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Surge destes direitos uma terceira geração de direitos: os direitos humanos se tornam
fundamentais e geram uma grande movimentação social na defesa de temas tais como o direito à
paz, os direitos dos consumidores, o direito à qualidade de vida, ou a liberdade informática. Tais
direitos são vistos como complementares aos anteriores.
Desde o final do século XVII, reflexões morais, literárias e filosóficas começam a ser
publicadas nos jornais diários de algumas cidades européias, ainda que supervisionadas e sob a
autorização das administrações locais. O surgimento desta imprensa tem lugar no que Habermas
denomina de primeira formulação objetiva de esfera pública burguesa como "esfera pública
literária". Pertencem a elas somente aqueles indivíduos com um certo nível de poder econômico e
de formação cultural - condição esta imprescindível à leitura e à argumentação pública nas demais
1
HABERMAS, Jürgen, Mudança Estrutural da Esfera Pública. SP, Tempo Brasileiro, 1984.
instituições desta esfera, como os cafés e salões. Esta imprensa, do ponto de vista instrumental de
Habermas, é o meio através do qual um "público esclarecido" difunde suas idéias e concepções da
realidade social e assim se auto-esclarece e emancipa. Seu público leitor é sobretudo composto
pela "camada culta" da sociedade, burgueses, profissionais autônomos e parte da nobreza. A
finalidade de auto-conhecimento sobrepõe-se àquela do lucro comercial.
A imprensa política do século XIX está em consonância com o seu tempo histórico. Em
quase toda a Europa Ocidental, reivindicações burguesas e proletárias, pelo direito de participação
política junto ao Estado, geradas pelas palavras de ordem "liberdade" e "igualdade" oriundas do
exemplo revolucionário da França de 1789, caracterizam o apogeu do domínio público como um
espaço político e da imprensa como sua principal instituição. Faz-se necessário observar que as
sociedades européias do século XIX já apresentavam grande complexidade na natureza das suas
relações sociais. O discurso liberal da "burguesia esclarecida", em certos momentos, voltou-se
contra ela própria. A Revolução Industrial inglesa inaugurou o fim das restrições estatais à livre-
concorrência, ampliou o sistema produtivo em bases capitalistas e acirrou os conflitos de classe.
Toda a Europa sentiu as repercussões desse processo. Em 1848, a França vive um outro tipo de
revolução social onde uma vasta população proletária já não se identifica com a média e alta
burguesia. A imprensa, nesse sentido, não só reflete essa crescente polarização das classes sociais,
como participa como força política atuante.
A análise deste novo e importante atributo crítico da informação, feita à luz da categoria
habermasiana de esfera pública burguesa, permite localizá-lo numa perspectiva histórica e
processual fundamental para a compreensão de toda a discussão contemporânea sobre a
especificidade das instituições de comunicação nas sociedades complexas da atualidade. A
contribuição reflexiva de Habermas é por demais pertinente aos termos deste trabalho, à medida
que opera, essencialmente, no âmbito da identificação das estruturas normativas gerais das
sociedades contemporâneas. Faz-se necessário ressaltar esta preocupação básica do autor - que se
faz presente, desde este trabalho inicial da sua obra sobre a categoria de esfera pública, até os mais
recentes sobre a ação comunicativa - a fim de que se possa discernir, em sua análise da esfera
pública burguesa e da imprensa, as considerações oriundas da observação histórica, daquelas que
procuram construir o quadro normativo referencial que fundamentará os princípios organizacionais
das sociedades de direito democrático contemporâneo, e, como parte delas, das condições
institucionais da informação.
A maioria dos críticos ao modelo de esfera pública de Habermas não reconhecem esta
distinção entre o fato histórico e o referente normativo, o que leva a tratamentos equivocados do
modelo (normativo) e a desacordos mais concernentes às interpretações dos dados históricos A
categoria de esfera pública burguesa presta-se tanto à compreensão de uma processualidade social
historicamente observável, como à indicação dos referentes normativos nos quais ancora o debate
político e cultural contemporâneo. Esta distinção é válida e necessária também para os termos
específicos da análise institucional da imprensa, dado que ela assume historicamente, em seu
discurso, a defesa das normatizações constitutivas da esfera pública burguesa e, como instituição
originária dela, também as incorpora como seus próprios princípios internos.
Este texto, de certo modo, também se expõe ao perigo da crítica à sua aparente adoção da
forma de desenvolvimento da imprensa nas sociedades européias como possível e suposto padrão
“universal” de desenvolvimento institucional desta nova prática de comunicação pública. É certo
que as instituições de comunicação desenvolveram-se de forma bastante singular nos diferentes
territórios do mundo ocidental movidos à força da ambição histórica capitalista e dos conflitos de
hierarquia e poder com as instituições monárquicas e coloniais. Mas o que é fundamental na
análise histórico-sociológica habermasiana é a evidência de propriedades, pertencimentos, relações
e finalidades das instituições de comunicação correspondentes a certas forças básicas de formação
das sociedades modernas encontráveis - mesmo que em diferentes ordens de aparecimento,
intensidade e significação - na história da maioria das formações societais do mundo ocidental.
Interessam-nos aqui, sobretudo, os paradigmas normativos historicamente sedimentados acerca
destas práticas de comunicação e que lhes localizam institucionalmente nas diversas configurações
societais contemporâneas.
A análise de Habermas serve também como um terreno teórico básico, a partir do qual é
possível articular diacronicamente as reflexões sobre cultura e comunicação produzidas no
decorrer deste século. Metodologicamente, a perspectiva de observação deste trabalho,
diferentemente da escolhida por Habermas, encontra-se voltada para o processo particular de
estruturação, funcionamento e atuação das instituições de comunicação, considerando-se que este
processo se desenvolve historicamente no interior da ampla categoria habermasiana de esfera
pública burguesa. Esta, portanto, é apropriada aos termos desta reflexão como quadro teórico
referencial, ou seja, como uma espécie de pano de fundo e não exclusivamente como protagonista
do processo. Deste procedimento decorre a construção de argumentos inexistentes no texto
habermasiano, com ambições de validade que, em muitos momentos, podem voltar-se contra o
próprio modelo do autor, revelando suas limitações, equívocos e impropriedades. Para que se
possa localizar os novos atributos da imprensa em suas novas configurações institucionais
culturais e políticas, faz-se necessário associar a descrição histórico-sociológica da esfera pública
burguesa àquela sobre a emergência da modernidade como condição humana, também própria das
sociedades burguesas.
Neste momento histórico da sua evolução institucional, entretanto, ela se deixa apropriar-se
por iniciativas e setores culturais sem opor fortes resistências ou limites estruturais. Isto se deve
ao fato de que ela é ainda bastante maleável frente às intervenções sociais externas. Ela não
consolidou uma estrutura de produção material, organizacional, profissional e discursiva capaz de
impor restrições formais correlatas às intervenções e pressões externas. Além disso, o grau de
diversidade, de imprevisibilidade, de indefinição de contornos das novas práticas sociais em
desenvolvimento, a sujeita a um correspondente grau de abertura, de indefinição estrutural e
discursiva. Há um novo processo social em movimento sem previsibilidade quanto às suas futuras
regularidades institucionais.
Paralelo à pluralização dos tipos de publicação intelectual e artística, com maior e menor
grau de sofisticação argumentativa e imaginativa e de interesse lucrativo em seus endereçamentos
a públicos progressivamente segmentados, pluralizam-se também os tipos de imprensa, num
diálogo permanente com a dinâmica e crescente complexificação destas esferas públicas culturais.
Como gênero discursivo, o jornalismo político tem por premissa básica problematizar os
princípios, as estruturas e ações constitutivas do Estado e da organização da sociedade. Habermas
encontra neste gênero uma das expressões do apogeu da condição humana em sociedade. O
apogeu da sociedade política comprometida com a edificação de estruturas cada vez mais
emancipatórias, libertárias e igualitárias. As considerações feitas sobre a emergência do
jornalismo literário também são aqui pertinentes. Não partiu da imprensa em si o discurso político
contestatório, crítico e problematizador. Ele tem origem nos movimentos políticos de grupos
privados, associações e partidos que vislumbram na prática jornalística o recurso adequado à
promoção dos seus fins de confronto político com o poder aristocrático. A imprensa política
assimila estes procedimentos e finalidades à sua especificidade institucional à medida que eles
passam a constituir uma das dimensões objetivas das práticas e relações sociais cotidianas. Mas
coexiste com uma significativa diversidade de produções jornalísticas, tendo apenas alcançado
uma certa supremacia em momentos historicamente datados de acirramento político entre grupos e
instituições sociais.
2
GIDDENS, Anthony. Modernity and Self-Identity. Cambridge, Polity Press, 1992. Segundo o autor, as
instituições sociais possuem o que ele denomina de “sistema referencial interno”, que consiste em um
conjunto de referências, princípios, de práticas e de critérios de ação que delimitam a especificidade da
instituição, sua dinâmica interna e finalidade. A reflexividade consiste na capacidade de domínio dos
elementos deste sistema referencial interno a cada instituição social e de internalização dos seus princípios e
critérios de modo a permitir os indivíduos procedimentos atualizados de intervenção, de participação e de
reflexão responsável pela dinâmica processual das instituições.
3
Considerações também presentes em Giddens, op. cit. Segundo o autor, as instituições comunicativas
sempre interpenetraram os âmbitos do indivíduo e da sociedade desde os seus primórdios (imprensa); são as
como da publicidade das instituições sociais; nos contextos locais distanciados e naqueles mais
globalizantes. Desenvolveram-se (em estruturas, recursos materiais, organizacionais e humanos,
padrões e linguagens) de modo compatível com as necessidades históricas concretas das diferentes
sociedades de criarem espaços dialógicos comuns a crescentes contingentes populacionais e em
sintonia com as mudanças nas noções de espaço e tempo. Nestes termos, entrelaçaram-se
diferentes tipos de instituições jornalísticas e eletrônicas, viabilizando os processos de
desenraizamento de culturas localizadas, de formação de culturas globalizantes e de volatização
dos sentidos tradicionais de tempo e espaço. Redefiniram as noções de familiaridade e experiência,
dada a abolição do lugar histórico concreto como base para as suas configurações. Tais noções
passaram a incluir elementos referenciais “reinventados” no plano público das instituições de
comunicação, sem a exigência de contatos diretos com eles. Criaram formas de narrativa não
unilineares, baseadas na coexistência de pequenas e diferentes mensagens ordenadas numa
seqüencialidade típica das interações lingüísticas das diferentes estruturas de comunicação, que
não são expressões da realidade, mas, em parte, elementos formativos dela.
instituições-chave da alta modernidade, presentes nas esferas polares tanto da “intimidade do self” como da
publicidade das instituições sociais; nos contextos locais distanciados e naqueles mais globalizantes;
desenvolveram-se (em estruturas, recursos materiais, organizacionais e humanos, padrões e linguagens) de
modo compatível com as necessidades históricas concretas das diferentes sociedades de “mediação da
experiência” e em sintonia com as mudanças nas noções de espaço e tempo e, nestes termos, entrelaçaram-se
diferentes tipos de instituições jornalísticas e eletrônicas, viabilizando os processos de desenraizamento de
culturas localizadas, de formação de culturas globalizantes e de volatização dos sentidos tradicionais de tempo
e espaço, redefiniram as noções de familiaridade e experiência, dada a abolição do lugar histórico concreto
como base para as suas configurações; tais noções passaram a incluir elementos referenciais “reinventados”
no plano público das instituições de comunicação, sem a exigência de contatos diretos com eles; criaram
formas de narrativa não unilineares, baseadas na coexistência de pequenas e diferentes mensagens ordenadas
numa “consequencialidade típica de um meio ambiente espaço-temporal transformado”, chamadas pelo autor
de “collage effect” ; não são expressões da realidade, mas, em parte, instituições formativas dela.
de produção, em função da dinâmica de seus elementos internos, dos conteúdos que move, das
suas atividades institucionais.
4
Vide MORAES, Dênis de. Planeta Mídia – Tendências da Comunicação na Era Global. Campo
Grande,Letra Livre, 1998.
Os esforços nesta direção devem levar em conta não apenas a necessidade de domínio da
dinâmica material dos sistemas comunicativos e da medida em que eles geram novos veios
informativos no circuito já existente, mas também, a possibilidade de intervenção e participação
dentro destes sistemas e, além disso, formas de incorporação destes instrumentos de comunicação,
vistos então como recursos tecnológicos aplicáveis ao campo exclusivo das práticas culturais. Isto
porque a tecnologia em geral, carrega um duplo potencial, que pode ser instrumentalizado tanto a
serviço de interesses localizados e excludentes, como para a superação de impasses originários de
procedimentos de ensino e aprendizagem, entre outros.
Além disso, tem-se a evidência de que cresce uma irreversível cultura formativa de
natureza não mais preponderantemente baseada no procedimento da leitura, que infiltra novos
recursos de aprendizado sustentados na imagem e em todo o aparato tecnológico que ela requer, na
associação entre texto e imagem como mecanismos de representação do sentido. Este dado,
alimentado sobremaneira pela convivência íntima com os meios de comunicação no ambiente
caseiro, transformada em prática assimilada à experiência da cotidianeidade, transporta-se como
demanda inconsciente para outros espaços de aprendizado e absorção de conhecimentos, valores e
significações em geral. O instituto cultural sofre as pressões desta demanda, com contingentes
humanos cada vez mais segmentados em suas práticas de contato com o universo das informações
disponíveis e se vê constrangido, inevitavelmente a renovar seus mecanismos e procedimentos de
produção de sentido.
No caso brasileiro, os conteúdos de maior audiência nas redes de televisão aberta, capazes
de atingir quase a totalidade da população, são notadamente novelas, jornais de variedades,
programas de auditório e apenas dois telejornais dominam o campo das produções assistidas por
mais de 60% da população brasileira. O atributo referencial, definido aqui como qualidade voltada
à atualização da ação dos indivíduos na vida social em geral praticamente esvazia a relação
política entre indivíduo e sociedade. Se for possível entender jogos, entretenimentos e dramas
como elementos culturais, então tem-se um deslocamento da experiência do espaço público
brasileiro de um desejável campo político e cultural para outro essencialmente feito pelo usufruto
da diversão.
Cria-se, assim, um circuito musical hegemônico no país cuja origem extrapola as fronteiras
nacionais sem deixar de ser uma criação nacional. Este circuito recebe o aval das redes de
televisão aberta e se torna hegemônico em todo o país, promovendo eventos fora do calendário
oficial, tais como os carnavais itinerantes feitos de blocos e trios elétricos que ocorrem nas grandes
cidades e capitais do país durante todo o ano.
Conhecer outras vertentes musicais fora deste circuito hegemônico torna-se uma ação que
segue em sentido contrário à multidão. Lojas de disco, publicações na área musical, televisão e
rádio alimentam estes formatos hegemônicos reduzindo sobremaneira a diversificação da área. As
estruturas de comunicação formam vasos comunicantes onde só circulam estes conteúdos. Meios
restritos e ampliados operam com os mesmos elementos, numa transversalidade que corta critérios
de classe, etnia, gênero, idade e nível sócio-econômico.
De outra forma, mas também hegemônica e regular, está a presença em nível nacional de
valores ligados ao elogio e defesa da fauna e flora brasileiras. A natureza tem lugar de destaque
entre estes conteúdos privilegiados pela televisão aberta do país. Documentários, reportagens,
programas de desafios físicos e entrevistas são os lugares onde a natureza aparece como um bem
nacional a ser conhecido, preservado e admirado. A natureza revisitada, sobretudo, pelos
programas de documentário e de variedades da televisão brasileira é vista da perspectiva global.
Do ponto de vista de sua localização em relação ao planeta como um todo. Este enfoque
insere o país dentro de um debate mundial de preservação ambiental, reiterando um
conjunto de valores hoje globalizados sobre a necessidade de conhecer e proteger a natureza.
Os temas que são objetos de interesse para a programação de alcance nacional são muito
restritos. A identidade criada e mantida pela televisão brasileira tem uma pequena amplitude
temática. Ocorre um predomínio excessivo de programas criados por ela mesma, com baixa
variação de formato e conteúdo. As emissoras ocupam, aproximadamente de 30 a 35% do tempo
em auto-promoção. Isto é feito de várias maneiras. São chamadas publicitárias para seus próprios
programas, entrevistas com artistas e pessoas da emissora e intervenções opinativas em todos os
gêneros apresentados. A vida profissional e privada dos artistas, dos ídolos do esporte e
personalidades carismáticas, como políticos, escritores e outros vêm somar-se ao acervo de
elementos legitimadores da identidade promovida pela televisão, atuando também como forças
legitimadoras das emissoras e, portanto, da sua institucionalidade pública.
Assim, a esfera do debate político fica praticamente esvaziada. O grande público está à
margem da vida política nacional. Desconhece os temas e os processos políticos que se
desenvolvem no espaço legislativo estatal. Participa minimamente das deliberações do poder
executivo, sofrendo apenas as repercussões de políticas pensadas e implementadas sem a
participação da sociedade. As instituições de comunicação contribuem muito pouco para inserir a
população nestes ambientes. No ambiente televisivo esta constatação atinge seu grau máximo. A
vida política aparece apenas nos programas do período eleitoral. Inexistem práticas argumentativas
sobre conteúdos políticos. Políticas e deliberações são tratadas pela televisão do ponto de vista
imediatista das mudanças que provoca sobre a rotina da vida social da população.
A população brasileira se informa quase exclusivamente por meio da televisão aberta, que
atinge índices de mais de 90% de abrangência. Jornais e revistas especializadas ocupam uma faixa
extremamente reduzida neste percentual. Razões para este quadro estão na baixa renda da
população, no analfabetismo, na dificuldade de acesso e no desenvolvimento de uma política
pública estatal na década de 70 de incentivo à formação de redes nacionais de televisão, aliadas a
uma tradição extremamente liberal do Estado no controle dos conteúdos promovidos por estas
redes, as quais, por sua vez, apesar de terem um código de ética razoavelmente coerente com
padrões de incentivo à cultura, sempre definiram grades de programação em função do retorno
financeiro auferido em pesquisas de preferência das suas audiências-alvo.
O círculo vicioso que se formou entre produtores que alegam atender expectativas do
público e de resultados de sondagens de opinião e de índices de audiência que legitimam
programações sem qualquer conteúdo informativo, educativo ou artístico relevantes e coerentes,
parece manter um processo de alargamento do espaço discursivo das redes nacionais no sentido da
produção de mero entretenimento, cujo sustento são elementos vindos da experimentação do
grotesco e da dramatização da vida cotidiana. Há uma subjetividade vivida coletivamente de forma
distorcida por estes recursos formais (o grotesco e o dramático) de representação da experiência,
cujos elementos, em parte, têm origem em narrativas de culturas tradicionais e, em parte, decorrem
dos próprios formatos já desenvolvidos anteriormente pelos diversos meios na área do próprio
entretenimento.
As respostas pelas quais as grandes audiências confirmam sua preferência por estes
padrões de programação são um enigma para a academia. Algumas delas são encontradas sob a
alegação de que a vida produtiva esgota a capacidade e o interesse dos indivíduos de pensar a
realidade de forma mais substantiva. O dado relevante, entretanto, é que a televisão brasileira,
amadurecida num ambiente liberal, nunca teve uma tradição de privilégio a produções de caráter
informativo, cultural e político. O entretenimento sempre foi o padrão dominante desde que a
televisão se expandiu como principal sistema de comunicação público no país. Isto pode ser
comprovado ainda pelos tradicionais índices irrelevantes de audiências das televisões de caráter
educativo e cultural, que não chegam a atingir mais de 5% de audiência em relação às emissoras
privadas. Este processo, além disso, tem o agravante de estar em regime de plena expansão de
percentuais de audiência, num processo de alta competitividade entre emissoras por faixas de
telespectadores mutantes, forçando ainda que todas elas ingressem na mesma lógica, sob pena de
perda de capital dos anunciantes, os principais mantenedores destas estruturas empresariais. O
comércio do entretenimento exclui do espaço público brasileiro conteúdos que, por princípio, são
fundamentais para a vida cultural e política do país, dado que constituem a base de formação de
referenciais necessários ao julgamento dos interesses coletivos gerenciados pelo Estado.
Por outro lado, tem-se, simultaneamente, o movimento de públicos de maior poder
aquisitivo em direção aos sistemas de televisão por assinatura. Aqui a margem de escolha é maior,
assim como a presença de conteúdos informativos e culturais. Este dado, entretanto, leva a outras
variáveis preocupantes do ponto de vista da fragmentação do interesse público, da criação de
extratificações sócioculturais, da formação de identidades transnacionais que pouca atenção
possam vir a dar aos problemas estruturais do país, da emergência de um multiculturalismo de
soma zero e outras tantas possibilidades de ruptura de um necessário conjunto de valores e
princípios capazes de consensualizar os processos de debate e de deliberação sobre questões de
interesse geral.
Algumas questões hoje centrais sobre a formação pública de identidades assumem contornos
muito específicos no caso brasileiro. A noção de diferença, de escolha da diferença e de respeito a
ela, muito tematizada no ambiente de sociedades complexas não encontra, no espaço comunicativo
de maior alcance no país, a variabilidade em geral pressuposta como existente na atualidade. Na
sociedade brasileira, a idéia da oposição entre viver dentro de uma sociedade de consumo, de sua
lógica instrumental, de mercado, ou de optar por regras e princípios morais, étnicos, religiosos
comunitaristas fora destas sociedades complexas não é necessariamente uma possibilidade de
escolha intrínseca e naturalmente aberta para todos, por mais que elas existam a princípio. No
Brasil, a força incorporativa da discursividade das instituições comunicativas reduz sobremaneira
a formação da diferença. A idéia do indivíduo isolado em busca de sua identidade convive com os
fortes padrões identitários criados e movidos pela comunicação pública.
O maior desafio da construção da cidadania no país está centrado na capacidade dos seus agentes
de conhecerem profundamente a natureza, os elementos e a dinâmica desta cultura contemporânea
identificando nela os lugares onde é possível desenvolver valores e práticas igualitárias, solidárias
e humanistas, porque somente por este caminho poderá intervir eficazmente sobre a sua
capacidade de conformar sentidos e comportamentos.
O debate central hoje no que diz respeito ao modo como entender e operar o conceito de
comunicação consiste na oposição entre as noções de consumo e cidadania, ou seja, como
caracterizar essencialmente a natureza da comunicação enquanto bem simbólico com profundas
repercussões na vida material das sociedades contemporâneas. Por um lado há uma forte tendência
a caracterizar a cultura presente como uma cultura de consumo, movida, neste caso, por
procedimentos oriundos da lógica e das práticas do mercado, subsumida numa semântica
economicista onde os indivíduos são nomeados e tratados como consumidores. Entende-se,
entretanto, que esta semântica caminha por trilhas equivocadas. O conceito de cultura de consumo
é uma atualização, na mesma linhagem que deu origem ao já tornado lugar comum conceito de
sociedade de massa. O termo comunicação de massa, derivado deste ambiente, todavia, parece já
ter esgotado, pelo menos do ponto de vista heurístico e sociológico, suas ambições explicativas.
Criou-se, portanto, uma heteronomia injustificável se confrontada com a magnitude do objeto. A
história deste conceito remonta a uma perspectiva de sociedade manipulável, atomizada, feita pela
imagem de indivíduos isolados, diferenciados e dispersos. É certamente um conceito de espírito
arregimentador, resultante do produtivismo racionalista, nacionalista e épico da sociedade norte-
americana do começo do século. A popularização do seu uso ou do seu corolário (consumo)
bloqueia qualquer perspectiva que busque retomar o controle sobre o livre curso da cultura.
O uso do conceito, além de suas implicações no campo da recepção, quando reduz sujeitos
a consumidores, contém, além disso, uma visão dos meios como instâncias necessariamente
organizadas verticalmente, de forma concentrada e sintonizada com as determinações da expansão
dos ambientes tecnológico e econômico, externos ao das práticas comunicativas propriamente
ditas. Isto porque o atributo instrumentalista de controle e o de fluxos de mão única são intrínsecos
ao conceito.
O contexto social brasileiro não favoreceu o exercício de uma cidadania cultural restringindo, por
exemplo, a expansão da imprensa para além dos setores economica e culturalmente mais
favorecidos, ou privilegiando a estruturação de redes de televisão aberta controladas por grupos
familiares, dentro de uma herança cultural patrimonialista, clientelista e autoritária, ou, mais
recentemente, criando uma legislação para sistemas fechados de televisão que não atua sobre
aspectos de conteúdo, privilegiando somente os critérios econômicos de defesa da concorrência.
Direitos sociais se materializam enquanto serviços prestados por instituições públicas, as quais se
legitimam enquanto tal na prestação destes serviços. No caso das instituições de comunicação, a
condição de instituição pública lhes confere um alto grau de legitimação quando prestam este
serviço genericamente denominável de informação. Legitimadas enquanto tal, legitimam-se
também suas estruturas, formas de produção da informação e toda a verticalidade historicamente
observável do processo comunicativo como um todo. Enquanto serviço, tornam-se defensáveis
grande parte de seus procedimentos e dificulta-se sobremaneira pensar a possibilidade de outros
modelos estruturais da comunicação pública horizontalizados, onde a participação dos indivíduos
pudesse ser mais efetiva e deliberativa.
5
BENDIX, Construção Nacional e Cidadania. SP, Edusp, 1996.
No caso brasileiro, dado o predomínio do regime de propriedade privada, isto implicou,
historicamente, uma permissividade significativa da esfera cultural à intervenção de variáveis do
que Habermas denomina de “mundo sistêmico”. O igualitarismo liberal, presente tanto na esfera
da produção econômica, como da vida privada e de suas iniciativas individuais, abriu
possibilidades de um industrialismo da produção cultural passível de coordenação somente a partir
de associativismos civis movidos por voluntarismos reivindicadores de direitos civis e sociais de
grupos e setores privados. O cooperativismo implícito na mobilização social, entretanto, não fez
parte das políticas de Estado, já que este pode-se ancorar na premissa da representatividade como
fator legitimador de suas ações, fachada, muitas vezes, para a manutenção de práticas políticas
paternalistas e excludentes.
6
TOURAINE, Alain. Poderemos Viver Juntos? Iguais e Diferentes. Petrópolis, Vozes, 1999, p. 24.
Anthony Giddens, também, quando firma a idéia do que chamou de “terceira via” 7 tem,
como premissa, duas forças fundamentais: a presença atuante do Estado e uma efetiva cultura
cívica, que reconstrói os espaços públicos, os quais devem atuar em sintonia com as políticas
públicas estatais. Giddens, deste modo, pressupõe a presença pública de cidadãos ativos, partícipes
de interesses coletivos, profundamente envolvidos com suas causas. Mais Estado e mais sociedade
civil. Esta é a alternativa para o enfrentamento do impacto da globalização, entendida como um
conjunto de forças oriundas da expansão do mercado, da tecnologia e da informação.
É importante observar como tanto Giddens quanto Habermas conferem ao Estado um lugar
central na normatização político-jurídica de interesses advindos do espaço público. Ambos
pressupõem uma sociedade civil politicamente ativa, mas é ainda no Estado que os movimentos e
compromissos gestados no ambiente público não-estatal adquirem reconhecimento, legitimidade e
legalidade. A defesa do Estado em ambos os autores tem afinidade com a postura normativa de
John Rawls. Para este, o Estado defende o que ele chama de “razão pública”9, a qual guia a
autoridade do Estado enquanto instância comprometida com a justiça e a constitucionalidade da
vida democrática da sociedade. A razão pública, para J. Rawls, concerne aos direitos, liberdades e
oportunidades dos cidadãos. Ela contém princípios básicos de justiça e procedimentos de
argumentação racional internalizados por todos os cidadãos, onde são julgados princípios, valores
e interesses. A defesa do Estado é importante para assegurar a vida política da sociedade, seus
direitos e liberdades. O Estado ainda é, para estes autores, o lugar da auto-governabilidade da
sociedade. E a noção de público está intrinsecamente presente tanto no espaço estatal quanto no da
sociedade civil.
7
GIDDENS, Anthony. A Terceira Via – Reflexos sobre o Impasse Político Atual e o Futuro da Social-
Democracia. SP, Record, 1999.
8
HABERMAS, Jürgen. Direito e Democracia – Entre Facticidade e Validade. Vol. II, Biblioteca Tempo
Universitário 102, RJ, Tempo Brasileiro, 1997.
9
RAWLS, John. O Liberalismo Político. 2a. ed., SP, Ática, 2000.
No caso brasileiro, observa-se que as atuais políticas públicas nos campos da educação, da
saúde, e, em particular, das comunicações, além de inserirem a noção de controle público em
âmbitos setoriais de suas estruturas executivas, ainda o fazem de modo a inibir sobremaneira o
efetivo controle do público sobre elas. O Brasil é um caso peculiar onde, quase sempre,
instrumentos normativos são criados sem que tenham resultado de movimentos e apelos por
grupos e setores organizados da sociedade.
WEBtv, teleTV
e a Convergência Anunciada.
Resumo: Este trabalho pretende mapear as mudanças estruturais que estão ocorrendo na
televisão, a partir da sua relação triangular com as telecomunicações e com a Internet, no sentido
de uma convergência nestas mídias. Analisam-se – em termos globais e, quando possível, locais
- as movimentações das indústrias das comunicações, a reestruturação dos espaços econômicos
(globalização e concentração) e a adaptação dos modelos reguladores à realidade de mercado.
Às vezes o novo é um novo rosto para velhas faces; às vezes o antigo continua antigo com novo uso; às
vezes o novo foi apenas novo um dia; ou se trata de uma antiga tecnologia e de um homem novo; ou, finalmente,
é toda uma tecitura refletindo os novos tempos. Isso pode ser dito com referência à expressão novas tecnologias.
A verdade é que tanto o automóvel como o televisor, serviram de motor ao desenvolvimento do modelo fordista
de produção e ao desenvolvimento capitalista, no período posterior à II Guerra Mundial. E a chamada revolução
eletrônica serve agora de motor à reorganização deste modelo para sair das sucessivas crises que esse mesmo
capitalismo vem enfrentando desde a década de 70. O atual momento é de transição para um modelo pós-fordista
que reduz as barreiras espaciais e geográficas. Para que este modelo seja implantado, são necessárias alterações
profundas nas economias e nos modelos político-institucionais.
A transição por que passam as economias, os Estados e as instituições de dimensão global, também
ocorre nas comunicações. Conforme Manuel Castells:
“For all the science fiction ideology and commercial hype surrounding the emergence of the
so called Information Superhighway, we can hardly underestimate its significance. The
potential integration of text, images, and sounds in the same system, interacting from multiple
points, in chosen time (real or delayed) along a global network, in conditions of open and
affordable access, does fundamentally change the character of communication” (Castells,
1996, p. 328).
Essa convergência atual de tecnologias de distribuição de voz, dados, imagens e sons através da digitalização
da informação passam por diversas instâncias, seja a convergência de equipamentos de comunicação,
telecomunicações e informática; a convergência dos modelos de consumo de informação, entre comunicação de
massa e comunicação interativa; a convergência dos produtos das indústrias culturais em um único produto
multimídia; e a convergência da economia das comunicações que agrupa dois setores distintos –
telecomunicações e comunicação eletrônica de massa – mediados pela informática.
Propomo-nos, neste trabalho, a mapear o contexto em que algumas destas modalidades dessas
convergências que vem acontecendo, especialmente no Brasil. Em seguida, analisaremos as mudanças estruturais
- em termos globais e, quando possível, locais – que ocorrem na relação triangular da televisão com as
telecomunicações e com a Internet.
2
Essa análise terá como pano de fundo uma nova ordem mundial em que, a exemplo (e por incentivo) dos
Estados Unidos, os países da América Latina optam por uma quebra dos monopólios estatais de setores
importantes da economia. Nas comunicações, por exemplo, Argentina, Chile, México, Peru e Venezuela já têm
sistemas de telecomunicações completamente privatizados, sendo que o Brasil começou a completar, em 1999, o
seu processo de privatização com a licitação das empresas-espelho destinadas a concorrer com as empresas
sucessoras do Sistema Telebrás e finalizará o processo com a abertura total do mercado em 2002. Essas
experiências mostram, por outro lado, que a convergência das comunicações não pode ser analisada apenas em
função das inovações tecnológicas: as mudanças que a trouxeram à tona estão alinhadas ao modelo neoliberal, ou
pós-fordista segundo Harvey (1994), de desenvolvimento do capitalismo na busca de alternativas para a sua
manutenção. “Nesse contexto, a televisão, que tinha sido um dos motores do desenvolvimento fordista (Garnham,
1991) volta a assumir um papel importante, agora formando um conjunto dinâmico na economia, junto com as
telecomunicações e a informática” (Capparelli, Ramos; Santos, 1999, p. 10).
Telecomunicações e TV
Com as incessantes evoluções tecnológicas, a televisão gerou outra, com grande ímpeto comercial a
partir do final dos anos 70: a televisão por assinatura. E a televisão por assinatura se parece com essas bonecas
russas, trazendo dentro de si a possibilidade de desenvolver características híbridas ao contato com outras áreas
de produção, dela originando-se sempre novos serviços e novos produtos. Talvez ela deixe de ser nomeada como
televisão e passe a chamar-se cibertelevisão (Noam, 1995) porque estaríamos entrando na época da pós-televisão
(Piscitelli, 1998) ao oferecer serviços até então separados – como as telecomunicações, comunicação massiva e
transporte de dados – bem como outros produtos, a partir da dinâmica das mega-fusões. Ou então nem se chame
mais televisão, com a grafia completa, e seja um dispositivo novo – com um ‘nome-sigla’ como PCTV ou
MacTV, bem ao estilo dos nomes dos novos serviços que têm surgido nos últimos tempos como ATV e HDTV1 -
que esteja inserido em uma “cultura da virtualidade real” (Castells, 1996).
Considerado o último grande mercado do Ocidente ainda inexplorado, o Brasil tem, em qualquer das
modalidades de TV por Assinatura, uma significativa vantagem comparativa. O atraso ocorrido em relação a
outros países permite que as três modalidades - TV a Cabo; DTH (Direct to Home - transmissão direta por satélite
via sinais digitais); e MMDS (Multichannel Multipoint Distribution Service - transmissão por microondas)
estejam amadurecidas para serem aplicadas, em larga escala, em estágio avançado de seu desenvolvimento
tecnológico. Em outras palavras, a TV por assinatura chega ao Brasil no momento quase exato da convergência
entre as mídias de entretenimento, as telecomunicações e a informática, o que traz possibilidades adicionais de
negócios na exploração não só dos serviços de vídeo, como também de outros serviços digitais em ambientes de
banda larga.
Mais ainda, a televisão por assinatura no Brasil foi sendo implantada justamente com a reestruturação do
arcabouço institucional das comunicações brasileiras, tendo em vista o fim do monopólio estatal na telefonia
básica e comunicação de dados, bem como na exploração dos serviços de telecomunicações por satélites visando
uma regulação conjunta (convergente) de todos os serviços e meios de distribuição. Isto está abrindo
1
ATV (Advanced Television) – Sigla que designa a TV broadcast digital; HDTV (High-Definition Television) – TV de alta
definição, padrão de televisão digital que gera imagens mais nítidas e definidas.
3
efetivamente novos campos de atuação no mercado para os operadores de televisão por assinatura, já que os
serviços de vídeo que oferecem, em um cenário digital, convergem com outros serviços, particularmente com
aqueles que ora surgem em função do crescimento, no país, do número de usuários da rede mundial de
comunicações, conhecida como Internet. Em outras palavras, as mudanças das políticas normativas em curso
constituem importantes atrativos para uma indústria até bem pouco vista apenas como provedora de televisão
mediante assinaturas.
O ano de 1998 foi marcado por dois acontecimentos de extrema relevância para o novo cenário da
convergência das teles e TV. O primeiro deles foi a privatização do sistema Telebrás, que envolveu interessados
não só do meio das telecomunicações, mas também empresas de comunicação, até então trabalhando apenas o
conteúdo; já o segundo consistiu na crise mundial que elevou os juros e atingiu empresas brasileiras de
comunicação.
1. Uso crescente das cadeias de televisão e suas freqüências para oferecer serviços de transmissão de
dados, muito próximos daqueles oferecidos pelos serviços de telecomunicação. A RAI, italiana, e a BBC,
inglesa, transmitem as cotações diárias da bolsa; a Redevisión, da Espanha, aproveita as redes de
televisão para oferecer serviços de telecomunicações;
2. O crescimento dos canais de televisão, que cobram pelo serviço oferecido, baseado no consumo,
como os programas de televisão próximos ao modelo oferecido pelas telecomunicações (pay-per-view).;
3. O desenvolvimento de redes de distribuição televisiva por cabo, que em alguns países como
Bélgica e Holanda alcançam quase 90% das famílias, e a licença para o uso dessas redes no serviço
telefônico, como acontece no Reino Unido e acontecerá no Brasil a partir de 2002.
Na recente privatização do Sistema Telebrás, o grupo Globo, associado à poderosa AT&T, pretendia
adquirir a maior operadora regional à venda: a Telesp. O grupo perdeu, no leilão, para a Telefónica Internacional
(associada ao grupo brasileiro de comunicações Rede Brasil Sul - RBS). Mesmo assim, o grupo adquiriu as
concessionárias de telefonia celular Tele Celular Sul (por R$ 700 milhões) e a Tele Nordeste Celular (por R$ 660
milhões junto com dois parceiros: a Telecom Itália e o banco Bradesco).
Outras empresas de comunicação têm interesses em telecomunicações no Brasil. A CRT, do Rio Grande
do Sul, teve seu capital comprado por um consórcio que envolvia a RBS e a Telefónica Internacional. A RBS
participou também da telefonia celular na Banda B com os consórcios BCP e BSE. Ao mesmo tempo, os grupos
jornalísticos Folha da Manhã e O Estado de S. Paulo participaram de outros consórcios, todos eles mesclando
operadoras internacionais, bancos nacionais e estrangeiros, além de empresas de equipamento2.
2
Os fabricantes de equipamentos já estão presentes em duas operadoras independentes da banda A que abriram recentemente
seu capital: Ceterp de Ribeirão Preto-SP, Motorola; e Sercomtel de Londrina-PR, Ericsson.
4
veio fazer frente ao grupo local Clarín na divisão deste mercado convergente. Os dois grupos têm negócios em
diversos setores das comunicações. São as ‘teles’ caminhando para as ‘TVs’.
No Brasil, esta movimentação também começa a ocorrer principalmente com a Telefónica Internacional,
que, além da Argentina, também atua na América Latina no Chile, Peru, El Salvador, Porto Rico e Venezuela. A
Telefónica, que no Brasil adotou a marca Telefonica sem acento gráfico nenhum, já está associada ao grupo RBS3
em telecomunicações e no provimento de Internet. O grupo também tem investido em redes digitais de banda
larga nas operadoras de telecomunicações que detém no país. Acredita-se que, assim que estiverem restritas as
barreiras legais para a propriedade cruzada, o grupo é um forte candidato a entrar no setor de TV por assinatura
como ocorreu na Argentina. Mais ainda: uma vez superada a barreira constitucional que impede a entrada do
capital estrangeiro nas empresas de jornalísticas e de radiodifusão – há emenda constitucional tramitando no
Congresso nesse sentido -, o grupo espanhol deverá ser forte candidato a assumir o controle de uma rede de TV
aberta no Brasil. Este cenário sinaliza uma convergência efetiva dos setores de telecomunicações e comunicação
de massa no Brasil.
Internet na TV e TV na Internet
Estamos trilhando, neste momento, um caminho onde ocorre não apenas a convergência tecnológica de
setores distintos, mas, também, convergências econômicas e políticas. Enquanto Henry Ford foi o símbolo de um
modelo de capitalismo industrial - no qual a produção e o consumo massivos foram regulados através do ‘Estado
de Bem Estar Social’- , Bill Gates é o símbolo de uma nova forma de capitalismo convergente caracterizado pela
3
A relação RBS/Telefonica está marcada pelo episódio de conflito, ocorrido na privatização do Sistema Telebrás. Este
episódio serve para exemplificar como os oligopólios internacionais, que se fortalecem com o pós-fordismo, podem
desestruturar as estratégias dos oligopólios nacionais no setor. Poderia se dizer que a RBS, ao se associar à Telefónica,
estava alavancando não só a sua participação no setor de telecomunicações como também a sua inserção no mercado
globalizado das comunicações. Esta conjectura, porém, adquire outros contornos se compararmos as intenções das
empresas brasileiras no setor de telecomunicações e os resultados de privatização do Sistema Telebrás. No mercado
nacional existia uma espécie de acordo informal entre a Rede Globo e a sua afiliada RBS que delimitava geograficamente a
atuação dos grupos no setor de telecomunicações: a RBS se concentraria na região sul e a Globo no centro do país. Desta
forma, na divisão do Sistema Telebrás em três empresas de telefonia fixa, uma de longa distância e oito de telefonia celular,
interessava à RBS, a aquisição da Tele Centro Sul; e à Globo, a Telesp, a Telesp Celular ou a Tele Sudeste Celular (Rio de
Janeiro e Espírito Santo). A intenção estratégica das duas empresas foi desarticulada a partir da aquisição, pela holding Tele
Brasil Sul, da Telesp, por R$ 5,78 bilhões contra os R$ 3,965 bilhões ofertados pelo consórcio formado pela Globopar, o
Banco Bradesco e a Telecom Itália. O lance pela Telesp foi definido sem o conhecimento da RBS. A reação do presidente
do grupo foi instantânea: “Eu me retirei, foi um choque”, disse Nelson Sirotsky ao jornal Folha de São Paulo um dia depois
do leilão (Souza, 31 jul. 1998, p. 1-6). Com a aquisição da Telesp, legalmente, a empresa ficou impossibilitada de concorrer
ao leilão da Tele Centro-Sul, vencido pela Solpart Participações – banco Opportunity, Telecom Itália e fundos de pensão.
Do outro lado, o consórcio que incluía a Rede Globo perdeu também a Telesp Celular para a Portugal Telecom (parceira da
Telefónica) e acabou ganhando a Tele Celular Sul. Desta forma, em vez de solidificar a participação da RBS no mercado de
comunicações da região sul, a parceria com a Telefónica funcionou inversamente: serviu de base para a entrada da
operadora global no país e restringiu a expansão da RBS. Esse episódio, além de estremecer as relações entre as duas
parceiras, abalou profundamente o planejamento da RBS.
5
re-regulamentação que vem ocorrendo nos últimos anos. Assim, argumenta-se que estamos em transição de um
fordismo a um “gatecismo”.
Para o canadense Gaetan Tremblay (1995), a relação entre estes modelos não é, necessariamente,
interpretada como um rompimento radical entre uma sociedade industrial e uma nova sociedade da informação,
mas, ao contrário, deve ser compreendida dentro da estrutura de uma dinâmica específica do capitalismo. “These
changes nevertheless translate into a shift from one mode of organization to another, from one production and
consumption norm to other production and consumption norms (...) the search for new modes of social regulation
is part of this process of change”” (p.25).
Além da programação tradicional de vídeo e áudio, home banking, home shopping, telefonia, tele-
conferências e Internet são serviços que agora podem ser oferecidos tanto pelas operadoras de televisão por
assinatura quanto pelas de telecomunicações. A atual legislação brasileira de cabodifusão limita as operadoras de
televisão a cabo a oferecerem apenas vídeo e áudio, mas permite a locação do excedente da capacidade das suas
redes para operadoras de telecomunicações. No caso das operadoras de telecomunicações, elas estão proibidas de
operar qualquer modalidade de televisão, broadcasting ou por assinatura, e sua atuação está limitada às áreas
geográficas definidas no processo de privatização até 2002.
Mas estas restrições estão muito perto de serem eliminadas. A recente proposta de “Regulamento para
Utilização de Redes de Distribuição de Serviço de Comunicação Eletrônica de Massa por Assinatura para o
Provimento de Serviços de Valor Adicionado" aprovada pela Resolução 190, de 29 de novembro de 1999, pela
Anatel, já liberou os operadores de televisão por assinatura ao provimento de Internet, um serviço de
telecomunicações de valor adicionado (SVA). Como a TV a cabo está regulada por ato normativo (Lei 8.977)
distinto dos outros serviços por assinatura, como MMDS e DTH, a Anatel está preparando novas regras para o
setor, unificado pela denominação de Serviço de Comunicação Eletrônica de Massa por Assinatura (SCEMa).
Ainda para o ano de 2.000 também estão previstas: a) a votação de projeto de lei para a abertura do
capital das empresas de televisão broadcasting para estrangeiros, observando o limite de 30%; b) a
regulamentação para a digitalização dos serviços de MMDS; e, c) a finalização do processo de licitação para as
espelhinhos, que abrem o mercado de telefonia fixa para novos operadores (o edital proíbe a participação das
concessionárias já existentes e as espelhos). A futura regulamentação convergente compreende também as novas
tecnologias que foram recentemente testadas no país como o LMDS (Local Multipoint Distribution System),
também chamado de LMCS (Local Multipoint Communications System) ou BWA (Broadband Wireless Access);
e a televisão digital, cujos testes foram realizados por 17 empresas de comunicação brasileiras, e o relatório final
foi tornado público, em julho de 2.000, para comentários (Anatel, 2000).
A partir da digitalização, grandes transformações estão ocorrendo tanto na TV quanto na Internet. Duas
possibilidades de mudanças são possíveis: pode-se levar a Internet para a TV, tornando-a navegável através do
controle remoto; ou o contrário, fazer com que os canais de televisão sejam possíveis de serem assistidos via
Internet, na tela do computador.
Internet na TV
Além dos acordos entre empresas para uma convergência econômica, há também a convergência
tecnológica de equipamentos. Em termos de equipamento – hardware - as principais estrelas tecnológicas
6
surgidas no final da década de 90, os cable modem e os set-top boxes, estão sendo implantadas pelas principais
global traders.
O cable modem, como o próprio nome indica, é um dispositivo que converte informações enviadas pelo
computador em sinais elétricos que depois são recebidos por um dispositivo equivalente que converte os sinais de
novo em dados. Inicialmente um modem, abreviação de modulador-demodulador, usa apenas a linha telefônica
para transferir as informações numa velocidade média, de 56kbps de acordo com a capacidade das principais
marcas oferecidas pelo mercado. O cable modem transmite estas mesmas informações por cabos de fibra ótica,
sendo seu principal atrativo a velocidade com que os dados chegam a casa do usuário: 30Mbps, em condições
perfeitas (sem ruídos e com uma estrutura dedicada exclusivamente para o seu uso), e 2 Mbps. Enquanto os
modems telefônicos são transmitidos na medida de mil bits por segundo – Kbps, os cable modems vêm com o
incremento dos milhões de bits por segundo – Mbps.
Já o set-top box é um dispositivo de interface entre a rede (de cabos) e o televisor do assinante. Uma
espécie de conversor que permite o acesso à Internet, transmissão de dados, video on demand entre outros. Um
usuário pode, através da sua televisão, ao mesmo tempo enviar e-mails e assistir ao Jornal Nacional, por
exemplo, conectando-se a qualquer provedor de acesso ou ao provedor da própria empresa de TV a cabo.
Este equipamento permitiria, por exemplo, que um telespectador assistindo a uma cena da novela Laços
de Família, na qual a personagem Íris está galopando seu cavalo e ouvindo música pelo headphone, possa, ao
mesmo tempo, acessar o portal Globo.com. No portal, este usuário poderia clicar no link para Íris, dentro da home
page da novela, e deparar com cinco opções: 1) a personagem (histórico, e-clip interativo onde o usuário pode
editar online as cenas já mostradas com participação da atriz); 2) a atriz Deborah Secco (biografia, dados sobre a
personagem, video-on-demand dos filmes estrelados, entrevistas); 3) a fazenda (localização no interior do Rio
Grande do Sul, a cultura local, propriedades disponíveis para compra na região); 4) o cavalo Vilão (a raça manga
larga; chat com o treinador; disponibilidade para inseminação artificial); e, 5) Arquivos em MP3 para download
da trilha sonora relativa à personagem. Tudo isso em tempo real, com qualidade de TV e velocidade de 30Mbps.
No momento, os provedores brasileiros de conteúdo para a internet ainda não oferecem este nível de
integração com a programação televisiva. Tecnicamente, o maior impedimento para que isto ocorra se localiza
nas redes. Enquanto os equipamentos de ponta permitem, em tese, tamanha velocidade e capacidade, o caminho
percorrido é ainda uma mistura de redes ópticas e coaxiais, de par de fios trançado, além de redes sem fio de
baixa velocidade. É por isso que, mesmo assinando uma linha ADSL de 256kbps, a velocidade média de
download atingida é de 100kbps. Há um hiato entre as tecnologias possíveis (e já disponíveis no mercado
brasileiro, como podemos ver no quadro a seguir) e a viabilidade da universalização da banda larga, que pode
levar ainda muito tempo, dependendo da modernização das redes.
4
Obtido em Mermelstein, 2000.
7
O ano de 2000 iniciou com a criação do maior conglomerado mundial de comunicações: o AOL Time
Warner. No dia 10 de janeiro foi anunciada a compra da Time Warner6 pelo maior provedor de Internet do
mundo, AOL7, em uma negociação que envolveu, segundo o boletim Assesso Com, US$ 166 bilhões. Ainda
segundo o boletim, o conglomerado “nasce com um valor de mercado de US$ 350 bilhões e deve gerar uma
receita de US$ 40 bilhões anuais... Juntas, as empresas reúnem 36 revistas, entre elas a Time, os canais de TV a
cabo CNN, HBO e Warner Group e as marcas Netscape, People e Looney Tunes” (Assesso Com, 12 jan. 2000).
Esta fusão ainda depende da aprovação das agências reguladoras FCC (Federal Communications Comission), das
telecomunicações; FTC (Federal Trade Comission), do comércio; e pela divisão antitruste do Departamento de
Justiça dos Estados Unidos, mas, levando em conta a sua natureza e o volume dos valores financeiros envolvidos,
ela já configura o negócio mais expressivo já realizado em relação à convergência da TV com a Internet.
5
Modems atuais. A rede tem capacidade para até 30 Mbps.
6
“Time Warner, com 16 anos de existência, tem 20 milhões de usuários e um valor de mercado de US$ 121 bilhões. De
imediato, a associação reúne 120 milhões de leitores de revistas, 35 milhões de assinantes da HBO e 13 milhões de
residências assinantes da AOL” (Assessocom, 12 jan. 2000).
7
“Fundado em 1985, o provedor tem 22 milhões de usuários e um valor de mercado de US$ 169 bilhões” (Assessocom, 12
jan. 2000).
8
Outro exemplo de grande porte ligado à convergência entre a Internet e a TV é um conjunto de acordos e
negócios de gigantescas empresas norte-americanas e japonesas. Voltaremos a falar sobre as ações da Microsoft.
Desde 1991 a empresa vem pesquisando para criar a TV digital. O primeiro resultado destes esforços foi o
Windows CE, consumer electronics ou eletrônica de consumo. Em 1993 Bill Gates já estava conversando com a
TCI, Time Warner, AT&T e outros grandes das telecomunicações sobre a formação de uma joint venture para o
lançamento da televisão interativa. O máximo ao que se chegou foi a testes que nunca ultrapassaram a fase
laboratorial. A transição da televisão convencional para a interativa não aconteceria da noite para o dia. Os testes
desenvolvidos pela Time Warner deixavam isso bem claro. Na tentativa de oferecer para 4 mil assinantes de TV a
cabo alguns jogos online, filmes on demand e pedidos de pizza por meio do controle remoto, a empresa deparava
com grandes dificuldades técnicas. Os set-top boxes apresentavam um custo de US$ 8 mil para serem produzidos,
e só a criação do aplicativo para a solicitação de pizza precisou de meses de trabalho e centenas de milhares de
dólares de investimento.
Tratando-se de negócios entre grandes empresas e convergência, não podemos deixar de falar também
na WebTV. Certa noite, quando estava navegando na Internet, Steve Pearlman, um ex-executivo da Apple,
decidiu verificar se seria possível transferir uma página do seu monitor de vídeo para a TV. A idéia deu certo e
Pearlman criou a WebTV, uma empresa que chamou a atenção de Bill Gates em pouco tempo. Em semanas, a
Microsoft comprou a WebTV em um negócio de US$ 425 milhões. De acordo com pesquisas da própria empresa,
as pessoas passam 2,5 vezes mais tempo online navegando pela TV do que pelo computador. Acredita-se que isto
aconteça por causa da familiaridade existente com o aparelho televisor. O sistema WebTV somente inclui um
aparelho set-top de US$ 199 que liga-se à TV. Logo depois da compra da WebTV pela Microsoft, a Sony e a
General Instrument, duas das maiores empresas produtoras de aparelhos eletrônicos do mundo, entraram em
conversação para incluírem-se no negócio.
Comercialmente, a Internet surgiu, no Brasil, em 1995. Ela situa-se, até agora, na “era da pré-
convergência”, de que fala Garnham (1996), caracterizada pelo fato de as redes físicas e a sua regulamentação
estarem ainda separadas entre telecomunicações e cabodifusão.
A Anatel começou a eliminar estas restrições com o Regulamento de Testes para Serviço Adicionado,
publicado em dezembro de 1998, que autorizou as operadoras de televisão por assinatura a realizarem
experiências com cable modems até junho de 1999. Para garantir o caráter público das redes, previsto na Lei
8.977, e coibir a possibilidade de monopólio, a Anatel exigiu que estes testes fossem feitos em conjunto com três
provedores de Internet no mínimo. As principais MSOs8 brasileiras já vinham fazendo testes com cable modems
antes da liberação da Anatel. A RBS vem estudando duas tecnologias, a da Nortel, na Net Sul, e a da Terayon, na
Globo Cabo.
O interesse na regulamentação dos serviços convergentes, ou multimídia, pode ser observado pelo
número de comentários enviados à Anatel durante o processo de regulamentação do SVA, que esteve em consulta
pública entre setembro e outubro de 1999. Das 21 propostas de regulamento elaboradas pela agência, no ano de
1999, esta foi a que obteve recorde de comentários com 86 contribuições. O maior número de contribuições
registrado neste ano havia ocorrido, em abril de 1999, com 41 contribuições à Proposta de ‘Regulamento sobre a
contratação de serviços e aquisição de equipamentos ou materiais pelas Prestadoras de Serviços de
Telecomunicações’ (Consulta Pública n. 118/99, Anatel, 2000). Outra característica importante da Consulta
Pública para o SVA (n. 176) é o alto índice de participação dos usuários de Internet. Das 86 contribuições
recebidas, 36 pertenciam a empresas dos setores de informática e/ou comunicações, advogados e entidades da
sociedade civil ou dos setores envolvidos e as 50 contribuições restantes pertenciam a pessoas físicas. Durante o
ano de 1999, foi observado que, além desta, apenas uma consulta pública obteve contribuição de também apenas
uma pessoa física (n. 150, Proposta de Regulamento sobre Canalização e Condições de Uso de Radiofreqüências
da Faixa de 10,5 GHz).
O evidente interesse dos usuários em utilizar os serviços de Internet em banda larga, aliado à
possibilidade de utilizar a capacidade extra da estrutura de distribuição, à crença na massificação da Internet e no
ambiente competitivo que está sendo formado no país, impulsionam os investimentos das empresas de
comunicação na viabilização do oferecimento de Internet pelo cabo.
Comercialmente, o serviço já é oferecido, desde setembro de 1998, pela Net Londrina, sob o nome de
Zapp Channel. Este sistema utiliza o cable modem para a transmissão dos dados sem a bidirecionalidade no cabo,
ou seja, o retorno era por linha telefônica. Desta forma, a operadora podia oferecer um serviço mais rápido de
acesso mas não esbarrava nas restrições legais existentes para as operadoras de cabo. Um serviço equivalente,
chamado de Ajato foi lançado, em julho de 1999, pela TVA, do grupo Abril.
Após a aprovação da Resolução n. 190, no final de 1999, os serviços estão se multiplicando. Em julho
de 1996, o grupo RBS, terceiro maior grupo nacional de comunicações, transmissora da Rede Globo no Rio
Grande do Sul e Santa Catarina, comprou um provedor de Internet, a Nutec. Este provedor transformou-se, nas
mãos da RBS, na Nutecnet, o segundo maior provedor de acesso à Internet do país, com 190 mil assinantes e
franquias em 83 cidades de todas as regiões do país em 1998. A Nutecnet, posteriormente transformada em ZAZ,
8
O conceito de MSO usado neste trabalho refere-se às várias modalidades de TV por assinatura operadas por um único grupo.
Este conceito amplia o espectro da definição usual do termo para designar as empresas que possuem ou operam mais de um
sistema de TV a cabo ou MMDS.
10
também agrega um provedor de conteúdo (ou portal, como estão sendo chamados estes provedores mais
recentemente), criado em dezembro de 1997. Atualmente o ZAZ está incluído no portal Terra que agrupa todos
os provedores da Telefónica de España no mundo. A RBS, originalmente interessada em produzir notícias e
diversão, enfim, conteúdo, demonstrou mais uma vez interesse na estrutura tecnológica ao associar-se à maior
empresa de software mundial, a norte-americana Microsoft, no final de 1997, oferecendo no ZAZ o serviço de
informação MSNBC, joint venture entre a Microsoft e a rede americana de televisão NBC. Ainda no setor de
informática, a RBS é proprietária da ADP Sistemas, que opera no setor de software.
Em junho de 1999 a Telefônica Interativa, pertencente à holding Telefónica Internacional, adquiriu 51%
do ZAZ. Esta movimentação insere a Telefónica, uma empresa de telecomunicações, no mercado de Internet
brasileiro e também serve para aumentar os investimentos neste portal, que faturou, em 1998, US$ 23 milhões,
para competir com o Universo Online – UOL, líder no mercado.
A entrada das chamadas global traders no setor de Internet brasileiro começa a ocorrer com esta
aquisição. O UOL, maior provedor privado de acesso à Internet da América Latina, com 400 mil assinantes,
também anunciou recentemente que está procurando um parceiro internacional. O UOL é o site em língua
portuguesa mais visitado no mundo, com uma média de 100 milhões de páginas acessadas por semana, estando
na mesma marca que a gigante mundial de comunicação CNN e superando sites como a Disney (17,25 milhões).
Além disso, também em junho de 1999, o site de busca Yahoo!, já instalado em 18 países nos últimos
anos e que tinha, nesta data, uma média de 60 milhões de usuários mensais em todo o mundo, montou um
escritório no Brasil e um site em português. Assim como aconteceu nos outros países da América Latina,
especialmente na Argentina, essas global traders, que inicialmente entraram nesses países participando da
privatização das telecomunicações, tomam seu lugar no Brasil, num mercado de comunicações marcado pela
convergência.
Além de provedores próprios, alguns grupos brasileiros já estão oferecendo o serviço de Internet por
cabo. A Net Sul (também de propriedade da RBS até junho de 2.000) esteve, desde 1997, estudando a tecnologia
da empresa americana Nortel e aguarda a autorização da Agência Nacional de Telecomunicações, para iniciar os
testes de telecomunicações em redes de cabo com a interconexão à rede pública (PAY-TV, 24 jun. 1998). Além
da Net Sul, o uso das redes de TV a cabo para Internet e outros serviços de dados esteve sendo testado desde
1998, também nas cidades de Londrina-PR, Vitória-ES e Sorocaba-SP.
Outro grande player nacional que está operando cable modems e set-top boxes é a Rede Globo,
proprietária da GloboCabo – empresa de cabodifusão. Em maio de 1999, 320 residências em Sorocaba-SP
utilizavam experimentalmente o serviço Virtua, o primeiro serviço bidirecional de cable modem no país, que
utiliza os softwares da Microsoft, Windows NT, associados ao MS Comercial Internet System (MCIS), um
pacote de aplicativos para serviços Web. O serviço foi comercialmente implantado no segundo semestre de 1999,
a partir da venda de 20% da Globo Cabo S.A., para a Microsoft. A empresa investiu US$ 126 milhões na
operadora de TV a cabo.
No ano 2.000 o grupo Globo, que já era o maior grupo brasileiro de comunicação, passa a deter também
a maior operadora de TV a cabo e serviços de banda larga da América Latina. Esta transformação teve início em
fevereiro com a aquisição, pela holding Globo Cabo S. A., da Vicom S. A., empresa que opera serviços limitados
11
No dia 20 de junho um novo acordo, envolvendo US$ 734,7 milhões, foi anunciado. A Globo Cabo S.A.
assumiu o controle da Net Sul, empresa que anteriormente pertencia à RBS, 90%, e à própria Globo Cabo, 10%.
A Net Sul, detém na região sul do país: 308,6 mil assinantes de TV por assinatura; 1.125,4 mil domicílios
cabeados; renda líquida de R$152,6 milhões, em 1999; e sua rede de cabos possui a extensão de 9.060km, sendo
57% na faixa de 750MHz. Com a fusão a Globo Cabo passou a possuir 1,4 milhão de assinantes, cobertura de
seis milhões de domicílios, receita líquida anual superior a R$830 milhões e mais de 33 mil quilômetros de rede
de cabos (Globo Cabo S.A., 2000). Em contrapartida, pela passagem do controle das ações da Net Sul, a RBS
passou a deter 16,85% da Globo Cabo S.A. como pode ser observado na figura a seguir.
Bradesco
7,75% Globo Cabo S.A.
Microsoft
7,69%
Televisão na Internet
No início de 1998, a Microsoft, comprou 11% das ações da Comcast, a quarta empresa de televisão a
cabo dos Estados Unidos, investindo mais de um bilhão de dólares no negócio. Na realidade, já é possível assistir
12
à TV pela Internet. Muitos canais oferecem páginas extremamente completas sobre os assuntos que estão
abordando, e, mais do que isso, arquivos com reportagens já apresentadas, entrevistas, ou mesmo a apresentação
ao vivo de alguns programas (é o caso da Rede Globo, da MTV ou da TV Cultura).
Para os usuários da rede, conectados via ligação telefônica, a qualidade da imagem e do som é ainda
precária. Não se tornou algo usual assistir televisão pela Internet, mas verifica-se uma movimentação de
investimentos, testes e pesquisas nesse sentido. No Brasil, as operadoras Telefonica e CBTC Telecom oferecem o
serviço de ADSL (Assimetrical Digital Subscriber Line), onde o fluxo de dados é feito através da rede de cabos
de cobre, não necessitando de rede de fibra ótica, com velocidade de até 8Mbps. Além destes serviços, a Anatel
está preparando um novo regulamento de banda larga wireless, utilizando microondas através da tecnologia
BWA9 que já foi testado, até 1996, pelas seguintes companhias: AG Telecom, Globosat, Sulitel/RBS, TVA e
Global-Tel. Os usuários brasileiros vivem, no momento, uma situação híbrida entre os modems analógicos de
56Kbps e a proximidade do serviço wireless com até 100Mbps.
O site da revista Pay TV disponibilizou recentemente um relatório sobre Internet em banda larga onde
afirma-se que, até o final de 2.000, a norte-americana Hughes iniciará no Brasil a comercialização de um serviço,
chamado DirecPC, que, através de satélite, oferece acesso à internet, transferência de arquivos em alta velocidade
e transporte de vídeos e arquivos multimídia. Segundo a revista “nos Estados Unidos, o DirecPC é utilizado
preferencialmente por usuários domésticos para acesso à Internet. A empresa tem uma base de 60 mil clientes,
que podem contratar links de 256 kbps e 400 kbps para download, que custam, em média, US$ 20,00 e US$
40,00 mensais, respectivamente” (Cristoni, 2000).
Isso nos possibilita introduzir uma outra convergência, em pleno desenvolvimento mas ainda com uma
evolução imprecisa: a dos chamados portais. São sites na Internet, propondo informações do dia, meteorologia,
coberturas de acontecimentos ao vivo, guias de turismo multimídias, localizadores - seleção de sites Web com
palavras-chaves. Aqui as posições ficam invertidas. Poderíamos dizer que, ao contrário do exemplo anterior,
9
Esta foi a terminologia adotada pela Anatel. O mesmo serviço também é chamado de LMDS e LMCS.
10
Novas tecnologias, como LMCS, poderão atingir mais de 100 Mbps no download.
Fonte: “Residential Broadband”, ADSL Forum, Dataquest, Intel. Teletime. Obtido em: Mermelstein, 2000.
13
trata-se de um computador que hospeda a televisão. Claro, é uma tecnologia recente, desenvolvida há muito
pouco tempo e que agora se materializa nos empreendimentos da Disney e NBC nos Estados Unidos, associados
respectivamente à Infoseek e Snap. Apenas como exemplo fora dos Estados Unidos, podem ser citados, na
França, as iniciativas do canal TF1, France Télévision e France Telecom. E, no Brasil, existem portais como o
Ajato que oferece conteúdo em banda larga desde o início de 2.000, o Media Cast, da LabOne, que oferece vídeos
exclusivos para a Internet que incluem shows de jazz, boletins jornalísticos, entrevistas e traillers de filmes
brasileiros, ou a MTV com um e-clip que pode ser editado pelo usuário.
Colocar de um lado exemplos franceses e do outro, exemplos norte-americanos, mostra uma imprecisão
sobre essas tecnologias e empreendimentos mundializados. O que se observa é a impropriedade de se falar de
investimentos por país quando os negócios se globalizam. O jornal Libération, por exemplo, analisando o caso
francês, fala na iniciativa de TF1, procurando trazer a Internet para o monitor, mas, ao mesmo tempo, produzindo
programas a serem oferecidos exclusivamente pela Internet. A reportagem discute também a contratação feita
pela France Télévision de um profissional até então responsável pelo setor de multimídia da France Telecom.
Como se vê, também as atividades profissionais se embaralham.
As alianças entre grupos nacionais e internacionais mostram que fora dos Estados Unidos geralmente
acontecem alianças de grupos locais com empresas dos Estados Unidos. No exemplo que vínhamos seguindo,
têm-se a aproximação da AOL/Compuserve da França, filial comum de Canal e de Cegetel, lançando o portal
aol.fr, que já experimenta grande sucesso nos Estados Unidos. Finalmente - e aqui uma espécie de convergência
cruzada - a empresa France Telecom criando o portal Voila, apontando a falta de limites definidos entre as
atividades de telecomunicações, Internet e televisão.
A lógica dos portais é, sobretudo, econômica, numa Internet caracterizada pela gratuidade do conteúdo
oferecido ao usuário. Não estamos nos referindo a bancos de dados e outro tipo de informações estratégicas.
Falamos em sites enquanto entretenimento, noticiário, cobertura ao vivo etc. Mesmo o New York Times que
antes cobrava uma mensalidade pela sua versão eletrônica, voltou a oferecer acesso gratuito aos seus serviços,
cobrando apenas por certos artigos classificados.
No caso dos portais, a estratégia é reunir em um mesmo site o maior número possível de usuários e, a
partir daí, cobrar de empresas pela publicidade veiculada. Não se cria assim uma dispersão muito grande dos
investimentos publicitários que, de outra forma, estariam divididos entre milhões de sites. São justamente esses
“supersites” os chamados portais, face oposta da WebTV, ou melhor, outro tipo de convergência ou de negócio,
cuja evolução ainda não é de todo conhecida mas que já movimenta milhões de dólares. No Brasil, alguns dos
principais portais, Universo Online - UOL, Terra, Globo.com, Ajato e SBT Online - SOL, têm origem em grupos
tradicionais de comunicação – Grupo Folha; RBS, Rede Globo, TVA e SBT, se bem que esses portais ainda são
uma incógnita econômica.
Perspectivas
Garnham (1991) e Richeri (1995) estão certos ao afirmarem que estamos vivendo uma fase de transição
na comunicação eletrônica de massa. Tínhamos (temos) um modelo de televisão, ainda predominante, que é a
televisão massiva; passamos por uma transição, caracterizada pela televisão por assinatura e as novas linguagens
dos mídias; e nos aproximamos de um outro tipo de televisão, que pode ser chamada interativa, cibertelevisão,
14
televisão pós-fordista, ou gatecista (Tremblay, 1995) ou, conforme autores mais radicais, pós-televisão, ou seja,
um misto de televisão e de computador.
Apesar da globalização da economia, a convergência das teles e das tevês no Brasil é fato singular. A
televisão a cabo é um exemplo ainda mais claro dessas diferenças. Não se trata, por exemplo, de uma repetição
no Brasil do que aconteceu na Argentina, mesmo que o guarda-chuva do neoliberalismo seja parecido. Em outras
palavras, o sistema de televisão a cabo começou muito mais cedo na Argentina porque, diferentemente do caso
brasileiro, os militares argentinos não haviam dotado aquele país de um moderno sistema de telecomunicações,
de modo a permitir a chegada dos sinais de televisão a todos os recantos do país. Mas, por outro lado, a
Argentina, bem como outros países da América do Sul, vive, nos últimos anos, o completo domínio das empresas
estrangeiras no setor de televisão aberta ou por assinatura. Diferentemente, os militares brasileiros - com as
intenções ‘fordistas’ de propiciar a ligação do país, através de um sistema de telecomunicações unificado e
avançado, e de aliar-se a um grupo de televisão que funcionasse como uma espécie de porta-voz do Estado -
acabaram propiciando uma estrutura tecnológica e econômica local de comunicações mais preparada para o
cenário convergente que está sendo delineado nos moldes pós-fordistas ou gatecistas.
Se o cenário da convergência das teles e da TV está a caminho da consolidação, o mesmo não acontece
nas aproximações entre a televisão e a Internet. No primeiro caso – teles e TV - as tecnologias e o volume de
capitais estão permitindo a construção desse cenário dentro do próprio país, com a participação de gigantes
internacionais como a Telefónica ou, no caso da televisão por assinatura, com o aporte de capital e experiência
das indústrias culturais globalizadas, do setor financeiro e de grupos nacionais. No segundo caso, envolvendo a
Internet e a televisão, é diferente. Isso porque a televisão na Internet ou a Internet na televisão ainda estão nos
seus primeiros passos. E as maiores experiências acontecem em outros cenários que não o Brasil. Porém, os
investimentos dos grupos locais ou o interesse de grandes provedores internacionais no mercado brasileiro
mostram que esse será um locus privilegiado para aplicação e reprodução do capital, num mundo globalizado sob
a grande rede.
15
Referências
____________. Condizioni di base per l’affermazione dei nuovi media. Media Mente: trasmissione televisiva e
telematica sui problemi della comunicazione. Roma: Biblioteca digitale/intervista, 12 jan. 1996.
<http://www.mediamente.rai.it/home/bibliote/intervis/r/richeri02.htm>.
ROSE, Frank. The televisionspace race: forget the browser. (Bill Gates has.) Microsoft wants to be in the box.
Wired. n. 6. abr. 1998. <http://www.wired.com/wired/6.04/features>.
YANUZZI, Maria A. Algunos aspectos del neoconservadorismo político. In: Revista la Línea de Sombra.
Rosário: Universidad Nacional de Rosario, n. 2, inv. 1992.
ZANATTA; Carlos Eduardo; Ramos, Raquel. MMDS e LMCS: Regulamento brasileiro é convergente. Pay TV.
Tutorial disponível no site. <http:// www.paytv.com.br/mercado/tutorial/index.htm>.
APOSTILA
1
Art . 119 . A p e rmi ss ão se r á p re cedi da d e p ro cedi mento li citató rio simplificado ,
in st au rado p el a Ag ên cia , no s t ermo s po r ela reg ul a dos , r e s sa l v a d o s o s c as o s d e
in exi gibil ida de p revi stos no art . 91 , ob se rvado o di spost o no art . 92 , d est a Lei .
2
Art . 19 . À Ag ên ci a com p et e ado t ar as medid as n eces s ári as p ara o at end i mento do
in t ere sse púb li co e pa ra o d esenvol vi mento d as t elec o muni ca çõe s b ra si lei ra s,
a tuando co m ind epend ênci a, imp a rci al id ad e, leg al id ade, i m pessoal id ad e e
publ i cidad e, e esp ecialme nt e:
X V – r e ali za r bu s ca e ap r een s ão d e b ens no â mbi to d e sua c o mp etên cia .
3
I V – exp edi r n o rm as g er a is qu anto à out o rg a, p r es t ação e f rui ção do s s e rvi ços d e
t ele co muni ca çõ es no regi me públi co;
X – expedi r no rmas sob re p rest aç ão d e se rvi ços d e t el eco munic açõe s no regi me
p riv ado;
4
A r t . 2 2 . C o m p et e ao C o n se l h o Di re t o r:
II – ap rova r no rmas p róp ri as de licit aç ão e contra taç ão;
Artigo 59 5: sem redução de texto, dar interpretação
conforme a Constituição para fixar a exegese segundo a
qual a contratação há de reger-se pela Lei nº8.666/93, ou
seja, considerando-se como regra o procedimento
licitatório.
5
Art . 5 9 . A Agên ci a pod erá utili za r, medi ant e cont rato , té cni cos ou emp resa s
e sp eci al i zada s , inclu s iv e consult o res independ ent es e au dito res e xt e rnos, p ara
e xe cut ar ati vid ades d e s ua co mp etê nci a, ved ad a a cont rata ção p a ra as ati vid ad es d e
fi sc ali zação, sa lvo p ara a s co rre spond ente s ati vid ades d e apoio .
6
Sup re mo Tribunal Fe d eral , Qu est ão de Ord e m na Aç ão Di ret a de
In consti tu cion alidad e n º 711 / AM, re lato r M inist ro Né ri d a Silv ei ra , a có rd ão
publ i cado no DJ d e 11 .06 .1993 , p ági n a 11 .529.
por meio de particular, que é remunerado necessariamente pelos usuários
do serviço.
7
DI PIE TR O, M ari a Sylvi a Zan ella . Par c eria s n a Ad minis t raç ão Púb li ca: conc es s ão ,
p e rmi ss ão , f ranqui a, t ercei riz aç ão e out ras fo rmas, 4ª edi ção , Sã o Pa ulo : Atlas,
2002 , pági na 71 .
8
DI PIET R O, M a ri a Sylvi a Z an ella . Op . ci t . p ágin a 128 .
na permissão a adoção de procedimento simplificado ou criado pela
ANATEL que viole as Leis acima apontadas.
9
Art . 1º PGO: “Art . 1º. O servi ço tel efôn i co fixo co mutado destin ado ao u so do
públ i co e m g eral será pre st ado nos re gi me s públi co e p riva do , nos t e rmo s dos a rts.
18 , in ciso I, 64 e 65 , in ciso III, d a Lei n .º 9 .472 , d e 16 de ju lho d e 1997 , e do
di spo sto n est e Pl ano Ger al d e Ou to rg as . ”
A LGT – Lei nº 9.472/97 – disciplina os serviços
prestados em regime público nos artigos 79 a 125. Os serviços prestados
em regime privado, por seu turno, são regulados nos artigo 126 a 144.
10
Art . 1º , §1º , Pl an o Gera l d e Outo rg as – PGO– Dec ret o n .º 2 .534 , de 02 d e ab ri l de
1998 .
O PGO, no artigo 1º, § 2º, classifica o STFC nas
modalidades de serviço local, serviço de longa distância nacional e
serviço de longa distância internacional. 11
11
Art . 1º , § 2º PGO: “§ 2o . São mod alidad es do se rvi ço t elefôni co fix o co mutado
d esti n ado ao u so do públ i co em ger al o se rvi ço lo cal , o s er viço de l ong a dist ânc ia
n acion al e o se rviço d e long a d ist ânc ia int ern a ci on al , no s se guinte s t e rm o s:
I - O se rv i ço l o cal de sti n a-se à co muni ca çã o ent re pont os fi xo s det ermin ado s
si tu ado s e m u ma me sma Áre a Local;
II - O se rv i ço de l onga dist ânci a n acion al d estin a-se à co muni c aç ão e nt re pont o s
fixo s d ete rmin ados situ ados e m Áre as Loc ai s disti nt a s no t e rri tó rio n ac ion al; e
I I I - O s e r vi ço d e lo nga di st ân cia in t erna ciona l d esti n a-se à c o mun ica ç ão ent re u m
pont o fixo si tu ado no t erri tó rio nacion al e u m out ro ponto no ext erio r.”
A Lei nº 9.472/97 relaciona no artigo 93 as cláusulas
essenciais dos contratos de concessão dos serviços de telecomunicações.
3. Condicionamentos
1
Primeiro, o transporte de informação, na telecomunicação, não recebe interferência
humana. É realizado por meio técnico, isto é, eletromagnético, de qualquer natureza (fio,
radioeletricidade, meios ópticos ou quaisquer outros). Interessante notar, nesse aspecto, que
o meio técnico utilizado não caracteriza ou delimita o conceito de telecomunicação. Em
outra palavras, telecomunicação não se refere a um determinado ambiente técnico (rede).
Segundo, o transporte de informação, na telecomunicação, é instantâneo: o
armazenamento intermediário de informações não descaracteriza a instantaneidade, porque
esta se referencia aos meios técnicos (a transferência é instantânea entre os meios técnicos)
e não aos interlocutores.
Terceiro, o transporte de informação é elemento caracterizador da telecomunicação.
Deve-se concluir, portanto, que o mero armazenamento de informação não constitui
telecomunicação. Este ponto, entretanto, não é consensual entre os doutrinadores,
assumindo parte da Doutrina que o armazenamento integra o processo e, portanto, o
conceito de telecomunicação.
Quarto, a reciprocidade não é elemento essencial à definição de telecomunicação, a
despeito de o desenvolvimento tecnológico moderno possibilitar, cada vez mais, a
reciprocidade entre os interlocutores.
Quinto, a informação transmitida por meio de telecomunicação compreende todo o
tipo de sinais existentes (escritos, imagens, sons, dados, etc...). Note-se, neste aspecto, que
o tipo de informação transmitida não é capaz de caracterizar ou delimitar o conceito de
telecomunicação. Em outras palavras, telecomunicação não se refere a um determinado
tipo de serviço prestado.
Rede de telecomunicação, por sua vez, conceitua-se como os meios organizados de
telecomunicação. Compreende o sistema ou conjunto de meios técnicos, de natureza
corpórea ou incorpórea, através dos quais é efetuado o transporte de mensagens ou
informações entre pontos determinados.
O Regulamento Geral de Interconexão (Resolução nº 40/98 – ANATEL), em seu
art. 3º, inc. VII, define como rede de telecomunicações o “conjunto operacional contínuo
de circuitos e equipamentos, incluindo funções de transmissão, comutação, mutiplexação
ou quaisquer outras indispensáveis à operação de serviço de telecomunicações”.
Do conceito enunciado, algumas observações merecem atenção.
2
Primeiro, o conjunto de equipamentos deve ser operacional, isto é, deve possibilitar
o transporte de informações.
Segundo, os elementos técnicos devem ser considerados em atenção às funções que
são capazes de exercer, e não em suas características intrínsecas.
Terceiro, as funções exercidas pelas redes são tidas como indispensáveis à operação
do serviço de telecomunicações.
Quarto, rede de telecomunicação pressupõe múltiplos usuários (ao menos três).
Quinto, as redes são compostas de elementos corpóreos (cabos e fios de cobre,
cabos e fios ópticos, cabos coaxiais, condutores e circuitos, edifícios, receptores,
radioeletricidade, dispositivos de comutação, equipamentos, etc...) e incorpóreos
(programas de computador, protocolos necessários à transmissão de informações, servidões
de passagem, direito ao uso de radiofreqüência, etc...).
Sexto, quanto às funções, as redes possuem atividade fim, que é a transmissão de
informações, e atividade meio (comutação, multiplexação), capazes de proporcionar
conexões.
Sétimo, sobre uma mesma base técnica (infra-estrutura), pode-se identificar diversas
redes de telecomunicações, cada uma configurando sistemas distintos, capazes de assegurar
transmissões distintas entre si.
O fenômeno da digitalização, caracterizado pela discreção do sinal analógico
através da codificação dos sinas em seqüência de bits, contribuiu para a fungibilização
qualitativa da informação, isto é, para unir em um único tipo técnico as diversas qualidades
(tipos; por exemplo: voz, dados e imagens) de informação transportada.
Esse avanço tecnológico, por sua vez, contribui para a progressiva desvinculação
entre a qualidade da informação transportada (o serviço prestado) e o meio técnico
empregado (a rede utilizada). Conclui-se, aqui, que a digitalização capacita a uma mesma
infra-estrutura abarcar diversos serviços de telecomunicações. A esse fenômeno dá-se o
nome de convergência de redes.
A convergência de redes assiste a três estágios de evolução. No primeiro estágio,
cada rede é capaz de prestar apenas um determinado serviço de telecomunicação. No
segundo estágio, uma mesma rede pode propiciar, em níveis distintos de qualidade,
diversos serviços de telecomunicação (por exemplo: televisão digital, acesso à internet,
3
videoconferência, telefonia fixa, telefonia celular, transmissão de dados, etc...). No terceiro
estágio, as redes convergem para uma plataforma única, a qual ainda não foi alcançada em
nosso momento histórico por limitações de ordem técnica e econômica.
As redes de telecomunicação subdividem-se em redes de acesso e redes de
transporte.
As redes de acesso alcançam o usuário de serviço de telecomunicações. Podem
utilizar cabos (chamadas de wired ou fixed-link) e postes ou radiofreqüência (conhecida
como wireless).
As redes de transporte são aquelas que conectam redes de acesso. Possuem um
tráfego maior, o que proporciona elevada economia de escala e escopo, com conseqüente
redução de seu custo operacional.
As redes de telecomunicação possuem como limite físico o chamado ponto de
terminação de rede, o qual integra a rede de telecomunicação e é caracterizado pelo
conjunto de conexões físicas e radioelétricas, bem como especificações técnicas de acesso,
a que se conectam os terminais de telecomunicação.
O Regulamento do Serviço Telefônico Fixo Comutado (Resolução nº 85/ANATEL)
define como ponto de terminação de rede (art. 3º, inc. XII) o “ponto de conexão física da
Rede Externa com a Rede Interna do Assinante, que permite o acesso individualizado ao
STFC”.
Nos termos dos arts. 11, inc. VII, e 46, da Res. nº 85, o ponto de terminação de rede
deve estar localizado na zona lindeira do imóvel indicado pelo assinante ou no seu interior.
O Regulamento do Serviço de Comunicação Multimídia (Resolução nº
272/ANATEL), por sua vez, define como (ponto de) terminação de rede (art. 4º, inc. XII) o
“ponto de acesso individualizado de uma dada rede de telecomunicações”.
Serviço de telecomunicações pode ser definido como a oferta de acesso a uma dada
rede de telecomunicações, capaz de propiciar ao seu usuário a utilidade desejada, qual seja,
a intenção de se comunicar mediante o efetivo uso da rede de telecomunicação. Prestador
de serviço de telecomunicações é, portanto, aquele que oferta ao usuário o uso de rede de
telecomunicação.
Para a LGT (art. 60), serviço de telecomunicação é o conjunto de atividades que
possibilita a oferta de telecomunicação. O Regulamento dos Serviços de Telecomunicações
4
(Resolução nº 73/98 – ANATEL), por sua vez, conceitua serviço de telecomunicações
como “o conjunto de atividades que possibilita a oferta de transmissão, emissão ou
recepção, por fio, radioeletricidade, meios ópticos ou qualquer outro processo
eletromagnético, de símbolos, caracteres, sinais, escritos, imagens, sons ou informações de
qualquer natureza”.
Há dois critérios básicos para se definir o serviço de telecomunicação: o da
atividade realizada e o da utilidade produzida. A ANATEL (Res. nº 73/98, art. 22) elegeu o
critério da utilidade produzida: “Os serviços de telecomunicações serão definidos em vista
da finalidade para o usuário, independentemente da tecnologia empregada e poderão ser
prestados através de diversas modalidades definidas nos termos do art. 69 da Lei nº 9.472,
de 1997”.
Conclui-se, nesse contexto, que o serviço de telecomunicação não se define pelo
meio técnico empregado, mas pela utilidade produzida, o que está em consonância com a
crescente convergência de redes, produzida pelo desenvolvimento tecnológico.
Observe-se, ainda, que a LGT conferiu à ANATEL competência para definir quais
sejam, e quais não sejam, serviço de telecomunicações. Assim considerado, o art. 3º do
RST não considera serviço de telecomunicação o provimento de capacidade de satélite, a
atividade de habilitação ou cadastro de usuário e de equipamento para acesso a serviços de
telecomunicações e os serviços de valor adicionado.
O serviço de valor adicionado (LGT, art. 61) constitui a atividade que acrescenta, a
um serviço de telecomunicações que lhe dá suporte e com o qual não se confunde, novas
utilidades relacionadas ao acesso, armazenamento, apresentação, movimentação ou
recuperação de informações. No § 1º ao art. 61, afirma-se que o serviço de valor adicionado
não constitui serviço de telecomunicações. Como exemplos, cite-se as atividades de call
center, o comércio eletrônico e o provimento de conteúdo por páginas de internet (MC,
Portaria nº 148/1995).
Neste último caso (provedor de internet), parte da Doutrina e precedentes judiciais
(STJ, Recurso Especial nº 323358/PR) consideram a atividade serviço de
telecomunicações, porquanto envolve mero acesso à rede de telecomunicação.
Os serviços de radiodifusão sonora e de sons e imagens, bem como o serviço de TV
a Cabo, a despeito de configurarem serviços de telecomunicações, não se vinculam à LGT,
5
mas a regimes jurídicos próprios (arts. 211 e 215, inc. I, da LGT, Lei nº 4117/62 e Lei nº
8977/1995).
Os serviços de telecomunicações compõem-se de atributos (âmbito de prestação e
conteúdo da informação transmitida), modalidades (forma da rede de telecomunicação
empregada, meios de transmissão e tecnologia empregados) e utilidade/finalidade para o
usuário.
O serviço telefônico fixo comutado (STFC), por exemplo, adota como utilidade a
comunicação entre pontos fixos determinados, como atributos a transmissão de voz ou
outros sinais local, em longa distância nacional e em longa distância internacional e como
modalidade os processos de telefonia (RSTFC, art. 3º, inc. XX), isto é, aqueles que
(RSTFC, art. 3º, inc. XV) permitem a comunicação entre pontos fixos determinados, de voz
e de outros sinais, utilizando técnica de transmissão nos modos 3,1 kHz-voz ou 7 hHz-
áudio ou até 64 kbits/s irrestrito, por meio de fio, radioeletricidade, meios ópticos ou
qualquer outro processo eletromagnético.
O serviço de comunicação multimídia (SCM), por sua vez, adota como utilidade a
comunicação entre pontos fixos, como atributos a transmissão internacional, nacional,
regional ou local de informação multimídia (Res. nº 272/2001 – ANATEL, art. 4º, inc. I:
sinais de áudio, vídeo, dados, voz e outros sons, imagens, textos e outras informações de
qualquer natureza), que não se confunda com o STFC, os serviços de comunicação de
massa (radiodifusão, tv a cabo, distribuição de sinais multiponto multicanal, distribuição de
sinais de televisão e de áudio por assinatura via satélite) ou quaisquer outros sinais de vídeo
e áudio irrestrito (Súmula nº 06, de 24/01/2002), e como modalidade quaisquer meios
eletromagnéticos, inclusive radiofreqüência, desde que não sejam meios característicos de
prestação de STFC (Res. 272/2001 - ANATEL, art. 66), em especial o encaminhamento de
tráfego telefônico por meio da rede de SCM simultaneamente originado e terminado nas
redes do STFC, e desde que o sinal transportado seja recebido direta e livremente pelo
público em geral como ocorre no serviço de radiodifusão, ou distribuído de forma
simultânea para os assinantes, como se dá nos serviços de TV a cabo, MMDS e DTH
(Resolução 328/2003 – ANATEL, item 3.4.2 do termo de autorização de SCM).
O serviço móvel celular (SMC; Decreto nº 2056/96) possui como utilidade a
comunicação com mobilidade, isto é, a permissão para que o usuário tenha locomoção
6
irrestrita, como atributos a prestação terrestre em área geográfica delimitada no território
nacional de qualquer informação e como modalidade a utilização de sistema de
radiocomunicações com técnica celular, interconectado à rede pública de telecomunicações,
e acessado por meio de terminais portáteis, transportáveis ou veiculares, de uso individual.
Os serviços de telecomunicação, quanto ao regime jurídico em que são prestados,
classificam-se em público ou privado, e quanto à abrangência dos interesses que atendem,
classificam-se em interesse coletivo e interesse restrito (LGT, arts. 62 e 63).
Os serviços prestados em regime público são aqueles de interesse coletivo cuja
existência, universalização e continuidade a própria União compromete-se a assegurar
(LGT, art. 64). No regime da LGT, é de regime público o STFC (art. 64, § 1º da LGT e art.
13 do RST). Em diplomas legais específicos, sujeitam-se ao regime público os serviços de
TV a cabo e móvel celular. E cabe ao Poder Executivo instituir ou eliminar a prestação de
serviço em regime público, bem como aprovar o plano geral de outorgas dos serviços
prestados em regime público (LGT, art. 18, caput e incisos).
A universalização do serviço está ligada ao objetivo de ofertar o acesso a qualquer
cidadão e em qualquer localidade, independentemente de tal prestação possuir viabilidade
econômica ou não (LGT, art. 79, § 1º).
A continuidade refere-se à fruição ininterrupta do serviço, sem qualquer paralisação
injustificada, em condições adequadas de uso (LGT, art. 79, § 2º). Admite-se a interrupção
circunstancial em razão de emergência, motivada por questões de ordem técnica ou de
segurança nas instalações (RST, art. 45).
A concessão é o instrumento contratual utilizado para a prestação de serviço em
regime público; sua outorga depende de licitação. Apenas em hipóteses excepcionais
admite-se o uso da permissão (LGT, art. 118).
A prestação do serviço em regime público, entretanto, não exclui a possibilidade de
sua prestação em regime privado, com o intuito de assegurar a concorrência (LGT, art. 65,
inc. III).
A remuneração devida às concessionárias está sujeita à política tarifária impositiva
do órgão regulador (RST, art. 47), o qual apenas poderá autorizar a prática de preços livres
se a estrutura concorrencial do mercado considerado a recomendar (LGT, art. 104 e RST,
art. 48).
7
A prestação do serviço em regime público deve ser adequada, assim entendida
aquela que preencha os requisitos de regularidade, eficiência, segurança, atualidade,
generalidade, cortesia e modicidade das tarifas (RST, art. 46 e parágrafos).
A extinção da concessão acarreta a reversibilidade dos bens utilizados para a
prestação do serviço à União (LGT, art. 102).
Os serviços prestados em regime privado não estão sujeitos a obrigações de
universalização e continuidade, nem prestação assegurada pela União (RST, art. 14). A sua
prestação vincula-se aos princípios constitucionais da atividade econômica (LGT, art. 126)
e a intervenção do órgão regulador será mínima (LGT, art. 128 e RST, art. 54), com vistas a
garantir a livre competição, o equilíbrio concorrencial e as necessidades dos usuários.
O instrumento contratual utilizado para a prestação em regime privado é a
autorização. Possui direito à autorização aquele que preencher as condições objetivas
(LGT, art. 132) e subjetivas (LGT, art. 133) exigíveis.
A prática de preços é livre (LGT, art. 129), salvo nos casos em que a
impossibilidade técnica ou o comprometimento da prestação do serviço de interesse
coletivo impossibilite a inexistência de limite ao número de autorizatários. Em tais
hipóteses, haverá política tarifária, como definida em processo licitatório.
Por fim, os bens utilizados pelos prestadores em regime privado são de propriedade
destes e não estão sujeitos à reversão (salvo o espectro de radiofreqüência, que constitui
bem público: LGT, art. 157).
O serviço de interesse coletivo é aquele (RST, art. 17) cuja prestação deve ser
proporcionada pela prestadora a qualquer interessado na sua fruição, em condições não
discriminatórias e suficientes ao atendimento dos interesses da coletividade.
O serviço de interesse coletivo pode ser prestado em regime público ou privado. A
rede de telecomunicação que confere suporte a serviço de interesse coletivo, no regime
público ou privado, está sujeita à interconexão (RST, art. 59, RGI, art. 12 e LGT, arts. 145
e 146). É livre a interconexão de redes que prestam suportes a serviços prestados no regime
privado (LGT, art. 148).
O serviço de interesse restrito (RST, art. 18) é aquele destinado ao uso do próprio
executante ou prestado a determinados grupos de usuários, selecionados pela prestadora
mediante critérios por ela estabelecidos, em especial condicionamentos necessários a
8
impedir que a prestação do serviço de interesse restrito venha a prejudicar a prestação do
serviço de interesse coletivo (LGT, art. 145, parágrafo único e RST, art. 18, parágrafo
único).
O serviço de interesse restrito deve ser prestado apenas no regime privado (RST,
art. 19) e a autorização para a sua prestação independe de licitação, salvo se demandar o
uso de radiofreqüência (RST, art. 65). A remuneração da prestadora se dará por livre
imposição de preço (RST, art. 68).
A rede de telecomunicação que conferir suporte à prestação de serviço de interesse
restrito não poderá ser objeto de interconexão com outra rede que confira suporte a serviço
de interesse restrito ou coletivo (RST, art. 71, incs. I e II). A prestadora de serviço de
interesse restrito não poderá contratar diretamente com prestadora de serviço de interesse
coletivo, devendo a interligação, nessa hipótese, ocorrer em caráter de acesso ao usuário
(RST, art. 71, inc. III).
2. INTERCONEXÃO. RGI.
9
telecomunicação pertencente a usuário ou provedor de serviço de valor adicionado (RGI,
art. 5º).
A rede de telecomunicação que confere suporte a serviço de interesse coletivo, no
regime público ou privado, está sujeita à interconexão (RST, art. 59, RGI, art. 12 e LGT,
arts. 145 e 146). É livre a interconexão de redes que prestam suportes a serviços prestados
no regime privado (LGT, art. 148).
O contrato de interconexão é de livre negociação entre as partes, e sua eficácia está
sujeita à homologação pela ANATEL (RGI, art. 41 e LGT, art. 153 e parágrafos). Não
havendo acordo, a ANATEL, se provocada, arbitrará as condições para a interconexão.
Se necessário à implementação da interconexão, a prestadora objeto do pedido
deverá compartilhar os seus meios, aqui compreendidos os equipamentos, infra-estrutura,
facilidades, etc... (RGI, art. 33).
A infra-estrutura de prestadora cuja rede estiver sujeita a pedido de interconexão
deverá dispor de área suficiente, próxima ao ponto de interconexão, para a instalação de
equipamentos de terceiros, a serem utilizados para a interconexão (RGI, art. 34).
A rede de telecomunicação que conferir suporte à prestação de serviço de interesse
restrito não poderá ser objeto de interconexão com outra rede que confira suporte a serviço
de interesse restrito ou coletivo (RST, art. 71, incs. I e II). A prestadora de serviço de
interesse restrito não poderá contratar diretamente com prestadora de serviço de interesse
coletivo, devendo a interligação, nessa hipótese, ocorrer em caráter de acesso ao usuário
(RST, art. 71, inc. III).
Não se considera interconexão o uso da infra-estrutura de rede alheia com o intuito
de construir a sua própria rede de telecomunicação. A esse direito, que corresponde ao
conceito de desagregação de elementos de rede (unbundling), relaciona-se a idéia de que,
nas redes de acesso local, não basta a interconexão, mas deve ser assegurado ao concorrente
viabilidade técnica para que este construa a sua própria rede.
10
Nas redes de acesso local, não basta a interconexão: deve ser assegurado ao concorrente
viabilidade técnica para que este construa a sua própria rede, a partir dos elementos da rede
local existente (LGT, art. 155).
Ao prestador de STFC é assegurado o direito à desagregação de elementos de rede
(LGT, art. 155 e RGI, art. 39): “As prestadoras de serviço de interesse coletivo devem
tornar disponível, em condições justas e não discriminatórias, facilidades, tais como cabos,
fibras, dutos, postes, torres dentre outras, para uso, quando solicitado, pelas prestadoras
do Serviço Telefônico Fixo Comutado com a finalidade específica destas construírem suas
redes”.
Na desagregação de elementos de rede, a prestadora titular da rede a ser
desagregada deverá ofertar os elementos de rede individualmente, no interesse do outro
prestador, não podendo exigir a oferta casada de diversos elementos de rede.
O uso industrial, ou exploração industrial de meios, corresponde ao acordo
estabelecido, em bases justas e não discriminatórias, entre prestadoras de serviços de
interesse coletivo (LGT, art. 154, RST, arts. 60, inc. I e 61, e RGI, art. 40), com o intuito de
compartilhar meios em benefício da prestação do serviço de telecomunicações aos seus
usuários.
O uso industrial deve ser incentivado sempre que houver viabilidade técnica (LGT,
arts. 2º, inc. III, 3º, inc. II, e 5º), porquanto reduz o custo de implantação e manutenção de
rede. Mesmo o espectro de radiofreqüência é passível de compartilhamento, por meio da
tecnologia MVNO. A LGT, entretanto, não condiciona o espectro de radiofreqüência ao
compartilhamento.
Se necessário à implementação da interconexão, a prestadora objeto do pedido
deverá compartilhar os seus meios, aqui compreendidos os equipamentos, infra-estrutura,
facilidades, etc... (RGI, art. 33).
A infra-estrutura de prestadora cuja rede estiver sujeita a pedido de interconexão
deverá dispor de área suficiente, próxima ao ponto de interconexão, para a instalação de
equipamentos de terceiros, a serem utilizados para a interconexão (RGI, art. 34).
11
A rede de telecomunicação que confere suporte a serviço de interesse coletivo, no
regime público ou privado, está sujeita à interconexão (RST, art. 60, RGI, art. 12 e LGT,
arts. 145 e 146).
Se necessário à implementação da interconexão, a prestadora objeto do pedido
deverá compartilhar os seus meios, aqui compreendidos os equipamentos, infra-estrutura,
facilidades, etc... (RGI, art. 33).
A infra-estrutura de prestadora cuja rede estiver sujeita a pedido de interconexão
deverá dispor de área suficiente, próxima ao ponto de interconexão, para a instalação de
equipamentos de terceiros, a serem utilizados para a interconexão (RGI, art. 34).
No que se refere ao uso do espectro de radiofreqüência, as prestadoras de serviço no
interesse coletivo deterão prioridade sobre aquelas que o prestam no interesse restrito (RST,
arts. 42, § 1º e 74).
Se o serviço de interesse coletivo for prestado sob o regime privado, os bens
utilizados são de propriedade dos prestadores e não estão sujeitos à reversão (salvo o
espectro de radiofreqüência, que constitui bem público: LGT, art. 157).
12
A prestadora de serviço de interesse restrito poderá, também, pactuar o uso de infra-
estrutura alheia, pertencentes e entes públicos ou não, necessária à prestação do serviço
(RST, art. 73).
No serviço de interesse restrito, os bens utilizados são de propriedade dos
prestadores e não estão sujeitos à reversão (salvo o espectro de radiofreqüência, que
constitui bem público: LGT, art. 157).
13
MÓDULO: REGRAS GERAIS DE PRESTAÇÃO DO SERVIÇO DE
COMUNICAÇÃO MULTIMÍDIA
14
A prestação de SCM sujeita-se a autorização, sem limite de autorizatários (RSCM,
art. 10, caput e parágrafo único).
Não se admite a oferta de produtos acessórios com requisito ao acesso à rede de
prestadora de SCM (venda casada; RSCM, art. 50).
Por informação multimídia não se deve entender o fornecimento de sinal de áudio
ou vídeo irrestrito, salvo o fornecimento de sinais de vídeo e áudio, de forma eventual,
mediante contrato ou pagamento por evento (RSCM, art. 67).
2. SCM x STFC
15
a cabo, MMDS e DTH (Resolução 328/2003 – ANATEL, item 3.4.2 do termo de
autorização de SCM).
4. SCM x SVA
16
Prof. Paulo A. de Britto Notas Para o Curso STFC/SCM
I. COMPETIÇÃO
Um bom exemplo que podemos utilizar é o de uma fazenda de trigo, que provê
um percentual muito pequeno da produção mundial total de trigo. Independentemente
do fato desta fazenda produzir 10 ou 1.000 bushels, ela permanece sendo muito
pequenoapara ter qualquer impacto sobre o preço de mercado quotado mundialmente.
A curva de demanda por seu trigo é horizontal porque o mercado irá absorver qualquer
quantidade produzida por nosso fazendeiro seja qual for o preço. Se ele tenta vender
seu trigo por um centavo – ou por uma fração de centavo – a mais do que o preço de
mercado, ele não irá vender um único trigo sequer, pois todos os consumidores podem
simplesmente comprar de outro produtor. Se ele oferece seu trigo por um centavo
menos, o público irá demandar mais trigo do que sua fazenda pode produzir – uma
quantidade infinita.
produto de 1 bushel para 10 bushels – lembre que ela vende tudo o que produz - ela
está movendo uma longa distância para a direita no seu eixo das quantidades. Ao
mesmo tempo, ela move a indústria de trigo para a direita em uma distância
praticamente infinitesimal, digamos de 70.000.000 para 70.000.009 bushels. Este
mudança pequenina no produto da indústria requer essencialmente não efeito sobre o
preço.
Figura 1:
(A) (B)
Receita
Figura 2
(A) (B)
As curvas de custo de uma firma são diferente no curto e no longo prazo. Isto se
deve ao fato de que no curto prazo alguns fatores de produção serem fixos, enquanto
que no longo prazo todos os fatores são variáveis. Conseqüentemente, a decisão de
oferta da firma será diferente em cada prazo. Suponha que você possui uma pizzaria,
empregando trabalho e fornos. Se o preço da pizza sobe, você pode aumentar sua
quantidade produzida no curto prazo contratando mais trabalhadores. No longo prazo,
você também pode construir fornos adicionais. No longo prazo você poderá produzir
ainda mais pizzas.
Portanto, nós devemos fazer distinção entre as duas curvas de oferta. Para
qualquer preço dado, a curva de oferta de curto prazo mostra como a firma pode
responder àquele preço no curto prazo; a curva de oferta de longo prazo mostra como a
firma pode responder àquele preço no longo prazo. Nesta seção nós vamos nos
concentrar no comportamento da firma no curto prazo, retornando ao longo prazo na
seção 3. Para tanto devemos começar considerando as curvas de custo de curto prazo.
Figura 3
Esta regra para escolha de quantidades deve ser intuitiva. A firma se defronta
com o preço de mercado ao qual ela pode vender seus bens. Ela produz bens enquanto
ela pode fazê-lo a custos marginais menores que o preço de mercado. Quando o custo
marginal excede o preço, qualquer unidade adicional produzida iria subtrair algo do
lucro da firma. A hora de se parar de produzir é exatamente aquela anterior, quando o
custo marginal de produzir um produto é exatamente igual ao preço ao qual este
produto pode ser vendido.
Prof. Paulo A. de Britto Notas Para o Curso STFC/SCM
Figura 4:
Para cada preço, a tabela B nos diz qual quantidade a fazendinha irá ofertar.
Nós temos um nome para esta tabela: plano de oferta. A representação gráfica desta é a
chamada curva de oferta. De fato, nós já vimos a curva de oferta. Ela é idêntica a curva
de custo marginal, ilustrada na figura 4.
você “entra” uma quantidade (no eixo horizontal) e lê o custo marginal correspondente
em unidade monetária por item (no eixo vertical). Para usar a curva de oferta, você
“entra” um preço (no eixo vertical) e lê a quantidade correspondente (no eixo
horizontal). Todavia, em que pese as diferenças conceituais, o fato de que as curvas são
idênticas na aparência irá provar algo importante.
No curto prazo, os custos fixos são inevitáveis. Como resultado, eles não
influenciam qualquer decisão econômica.
Uma questão natural agora é: não seria melhor a fazendinha parar sua produção
no segundo exemplo? Se nós estivéssemos examinando o comportamento de longo
prazo, a resposta seria sim, mas no curto prazo a resposta é não. No curto prazo, a
fazendinha está amarrada a gastar $20 sob a forma de custo fixo, que existe mesmo que
ela não opere. Por exemplo, o custo fixo de produção pode ser o arrendamento da terra.
Até que o contrato de arrendamento seja findo, o arrendatário terá que pagar o valor de
arrendamento. Se o arrendatário de nossa fazendinha decide parar de produzir trigo, seu
lucro será de -$20, ao invés de -$14.
Figura 5:
3 15 5 11 4 4
4 20 5 16 5 4
5 25 5 22 6 3
6 30 5 29 7 1
3 15 5 29 4 -14
4 20 5 34 5 -14
5 25 5 40 6 -15
6 30 5 47 7 --17
Suponha que ela produz Q1 unidades. Neste caso será possível produzir uma
unidade adicional do produto a um custo marginal menor do que o preço de mercado.
Isto ocorre porque a curva de custo marginal é decrescente na vizinhança de Q1. A isto
segue que a firma pode aumentar seu lucro produzindo uma unidade a mais. Ela
continua produzindo enquanto o preço excede o custo marginal até que esteja
produzindo Q2.
Figura 6:
Uma firma competitiva, se ela produz algo, irá sempre escolher a quantidade
onde preço iguala custo marginal quando o custo marginal é crescente. Assim,
podemos afirmar que somente a porção crescente da curva de custo marginal é
relevante para a decisão de produção da firma.
Prof. Paulo A. de Britto Notas Para o Curso STFC/SCM
A decisão de fechar
Nós sabemos a quanto uma firma produzirá se ela decide produzir. Nós
podemos ainda perguntar como uma firma decide entre manter-se em operação e
encerrar suas atividades.
Para que isto faça sentido, o proprietário da firma deve comparar o lucro obtido
quando em operação com o lucro obtido quando encerra fecha suas portas. Se a firma
fecha, ela deve manter os pagamentos de seus custos fixos, enquanto sua receita cai a
zero. Portanto, seu lucro é negativo: -CF, onde CF significa custo fixo. Se a firma
permanece operando, produzindo uma quantidade Q, seu lucro é RT - CT, onde RT é a
receita total e CT é o custo total. Se RT – CT > 0, ela certamente permanece operando.
Mesmo se RT – CT < 0, pode ser o caso onde a firma permaneça operando. A firma
desejará permanecer aberta se, e somente se,
RT – CT > - CF
A última desigualdade deve fazer sentido intuitivo: dado que os custo fixos
devem ser pagos em ambos os casos, eles são irrelevantes para a decisão de
fechamento. Os custos variáveis são os custos adicionais que a firma irá incorrer se ela
continua operando, eles podem ser evitados e, portanto, são relevantes para a decisão
de fechamento. Permanecer em operação somente é uma boa idéia se a receita total que
a firma pode ganhar for maior que estes custos adicionais.
Na figura 7 vemos três possíveis preços de mercado com os quais uma firma
competitiva pode se defrontar. Ao preço de P1, a firma produz Q1. A esta quantidade,
P1 é maior que ambos o custo médio e o custo variável médio. A firma irá permanecer
em operação, produzindo Q1 e obtendo lucro positivo.
Figura 7:
Ao preço de P3, o produto ótimo da firma é Q3. Todavia, o custo variável médio
excede P3. Permanecer operando iria produzir uma redução líquida nos lucros de forma
que a firma fecha.
Ao preço de P2, o produto ótimo da firma é Q2. Aqui, o custo variável médio é
menor do que P2 de forma que a firma permanece aberta. Todavia, o custo médio de
produção (incluindo custo fixo) é maior que P2, de forma que o lucro da firma é
negativo. Mesmo assim, a firma perde menos ao continuar operando do que se fechasse
sua porta.
Prof. Paulo A. de Britto Notas Para o Curso STFC/SCM
Figura 8:
Elasticidade da Oferta
= 100 . ΔQ/Q
100. ΔP/P
= P. ΔQ
Q. ΔP
É importante não confundir a saída com o fechamento da uma firma. Uma firma
que produz quantidade zero tem suas portas fechadas, ou suas atividades encerradas.
Todavia ela permanece pagando seus custos fixos. A firma somente sai da indústria
quando ela deixa da pagar os custos fixos. Fechamento é um fenômeno de curto prazo;
saída, de longo prazo.
No curto prazo, saídas e entradas não são possíveis, de forma que o número de
firmas na indústria é fixo. Dadas as curvas de oferta das firmas individuais, nós
construímos a curva da oferta da indústria somando as das firmas individuais. A um
dado preço, nós nos perguntamos a quantidade que cada firma irá prover; então nós
somamos estes números para obter a quantidade ofertada da indústria a um preço em
particular.
Figura 9:
Figura 10:
firma na indústria expandisse sua produção, uma substancial diferença se faria sentir.
Consumidores podem ser induzidos a comprar as quantidades adicionais no mercado
somente se o preço pelo bem se reduzisse.
Figura 11:
Para ver o ponto onde a entrada de novas firmas cessa, devemos considerar
como as novas firmas afetam o comportamento de firmas existentes. Considere a figura
12, onde estão justapostos o diagrama de uma firma competitiva em equilíbrio com o
diagrama de equilíbrio em uma indústria competitiva. Antes de haver qualquer entrada,
o preço de mercado era $3 (ponto E da figura 12(B)) e cada uma das firmas ativas na
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indústria (assume 1.000) produzia 50.000 bushels – o ponto onde custo marginal e
preço são iguais (ponto e da figura 12(A)). Cada firma se defronta com uma curva de
demanda horizontal D0 na figura 12(A). As firmas dentro da indústria obtinham lucro,
pois o custo médio de produção dos 50.000 bushels por firma era menor do que o
preço.
Figura 12:
(A) (B)
Suponha, agora, que 600 novas firmas são atraídas por estes lucros elevados e
entram na indústria. Cada firma se defronta com a estrutura de custos indicada pelas
curvas de CMe e CMg na figura. Como resultado da produção dos entrantes, a curva de
oferta da indústria se desloca para a direita, como indicado, e o preço cai para $2,25
por bushel. Dado que a curva de demanda de firma é igual ao preço, a curva de
demanda da firma é deslocada para baixo, D1. As firmas na indústria reagem a este
deslocamento da demanda e, conseqüente, preço baixo. Como podemos ver na figura
12(A), cada firma reduz seu produto para 45.000 bushels (ponto a). Mas agora temos
1.600 firmas de forma que o produto total é 45.000 x 1.600 = 72 milhões de bushels,
ponto A na figura 12(B).
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No ponto alucros positivos ainda estão presentes, pois o preço de $2,25 excede
o custo médio (dado pelo ponto b). Assim o processe de entrada não está completo.
Toda a dinâmica se repete até que todos os lucros sejam extinguidos. Nos painéis da
figura 13 estão representada uma firma competitiva e sua indústria no equilíbrio de
longo prazo. Todos os lucros serão extinguidos quando a entrada de novas firmas
deslocar a curva de oferta de indústria para S2 (na figura 13(B)), onde cada firma
individual se defronta com uma demanda que passa pelo ponto de mínimo da curva de
custo médio (ponto m na figura 12(A)).
Figura 13:
(A) (B)
Note que no ponto m da figura 12(A), cada firma escolhe seu produto de forma
a maximizar seu lucro. Isto ocorre quando P = CMg. Mas a livre entrada também força
o CMe = P no longo prazo (ponto M em 12(B)) pois, se P não fosse igual ao CMe, as
firmas estariam fazendo lucro ou prejuízo.
a curva de preço seja tangente à curva de custo médio de longo prazo (P = CMe).
Como resultado, no equilíbrio de longo prazo será sempre verdade que P = CMg =
CMe.
Vimos anteriormente que quando a firma está no equilíbrio de longo prazo ela
deve ter P = CMg = CMe, com indicado acima. Isto implica que o equilíbrio
competitivo de longo prazo da firma irá ocorrer no ponto de custo médio mais baixo.
Assim, os produtos da indústria competitiva são produzidos ao ponto de custo mais
baixo para a sociedade.
Suponha que os custos médios para cada caso são os apresentados na tabela 2.
Suponha, ainda, que um produto de 100.000 bushels corresponda ao ponto mais baixo
da curva de custo médio, onde o CMe = 0,70 por bushel. Qual das três alternativas é a
mais barata para se produzir estes 12 milhões de bushels de trigo? Observando a coluna
5 da tabela 2 vemos que o custo total de produção da 12 milhões de bushels de produto
é o mais baixo possível 120 firmas produzem ao nível de produto de 100.000, o qual
minimiza custo.
Isto ocorre porque para qualquer nível de produto da indústria, Q, o custo total
da indústria (CMe x Q) será o menor possível se, e somente se, o CMe de cada firma
for o menor possível, ou seja, se o número de firmas realizando a tarefa é tal que cada
uma está produzindo no nível para o qual o CMe é o menor possível.
Prof. Paulo A. de Britto Notas Para o Curso STFC/SCM
Podemos ver nas figuras 12 e 13 que este tipo de eficiência de custo caracteriza
competição perfeita de longo prazo. Antes que o equilíbrio de longo prazo seja atingido
(figura 12) firmas podem não estar produzindo ao menor custo. Por exemplo, as 50
milhões de bushels sendo produzidas por 1.000 firmas nos pontos e e E das figuras
12(A) e 12(B) podem ser produzidas a um custo menor por mais firmas, cada um
produzindo um volume menor, pois o ponto de custo médio mínimo se localiza à
esquerda do ponto e em 12(A). Contudo, este problema é corrigido no longo prazo com
a entrada de firmas procurando lucros. Na figura 13 nós vimos que após o processo de
entrada é completo, todas as firmas estão produzindo em seu nível de produto mais
eficiente (mínimo CMe).
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II. MONOPÓLIO
1. DEFINIÇÃO
Existe outra razão porque um monopólio puro irrestrito como estudado pela
teoria econômica é raro na prática. Nós veremos com mais detalhe adiante que o
monopólio puro pode gerar um número de fatos indesejáveis. Assim, mesmo em
mercados onde o monopólio puro pode prevalecer, o governo tem intervido de forma a
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Tais barreiras podem manter rivais fora da indústria e assegurar que uma
indústria seja monopolística. Todavia, monopólio pode também ocorrer mesmo na
ausência destas barreiras se uma única firma possui vantagens de custo sobre as rivais.
Dois exemplos disto são: superioridade técnica e economias de escala.
vantagem tecnológica tão grande que ela virtualmente não enfrentou concorrência.
Mais recentemente, a Microsoft estabeleceu uma posição de liderança na indústria de
softwares, especialmente sistemas operacionais, através de uma combinação de
capacidade inventiva e esperteza mercadológica.
3. MONOPÓLIO NATURAL
de R$2,50; e uma menor que produza 1 milhão de jogos a um custo médio de R$3,00.
Claramente, a firma maior pode expulsar e firma menor se ele oferece seus produtos no
mercado por um preço R$2,99 (a firma menor poderia vender pelo mesmo preço
somente realizando prejuízos). Conseqüentemente, um monopólio nascerá
naturalmente, mesmo na ausência de barreiras à entrada.
Figura 1:
Note que se o monopolista utiliza seu custo baixo para aumentar seus preços
baixos, o interesse público será bem servido. Todavia, o problema é que a firma pode
elevar seus preços após as outras terem deixado a indústria.
torna possível para este tipo de firma produzir a custos menores ao se produzir grandes
quantidades. Assim, é preferível que este tipo de firma detenha o mercado inteiro e,
então, se obrigue esta firma a cobrar preços mais baixo através de supervisão de um
regulador. Exemplo: distribuição de água potável.
Uma firma monopolista não possui uma “curva de oferta” como definida no
caso de concorrência perfeita. Um monopolista não está à mercê do mercado; a firma
não deve aceitar o preço de mercado como dado e se ajustar a ele. Um monopolista
possui poder em fixar preço, ou em selecionar uma combinação de preço e quantidade
sobre a curva de demanda que melhor atende aos seus interesses.
O mercado não pode impor um preço ao monopolista como ele impõe a uma
firma perfeitamente competitiva. Contudo, o monopolista não pode escolher ambos,
preço e quantidade, simultaneamente. De acordo com a curva de demanda, quanto
maior for o preço, menos ele venderá.
monopolista toma quando suas vendas aumentam em 1 unidade é o preço recebido por
esta unidade marginal menos à receita perdida via redução do preço pago pelos
consumidores antigos. Isto significa que RMg é necessariamente menor do que o
preço; graficamente, isto implica que a curva de RMg está abaixo da curva de
demanda, como na figura 2.
Figura 2:
Figura 3:
Prof. Paulo A. de Britto Notas Para o Curso STFC/SCM
Benefícios do Monopólio.
Nós vimos que uma indústria monopolística pode produzir resultados não tão
desejados pelo interesse público como um mercado perfeitamente competitivo
produziria. Ainda assim, para muitas indústrias a concorrência é um objetivo
impossível. Isto é principalmente verdade na presença de grandes economias de escala
– significando que quanto maior for a oferta de uma firma, menores serão os custos de
produção. Economias de escala significam, portanto, que firmas grandes vão expulsar
firmas pequenas da indústria, acabando com a competição. Como resultado, indústrias
com economias de escala terminam, em geral, tendo um pequeno número de firmas,
cada uma com uma grande fatia de mercado. Em outras palavras, esta indústria está
condenada a ser um oligopólio ou um monopólio.
Mas o que isso tem de ruim? Em alguns casos nada, mas em outros o interesse
público será ameaçado pelo simples fato de a(s) firma(s) na indústria possuir(em)
poder de monopólio. Poder de monopólio (ou poder de mercado) é usualmente
definido como a habilidade que uma firma possui em aumentar e manter os preços de
seus produtos substancialmente acima dos níveis de competição. Em outras palavras, se
uma firma possui poder de mercado ela pode cobrar preços altos sem sofrer qualquer
ameaça de perda de consumidores para potenciais rivais. Assim, um monopólio é, em
geral, indesejável por várias razões. Algumas são óbvias:
Em que pese às boas intenções, a regulação tem sido alvo de críticas tais como
a de causar ineficiências e custos excessivos ao público consumidor. Um fato básico
Prof. Paulo A. de Britto Notas Para o Curso STFC/SCM
Uma única grande firma pode, ainda, apresentar vantagens de custo sobre um
grupo de pequenas firma quando se torna mais barato se produzir conjuntamente um
número de produtos diferentes. A redução de custo como resultado da produção
conjunta de diferentes bens é chamada de economias de escopo. Um exemplo de
economias de escopo é a manufatura de automóveis de passeio e utilitários por um
Prof. Paulo A. de Britto Notas Para o Curso STFC/SCM
mesmo produtor. As técnicas empregadas na produção destes dois bens são similares, o
que garante a vantagem, em termos de custo, em se produzir ambos.
DEFRONTAM
Muitos economistas advogam, sempre que possível, a fixação do preço igual ao custo
marginal porque esta política gera incentivos para as firmas produzirem quantidades
que melhor atendem os desejos dos consumidores, em termos de eficiência. Todavia,
um problema prático previne o emprego desta regra de determinação de preço em
indústrias reguladas: as firmas poderiam falir. Isto segue dos fatos abaixo:
Juntando estes três fatos, vemos que se o regulador fixa preço igual ao custo marginal,
e como o custo marginal é menor do que o custo médio, o preço não será grande o
bastante para cobrir os custos médios: a firma irá falir! Uma solução para este
problema seria fixar preço igual ao custo marginal e, então, cobrir o déficit da firma
com fundos públicos: subsídios.
Uma segunda (e popular) opção é a de fixar preço igual ao custo médio. Mas este
método de precificação somente poderá ser implementado com base em decisões
arbitrárias. Quase toda companhia produz diferentes variedades e quantidades de algum
produto (podendo chegar à casa dos milhares). Em uma firma com muitos produtos,
nós não podemos definir o custo médio (CMe = CT/Q), pois deveríamos somar
diferentes produtos para obter Q.
Para o caso de firmas que produzem muitos produtos, os reguladores tem sido atraídos
pelo método conhecido como Regra de Precificação de Ramsey.
Prof. Paulo A. de Britto Notas Para o Curso STFC/SCM
Explicação: suponha uma firma que produza dois bens, A e B, e que a demanda por A
é mais elástica do que a demanda por B. Isto significa que para um dado aumento
percentual os consumidores serão induzidos a cortar suas compras de A mais do que
suas compras de B. Esta regra tem sido proposta para precificar correios e telefone.
Prevenir que firmas com poder de mercado obtenham lucros excessivos podem
eliminar incentivos para eficiência e inovação.
Price Caps como incentivos à eficiência. Uma inovação regulatória desenhada para
prevenir lucros de monopólio enquanto incentivos são oferecidos para a firma melhorar
sua eficiência produtiva estão sendo usados em vários países (por exemplo, para
eletricidade, telefonia e serviços aéreos na Inglaterra, e telefonia nos EUA). A idéia
básica foi retirada do incentivo gerado pelo lag regulatório.
Prof. Paulo A. de Britto Notas Para o Curso STFC/SCM
Sob este, o regulador fixa um teto para os preços (chamado de price caps) de firmas
reguladas. Todavia, os price caps (que são medidos em valores reais, ajustados pela
inflação) são reduzidos a cada ano a uma taxa baseada na taxa de redução dos custos
(crescimento da produtividade) obtida pela própria firma no passado. Assim, se a firma
regulada demonstra reduções subseqüentes em seus custos (via inovação ou outros
métodos) maiores do que os obtidos no passado, o custo real da firma irá se reduzir
mais rapidamente do que seus preços e a firma poderá manter seus lucros com uma
forma de recompensa.
É claro que nem tudo é tão simples assim para a firma: se a firma reduz seus custos em
apenas 2% após ter o reduzido em 3% ao ano no passado, o price cap irá se reduzir em
3%. A firma irá sofrer perdas, mas os consumidores continuarão a ser beneficiados pela
queda real nos preços.
Assim, sob este sistema de regulação dos preços, o gerenciamento da firma regulada é
forçado a perseguir continuamente formas mais econômicas de produzir o bem. Note,
finalmente, que este método deixa a possibilidade de lucros elevados para a firma como
uma forma de incentivo para eficiência. Mas ele também protege os consumidores via
controle dos preços, tornando-os menores em termos reais ao longo do tempo.
Regulação em Telecomunicações – Professor: César Mattos (cesarmattos1@uol.com.br)
•Quanto maior o preço de acesso requerido para financiar custos fixos, maior a
possibilidade de bypass por parte do entrante, escolhendo formas alternativas menos
eficientes, mas financeiramente atraentes de obter acesso. A questão relevante é como
estruturar um mecanismo baseado no preço de acesso que ao mesmo tempo que financie o
custo fixo, induza o entrante a escolher a alternativa de acesso mais eficiente do
incumbente. Uma alternativa teórica seria desvincular o financiamento do custo fixo do
preço marginal de acesso. Isso poderia ser obtido, reduzindo o preço de acesso a um nível
próximo do custo marginal enquanto se cobra uma taxa do entrante sobre seu serviço final a
ser transferida ao incumbente. Nesse caso, não há bypass ineficiente pois se quebra a
relação entre o uso do insumo e seu preço, além do custo fixo poder ser devidamente
financiado.O problema é que essa não é uma alternativa juridicamente viável.
A Lei Geral de Telecomunicações e os contratos de concessão contêm uma série de
dispositivos relacionados a tarifas. Previu-se a possibilidade de eliminação dos controles de
tarifas após 3 anos do início do contrato (meados de 2001), o que configurou uma hipótese
que nem sequer foi cogitada naquele momento. Como é usual em vários contratos de
concessão, previu-se a possibilidade de alteração dos reajustes em face de fatores exógenos
que possam trazer problemas ao equilíbrio econômico-financeiro da empresa. Em
consonância com o propósito de desindexação da economia, o intervalo mínimo entre
revisões tarifárias foi definida como de 1 ano.
No caso brasileiro, não foi escolhido um único fator X para ser aplicado durante a
fase de transição do modelo (1998-2005). Para cada ano, eram definidos diferentes valores
de X, sendo que quanto mais distante do início do período, maior o valor de X. Foram
definidos caps diferenciados para os serviços local, longa-distância e de interconexão e,
dentro desses, foram definidos caps específicos sobre faixas desses serviços e/ou “partes”
da tarifa (fixa ou variável), como ficará claro adiante, e caps mais gerais sobre médias
ponderadas dos preços dessas mesmas faixas. O intervalo mínimo de tempo entre reajustes
é de um ano, podendo ser requerido tanto pela operadora como pela ANATEL.
sendo k o fator X do price-cap brasileiro. O valor de X nesse cap global foi fixado
em 0% até dezembro de 2000 e 1% até dezembro de 2005. Há também 7 caps parciais, três
para a habilitação e três para a assinatura, compreendendo residencial, não-residencial e
truncking. O sétimo cap específico é o valor do pulso, P. Todos esses caps específicos
possuem o mesmo fator específico X de 9%, sendo que a mesma fórmula geral para os sete
caps, exemplificada, pelo cap da habilitação residencial (HABRes) é:
⎛ IGP − DI t ⎞
HAB Re st ≤ HAB Re sto *1.09 * ⎜⎜ ⎟⎟
⎝ IGP − DI to ⎠
⎡ 5 24
⎛ M ijto ⎞⎤ (IGP − DI t ) ⎡ 5 24 ⎛ M ijto ⎞⎤
⎢∑ ∑ T * ⎜
⎜ M ⎟ ⎟ ⎥ ≤ (1 − k ) * * ⎢ ∑∑ T * ⎜⎜ ⎟⎟⎥
−
ijt ijto
⎢⎣ i =1 j =1 ⎝ t ⎠⎦ ⎥ IGP DI to ⎢
⎣ i =1 j =1 ⎝ Mt ⎠⎥⎦
⎛ IGP − DI t ⎞
Tijt ≤ Tijto *1.05 * ⎜⎜ ⎟⎟
⎝ IGP − DI to ⎠
onde
Primeiro, não obedece princípios econômicos básicos pois com custos fixos
elevados nenhum operador estará incentivado a investir com essa regra. Tende a ser
confiscatório dado o passo de desenvolvimento tecnológico do segmento e o elevado
período de vida dos equipamentos. A previsão da taxa de progresso tecnológico se torna
fundamental neste contexto. Segundo, aumenta o incentivo a fechar mercado para a
entrantes por via de métodos fora preço (qualidade da interconexão), aumentando
necessidade de maior interferência regulatória. Terceiro, há grande dificuldade de computar
custos marginais aumenta necessidade de interferência regulatória, o que amplia
possibilidade de ação discricionária, minando incentivos. Quarto, •Laffont e Tirole (2000)
mostram que a perspectiva de inovação torna desejável um subsídio cruzado intertemporal
com lucros mais altos antes da inovação que vão compensar lucros mais baixos após a
inovação. Enfim, há dificuldades relevantes na aplicação da regra tais como: 1) O que é o
longo prazo em um setor dinâmico como telecom? 2) •Sobre qual volume os custos
incrementais devem ser medidos? 3) Qual é a função custo em um monopólio quando este é
ineficiente? 4)•O que está incluído nos custos dado o incentivo de mover custos das linhas
de negócio não reguladas para as não reguladas? 5) Como tratar os custos comuns? 6) O
custo de oportunidade entra no custo marginal ou não?
Introdução
A palavra telefonia vem do grego Tele (distância) em conjunto com Phonos (voz).
Em uma tradução direta significa voz à distância. Portanto, a telefonia pode ser entendida
como o processo de realização da conversação entre duas ou mais parte, tendo como
característica básica a separação física entre as mesmas. Para os propósitos já delineados
anteriormente na introdução deste texto, a telefonia consiste no estudo dos equipamentos e
técnicas envolvidos na realização da conexão telefônica. O objeto principal do sistema
telefônico, pelo menos no seu início, é o telefone. Este consiste em um dispositivo que
envia a voz através de um meio físico por meio da conversão da mesma em sinais elétricos.
Antes do telefone surgir existiam outros meios para se realizar a comunicação a
distância. O meio mais difundido no século IXX era o telegráfo. Este dispositivo enviava
sinais codificados à distância ao invés da própria voz. A palavra telegráfo vem do grego
Tele (distância) em conjunto com Graphos (escrita). O princípio básico do telegráfo foi
mostrado em 1825 pelo professor Joseph Henry em uma aula na Academia de Albany
(EUA). Nesta aula, o professor utilizava a variação da corrente elétrica em um circuito para
tocar sinos através de eletromagnetos. O circuito se baseava nas idéias do eletromagnetismo
em estudo na época que mostravam que uma variação na corrente elétrica em um caminho
fechado de corrente criavam um fluxo magnético. Este fluxo magnético apresentava a
capacidade de mover objetos com magnetismo permanente (tais como agulhas de bússolas).
Com base neste princípios, já que a variação de corrente produz um efeito quantitativo
observável, Samuel Morse cria o telégrafo elétrico em 1837. Nesta criação juntam-se os
conceitos dos efeitos que uma variação de corrente causa com um mapeamento entre o
alfabeto de escrita (A,B, C, D, E, etc...) e os efeitos observáveis da variação da corrente
elétrica (rápida e lenta).
Figura 1 - O conceito do circuito envolvido no telégrafo. O circuito consistia de duas chaves, dois elementos
produtores de som e um bateria. Quando as chaves eram operadas os elementos produtores de sons
funcionavam indicando o símbolo que foi transmitido.
Desta form
ma o disposittivo de Bell conseguia trransformar efetivamente
e e sinais de voz
v
em sinnais elétrico
os. Entretantto, este esquuema tinha alguns
a probllemas. Entree eles pode--se
destaccar que o ellemento connversor de sinais de vozz em sinais elétricos utilizava
u áciddo.
Portannto, apresenttava um probblema de seggurança paraa seu uso. Um
m caso aneddótico é que foi
f
justam
mente por caausa do áciddo ter sido derramado em Bell em
m um experrimento quee a
famosa frase “Mr. Watson, com
me here, I need you” foii dita.
Em 1878, Hughes
H inveenta o microofone de carvvão, cujo priincípio é utillizado até hooje
nos teelefones. Th
homas Edisson aperfeiççoa ainda nesse
n mesm
mo ano o receptor.
r Esste
microffone é baseado na com
mpressão de grãos de caarvão que se
s tornam mais
m ou mennos
próxim
mos dependeendo da presssão de voz aplicada
a sobbre eles. Destta forma quaando a presssão
é grannde, os grão
os se tornam
m mais próxximos (conduutância maior) e quanddo a pressãoo é
pequenna os grãos se tornam mais
m separaddos (condutânncia menor)). Este microofone funcioona
de modo similar ao de Bell, coom a vantageem adicional de maior seegurança.
Figura 3 – O microfone de carvão aperfeiçoado por Thomas Edison e o conceito da condutância
variável envolvido em seu funcionamento. A medida que os grãos de carvão se tornam mais próximos ou
separados, a condutância aumenta ou diminui.
O nascimento da companhia Telefônica
A partir deste ponto começou a surgir um dos gigantes de telecomunicações. Em
1877, Bell, Sanders & Hubbard, formam a primeira companhia telefônica Bell. Contra
todas as criticas Hubbard decide licenciar franquias ao invés de vender telefones. Esta
decisão tornou a Bell forte por mais de 100 anos. A razão da existência da companhia
telefônica esta mais ligada ao problema de como conectar os telefones do que a sua venda.
Afinal um telefone não adianta muito, é necessário que sejam realizadas as conexões. E
justamente a questão da conexão é que permitiu o avanço das telecomunicações no século
XX. Para entender a importância da conexão, é necessário perceber que para se comunicar
utilizando o telefone é necessário que os mesmos estejam ligados por um par de fios (a
primeira vista dois pares, mas este ponto será delineado mais afrente). Portanto, se temos
dois telefones precisamos de um par de fios. Mas o que acontece quando há mais telefones
envolvidos? Bem, é fácil ver que a progressão rapidamente seja a valores assombrosos.
Para três telefones ligados diretamente são necessários três pares, para quatro telefones são
necessários seis pares. A medida que aumentamos o número de telefones ligados
diretamente, o número de pares de fios necessários para liga-los cresce bastante.
Na realidade, utilizando expressões matemáticas de soma este número de pares de
fio (L) cresce como número de conexões (N) como:
N ( N − 1)
L=
2
Portanto não é prático conectar todos os assinantes diretamente. A solução mais
prática é conectá-los de modo centralizado. Neste caso o número de pares de fio (L) é igual
ao número de conexões (N).
Figura 4 – O Caso da connexão, se forem
m utilizadas as conexões direttas, o número de
d pares de fios
crescce quadraticam
mente. Mas se foorem utilizadass conexões com
mutadas, este número
n cresce de modo linearr
Figura 6 – Mesa telefônica da telefonista. Note a manivela no canto direito da mesa utilizada para
alertar os assinantes através da campainha telefônica.
Figura 7- O problema da comutação manual. A expansão do sistema era contrabalançada pela própria
dificuldade inerente a implantação de centrais em duas frentes: questão imobiliária e questão trabalhista.
Por estes motivos pode-se afirmar que a criação de centrais automáticas foi
elemento chave na expansão do sistema telefônico. Em 1891, Almon Brown Strowger,
empresário funerário de Kansas City com grande habilidade na construção de aparelhos
elétricos e telegráficos, cria o embrião da primeira central telefônica automática comercial.
Seu objetivo era simples e claro: livrar-se da concorrência desleal de uma telefonista
de La Porte, Indiana, esposa de outro proprietário de empresa funerária, que não
completava as ligações de possíveis cliente para seu estabelecimento. A telefonista se
“equivocava” quando alguém pedia uma ligação para a funerária de Strowger. Na realidade
esta história é apócrifa, mas o fato real é que Strowger inventou a primeira central
automática de comutação
Para realizar estas tarefas a central Strowger possuía um circuito de assinante, um
seletor de linha (linefinder), um apontador (alloter), seletores de grupo e um seletor final. A
seleção e o apontamento eram realizados por movimentos verticais e horizontais. De
qualquer modo através da movimentação vertical e horizontal, era possível conectar um
telefone a outro dado telefone.
(a) (b)
(c)
Figura 8 – A idéia por trâs da central Strowger. (a) o objetivo primordial da central automática de
comutação era conectar telefones sem a intervenção de um operador humano. (b) A central Strowger realizava
isto combinando movimentos de elevação com movimentos de rotação. (c) no entanto a central completa
possuia diversos módulos baseados no mesmo princípio para realizar a comutação.
A central de Strowger era baseada em vários elementos, mas para entender quais são
estes elementos, tem-se de entender quais são as tarefas que uma central automática deve
realizar para completar uma ligação telefônica:
- Detectar que o assinante chamador tirou o fone do gancho
- Tornar ocupada a sua linha tal que ele não seja interrompido
- Reservar equipamento para o usuário se possível
- Indicar ao usuário que ele pode prosseguir com sua chamada
- Aceitar as informações para conexão do chamador e rotear a chamada de acordo
- Conectar a chamada ao assinante a ser chamado
- Retornar informação de ocupado se ocupado ou tocar campainha se livre
- Tocar a campainha e cessar de tocar quando o assinante atender
- Detectar que o assinante atendeu e registrar isto na conta do chamador
- Avisar aos engenheiros em caso de falha
O circuito de Linha de Assinante realizava a tarefa de detectar que o assinante tirou
o fone do gancho e tornava ocupada esta linha. Além disto, ele recebia o par de fios
(denominados a e b) do terminal de assinante. A estes, ele juntava mais um par de fios
(Medição e Privado) e utilizava pares de reles (denominados L e K) para realizar a função
de detectar o fluxo de corrente nos fios do assinante. O Seletor de Linha (Linefinder) e
apontador (alloter) realizavam a tarefa de reservar equipamento para o usuário se possível.
Como a central tem muitos usuários e poucos seletores, o seletor de linha procura um
seletor livre. Do mesmo modo o apontador tinha a finalidade de conectar o assinante ao
seletor de grupo. Geralmente o apontador tinha movimentos tanto de elevação quanto de
rotação (servindo de 100 a 200 assinantes). Os seletores de grupo é que efetivamente
realizavam a conexão do telefone. Cada seletor de grupo era responsável pelo tratamento de
apenas 1 dígito da ligação (determinado somente pelo movimento vertical), apenas o seletor
final era responsável por dois dígitos (tanto o movimento vertical quanto o de rotação).
Figura 9 – O seletor de Strowger. (a) a patente de 1891. (b) Foto de um seletor real. Note que o
mesmo pode realizar movimentos de elevação e rotação.
Figura 10 – Variação do tráfego ao longo de um dia (24 horas). Além desta variação, o tráfego sofre
variações semanais, mensais e sazonais.
Sinal 1 Sinal 1
Sinal 2 Sinal 2
Canal de
MUX DEMUX
Transmissão
Sinal n
Sinal n
Figura 11 – Esquema da multiplexação. Diversos sinais são inseridos em um único canal de transmissão (com
maior banda naturalmente).
Em 1937 as linhas de longa distancia nos EUA passam de aéreas para subterrâneas.
Neste mesmo ano, FDM foi utilizado com cabos coaxiais nos EUA. A razão desta mudança
pode ser facilmente entendida a partir da figura 14.
32 canais 24 canais
Quadro Quadro
Freqüência
Freqüência
Tempo de Guarda
Janela do Canal 3
Janela do Canal 1
Janela do Canal 2
Tempo de Guarda
Janela do Canal 3
Tempo de Guarda
Janela do Canal 1
Janela do Canal 2
Tempo de Guarda
Tempo Tempo
8 bits 7 + 1 = 8 bits
(a) (b)
ETAPA DE MULTIPLEXAÇÃO
PAÍS
1° 2° 3° 4° 5°
EUA & x4 96 x7 672 x6 4032
Canadá
1,544Mb/
24
EUA & CANADÁ 6,312Mb/
44,736Mb/ 274,176Mb/
s s s s 4032
Inglaterra
x1 120Mb/s x4
4 1440 5760
Alemanha x3
108Mb/s 442Mb/s
30 x4 EUROPA
120 480
x4
x4
1920
Brasil &
França
2,048Mb/ 8,448Mb/ 34,368Mb/
s s s 139,264Mb/
x4s
Itália
1920 7680
Itália x4
139,264Mb/ 565Mb/s
480 s
Japão 96 1440
(NTT)
1,544Mb/s
24
x4 JAPÃO
6,312Mb/s
x5 x4
32,064Mb/s 97,728Mb/s
x4
5780
397,2Mb/s
(c)
Figura 17 – Quadros PCM. (a) quadro PCM T1. (b) Quadro PCM (E1). (c) Hierarquia plesiócrona.
A criação do TDM permitiu o T1 em 1962. A partir do T1 formou-se a hierarquia
digital plesiócrona (PDH). Mas devido a questões de padronização diversas
implementações foram realizadas
Em 17 de agosto de 1951, o primeiro sistema transcontinental de microondas passou
a operar. 137 repetidoras espaçadas 45 km ligavam Nova York a San Francisco. O inicio
foi em 1947, 600 conversações ou dois canais de televisão poderiam ser enviados por este
meio.
Enquanto isto, em 1950 no Brasil entra em funcionamento a primeira estação de
televisão da América Latina em São Paulo (PRF-3-TV), a então TV Tupi, canal 3, no dia
18 de setembro. No ano seguinte, os norte-americanos fazem a primeira transmissão de TV
a cores em Nova York. Em 1957 é lançado, pela URSS, o primeiro satélite artificial -
Sputinik .No mesmo ano no Brasil em 8 de agosto tem início a operação da primeira central
manual de telex.
O primeiro cabo submarino veio em 1956. Este sistema era composto por 2 cabos
coaxiais separados de 60 km que cruzavam o atlântico, 50 repetidores eram utilizados no
sistema. O sistema podia transmitir inicialmente 12 conversações simultâneas. Este sistema
ainda utilizava tecnologia analógica. O problema de comunicações a longa distância ainda
não estava totalmente resolvido, dois anos antes da inauguração deste cabo submarino John
R. Pierce sugeriu que sinais refletidos de um objeto passivo refletor grande em órbita
poderiam ser utilizados para comunicação de longa distância.
Em 1957,os físicos Charles Townes e Arthur Schawlow expõem o princípio do
“Maser” (Microwave amplification by estimulated radiation) - Usado para comunicações
via satélite em 1962. Em 1958,os mesmos físicos expõem o princípio do “Laser” (Light
amplification by estimulated radiation). Este seria peça fundamental na revolução das fibras
ópticas das décadas de 70 e 80. Neste mesmo ano de 1958 é posto em funcionamento, após
4 anos de trabalho, desde a fase de planejamento até sua entrada em serviço, o primeiro
sistema de ligações por microondas da América Latina, ligando São Paulo, Campinas e Rio
de Janeiro. E também, o novo sistema de discagem direta à distância entre Santos e São
Paulo, através de cabo coaxial, o primeiro da América do Sul.
Em 1960, surgia o Echo. Este era fruto das idéias de John R. Pierce e da utilização
do Maser de Townes e Schawlow. O Echo consistia de uma grande esfera inflável com
revestimento metálico atuando com um refletor passivo no espaço.
Figura 18 – O Echo. Este satélite artificial foi utilizado como refletor passivo no espaço
Redes de Comunicação de Dados e Centrais Digitais
No mesmo ano do Echo, Joseph Kleimack e Henry Theurer desenvolveram a
técnica de crescimento epitaxial de semicondutores. Esta técnica possibilitou, anos mais
tarde, o nascimento da microeletrônica (Circuitos Integrados – Chips).
Nos anos de 1961 e 1962, dois artigos de grande importância foram publicados.
Curiosamente, poucas pessoas deram a importância devida quando da sua publicação. Em
31 de maio de 1961 Leonard Kleinrock do MIT publicou “Information Flow in Large
Communication Nets”. Este é o primeiro texto em teoria de comutação por pacotes. Em
agosto de 1962 J.C.R. Licklider & W. Clark também do MIT publicam “On-Line Man
Computer Communication”. Este texto introduz o conceito de uma rede Galática com
interação social distribuída.
No mesmo ano de 1962, outro evento importante ocorreu. O primeiro satélite
mundial de telecomunicações, o Telstar, construído pelos Laboratórios Bell, nos Estados
Unidos, permite a transmissão de TV intercontinental, a 10 de julho desse ano. A 31 de
agosto, é constituído o Comsat, consórcio internacional de comunicação via satélite,
antecessor do INTELSAT. No Brasil, a lei 4.117, institui o Código Brasileiro de
Comunicações e cria o Conselho Nacional de Telecomunicações – Contel.
O nascimento do satélite de comunicações permite a transmissão de ligações
telefônicas para praticamente todos os locais do mundo. Além disto o satélite possibilita a
transmissão de televisão intercontinental. Pode-se afirmar que a globalização das
telecomunicações tem suas primeiras sementes plantadas neste momento. O satélite Telstar
é muito mais do que o repetidor passivo representado pelo Echo. Este novo satélite tem
equipamentos para recepção, amplificação e transmissão de sinais. Este funciona portanto
como um repetidor ativo. A importância é a melhoria na qualidade do sinal transmitido e
recebido pelas estações terrenas. As estações terrenas podem utilizar transmissores e
receptores menos caros.
Figura 19 – O sistema Telstar
Em 1963, o Bell Labs desenvolveu o DTMF (Dual Tone Multiple Frequency) para
substituir a sinalização decádica do telefone a disco. Com isto novos tipos de serviços se
tornaram possíveis. O DTMF é utilizado ainda hoje nos telefones atuais. No Brasil, a lei
4117 transforma-se no Código Brasileiro de Telecomunicações, marco inicial da política
nacional do setor.
Em 1964 ocorre o Golpe de Estado no Brasil. Como consequência, a doutrina de
segurança nacional associada a substituição de importações tem um impacto profundo no
rumo das telecomunicações do Pais. Inicia-se um processo de nacionalização das
telecomunicações. É importante observar que o serviço de telecomunicações antes do golpe
tinha pouca qualidade. No mesmo ano, Paul Baran da RAND (Reserach And Development)
publica o artigo seminal “On Distributed Communications Networks” (Sobre Redes de
Comunicação Distribuída). Este artigo sobre redes de comutação por pacote de dados como
alternativa a redes de comutação por circuito (rede telefônica normal) terá um papel
importante para que departamento de defesa dos Estados Unidos (DoD) inicie a criação da
internet (no início ARPANET).
Em 1965 no Brasil em 16 de setembro é criada a Empresa Brasileira de
Telecomunicações (Embratel). No mesmo ano, após quase uma década de pesquisa e
desenvolvimento a central 1ESS (Electronic Switching System) e lançada nos EUA. Fruto
do Projeto ESSEX no Bell Labs consumiu US$ 500 milhões. Possui Memória (Controle
por Programa Armazenado - CPA). A 1ESS não é uma central digital, mas já apresenta
componentes de estado sólido (transitores e diodos). A comutação era realizada através de
Reles REED, portanto eletromecânica. A grande novidade era o controle de programa
armazenado (CPA).
No sistema anterior esta sinalização entre centrais era realizada pela transmissão de
pulsos através do canal E e M. A sinalização E + M Contínua se valia da presença ou
ausência de sinal e por utilização de Corrente Contínua (esta era utilizada na interligação
entre centrais. a dois fios, através da variação da intensidade da corrente do circuito). Na
sinalização R2 digital, dois canais PCM são utilizados para envio do sinal e dois PCM para
recepção do sinal. Os canais são:
- af: monofone no gancho ou não
- bf: indica falhas na saída do PCM
- ab: condições da linha do chamado
- bb: estado do equipamento de comutação de saída (livre ou não)
A mudança na sinalização de registradores teve mais impacto (apesar de ainda não
estar consolidada no mundo até os dias de hoje). A sinalização adotada anteriormente no
Brasil era a MFC. Nos Estados Unidos, esta sinalização era a MF. Além de diversas
diferenças, a sinalização MFC é compelida. Isto significa que cada comando exige uma
resposta. Além disto esta sinalização é multifrequencial (composta de um grupo de
frequências altas e outro de baixas). A frequência de referência é de 1260 Hz. Os sinais
criados podem ser para frente (da central chamadora) ou para trás (para a central
chamadora). Esta sinalização esta gradualmente dando lugar a sinalização por canal
comum.
Enquanto o sistema telefônico corria a passos largos em direção de uma rede
comutada a circuitos totalmente digital, surgiam as primeiras redes comutadas a pacote no
horizonte (ARPANET). Com o aparecimento da ARPANET, também foram criadas as
primeiras aplicações de tráfego de dados servidos pelo sistema telefônico. Ao contrário das
rede comutadas a circuito esta redes eram comutadas a pacotes.
E quanto ao futuro? Pode-se imaginar que deste ponto em diante diversos caminhos
possam ser tomados. Uma indicação é que o IP (Internet Protocol) se torne dominante
causando o desaparecimento das hierarquias intermediárias. Outra indicação é a
convergência tecnológica, podendo se tornar mais difícil determinar as fronteiras entre a
telefonia e outros serviços de telecomunicações tais como radiodifusão. Espera-se que esta
integração resulte em serviços adicionais para o usuário com transparência quanto ao seu
uso. Uma das palavras chaves aparenta ser mobilidade. Do ponto de vista das operadores de
serviços de telecomunicações estas mudanças implicam em uma gerência integrada de
serviços, base de dados completas de assinantes, agentes inteligentes para criação de perfis
de usuários e adaptação de serviços para as novas oportunidades.
Mas nem tudo são flores, afinal ainda restarão desafios como a inclusão digital
(fundamental para aumentar retorno financeiro), a complexidade inerente a estes sistemas, a
dificuldade de determinar qualidade da informação (autoridades certificadoras talvez se
tornem necessárias), as barreiras culturais a serem vencidas pelo avanço das comunicações
e finalmente as questões de privacidade e segurança.
Entretanto, pode-se afirmar sem sombra de dúvida que as próximas décadas trarão
desafios ainda maiores dos que foram mostrados. O ponto principal deste texto pode ser
visto como a luta dos provedores dos serviços de telecomunicações para maximizar a sua
base de usuários (universalizar o sistema) e aumentar seu retorno financeiro.
REDES DE ACESSO
1. INTRODUÇÃO
Uma rede de telecomunicações é a combinação de um conjunto de elementos que são utilizados para o
intercambio de voz e dados entre os vários usuários conectados à rede. A rede é o suporte ao permitir que um
usuário se comunique com qualquer parte do mundo, e possa transmitir suas informações através de fios de
cobre, cabos coaxiais, fibras óticas e tecnologia de comunicações sem fio, tais como microondas e satélites.
Com o crescimento da Internet, as exigências apresentadas para a tradicional e centenária rede de telefonia têm
se incrementado nos últimos anos. O impacto da Internet na rede de voz se exemplifica ao observar que com
aplicações de voz o tempo médio de conexão entre usuários oscila entre 3 a 6 minutos e no caso da Internet este
tempo médio de conexão é de 19 a-29 minutos. Isto resulta em uma sobrecarga da rede assim como o
estabelecimento de novos critérios de avaliação para projetos de expansão e atualização tecnológica.
O crescimento da Internet nos últimos anos tem sido vertiginoso, assim como o aparecimento de diversos
serviços. Na maioria dos casos, a multiplicidade de serviços produz a necessidade de maiores velocidades de
transmissão em função de critérios de qualidade e apresentação. Os avances tecnológicos trazem a solução para
melhorar a velocidade de transmissão para os usuários finais, desempenhando um papel fundamental na
melhoria dos serviços de telecomunicações e a sua conseqüente evolução.
Este documento apresenta a definição da rede de acesso, elemento da rede de telecomunicações, assim como as
diferentes tecnologias envolvidas na sua implementação.
2. DEFINIÇÃO
Uma definição básica é a que define a rede de acesso. A rede de acesso tem uma visão diferente para cada um
dos diversos participantes da rede de telecomunicações. Entre estes participantes podem se enumerar os usuários
finais, os provedores de serviço de Internet e os provedores de serviços de telefonia, TV a cabo e comunicações
sem fio.
É interesse deste documento centralizar o conceito de rede de acesso nos provedores de serviços de telefonia, TV
a cabo e comunicações sem fio. Neste caso, o acesso é a conexão entre o usuário final (que pode ser um usuário
doméstico ou um usuário corporativo) para um ponto de terminação da planta instalada ligada a um nó de acesso.
Como um exemplo, na área de telefonia isto seria conhecido como um ponto de distribuição local.
Então, o termo rede de acesso denomina a forma de conexão entre a central local e o usuário/cliente. O grosso do
investimento nas telecomunicações é feito na rede de acesso e em muitos casos pode exceder 50% do capital
total investido em uma área de serviço. O problema concentra-se em: fornecer ao usuário uma rede de acesso
que possa atender as necessidades das suas diferentes aplicações e ao mesmo tempo preservar o interesse custo
benefício da operadora de telecomunicações.
Evolução
No inicio da implementação da Internet até a primeira metade dos anos 90, o tráfego dos serviços oferecidos era
baseado principalmente em texto, sem elementos gráficos e multimídia. Em 1995, com a mudança destes
serviços para uma apresentação gráfica a partir do conceito de World Wide Web (WWW), a Internet
experimentou um incremento no seu número de usuários e de serviços oferecidos. De forma geral, no inicio da
difusão do acesso a Internet foram utilizados modems para os usuários residenciais e comerciais de pequeno e
mediano porte. Estes equipamentos conseguiam velocidades de transmissão entre 28.8 Kbps até 56 Kbps. Hoje
1
em dia, são necessários elementos de conexão que permitam maiores velocidades de transmissão, especialmente
para os usuários corporativos.
A transferência de imagens através da Internet, formadas por um grande conjunto de bits, foi o inicio de um
grupo de necessidades crescentes de novos serviços com requerimentos diferenciados de desempenho. Isto levou
ao desenvolvimento e implantação de novas tecnologias de acesso que permitissem ultrapassar a tradicional
velocidade oferecida pelos modems. A tabela 1 mostra os requerimentos de velocidade de transmissão para uma
série de diferentes serviços oferecidos hoje em dia.
3. TECNOLOGIAS DE ACESSO
As tecnologias de acesso podem-se classificar em dois grandes grupos : (1) acceso por fio, (2) acceso sem fio.
Na figura 1 é mostrada uma classificação das tecnologias de cada grupo.
Dentro das tecnologias por fio, aquelas que usam o par trançado são as pioneiras e principalmente as mais
utilizadas nos usuários residenciais. A evolução das tecnologias neste tipo de meio tem permitido acessos mais
velozes que os originalmente oferecidos.
As fibras ópticas e cabos coaxiais foram introduzidos para aplicações de difusão de imagens, basicamente
televisão a cabo. Estes sistemas são de banda larga e hoje em dia podem ser aproveitados no suporte de
tecnologias de alta velocidade para o acesso a Internet.
Os meios sem fio surgiram a partir dos sistemas de satélite estabelecidos para difusão de imagens e transmissão
de televisão e dos sistemas de telefonia celular.
A fibra óptica em combinação com as tecnologias SDH (Synchronous Digital Hierarchy) tem sido a opção de
acesso das grandes corporações e no futuro espera-se que a PON (Passive Optical Network) seja a nova opção de
acesso também para usuários residenciais.
Tecnologias de
Acesso
Fibra e
Coaxial Fibra Par Trançado Satélite Terrestre Celular
Coaxial
CATV HFC PON SDH Modem ISDN XDSL LMDS MMDS PCS
2
3.1.1 Acesso por par trançado
Um par trançado é constituído por dois fios de cobre, arranjados em formato espiral. O enlace para a transmissão
é formado por um arranjo e vários pares podem ser agrupados para criar pontos de distribuição. No sistema
telefônico existe uma grande planta de par trançado instalada já que tem sido utilizado como a forma de conexão
entre o assinante e a central de distribuição, chamado de enlace local. Um exemplo simplificado de uma parte
desta planta pode ser visto na figura 2.
Ponto de
Distribuição
(DP)
20 pares
Ponto de Ponto de
Distribuição Cruzamento 400 pares
(DP) de
50 pares Conexões Central Local
(CCP)
30 pares
Ponto de
Distribuição
(DP)
O par trançado pode ser utilizado para transmitir ambos sinais digitais e analógicos. Para sinais analógicos são
necessários amplificadores a cada 5 ou 6 km. e no caso de sinais digitais são necessários repetidores a cada 2 ou
3 km. Assim também existem fortes limitações em função da distância, largura de banda e velocidade de
transmissão. No par trançado a atenuação (diminuição da força do sinal) é fortemente influenciada pela distância
e existe também uma alta suscetibilidade às interferências.
Para a transmissão de voz, como a que acontece em um enlace local, a atenuação é aproximadamente de 1dB/km
sobre o intervalo de freqüência de voz.Existem três tipos de acessos que fazem uso do par trançado:
• Modems
• ISDN
• xDSL
Modems
O intercambio de dados na Internet se concretiza entre dois equipamentos digitais, normalmente computadores.
Como os computadores para a transmissão geram sinais digitais, estes sinais devem ser representados em sinais
analógicos para serem transmitidos na linha utilizada para a transmissão de voz. O modem análogico converte
uma série de pulsos binários (dois valores) em um sinal digital ao representar o sinal em uma freqüência
portadora, que no caso do sistema telefônico é na faixa de 3400 Hz. No outro ponto da linha, outro modem
demodula o sinal para reconstruir o sinal original.
Os modems analógicos são equipamentos que realizam o processo de modulação para que os sinais digitais
possam trafegar no meio físico. Modulação é o processo pelo qual são modificadas uma ou mais características
de uma onda denominada portadora, segundo um sinal modulante (informação que se quer transformar pelo
3
meio, na comunicação de dados o sinal digital binário). No caso dos modems, as técnicas de modulação
utilizadas são FSK (Frequency Shift Keying) e QAM (quadrature amplitud modulation).
Quase todos os modems para uso pessoal utilizam a técnica de transmissão assíncrona. É um método de
intercâmbio de informações entre dois computadores diferentes, que operam de maneira independente e não
compartilham nenhuma informação de sincronia. Geralmente, os sinais dos modems que utilizam a rede
telefônica são assíncronos, porque seria mais caro e mais difícil sincronizar sinais através do sistema telefônico,
onde os sinais podem ser redirecionados a qualquer momento, sem aviso. Assim também são utilizadas técnicas
de compressão e correção de erro.
Usando este tipo de acesso, são alcançadas taxas simétricas de 33.6 kbps e assimétricas de 56 kbps upstream e
33.6 kbps downstream. Existe uma estimativa de que hoje no mundo existem em funcionamento 500 milhões de
modems.
É uma rede que é o resultado da evolução da rede digital integrada (RDI) de telefonia, que proporciona
conectividade digital fim a fim, para dar suporte a uma variedade de serviços vocais e não vocais, aos quais os
usuários têm acesso através de um conjunto limitado de interfaces usuário-rede padronizadas.
Os canais utilizados neste tipo de acesso são:
Os canais B podem ser utilizados para duas chamadas separadas de voz, ou uma de voz e uma de dados a 64
kbps, ou duas de dados a 64 kbps. Os sistemas de transmissão digital nas linhas de assinantes utilizando pares
metálicos não são objeto de padronização no âmbito das interfaces físicas da ISDN. As linhas de assinante
podem alcançar até 10 Km. A rede trabalha com o conceito de um Acesso Básico (2B+D) e um Acesso Primário
(30B+D).
Uma linha de assinante do sistema telefônico tem uma limitação na velocidade de transmissão pela existência de
filtros nas centrais para trabalhar na faixa de 3.3 kHz (pensando-se somente na transmissão de voz) e isto é a
principal causa de que no par trançado, usando-se a linha telefônica para transmissão de dados, não se possa
trabalhar em freqüências na faixa dos MHz. Assim também, existe o problema da atenuação, que é uma função
da distância e da freqüência, como pode ser visto na figura 3.
O conceito básico de DSL é referente a um tipo de modem que estabelece um enlace digital. É realizada uma
transmissão duplex de 160 Kbps sobre linhas de cobre em distâncias de até 6Km, fazendo-se uso de faixas de
freqüência diferentes para voz e dados, o que permite a transmissão simultânea de ambos.
A idéia básica do funcionamento do modem DSL é que em função da transmissão em diferentes faixas, a voz e
os dados podem ser separados nos pontos de distribuição e enviados a diferentes destinos (rede de voz e rede de
dados). Assim também, fazendo-se uso de técnicas mais eficientes de modulação, podem-se alcançar velocidades
mais altas de transmissão no par trançado.
Um conjunto de tecnologias xDSL tem sido padronizadas e ainda estão em processo de padronização pelo ANSI
(American National Standards Institute) e o fórum ADSL (Assymetric Digital Subscriber Line), entre outros. As
tecnologias derivadas do DSL podem ser vistas na tabela 2.
4
Atenuação 0
(dB)
1 km
2
2km
3km
4
4km
6
diâmetro do cabo = 0,5mm
8
10 100 1 Freqüência
(Hz)
POTS
POTS : Plain Old Telephone System
Para exemplificar, na figura 4 é mostrado um acesso ADSL. Para a instalação física, o modem e o telefone
compartilham a mesma linha de cobre através de um splitter até o nó de acesso e assim o sinal de dados é
multiplexado ao sinal de voz (analógico) na linha de transmissão, sem interferir no funcionamento do mesmo.
Em função da atenuação do par trançado, a distancia entre o terminal de usuário e o nó de acesso, na prática não
ultrapassa 4 Km. Posteriormente, no nó de acesso, o sinal de dados é separado do sinal de voz através de um
outro splitter e cada um é enviado para destinos diferentes. Na prática, o multiplexador é chamado de DSLAM
(Digital Subscriber Line Access Multiplexer).
Para a transmissão dos dados a tecnologia ADSL utiliza a tecnologia DMT (Discrete Multitone) que divide a
faixa de freqüência em 256 subportadoras, de 64 KHz a 1.1 MHz. O DMT utiliza modulação em quadratura
(QAM), onde cada subportadora usa um canal independente.
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Terminal
PSTN
s
M
u
l E1 (Voz)
t
Voz Comutador
i Rede PSTN
p Telefônico
l
s e
Comutador
x NxE1 (dados)
ATM Rede Dados
a
d Central
s o
r
Nó de
Acesso
Cabo coaxial
O cabo coaxial, da mesma forma que o par trançado é formado por dois condutores, mas a sua construção
permite uma operabilidade em um intervalo maior de freqüências. É formado por um condutor cilíndrico que
envolve um condutor interno único, tendo um diâmetro de 1 cm a 2.4 cm. Pode ser utilizado para a transmissão
de sinais digitais e analógicos.
Durante muitos anos, o cabo coaxial foi de grande importância na telefonia de longa distância, mas nos últimos
anos foi substituído pelas fibras ópticas, microondas e satélites. Hoje em dia, o cabo coaxial é muito utilizado
nos sistemas de televisão por assinatura (CATV) e em redes locais de dados. Para transmissão de longa distância
com sinais analógicos, são necessários amplificadores a cada poucos quilômetros, com menor espaçamento ao
trabalhar em altas freqüências. O espectro para sinais analógicos é até a faixa dos 400 MHz. Para sinais digitais,
repetidores são necessários quase a cada quilômetro, onde têm sido alcançadas taxas de 800 Mbps com
repetidores a cada 1.6 Km.
Fibra óptica
A fibra óptica é um meio flexível e fino que conduz raios de luz. As primeiras fibras foram fabricadas fazendo
uso de materiais baseados em plástico e vidro, materiais ainda utilizados. Os materiais recentemente utilizados
tem sido baseados em silício.
A transmissão de sinais na fibra óptica é realizada a partir da emissão de luz (de um diodo ou um raio laser),
onde a partir da reflexão, é realizada a transmissão na faixa dos 1014 a 1015 Hz. Existem basicamente dois tipos
de fibras: as que alcançam melhores taxas são as do tipo monomodo (mais finas) e segundo, as multímodo.
Ambas fibras suportam vários comprimentos de onda, centralizados em 850, 1300 e 1500 nanômetros.
O uso da fibra para telecomunicações é vantajoso pois a mesma trabalha em grandes freqüências conseguindo-se
taxas de transmissão na ordem dos Gigabits, com baixa atenuação em longas distâncias e minimização de custos
ao trabalhar com poucos repetidores. Nas telecomunicações existem várias aplicações básicas para a fibra óptica:
• Enlaces de longa distância;
• Enlaces metropolitanos;
• Enlaces entre centrais trânsito (em áreas rurais ou urbanas);
• Enlaces locais (da central a um assinante);
• Redes locais de alta velocidade.
6
Sistemas HFC (Cable TV Hybrid Fiber/Coax)
No final de 1995, vários operadores de cabo se agruparam sob o auspicio da Cable Television Laboratories
(CableLabs) para especificar as especificações DOCSIS (Data Over Cable Service Interface Specifications),
padrão para a transmissão do dados sobre o sistema de transmissão de cabo.
Um sistema de cabo consiste em um ponto de terminação (headend), onde os sinais de vídeo são coletados e
modulados em uma pilha de freqüências, conhecido como fila de canais, e os sinais são enviados para cada
assinante usando cabo coaxial. Cabos de fibra óptica, em topologia de estrela carregam o sinal de cabo a
conjuntos de residências, onde a distribuição do sinal é feita usando-se cabo coaxial em uma topologia de bus.
Um exemplo deste sistema pode ser visto na figura 5.
Cabo coaxial
Nó de
acesso
fibra
headend
Nó de
fibra
acesso
Cabo coaxial
Os sistemas tradicionais possuem somente a capacidade de broadcast em uma direção (downstream). Estes
sistemas trabalham na faixa do 50 para 550/750 MHz com canais de 6 MHz. Os cable modems são utilizados
para permitir o acesso a Internet e transmissão de dados na direção downstream do sistema HFC, conseguindo-se
velocidades de ate 30 Mbps em um canal de vídeo de 6 MHz. O sinal de upstream é provido por um canal
telefônico existente, fazendo-se uso de modems, por exemplo.
Os sistemas HFC bidirecionais possuem capacidade de transmissão em ambas direções. Este tipo de sistemas,
normalmente trabalham com uma largura de banda de 50 a 750 MHz na direção downstream usando-se canais de
vídeo de 6MHz. Na direção upstream, a banda é compartilhada entre todos os assinantes e normalmente é
limitada na faixa de 5 a 40 MHz. As velocidades alcançadas da direção de downstream estão na faixa dos 30
Mbps e no upstream na faixa dos 10 Mbps.
As vantagens do acesso pela combinação de fibra e cabo coaxial é que trabalha relativamente numa alta
velocidade com pouca modificação na rede e funciona com receitas provenientes da telefonia, difusão de TV o
que permite a divisão dos custos entre muitos usuários. As desvantagens concentram-se na sua atual baixa
penetração no mercado (menos de 30% em média) e na expectativa que o par metálico deve superá-lo em breve
em termos de taxas.
O enfoque de levar a fibra mais perto do assinante em combinação com outros meios tais como par trançado e
cabo coaxial tem levado aos conceitos de FTTC (Fiber to the Curb), FTTH (Fiber to the home), FTTO (Fiber to
the Office) entre outros. Em função do custo há uma tendência de concentração em torno dos pontos onde há um
7
retorno imediato, e assim a chegada direta da fibra se da hoje nos pontos que concentram um número de
assinantes ou aplicações que compensem o investimento.
PON
O acesso PON (Private Optical Network) tem como objetivo levar a fibra até o assinante fazendo uso da
tecnologia WDM (Wave Division Multiplexing). A fibra chega ao nó de acesso e desse ponto, usando-se um
splitter, várias fibras são lançadas até o ponto final em uma ONU (Optical Network Unit), onde o assinante as
pode distribuir no seu local. O acesso PON tem a vantagem de fornecer um acesso robusto com baixos custos de
manutenção e permite trabalhar uma grande multiplicidade de serviços de banda larga.
A desvantagem é o alto custo, que em comparação com as outras alternativas de acesso, ainda não representa
uma competitividade especialmente para usuários residenciais.
Nó de
ONU
acceso
WDM
Terminal Centro Empresarial
Digital
WDM Splitter
PON
Multiplexador ONU
WDM Residencia
ONU
Anel SDH
WDM Fábrica
Multiplexador Lan 1
ONU : Optical Network Unit
Multiplexador Lan 1 WDM : Wave Division Multiplexing
PON : Passive Optical Network
LAN : Local Area Network
Lan 2
SDH : Synchronous Digital Hierarchy
Lan 3 Lan 3 Lan 2
Campus
Rede Corporativa
Os anéis SDH (Synchronous Digital Hierarchy) são utilizados para prover acesso de alta capacidade para
comunidades, tais como núcleos industriais, campus universitários, empresas, etc. Um anel SDH permite ter uma
garantia de serviço fazendo uso de uma arquitetura anular bidirecional.
No assinante, um multiplexador é encarregado de prover o transporte ao combinar diversos fluxos de dados em
uma única fibra fazendo uso de um modo de transmissão síncrono (STM em inglês), que agrupa estes fluxos de
dados em tributários. Na prática, os comutadores ATM (Asynchronous Transfer Mode) são utilizados para o
estabelecimento da conexão de rede e da camada de enlace neste tipo de conexões.
A figura 6 mostra exemplos de implementações de PON e SDH.
No final do século XIX, H.G. Hertz, um cientista alemão, mostrou que as ondas de rádio podiam-se propagar
em um meio sem fio, por um caminho entre um receptor e um emissor. Após esta experiência, grandes
desenvolvimento tem se realizado nesta área, resultando em tecnologias de transmissão por microondas. Hoje em
dia, a transmissão por microondas é parte fundamental do cenário das telecomunicações,
8
Microondas por Satélite
Um satélite é uma estação aérea de transmissão do tipo broadcast que é utilizada para criar um enlace entre
estações terrestres. O satélite recebe as transmissões em uma freqüência (uplink), as amplifica ou funciona como
repetidor e depois as transmite em outra freqüência (downlink). Para que um satélite possa funcionar
corretamente, é necessário que mantenha uma posição estacionária ou fixa em relação à terra, pois do contrário
as estações terrestres teriam dificuldades para estabelecer o enlace. Os satélites são usados principalmente nas
seguintes áreas:
• Distribuição de sinais de TV
• Transmissão telefônica de longa distancia
• Redes de Dados privadas
O intervalo de freqüência ótimo para transmissão por satélite é na faixa de 1 a 10 GHz. A banda C, com uplink
entre 5.925 a 6.425 GHz e de downlink entre 3.7 e 4.2 GHz é a mais utilizada. Em função da saturação da banda
C também se trabalha com a banda Ku, entre 12 e 14 GHz, que precisa de satélite com maior potencia de
transmissão em função da atenuação nesta faixa de freqüência.
O uso de satélites para acesso a Internet funciona hoje na faixa dos 12 GHz, com taxas de 400 kbps. O satélite é
um elemento ótimo para distribuição do mesmo conteúdo para um número muito grande de usuários, mas tem
problemas em controlar o retorno. O equipamento na casa do assinante consiste de uma antena parabólica de
aproximadamente 52 cm de diâmetro, um receptor de microondas e um decodificador digital ligado ao
computador. O canal de retorno (uplink) pode ser provido pelo sistema telefônico.
Antena
Antena
Receptor
Antena
Assinante Head
Receptor End
Rede
Comutada
Assinante Modem
Nó de Acesso
A principal utilização das microondas terrestres é na área de telecomunicações uma alternativa as tecnologias de
acesso com fio, tais como par trançado, cabo coaxial e fibra óptica. Assim também são utilizadas para
comunicação de redes privadas com sinais digitais (por exemplo, entre dois prédios) e estabelecimento e enlaces
de alta velocidade em pequenas regiões.
O assinante de um sistema de microondas terrestres precisa de um equipamento que lhe permita capturar ondas,
interpretar a informação contida nessas ondas e também, transmitir as suas próprias informações (ver figura 7).
Geralmente, o assinante deve instalar uma antena e um equipamento receptor/emissor (que realiza modulação e
demodulação).
A faixa de freqüência comumente utilizada é de 2 a 40 GHz. Entre maior a freqüência, maior a largura de banda
potencial e conseqüentemente maior a taxa de transmissão. A principal fonte de perda nestes sistemas é a
atenuação, principalmente em função da distancia e de elementos atmosféricos, como a chuva.
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Sistema MMDS
O sistema MMDS (Multichannet Multipoint Distribution Service) pode fornecer canais de downlink em uma
distância de 50 Km, a partir de um ponto central de transmissão. Nos EUA opera a 2,5 GHz com 33 canais e é
tipicamente oferecida como uma tecnologia ponto a multiponto com taxas típicas de 384 a 512 kbps (downlink)
e 256 a 384 kbps para uplink. O público alvo são residências e pequenas empresas.
Sistema LMDS
O sistema LMDS (Local Multipoint Distribution System) é a principal tecnologia sem fio de banda larga para
transmissão de voz, dados e multimídia acima da faixa dos 20 GHz, alcançando taxas de transmissão 4 vezes
maiores que o sistema MMDS. É utilizada uma arquitetura similar ao sistema celular, mas os serviços são de
natureza fixa, não móvel. Ao contrário dos telefones celulares, os usuários têm localização fixa e permanecem
dentro de uma única célula Os transmissores LMDS cobrem áreas de aproximadamente 3 a 5 Km, os sinais são
transmitidos usando broadcast ponto a multiponto sendo que o canal de retorno do assinante à estação base é
ponto a ponto. Uma rede LMDS consiste basicamente de 4 elementos principais :
• Centro de operações de rede: gerenciador de regiões com grupos de assinantes, sendo que vários centros
são interconectados entre eles.
• Infra-estrutura óptica: Elementos SDH/WDM para enlaces com outras redes (telefônicas e de dados).
• Estações base: onde é realizada a conversão da infra-estrutura óptica em infra-estrutura sem fio. Assim
também é aquí onde são realizadas as funções de transmissão de microondas para os assinantes.
• Estação cliente: Equipamento externo para microondas (antena) e equipamento interno para recepção,
sendo que a forma de acesso à rede pode ser feita usando FDMA (Frequency Division Multiple Access),
TDMA (Time Division Multiple Access) ou CDMA (Code Division Multiple Access).
Nos sistemas LMDS a chuva provoca séria atenuação e portanto limita o alcance confiável a uma faixa de 3-5
Km a depender do clima e da freqüência de operação.
Atualmente, no sistema PCS estão se realizando pesquisas e padronizações para estabelecer o acesso a Internet e
outros serviços de dados. Em função de que o sistema celular utiliza canais de banda estreita, onde são
alcançadas taxas entre 9.6 kbps e 15.5 kbps é necessária uma otimização dos canais para o envio de dados no
momento que se encontram ociosos.
4. CONCLUSÕES
O acesso aos serviços de parte dos usuários é um dos principais fatores que mobiliza o mercado das
telecomunicações. As empresas de telecomunicações precisam facilitar o acesso aos seus usuários para assim
diversificar e consolidar o seu mercado.
A rede de acesso é o ponto de entrada do usuário ao mundo de intercambio de informações. Com a difusão da
Internet e seus serviços, inicialmente muitos usuários fizeram uso da planta telefônica já instalada, mas hoje em
dia o acesso que estes usuários procuram lhes deve permitir integrar uma série de serviços diferentes, tais como
voz, dados e multimídia de uma forma transparente. Esta necessidade tem impulsionado o desenvolvimento de
novas tecnologias que têm como objetivo difundir e expandir a cobertura e volumem de assinantes em um
mercado altamente competitivo e dinâmico.
O desenvolvimento das várias tecnologias de acesso procura balancear os critérios de velocidade, viabilidade e
custo. Assim também, os critérios de qualidade de serviço, congestionamento, atraso entre outros, devem
influenciar o comportamento dos usuários e o futuro desenvolvimento de novas tecnologias.
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5. BIBLIOGRAFIA
STALLINGS, William, “Data and Computer Communications”, Pearson-Prentice-Hall, 7a. Edição, 2003.
YACOUB Michel D., “Foundations of Mobile Radio Engineering”, CRC Press, 1993.
INTERNET ACCESS, Web Proforum Tutorial, IETF.
LOCAL MULTIPOINT DISTRIBUTION SYSTEMS, Web Proforum Tutorial, IETF.
FELLOWS D, Jones D, ‘DOCSIS CABLE MODEM TECHNOLOGY”, Topics in Broadband Access, IEEE
Communications Magazine, Março, 2001.
ELSENPETER Robert, Velte T., “Optical Networking – A Beginners Guide”, Mc-Graw-Hill Osborne, 2002.
ADSL Forum – www.adsl.com
KRAPF, E. “Fiber Access: The Slog Continues”, Business Communications Review, p. 38-41, Aug. 2001.
TANENBAUM Andrew S, “COMPUTER NETWORKS”, Prentice-Hall International, 2a. Edição.
11
Redes Multimídias
1- Introdução
O desenvolvimento das tecnologias de transmissão de dados possibilitou o
surgimento das redes de alta velocidade com capacidade de transportar informações na
ordem de milhões de bits por segundo. A existência dessas redes tornou possível a
implementação de aplicações que requisitassem grande capacidade de transmissão.
Dentre estas aplicações, podem ser citadas, como das mais importantes, as aplicações
multimídia.
A maioria das aplicações utilizadas nas redes de dados atuais é pouco sensível a
variações de banda e retardo. Os serviços de rede como correio eletrônico e transferência
de arquivo podem executar com a quantidade de banda que é fornecida a eles. Serviços
interativos, tais como login remoto, beneficiam-se pouco de valores de banda maiores.
Esta aplicação envia apenas pequenos pacotes de dados e o maior benefício de ter muita
banda disponível é reduzir a interferência de grandes pacotes sobre pequenos pacotes de
dados, pois os pequenos levam menos tempo para serem transmitidos. A aplicação de
sistema de arquivos distribuído (NFS - Network File System) se beneficia de um maior
valor de banda. Ter uma rede com muita banda passante reduz o tempo para transmissão
de dados do servidor para o cliente. No entanto, o aumento de banda passante para as
aplicações citadas, faz apenas com que elas sejam executas mais rapidamente, mas não
influencia no resultado ou na correção de suas execuções.
As aplicações multimídia geram vários tipos de informação, como texto, dados,
voz, vídeo e imagem. Em uma transmissão multimídia, todas essas informações devem
ser enviadas em um mesmo meio de comunicação. Por esse motivo, e pelo fato de alguns
tipos de informação, como vídeo, por exemplo, possuírem muitos dados, a transmissão
destas aplicações, requer uma grande capacidade de banda passante.
Cada um desses tipos de informação possui requisitos diferentes, no que diz respeito a
retardo de transmissão, taxa de erros, perda de dados e largura de banda.
Assim, uma rede para transmitir uma aplicação multimídia deve oferecer garantias de
qualidade de serviço (QoS - Quality of Service), para que todas as informações
transmitidas tenham seus requisitos atendidos.
A negociação da qualidade de serviço consiste em fazer, no início de cada
conexão, uma negociação dos parâmetros de transmissão necessários a cada tipo de
aplicação e, a partir daí, tanto as aplicações como a rede deve obedecer aos requisitos de
qualidade estabelecidos. Esse tipo de negociação, feito apenas no início da transmissão,
pode ser chamado de negociação estática, pois os parâmetros acordados no
estabelecimento da conexão continuam até que ela finalize.
A negociação dinâmica da qualidade de serviço permite que os parâmetros de qualidade
sejam alterados durante a fase ativa da conexão. Essa negociação pode ser feita para
requisitar mais ou menos recursos. Dessa maneira, se uma aplicação estiver subutilizando
recursos, ela pode liberá-los. Estes recursos podem ser reaproveitados por conexões que,
em um determinado momento, exijam mais recursos ou até mesmo por aplicações que
desejem iniciar uma transmissão. A utilização da negociação dinâmica possibilita uma
melhor utilização do meio de transmissão.
Uma rede, para transportar dados de aplicações multimídia, deve oferecer, portanto, alta
velocidade de transmissão e garantias de qualidade de serviço. Nesse sentido, a
tecnologia de rede ATM (Asynchronous Transfer Mode) tem-se mostrado como uma das
mais eficientes.
2- Tipos de Mídias
As aplicações multimídia atuais integram vários tipos de mídia: texto, gráficos,
imagens, vídeo e áudio. Cada tipo de mídia possui características e requisitos de
comunicação diferentes.
Algumas das características de uma aplicação multimídia são: natureza do tráfego gerado,
retardo máximo de transferência, variação estatística do retardo, vazão média e taxas
aceitáveis de erro em bits ou em pacotes de dados.
Uma das principais características é a natureza do tráfego gerado. Podem existir
três tipos de classes de tráfego: tráfego com taxa de bits constante, onde a taxa média é
igual a taxa de pico; tráfego em rajadas, que possui períodos onde as informações são
geradas próximas à taxa de pico, intercalados com períodos nos quais a fonte não produz
tráfego algum; tráfego contínuo com taxa variável, no qual existem variações na taxa de
bits, durante todo o período de transmissão.
De acordo com o tipo de informação presente em uma mídia, esta pode ser definida como
discreta ou contínua. Texto, gráfico e imagem são exemplos de mídias discretas,
enquanto que áudio e vídeo são exemplos de mídias contínuas. O termo multimídia
geralmente implica que pelo menos um tipo de mídia discreta esteja associado com
informação de mídias contínuas.
2.1.1 Texto
2.1.3 Imagens
2.1.4 Vídeo
2.1.4 Áudio
3 – Aplicações Multimídias
As aplicações multimídia possuem muitas características em comum com outros
tipos de aplicações, mas também possuem características particulares. Dentre as
principais características específicas podem ser citadas as seguintes: podem necessitar de
transmissão em tempo real de informação de mídia contínua (áudio e vídeo); o volume de
dados trocados é substancial e muitas vezes considerável, devido à codificação de
informação de mídia contínua; muitas aplicações são inerentemente distribuídas.
As aplicações multimídia podem ser executadas em um sistema multimídia
individual, no modo stand-alone, ou através de uma rede de computadores. Uma
aplicação multimídia local utiliza apenas os recursos presentes no sistema local para
oferecer os serviços multimídia e não faz uso da capacidade de armazenamento remoto.
Exemplos desse tipo de sistema multimídia são: Treinamento individual baseado em
computador (Individual computer-based training - CBT) e Educação individual baseada
em computador (Individual computer-based education - CBE). Aplicações executadas
através de uma rede de comunicação são ditas distribuídas. Duas razões principais para se
ter aplicações multimídia distribuídas são:
3.1.1 Videoconferência
3.1.3 Telemedicina
3.1.4 Vídeo-sob-demanda
• A definição de VOD não especifica onde o servidor está localizado nem quem o opera.
VOD pode ser um serviço corporativo provido em um site dentro de uma organização,
bem como pode ser um serviço público.
• A definição não especifica o nível de interação que o usuário pode se beneficiar, uma
vez que a sessão esteja estabelecida.
• A definição diz que o usuário pode requisitar uma imagem ou figura em movimento a
qualquer tempo, mas ela não diz que o usuário pode vê-la a qualquer tempo.
3.1.5 Filme-sob-demanda
4 – Requisitos da Comunicação
.
Aplicações multimídia são caracterizadas por manipular mídia contínua e suportar
uma variedade de mídias e seus relacionamentos temporais. Isto impõe novos requisitos
aos sistemas de comunicação e sistemas-fim. As informações das aplicações distribuídas
devem ser transmitidas através de uma rede. Para cada tipo de mídia existem requisitos
de comunicação específicos. Para que uma sub-rede de comunicação possa transmitir
dados de aplicações multimídia em tempo real e mídia contínua, ela deve disponibilizar
alguns características de desempenho. As principais destas características são:
• Retardo. Tempo gasto para a emissão do primeiro bit de um bloco de dados pelo
transmissor e sua recepção pelo receptor. Um valor aceitável de retardo é dependente da
aplicação. Áudio e vídeo digital são mídias contínuas dependentes do tempo, conhecidas
como dinâmicas ou isócronas. Para que a apresentação destas mídias tenha uma
qualidade razoável, as amostras de áudio e vídeo devem ser recebidas e apresentadas em
intervalos regulares.
5 – Sistemas Multimídias
Um sistema multimídia oferece uma função ou um conjunto de funções
particulares a uma aplicação multimídia. Uma aplicação multimídia é o uso específico,
por um usuário ou grupo de usuários, de um dado sistema multimídia. Um exemplo de
sistema multimídia é uma estação de trabalho equipada com dispositivos de áudio e
vídeo. Um exemplo de função, ou aplicação multimídia, é uma videoconferência.Os
sistemas multimídia distribuídos podem ser classificados em um número de classes. O
ITU (International Telecommunications Union) identifica quatro classes básicas de
serviços ou aplicações distribuídas. Estas quatro classes são:
• Serviços conversacionais. Implicam a interação entre um usuário humano e outro
usuário humano ou sistema. Esta classe inclui serviços interpessoais, como
videoconferência e videofone. Inclui também serviços como televigilância e telecompras.
• Serviços de mensagens. Cobrem a troca de dados multimídia que não são de tempo real
ou assíncronos, através de caixas de correio eletrônico.
• O sistema deve ser escalável. Uma arquitetura de comunicação deve ser escalável e
extensível para conseguir fornecer aumento nos requisitos dos usuários e atender novas
demandas. A escalabilidade refere-se a habilidade do sistema em adaptar-se a mudanças
no número de usuários a serem suportados e a quantidade de informação a ser
armazenada e processada.
A partir desta análise, pode-se concluir, portanto que, os sistemas de computação
e comunicação multimídia devem suportar e prover o seguinte: compressão de dados para
reduzir a demanda por espaço de armazenamento e banda de transmissão; um sistema
operacional, protocolo de transporte e escalonador de disco direcionado para multimídia,
que forneçam as garantias de retardo e variação de retardo apropriado; estações de
trabalho de alto desempenho e redes de alta velocidade para manipular altas taxas de bits
sob limitações de tempo; e mecanismos globais de especificação e garantia de QoS.
• Frame Relay. O protocolo Frame Relay foi definido como um serviço de transporte de
pacote para RDSI (Rede Digital de Serviços Integrados). Quando as redes Frame Relay
foram introduzidas, o único serviço de longa distância similar existente era o X.25.
Portanto, estes dois serviços são muito comparados. O formato dos blocos de Frame
Relay é um dos formatos usados por X.25 e assim, Frame Relay transporta quadros X.25.
No protocolo Frame Relay, foram excluídos o controle de fluxo, a checagem de
sequência, e a detecção e correção de erro, presentes no X.25 .Frame Relay foi
desenvolvido como um serviço para substituir a multiplexação síncrona por
multiplexação estatística em comunicações de dados convencionais. Não foi definido
para suportar transmissões isócronas em tempo real. Não foi desenvolvido para suportar
aplicações multimídia de tempo real ou que demandem banda passante. No entanto, por
ser orientado a conexão há uma facilidade de fazer alocação de recursos. Possui um
serviço de comunicação de grupo definido, mas que raramente é implementado.
Bibliografia-
Ana Luiza B.P.B. Diniz –Um serviço de Alocação Dinâmica de Banda Passante em
Redes ATM para suporte a Aplicações Multimídia. Tese de
Mestrado - UFMG – 1998.
Tereza C.M.B. Carvalho – Tecnologias Convergentes.