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21.10.2002
Salto Salto
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SSIs ProtoSSOs SSOs ProtoSSSs SSSs
Pois bem, é preciso que se tenha em conta que quando esse ser social
emerge, o mundo já existe. As objetividades naturais estão dadas. Este ser – aquele ser
mais perfeito que a natureza pode produzir do ponto de vista biológico, ele tem faculdades
novas, ele intervém no mundo. Pela primeira vez nessa história não existe apenas
CAUSALIDADE . Ele pode intervir sobre esse mundo - que o precede, intervir sobre os
objetos naturais que o precedem, e criar um outro mundo que não existia antes. Cria
objetivações que não são mais naturais, são objetos sociais.
Esse processo aqui, de apropriação (de re-elaboração dos objetos naturais
através do trabalho) configura o processo transformacional na relação homens/natureza. É
precisamente o trabalho que vai peculiarizar esse ser.
Mas é importante explicitar: esse ser não pode ser encarado como um ser
individual, até porque a natureza só produz espécies. Indo bem atrás: quando se fala
naquele ser elementar que a natureza produziu - o átomo de hidrogênio, isso é uma mera
abstração. Porque nunca existiu o átomo de hidrogênio, ou um átomo de hidrogênio, o
“um” (Professor: nunca existiu aqui !). A natureza só produziu espécies e cada espécie
emerge de outra que lhe antecede. Esse é o primeiro aspecto. Assim, penso eu que não
existe a categoria “homem”, ela é uma abstração. O que existem são “homens”.
A partir daí eu posso concluir que existem as seguintes relações no âmbito do ser
social envolvendo homens: homens/homens; homem/homens; grupo ou grupos de
homens/homem ... que se combinam com as relações desses mesmos homens com os
objetos naturais que o precederam historicamente (homens-natureza).
Mas eu quero destacar um outro aspecto da questão: como os homens intervêm nos
objetos naturais fazendo emergir deles produtos sociais, faz-se necessário apontar uma
outra relação que se estabelece, esta entre os homens e os produtos da interveção do homem
sobre a natureza. Esses produtos, sociais, são a flecha e o arco mas são também o
conhecimento artístico, o conhecimento científico. O problema é que os marxistas, quando
se referem a esses produtos resultantes dessa relação, consideram apenas os que
poderíamos chamar de “coisais”. Mas eles são sim produtos coisais e não coisais, ideais, e
entre eles estão a religião, a arte, a filosofia ... O que foi produzido, uma vez objetificado,
passou a fazer parte do objeto, e é objeto de novos re-processamentos pelos homens.
Então eu tenho a considerar as seguintes relações: 1) relação homens/natureza;2)
relação homens/homens;3) relação homens/produtos do trabalho dos homens e 4) relações
entre todas essas relações. É um complexo altamente complexo de relações.
Se encaramos o problema dessa maneira: os homens se apropriando dos objetos
sociais, por exemplo, do produto do trabalho científico, re-elaborando com o seu trabalho
para avançar de Newton para Einsten (porque Einsten não seria possível sem Newton),
então, eu vejo que o modelo transformacional abarca tudo, porque tudo que é novo é
sempre um re-processamento daquilo que antes foi produzido e que, re-produzido, passa a
ser objeto de infinitos re-processamentos . E assim por diante, nesse devir permanente ,
esses re-processamentos se vão pondo e re-pondo.
Dito isso, eu quero encontrar que o modelo transformacional é o fundamento de
tudo.
Professor: A aluna tem uma preocupação que acho extremamente saudável com a
unidade da ciência. Há uma ciência que é “natural”. Estou inteiramente de acordo com
isso. E aliás isso ajuda a responder a outra pergunta. Nesse momento aqui, nesse caldo
proto-social, nesse âmbito L. não entra. Ele afirma: quando a gente está tratando do
Trabalho, já o estamos tratando sob forma social, já é a forma emergente do Trabalho.
Estou inteiramente de acordo desde que retiremos da palavra “modelo” a idéia de uma
construção que é apenas aproximativa da realidade. Se você chamar de modelo a
reprodução de estrutura da realidade, tudo bem. Preocupa-me porque a discussão dos
paradigmas, acaba transformando esse encaminhamento numa mera construção ideal, num
tipo ideal. Na sua formulação, evidentemente, não há o tipo ideal weberiano. Acho que o
que está por trás de todo o debate contemporâneo dos paradigmas é imaginar qualquer
forma de conhecimento como construção etmológica ideal. Na medida em que não se trata
aqui de tipo ideal, está perfeito.