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Transcrição do Reis de Boi

Maria F. Pires diz: Reis de Boi sob a direção de D. Candinha. Folclores mais antigos
da cidade de Remanso. (pausa) – Batidas de palmas e tambores e ruídos e barulho da
conversa de um homem com uma mulher sobre a música. Ele diz: É o reis mesmo
Candinha, viu... (Começa a música) Somos cantador de reis. Olá boi noite vamos cantar.
Glória “deus” vamos cantar. Deus lhe deu ó boi noite. Deus lhe deu ó boi noite. Gloria
deus eu vim cantar. Deus lhe deu ó boa noite. Deus lhe deu ó boi noite. Glória Deus eu
vim cantar. Glória Deus eu vim cantar. Ô despedida de pedra. Ô despedida de pedra. Ô é
cantador do luá. É cantador do luá... Ô despedida de pedra. Ô despedida de pedra. Ô é
cantador do luá. É cantador do luá...Vamos cantar Santo reis! (batidas) São José. Santa
Maria. São José. Santa Maria Foram juntos a Belém. Foram juntos a Belém. São José.
Santa Maria. São José. Santa Maria. Mandou para nóis cantar também. Para nóis cantar
também.Foram cantar santo reis. Foram cantar santo reis. Para nóis cantar também. Para
nóis cantar também. Foram cantar santo reis. Foram cantar santo reis. Para nóis cantar
também. Para nóis cantar também (batidas). Homem: São José. Santa Maria. Meti a
chave na porta. Mulher – Meti a chave na porta. Meti a chave na porta. Ô me atendeu
mais de uma hora. Me atendeu mais de uma hora. Côro - Meti a chave na porta. Meti a
chave na porta. Ô me atendeu mais de uma hora. Me atendeu mais de uma hora.
Homem - São José. Santa Maria. São José. Santa Maria .Côro – Foram junto em Belém.
Foram junto em Belém. Santo Antônio. Santa perfeita. Ô vira outra do reino. Ô pra nóis
fica de...(não dar para entender). (Pausa) Deus lhe dê uma boa noite. Deus lhe dê uma
boa noite. Hora de Zé descansar. Hora de Zé descansar. Deus lhe dê uma boa noite.
Deus lhe dê uma boa noite. Hora de Zé descansar. Hora de Zé descansar. Ô despedida
de festa. Ô despedida de festa. Ô entrada do novo ano. Entrada do novo ano. Ô
despedida de festa. Ô despedida de festa. Ô entrada do novo ano. Entrada do novo ano.
São José. Santa Maria. Foram “juntos” em Belém. Foram juntos em Belém. São José.
Santa Maria. Foram “juntos” em Belém. Foram juntos em Belém. Foram cantar santo
reis. Foram cantar santo reis. Ô para nóis cantar também. Para nóis cantar também.
Foram juntos em Belém. Foram cantar santo reis. Foram cantar santo reis. Ô para nóis
cantar também. Para nóis cantar também. . Foram cantar santo reis. Foram cantar santo
reis. Ô para nóis cantar também. Para nóis cantar também. Essa casa ta perfeita. Essa
casa ta perfeita. Ô a madeira do universo. Madeira do universo. Essa casa ta perfeita.
Essa casa ta perfeita. Ô a madeira do universo. Madeira do universo. Ela vem por
muitos anos. Ela vem por muitos anos. Ô marido honre a mulher. Marido honre a
mulher. Ela vem por muitos anos. Ela vem por muitos anos. Ô marido honre a mulher.
Marido honre a mulher. Vóis me cê dona da casa. Vóis me cê dona da casa. Ô dorme
seu sono feliz. Dorme seu sono feliz. Vóis me cê dona da casa. Vóis me cê dona da
casa. Ô dorme seu sono feliz. Dorme seu sono feliz. A sua filha mais velha. A sua filha
mais velha. Ô passe a mão no trabisseiro. Passe a mão no trabisseiro. A sua filha mais
velha. A sua filha mais velha. Ô passe a mão no trabisseiro. Passe a mão no trabisseiro.
Meti a chave na porta. Meti a chave na porta. Ô me atendeu mais de uma hora. Me
atendeu mais de uma hora. Meti a chave na porta. Meti a chave na porta. Ô me atendeu
mais de uma hora. Me atendeu mais de uma hora. Peço por nossa senhora. Peço por
nossa senhora. Não me amostre cara feia. Ô não me amostre cara feia. Peço por nossa
senhora. Peço por nossa senhora. Ô não me amostre cara feia. Não me amostre cara feia.
Nessa casa tá perfeita. Nessa casa tá perfeita. Ô “...” com guaraná. “...” com guaraná.
Nessa casa tá perfeita. Nessa casa tá perfeita. Ô “..” com guaraná. “...” com guaraná. Por
dentro cravo e rosas. Por dentro cravo e rosas. Por fora majericão. Por fora majericão.
Por dentro cravo e rosas. Por dentro cravo e rosas. Por fora majericão. Por fora
majericão. Vamos dar a despedida. Vamos dar a despedida. Ô tenha pena da viola. Tenha
pena da viola. Vamos dar a despedida. Vamos dar a despedida. Ô tenha pena da viola.
Tenha pena da viola. “Vamo rê. Feira de longe”. “Vamo rê. Feira de longe”. Nesse caso
eu vou me embora. Nesse caso eu vou me embora. “Vamo rê. Feira de longe”. “Vamo
rê. Feira de longe”. Nesse caso eu vou me embora. Nesse caso eu vou me embora.
“Abre a boca que quero te ouvir. Abra a porta que eu quero entrar nela. Ô tô sem dô. Ô
pegar Arrêêê... A gema chegou. Vamos pra cá. Ô pegar Arrêêê... A gema chegou. Vamos
pra cá. Ô Sinháê... Vamos lá prá fora. Ô Sinháê... Vamos lá prá fora. Ô a Sinháê...
Vamos lá prá fora. Eu vou me embora. Eu vou morrer para nada. E orre de ouro... Eu
acho que vou me embora. Eu tô a salvo. Ai. Ai. Êi ei..Ai ai (confuso). Ô marido. Ô
Samba de noite. Quer de dia. Piô. Piou... ôôô. Ô bandeira de ô de olê. Lalaaaa...Eu já fui
prá minha casa. Dei benza a “Deus” prá mininada. E ôdeôôô...Quando eu recebi o
recado. Já tinha madrugado.Ai ai meu povo. Ah. Ai ai. Ô Maria. Samba de noite. Quer
de dia. Ôrre de ôôôaaô. Ôiê. Ôôôêiaá... Hoje eu vim pra ver meu boi balançar. Ê boi. Ê
boi. Ô meu boi balançar. Ê boi. Ê boi. Ô viva meu boi. Ê boi. Meu planeta é meu boi. Ê
boi. Olha como é bonzinho. Ê boi. Olha como é gostoso. Ê boi. Como é gostoso. Ô ê
boi. Como é gostoso. Ô ê boi. Dona da casa. Ô ê boi. Ô dona da casa. Ô ê boi. Ô dona
da casa. Ô ê boi. Ê boi. Ê boi. Ê boi. Ô meu boi vem prá cá. Ôa ê... Ô meu boi azulão. Ô
aê... Faz bonito meu boi. Aaê. Ô meu boi azulado. Aaê. Ô meu pintadão. Aaê. Ô meu
boi atacão. Aaê. Ô meu boi viajado. Aaê. Ô meu boi bonitão. Aaê. Faz bonito meu boi.
Aaê. Com a cabeça do lado. Ê boi. Bate o pé no batente. Ê boi. Bate o couro na cruz. Ê
boi. Táa. Se meu boi morrer. O que será de mim. Ô dona da casa. Sinhá dona tenha dó
de mim. Sá meu boi morrer. O que será de mim. Ô dona da casa. Sinhá dona tenha dó de
mim. Abre a porta meu povo. Ê boi. Abre a porta meu povo. Bote leite aqui (ou/o rei prá
dormir). Ô dona da casa. Que é dona tenha dó de mim. Abre a boca meu boi. Ê boi.Abra
boca meu boi. Ê boi. Tá bonito de mais. Ê boi. Ô meu boi bonitão. Ê boi. Se sacode meu
boi. Ê boi. Ô meu boi bonitão. Ê boi. Ô meu boi azulado. Ê boi. Ô meu boi azulão. Ê
boi. Ô meu boi viajado. Faz bonito meu boi. Ê boi. Sapateia meu boi. Ê boi. Ô meu boi
bonitão. Ê boi. Ô meu boi azulão. Ê boi. Faz favor. Ou faz favor Ou Lé. Home deixe as
mulher. Ou faz favor. Deixe as mulher. Chame os homens deixe a mulher. Faz favor. Faz
favor Ou Lé. Chame os home deixe as mulher. Faz favor...(pausa/batidas) – A folia de
ouro. Ouro. Eu também tô de ouro. Ouro. Só a folia de ouro. Ouro. Só a folia de ouro.
Ôôô ouro. Só lê lê lê ôôô. Só lê lê lê ôôô. Só lê lê lê ôôô. Só lê lê lê ôôô. Só lê lê lê ôôô.
Só lê lê lê ôôô. Só lê lê lê ôôô Só lê lê lê ôôô. Só lê lê lê ôôô. Só lê lê lê ôôô. Só lê lê ê
ôôô. Só lê lê ê ôôô. Só lê lê ê ôôô. Só lê ê lê ôôô. Só lê lê lê ôôô. Só lê lê lê ôôô. Só lê lê
lê ôôô. Só lê lê lê ôôô. Abra a porta meu povo. Ê ô. Abra a porta meu povo. Ê ô. Abra a
porta meu povo. Ê ô. Abra a porta meu povo. Ê ô. Ô lê lê ê ô. Só lê lê ê ô. Meu cavalo
cabe em mim. Come palha de arroz. Arrei logo do cavaalo. Ô lê não pode com nóis
dois. Ô bá bá. Ê. cavalú bebeu. Ô bá bá. Ê. cavalú bebeu. Ô bá bá. Ê cavalú bebeu. Ô
bá bá. Ê. cavalú bebeu. Ô bá bá. Ê. cavalú bebeu. Ô bá bá. Ê cavalu bebeu. Ô bá bá. Ê
cavalu bebeu. Ô bá bá. Ê. cavalú bebeu. Ô bá bá. Ê. cavalú bebeu. Ô bá bá. Ê cavalú
bebeu. Ô bá bá. Ê. cavalú bebeu. Ô bá bá. Ê. cavalú bebeu. Ô bá bá. Ê cavalú bebeu. Ô
bá bá .Ê. cavalú bebeu. Ô bá bá. Ê. cavalú bebeu. Ô bá bá. Ê cavalú bebeu. Ô bá bá. Ê.
cavalú bebeu. Ô bá bá. cavalú bebeu. Ô bá bá. Ê cavalú bebeu. Ô bá bá .Ê. cavalú
bebeu. Faz bonito. Ô bá bá. Ê. cavalu bebeu. Vá rolando. cavalú bebeu. Ê cavalú bebeu.
Ê cavalú bebeu. ô bá bá. Ê cavalú bebeu. Ô ô bá bá. Cavalú bebeu. Ô faz bonito cavalú
bebeu. Ô bá bá. E vai simbora. Cavalú bebeu. Ê ô... Ô Luiz caipora. Ô Luiz caipora. Ô
Luiz caipora. Ô Luiz caipora. Ô Luiz caipora. Ô Luiz caipora. Ô Luiz caipora. Ô Luiz
caipora. Ô Luiz caipora. Ô Luiz caipora. Ô Luiz caipora. Ô Luiz caipora. Ô Luiz
caipora. Ô Luiz caipora. Ô Luiz caipora. Ô Luiz caipora. Ô Luiz caipora. Ô Luiz
caipora. Caipora Luiz... Bota ele prá fora...Ô nega danada. Ô diá. Ô nega “daqui”. Ô diá.
Ô nega danada. Ô diá. Ô nega “daqui”. Ô diá. Ô nega danada. Ô diá. Ô nega “daqui”. Ô
diá.Ô nega danada. Ô diá. Ô nega “daqui”. Ô diá. Ô nega danada. Ô diá. Ô nega
“daqui”. Ô diá. Ô nega danada. Ô diá.Ô nega “daqui”. Ô diá. Ô nega danada. Ô diá. Ô
nega “daqui”. Ô diá. Ô nega danada. Ô diá. Ô nega “daqui”. Ô dia. Ô nega danada. Ô
diá. Ô nega “daqui”. (Vozes de mulheres reclamando). Despedida de amor. Vai chorar.
Ô vai chorar. Vai soluçar. Despedida de amor. Ô vai chorar. Ô vai chorar. Vai soluçar.
Despedida de amor. Ô vai chorar. Ô vai chorar. Vai soluçar. Despedida de amor. Ô vai
chorar. Ô vai chorar. Vai soluçar. Despedida de amor. Ô vai chorar. Ô vai chorar. Vai
soluçar. Despedida de amor. Ô vai chorar. Ô vai chorar. Vai soluçar. Viva o senhor santo
reis! Viva! Viva o dono da casa! Viva!

Transcrição de aboio em forma de desafio

Mulher: Vamos agora assistir o desafio entre o senhor Artur/ Paraibano (10 anos que
mora aqui) e o senhor Paraibano que tem cinco ano que mora aqui em Remanso.
(20’36’’)

Paraibano: ôba! (silêncio – fogos de artifício) Incialmente, nós vamos aqui fazer o
desafio...

Atur: Ô boi. É festa de vaquejada. Só prá o “vucuzê..”. Eu tenho o maior prazê em


(explosivo) aqui estar. Pois a banda estar queimando. Deixe a banda revirar. Eu venho
mais Paraíba. Eu sei que nós vai dançar. Ô. ôôôôô...ô...boi...

Paraíba: Eu sei que a coisa dar. Eu e mais meu cumpanheiro... Apois nóis tem que cantar
e seguir esse roteiro e também prá nóis falar nessa festa de vaqueiro...

Artur: Nessa festa de vaqueiro nóis podemos improvisar... Pois eu no campo e o


vaqueiro “refartum, Artur e Sá”. Seu guarda perdi o gibão e eu preciso lhe falar...
Arrumei uma perneira prá poder eu aboiar... Ô... ôôô... Boi...

Paraíba: É por isso eu vou dizer. É por isso te falar... Que esta festa de vaqueiro nóis
temos que animar... E seguir os nossos pais. E a senhora do rosário nós todos vai a
ajudar...

Artur: Pois ela é quem ajuda a gente, que tem o poder de falar... Ela fala com “Jesus” na
hora que quer falar...Vaqueiro fala com o pau na hora de vaquejar...Pois “...” eu preciso
lhe explicar...Hoje “amanso” touro bravo na hora que caçoá...

Paraíba: O gado vai sai “a vazante” para a tristeza passá...Eu não tenho mais vontade.
Não vim te incomodar... Mais na hora da mudança aza branca vai chorá...á...Ô ôôôô...

Artur: Eu não sei quem é que não chora na hora de se mudar...Só cumeno um pasto
verde. Patativa vão botar. Só encontra xiquexique. Isso vai le curar. Somente a jurema
preta. É preciso eu le falar. Mesmo assim é o gado na hora de se mudar. Ôôôôô...ô
Paraíba: Na hora que hora que fome dá. Valei minha nossa senhora. E vai ter uma
tristeza quando o gado for embora. O Zé da Dema chorando e todo mundo aí também
chora.

Artur: Todo mundo também chora na hora. Ninguém deixa de chorar... O iscrito não me
engana e a morte não me matar. Eu não tope de Remanso. Não sei o que vou chorar.
Quando eu deixar minha terra como eu vou passar...

Paraíba: Na hora que eu nasci foi uma manhã tão bela...Me deram logo uma espora, um
bisão cheio de ela. “Uma belíssima aguadape”. A minha primeira papa que eu comi foi
numa sela...

Artur: Você comeu a primeira papa. Eu sei que a boca não dá. Eu comi foi alguma coisa
que mandaram me ajeitar. Eu digo e não tenho medo. Fumaça de trigo lá. Me deram a
papa prá mim. Dessa vez eu fui luxar...

Paraíba: Mas quando foi nessa hora meu pai mandou aboiar. Quando eu soltei o aboio o
Mazin pegou em balançar. O boi valente dançava e correndo o “bicho” lá...ôôô...boi ...
ôôôôôôôô...boi.

Artur: Eu não quero cheiro de boi...Porque cheiro no meu chorar... O boi quando cheira
a gente atrai o meu chorar. A ponta dele é quente na hora dela passá. Quando ele não
fura a gente manda a gente se ajeitar. Quando a ponta dele é quente, pois o calo pinta lá
ôôô...ôôô...boi.

Paraíba: Por isso eu vou te falar. Isso bonito que eu acho. Tu não quer cheiro de boi.
Mas Artur eu puxo o facho. Então eu sei o que tu quer. “Sentadim” o Zé do vai. Então tu
quer cheiro de macho. Ôôô...boi.

Artur: Em..ô... Jura que não me afronta que eu não quero le afrontar... aqui é festa de
reza e é preciso nóis rezá...

Paraíba: Tu já ta me exaltando começano me afobar. Toda festa de vaqueiro é preciso


aboiar. Ôôôô...boi

Artur: Por isso eu vou te dizê. E agora eu vou te contar... Que a festa de vaqueiro não
precisa apresentar. Minha rima está chegando e o sangue ta esquentando. Pera aí que eu
canto já...

Paraíba: Se os versos estão guardados. Tô aqui pra escutá. Pois a boca aqui é quente no
esparro de queimar. Vou deixar Artur se zangar que o Artur se zangando todo mundo
falando. É preciso le falar. Sou um vaqueiro de gado verso com desejo alçar...

Artur: Por isso vou te falar. Repare Tamarazinha meu pensamento advinha. Quando eu
começo a cantar. Pegume e avatá. O sangue vai esquentando e a coisa vai melhorando.
Pera aí que eu canto eu já. Hoje eu canto a cirandá. Eu e meu companheiro. Nesta festa
de vaqueiro. Nóis vamos botar prá quebrar...

Paraíba: Tá se zangando. Meu calo tá apertando. Artur já ta se zangando. Já começou a


grafar. E quando é o meu insulto. È a coisinha do “trabá”. Não se esconda na sanfona.
Repare e venha pra cá. Pois escute o meu verso. Macho que faz eu brigar..
Artur: O vaqueiro pra ser bom. Tem que ser cabra forte. Seu cavalo é muito forte. Sua
roupa é um gibão. Ter muita disposição e também saber aboiar. E toda coisa topar.
Quando não ta lutando. Quando sempre “um dia ou outro”. Menina vem visitar...

Artur: “Ouça” pra cantá comigo é preciso plenitude. Dormir tarde, acordar cedo. Dra de
si e tome e tudo. Pisar no chão devagar e fazer um passo miúdo. Além disso eu piso aqui
e piso em cima de tu...

Paraíba: No dia que eu pegar um cabra que nem Artur...Eu pego “minha Isabela”. Tiro a
roupa e deixo nu. Eu caio fora na carreira e tiro um taco da ureia para eu comer com
Pitu...

Artur: Ôôi. Mas seu José e dessa vez tu ta errado. Que eu sou meio desaforado e é
preciso te dizer...Tem um pra lei. É preciso eu te explicar. E do jeito que tu falar. Eu
digo assim e sigo atoa. Foi tu que tirou a roupa. Tu me deixa coisa atoa. A continha
“minuê vive na minha Rôa”. É preciso eu te dizer. É preciso eu te explicar. Não insite,
não me engana e a morte não me matar. Mas pra tu cantar comigo é preciso estudar...

Paraíba: É preciso eu te contar. Ele quer ser considerado e que ser bacaniado. Veja como
eu vou contar. Chegou no Barnabá e com a cara de choro roubou cinco ovo goro, e tava
comeno sentado...

Artur: Ô...boi...Pois eu te digo, “pois não é nunca aprovado”. Eu digo de lado a lado.
Falo sem medo de errar... Eu não conheço esse tal de Barnabá. Como é que tu disse:
Artur venho ao meu lar. E com aboio em coro. È preciso te falar. Como é que roubo ovo
sem nunca eu andar lá”...

(risos)

Paraíba: Por isso eu vou te contar. E é preciso eu ir explicando que tu tá muito bonito
quereno se exaltano. Eu digo porque eu tenho. Que eu tenho mil panela. Pois eu vi foi tu
roubano...

Vozes...

Artur: Ô boi...(vozes)... ô boi... Ô José tu me diz agora e repare e eu vou te falar. Tu vem
do Pernambuco. Doente de lá prá cá...Eu te dei uma vaquinha. Mandei tu te aguardar.
“Um caipira” roubano bode. Aqui eu vim te aguardar.

Paraíba: Eu digo e não tenho medo. Ande que eu posso falar. Tu não diz essa mentira.
Olhe o mundo onde é que tá. Por isso eu vou dizendo. Venha aqui! Vou Explicar.
(parada brusca)

Paraíba “Que aceita dá”. Repare camaradinha meu pensamento advinha na hora que vou
cantar. É preciso te explicar que agora eu vou falano e a coisa ta piorando, pera aí que
eu canto já.

Artur:: Ô...boi...ôôôôô...boi! Ame... Ô José, velho amigo, repare o que vou falar.
“Remanso não vai embora. Sem saber não vai chorar”... A gente deixa o remanso e
nosso “perônio” altar. Por isso que eu canto verso com vontade de chorar...
Paraíba: É por isso eu vou dizer. É por isso eu contar. A despedida do Remanso é no
tudo desmantelá...Pois nessa despedida que na hora da saída até o rio vai chorar...

Artur: Vai se embora meus cristãos. Repare nóis vai mudar. Deixamo a cidade em pé e
repare como ela está... “Mais esqueci” o abundante, repare como é que ta... “Como é são
das avença” e o povo e quer mudar. “Culpada da serenata que só anda na rua a inguiçá...
Todo mundo arreda o pé. Cidade se mudar... (palmas)

Paraíba: Venha apreciar “se não há” contrariedade... Todo mundo vai chorar na mudança
da cidade... Quando o Remanso sair tudo chora de saudade...

Artur: Ô...boi... ôôôô! Dona “Iaze” Pediu por programa nóis encerrar... Dô muita
saudade a ela! Não sei quando nóis vai voltar... O Remanso vai embora nóis não pode
acompanhar... Se ele descer no rio, deus me livre eu não vou lá...Pra ir pra cidade nova
para beber e farrar... (palmas)

Paraíba: Por isso eu vou te dizer e o programa tá encerrado. Só foi eu e meu amigo que
é bem considerado. E eu digo pra você se alguma coisa eu errei e adeus e muito
obrigado... (palmas)

Artur: Muito abrigado custa dinheiro. E vem visitar. Nesta festa de vaqueiro. A última
desse lugar... Mas se deus quiser e nossa senhora. Ela tem que me ajudar. Nóis vai pra
cidade nova. Lá nóis vamos festejar... (Palmas)

A temática muda até que vários mugidos de boi aparecem depois que uma mulher
fala da seca e canta-se um aboio sobre a seca

(vários mugidos) – Ô...boi...Isso é a vida do boi quando a seca está “abusada”... Eu digo
de lado a lado. Repare o que vou falar que da “nova êra e salva” e “começa a uivar”,
pois mesmo assim é o gado... Repare o rosto falar... (vários mugidos). Ô...boi... E essa
vida de vaqueiro é uma vida jogada... Todo mundo passa fome e vive no mundo
jogado...O “garrote passando ôi” e o caba aperriado... E se não tiver Jesus e o caba
agoniado... Ô...boi... (vários mugidos). Ô...boi. Ôô...ôô...ôô...ô...boi. Nesta vida de
vaqueiro comecei aboiá – (ruído de vozes em meio agravação), pois assim não tenho
fome “nem jumento no juá”.Repare de fazer falta. Repare o que vou falar... O cara prá
sê vaqueiro vai “apunhar logo o sá”... Ô...boi. (vários mugidos). Ô...boi.
Ôô..ôô..ôô...boi. Mamãe me fez um pedido prá mim deixar de bebê...Não sei “se a sorte
assassina” só deixo quando eu morrer... Da garrafa eu faço a vela. “Da patinei” no
cachão. “Intere” no alambique com um copo desse na mão... Morreu Dom Pedro
Primeiro ficou Dom Pedro segundo e com ele nossa senhora para tomar conta do
mundo... (vários mugidos).

Outro aboio - Ei... Eu já parei o programa. Eu já tava parando... Mas agora “me certei”.
Vi o berrante tocando... E quando ele toca todo o verbo vai chegando... Todo o gado vai
chegando só pra te aliviar. Apois nessa “cerca” dura o gado todo vai “pená”... E aqui
tamo cantano e a coisa vai melhorano e agora que vou cantar... Ô...boi. Agora “mas seu
povo” repare vão desculpar... Vai entrar o Reis de boi que pra gente apreciar... Já tá
passando da hora. E nóis comeceno “dançar”. Vão desculpano meu povo. Despois e eu
volto já...
Transcrição do Maculelê

Maria: Jovens de Petrolina vão apresentar o Maculelê.

Música: Eu disse camarada que eu vinha! Pra sua aldeia camarada um dia! Eu disse
camarada que eu vinha! Pra sua aldeia, camarada um dia! Sai! Sai! Sai! Boa noite meus
senhores! Sai! Sai! Sai! Boa noite! Peço licença! Sai! Sai! Sai! Boa noite meus
senhores! Sai! Sai! Sai! Boa noite! Peço licença! Sai! Sai! Sai! Boa noite meus
senhores! Sai! Sai! Sai! Boa noite! Peço licença! Sai! Sai! Sai! Boa noite meus
senhores! Sai! Sai! Sai! Boa noite! Peço licença! Sai! Sai! Sai! Boa noite meus
senhores! Sai! Sai! Sai! Boa noite! Peço licença!

Vamos todos a louvar a nossa nação brasileira! Salve a princesa Isabel! Ora meu Deus
que nos livrou do cativeiro! Vamos todos a louvar a nossa nação brasileira! Salve a
princesa Isabel! Ora meu Deus que nos livrou do cativeiro!

Sou eu! Sou eu! Sou eu! Sou eu, maculêlê sou eu! Sou eu! Sou eu! Sou eu! Sou eu,
maculêlê sou eu! Sou eu! Sou eu! Sou eu! Sou eu, maculêlê sou eu! Sou eu! Sou eu!
Sou eu! Sou eu, maculêlê sou eu! Olê... ô vô li ô... Olê... ô vô li ô... Pegou le falou!
Maculêlê não me vacilou! Ele é meu compadre não me vacilou! Maculêlê não me
vacilou! Ele é meu amigo não me vacilou! Maculêlê não me vacilou! Ele é meu irmão
não me vacilou! Maculêlê não me vacilou! Ele é meu mestre não me vacilou! Maculêlê
não me vacilou! Ele é meu compadre não me vacilou! Maculêlê não me vacilou! Ele é
meu amigo não me vacilou! Maculêlê não me vacilou! Ele é meu compadre não me
vacilou! Maculêlê não me vacilou! Ele é meu amigo não me vacilou! Maculêlê não me
vacilou! Ele é meu compadre não me vacilou! Maculêlê não me vacilou! Ele é o meu
mestre não me vacilou! Maculêlê não me vacilou! Ele é meu compadre não me vacilou!
Maculêlê não me vacilou! Ele é meu mestre não me vacilou! Maculêlê não me vacilou!
Ele é meu amigo não me vacilou! Maculêlê não me vacilou! Ele é o meu “mestre”(mel)
não me vacilou! Maculêlê não me vacilou! Ele é o meu mestre não me vacilou!

Hoje é dia de nossa senhora! A trovoada roncou no ar! Êêêê! Paranauêêêá... Hoje é dia
de nossa senhora! A trovoada roncou no ar! Êêêê! Paranauêêêá... A estrela do céu
brilhou! As matas escureceu! Cadê meu sultão! Rei da Aruana! Que até agora não me
apareceu! Cadê meu sultão! Rei da Aruana! Que até agora não me apareceu! Ai boré!
Boré! Boré! Ai boré! Boré! Boré! Ai boré! Boré! Boré! Sou eu! Do balai gato “vaê” de
amor! Do balai gato vaê querer! Do balai gato vaê meu pai! Do balai gato não me deixe
só! Do balai gato “vaê” de amor! Do balai gato vaê querer! Do balai gato vâê meu pai!
Do balai gato não me deixe só! Do balai gato vaê de amor! Do balai gato vaê querer! Do
balai gato vâê meu pai! Do balai gato não me deixe só! Do balai gato balai gato vaê de
amor! Do balai gato vaê querer! Do balai gato vâê meu pai! Do balai gato não me deixe
só! Do balai gato vaê de amor! Do balai gato vaê querer! Do balai gato vâê meu pai! Do
balai gato não me deixe só!Do balai gato vaê de amor! Do balai gato vaê querer! Do
balai gato vâê meu pai! Do balai gato não me deixe só!
Sai! Sai! Sai! Boa noite meus senhores! Sai! Sai! Sai! Boa noite! Peço licença! Sai!
Sai! Sai! Boa noite meus senhores! Sai! Sai! Sai! Boa noite! Peço licença! Sai! Sai!
Sai! Boa noite meus senhores! Sai! Sai! Sai! Boa noite!

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