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OPINIÃO

Outra bolha da tecnologia


pode estar a ponto de
estourar
Realidade financeira e modelo de capitalização de empresas serão
submetidos a teste necessário

31.jan.2019 às 19h45 relacionadas


Uber e Cabify
suspendem serviço
em Barcelona após
novas restrições do
Rana Foroohar
governo local
Havia muitas desconexões entre o Fórum Econômico Mundial da semana
passada e o mundo real. Uma das mais notáveis era o otimismo quanto à Mercado de corridas passa por momento de
tecnologia exibido por muitos participantes, que contrastava fortemente com irracionalidade, diz presidente da Cabify

o que os mercados mesmos esperam do setor de tecnologia este ano.


Olavo chama parlamentares do PSL de
A próxima onda de ofertas públicas iniciais parece especialmente palhaços por ida à China e nega ser guru do
problemática. Dara Khosrowshahi, presidente-executivo da Uber, marcou governo
presença em Davos, falando sobre a abertura do capital de sua companhia,
marcado para daqui a alguns meses. Mas sua fala tinha um tom de desespero.
veja também
A Uber, como a Lyft e diversas outras empresas de tecnologia de grande porte
que ainda não abriram seu capital, a exemplo da Slack e do Airbnb,
provavelmente o farão o mais cedo que puderem —não só por causa das
preocupações quanto a uma recessão iminente e mercados voláteis mas
porque elas engordaram tanto com o capital privado que não está claro se o
mercado será capaz de sustentar suas avaliações. O valor da Uber, por INVESTIMENTOS

exemplo, foi estimado em US$ 100 bilhões. Elas querem obter seu dinheiro Calculadora da fortuna: confira quais
aplicações financeiras rendem mais
enquanto isso ainda é possível.

FOLHAINVEST
10 / 10 Aplicativos de transporte
Ao vivo: acompanhe a movimentação do
mercado financeiro no liveblog

A gigante americana que popularizou mundo afora o serviço de corridas particulares por app chegou
ao Brasil em 2014; conta com 500 mil condutores cadastrados e funciona em 65 países Simon
Dawson/Reuters

É uma situação que é tanto semelhante quanto diferente do ocorrido no


boom inicial da internet, na virada dos anos 2000. Na época, eu trabalhava no
setor de capital para empreendimentos, em Londres.

Empresas como a boo.com (a pets.com da Europa) - uma empresa já fechada


de varejo online, financiada pelo grupo LVMH  - investiam milhões em
anúncios bem produzidos, e aspirantes a empreendedor circulavam em busca
de dinheiro nos eventos de networking First Tuesday. Você se lembra
daqueles adesivos redondos que todo mundo tinha de usar - vermelho para os
investidores, verdes para os talentos?

Então como agora, estávamos nos estágios finais de um ciclo de crédito, e


havia dinheiro demais correndo atrás de valor de menos. E, então como
agora, os investidores estavam contando com uma onda de ofertas públicas
iniciais quentes para jogar ainda mais combustível em mercados que estavam
claramente distendidos. Todos sabemos como aquilo acabou, dos dois lados
do Atlântico.

Não pretendo dizer, com isso, que valor algum tenha sido criado, então, assim
como agora. Para cada companhia de varejo de ração animal ou vendedor de
camisetas online que terminou fechando as portas durante a contração do
setor de internet, houve milhares de quilômetros de cabos de banda larga
instalados, e eles criaram a infraestrutura da qual empresas como o Google
tiram vantagem. Hoje, a economia do compartilhamento usufrui de mercados
e conveniências que antes não existiam.

A verdadeira diferença entre as duas eras está nos mercados de capitais


mesmos. O capital para empreendimentos entrou em colapso depois de 2000
mas se recuperou; voltou a cair com a crise financeira; e disparou para um
nível recorde depois de 2014. Houve uma proliferação de startups.

Mas o número de ofertas públicas iniciais caiu. Isso se deve a um paradoxo —


embora a tecnologia tenha barateado a criação de companhias, transformá-
las em sucesso agora se tornou mais caro. Isso acontece por conta de uma
corrida armamentista para a criação do próximo "unicórnio"— uma empresa
com valor de mercado de mais de US$ 1 bilhão - entre as startups.

Como apontam Martin Kenney e John Zysman, da Universidade da Califórnia,


em um estudo que estão por publicar sobre a capitalização de startups,
intitulado "Unicorns, Cheshire Cats, and the New Dilemmas of
Entrepreneurial Finance" [unicórnios, gatos de Alice e os novos dilemas do
financiamento empresarial], "as startups estão todas tentando chegar a uma
dinâmica de vitória absoluta por meio de expansões rápidas, caracterizadas
por crescimento vertiginoso e quase sempre perdulário, em muitos casos sem
um percurso perceptível rumo ao lucro".

Nos últimos cinco anos ou pouco mais, houve uma expansão imensa no
número de unicórnios bancados por capital para empreendimentos.
Companhias como Uber, Lyft, Spotify e Dropbox podem estar perdendo
dinheiro em ritmo acelerado, mas a avaliação de seu valor de mercado
continua a subir. De fato, tudo isso é parte de uma nova dinâmica de negócios.

Barreiras baixas à entrada resultaram na presença de grande número de


concorrentes e em uma corrida de gastos para capturar o máximo possível do
mercado. As empresas de capital fechado que emergem desse ciclo
improdutivo estão inchadas, e o mesmo se aplica aos fundos de capital para
empreendimentos.

Fundos de capital para empreendimentos com valor de US$ 1 bilhão, no


passado desconhecidos, agora se tornaram comuns. No ano passado, a
Sequoia criou um fundo de US$ 8 bilhões para investimentos iniciais, e o
SoftBank constituiu um fundo de espantosos US$ 100 bilhões.

E tamanho gera tamanho, claro. À medida que companhias de capital para


empreendimentos, cada vez mais pesadas, elevam suas ofertas para
capitalizar startups, as demais precisam acompanhá-las. É aumentar ou sair.

O resultado foi não só uma nova bolha no mercado de ofertas públicas iniciais
mas a criação de uma ameaça competitiva a empresas de capital aberto, que
agora precisam se preocupar com seus lucros.

Exemplos clássicos seriam o desordenamento do setor de táxis pela Uber e o


do setor de hotelaria pelo Airbnb. Isso pode ser bom para algumas das
companhias de capital para empreendimentos, que usarão os valores inflados
dos unicórnios nos quais investiram para arrecadar ainda mais dinheiro e
cobrar taxas de administração ainda mais altas.

Mas não consigo ver como isso beneficia a criação geral de valor econômico.
Usar dívidas para financiar empresas não lucrativas em sua busca da criação
de monopólios pode beneficiar alguns empreendedores e investidores, mas
distorce o mercado de capital e o mercado de trabalho, assim como a
competição.

Enquanto os investidores se dispuserem a aceitar crescimento como métrica


de valor, a música continuará tocando. Mas, como apontam os pesquisadores
da Universidade da Califórnia, "unicórnios são criaturas míticas". Este ano,
sua realidade financeira, bem como a sustentabilidade do atual modelo de
capitalização, serão submetidos a um teste muito necessário.

Algumas das integrantes dessa nova safra de companhias promovidas de


modo tão hiperbólico podem desaparecer como o gato de Alice no País das
Maravilhas, deixando para trás apenas o sorriso daqueles que conseguiram
sair fora antes de a bolha estourar".

Tradução de PAULO MIGLIACCI

FINANCIAL TIMES

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tecnologia uber

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comentários
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JOSE ROBERTO X. DE OLIVEIRA 1º.fev.2019 às 10h20

Tá interessante ver startups como a Uber gerenciar tanta publicidade x precos irrealistas não é à
toa que abrir o capital se faz necessário. Parece um negócio bão como investir em bitcoins rsrs e
muitos entram

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