNE do outro time. do que um que não as tenha. Para que isso seja
ma fileira permitida pelos regulamentos vigentes. nimo de assistência ou acompanhamento. possível, essas instalações devem sempre ser
Quanto maior a probabilidade de comportamen- Espectadores que usam cadeiras de rodas não projetadas para permitir uso flexível a todas as
to indesejável da multidão, mais importante se O Green Guide sugere que o local para uma ca- deveriam ser afastados da arquibancada prin- adaptações necessárias.
torna a largura da passagem entre fileiras, pois deira de rodas deve permitir que o usuário pos- cipal. Acessos devem ser disponibilizados em
a polícia e o pessoal de apoio podem ser soli- sa manobrar facilmente para um espaço que diferentes áreas das arquibancadas para am- Clientes com direitos a acomodação em espa-
citados a retirar algum espectador ou, ainda, a permita que ele tenha uma clara visão do even- bulantes e ambulantes PNE. ços exclusivos podem chegar bem mais cedo
equipe de primeiros socorros ter de transportar to. A altura do olho desse espectador deve ser ao evento e usar as instalações do estádio
alguém que esteja precisando de ajuda. levada em consideração ao se projetar a grade 9.7. Camarotes Privativos para realizar despesas, antes e após os jogos,
protetora à sua frente. para entretenimento com os amigos ou para
9.6.1. Portadores de Os camarotes privativos para se assistir aos jo- encontros profissionais, por meio dos equipa-
Necessidades Especiais Ainda que o lugar para uma cadeira de rodas indi- gos, sua quantidade e sua localização podem mentos oferecidos em um centro de negócios
vidual possa ser providenciado com uma largura ser parte do programa do estádio, pois seu pre- da área VIP. Nos estádios mais modernos,
As características que devem ter as áreas des- de pelo menos 90 centímetros e uma profundi- ço diferenciado pode subsidiar o preço dos as- clientes podem passar uma boa parte do dia
tinadas a portadores de necessidades espe- dade de pelo menos 1,4 metro, é recomendável sentos comuns. Em que proporção e quantidade se divertindo com essas possibilidades ofere-
ciais (PNE), sua localização preferencial, suas que cada espaço meça 1,4x1,4 metro, para per- eles serão incluídos é uma decisão que deve ser cidas, em vez de frequentar o estádio somente
dimensões e a provisão de assentos para es- mitir que um ajudante possa sentar ao lado do tomada após uma avaliação feita por proprietá- por duas ou três horas.
ses espectadores devem estar de acordo com cadeirante, em uma cadeira móvel ou fixa. rios ou administradores do equipamento, pois a
as normas brasileiras sobre acessibilidade. O demanda por padrões superiores de conforto e Uma decisão importante para os camarotes
traçado das linhas de visibilidade dessas loca- Onde uma pessoa puder deixar sua cadeira de a disposição ou capacidade de pagar por esses privativos é saber se essas áreas devem ser
lidades deverá atender às especificidades de rodas para ocupar um lugar num assento co- benefícios varia de acordo com o público. isoladas por uma esquadria de vidro ou não. O
cada uma delas. Entretanto, considerando a mum, o projeto deverá prever um espaço para certo é que esse isolamento reduz a atmosfera
dispersão das localidades em que se assistem acomodá-la perto o bastante do usúario e sem Como esses assentos exclusivos representam de participação com o jogo e que o som da mul-
aos jogos e às áreas de visão, algumas reco- obstruir a passagem. Aqueles que permanecem uma importante contribuição para a rentabili- tidão fica limitado por trás do vidro fixo.
mendações devem ser feitas. em suas cadeiras de rodas devem ficar numa dade do estádio, essa oferta deve vir juntamen-
posição em que não impeça a visão daqueles te com áreas privativas que serão necessárias A solução recomendada, e compatível com o
As áreas para pessoas com necessidades es- que estiverem sentados atrás. para que o estádio possa se tornar financeira- clima em nosso país, é localizar os camarotes
peciais deverão, se possível, ser espalhadas mente autossustentável. com suas cadeiras externas no anel do estádio
pelo estádio para oferecer um conjunto de lo- Pequenos grupos de espectadores PNE dis- e proteger atrás de uma esquadria as áreas
calidades em vários níveis e com vários preços. persos nas arquibancadas são mais fáceis de As salas exclusivas e as instalações privativas privativas e os centros de recepção com suas
Por razões de praticidade e de segurança, en- administrar do que grandes grupos de PNE. As podem ser exploradas por uma variedade de instalações, nesses casos, dotadas de condicio-
tretanto, será necessário agrupar alguns espec- áreas para assistir aos jogos precisam ser utili- funções sociais e de outros tipos. Assim, um es- namento de ar (figura 17).
tadores usuários de cadeiras de rodas. Quanto zadas por torcedores dos dois times. Muitos tor-

106 107
serviço de alimentação ou buffet, individual ou
Figura 17 para um conjunto de unidades, depende do pa-
drão de atendimento desejado para o estádio.

As suítes são a princípio similares aos camaro-


tes, embora com melhor padrão de acabamen-
to e conforto e provavelmente um grau mais alto
de privacidade de serviço para usuários indivi-
duais ou empresas que queiram pagar preços
mais altos.

Uma sala de estar para esses camarotes privados


e suítes é um espaço comum onde os proprie-
tários podem se encontrar para socialização ou
negócios. Ele deverá ter também um serviço de
copa, bar e acesso aos banheiros.

Em estádios privados, espaços ligados direta-


mente às instalações dos diretores do clube e
de sua área privativa devem ser previstos, na
medida do necessário, com áreas entre 60 a
100 m², e dotados de instalações de copa, bar
e sanitários, embora não necessitem ter visão
para a área do campo.

Outras áreas reservadas para sócios, membros


da direção ou administração do clube e patroci-
Esses camarotes e as suítes exclusivas são as ins- Ele possui, usualmente, seu próprio serviço de nadores podem ser necessárias e seu programa
talações mais caras. Cada camarote pode acomo- copa, bar e banheiro ou, se isso for muito caro, e dimensionamento deverão estar definidos de
dar, em geral, de 10 a 20 pessoas, e o fator que acesso ao conjunto de banheiros exclusivos que antemão, para que os projetistas possam elabo-
pode determinar esse número é a capacidade do atendem ao setor. Esses banheiros devem ter rar o ajuste necessário entre esses espaços e as
local reservado para acomodar os assentos ne- acesso seguro e privativo e ser de bom padrão, e instalações técnicas requeridas.
cessários sem comprometer os padrões de con- se forem dispostos em grupo, deverá ser prevista
forto e visibilidade. uma proporção maior de banheiros femininos do
que no restante do estádio. A existência de um

108
Circulação

A circulação no estádio deve servir com eficiên- plano mencionado, dados detalhados de projeto
cia ao bem-estar e à segurança dos ocupantes. — dimensões, tipos de equipamentos e outros.
Para seu conforto, as pessoas devem chegar com
facilidade a seus lugares, sem correr o risco de O plano de circulação influencia todo o desenho
perder parte do espetáculo enquanto se locali- do estádio ao determinar o zoneamento para uma
zam entre os vários níveis de acessos existentes saída segura no caso de uma situação de pânico
nos estádios de grande porte. Além disso, devem e a subdivisão do estádio para mais bem contro-
poder circular sem apertos em lugares abarrota- lar o comportamento da multidão.
dos, encontrar os banheiros, lanchonetes e outros
serviços desejados e, principalmente, buscar as 10.1. Áreas concêntricas
saídas sem ficarem perdidas ou confusas.
O zoneamento de um estádio moderno, como
Já a segurança exige manutenção de todas es- já foi descrito, é projetado em quatro áreas con-
sas possibilidades durante condições de pâni- cêntricas:
co, quando centenas e talvez milhares de es-
pectadores possam ter de fugir de uma reação 7 Zona 1 é o campo para jogos e a área cen-
de violência da torcida, do fogo ou de algum tral do estádio.
outro perigo real ou imaginado. Melhor ainda
seria poder contar com medidas de prevenção 7 Zona 2 consiste na área de onde se assiste
para minimizar o risco de tais situações, para aos jogos e a área de circulação interna. Isto é,
que elas não tomem vulto. as filas de assentos das arquibancadas com seus
corredores e pórticos de acesso (vomitories). Essa
Isso deve ser alcançado, de preferência, por um zona pode ser subdividida em uma zona de arqui-
projeto consistente, que atenda a todas as impli- bancadas e outra composta pelas áreas de circu-
cações exigidas para a circulação, de acordo com lação e anexas.
o plano do estádio como um todo. E que, a partir
de então, relacione as diretrizes do planejamen- 7 Zona 3 é a área de circulação externa que cir-
to das rotas de circulação propriamente ditas. cunda o edifício do estádio, mas dentro dos limi-
Finalmente, que acrescente aos fundamentos do tes do seu muro ou grade de contorno.

111
7 Zona 4 é a área fora da grade do contorno. circulação, assim como sua quota de instalações
Nela está o estacionamento de carros, ônibus e disponíveis. Uma separação das diferentes cate-
transportes de carga. gorias de espectadores também deveria ser parte
desse sistema. A efetiva divisão entre áreas pode,
A finalidade dessa distribuição espacial em zonas algumas vezes, ser conseguida por simples bar-
distintas é possibilitar aos espectadores escapar reiras ou por mudanças nos níveis de sua localiza-
em casos de emergência — primeiro da Zona 2 ção dentro das arquibancadas.
para a Zona 1 ou para a Zona 3 (as provisórias
zonas de segurança) e dali para a segurança per- No caso de separação de torcidas, cada setor deve
manente da Zona 4 e de fora do estádio. ser completamente independente. Essa indepen-
dência pode significar a implantação e o controle
Tal escape precisa ser possível em um tempo de rotas protegidas com segurança policial para
especificado, que, de acordo com o Green Gui- os diferentes grupos, desde sua chegada pelos
de, não deverá ultrapassar 8 minutos — o que meios de transporte até as catracas de entrada
determina as distâncias e larguras das rotas de no estádio, assim como da entrada até as áreas
escape importantes. Num estádio que acomoda de assentos do setor reservado para cada torcida.
mais de 15 mil espectadores, todas as quatro
zonas devem estar presentes. Num estádio me- Por causa do efeito decisivo de padrão de subdi-
nor, onde espectadores saem diretamente das visão no planejamento das rotas de circulação,
ros e instalações de alimentação para todos mais fácil de resolver, mas há ainda o risco de
áreas de onde assistem ao jogo e das áreas in- a administração deve ser ouvida, no estágio ini-
precisa ser muito bem planejado. invasão do campo. Por causa disso, seria neces-
ternas de circulação para o exterior, as zonas 3 cial do projeto, sobre sua proposta a respeito de
sário um número maior de policiais ou uso mais
e 4 podem estar combinadas. Esses pequenos como as áreas de assentos no estádio devem
No caso de dois lances de arquibancada, a divi- intenso do pessoal de apoio e segurança.
estádios não vão justificar um muro ou cerca no ser organizadas. A forma mais usual é que, nas
são de cima para baixo é também possível, pois
seu perímetro, mas, em compensação, exigirão arquibancadas, as linhas de divisão corram de
um grupo de torcedores pode ser colocado na 10.3. Acesso entre Zona 4 e Zona 3
uma equipe de apoio e segurança bastante ati- cima para baixo, com “zonas neutras” policia-
arquibancada de cima e o outro na de baixo. Se
va e diligente nas saídas. das separando os dois blocos dos torcedores
os torcedores “visitantes” estiverem na arquiban- De preferência, um estádio moderno deveria ser
dos times da “casa” e “visitante”.
cada de cima, não há risco de invasão de campo, cercado por um muro ou cerca externa em todo
10.2. Setorização
mas existe a possibilidade de lançarem objetos o perímetro a alguma distância do estádio, sepa-
Esse padrão de divisória tem a vantagem de ser
nos torcedores da “casa”, que ficarão embaixo. rando as zonas 4 e 3. Essa barreira perimetral
Subdividir a capacidade total do estádio em pe- flexível, pois esta zona neutra pode facilmente
Além disso, qualquer tipo de problema se torna deveria estar a pelo menos 20 metros do estádio,
quenas unidades ou setores de 2.500 a 3 mil ser deslocada de um lado para outro para per-
difícil de resolver por causa da relativa inacessibi- com uma altura mínima de 2,5 metros, forte o
espectadores permite um controle mais fácil de mitir um número maior ou menor de torcedores
lidade dos níveis superiores. suficiente para resistir a uma pressão da torcida,
uma multidão de espectadores e a distribuição numa área determinada. Mas o vazio da zona
com dificuldade suficiente para não ser escala-
mais equilibrada de banheiros, bares e restauran- neutra representa uma perda de renda, e o pro-
Se os torcedores visitantes forem colocados na da. Também devem ser previstos vários tipos de
tes. Cada um desses setores deve ter sua própria blema de assegurar acesso às saídas, banhei-
arquibancada inferior, o problema pode parecer portões para entradas públicas que conduzem às

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principais áreas de assentos, além de entradas o congestionamento de público e permitir que o redor do limite externo do estádio, embora, para diretoria, patrocinadores e a mídia devem estar
privadas dando acesso independente aos joga- fluxo de espectadores se mova de forma ordena- conveniência do pessoal de apoio e segurança, junto a uma área de estacionamento exclusivo,
dores, concessionários e detentores de bilhetes da quando os portões e catracas forem abertos. eles devam estar próximos. Esses são pontos que com uma rota de encaminhamento protegida e
VIP para suas áreas específicas, acesso ao servi- deverão ser discutidos no início do projeto. bem separada das entradas de público.
ço de emergência para ambulâncias, bombeiros Em todos os casos, os portões de entrada de
e viaturas policiais e às saídas de emergência público só deverão ser usados para o propósito As catracas de acesso devem ser reversíveis, O acesso deverá ser por meio de portões am-
para esvaziamento do estádio e do seu terreno. exclusivo de entrada e todas as portas de saída para permitir também a saída a qualquer mo- plos, às vezes com catracas de controle, com
somente para propósito de saída. O uso simul- mento, em caso de necessidade. Essas adapta- pessoal de apoio de bom nível de segurança e
10.4. Entradas de Público tâneo de qualquer pórtico para entrada e saída ções, no entanto, não são aceitas para cômputo que permita uma rota segura por todo o cami-
pode representar um sério fator de risco. Se, do sistema de saída normal ou de emergência. nho até os seus respectivos lugares. A qualida-
A verificação dos ingressos para entrada no está- por acaso, algum tipo de portão duplo direcio- de de projeto e os acabamentos utilizados para
dio pode ser feita em um ponto do perímetro ou nal for usado, ele precisa ser adicional ao nú- Quando grupos de torcedores de diferentes esse trecho precisam ser superiores ao adota-
na entrada do próprio edifício do estádio, entre as mero de portões exigido para o fluxo de saída, clubes que comparecem a jogos para apoiar do no restante do estádio.
zonas 3 e 2, ou ainda em uma combinação dos número este calculado de acordo com o método suas equipes, assumem comportamento hostil
dois controles. Se isso acontecer no perímetro, e de análise do tempo de saída. e agressivo, eles devem ser de fato separados 10.5. Acesso a Serviços
se cada entrada der acesso somente a algumas em todo o trajeto de sua chegada à Zona 4 até de Emergência
partes do estádio — seja pelo projeto adotado ou Partes do programa do estádio, tais como bilhe- os lugares nos setores a eles destinado. Essa
por decisão administrativa —, então rotas de circu- terias, banheiros, bares ou restaurantes, devem operação deve ser feita por sistemas de barrei- Para acesso de serviços de emergência entre as
lação devem ser previstas na Zona 4, do lado de sempre estar localizadas a uma distância segu- ras na Zona 4, de preferência móveis, a fim de zonas 4 e 3 deve ser feita uma previsão de pontos
fora do perímetro do estádio. Isso para que, caso ra das proximidades das entradas ou das saí- encaminhar esses grupos de torcedores por en- no perímetro do estádio, constantemente contro-
algumas pessoas procurem por entradas erradas, das, para permitir uma provável concentração tradas separadas a seus lugares. lados pelo pessoal de apoio e que serão abertos
elas possam ser capazes de poder circular para de público sem risco de atropelo. somente em circunstâncias excepcionais. Eles
o ponto de entrada correto ainda do lado de fora. Para que isso aconteça, será necessário deter- precisam estar conectados diretamente entre o in-
A entrada dos espectadores no estádio aconte- minar uma maneira de dividir o estádio entre as terior do estádio (Zona 1) e a rede de vias públicas
No entanto, se não houver esse controle no perí- ce, na maioria das vezes, por meio de portões áreas de assentos para torcedores da “casa” e (Zona 4), para um rápido e desimpedido ingresso
metro para os setores ou lugares nas arquibanca- e catracas. Os portões são baratos e, abertos, “visitantes”, de modo que as entradas e rotas ou saída para ambulâncias, carros de bombeiros
das, não haverá necessidade para tais rotas de podem permitir a entrada de, aproximadamen- que precisam ser previstas para esta rígida se- ou outros veículos de serviço de emergência. As
circulação, pois os espectadores podem entrar te, 2 mil espectadores por hora. As catracas paração possam ser mantida em alguns jogos, larguras e desníveis dessas vias precisam aten-
no estádio por quaisquer dos pórticos de acesso são mais caras e deixam passar de 500 a 750 enquanto a liberdade natural de movimento der às necessidades específicas dos tipos de veí-
(vomitories) e catracas. Fora de todos os pontos espectadores por hora, embora o número que seja possível em outros. culos normalmente utilizados por esses serviços.
de acesso localizados no perímetro (Zona 4), deve deve ser adotado como limite seja de 660 es-
haver espaço suficiente para permitir a concentra- pectadores por hora. 10.4.1. Entradas Privativas 10.6. Saídas de Público
ção de espectadores antes de entrar pelos por-
tões e catracas. Esse espaço de concentração de- Para evitar congestionamento, os portões devem As entradas reservadas para os jogadores, ju- Além dos portões e catracas já descritas, saídas
verá ser dimensionado e posicionado para evitar ser espaçados com intervalos regulares ao ízes e oficiais, convidados, autoridades e VIPs, adicionais precisam ser separadas para o fluxo

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de torcedores, permitindo que o estádio, que leva vem ser mantidos totalmente abertos antes 10.8. Sinalização modo consistente para permitir que as pesso-
cerca de três horas para ficar cheio, se esvazie em do fim do evento. as saibam para onde olhar quando estiverem
poucos minutos. As pessoas entram no estádio pela área exter- saindo com pressa do edifício.
A equipe responsável pela segurança deve ve- na (Zona 4) e seguem seu caminho por meio de
As saídas são dimensionadas em função do rificar quando todas as portas e portões das uma sucessão de catracas, corredores, passa- Para tornar as coisas mais fáceis, a sinalização
número total dos espectadores e/ou dos se- saídas finais estiverem seguramente abertos, gens e portas até chegar ao seu assento indi- deve ter cores coordenadas com as áreas para
tores a que elas se destinam e devem estar com prazo suficiente para garantir o egresso vidual (Zona 2). Mas um grande estádio, com as quais as pessoas estão se dirigindo e com os
localizadas em intervalos regulares em volta seguro do público. vários níveis de arquibancadas, pode ser um es- ingressos para tais áreas, como, por exemplo,
do perímetro do estádio para que todo o lugar paço difícil de ser compreendido e o espectador sinalização e ingressos vermelhos para a área
de assento esteja a uma distância razoável de Portas e portões de correr ou de enrolar não pode ficar desorientado. vermelha de assentos.
fuga, e preferencialmente em linha direta com devem ser utilizados, pois são incapazes de
os pórticos de acesso (vomitories), escadas ser abertos quando há pressão exercida na Para minimizar essa possibilidade, o projeto Além disso, mapas grandes e claros, acima do
ou rampas na Zona 2, permitindo aos espec- direção do fluxo da multidão, e também por deve procurar fazer com que as escolhas ofere- nível da cabeça das pessoas, são vitais em to-
tadores uma clara, direta e contínua linha de possuírem mecanismos ou trilhos que podem cidas para o espectador que vai pela primeira dos os pontos-chave, particularmente para aju-
saída da edificação. travar ou emperrar. vez a um determinado estádio sejam as mais dar as pessoas que tenham dificuldade com
simples. Assim, a clareza é a primeira priorida- a língua local. Como complementação, cada
Os setores devem ter saídas suficientes, em fun- 10.7. Acessos entre Zona 3 e Zona 2 de em cada etapa da entrada ou saída de um mapa deve ter uma seta de “você está aqui”.
ção do número de espectadores, sendo recomen- / Entrada de Arquibancadas estádio, que deve ser o mais aberto possível
dadas, no mínimo, duas alternativas de saída, se- para que as pessoas estejam visualmente cons- Se essa clareza e simplicidade das rotas de
paradas fisicamente. O primeiro controle de ingressos — e, se necessá- cientes, durante todo o tempo, de onde estão circulação contribuem muito para promover
rio, a revista de cada torcedor — é realizado prova- e quais são as alternativas de escape que se um seguro e confortável movimento do es-
Os portões precisam ser abertos para o exterior velmente nos pórticos de entradas exteriores. O apresentam para elas em caso de necessidade. pectador, deve-se imaginar que, ao entrar ou
e ter a largura livre suficiente para permitir que segundo controle de ingresso é feito nas entradas Isso é de extrema importância, porque é o des- sair de uma área, algumas pessoas possam
o número previsto de pessoas passe por meio das arquibancadas, podendo ser em portões ou conhecido que cria ansiedade numa multidão, mudar de ideia e decidir ir em uma direção
deles com segurança. Para este cálculo, é ne- catracas. Esses controles são mais informais do podendo levá-la ao pânico. oposta. Indecisões desse tipo devem ser le-
cessário avaliar a quantidade de pessoas que que os feitos na entrada exterior e não mais uma vadas em consideração, pois são próprias da
deverá passar por cada portão ao mesmo tem- rigorosa medida de segurança. A clareza do layout de um estádio deve ser natureza humana.
po, de maneira a garantir a saída de todos den- reforçada por um idêntico sistema de sinali-
tro da previsão de tempo de escape estipulada, No caso, deverão ser adotadas as mesmas zação lógico, para auxiliar os espectadores a Para isso, áreas calmas e seguras devem ser
e multiplicar por 60 centímetros, que vem a ser regras básicas aplicadas para os acessos ex- encontrar seus caminhos com facilidade, con- previstas ao lado das rotas de circulação como
a largura de passagem para um espectador. ternos. Ou seja, é preciso ter espaço bastante fiança e de forma segura. Toda a sinalização refúgios da passagem do fluxo de saída, para
para evitar todo o risco de engarrafamentos e deve ser projetada para fácil leitura, coloca- possibilitar que as pessoas parem sem obstruir
Esses portões devem ser providos de barras as instalações públicas, tais como bilheterias, da em altura suficiente para ser vista sobre as outras e então sigam para uma direção opos-
antipânico, não sendo permitido qualquer banheiros, bares e restaurantes, precisam ser as cabeças das pessoas e localizada de um ta, se acabarem se decidindo por isso.
tipo de travamento no sentido de saída. De- colocadas a uma distância segura.

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10.9 Projeto para o Movimento novos empreendimentos construídos ou refor- 7 Sessenta metros de distância máxima de cada subdivisão do estádio, alguns dados que se-
de Saída mados, seja de no máximo oito minutos. Mas percurso (incluindo a distância percorrida na rão incorporados ao cálculo:
é preciso lembrar que essa exigências variam fila de assentos e nos acessos radiais e laterais)
Um layout para uma saída normal do estádio conforme o país, podendo ser estabelecido um para se alcançar um local de segurança ou de 1 – O pórtico de acesso (vomitory) mais
deve seguir o mesmo padrão dos ramos de uma tempo específico para esvaziar a área dos as- relativa segurança; afastado da saída de um espectador locali-
árvore. Traçando a rota de volta do assento indi- sentos e um tempo complementar para esva- zado na seção sob análise;
vidual para o portão de saída, pode-se imaginar ziar a estrutura inteira da edificação. 7 Dez metros de distância máxima de percurso
que os galhos mais finos levam aos pequenos para se alcançar um acesso radial, partindo-se do 2 – A distância em metros desse pórtico
ramos, que levam para os ramos maiores, que Em muitos casos, os regulamentos especifi- assento ou posição até o acesso. para a zona temporária de segurança e
levam finalmente para o tronco, que é a via pú- cam a evacuação do estádio em termos de daí para a zona permanente de segurança,
blica, já do lado de fora do estádio. minutos, embora isso não seja uma medida O dimensionamento desse caminho ou dos vãos medindo-se as áreas em nível e as rampas
de julgamento totalmente adequada para de passagem ao longo das rotas de saída será cal- em separado das escadas;
Os galhos ou pequenos ramos não devem nunca segurança. A verdadeira exigência é que os culado em função do fluxo de pessoas por minuto
ser ligados diretamente ao tronco, pois isso pode espectadores possam ser capazes de sair de que passam por eles. O fluxo a ser considerado 3 – A velocidade com que espectadores se
resultar em dúvida quanto ao fluxo da ramificação, seus assentos para uma zona temporária de deve ser o seguinte: movem ao longo de pisos em nível e em
causando congestionamento e complicando o flu- segurança, e daí para uma zona permanente rampas, que pode ser estabelecida em
xo de saída se o estádio estiver sendo esvaziado de segurança. 7 Nas escadas e áreas de circulação com de- 100 metros por minuto e, nas escadas, em
em condições de emergência. graus, 66 pessoas por minuto por metro. É aceito, 30 metros por minuto;
Para atender a isso, devem ser calculadas tan- para edificações já existentes, o valor de 73 pes-
Sinalização e mapas devem trabalhar nas duas si- to a máxima distância permitida do assento do soas/minuto/metro. 4 – Uma “unidade de largura de saída” de
tuações: para espectadores que entram e que es- espectador para um lugar intermediário de se- 60 centímetros para corredores, áreas de
tão tentando achar o caminho para seus lugares, e gurança e daí para as saídas, quanto a largura 7 Nas saídas horizontais (rampas, portas, cor- circulação e portões por onde podem pas-
para os espectadores que procuram pelas saídas. mínima de todos os caminhos ou vãos de pas- redores), 83 pessoas/minuto/metro. É aceito, sar 40 pessoas por minuto;
sagem ao longo dessas rotas. para edificações já existentes, o valor de 109 pes-
As especificações e o dimensionamento a serem soas/minuto/metro. 5 – O tempo de caminhada do espectador
empregados no sistema de sinalização devem Como critérios para se determinar as distâncias do pórtico para a Zona 4;
obedecer às normas adotadas pela legislação de máximas de percurso e o tempo máximo de saí- O cálculo a ser elaborado é conhecido como Análi-
segurança e a equipe de projeto deverá buscar da da área de arquibancada em uma situação de se de Tempo de Saída (ATS). Essa análise é a com- 6 – O período de escape exigido pelo regu-
junto às autoridades locais todas as informações emergência, pode-se adotar: putação do tempo que o espectador leva para se lamento de 8 minutos;
que devem ser representadas no sistema. mover do pórtico de acesso (vomitory) mais pró-
7 Trinta metros de distância máxima de ximo — a caminhada do assento para o pórtico é 7 – As larguras das passagens ou portões ao
10.10. Saídas de Emergência percurso do assento até o patamar de entra- ignorada para o propósito desse cálculo — para longo dessa rota em unidades de 60 centíme-
da do pórtico de acesso (vomitory) mais próxi- um lugar de segurança permanente. tros é de “uma unidade de largura de saída”.
Como regra geral, pode-se assumir que o tempo mo. Para edificações existentes, aceita-se até Passa a ser de 120 centímetros de largura,
de saída de qualquer lugar do estádio, para os 40 metros; Para isso, deve-se levar em consideração, para ou seja, “duas unidades de largura de saída”.

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Cabe verificar então, se o número total de es- para um estádio com 30 mil lugares, ao qual o ser organizadas no padrão serpentina. Para tais tracas, por unidade de tempo, seja limitado a um
pectadores sentados numa seção particular público total chegará durante 3 horas, a razão barreiras, especialmente as temporárias mó- teto máximo, caso contrário podem ocorrer pro-
pode realmente sair no tempo calculado acima de 10% na 3ª hora, 30% na 2ª hora e 60% na veis, deve ser definido um sistema de uso de blemas de dispersão ou risco de engarrafamen-
e, se não puderem, quais larguras precisam ser última hora antes da partida. acordo com as circunstâncias. to. Nas saídas, os portões por onde passa o fluxo
aumentadas. Deve-se repetir os cálculos das de saída para o exterior do estádio precisam ser
distâncias e larguras para cada subdivisão do Isso permite prever que, para o movimento má- Pode ser necessário projetar uma área especial previstos para permitir o grande volume de pes-
estádio, para que nenhum espectador sentado ximo de chegada, teremos a metade do público na frente dos portões ou das catracas onde os soas.
tenha sido esquecido, e que se reveja o cálculo — ou seja, 18 mil torcedores por hora — talvez espectadores possam ser revistados para pre-
do estádio, se necessário, até que o estádio in- com um acúmulo na primeira meia hora antes venir que itens proibidos sejam trazidos para A largura dos portões deve ser baseada em um
teiro cumpra com as exigências de segurança. do início da partida. Se forem em número de dentro do estádio. Espaços para depósitos de- número de 40 a 60 pessoas passando por mi-
quatro as entradas previstas para o estádio, é vem estar previstos em cada portão de entra- nuto por meio de uma “unidade de largura de
10.11. Catracas possível calcular 18 mil espectadores divididos da ou catracas, destinados a guardar os itens saída” de 60 centímetros. A largura final neces-
por 660, que é o numero de espectadores que confiscados durante a entrada. Uma cabine de sária para eles será obtida pelo cálculo em que
Portões são baratos e, abertos, podem permitir passam por hora por uma catraca. Isso resulta caixa ou controle tem de ser colocada junto a se leva em consideração o número de especta-
a passagem de aproximadamente 2 mil espec- em 27,2 catracas necessárias para atender ao cada portão de entrada ou catraca. dores que vão ser evacuados por aquele portão,
tadores por hora, sendo relativamente simples pico máximo de chegada estimado. Como mar- o tempo de escape previsto — oito minutos para
como forma de controle. Catracas são caras gem de segurança, consideramos 28 catracas 10.13. Elementos de Circulação todo o estádio — e a quantidade de “unidades
e permitem somente de 500 a 750 pessoas, para quatro entradas, ou seja, sete catracas por Horizontal de largura de saída” que precisam ser projeta-
com medida preferível de até 660 espectado- pórtico de entrada para esse estádio, apenas das para que isso aconteça.
res por hora. Essas porém, permitem contagem como uma primeira aproximação ao assunto. Os espectadores devem ser capazes de se mo-
automática, verificação dos ingressos, excluem ver dos pórticos de entrada aos seus assentos Já para os concourses, rotas de circulação e
aqueles de outras áreas que não deveriam pas- Esse cálculo, que está sujeito às exigências de forma rápida o suficiente para permitir que o outras passagens, as larguras mínimas serão
sar por ali e podem apontar as características das autoridades locais de segurança, oferece estádio encha no período previsto. Na direção determinadas pelos resultados obtidos pela
individuais dos usuários a partir de registros de apenas uma orientação útil. Como comple- contrária, eles precisam ser capazes de sair num análise do tempo de saída (ATS) de acordo com
nome e identidade em código de barra nos in- mentação disso, será necessário prever uma tempo muito mais curto no caso de emergência. os elementos utilizados para isso. Eles devem
gressos. No entanto, as catracas têm a desvan- saída junto a cada grupo de catracas para per- estar livres de obstáculos e permitir o acesso
tagem de dificultar a saída dos torcedores nas mitir que os espectadores deixem o estádio Para a saída, muito cuidado precisa ser tomado rápido e seguro do público às saídas verticais
mesmas aberturas da entrada. quando necessário. para dimensionar uma calha de pedestres que dos respectivos pisos ou à área de descarga.
manterá sua capacidade necessária de alimenta-
O cálculo do número suficiente de catracas 10.12. Equipamentos Auxiliares ção por todo o caminho entre o assento individual Os desníveis existentes nas saídas horizontais
para um estádio deve considerar o tempo pre- e o portão de saída, sem risco de engarrafamento devem ser vencidos por rampas de inclinação
visto para a chegada do público, o percentual Deverão ser fixadas barreiras de controle de em qualquer ponto ao longo do trajeto. não superior a 10% com um patamar horizontal
por hora em que esse público chegará ao está- multidão e estudada a possibilidade de bar- de descanso a cada 10 metros de comprimento.
dio e o número de entradas a serem conside- reiras temporárias em frente às catracas para Nas entradas, é conveniente que o número de
radas. Para ficar claro, podemos estabelecer controlar as filas. Para longas filas, elas devem pessoas que passam através dos portões ou ca- Algumas áreas de congestionamento espe-

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ciais — que correspondem a um espaço adi- pacto método de circulação vertical num plano uma rápida descida e esvaziamento do está- da respectiva saída. Caso não haja mudança
cional para a largura mínima calculada em e, por conseguinte, o mais fácil de se colocar dio. Suas larguras livres serão determinadas de direção, o comprimento não necessita ser
todas as entradas ou saídas, de banheiros, num projeto. Mas elas têm a desvantagem de pelas exigências das saídas de emergência já maior que 1,8 metro.
pontos de alimentação e bebidas e guichês ser mais perigosas que as rampas numa situa- analisadas. Acabamentos, colocação de corri-
de ingressos, que devem estar a 10 metros ção de emergência. mãos e iluminação podem ser exigidos pelos Elas não devem terminar em degraus ou solei-
de distância das entradas e das saídas — são regulamentos locais de construção, que preci- ras, devendo ser precedidas e sucedidas sem-
particularmente importantes. Para escadas com largura maior que 3,5 me- sam ser atendidos. pre por patamares planos. As inclinações das
tros utilizadas para escoamento e circulação rampas não devem exceder 10%.
O mesmo se pode dizer para outros espaços de público, é indicada a colocação de barrei- As rampas podem suceder um lance de es-
que são necessários para permitir uma ampla ras retardantes, para um melhor controle de cada, no sentido descendente de saída, mas As rampas permitem uma passagem relativamen-
circulação no início ou no final de cada escada acesso do público. não podem precedê-lo. Por essa razão, elas te confortável para cadeiras de rodas, na depen-
ou rampa, onde as pessoas diminuem seu pas- têm sido bastante utilizadas, pois os espec- dência do seu ângulo de inclinação, ou para o
so pela mudança de inclinação. Esses pontos As escadas deveriam ser planejadas em pares, tadores têm menos possibilidade de perder transporte e a saída de espectadores doentes ou
podem funcionar como funis, com uma massa se isso for possível, onde preferivelmente divi- o passo ou o equilíbrio numa rampa do que feridos durantes os eventos.
de pessoas que estão se movendo rapidamente dam um destino comum, de tal maneira que numa escada e, caso aconteça, as consequ-
atrás empurrando os da frente que diminuíram haja sempre uma rota alternativa disponível ências serão bem menos graves. As rampas circulares têm uma vantagem em
sua velocidade. Se não houver espaço suficien- caso uma delas seja bloqueada. O ângulo má- particular porque o seu pendente de inclina-
te para a dispersão dessa pressão que ocorre ximo de sua inclinação dependerá dos regula- Elas favorecem também a possibilidade de ção depende da linha de descida ou subida
com frequência, algumas situações muito peri- mentos locais, que precisam ser consultados, uso por veículos de serviço que necessitem escolhida. Assim, os pedestres têm certo grau
gosas poderão se desenvolver. embora normalmente seja em torno de 33º. passar de um nível para outro dentro do está- de liberdade em selecionar um caminho mais
dio. Isso facilita os problemas de estocagem rápido e inclinado mais próximo ao seu centro
10.14. Elementos de Circulação Seus degraus devem atender às recomenda- de grandes quantidades de materiais, o abas- ou mais demorado e menos inclinado próximo
Vertical ções das autoridades responsáveis quanto tecimento dos pontos de vendas de alimentos ao seu perímetro. A vista do caminho em volta
à altura dos espelhos dos degraus, balance- ou bebidas e a retirada de lixo ou o descarte de uma rampa circular parece menor e menos
Para se atender às imposições de prover a cir- amento e largura mínima das pisadas. Reco- de material após os jogos. demorada do que numa longa rampa linear.
culação vertical que irá ligar os diversos níveis menda-se que a cada lance de 12 degraus Desta forma, e consideradas as razões acima,
de um estádio e dar acesso ao público para os seja interposto um patamar. Em áreas de uso As rampas devem ser construídas em lances as rampas são mais seguras, convenientes e
concourses, áreas de circulação e pórticos de comum não devem ser admitidas escadas em retos e sua mudança de direção deve ocorrer são a forma mais comum de transportar um
acesso (vomitories), existem escadas, rampas leque ou caracol. em patamar intermediário e plano. O lance má- grande número de pessoas até os diferentes
e meios mecânicos — as escadas rolantes e os ximo, entre dois patamares consecutivos, não níveis de um estádio.
elevadores. 10.14.2. Rampas deve ultrapassar 3,7 metros de altura.
A desvantagem desse tipo de rampa é o seu
10.14.1. Escadas Dentro dos limites estabelecidos, a utilização Quando houver mudança de direção, tanto em tamanho, pois considerando um pendente de
de um ângulo de inclinação mais acentuado escadas como em rampas, o comprimento mí- 1:10, a sua circunferência interna acaba por
As escadas têm a vantagem de ser o mais com- nas rampas é uma vantagem, pois permite nimo dos patamares deve ser igual à largura ter entre 25 e 35 metros de diâmetro. Isso faz

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com elas sejam um elemento difícil de ser ab- e, eventualmente, portadores de deficiência nientemente situado na principal entrada dos aos códigos e padrões nacionais, lembrando
sorvido na área disponível do terreno e pode ambulatória parcial, PNE e usuários de cadeiras usuários e cabines separadas da entrada dos que nos diversos setores as instalações do es-
ocasionar alguma apreensão no momento de de rodas. Deve-se considerar que os elevadores competidores, tendo em mente que as compe- tádio precisam ser projetadas para que os em-
serem manejadas com elegância e precisão no e as escadas rolantes não são considerados no tições entre pessoas deficientes crescem cada pregados possam também ser deficientes.
desenho de projeto. cálculo de saídas de emergência. vez mais em popularidade.
As recomendações contidas nas normas brasi-
Os cantos de um estádio são, em geral, sua lo- 10.15. Acessibilidade Há também pontos de chegada que preci- leiras devem ser analisadas e, quando aplicá-
calização mais frequente. Acabamentos, guar- sam ser bem sinalizados para direcionar as veis, implementadas no projeto. Serviços como
da-corpos e iluminação dependerão em cada Em geral, uma apreciação das dificuldades pessoas com deficiência dentro do estádio. elevadores, banheiros de ambos os sexos e
caso das exigências de arquitetura e dos regu- sentidas pelas pessoas com mobilidade redu- Entradas principais e acessos devem ser cla- centros de informações devem ser localizados
lamentos de edificações locais. zida deve ser refletida no projeto de todas as ramente reconhecíveis da posição sentada e perto das entradas e principais amenidades,
instalações, incluindo os espaços de circulação. protegidos das intempéries. evitando longas distâncias e caminhos compli-
10.14.3. Escadas Rolantes As vias das entradas devem ser estabelecidas cados.
e Elevadores para ajudar a mobilidade de todos, incluindo Devido ao risco de ruptura, vidros de segurança
pessoas em cadeiras de rodas ou usando anda- devem ser claramente visíveis com marcas em As rampas de acesso não devem ser mais inclina-
Entre as outras opções que se apresentam, dores. Todas as alterações no nível devem ser baixa altura. E, para complementar, atenção es- das do que 1:20 e ter uma largura de pelo menos
poucas escadas rolantes têm sido colocadas evitadas, se possível. Caso contrário, os decli- pecial deve ser dada às larguras do vestíbulo 1,2 metro. Pequenos alongamentos da rampa po-
em estádios em função do seu alto custo de ves devem ser suaves. e corredor, configuração e material das portas, dem ser mais acentuados, mas nunca devem ser
instalação e manutenção e por sua baixa capa- acabamentos de superfície, altura dos móveis acima de um declive de 1:12, além de atender às
cidade de escoamento por causa das larguras Uma atenção especial deve ser dada também da recepção e tudo o que puder ajudar na se- recomendações da ABNT que definem as orienta-
exigidas para isso. Algumas exceções podem para a altura e o posicionamento dos sinais e gurança e conforto da circulação dentro e fora ções necessárias sobre o assunto.
ser encontradas, em geral nas áreas privativas do mobiliário urbano, tais como bancos, sinali- do edifício.
de uso de convidados ou autoridades, de fre- zadores, painéis, postes, jardineiras e lixeiras, Para ajudar pessoas com dificuldades de visão,
quência mais reduzida e acabamentos mais que devem ser posicionados com a devida con- É desnecessário frisar que as pessoas com de- sinais de informação devem ser baseados em
esmerados. sideração ao caminho de acesso já definido, ficiência devem ter acesso imediato a todas as símbolos em vez de palavras e devem ser clara-
de modo a serem evidentes e não causarem partes do estádio onde as amenidades são co- mente legíveis e facilmente distinguidos do fun-
Os elevadores, levando em consideração a tota- nenhuma obstrução. locadas, embora, em algumas circunstâncias, do. São preferíveis cores fortes e contrastantes.
lidade do público, são pequenos e pouco rápi- possa não ser seguro o acesso de cadeiras de Sinais de acesso restrito ou proibido devem ser
dos para serem considerados como fatores de Se os meios-fios são inevitáveis, suas passa- rodas em horas de circulação de pico. Para fa- proeminentes; avisos sonoros de emergência de-
escoamento de grande número de espectado- gens, rampas e outros caminhos devem estar cilitar a mobilidade, deve haver acesso fácil aos vem ser bem claros e perceptíveis nessas áreas.
res. Seu principal papel em um estádio é o de de acordo com os dados do projeto recomen- elevadores em todos os níveis e que satisfaçam
transportar pequenos grupos especiais para os dado e permitir o acesso de cadeiras de rodas, aos requisitos obrigatórios aplicáveis. 10.15.1. Escape para PNEs
andares mais altos, com velocidade maior. Nes- conforme as normas prescritas.
se grupo devem ser considerados os convida- As instalações da administração do estádio de- As orientações relacionadas à saída de emer-
dos VIPs, autoridades, mídia, pessoal de apoio Deve haver estacionamento adequado conve- vem atentar para esta possibilidade e atender gência nos estádios para PNEs reconhecem os

126 127
problemas e a importância de que essa ação pessoal e à manutenção dos meios de combate
não cause desordem entre os torcedores que ao fogo, hidrantes, mangueiras e extintores de
estejam saindo com facilidade. Elas sugerem incêndio em bom estado.
que seja dada particular atenção às vias de eva-
cuação disponíveis a partir de áreas destinadas Existe uma preocupação real sobre o escape
para que os torcedores PNE assistam aos jogos. para PNE’s dos andares superiores numa situ-
ação de emergência, particularmente para os
Os princípios de evacuação são baseados no cadeirantes. A realidade da situação é que os
movimento inicial para um local seguro, dentro administradores e projetistas do estádio devem
de uma rota protegida e, depois, a saída desse assegurar que, durante um escape de emergên-
lugar com segurança. Os refúgios disponíveis cia, os outros não sejam colocados em alto ris-
devem estar em áreas fechadas, tendo elemen- co pelas cadeiras de rodas abandonadas.
tos de construção que resistam a, pelo menos,
meia hora de fogo. Em acréscimo aos critérios de projeto relacio-
nados, há outros fatores que necessitam ser
Como complemento de um plano cuidadoso considerados, como a boa comunicação entre
dessa rota de fuga, devem haver procedimentos segurança e serviço de emergência e a admi-
muito bem ensaiados para os casos de emer- nistração do clube ou estádio, e entre todos os
gência e para uma saída segura para eles. Caso serviços com a sala de controle do estádio. Os
ocorra uma situação de emergência, os PNEs sistemas de aviso ao público precisam ser efi-
irão precisar de maior atenção do que as pes- cientes para lidar com a multidão numa emer-
soas em geral e isto deve ser levado em conta gência e devem ser bem definidos os procedi-
para que se dê toda ênfase ao treinamento de mentos para esse caso.
Alimentos e Bebidas

Um eficiente serviço de fornecimento e dis- Outros recursos para que os usuários perma-
tribuição de alimentos e bebidas vai ampliar neçam mais tempo no estádio podem ser ima-
o nível de satisfação do público do estádio, ginados pela administração, pois isso depende
podendo estar diretamente associado à ren- apenas da oferta de mais atrativos nos dias de
tabilidade do equipamento e à segurança e eventos. Antigos hábitos padronizados pelos fre-
conforto do espectador. quentadores somente serão modificados se o pú-
blico se acostumar a um atendimento com bom
A meta dos administradores do estádio é pro- nível de produtos e de serviços. Isso vale para
porcionar a maior oferta para a escolha dos que todo o tipo de cliente, pois é importante entender
aguardam o início da atividade ou nos interva- que todas as instalações devem estar disponíveis
los das partidas, desde os variados lanches ex- e ser acessíveis a todos.
pressos até um atendimento mais sofisticado
em salas de jantar privativas. 11.1. Oportunidade, Oferta
e Demanda
Esses serviços instalados devem ser projeta-
dos para atender não só os frequentadores do A administração do estádio pode contar com
estádio durantes as partidas, mas também em o apoio de uma organização de alimentação e
outras oportunidades, como recepções, festas, bebidas, dividindo assim a carga do custo do
jantares e outras funções sociais ou corporati- capital e se beneficiando da experiência admi-
vas durante o ano. nistrativa e do marketing que existem nessas
empresas. Essas firmas estão se interessando
Nos dias de eventos, os espectadores devem pelas oportunidades que apontam nos equipa-
ser estimulados a fazer uso completo das di- mentos esportivos onde uma clientela cativa de
versas ofertas das concessões e dos bares e dezenas de milhares pessoas vem passar uma
restaurantes, chegando mais cedo e ficando boa parte de seus dias de lazer.
até mais tarde no estádio, o que poderia, além
disso, facilitar os problemas de circulação de Algumas franquias internacionais desse seg-
público e de movimento do tráfego, antes e de- mento têm recebido a concessão de espaço
pois dos jogos. para vender seus produtos nos grandes está-

131
dios, chegando a haver mesmo várias franquias tipos de unidade existentes servem para servir necessitam apenas de um equipamento básico 300 espectadores na sua área de influência é
independentes operando nos mesmos espaços refrigerantes gelados, café, chocolate, doces, do tipo de vitrines com bandejas aquecidas e o parâmetro estabelecido para esses serviços.
de circulação de público, com o estádio rece- salgadinhos, sanduíches e miudezas utilitárias. uma pequena geladeira. Já aqueles de fast food Locais de vendas e outros locais de acúmulo de
bendo benefícios diretos ou indiretos por isso. fazem o aquecimento e preparo de pequenos pessoas devem distar, no mínimo, cinco metros
Elas oferecem vantagens por serem de grande sanduíches no forno ou na chapa, sucos, vita- das saídas dos setores.
No caso de uma decisão dos gestores do está- auxílio nas horas de pico, quando restaurantes minas, cafés espressos e chocolates, entre ou-
dio em estabelecer estas operações por conta e lanchonetes estão lotados, e podem ser loca- tras comidas rápidas. Definidos a localização e o número possível
própria, eles podem decidir pela mesma faixa lizadas em vários pontos do estádio, permitindo desses equipamentos no programa do estádio,
de operações dos contratantes especializados que os usuários possam ter acesso a elas sem Os elementos essenciais desses tipos de a instalação dos pontos de utilidades e serviços
ou deixar parte do negócio para os detentores se afastar muito dos seus lugares. Finalmen- estandes de “pegue e pague” são um balcão, necessários para eles deverá ser incluída nos
das concessões. A vantagem é que isso pode te, servem durante 24 horas, podendo ser en- um espaço para armazenagem e um espaço projetos de instalações complementares.
representar um melhor controle da renda e do contradas em vários modelos, tanto de parede de preparo. Equipamentos assemelhados que
atendimento ao cliente, além de permitir a qual- como em unidades maiores apoiadas no piso. se encontram em áreas de alimentação ou 11.2.3. Bares e Lanchonetes
quer momento uma variação maior da oferta de São, porém, vulneráveis ao vandalismo, exigem corredores de shopping centers nos mostram o
alimentos e bebidas que são comercializados. manutenção e conservação, representando um esquema e as dimensões dos vários tipos que Bares e lanchonetes são necessários e diversos
abastecimento mais custoso. podem ser utilizados nos estádios, em geral tipos podem ser implantados, pois o estádio po-
O tamanho e número de instalações de alimentos sendo compostos de elementos préfabricados, derá ser também usado para outras atividades
e bebidas no estádio dependerão das condições 11.2.2. Concessões com seus pontos de utilidades já distribuídos em que esse serviço é requisitado. Eles podem
de mercado, das necessidades dos usuários e — energia elétrica, água e esgotamento — e ser procurados no intervalo das partidas por
das expectativas da administração. Portanto, a As concessões são a forma mais simples de necessitando apenas estabelecer as ligações um grande número de espectadores, que que-
flexibilidade para abrigar programas de dimen- serviços de alimentação. Ocupam pouco espa- necessárias. Esse tipo de quiosque pode ser rem ser servidos rapidamente. Por isso, devem
sões variadas é fundamental, visto que ninguém ço e, com seu atendimento pessoal, oferecem abastecido por uma central de preparo de ter projetos altamente funcionais, com diversos
sabe que demanda poderá ser criada amanhã e uma forma mais simpática de serviço. Podem alimentos pré-prontos ou serem eles próprios a pontos de atendimento e pensados para um
como o edifício se comportará para atendê-la. Al- ser instaladas em quiosques com produtos em- preparar os seus produtos. grande número de pessoas em pé nos balcões.
guns tipos dessas instalações são mais comuns balados e não perecíveis, o que não exige equi-
e a forma do seu atendimento é diferenciada. pamentos especiais, já que os balcões e vitri- A área necessária para atendimento ao público, Outros bares, mais luxuosos e tranquilos, podem
nes de exposição são muito simples. A escolha pode ser estimada entre 50 a 60 centímetros estar situados nas áreas exclusivas e VIPs, com
11.2. Tipos de Equipamentos destes produtos é necessariamente limitada, quadrados por pessoa. Sua localização deve assentos confortáveis para aqueles que não
mas o estádio pode ter a sua própria marca de ser nas áreas de circulação, de preferência na têm pressa. Poderão existir diversos padrões in-
11.2.1. Máquinas de Vendas produtos. Ao mesmo tempo, tanto presentes parte externa e de frente para as entradas das termediários entre esses dois tipos de serviço e
como lembranças preparadas para os eventos arquibancadas ou pórticos de acesso (vomito- algumas estruturas de bares portáteis ou provi-
As máquinas de vendas automáticas são a for- podem ali ser comercializadas. ries), de maneira que eventuais filas não interfi- sórios para determinadas demandas de público
ma mais rápida de oferta de alimentação e be- ram no movimento do público. em eventos especiais são até recomendáveis.
bidas, pois não requerem pessoal de serviço e Outros vendem alimentos aquecidos, como tor-
exigem pouco espaço para sua instalação. Os tas ou salgados, bebidas quentes ou geladas e Uma oferta de 1,50 metro de balcão para cada Para que esses espaços possam ser projetados,

132 133
é desejável a previsão de, pelo menos, 0,5m2 que o aspecto do projeto esteja de acordo com nos intervalos das partidas. Devido à natureza e consumida durante os eventos pode significar
por pessoa, se todos estiverem em pé, ou 1,1m2 o padrão geral de acabamento do estádio. dessa operação e de sua especialização, o serviço uma decisão sobre a centralização ou a dispersão
a mais por pessoa, se metade estiver sentada. provavelmente será arrendado a concessionários das áreas de cozinha e copa necessárias. Cada
Em geral, estes espaços consistem em um bal- Seus funcionários deverão utilizar banheiros que farão a distribuição e a organização da área. caso particular deve ser analisado para definir a
cão com uma área de serviço atrás e prateleiras de serviço e/ou vestiários durante seu turno melhor estratégia a ser empregada para atender
para a apresentação dos seus produtos. de trabalho, podendo, desde que seja decidi- Esse dimensionamento deve ser discutido an- às expectativas do cliente.
do anteriormente, utilizar os sanitários públi- tes das etapas de projeto, para sua desejada
Se estiver de acordo com as exigências da cos. Todas as instalações complementares localização e para o fornecimento das insta- Um projeto de cozinha com seus equipamentos
demanda, uma parte do balcão deve ter de necessárias, tais como suprimento de água, lações técnicas que atendam aos projetos de essenciais, áreas de estocagem adequadas, es-
3 a 5 metros para refrigerantes, café, san- energia elétrica e pontos de esgotamento, de- exaustão e ventilação e de outros serviços ne- paços para preparo e distribuição, com as dimen-
duíches ou salgados esquentados no forno verão constar dos projetos de instalações com- cessários. A eventual existência de painéis ou sões das instalações complementares exigidas e
de microondas ou na chapa. A distribuição e plementares. Esses tipos de estabelecimento grades de fechamento também faz parte da dos sistemas mecânicos de elevadores e monta-
suprimento dessas facilidades poderão, da devem atender às normas de saúde pública e previsão do projeto. -cargas para o transporte de carga dimensionado,
mesma forma, ser centralizados e os produ- higiene que os regulam. é um assunto altamente especializado.
tos pré-preparados. Em geral, esses serviços de alimentação mais
A previsão de depósito próximo ou anexo para complexos ficam situados nos níveis mais baixos Um elevador de serviço, muitas vezes, pode ser
Não existe uma localização determinada para material de limpeza, carrinhos de serviço, re- dos estádios, com depósitos suficientes para a usado tanto para atender às áreas de cozinhas
eles, mas devem estar distribuídos por todo o cipientes transitórios para lixo seco e úmido, guarda de seu abastecimento como para a retira- e concessões como para servir a outras funções,
estádio, não distantes mais de 60 metros do as- até sua transferência para os pontos de des- da e descarte das sobras após o serviço, deven- tais como o transporte de equipamentos para as
sento mais afastado, de preferência no mesmo carte final após os eventos, faz parte das ne- do ser estudados acessos diretos e em separado operações de limpeza e manutenção geral.
nível de sua entrada, serem de fácil e seguro cessidades de cada nível do estádio. Os pisos para isso. Instalações sanitárias próximas tam-
acesso para todo o público e em locais onde e paredes do cômodo deverão ser revestidos bém deverão ser discutidas como parte das ne- A qualidade e o acabamento das diversas ins-
haja espaço disponível para atender ao seu di- com materiais resistentes e adequados para cessidades do projeto. talações para o fornecimento de alimentação
mensionamento programado. Deve-se conside- a limpeza e manutenção necessárias. A distri- de um estádio poderão ser tão variadas quanto
rar que um metro de balcão seria o suficiente buição e dimensionamento dessas facilidades Ainda que não existam padrões de frequência de a administração e o público a ser atendido as-
para atender ao mesmo tempo entre 5 e 3 es- deverão estar de acordo com as áreas a serem público para este tipo de serviço, pode-se esti- sim desejarem. Para isso são recomendadas as
pectadores, mais apertados ou mais confortá- atendidas e com a frequência do recolhimento mar um lugar para cada 50 ou 100 espectadores pesquisas especializadas que fixam as diretri-
veis. Se houver bancos para sentar, a medida do material ensacado. como padrão adotado de uma eventual frequên- zes que deverão ser seguidas pelos proprietá-
do balcão será de 60 centimetros por pessoa. cia. As medidas mais exatas dessa proporção de- rios ou seus administradores.
11.2.4. Self-Service pendem diretamente do tipo de estádio e do seu
Essas facilidades devem estar suficientemente uso para outros eventos diferenciados.
afastadas das áreas de circulação para evitar As instalações de self-service usam menos em-
congestionamento e prever seu fechamento pregados do que os restaurantes com serviço nas 11.3. Áreas de Copa e Cozinha
de segurança por portas ou grades de enrolar, mesas e são projetadas para uma média alta de
quando não estiverem em uso. Sua instalação rápidos atendimentos. Isso é um fator importante A escolha dos padrões de operação desejados
deve estar previamente decidida, de maneira para os estádios, em razão do pico de solicitações para o preparo da alimentação a ser distribuída

134 135
bANHEIROS

Instalações de banheiros são necessárias para que 60 metros, e o mínimo de mudanças de


vários tipos específicos de usuários de estádios, nível que os usuários tenham de fazer para al-
além daquelas destinadas para a grande massa cançar a instalação mais próxima.
dos espectadores. São aquelas previstas para
os camarotes privativos e áreas VIPs, para as Um maior número de pequenos banheiros dis-
equipes de comentaristas de rádio e televisão, tribuídos de maneira uniforme pelo estádio
imprensa em geral, pessoal da administração e atenderia melhor o público do que um núme-
de apoio, serviços médicos, de segurança, bom- ro pequeno de grandes unidades, embora isso
beiros e polícia, jogadores, juízes e equipes de possa representar uma desvantagem quanto
auxiliares, entre outros. Essas instalações de- ao aumento dos ramais de abastecimento e
vem ser pensadas em conjunto de modo a oti- esgotamento. Um ponto de equilíbrio, quando
mizar o número de instalações sanitárias e das encontrado, pode representar uma sensível re-
redes de adução de água e de esgotamento no dução nos custos das instalações necessárias,
estádio, atendendo às necessidades de todos especialmente a dos andares mais altos dos vá-
os tipos de usuários. rios lances de arquibancadas.

Nos estádios menores, prover banheiros sepa- Os banheiros não devem estar na direção das
rados para todos os grupos listados acima pode escadas e, se alguma mudança de nível for es-
ser antieconômico e desnecessário. Nesses sencial nesse ponto, deve ser feita por rampa. A
casos, instalações comuns podem servir a di- localização dos banheiros deve permitir bastante
versas categorias de usuários, desde que todos espaço para circulação em torno das áreas de
tenham fácil acesso a um banheiro disponível. entrada e de saída, além de largas portas de en-
Nos estádios maiores, ao contrário, pode ser trada e saída para circulação, de forma que os
necessário e aconselhável prover instalações espectadores possam entrar por uma porta e sair
completamente separadas para todos os casos. por outra numa direção simples de fluxo.

Para cada caso particular, a equipe de projeto Seu posicionamento contra as paredes exter-
precisa buscar o correto equilíbrio entre a máxi- nas concorreria para permitir luz e ventilação
ma dispersão dos banheiros pelo estádio, afas- natural. Sistemas mecânicos são caros e su-
tados dos assentos mais distantes não mais do jeitos ao mau funcionamento ou quebra, oca-

139
Figura 18
sionando situações desagradáveis na utiliza- mulheres do que aquela encontrada no fute-
ção do banheiro. bol, o mesmo acontecendo em jogos de clubes
com alto número de famílias associadas. Mes-
12.1. Banheiros para Espectadores mo num evento determinado haverá diferentes
composições de homens/ mulheres em diver-
A maior parte dos banheiros para os especta- sas partes do estádio.
dores se localiza dentro do estádio, embora
possam ser previstos alguns sanitários nas áre- Uma proporção mais alta de mulheres nos ca-
as externas, inclusive na Zona 4, para atender marotes e em áreas privativas do estádio do
àqueles que estejam na fila para um evento. que nas arquibancadas comuns é o que ocorre
com mais frequência. Portanto, em vista da va-
Uma boa provisão de banheiros, com os padrões riação dessa proporção de um evento para ou-
de acabamento e conforto aos quais o público tro, alguma flexibilidade deveria ser adotada na
foi se acostumando nos cinemas e shopping provisão dos banheiros.
centers, é importante para a imagem do estádio.
Uma oferta inadequada, com distribuição irregu- O uso de divisórias móveis internas nos banhei-
lar e de qualidade baixa, está entre as maiores ros para alterar sua divisão ou a previsão de
fontes de reclamação dos espectadores. grupos de sanitários que pudessem servir indis-
tintamente tanto homens como mulheres para
Banheiros insuficientes para atender às gran- um evento particular são duas possibilidades.
des multidões de torcedores podem causar um Como na maior parte do tempo eles estão com- desrespeito e um incômodo aos usuários.
mau uso dessas instalações, desagradando a Embora essas soluções não sejam fáceis de re- pletamente sem uso, o custo de prover suficien-
todos e afastando novos torcedores, reduzindo, solver na prática, os problemas resultantes de te número de vasos e mictórios para impedir a Para que isto não aconteça, e na ausência de
desse modo, a frequência e a renda do estádio. um número insuficiente de banheiros e a insa- formação de filas pode parecer enorme, ainda uma orientação mais específica do cliente ou
tisfação resultante são tão grandes que todas que os problemas causados por essa economia de regulamentação dos órgãos locais, pode-se
Em cada tipo de evento, ou em um estádio de as possibilidades devem ser consideradas para e a falta de banheiros suficientes sejam um adotar os seguintes números:
clube com associados, a proporção de especta- atender melhor aos espectadores (figura 18).
dores masculinos e femininos é variável. Para
Homens Mulheres
o caso, por exemplo, de um estádio projetado 12.2. Demanda Prevista
Mínimo de dois mictórios para cada 100 ho-
para multiuso, onde se realizam concertos e Mínimo de dois vasos para cada 50 mulheres,
mens e, após esse número, um mictório para
três vasos para cada 51 a 100, mais um vaso
shows musicais, a proporção de público mascu- Como a maior demanda pelos sanitários se dá em cada 80 ou parte disso.
para cada 40 ou parte disto.
lino/feminino se aproxima de 1:1. picos extremos, quando, por breves períodos de Mínimo de um vaso para cada 250 homens e
Mínimo de um lavatório e mais um lavatório
tempo, o número de banheiros pode ser incompa- mais um vaso para cada 500 ou parte disso.
para cada dois vasos.
Em competições de atletismo, se for o caso, tível com o número de usuários, isso se torna um Mínimo de um lavatório e mais um para cada
cinco mictórios ou parte disso.
deve haver uma proporção acima da média de sério problema para a equipe de projeto.

140 141
Considerando que a utilização dos banheiros no Assim, basta multiplicar esse número de ho- dades especiais, considerando a localização e seu
intervalo das partidas pode representar apenas mens e mulheres que irão usar os banheiros, projeto. Esse percentual pode ser estabelecido por
de 30% a 35% do público presente no estádio, calculado de acordo com o percentual daqueles regulamentos locais, que precisam sempre ser
é possível calcular com mais exatidão a neces- que irão utilizar os banheiros durante o inter- consultados.
sidade de mictórios masculinos ou vasos nos valo, para se obter o número total dessas utili-
banheiros femininos. dades necessárias durante o pico de utilização Um número aceito e recomendado é de que,
máxima dos banheiros. onde houver a presença de 10 ou mais especta-
Para confirmar os números propostos pela tabe- dores, deverá haver no mínimo dois banheiros
la anterior, é possível estabelecer outro sistema Esses números podem e devem ser melhorados, nessas condições. A previsão padrão é de um
de cálculo por tempo de uso. Estimando-se o em especial em estádios nos quais os espectado- banheiro especial para cada 12/15 espectado-
tempo de uso de cada uma dessas utilidades res estarão expostos a um clima mais quente, por- res com necessidades especiais.
mais procuradas, tem-se: que isso tornará uso mais frequente dos banhei-
ros, ou onde os eventos têm grandes períodos de Esses banheiros devem ser maiores que os mode-

7 Para os mictórios masculinos, de 15 a 20 tempo entre os intervalos ou onde grande quanti- los padrão e devem ser distribuídos ao longo do
segundos de duração por usuário; dade de líquido/ cerveja seja consumido. estádio, ser acessíveis desde as áreas apropria-
das e de uso misto por razão de economia.
7 Para os vasos femininos, cerca de 40 a 50 12.3. Detalhamento
segundos por cada usuária.
Todas as superfícies devem ser resistentes, im-
Dividindo-se este tempo pelo tempo do intervalo permeáveis e de fácil limpeza, com ângulos e
de um jogo de futebol, que é de 15 minutos (900 cantos arredondados. Elas precisam ter um es-
segundos), tem-se: coamento fácil e instalações para a drenagem
da água, instalações sanitárias resistentes ao

7 Homens: 900 segundos divididos por 15 vandalismo, com caixas d’água e tubulações
segundos; tem-se 60 homens atendidos por fechadas, com acesso independente, de manei-
cada um mictório no intervalo do jogo; ra a exigir menos manutenção e serem rapida-
mente recarregáveis. A água pode ser provida
7 Mulheres: 900 segundos divididos por 40 de torneiras de pressão que fecham automati-
segundos; tem-se 22,5 mulheres atendidas por camente depois de um período estabelecido.
cada um vaso no intervalo do jogo.
12.4. Banheiros Especiais
Esses números obtidos correspondem, de for-
ma bastante aproximada, à proporção enuncia- Um determinado percentual dos banheiros deve
da na tabela anterior. ser equipado para uso de pessoas com necessi-

142
Áreas de Vendas

A oportunidade de lucro e de rentabilidade de utilização de funcionários, mais o uso duplo de


uma ou mais lojas dentro e em volta do estádio um pequeno estacionamento para a equipe da
deve ser uma parte importante de todo projeto administração e pelos fregueses da loja. A mes-
ou programa de administração. Uma loja de ar- ma observação se aplica ao museu do estádio
tigos esportivos e recordações em um estádio e ao espaço de exposições.
ou clube, com venda de uniformes oficiais, ban-
deiras, miudezas, livros, vídeos e lembranças de O dimensionamento desses espaços depende-
eventos, por exemplo, pode estar relacionada rá da pretensão do programa, de sua definição
com outras instalações, como o museu do está- mais precisa e dos recursos obtidos. De todo
dio/clube ou espaço de exposições, com vitrines modo, essas áreas devem ser providas com
e painéis de exposição, troféus e projeções. pontos para equipamentos de condicionamen-
to de ar, tomadas de força e iluminação, grade
As possibilidades cada vez maiores de recursos de segurança, painéis para cartazes, sistema
disponíveis para exposições e museus asseme- de som e vídeo. O restante dos acabamentos e
lhados, com fonte de recursos próprios ou por os itens especiais deverão fazer parte da mon-
meio de contratos de patrocínio de empresas tagem da loja pelo concessionário.
associadas, representam grandes atrações
para os seus visitantes. Na maioria dos grandes estádios internacionais,
visitas organizadas em grupos percorrem as ar-
Sua localização deve permitir o acesso pela quibancadas e em seguida as áreas reservadas
parte interna do estádio e também com entra- dos vestiários, o túnel de acesso ao campo e o
da pelo lado de fora. Esse acesso externo é im- próprio campo, antes de serem levados ao museu
portante por facilitar a operação da loja mesmo e às lojas de lembranças e itens relacionados.
com o estádio não sendo usado.
No próprio estádio, em suas áreas principais de
De todos os pontos de vista, uma localização circulação e em dias de jogos, podem ser mon-
ideal para uma loja dessa natureza seria perto tados quiosques e pontos de vendas específicos
da administração e do escritório central de ven- para a ocasião, com toda uma variedade de ar-
das de ingressos. Isso facilita a operação e a tigos de interesse imediato dos frequentadores.

147
Instalações para Jogadores,
Árbitros e Auxiliares

A quantidade e a qualidade das acomodações pletamente separado deve ser providenciado


necessárias para os participantes dos eventos re- para cada uma delas.
alizados nos estádios variam muito. Em estádios
pequenos, elas podem se restringir apenas aos 14.1. Vestiários para as Equipes
vestiários e às dependências previstas para o gru-
po de jogadores e aos auxiliares técnicos dos dois O vestiário para a equipe residente é uma área
times que irão participar de um jogo de futebol. muito especial. Por isso, a organização do clube
deve ser consultada sobre as particularidades
Nos grandes estádios, que poderão ser palco do projeto e da organização do espaço. Se o es-
de grandes decisões internacionais, como uma tádio estiver preparado também para ser usado
Copa do Mundo, ou de um dia de provas atléti- em shows e outros espetáculos, isso deve ser
cas de uma edição dos Jogos Olímpicos, uma sé- levado em conta.
rie de ambientes especiais e as complexas insta-
lações exigidas deve estar disponível. A decisão Deve haver acesso direto entre os vestiários
mais acertada de um projeto é adotar um progra- dos jogadores e a via externa de serviço. Essa
ma de instalações em quantidade razoável para via será usada pelos ônibus de transporte das
atender ao nível de competições previstas. equipes na chegada e saída do estádio e tam-
bém por veículos de serviço: ambulâncias, polí-
Se o estádio pertence a um clube ou agremia- cia, bombeiros, mídia, entre outros.
ção, a maioria das acomodações vai se concen-
trar nas necessidades do time da casa, que irá A via de serviço deve dar acesso à entrada
utilizar essas instalações para treinamento e das equipes e também à área de jogo para
para suas competições regulares. que possa ser atendida alguma situação de
emergência. Sempre que possível, as acomo-
Se o estádio oferece o seu espaço para mais de dações de jogadores e funcionários devem
uma equipe, deve ser decidido se elas podem estar no nível do campo para permitir um
compartilhar recursos ou se um conjunto com- acesso direto e fácil.

151
Em eventos onde os jogadores e árbitros estão Como alternativa, a entrada para a área de
sujeitos a alguma forma de agressão, como o jogo pode ser feita por meio de um túnel sub-
arremesso de objetos pela multidão, os requi- terrâneo, cuja boca esteja situada a uma dis-
JOGADORES
sitos de segurança são rigorosos e deve haver tância segura do alcance dos espectadores.
Número de vestiários Área mínima
também um acesso direto e protegido dos vesti- Como no caso anterior, não deve haver nenhu-
ários dos jogadores ao campo. ma possibilidade não autorizada de interferên- 4 150m²

cia do público ou dos meios de comunicação EQUIPAMENTOS Instalações


Jogos de futebol entre clubes ou seleções na- em qualquer ponto dentro desses corredores bancos e armários com
dez chuveiros
cionais com forte tradição de apoio irrestrito ou túneis de segurança. cabides para 25 pessoas
a suas equipes estão nessa categoria. Para Uma geladeira cinco lavatórios com espelhos
isso é importante observar as recomenda- As recomendações da FIFA e da UEFA para os Um quadro de parede Uma bacia para lava-pés
ções da FIFA e das confederações nacionais estádios novos em relação às facilidades míni-
Um ponto de telefone Um tanque de limpeza para chuteiras
para esses casos. mas que devem ser incluídas nos vestiários dos
UmA mesa Três mictórios
jogadores, técnicos e juízes são as seguintes:
De uma maneira ideal, cada um dos vestiários Cinco cadeiras Três vasos sanitários

das equipes e o dos árbitros deve ter o seu As instalações reservadas para os jogadores Três mesas de massagem em DOIs pontOs para barbeador
próprio corredor de entrada no gramado. Com devem estar diretamente relacionadas com a ambiente separado Dois secadores de cabelos
acesso controlado, esses corredores podem se área da mídia, as salas da administração e,
juntar perto da saída para a área de jogo. se possível, com as da direção do estádio. Se
estas instalações não puderem estar no nível
O ponto onde os jogadores e os árbitros en- do solo, como recomendado, devem ser ser- TÉCNICOS
tram no campo deve estar, se possível, no eixo vidas por elevador. Número de vestiários Área mínima
do gramado e no mesmo lado dos camarotes e 24m²
2
tribunas de autoridades, da tribuna de impren- Um vestiário completo deverá ser previsto (adjacentes aos vestiários dos jogadores)
sa e das instalações administrativas e, como para cada uma das equipes que vão disputar EQUIPAMENTOS
já observado, deve ser protegido por meio de a partida. Este local deve ser concebido de bancos e armários com
um túnel telescópico à prova de fogo, que se modo que as roupas possam ser mantidas se- cabides para três pessoas
estende para a área de jogo o suficiente para cas e em boas condições. Um Chuveiro
evitar o risco de danos aos participantes. Es-
uma mesa
ses túneis telescópicos devem poder ser es- Em alguns casos, os jogos podem ser precedidos
cinco cadeiras
tendidos ou fechados rapidamente para que de uma partida preliminar entre dois outros times
possam ser utilizados durante o jogo, quando de menor expressão. Assim, sendo possível, o es- um quadro de parede

um jogador estiver saindo ou entrando em tádio deverá oferecer um total de quatro vestiá- um telefone
campo, sem causar obstrução demorada à vi- rios, sendo que dois deles com dimensões e aco-
são dos espectadores. modações maiores e mais completas (figura 19).

152 153
Os lavatórios devem ser diretamente acessíveis Como complementos aos vestiários esporti-
a partir da área de mudança de roupa, sem pas- vos, devem ser previstas duas áreas cobertas
sar pelos vasos, mictórios ou chuveiros. Como — com altura suficiente e piso revestido de
recomendação geral, deve haver um chuveiro material sintético ou grama artificial — para os
para cada 1,5 ou 2 jogadores, permitindo para exercícios de aquecimento com bola e ginás-
Figura 19 cada jogador uma área de 1,5m2. tica antes dos jogos. A área livre deve ser de
pelo menos 100 m², uma para cada dois ves-
Fora dos chuveiros, deve haver uma zona seca tiários. Imediatamente próximo ao acesso dos
equipada com toalheiros. Para cada equipe, os jogadores ao campo, deve haver um banheiro
vestiários devem ter pelo menos dois vasos e com vaso, lavatório e bebedouro para aten-
mictórios na proporção de 1 para cada 3 joga- der os times quando já estiverem preparados
dores. Uma área com prateleiras e armários para entrar no gramado.
para depósito de material esportivo e uniformes
completa o conjunto. 14.2. Facilidades Adicionais

O recinto deve ser todo revestido de material Facilidades adicionais podem ser incluídas ou
impermeável, resistente e de fácil limpeza, compartilhadas entre as equipes: uma sala de
sendo que os pisos, em mantas plásticas ou reuniões com projetor e tela para uso da equi-
carpetes especiais para áreas de uso intenso, pe, que poderá ser usada para outros fins, tais
devem ser próprios para vestiários. Devem es- como entrevistas com a imprensa; uma sala
tar previstos ralos suficientes para que o am- de relaxamento com jogos, dotada de uma pe-
biente se mantenha seco após uma limpeza quena copa; um ginásio com equipamentos de
geral em toda sua superfície. Uma boa venti- musculação e ginástica; uma sala de espera
lação, natural ou mecânica, é essencial para com banheiros para a família dos atletas; uma
evitar a condensação da umidade. lavanderia e área de secagem de roupa.

Os corredores e as portas devem ser largos, Como instalações das equipes de administração
porque essas são áreas bastante concorridas dos clubes, que não devem ser confundidas com
em dias de jogo. A largura mínima recomenda- as da administração do estádio — a não ser que
da é de 1,2 metro, sendo preferível 1,5 metro. seja estabelecido que os administradores do es-
Toda a área deve ser inacessível ao público e tádio e os da equipe serão um só grupo —, estão
à mídia e protegida contra a entrada de pesso- previstas: recepção, secretaria, escritórios exe-
as não autorizadas. A proteção para o acesso cutivos com entrada privativa, sala de reunião,
direto ao campo deve estar de acordo com as além das salas do técnico e assistentes, equipe
exigências já relacionadas. de apoio pequena, copa e sanitários do conjunto.

154 155
Número de vestiários Área mínima A flexibilidade dos espaços existentes próximos Compreendem uma área de primeiros socorros

1 24m² ao campo é importante para as adaptações que e tratamento para atletas próxima ao campo e
precisem ser feitas para atender aos diversos no caminho para a área dos vestiários, com 50
EQUIPAMENTOS Instalações
eventos esportivos que ocorrem num mesmo m², incluindo: uma mesa para exame, com 60
bancos e armários com
dois chuveiros estádio. centímetros de largura, acessível a partir de três
cabides para 4 pessoas
lados; duas macas portáteis que serão manti-
Uma mesa e duas cadeiras um lavatório com espelho
Essas salas devem estar próximas aos vestiários das ao lado do campo durante os jogos; um la-
Uma mesa de massagem Um mictório
dos jogadores, mas sem acesso direto a eles. De- vatório com água quente; uma bacia para lavar
Uma geladeira Um vaso sanitário vem ser inacessíveis ao público e aos meios de pés com água quente; um armário de vidro e um
um quadro de parede um ponto para barbeador comunicação; contudo, devem ter acesso direto armário fechado; uma mesa para consulta com

um telefone um secador de cabelos protegida à área de jogo, tal como descrito ante- duas cadeiras; e telefone. Além disso, devem
riormente. estar guarnecida de todos os equipamentos e
Aparelho de TV um tanque de limpeza para chuteiras
instrumentos necessários para atendimentos
As recomendações da FIFA e UEFA são detalha- de emergência e primeiros socorros.
das e precisas a respeito dos mais importantes
14.3. Vestiários para Árbitros próxima aos vestiários dos atletas e juízes com
estádios de futebol. Quando esses padrões não Caso se justifique, uma sala de raios X, com cer-
e Oficiais 16 m², incluindo: uma mesa, três cadeiras, um
puderem ser aplicados no caso de um estádio ca de 20 m² pode ser montada perto da sala de
armário, telefone, um aparelho de fax, uma co-
determinado, eles dão um ponto de partida útil exame médico para uma primeira avaliação de
Os vestiários para árbitros, auxiliares e oficiais piadora, um aparelho de TV, um banheiro com
para a elaboração do programa a ser adotado. lesões, embora para um exame mais completo
devem seguir os seguintes requisitos: pia, espelho e vaso sanitário.
os atletas sejam transportados pela ambulân-
14.4. Instalações Médicas cia para clínicas especializadas.
Eventualmente pode ser destinada para uma Para os auxiliares de campo, os gandulas, es-
determinada competição uma sala de reuni- tão previstos dois vestiários (um para cada
As instalações médicas devem estar próximas Em estádios maiores, a equipe médica deve dis-
ões para oficiais, anotadores, bandeirinhas sexo), com armários, cada um com dois vasos,
dos vestiários dos jogadores, embora também por de uma sala própria com cerca de 100 m²
e juízes, na qual possam se reunir até 10 ou dois lavatórios e dois chuveiros.
com acesso fácil para o portão de entrada ex- junto à sala de exame médico e a ela ligada.
12 pessoas para avaliação prévia de alguma
terna e para a área de jogo. Próximo ao portão,
transgressão mais grave das regras do jogo Os árbitros, bandeirinhas, oficiais e anotadores,
deverá ter uma vaga de estacionamento reser- 14.5. Sala para Testes de Doping
por atleta(s) envolvido(s) nas partidas. Para ao atuar nos eventos que ocorrem no campo,
vada para ambulância/UTI Móvel.
isso, podem ser utilizadas também uma das precisam de vestiários e banheiros separados
Estádios que são utilizados para grandes com-
outras salas do estádio com localização e ta- e de um espaço administrativo que pode ser
As exigências específicas das autoridades de petições exigem uma sala de exames de doping,
manho compatíveis. compartilhado no caso de pequenos estádios.
segurança locais e das equipes médicas em com pelo menos 36 m², incluindo banheiro, sala
Essas necessidades vão depender do esporte
causa terão prioridade e devem ser estabeleci- de trabalho e de espera equipada com uma
Para a sala de delegados oficiais, as recomen- que está sendo praticado e do número de jogos
das como parte do programa a ser implantado. mesa e quatro cadeiras, um armário para amos-
dações da FIFA e UEFA requerem uma sala a serem realizados em um dia.
tras, lavatório com espelho e um telefone.

156
Adjacente a essa sala, e com acesso privado
direto a ela, deve haver um banheiro com vaso
sanitário, lavatório e chuveiro. No mesmo con-
junto da sala de exames de doping deve haver
uma área de espera com capacidade para oito
pessoas, com cabides para roupas, uma gela-
deira e um aparelho de TV.

158
Mídia

Facilidades reservadas para os meios de comu-


nicação são parte integrante do projeto do es- Na plateia, onde geralmente a mídia se instala,
tádio. Essas instalações envolvem as principais uma parte dos assentos dos espectadores deve
categorias de informação e serviços de entre- ser adjacente à área dos assentos para os jorna-
tenimento: imprensa escrita, incluindo jornais, listas. Isso pode permitir que parte dos assentos
revistas e internet; rádio; e televisão. dos espectadores seja convertida para assentos
de mídia quando a demanda de jornalistas ultra-
No caso de novos estádios maiores, as instala- passar a disposição prevista inicialmente, como
ções de apoio descritas a seguir serão neces- em casos de cobertura de eventos excepcionais,
sárias na íntegra. Em alguns locais de menor tais como Olimpíadas ou Copa do Mundo.
dimensão, podem ser reduzidas ou omitidas, ou
ainda combinadas com outras, conforme acer- A previsão adequada para esse uso duplo do
tado com o cliente ou com acordos prévios com espaço, de acordo com as necessidades de
representantes da mídia. cada um, requer um planejamento cuidadoso
na fase de projeto, seja em previsões de insta-
Uma consulta com as empresas de rádio e televi- lações complementares, seja com relação ao
são nos estágios iniciais de projeto é aconselhá- desenho das bancadas provisórias que deverão
vel. Algumas considerações sobre o assunto vão ser instaladas quando preciso.
influenciar o layout do estádio como um todo.
A cobertura direta do evento, enquanto o jogo
15.1. Previsão de Acomodações está em andamento, faz-se nos assentos de
imprensa, reservados para o uso de repórte-
Todas as instalações de mídia devem ser agrupa- res, localizados na área central do estádio e
das do mesmo lado que os vestiários das equi- com excelente visão do campo. Há também
pes, pois é inconveniente que os representantes cabines para comentaristas de rádio e televi-
da imprensa tenham de atravessar para o outro são, dotadas de uma ótima vista do campo e
lado do estádio para as entrevistas. Esse con- da área central.
junto de instalações deve estar perto e acessível
aos estacionamentos da mídia e dos veículos de Em alguns pontos das arquibancadas são ne-
televisão e rádio, além de outras facilidades. cessárias plataformas para câmeras de televi-

161
são, com diferentes posicionamento e ângulos barreira. O acesso a ela deve ser protegido por Como já observado, em algumas ocasiões, Outros acabamentos serão determinados por
de visão para o campo de jogo. meio de uma rota de entrada separada e bem pode ser necessária a realocação de alguns especialistas, mas, em todos os casos, deve
supervisionada, que pode ser combinada com dos assentos do público para a imprensa. As- haver a previsão de instalação de carpetes e
15.1.1. Imprensa Escrita o acesso VIP. sim, eles devem estar localizados e concebidos revestimentos, acusticamente absorventes nas
de modo que isso seja possível. Esses lugares paredes e no teto. As divisórias entre essas ca-
Voltada para o campo de jogo, a área de assen- Os assentos de imprensa devem ter também devem ser diretamente ligados aos da principal bines também devem ser resistentes ao som e
tos de imprensa deve estar localizada ao longo uma mesa fixa ou dobrável e permitir condições área de trabalho da mídia. suas portas devem ser sólidas e com boa veda-
de um dos lados do estádio, não virada para o confortáveis de trabalho, incluindo a utilização ção acústica em volta das bordas.
sol durante os jogos realizados durante o dia, de laptops, anotações em folhas de papel, liga- 15.1.2. Rádio
com excelente vista sobre a área do campo e do ções telefônicas, entre outras. Deve haver am- 15.1.3. Televisão
mesmo lado onde ficam os vestiários. plo espaço entre os assentos e cada mesa de A quantidade de cabines de rádio é um assunto
trabalho deverá ter um ponto de telefone fixo, que deve ser discutido com as emissoras inte- As instalações das cabines para transmissão
A área deve estar sob a cobertura e ser sepa- tomadas e iluminação para permitir a cobertura ressadas antes das etapas iniciais do projeto. de televisão são semelhantes às dos comenta-
rada da área do público por uma bem definida de eventos à noite (figura 20). Elas devem estar localizadas em um local cen- ristas de rádio e sua quantidade deve ser, da
tral do lado do campo, com janelas com uma mesma forma, discutida com as empresas de
excelente visualização, protegidas do sol e que televisão em causa.

Figura 20 possam ser acessadas por meio de uma área


protegida e segura. Em posições pré-determinadas, pelo nível de
qualidade e quantidade das imagens a serem
Cada cabine deve possuir uma bancada contí- transmitidas, serão necessárias outros posicio-
nua contra a janela, com vista para o campo, namento de câmeras, que dependem do tipo de
onde possam ser colocados monitores, mobiliá- evento a ser realizado.
rio confortável em conformidade com as neces-
sidades das estações de rádio, tendo uma área Em geral, esses equipamentos se situam em
total de 15 m² como média. plataformas de câmeras que devem ter pelo
menos 2x2 metros de área de superfície, em
Os comentaristas e narradores devem ser capa- posições distribuídas de acordo com as orienta-
zes de ver, de suas mesas, a todas as partes da ções recebidas das empresas de televisão que
área do gramado e, de preferência, também, a cobrem os eventos.
entrada de jogadores no campo. Normalmente
haverá três radialistas por cabine e a posição Mesmo em estádios pequenos, as posições de
de cada um deles inclui a previsão de microfo- câmera de televisão devem ser consideradas,
ne, tomadas elétricas e de telefone, pontos de pois essas plataformas também podem ser uti-
computadores e eletrodutos previstos para ins- lizadas pelos clubes para a gravação de víde-
talações adicionais e serviços futuros. os para treinamento ou registros históricos, ou

162 163
para atender à venda de gravações de vídeo de tos de ligação para serviços de água, esgoto e a sua zona de acesso. Nela, seus representan- possam ser vistos claramente por todos que
jogos para os seus torcedores. eletricidade. tes recolhem os impressos de informação e os estão na sala, assim como deve haver um es-
resumos preparados para eles, realizam seu trado no fundo para as câmeras de televisão e
15.2. Instalações Externas Outra área de estacionamento relativamente per- trabalho, escrevendo ou transmitindo seus rela- filmagens. Sobre a área de entrevistas, o nível
to da entrada de mídia deve ser reservada tam- tórios. É composta de salas separadas para di- de iluminação deve ser alto, para as transmis-
Um número crescente de veículos e de pessoal bém para os carros de visitas ao pessoal da mídia. versas funções, no caso por grandes estádios, sões de TV e filmagens. Sua arrumação deve
de apoio técnico é levado aos estádios durante mas com menor número de cômodos em está- permitir que o espaço na parede atrás do es-
as transmissões de rádio e televisão. Assim, os 15.3. Instalações internas dios de menor tamanho. trado possa receber painéis de informação ou
espaços de estacionamento necessários para de patrocinadores. Deve ser generosa a oferta
eles devem estar bastante próximos à entrada Logo após o ponto de acesso da mídia ao interior Fazem parte desse conjunto os seguintes espaços: de tomadas, pontos de telefone, fax e terminais
da mídia. Essa área deve ser cercada e segu- do estádio e a seus níveis inferiores deve estar de computação e vídeo. Dependendo do even-
ra, com acesso controlado durante os eventos. localizado o balcão de recepção, o local de infor- 7 Sala de informação: equipada com qua- to, ela pode ter 100 m² para receber até 200
Deve ser provida de eletricidade e água, de re- mações e o ponto de controle, onde todos os pro- dros de anúncios, uma mesa de trabalho com pessoas em jogos regulares e chegar a 350 m²,
cursos adequados para as telecomunicações e fissionais devem se apresentar na chegada, an- pacotes de folhas de informação e folhetos e para receber até 400 pessoas em eventos de
serviços de esgotamento e de drenagem. tes de prosseguir para os seus locais de trabalho. uma bancada a uma altura adequada para se maior vulto, como uma Copa do Mundo.
escrever em uma posição confortável.
Para esses veículos, que necessitam instalar Esse local deverá estar equipado com todas 7 Sala central para trabalho da imprensa:
uma pesada rede de cabeamento no estádio as comodidades necessárias para lidar com 7 Sala de imprensa: deve ser confortável e para o uso mais eficiente, esse espaço pode
para cada transmissão realizada, é mais indi- a procura de informação, incluindo telefones, possuir cadeiras e mesas baixas, com deco- ser temporário, ao invés de uma área espe-
cado prover uma rede de calhas e eletrodutos pontos de fax, monitores, wi-fi e tomadas de ração e iluminação bem cuidadas, com o piso cífica. Pode ser usado em outros momentos
permanentes, desde a zona de estacionamen- energia elétrica. Essa área deve, portanto, acarpetado e o revestimento de paredes e teto como área de encontro e exposições. Deve
to até as partes importantes do estádio. As dar acesso seguro a todas as instalações dos de materiais acusticamente absorventes. Sua conter mesas extensíveis e cadeiras, que de-
características dessa rede de calhas e dutos meios de comunicação. área pode variar de 40 a 50 m², para receber vem ser empilháveis para serem guardadas
secos devem ser objeto de consulta antecipa- de 20 a 30 jornalistas em partidas locais; ou em salas de armazenagem adjacentes, quan-
da junto às principais empresas de rádio e de Os banheiros e sanitários, de ótimo acabamento, entre 525 e 700 m², para 350 jornalistas, em do não estiverem em uso.
televisão para determinar as rotas a seguir e as deverão estar localizados logo após a recepção, eventos internacionais.
dimensões adequadas. para facilitar o acesso a eles, na entrada ou na O conjunto se completa com as instalações
saída. De preferência, terão ampla ventilação na- 7 Sala de conferências de imprensa: como administrativas e de trabalho para o pessoal
Próximo a esse local, uma área de estaciona- tural em lugar de sistemas de ventilação mecâ- tem multifunções, deve ser preferencialmente de relações públicas, assessores de imprensa
mento especial deverá ser reservada para trai- nica. Os pontos de alimentação e bebidas, exclu- a última de uma sequência de salas existentes do estádio, secretariado e uma sala ou grupo
lers com cantinas e banheiros para o pessoal sivos, devem estar próximos, localizados no hall em torno da área de entrada de mídia, desti- de salas ou estúdios utilizados por jornalis-
da mídia em eventos especiais ou jogos que de entrada comum, onde todos também passam. nada principalmente para conferências de im- tas, radialistas ou comentaristas de televisão
atraiam uma particular atenção do rádio ou da prensa, mas também adequada para reuniões e fotógrafos para entrevistar os jogadores e
televisão. Esse local deve ser claramente de- A área de trabalho da mídia é constituída por de outra natureza. Um estrado móvel deve ser outros. Esse local deve ser ventilado ou con-
terminado e deve contar com drenagem e pon- um conjunto de salas, com acesso direto desde fornecido no local para que os entrevistados dicionado de forma que as janelas, se exis-

164 165
tentes, possam ser mantidas fechadas para
evitar o ruído exterior.

Todos os sistemas mecânicos de ventilação de-


vem ser silenciosos durante sua operação. As
empresas de televisão vão necessitar de uma
sala de controle ao lado do estúdio de entre-
vistas e seus requisitos devem ser verificados
diretamente com elas.

As salas antes necessárias para o processamen-


to do trabalho dos fotógrafos de imprensa, câma-
ras escuras com portas seladas, luz e ventilação
artificial ou ar condicionado, hoje em dia foram
substituídas por sistemas de processamento di-
gital a partir das câmeras digitais de alta resolu-
ção utilizadas e da transmissão de imagens de
altíssima qualidade por meios eletrônicos.

Em algum lugar próximo, ou entre as salas de


trabalho da imprensa e as instalações das en-
trevistas, deve haver uma central telefônica e
um centro de transmissão de dados com exce-
lente ventilação, que pode ser natural ou artifi-
cial, acusticamente protegida e equipada com
um número de posições de telefones e compu-
tadores pessoais disponíveis. Nesse caso, não
são necessárias janelas externas.

167
Operações Administrativas

Num estádio, a maior parte do pessoal adminis- com as dimensões, acabamentos, equipamen-
trativo que precisa ser acomodado é composta tos e iluminação dentro dos padrões e normas
por funcionários responsáveis pelas operações dos bons escritórios.
diárias de funcionamento e pela administração
do clube residente, se houver. Esse número, em 16.1. Sala de Controle do Estádio
grandes eventos, será ampliado por pessoal
temporário para auxiliar na gerência. A sala de controle terá normalmente entre 15
e 20 m² de área, dependendo do tamanho do
A entrada da administração será normalmente no estádio, e deve ter vista para o campo e uma
centro da parte principal do estádio e uma área de visão clara do vídeo e dos telões eletrônicos.
estacionamento para funcionários e seus clientes O ideal é que seja adjacente à sala de controle
deve ser providenciada nas proximidades. da polícia e possivelmente combinada a ela,
de modo que seja possível uma resposta inte-
As instalações administrativas, exceto para a grada para uma emergência.
polícia e equipes de segurança, devem estar
próximas e com fácil acesso às instalações de A sala deve estar equipada com monitores de
uso exclusivo, à mídia e àquelas destinadas aos TV, ligações telefônicas internas e externas, mi-
dirigentes do clube, quando houver. crofones para a transmissão de sonorização in-
terna e avisos endereçados ao público, painéis
Para os escritórios de gestão permanente do es- de controle para a iluminação do estádio e ou-
tádio, é necessária a previsão de áreas para os tras características técnicas.
diretores e suas equipes e para os funcionários
responsáveis pelas atividades comerciais, ad- Todos os acabamentos e revestimentos devem
ministrativas, financeiras e para os serviços de ser acusticamente absorventes e as portas de-
operações, controle, manutenção e segurança. vem ser à prova de som. Embora as janelas com
vista para o campo possam ser abertas, elas
Em estádios menores, algumas destas salas po- normalmente serão mantidas fechadas para
dem ser combinadas por motivo de economia. exclusão do ruído. Assim, a ventilação artificial
Todas elas, no entanto, devem ser projetadas será vital para esse espaço.

169
Uma bancada colocada contra essa janela será Para a determinação de suas dimensões ideais, Vibrações e ruídos provenientes de outras par- Em outros casos, os estádios são operados pelo
a superfície de trabalho principal. O pessoal deve e dependendo da localização no estádio, sua al- tes do edifício devem ser minimizados. Deve ser seu pessoal permanente e com material pró-
dispor de cadeiras confortáveis e deve ser capaz tura deve ser de 3% a 5% da distância máxima generosa a oferta de tomadas elétricas. prio. Nesses casos, acomodações suplementa-
de ver o campo, a área central e os telões eletrô- de visão. A proporção da tela recomendada é de res e adicionais serão necessárias.
nicos assim que posicionados nessa bancada. 9 módulos de altura por 16 módulos de largura. Como os computadores se tornam menores e
menos dependentes de ambientes especiais, Todas as salas de equipamentos devem ter aca-
16.2. Sala de Controle As características de tamanho e qualidade des- os requisitos acima referidos estão se tornando bamentos feitos com materiais resistentes e do-
de Vídeo/Telões sas telas dependem do tipo de estádio, do tipo menos rigorosos e a necessidade de acomoda- tadas de pisos e paredes de baixa manutenção.
de evento realizado e da distância para os es- ções especiais desse gênero pode ir gradual- São aconselhados pisos de concreto polidos ou
A sala de controle eletrônico de vídeo e dos pectadores. A cada dia esses grandes telões mente desaparecendo. de outro material de dureza comprovada e aca-
telões deve estar ligada com o controle do estão disponíveis com preços cada vez mais bamento impermeável.
estádio, prever espaço para dois ou três baixos e definição cada vez mais alta. Essas te- 16.4. Salas de Manutenção
lugares e ter excelente vista paras as telas e las devem ser colocadas nas extremidades do A manutenção das conexões de serviços e os
áreas de espectadores. campo, onde possam ser vistas pelo número As acomodações necessárias para o pessoal equipamentos devem poder ser facilmente rea-
máximo de espectadores e, em alguns casos, de manutenção do edifício e para seus equi- lizados e as visitas às instalações são parte es-
Nos dias atuais, qualquer estádio importante uma em cada extremidade da área de jogo. pamentos, assim como o número de unidades, sencial dos projetos técnicos complementares.
deve estar equipado com um ou mesmo dependem da política de gestão a ser seguida.
dois telões eletrônicos de vídeo, que podem Para que o sol não incida diretamente sobre a 16.5. Comissários
ser utilizados para anúncios, propagandas, face da tela, alguns pontos, especialmente a sua Alguns estádios são operados por meio dos ser-
avisos, instruções de segurança, divulgação posição, devem ser cuidadosamente verificados viços de empresas especializadas contratadas, Para auxiliar no atendimento de alguns even-
esportiva e replays. com outras questões desportivas em pauta. Elas que trazem não somente seus próprios funcio- tos, tais como aberturas de competições ou
não devem em nada distrair os participantes, nários, mas também grande parte do seu pró- torneios esportivos, concertos de música, sho-
São conhecidos como LSVD - Large Screen Co- especialmente no caso do atletismo, e sim prio equipamento. ws, encontros políticos ou religiosos, pode ser
lour Video Displays. Atualmente, quatro princi- acrescentar algum componente do espetáculo necessário contar com pessoal adicional. Por
pais tipos de tecnologia são empregados para que não puder ser percebido normalmente. Nesses casos, apenas uma acomodação bá- essa razão, quanto maior a flexibilidade no
eles: por Tubos de Raios Catóticos (CRT), Tubos sica deve ser fornecida, incluindo pelo menos uso dos espaços disponíveis nos níveis infe-
de Descarga Fluorescente, de Base Matrix, e 16.3. Salas de Equipamentos os quartos do pessoal da equipe; uma sala de riores e as suas possibilidades de adaptação,
Diodos Emissores de Luz (LED). de Computação equipamentos; uma sala para instalar um ge- maior será a capacidade de atender a essas
rador de emergência para enfrentar incidentes demandas eventuais.
Toda essa tecnologia usa três cores básicas, As salas de equipamento de informação e lógica como a interrupção ou baixa no abastecimento
e sua variação pode chegar, teoricamente, a devem ser concebidas com uma boa acústica, de energia pública, constituído por um recinto A equipe de comissários de apoio e pessoal
quase 17 milhões de cores possíveis. Em geral, de acordo com a melhor prática e com ilumina- resistente a uma hora de fogo; um recinto, em de segurança empregada nos dias de jogos,
possuem uma vida útil de até 20 mil horas — o ção excelente. O piso pode ser levantado com separado, para combustível, desde que verifi- como uma parte essencial do serviço de aten-
que parece suficiente para os estádios que as as instalações de serviços protegidas e com fá- cadas as exigências legais relacionadas com dimento ao cliente, necessita de alojamentos
utilizam por cerca de 250 horas por ano. cil manutenção, limpeza e acabamento. esse assunto. para sua acomodação.

170 171
rapidez. Porém, a localização e a necessidade
Esses comissários orientam o espectador na estádios pequenos e até de cerca de um comis- ser tomada pelos órgãos oficiais de segurança real dessas instalações precisam ser levanta-
busca de seus lugares, prestam informações sário por cada 200 espectadores em estádios policial, em acordo com a administração do das junto às autoridades locais.
e mantêm a ordem em situações controláveis, maiores. Esse número é composto pelos comis- estádio e do clube em causa.
uma função para a qual têm de ser adequa- sários que se distribuem pelas catracas, pórticos, A sala de controle da polícia deve ser equipada
damente treinados. Esse tipo de atuação tam- administração e observação da segurança (que A decisão vai levar em conta o atendimento com uma bancada em frente à janela, com mo-
bém tem o objetivo de reduzir a presença da podem representar a metade do número total), previsto, os antecedentes do clube, o compor- nitores de televisão e vídeo e conexões de ser-
polícia em contato direto com os espectado- supervisão de setores, assessores de público e tamento da multidão, o número e as caracte- viços e telefone para ligações para dentro e fora
res — o que pode reduzir o clima de enfrenta- comissários com atenção especial aos riscos dos rísticas dos torcedores visitantes, a natureza do estádio, além de ser localizada ao lado ou de
mento, muitas vezes responsável por conflitos espectadores e ao combate a incêndio. e a localização do estádio e a experiência dos forma integrada com as facilidades de controle
que poderiam ser evitados. comissários de apoio, entre outras questões da do estádio já relacionadas.
As áreas necessárias para sua acomodação, logística de segurança pública envolvida.
Quando isso passa a ser inevitável, as ações embora possa acontecer que alguns desses es- Deve possuir cadeiras móveis e confortáveis para
mais difíceis e diretas tornam-se responsabi- paços sejam compartilhados com os alojamen- O esquema de alojamentos, que deve ser consi- o policial que está no atendimento. O policial en-
lidade do pessoal de segurança ou da força tos de outros membros da equipe do estádio, derado durante a fase de projeto de um grande carregado dos avisos deve estar em uma posição
policial. As funções desempenhadas pelos co- são: uma sala de reunião para as instruções estádio, inclui sala de controle com janelas de vi- que reduza o ruído de fundo durante o uso do mi-
missários e a forma com que são realizadas aos comissários — com área estimada de 1,5m2 dro e vista para o campo desportivo, dotada de crofone. Pode existir também nesta sala um painel
não só variam de país para país, mas também por comissário —, vestiários com armários indi- bancadas de apoio para monitores; salas de de- de controle de áudio auxiliar que reproduza o pai-
entre os esportes atendidos. O trabalho des- viduais, depósito para uniformes de serviço, pe- tenção com duas celas com vasos e pias; salas nel principal da sala de controle da administração.
ses comissários deve ser encorajado para que quena copa e área de descanso, também desti- de descanso para a polícia; sala de espera e de
exerçam um papel mais interativo, atendendo nada a incentivar a chegada antecipada dessas informação; e instalações de detenção em massa Na sala de controle, todas as telas do sistemas
aos espectadores de forma a fazê-los se sentir equipes no estádio. — que exige dois conjuntos para cada um aten- de televisão de circuito fechado devem ser agru-
bem-vindos ao evento e, em última análise, ao der a um grupo de, pelo menos, 30 torcedores, padas de forma organizada e monitoradas pela
estádio propriamente dito. 16.6. Policiais e Equipes se necessário. Como existem setores separados, polícia e por outros funcionários de segurança,
de Segurança dividindo os espectadores em grupos de 20 mil bem como pelos funcionários do estádio, na
Embora os padrões de atendimento variem de ou mais, pode ser necessário fornecer essas facili- sala de controle da polícia.
acordo com a concepção proposta por cada A polícia e os sistemas de segurança relaciona- dades para a equipe de segurança em cada setor.
administração, com seus próprios métodos de dos são um contingente vital dos estádios mo- É a partir dessa sala que toda a operação de
gerenciamento, um estádio com a presença dernos, embora não seja possível determinar Cobertura de câmeras de vídeo e o seu acom- segurança deve ser monitorada, que as deci-
de 10 mil a 20 mil espectadores pode exigir com exatidão o número de policiais necessários panhamento serão necessários para estádios sões devem ser tomadas e as instruções passa-
de 20 a 60 comissários, enquanto um com para atender a um determinado evento. com mais de 10 mil lugares. Para estádios me- das para o público. Também é importante que
a presença de 20 mil a 40 mil espectadores nores, em princípio, só haverá necessidade de a orientação das câmeras de segurança possa
pode exigir de 60 a 100 deles. Se pequenos eventos individuais podem ter um ambiente de controle policial. ser controlada a partir dessa sala.
somente 10 a 50 policiais atendendo aos
Em situações onde a segurança está incluída en- estádios, nos grandes jogos eles podem re- Em alguns países, salas de audiência com aces- Embora muitas das câmeras utilizadas em um
tre suas tarefas, pode-se estimar um cálculo de presentar um número de 300 a 400 policiais so seguro e controlado foram implantadas em sistema de vigilância completa sejam fixas, é
um comissário para cada 75 espectadores em distribuídos na área. Essa será uma decisão a estádios para que a justiça seja aplicada com útil que elas também sejam capazes de se mo-

172 173
ver em torno do campo das arquibancadas. Elas espaço total dos banheiros, pode-se considerar desprotegidas, de materiais facilmente laváveis; te e fria, incluindo filtro de água potável, sabão
devem poder ter visão lateral e se elevar para 1,68m2 por vaso, 0,93m2 por mictório e 0,75m2 e material para secagem das mãos.
cima e para baixo, assim como realizar uma por lavatório. Essas áreas não incluem as pare- 7 ter espaço de armazenamento de macas,
aproximação de enquadramento de áreas es- des externas que formam a área do banheiro, cobertores, travesseiros e materiais de primei- Os revestimentos de suas superfícies devem
pecíficas da multidão, para a identificação indi- nem o espaço reservado para a entrada, mas ros socorros; ser resistentes, impermeáveis e de fácil limpe-
vidual de espectadores. incluem as divisórias dos boxes dos vasos e o za. Um ralo de drenagem no chão é importante
espaço em pé para os mictórios e pias. 7 ser dotadas de pontos de telefonia e de para a lavagem de sangue sem risco de infec-
Juntamente com essa ação de fiscalização, um computação, permitindo a comunicação inter- ção. Deve contar com pelo menos seis tomadas
método de se obter cópias impressas de ima- 16.8. Primeiros Socorros na e externa; elétricas de 13 ampères, equipamentos para
gens específicas deve estar disponível, bem eliminação adequada de resíduos com dispo-
como a gravação em fita de vídeo de qualquer Além das instalações médicas e de primeiros 7 ser claramente sinalizadas para sua fácil lo- sitivo para tratamento de material clínico e/ou
imagem das câmeras que estão sendo utiliza- socorros para os jogadores, é necessário provi- calização, em todo o interior e exterior do estádio; cirúrgico, além de meios eficazes de comunica-
das na vigilância. denciar os mesmos serviços para os funcioná- ção para um ponto de controle central e de ser-
rios e espectadores que necessitem de assis- 7 ser facilmente acessíveis de todas as par- viços de emergência, que deve incluir uma liga-
16.7. Instalações complementares tência médica. Essa é uma exigência que deve tes do estádio e estar localizadas perto de um ção telefônica com uma linha externa exclusiva.
ser incluída e seus requisitos específicos cons- ponto de acesso para o transporte ao hospital;
Todas as instalações administrativas descritas tam dos manuais da FIFA e UEFA. Macas têm normalmente uma dimensão de
nos pontos anteriores devem ter acesso a insta- 7 estar perto de um banheiro, que deve ser 1,9x0,56 metro, e as larguras mínimas para
lações sanitárias para ambos os sexos. Alguns De uma maneira geral, as salas de primeiros também acessível a pessoas que se utilizam ca- permitir a passagem de macas e cadeiras de
grupos poderão partilhar esses banheiros, mas socorros devem: deiras de rodas; rodas são de 90 centímetros para as portas e
quando a distância se tornar muito grande, de 1,20 metro para os corredores. Uma via de
deve haver banheiros separados. 7 estar posicionadas de forma a permitir o 7 contar com sala de espera onde os pacien- acesso de ambulâncias deve ter pelo menos
acesso fácil ao espectador e veículos de emer- tes e familiares possam aguardar. seis metros de largura.
Em todos os casos, água fria, sabão e toalhas gência de dentro e de fora do estádio;
ou meios de secagem devem ser fornecidos, A sala deverá ter, no mínimo, 15 m², e pelo menos
além de recipientes para lixo. Como uma esti- 7 ter portas e corredores suficientemente lar- 25 m² se a capacidade do estádio for acima de 15
mativa preliminar de espaço necessário, pode- gos para permitir a passagem de uma maca ou mil espectadores. Deve estar prontamente dispo-
-se considerar as seguintes dimensões e áreas cadeira de rodas; nível em todos os momentos durante o evento e
de piso: para homens, um metro quadrado para ser usada apenas para fins de primeiros socorros.
cada três pessoas para vasos, mictórios e es- 7 ter uma iluminação brilhante, boa venti-
paço para lavar as mãos. Para as mulheres, um lação, condicionamento, tomadas elétricas, Quando em uso, deve permitir a possibilidade
metro quadrado para cada três pessoas para água quente e fria, além de banheiros para de tratar três pacientes simultaneamente, com
vasos e espaço de lavar as mãos. homens e mulheres; alguma privacidade. Deve ter uma pia de aço
inoxidável, uma superfície de trabalho, lavató-
O tamanho sugerido para um cubículo com vaso 7 ter paredes e pisos antiderrapantes com rio, esgotamento, abastecimento de água quen-
é de 1,80x0,9 metro. Para o planejamento do acabamentos arredondados e sem quinas vivas

174 175
Iluminação nos Estádios

17.1. Sistemas de Iluminação ção próprios para o palco, alimentados por uma
fonte própria de geradores.
Se um estádio pretende alcançar o seu potencial
de utilização plena, podendo operar durante a 17.2. Iluminação de Segurança
noite ou no final da tarde, um completo sistema
de iluminação é essencial. Existem dois tipos prin- A iluminação de segurança deve cumprir duas
cipais de sistemas de iluminação necessários: funções: a primeira é iluminar as vias de escape
e evacuação e as saídas de forma clara, para
7 O sistema que atende aos corredores, áre- que os espectadores não tenham dúvida sobre
as de circulação e vias de escape rápido, de a direção correta do fluxo em uma situação de
modo que os espectadores possam entrar e emergência e possam seguir adiante em se-
sair do estádio com segurança; gurança, sem risco de tropeçar e cair, mesmo
quando correndo e em pânico; a segunda seria
7 O sistema de iluminação do campo, para que iluminar os pontos de chamada de emergência
os jogadores e espectadores possam ver a ação e dos equipamentos de combate a incêndio.
que ali se desenrola de forma clara e sem esforço.
Luminárias, com um nível de iluminação de
Pode ser necessário também iluminar o cam- pelo menos 1 lux, devem ser fornecidas ao
po com os níveis de iluminação exigidos para longo de cada passagem e rota de escape, de
a transmissão de televisão em cores e em alta modo que não haja áreas escuras, principal-
definição, caso em que essas exigências se tor- mente em escadas, patamares, pisos e portas
nam bem mais rigorosas. de emergência.

A segurança e a iluminação de campo são ne- Toda a iluminação de emergência deve iniciar
cessárias em conjunto, uma vez que uma sem seu funcionamento em até cinco segundos
a outra não é suficiente para a realização da após a queda da rede, mesmo se os sistemas
partida. Uma exceção poderia ser admitida de alimentação principal falharem por interrup-
para shows, com os seus sistemas de ilumina- ção do fornecimento de energia.

179
17.3. Luminárias to nos estádios esportivos. Essa iluminação de no local quanto pela televisão, possam ver com da vizinhança como poluição ambiental. Alguma
emergência deve ser fornecida em, pelo menos, todos os detalhes a ação desenvolvida. Isso signi- claridade pode ser impossível de eliminar, mas
Para dimensionar o espaçamento correto das uma destas duas maneiras: fica que os níveis de brilho, contraste e claridade o controle dos níveis de brilho da fonte de luz e o
luminárias ao longo dos percursos utilizados devem ser corretos, uniformemente projetados e fundo adjacente ajudarão a reduzir o seu efeito.
no estádio, deve-se atender às recomendações 7 No mínimo, deve haver um circuito inde- distribuídos sobre toda a área de jogo. A proteção da fonte de luz, com a utilização de
das normas que regulam a matéria. pendente, geralmente projetado para operar dispositivos tais como persianas ou refletores
por um período específico de tempo quando há Os mais exigentes a respeito desses requeri- mais profundos, pode ser proposta para isso.
Para a iluminação em locais críticos, as luminá- uma falha ou interrupção na alimentação de mentos são as empresas de televisão, por cau-
rias devem estar situadas a cerca de dois metros energia elétrica, fornecendo somente ilumina- sa da transmissão de cor em alta definição. Outro recurso pode ser o de posicionar o equi-
de todas as saídas e em todos os pontos onde é ção suficiente para permitir a circulação segura Níveis de iluminação para o esporte durante a pamento fora da linha de visibilidade, pois os
necessário mostrar a localização de perigos po- de pessoas para fora da área afetada, com pelo noite são muitas vezes inferiores aos dos even- jogadores e os espectadores são afetados
tenciais e os equipamentos de segurança. menos 1 lux, como sugerido anteriormente. O tos em recintos fechados ou sob a luz do dia, pelo brilho quando a luz os alcança em ân-
período de tempo em que é necessário que o mas um projeto cuidadoso de iluminação pode gulos próximos da linha horizontal. Isso, às
Esses locais incluem as escadas, de modo a ilu- sistema de emergência opere dependerá das compensar essa deficiência, e uma boa visi- vezes, se torna difícil de evitar, nos estádios
minar os espelhos dos degraus, os patamares circunstâncias e dos regulamentos locais, mas bilidade pode ser alcançada. Esses níveis vão onde a linha de refletores é montada na borda
e cada mudança de nível, além das frentes das geralmente não deve ser inferior a duas horas; depender do tamanho do campo, pois quan- frontal da cobertura.
portas de saída e de cada porta de escape de to maior a área e mais distante se distribuir a
incêndio. E, ainda, em cada sinal de segurança 7 Outra proposta seria a adoção de um siste- ação, mais exigências terão de ser atendidas A luz do dia também pode representar proble-
exigido para uma saída segura do estádio e per- ma de emergência capaz de prover a ilumina- para uma visão dentro do mesmo padrão. mas, pois, em um dia particularmente claro e
to de cada ponto de alarme ou de equipamento ção total, incluindo a iluminação dos refletores ensolarado, os contrastes entre as áreas do
de combate a incêndio. de campo dentro dos níveis exigidos, permitin- Tabelas e gráficos sobre a matéria resumem os campo que estão na luz e aquelas que estão
do assim que o evento possa continuar. Mas níveis de iluminação típicos e o grau de uniformi- na sombra podem representar um problema de
Por vezes, pode ser difícil alcançar o nível de ilu- essa proposta é de custo altíssimo e restrita a dade requerida para uma variedade de tipos es- forte diferença de claridade, em especial para
minação recomendado de 1 lux nos grandes es- grandes eventos. portivos. No caso do futebol, as recomendações a cobertura televisiva. Esses contrastes podem
paços encontrados nas estruturas do estádio. do manual Football Stadiums Technical Recom- ser minimizados por coberturas de materiais
Luminárias de parede ajudam a superar esse Para ambas as propostas e métodos, o tempo mendations and Requirements, editado pela translúcidos que permitam a passagem de al-
problema. Sinais e painéis iluminados podem de restauração automática em caso de falha FIFA, que aborda o assunto no capítulo 9, são guma luz através do teto, equilibrando o con-
também contribuir para isso. não deve ser superior a cinco segundos. precisas e detalhadas. Sendo assim, deverão traste de luz e sombra entre as áreas do campo.
ser conhecidas e preferencialmente adotadas.
17.4. Geradores de Emergência 17.5. Iluminação do Campo 17.5.2. Projeto de Instalação
17.5.1 Controle de Claridade
Sempre deve haver um sistema de geradores Os requisitos de iluminação para um jogo realiza- Estádios de pequeno porte são geralmente ilumi-
de emergência — uma exigência essencial para do à noite são os suficientes para permitir que a Um dos principais fatores a ser considerados na nados por sistema lateral, consistindo de três ou
a segurança de eventos em locais públicos, em área de jogo esteja iluminada o bastante para que elaboração do sistema de iluminação é a clari- quatro conjuntos de refletores localizados em um
especial com o número de espectadores previs- aqueles que jogam e os que os assistem, tanto dade que, muitas vezes, é percebida por parte lado do campo e montados a uma altura não in-

180 181
ferior a 12 metros. O ângulo entre esses equipa- levando-se em conta sua função técnica e sua assunto que só poderia ser justificado se a per-
mentos e o centro de campo deve estar entre 20º presença no conjunto do estádio. da financeira potencial de um evento esportivo
e 30º, e o ângulo entre o equipamento e a linha interrompido fosse imensa em razão de trans-
lateral, entre 45º e 75º. Estádios com cobertura podem utilizar ilumi- missões internacionais televisadas. Dessa for-
nação lateral em forma de uma faixa contínua ma, a geração de uma iluminação de emergên-
Estádios de maior dimensão podem usar colu- montada ao longo das bordas dos telhados. Es- cia para o campo está atualmente limitada aos
nas ou postes de canto, talvez com alguns equi- ses acessórios devem ser montados, pelo me- maiores estádios ou estabelecida para eventos
pamentos montados ao longo do lado do campo, nos, 30 metros acima da superfície de jogo, para de repercussão mundial.
para que uma melhor iluminação possa ser utili- reduzir o risco de ofuscamento — que pode ser
zada para um determinado tipo de evento. um problema insuperável, porque a luz atinge os
espectadores em ângulos perto da horizontal.
Postes de canto são, provavelmente, o sistema
mais comum em uso. Eles devem estar posiciona- Considerando-se o lado positivo da questão, o
dos com pelo menos 5º do lado do campo e 15º aumento da iluminação do plano vertical, asso-
a partir do final do campo de jogo, tomados do ciada à borda de iluminação da cobertura, pode
centro do lado respectivo ou do final do campo. ser benéfico para a transmissão televisiva.

A altura desses mastros deve ser de pelo me- 17.5.3. Iluminação para TV
nos 0,4 vezes a distância sobre o plano entre
a posição do mastro e o centro do campo e os Como as lentes das câmeras não conseguem
ângulos de montagem devem obedecer aos in- se adaptar tão rapidamente quanto o olho hu-
dicados no parágrafo anterior. mano às variações de iluminação na superfície
do campo de jogo, a iluminação para a cober-
Nos estádios maiores, o sistema de iluminação tura televisiva profissional deve satisfazer aos
será escolhido, em parte, a partir da concep- mais rigorosos requisitos dos espectadores,
ção da sua estrutura. Assim, estádios abertos como já comentado. Tais normas devem con-
provavelmente irão utilizar o sistema de quatro siderar: a distância em que a ação está sendo
postes de canto, com cerca de 40 metros de al- televisionada; o tipo de lente e câmera a serem
tura, eventualmente acrescida de mastros adi- utilizados; e a velocidade do jogo.
cionais em torno do perímetro, se justificados
pelo tamanho do estádio. A iluminação do campo é, por vezes, suportada
por um gerador de emergência, mas esse te-
Deve-se observar que torres ou postes muito ria que ser muito mais potente do que aquele
altos podem representar um complexo proble- necessário para manter a iluminação de emer-
ma estrutural e estético que deve ser resolvido gência para a saída dos torcedores. Isso é um

182
Sistemas de TV

Sistemas de televisão de circuito fechado Uma visão geral de todas as áreas, além da co-
(CCTV, na sigla em inglês) podem ser utilizados bertura específica de todos os potenciais focos
para dois propósitos em um estádio: para a se- de problemas, deve ser compreendida como
gurança e o controle de multidões, com uma uma característica essencial de qualquer novo
utilização presente na maioria dos grandes es- projeto de estádio.
tádios de futebol; e para informar e entreter os
espectadores, função de enorme potencial que 18.1.1. Integração de Sistemas
ainda não está totalmente explorada.
As instalações de monitoramento não devem
18.1. CCTV de Segurança ser vistas isoladamente, mas no contexto de
um sistema de comunicação eletrônica que
A utilização das instalações do CCTV para se- abrange telefonia, avisos ao público, vigilância
gurança, pela necessidade de melhor controle da multidão e gravações, controles de aces-
do movimento da multidão, permite monitorar a so ao perímetro, de segurança em geral, de
densidade do público, os padrões de circulação incêndio e alarme de fogo e de evacuação de
e os pontos de conflito potencial antes, durante emergência. Alguns aspectos, como registros
e após os eventos. de frequência, controle de estacionamento,
controle de elevadores e outros também po-
As câmeras tornaram-se cada vez menores e dem ser integrados ao sistema.
menos perceptíveis, de modo que é possível
monitorar os espectadores sem que eles este- Um exemplo de como essa integração pode
jam cientes do fato e se sintam intimidados. operar atualmente: a tentativa de entrada ilegal
em uma zona de segurança pode ser detectada
A qualidade da imagem melhorou a tal ponto por um sistema de vigilância eletrônica, que ati-
que espectadores individualizados podem ser va a gravação de uma câmera, disca uma men-
identificados, posteriormente, a partir de uma sagem para agentes de segurança do estádio,
gravação de vídeo, especialmente se técnicas sugere que medidas sejam tomadas, emite um
de ampliação informatizadas forem aplicadas. aviso para o intruso, disparara um alarme e faz

185
um registro de vídeo e uma impressão de com- ter a presença dos seus torcedores e ampliar a apito final, contribuindo assim para maior se-
putador de toda a sequência de eventos para oferta de atrativos para estimular sua presença gurança do estádio. Podem também entreter
referência futura. Todas as ações corretas po- em número cada vez maior. as pessoas que chegam mais cedo ou saem
dem ser tomadas e um registro confiável pode mais tarde do estádio e passam a consumir
ser guardado, com um mínimo risco de erro 18.2.1 Placares e Telões nos bares, lanchonetes e restaurantes antes e
causado por falhas humanas. depois do jogo.
A provisão de placares numéricos ou de texto co-
De forma ideal, todos os serviços descritos de- locados acima do campo é comum hoje em dia. As telas permanentes podem ser de tamanhos
vem provir de uma única fonte interligada — e é Eles exibem resultados dos jogos, o tempo real, e proporções variadas, chegando até 70 m² de
essencial o parecer de peritos para que se evi- o tempo decorrido e o tempo restante para o fi- área. Como são equipamentos em constante
tem incompatibilidades entre subsistemas que nal da partida, além dos nomes e dos dados dos processo de desenvolvimento e modificação, a
deveriam estar trabalhando juntos para dar o jogadores e das equipes. Até mesmo pequenos decisão a respeito da melhor opção de escolha
máximo benefício para a gestão do estádio. estádios ou ginásios já apresentam painéis des- deve ser baseada em consulta a fornecedores e
te tipo. Isso deve ser levado em consideração em técnicos especializados.
Pela mesma razão, a informação dada pelo sis- um estágio inicial de projeto, para que a solução
tema de segurança deve ser compreendida em seja economicamente viável e o resultado do in-
conjunto com os sistemas de som, o sistema vestimento seja completamente satisfatório.
de alarme contra incêndios, e assim sucessiva-
mente. A existência de um sistema de emergên- Capazes de exibição de vídeos em cores com
cia é essencial para os serviços de segurança. alta definição, os telões e painéis de exibição
possuem avançada tecnologia. São, na verda-
18.2. CCTV para Informação de, imensas telas de TV que mostram o replay
e Entretenimento das ações, lances de jogos acontecidos, ima-
gens de outros eventos em andamento e anún-
O CCTV oferece aos espectadores a possibili- cios publicitários, uma excelente fonte de renda
dade de ver comentários sobre o jogo, replays para o estádio.
e informações sobre os jogadores em campo,
além de destaques de outros jogos e outras Eles estimulam a participação do público, em
possibilidades direcionadas para pequenos re- suas manifestações durante a partida, ao exibir
ceptores de TV pessoais ou nos telões monta- tomadas de grupos na plateia, sempre respon-
dos acima do campo. didas com enorme entusiasmo por aqueles que
se vêem nos telões e nos monitores de TV.
A proporção de eventos que estão sendo televi-
sionados aumenta o tempo todo, reforçada pela São úteis para desacelerar o ritmo em que as
disseminação da televisão por cabo e satélite, e pessoas entram e saem do estádio, mantendo
os estádios devem estar preparados para man- uma parte da plateia em seus lugares após o

186
Sistemas de Som

A administração de um estádio necessita de maticamente o nível de ruído de fundo, pois


um sistema de som para algumas funções somente um volume de som alto não garante
específicas: a inteligibilidade das mensagens de emergên-
cia, que muitas vezes complexas e que não
7 Realizar uma comunicação com os espec- podem ser mal interpretadas.
tadores nas arquibancadas, por meio de infor-
mações, anúncios em geral e comentários so- Os equipamentos de sonorização devem ser co-
bre os eventos disputados; nectados a sistemas autônomos de alimentação
elétrica para que, no caso de interrupção do forne-
7 Dar informações e instruções em caso de cimento de energia, sejam mantidos em funciona-
emergência; mento por período mínimo de 120 minutos.

7 Proporcionar entretenimento, por meio de Existem três esquemas principais: alto-falan-


música e outras diversões ligeiras; tes centralizados, distribuição parcial de alto-
-falantes e um sistema de distribuição com-
7 Fazer anúncios diversos da sala de controle pleto de alto-falantes:
da polícia e da sala de controle de eventos.
7 Um sistema centralizado concentra todos
Antes do início de cada evento, o público pre- os alto-falantes em um único local, o que o tor-
sente deve ser orientado quanto à localização na a mais barata das três opções. A desvan-
das saídas de emergência para cada setor e so- tagem dessa configuração é que há menos
bre os sistemas de segurança existentes. Para controle sobre a distribuição do som, pois todo
ser eficaz, um sistema de som deve ser ouvido ele vem de um apenas um ponto. Nos estádios
sobre o ruído da multidão por uma parte signifi- cobertos, uma localização habitual é no centro,
cativa do público. acima do campo e suspensos no teto. Para es-
ses casos, pode ser mais adequado o uso do
O som deve ser distribuído com uniformidade sistema centralizado, apesar de esse posicio-
e clareza em todo o estádio. Os sistemas atu- namento central poder agravar os problemas
ais são capazes de fazer isso, ajustando auto- de tempo de reverberação;

189
7 Um sistema de distribuição parcial tem ticamente quando estiverem em uso e quais
vários conjuntos de alto-falantes agrupados e serão as interrelações entre os sistemas per-
colocados em torno das arquibancadas em in- manentes e os temporários.
tervalos regularmente espaçados — por exem-
plo, montados nos mastros dos holofotes. É Qualquer que seja o sistema adotado para avi-
também chamado de “sistema de satélites” e é sos ao público, eles devem ser monitorados a
muito utilizado em estádios cobertos; partir da sala de controle do estádio, que deve
ter uma vista sobre o campo, além de ter um
7 O sistema de distribuição total tem alto-fa- monitoramento secundário da sala de controle
lantes dispersos por todas as áreas dos espec- da polícia que está próxima.
tadores. É a mais cara das três opções, devido
ao extenso cabeamento necessário e pode não Outros locutores usando o sistema podem estar
dar boa projeção de som para a área de jogo, localizados em várias partes do estádio e deve
de modo que mais equipamentos temporários ser preparado um microfone para ser ligado no
adicionais podem ser necessários se essa zona nível do campo para entrevistas de jogadores e
for usada pelo público, por exemplo, durante os para o entretenimento da multidão por um ani-
shows. Mas, fora essas desvantagens, o siste- mador profissional, embora um microfone de
ma fornece a melhor qualidade de som entre as rádio possa ser usado para essa finalidade.
três opções e o melhor controle.
Um sistema de alimentação de emergência
Se um estádio é destinado ao uso polivalente, deve ser considerado para estádios grandes, de
deve ser adequado para a realização de even- modo que os avisos relacionados à segurança
tos musicais, e a música impõe os mais exi- possam ser feitos em caso de falha de energia.
gentes critérios de qualidade de som. Projetar É pouco provável que baterias por si só sejam
uma instalação permanente de som segundo suficientes para atender a um sistema maior e,
esses critérios seria caro e inútil, pois o siste- portanto, o gerador de emergência é frequente-
ma seria superado em tecnologia e qualidade mente utilizado para esse fim, em conjugação
em muito pouco tempo. com um sistema de bateria de reserva.

Assim, sistemas temporários de alto padrão Da mesma maneira que a sala do gerador de
poderão ser montados para essas ocasiões, emergência, deve ser projetada uma sala de
mas, para isso, muito cuidado deverá ser to- equipamentos para acomodar o sistema de
mado para avaliar como eles serão instala- som. Ela deve ser ampla e estar o mais próximo
dos, como o estádio vai se comportar acus- possível da sala de controle.

190
Sistema de Combate
a Incêndios
O projeto para segurança contra incêndio come- em zonas de alto risco, tais como as áreas de
ça com a disposição física e com o método de refrigeração e, no caso dos estádios totalmente
construção do estádio — e não com o sistema fechados, possivelmente por todo o edifício. As
instalado, que é apenas a segunda linha de de- áreas técnicas, depósitos, museus, lojas, sub-
fesa. Para os requisitos específicos relacionados solos, shafts, dutos, espaços confinados e ou-
à construção, códigos e regulamentos são impor- tras áreas similares devem ser protegidas por
tantes. Verificar com os bombeiros locais e au- detecção automática de incêndio.
toridades de segurança os preceitos iniciais que
devem ser adotados desde o início da proposta Os sistemas de detecção automática de incên-
é uma postura a ser adotada pelos projetistas. dio são fundamentais nos estádios e arenas
onde acontecem exposições comerciais, shows
Pode-se dizer, à parte dessas informações, que e outros eventos que se utilizam material facil-
o método de confinamento do fogo em compar- mente combustível.
timentos isolados é uma questão chave quando
o projeto do estádio estiver sendo desenvolvido. O sistema de detecção e alarme deverá ser in-
Os métodos adequados dessa compartimenta- terligado com outros meios de combate a incên-
lização podem variar dependendo da localiza- dios, que incluem sistemas automáticos de ex-
ção, do tamanho e do layout do estádio, mas é tinção de incêndios, sprinklers, reservatórios de
uma prática aceita sem restrição. água e rede hidráulica de proteção com pontos
de conexão, hidrantes, mangueiras e extintores.
Separar espaços de alto risco, como por exem- O sistema deve ser setorizado e monitorado
plo as concessões que têm cozinha, de outras pela central de segurança.
áreas com portas corta-fogo permite que as áre-
as de circulação e escadas não necessitem de Nos acessos de público para assistir aos espe-
um grande número dessas portas, dificultando táculos desportivos, extintores devem ser insta-
o movimento dos espectadores e complicando lados em armários, em locais restritos à brigada
o risco de fuga. de incêndio e ao pessoal de segurança. As áreas
de acomodação do público nas arquibancadas,
Dispositivos de detecção de incêndio, alarmes cadeiras, sociais e outras estão isentas da ne-
e serviços de combate ao fogo são necessários cessidade de instalação de extintores.

193
A análise de todo o estádio, de suas funções e
padrões de uso, de seus meios de escape e de
seus materiais de construção deve ser realiza-
da e discutida com as autoridades responsá-
veis e com consultores especializados, como
parte do processo — e suas determinações in-
corporadas ao projeto.
Suprimento de Água e
Serviços de Drenagem
Na medida em que os estádios são um ponto neas e um sistema total de circulação por bom-
de reunião e permanência de milhares de pes- beamento, com pequenos tanques de armaze-
soas, uma enorme quantidade de água será namento em cada uma das áreas de serviços
consumida e, eventualmente, reciclada. Assim, individuais ou ainda com uma combinação de
todas as instalações sanitárias devem dispor ambos. A quantidade de água que pode ser ar-
de água suficiente para operar. Dependendo mazenada no prédio, permitindo a alimentação
da duração e tipo do evento, um consumo de por gravidade para uso, será influenciada pelo
água da ordem de cinco a dez litros por pessoa desenho da construção.
deve ser esperado, para que essas instalações
essenciais operem com eficiência. Independentemente do método usado para o
abastecimento suficiente de água durante um
É importante que a velocidade de distribuição evento, a verdade é que o sistema irá permane-
de água ao redor do estádio garanta uma pres- cer sem uso durante a maior parte do tempo.
são uniforme para todos os níveis da instalação. Dependendo de quanto tempo esse sistema
Da mesma forma, se o estádio é parte integran- fique sem operar, pode ser necessário a drena-
te da infraestrutura da região, é necessário que gem de parte dessa reserva entre os eventos.
a rede de alimentação pública de água existen- Esses drenos devem ser previstos para cada
te seja suficiente para assegurar a demanda tanque de armazenamento e podem, de acordo
nos níveis previstos. com o parecer do projetista, escoar para as cis-
ternas destinadas apenas à limpeza e rega dos
É importante que esse fornecimento seja asse- jardins e do gramado do campo de jogo.
gurado numa fase prévia ao projeto, pois as au-
toridades responsáveis, muitas vezes, não estão Depois que toda essa água tenha sido oferecida
conscientes do volume de água necessário para e distribuída para as áreas corretas do estádio
um estádio. Se o abastecimento de água não é — incluindo o campo propriamente dito —, um
suficiente para fornecer a pressão de armazena- sistema de drenagem e esgotamento é neces-
mento de água requerida, ela deve ser estocada sário para escoar o excedente para as partes
em reservatórios e bombeada para o seu destino. externas ao estádio. Para isso, é importante
também uma consulta prévia aos cadastros das
Esse armazenamento de água pode ser previsto redes existentes e ao seu dimensionamento no
com a utilização de grandes cisternas subterrâ- perímetro da construção.
197
Manutenção

Uma política que determine um ciclo de manu- Sua vida útil dependerá da intensidade do
tenção a ser adotado para a construção e para desgaste, que varia muito com a frequência
o campo de jogo deve ser transferida para os de sua utilização e com o clima. Em condições
administradores do equipamento, por meio de normais, é possível haver, durante o ano, uma
um manual de manutenção claro e definido. média de 500 horas de jogo. Quanto mais duro
o piso, por exemplo, mais uso o campo pode
Para aplicar essa política com êxito, a gestão suportar. Orientações mais detalhadas devem
do estádio deverá contar com pessoal bem ser dadas pelos consultores e por fornecedo-
treinado, equipamentos adequados para essa res especializados.
operação, fornecimento da quantidade correta
e com qualidade dos materiais a serem utiliza- Dependendo da quantidade de precipitação na-
dos e alocação de espaço suficiente no estádio tural de chuvas na região, o gramado vai exigir
para o seu armazenamento, além de cursos e uma irrigação complementar por um sistema
explicações necessárias. automático de rega por aspersão controlada. A
irrigação pode ocorrer à noite, quando a menor
A regularidade no acompanhamento dos siste- quantidade de água é perdida por evaporação e
mas de instalações existentes, desde os mais o risco de danos ao gramado é eliminado.
simples aos mais sofisticados, deverá estar re-
lacionada no manual de manutenção, garantin- Um método alternativo e preferível para a irri-
do seu funcionamento adequado e prolongan- gação do campo, se for possível, é instalar uma
do o tempo de vida útil de seus componentes. rede de tubulação sob a superfície porosa do
terreno que distribua a água de alimentação e
Em teoria, e com manutenção adequada, um uma mistura de nutrientes e pesticidas para as
campo de grama natural pode durar indefini- partes inferiores das raízes da grama.
damente, em contraste com a grama sinté-
tica, que normalmente deve ser substituída A captação para reciclagem da água de chuva
a cada 5 ou 10 anos. Mas os gramados, se em irrigação e sua estocagem em cisternas se-
muito maltratados com o uso, podem sofrer parada podem fornecer até 80% da quantidade
danos irreparáveis. necessária para o gramado.

199
Um sistema de drenagem, quer seja passivo coletar o lixo e onde as máquinas de limpeza nos corredores de passagem, pontos de água
ou do tipo ativo, deve ser instalado para ga- possam chegar facilmente. em locais convenientes nas filas de assentos,
rantir que o excesso de água seja rapidamen- drenos para a água usada para limpar as ar-
te removido do campo durante a irrigação e a Dessa forma, devem ser consideradas, desde quibancadas são algumas determinantes que
chuva. Esses sistemas já foram descritos ante- o início do projeto, a fixação dos assentos nos facilitam essa manutenção. Para isso, os cor-
riormente (capítulo 8). espelhos dos degraus e a largura da passagem redores do estádio devem ter largura suficien-
livre nos degraus para permitir o acesso fácil. Le- te para a passagem de máquinas de limpeza
Além do trabalho necessário para o campo, as vando-se em conta que os próprios bancos tam- de forma fácil e segura.
arquibancadas também precisam ser manti- bém precisam de limpeza periódica, e talvez de
das e a parte mais importante desse processo remoção de sujeira acumulada, a melhor especi- Especialistas em limpeza pública podem forne-
é sua limpeza após cada evento. Há, às vezes, ficação é para aqueles com o assento rebatível. cer as quantidades estimadas para o volume de
uma tendência para deixar a limpeza das ar- material que será retirado das arquibancadas
quibancadas até o período imediatamente an- O tempo que se leva para limpar um estádio de- após os eventos, dimensionando a quantidade
tes do próximo evento, em vez de logo após pende da sua concepção, mas um padrão apro- de latões e depósitos de lixo em cada nível do
o evento acabado. Isso porque, se o intervalo ximado é de 30 a 40 homens/hora para limpar estádio, assim como os depósitos de lixo seco
entre os eventos for grande, os assentos preci- cada 10 mil lugares. Os métodos utilizados para e úmido e os compactadores de lixo no nível do
sariam de nova limpeza. essa limpeza vão depender dos equipamentos solo com acesso para os veículos pesados efe-
disponíveis e, em certa medida, do tipo de lixo tuarem a retirada final do estádio. Assim, pode-
Essa prática deve ser evitada por várias razões. para remover. -se determinar as áreas e a largura das vias ne-
A primeira é que, durante o tempo entre os cessárias para a remoção do lixo para o exterior
eventos, esse estádio vai aparecer muito sujo e Varrer todo o lixo ao longo das filas e depois do estádio, garantindo a eficiência do serviço
abandonado, o que é ruim para a imagem do lo- para baixo pelas escadas até formar uma úni- quando em plena utilização.
cal. Em segundo lugar, por ser muito mais fácil ca pilha pode ser feito por vassouras manuais
limpar uma arquibancada e seus assentos ime- e também por ventiladores mecânicos, que
diatamente após o evento, quando as bebidas são mais rápidos. Em seguida, o lixo é transfe-
e alimentos que caíram ou foram derrubados rido para sacos e levado para baixo em carri-
ainda não mancharam o piso. Essa não é uma nhos manuais, talvez usando um elevador de
ponderação que precise ser feita quando no es- serviço, quando disponível.
tádio são realizados eventos com regularidade,
mas na maioria dos locais isso não acontece. Uma largura maior na frente do assento da pri-
meira fila para permitir a coleta e a transferên-
Para uma manutenção mais efetiva, as arqui- cia do lixo acumulado, painéis de abertura nas
bancadas devem ser projetadas para ter o balaustradas para permitir que o lixo seja pas-
piso sem obstruções de elementos de fixação sado para recipientes maiores ou veículos de
e com cantos rebaixados para que se possa serviço, calhas ou dutos de eliminação de lixo

200
Green Goal (Objetivo Verde)
O ESTÁDIO AMBIENTALMENTE RESPONSÁVEL

A FIFA promove uma iniciativa de sustentabi- execução, mas, principalmente, no decorrer de


lidade ambiental, por meio de um programa sua vida útil, estão se tornando cada vez mais
denominado Green Goal (Objetivo Verde), espe- uma importante contribuição para a construção
rando que seus parceiros o adotem. Os objeti- do futuro comum.
vos dessa iniciativa podem ser resumidos em
quatro itens principais: Cuidado e respeito ao meio ambiente devem
ser partes integrantes do processo de concep-
7 reduzir o consumo de água potável; ção e de desenvolvimento de um projeto. Isso
deve abranger não só a prática, como os mate-
7 impedir ou evitar a produção de lixo; riais, a energia e seus resíduos, mas também o
impacto visual do edifício e, portanto, seus efei-
7 criar sistemas mais eficientes de energia; tos sobre a qualidade de vida como um todo.

7 ampliar o uso de transporte público para É da responsabilidade dos arquitetos a criação


os eventos FIFA. de edifícios que protejam e, potencialmente,
melhorem o ambiente e a comunidade em ge-
Esses objetivos devem contribuir para neutra- ral e assegurem que o ambiente visual não seja
lizar as emissões de gases relacionados ao poluído com edifícios de aspecto discutível e
efeito estufa. Esse programa, que se iniciou du- concepção inadequada.
rante a preparação da Copa do Mundo 2006,
na Alemanha, deverá ser estendido às edições Além disso, de uma maneira ampla, a proposta
futuras das Copas do Mundo e dos eventos pa- de uma maior compatibilidade do estádio com
trocinados pela entidade máxima do futebol. o seu entorno, incorporada pela FIFA, sugere
que se leve em conta, em novos projetos ou em
Os green buildings (edifícios ambientalmente equipamentos reciclados, um cuidado especial
sustentáveis), ou como quer que se denomine com o desnecessário aumento de tráfego, o
as construções que se preocupam em acres- aumento do ruído de torcedores ou pedestres
centar procedimentos ambientalmente respon- de comportamento agressivo, o próprio barulho
sáveis a seus projetos, não apenas durante sua dos eventos em si, o brilho excessivo da ilumina-

203
ção produzida pelo estádio e a criação de áreas A ideia é que seja considerada a vida dos ma- Quanto a isso, o programa sugere a reutilização sociado de energia nos processos de produção
de sombra resultantes da projeção do volume teriais a serem usados na construção, de forma dos diversos tipos de recipientes de bebidas, a e construção.
da edificação sobre sua vizinhança. a estender o período necessário para sua subs- reciclagem por meio da separação na coleta do
tituição. Materiais que são produzidos usando lixo e a introdução de embalagens de produtos Atitudes que promovam a economia de ener-
Desde que gerenciados com eficiência e com substâncias tóxicas devem ser evitados. Devem que empreguem material reciclado. gia nos projetos e construção de estádios são
os devidos cuidados, esses pontos negativos ser selecionados aqueles que têm função simi- parte do programa. Entre elas, a proteção das
podem ser mitigados não só pela melhor quali- lar e uma base de menos toxidade, como as pin- A gestão estratégica de resíduos é a chave esquadrias externas do edifício com elementos
dade dos projetos arquitetônicos, mas também turas à base de água em vez de pintura à base para a redução de custos, não só no uso dos e painéis para impedir ou reduzir os efeitos da
por medidas efetivas de gerenciamento, execu- de solventes e assim sucessivamente. materiais, mas também em seu descarte e no insolação e o consequente uso de condiciona-
tadas pelas autoridades e pelos organizadores impacto ambiental que produzem. Esses resí- mento de ar, além da utilização de sistemas de
dos eventos ali realizados. A água é um recurso valioso e os métodos para duos devem ser avaliados a partir da fonte de automação e controle geral da edificação a fim
sua conservação devem representar uma par- matéria-prima utilizada para sua produção e de gerenciar com maior eficiência a demanda
Uma melhor aplicação da relação custo versus te importante de um projeto. Toda a atenção não apenas a partir do momento do seu con- de energia nos momentos de maior pico e du-
benefício da tecnologia atual e a gestão dos deve ser dada às iniciativas propostas para sumo e descarte. A obtenção e as estratégias rante os eventos.
serviços de construção, assim como de seus economizá-la e o uso mais responsável da de reciclagem são, portanto, componentes im-
materiais, podem reduzir e até eliminar os im- água para a irrigação dos gramados e áreas portantes a serem incorporados para a gestão Há um grande potencial para uma efetiva ges-
pactos relacionados ao ambiente. Bons proje- verdes deve ser estimulado. eficiente de resíduos. tão da energia em um estádio. As coberturas
tos e uma boa gestão vão também melhorar a dos estádios são enormes e favorecem a im-
qualidade do ambiente interno das edificações O programa da FIFA sugere a adoção de um sis- Grandes quantidades de emissão de dióxido de plantação de painéis de captação de energia
e, em consequência, a saúde e o bem-estar de tema que utilize o recolhimento e acúmulo das carbono são geradas pelos edifícios, e isso é solar e células fotovoltaicas, cada vez mais efi-
seus ocupantes. águas de chuva para atender a essa necessida- típico para a maioria de todas as nações indus- cientes e de dimensões reduzidas
de e também para uso na limpeza e na descarga trializadas. A eficiência energética é um dos as-
A seleção e a avaliação dos tipos de materiais dos vasos sanitários. Da mesma maneira, outras pectos mais importantes que um arquiteto deve Finalmente, uma importante parcela da admi-
usados na construção de edifícios devem ser medidas podem ser adotadas para essa econo- considerar, já que, quanto menos energia um nistração dos eventos é o transporte dos espec-
determinadas com base em seus custos, em mia proposta, tais como o uso de acabamentos edifício usa, menos recursos serão necessários tadores para o estádio. O Green Goal estimula
seus ciclos de vida e em seu impacto ambiental. hidráulicos com reguladores de vazão, controle para produzi-la. a utilização dos sistemas de transporte público,
Na prática, isso sugere, onde for possível, o uso de cisternas e detectores de vazamentos. por meio de trens ou de ônibus, que represen-
de materiais naturais — por exemplo, madeira Deve ser considerada a possibilidade de utiliza- tam uma otimização do uso de combustíveis.
de fontes renováveis em lugar de aço e concre- Um dos maiores custos na manutenção dos ção combinada de calor e eletricidade e/ou o
to e/ou materiais reciclados. Além disso, deve estádios é o da retirada do lixo acumulado du- potencial energético da estrutura do edifício ou Não só a FIFA, mas também o Comitê Olímpi-
ser dada toda consideração a fatores como a rante os eventos. A quantidade de lixo produzi- terreno. A possibilidade de utilização de fontes co Internacional (COI ) acrescentou um cuidado
energia utilizada e a poluição gerada durante da pelos espectadores é imensa e isso é uma de energia natural renovável, como o vento, o com o meio ambiente a seus objetivos de espor-
a extração, processamento, manufatura, trans- complicação difícil de ser administrada, não mar, a hidroeletricidade e o sol, também deve te e cultura. A posição firmada pelo COI é a ideia
porte tratamento e descarte dos materiais. sem implicações no projeto do equipamento. ser investigada — o que resultaria em uma re- de que “as futuras gerações não devem herdar
dução do gasto de recursos finitos e dos uso as- um capital ambiental inferior do que aquele que

204 205
nos foi passado” — conceito que tem sido pro- cedores e apaixonados pelo futebol: o legado
gressivamente aceito como um elemento para consistente e responsável que devemos estar
um desenvolvimento sustentado. solidariamente dispostos a deixar para os brasi-
leiros que nos vão suceder.
Sugerimos, portanto, que a avaliação completa
do ciclo de vida de um estádio deva ser con- Infelizmente, há ainda pouca informação dis-
siderada como um item essencial de sua con- ponível para que sejamos capazes de estabe-
cepção. Talvez devesse ser tratada como a re- lecer regras para esse procedimento ou exem-
comendação mais importante deste Manual de plos práticos que possam ser citados sobre
Recomendações para a Segurança e Conforto essa matéria. Será somente por meio da sua
nos Estádios de Futebol, pois iria resumir, entre aplicação nos novos empreendimentos proje-
todos os procedimentos relacionados, aquele tados que estaremos aptos a realizar projetos
que deve ser o de mais profundo alcance para esportivos ambientalmente sustentáveis, se-
esta e para todas as gerações futuras de tor- guros e confortáveis.

206
Ficha técnica
Presidente da República Federativa do Brasil
Dilma Rousseff

Vice-Presidente
Michel Temer

Ministro de Estado do Esporte


Orlando Silva de Jesus Júnior

Chefe de Gabinete
Vicente José de Lima Neto

Secretário Executivo
Waldemar Manoel Silva de Souza

Assessor Especial de Futebol


Alcino Reis Rocha

Projeto Gráfico
Fields Comunicação Ltda.

ELABORAÇÃO:
Diretor do Projeto: Ricardo Simonsen - Fundação Getulio Vargas
Supervisor: Francisco Torres de Sá - Fundação Getulio Vargas
Coordenador: Edson Américo Brasilico - Fundação Getulio Vargas
Coordenador: Pedro Trengrouse de Souza - Fundação Getulio Vargas
Coordenador: Ivan Carlos Alves de Mello – Ministério do Esporte

REVISÃO: Marcos Ricardo dos Santos


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210 211
Acesse: www.esporte.gov.br e saiba mais

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