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Apostila de Língua Portuguesa 06 –

Modernismo – Primeira Geração


1.0 Vanguardas Européias (1909-1924)
Introduziram inovações na produção literária e nas artes em geral, abrindo caminho
para novos processos criativos.
Liberdade formal, versos livres, letras de tamanhos e posições variáveis.

1.1 Futurismo (1909)

Surgiu com o “Manifesto futurista”, de Filippo Tommaso Marinetti.


“Imaginação sem fio” e “palavras em liberdade” – Repudiar a linguagem
convencional.
Presença de movimento, agressividade, máquinas, velocidade, a ponto de
considerarem a guerra como “a única higiene do mundo”.
A simpatia dos brasileiros por Marinetti diminuiu quando ele aderiu ao fascismo,
apoiando a política agressiva de extrema direita da Itália.

1.2 Expressionismo

Valoriza a expressão ou o ato de se exprimir.


A arte expõe imagens que vêm do fundo do ser.
Determinados traços podem ser acentuados sem nenhuma preocupação.
Manifestou-se notavelmente na pintura, em especial na Alemanha.

1.3 Dadaísmo

Tristan Tzara foi o líder desse movimento.


A criação do nome desde movimento possui duas versões, em que ambos os casos,
“dadá” significa nada.
“Dadá” seria a primeira palavra que o ser humano fala.
Tristan, ao abrir o dicionário ao acaso, apontou para o verbete “dadá”, também
ao acaso.
Rejeição à arte tradicional, questionando sua comercialização e utilização de
materiais “nobres”, como mármores e tinta a óleo. Por isso, as obras dadaístas eram
feitas com os mais diversos materiais, inclusive materiais do cotidiano.
Revela postura negativa e pessimista, devido aos horrores da guerra.

1.4 Cubismo

Se desenvolveu na pintura, apresentando a realidade fragmentada em formas


geométricas.
As pinturas eram fragmentadas para que havesse uma visão de diversas faces, sendo
montadas pelos expectadores, onde veriam a “verdadeira beleza”.
Pablo Picasso lançou as bases do cubismo com o quadro “As senhoritas de
Avinhão”, em 1907.
Houve um desdobramento na literatura, em que a linguagem revelava mais desenhos
do que versos.

1.5 Surrealismo (1924)

Surgiu com o “Manifesto do Surrealismo”, de André Briton.


Influenciado por Freud e a psicanálise, os surrealistas voltaram-se para o
subconsciente, os sonhos e a hipnose.
Propõe a emancipação total do ser humano.
“Escrita automática” – O Autor registra a obra como ela lhe vem à mente, sem
ordem, no caos.

2.0 Período antes da Semana de Arte Moderna


Anita Malfatti voltara ao Brasil, vendendo vários quadros expressionista. Monteiro
Lobato, adepto da pintura tradicional, condenou o Expressionismo, sem entendê-lo.
Entre 1920-21, houve uma discussão defendendo ou atacando as obras inovadoras
das vanguardas européias, criando um clima favorável à um evento de grandes
proporções: A Semana de Arte Moderna.

3.0 A Semana de Arte Moderna (1922)


Participação de: Oswald de Andrade, Mário de Andrade, Graça Aranha, Guilherme
de Almeida, Anita Malfatti, Di Cavalcante e Tarsila de Amaral.
Criado pelo desejo de renovação radical.
Pretendia chocar os burgueses, principal público parnasiano, apresentando as mais
modernas correntes artísticas brasileiras em três noites no Teatro Municipal de São
Paulo, a “casa parnasiana”.
Como esperado pelos modernistas, em várias apresentações o público manifestou
seu desagrado, com vaias e gritaria.

3.1 Consequências da Semana de Arte Moderna

Nos anos seguintes, intelectuais fundaram diversas revistas, cada uma seguindo uma
orientação artística e ideológica diferente.
Revista “Klavon” (buzina em francês): lançada logo após a Semana, adepta ao
Futurismo e o Primitivismo.
Revista “Estética”: lançada em 1924, rejeitava o passado e buscava novas criações,
dando ênfase aos temas nacionais.
Revista “Festa”: lançada em 1926; tendência espiritualista.
Oswald de Andrade lança seu Manifesto da Poesia Pau-Brasil e, em 1928, a revista
de Antropofagia: proposta “antropofágica” que prega o canibalismo cultural; eram
preciso deglutir a cultura estrangeira, digeri-la, assimilar tudo o que for aproveitável,
e criar a arte própria do Brasil.
4.0 Características
Desejo de renovar as formas e os temas da literatura nacional.
Libertação das formas poéticas.
Linguagem coloquial.
Ironia e humor.
Paródia – Serve para condenar todo o processo de colonização, fazendo uma revisão
crítica da história do Brasil.
Nacionalismo crítico – Regionalismo, valorização do negro, índio, europeu e do
folclore.
Imigração como tema.
Ruptura com o passado formal e temático.
Maneira irreverente e anárquica de trabalhar com a linguagem – “A alegria é a prova
dos nove” (Máxima do Manifesto Antropófago).

5.0 Principais Autores


5.1 Mário Raul de Morais Andrade (1893-1945)

Um dos responsáveis pela Semana de Arte Moderna.


Apoiava o resgate da cultura brasileira em múltiplos aspectos.
Caráter denotativo e linguagem pouco metafórica.
Empregação de termos usuais com neologismos – Aproximação da linguagem
cotidiana.
Tema preferencial – Cidade de São Paulo; paisagem cinzenta, edifícios sem beleza.
Visão pessimista e desencantada da vida.
Contos retratam personagens de classes populares.

5.1.1 “Macunaíma”

“Herói da nossa gente” e “herói sem nenhum caráter”.


Lendas folclóricas, ditos populares e provérbios.
Elementos da natureza transformam-se em personagens.
Fatos absurdos ou inverossímeis – Mundo primitivo.
Sátira bem humorada da vida paulistana e brasileira.

5.2 José Oswald de Sousa Andrade (1890-1954)

Entrou em contato com os movimentos de vanguarda européia numa viagem a


Europa, em 1912.
Um dos responsáveis pela Semana de Arte Moderna.
Após empobrecer com a crise do café, em 1929, afiliou-se ao Partido Comunista.
Estilo irreverente e anárquico.
Poema-piada e a paródia – Crítica as formas tradicionais de fazes poesia: demolição
de belhos mitos.
Linguagem simples caracterizada pelo humor e efeitos inesperados.
Tenta reproduzir a descontinuidade da linguagem cinematográfica nos textos –
Ocorrem estrangeirismos, neologismos, flexões verbais e construções sintáticas
ousadas.
Inovador também no teatro, com peças de difíceis encenações; não chegou a ver
suas peças encenadas.

5.3 Manuel Carneiro de Sousa Bandeira Filho (1886-1968)

Obteve contato com franceses pós-simbolistas na Suíça quando estava se tratando da


tuberculose.
Certa familiaridade com a morte – Presenciou a morte de parentes próximos.
Movimento crepuscular (espécie de Simbolismo tardio).
Após a eclosão do Modernismo, assume liberdade de construção poética – Torna
sua obra uma das mais originais da nossa literatura.
Temática – O cotidiano, recriando cenas e ditos populares; saudade da infância em
Recife e a morte.
Manifestação solidária, porém contida.
Erotismo e sensualidade.
Melancolia e solidão, ironia.

5.4 Antônio Castilho de Alcântara Machado (1901-1935)

Cronista bastante original.


Linguagem ágil, retratando tipos populares de São Paulo. Os italianos constituem
boa parte de seus contos e crônicas.

5.4.1 “Brás, Bexiga e Barra funda”

Conjunto de narrativas curtas.


Retrata a difícil adaptação dos imigrantes e sua luta pela ascensão socioeconômica.
Personagens antológicos.

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