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URGENTE!!!
Ref.: Inquérito Civil MPMG nº 0281.19.000009-7
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MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE MINAS GERAIS
PROMOTORIA DE JUSTIÇA DA COMARCA DE GUAPÉ
I - DOS FATOS
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Mas a crise financeira do Município de Guapé, não obstante de ciência
inequívoca de todos, havia sido comunicada formalmente ao Ministério Público em
novembro de 2018 (v. ofício GAB 88/2018 – fl. 5), oportunidade em que o Exmo Sr.
Prefeito Municipal Nelson A Lara afirmou que os gestores municipais estavam
operando “verdadeiros milagres para manter em dia os salários dos servidores e
pagamentos de fornecedores”, além de estarem receosos por não existirem “mais
reservas financeiras e as despesas dos municípios são altas”, evidenciando um futuro
caótico para a população. A seguir, serão explicitados os impactos e prejuízos
provocados por esse cenário de manifesta instabilidade financeira e desarranjo das
contas públicas do Município de Guapé, que seriam estrondosamente agravados pela
realização da volumosa despesa com festas.
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SAÚDE DA POPULAÇÃO
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Foram deduzidos ainda R$110.000,00 (cento e dez mil reais) oriundos de uma doação.
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Alegou-se que “Como é público e notório, a crise financeira do Município de Guapé, a exemplo
de outros municípios mineiros, não foi completamente resolvida, o que implica, em alguns casos, na
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impontualidade de pagamento.” - fl. 70. Conquanto haja informação da Santa Casa do cumprimento do
estabelecido (fl. 85).
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EXONERAÇÃO DE SERVIDORES
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Trata-se de notícia amplamente divulgada na mídia: https://g1.globo.com/mg/minas-
gerais/carnaval/2019/noticia/2019/02/15/cerca-de-200-cidades-devem-cancelar-carnaval-em-mg-por-
causa-da-crise-diz-amm.ghtml
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Ora, não é crível conceber que o Município-Réu, no atual quadro de
instabilidade financeira em que se encontra, já por ele próprio afirmado em incontáveis
oportunidades, obre em evidente abuso ao poder discricionário que lhe é conferido na
gestão dos recursos públicos, deixe de zelar pelas necessidades primeiras da população
guapeense e, em contrapartida, efetue gastos com festas que poderiam ser patrocinadas,
inclusive, pela iniciativa privada.
II - DO DIREITO
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causam que o texto constitucional lhe confere para defender o erário. Não se aplica
à hipótese o parágrafo único do art. 1º da Lei 7.347/1985.” (RE 576.155, Rel. Min.
Ricardo Lewandowski, julgamento em 12-8-2010, Plenário, DJE de 1º-2-2011, com
repercussão geral.). No mesmo sentido 4, é o teor da Súmula 329 do STJ:
"O Ministério Público tem legitimidade para propor ação civil pública
em defesa do patrimônio público”.
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No e. TJMG: (…) O Ministério Público é parte legítima para ajuizar ação civil pública na
defesa do patrimônio público. (Apelação Cível 1.0027.13.037970-7/001, Relator(a): Des.(a) Alberto
Vilas Boas , 1ª CÂMARA CÍVEL, julgamento em 28/08/2018, publicação da súmula em 06/09/2018)
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puramente discricionário. Seria, se não houvesse situação de escassez de recursos
financeiros e descumprimento de obrigações assumidas.
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exigências básicas da Constituição: direito à saúde, dignidade humana, Estado
Social. Não parece lícito invocar regras abstratas e ortodoxas sobre a separação de
poderes para, com isso, desprezar a realidade presente e renunciar a soluções práticas
de utilidade geral. Os atos emanados pelos Três Poderes, para terem validade e
legitimidade, têm de vir respaldados por todo um contexto jurídico-social, dominado
pela nota da efetividade, com destaque para os valores maiores da moralidade,
eficiência, economicidade, razoabilidade e proporcionalidade.
“Esse princípio (da separação dos poderes), que tem assento no art. 2º
da Carta Política, não pode constituir e nem qualificar-se como um
inaceitável manto protetor de comportamentos abusivos e arbitrários,
por parte de qualquer agente do Poder Público ou de qualquer
instituição estatal. O Poder Judiciário, quando intervém para assegurar
as franquias constitucionais e para garantir a integridade e a
supremacia da Constituição, desempenha, de maneira plenamente
legítima, as atribuições que lhe conferiu a própria Carta da República.
O regular exercício da função jurisdicional, por isso mesmo, desde que
pautado pelo respeito à Constituição, não transgride o princípio da
separação dos poderes”. (MS 23.452-1-RJ. Rel. Min. Celso de Mello,
Pleno. DJ 12.05.2000 - grifamos).
III - DA LIMINAR
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É imperiosa a antecipação dos efeitos do provimento final de mérito
para o fim de impor ao Município-Réu a obrigação de se abster de realizar quaisquer
despesas públicas com as festividades do Carnaval deste ano, incluindo a contratação
de artistas, de bandas, de serviços de bufê ou similares, a montagem de estruturas, de
palcos ou afins para eventos, assim como de rescindir contratos já celebrados e
desfazer toda e qualquer obra pública realizada para servir ao evento.
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IV - DOS PEDIDOS
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DE PALCOS OU AFINS PARA EVENTOS, BEM COMO DE RESCINDIR
CONTRATOS JÁ CELEBRADOS E DESFAZER TODA E QUALQUER
OBRA PÚBLICA JÁ REALIZADA PARA SERVIR AO CARNAVAL, sob pena
de MULTA DIÁRIA, no valor sugerido de R$ 20.000,00 (vinte mil reais), e de
INTERDIÇÃO DO EVENTO;
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