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Introdução
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2. Metodologia
A metodologia proposta para o estudo do arranjo foi à visita ao local, entrevistas aos
organizadores. Nas entrevistas, foram obtidas informações como: identificação das artesãs;
processo de extração da matéria prima, concepção dos produtos, produção, e mercado
consumidor. Com os dados em mãos, foi feito um estudo para determinar os níveis de
inovação, cooperação e aprendizado dos participantes do APL; a estrutura, a governança e as
vantagens associadas ao ambiente local e, por fim, políticas públicas e formas de
financiamento da produção.
Os estudos foram desenvolvidos em três etapas. A primeira parte foi a pesquisa de
artigos, livros, sites, em busca de informações teóricas que deram embasamento ao estudo.
Em seguida é feita uma identificação e análise do arranjo produtivo em questão, observando
sua origem, histórico, trajetória, fazendo uma comparação com os conceitos de arranjos com a
meta de comprovar a existência de um arranjo produtivo no município de APODI-RN.
Para finalizar, foi feita uma análise das características do setor de artesanato de palha
de carnaúba mostrando suas dificuldades e potencialidades, descrevendo o processo de:
extração da matéria prima, produtivo e de comercialização dos produtos, seguida de
identificação e descrição dos inúmeros benefícios das atividades desenvolvidas pelos
parceiros. Por fim serão mostradas as conclusões do estudo.
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3. Referencial teórico do assunto:
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Podemos citar algumas características essenciais para a formação de clusters. Segundo
Amorim (1998) 2:
Com base em todos estes relatos percebemos que o foco dos estudos deixa de
concentrar-se exclusivamente na empresa, como um agente individual, e passa a incidir sobre
as relações entre as empresas e entre as demais instituições dentro de um espaço
geograficamente definido, assim como a privilegiar o entendimento das características do
ambiente onde estão inseridas.
É neste contexto que surgem os Arranjos Produtivos Locais (APL’s), como um
aglomerado que compreende um recorte no espaço geográfico podendo ser esse parte de um
município ou um conjunto de municípios que possuem sinais de identidade social, histórica,
cultural ou econômica. Em geral, os arranjos produtivos são iniciativas setoriais e territoriais
de pequenos negócios que se reúnem procurando melhores condições de competitividade e
cujo desenvolvimento depende da integração socioeconômica no ambiente local. Pela
definição da Rede de Sistemas Produtivos e Inovativos Locais (REDESIST):
Nas palavras de Paiva (2002) caso essa forma de organização denominada de APL
continue sua evolução, ou seja, haja um crescente e constante estímulo entre as empresas a
operarem de forma mais integrada, podemos chega a uma forma eficiente, definida como
Sistema Local de Produção (SLP). Os sistemas locais de produção (ou sistemas produtivos e
inovativos locais) são aqueles arranjos produtivos em que, há interdependência, articulação e
vínculos consistentes entre os participantes, resultando em interação, cooperação e
aprendizagem, com potencial de incrementar a capacidade inovativa endógena, a
competitividade e o desenvolvimento local.
Segundo Paiva (2002) a passagem de um arranjo para um sistema local de produção,
há um acúmulo de capital social, de maneira que se criam as bases para constituição de um
sistema próprio de governança.
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“A governança é entendida como as formas pelas quais indivíduos e instituições
gerenciam seus problemas comuns, acomodam seus conflitos e realizam ações cooperativas,
por meio de regimes e instituições formais e informais de coordenação” (Lastres &
Cassiolato, 2003).
A participação em aglomerados produtivos, tipo APL, proporciona as MPE’s a
ultrapassar as dificuldades que enfrentam, possibilitando o crescimento dessas empresas,
melhorando a eficiência produtiva, permitindo a entrada em outros mercados (nacionais e
internacionais) e estimulando a cooperação. Por outro lado, agindo isoladamente não
conseguem auferir economias de escala por operarem em escalas reduzidas de produção e em
condições ineficientes. "As MPE’s podem auferir economias de escala se especializando em
uma ou algumas etapas do processo produtivo. Em um arranjo produtivo desse tipo, as
empresas se especializam em uma determinada tarefa e complementam seu processo
produtivo através de articulações com várias outras unidades também envolvidas na produção
do determinado bem, e que se especializaram em tarefas distintas. Nesse arranjo, a
especialização, além de aumentar a escala de produção de cada empresa, favorece a produção
compartilhada, o que, por sua vez, estimula a cooperação" (Amaral Filho et al., 2002).
Conforme a Redesist (2006), distrito industrial é uma aglomeração de empresas, com
elevado grau de especialização e interdependência seja de caráter horizontal, entre empresas
de um mesmo segmento, ou vertical, entre empresas de atividades complementares. Esses
distritos foram encontrados especialmente, no norte e no nordeste da Itália, situados na
chamada terceira Itália.
O conceito de Distrito Industrial existe há mais de um século e tem suas bases em
Alfred Marshall, nas regiões têxteis e metal mecânica da Alemanha, Inglaterra e França.
Durante a metade do século XIX. Marshall faz referência a um conjunto de modalidades
através das quais recursos locais (naturais, humanos, e técnicos) são mobilizados e dão origem
a dinâmicas empresariais localizadas. O foco aqui é no ambiente social que favorece a
inovação e não em atividades produtivas. Segundo Amaral Filho (2003): “independente da
nomenclatura utilizada para se definir estes fenômenos, seja ele, cluster, ambiente inovador,
sistemas ou arranjos produtivos; todos eles tratam de "um fenômeno identificado como um
sistema social de produção, com menor complexidade, que se reproduz sobre um certo
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território". Note que, este sistema envolve as relações existentes entre os agentes que o
compõe, visando adquirir, gerar e difundir conhecimentos.
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● Estratégia coletiva de mercado – Também nesta estratégia são refletidas as
ações coordenadas e convergentes entre os produtores. De pouco vale a estratégia coletiva em
relação à produção se não há uma estratégia igualmente coletiva, coordenada, para se atingir
os mercados. Os mercados compradores são normalmente controlados por grandes players,
mas também condicionados por grande escala. Sem uma estratégia comum, torna-se difícil
para os produtores de pequenas empresas superarem esses obstáculos. Em outras palavras, as
pequenas empresas veriam suprimidas as economias de escalas adquiridas no nível da compra
dos insumos e da realização da produção.
● Articulação político-institucional – Este elemento é também derivado do
capital social, sendo um mecanismo pelo qual o arranjo produtivo se relaciona com as
organizações públicas responsáveis pelas políticas governamentais, e com as organizações
privadas que cumprem o apoio às pequenas empresas, ou ao desenvolvimento local. Os
estudos dos casos exitosos têm mostrado que quanto mais acumulado for o capital social num
determinado aglomerado de empresas, maior e mais eficaz a articulação com as organizações
e instituições.
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4. Estudo de caso
A região do médio oeste do Rio Grande do Norte, onde esta situada o município de
Apodi, é altamente povoada da árvore da carnaúba, essa palmeira da qual é extraída a matéria-
prima para confecção do artesanato.
O APL de Apodi é dominado pela informalidade. É composto por pequenos
produtores de artesanatos de palha de carnaúba que trabalham em conjunto na sede própria
das mulheres artesãs, todas as tardes elas se reúnem para confeccionar seus artesanatos.
Através de uma consultoria dada pela Visão Mundial, PDA Santa Cruz, COPAP, COAFAP e
Rede Xique-Xique, este grupo passou a se chamar “Talos & Tramas”. O grupo participa
também da associação dos pequenos produtores dos sítios Baixa Fechada I e Carafosca,
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4.2. Estratégia de Produção (o que produzir, como produzir e
quem produz,)
Tudo começa com a concepção dos produtos que se da através da inspiração das
artesãs. Elas buscam novos modelos de bolsa de feira, bolsa de mão, bolsa a tira colo, cestas
de vários formatos, tamanhos e estilos, jarros para flores, cestos de diversos tamanhos, etc.
Esse processo é impulsionado pela alta capacidade de criatividade, inovação e estilo das
artesãs.
O próximo passo na produção é definir qual vai ser a técnica usada na confecção dos
artesanatos, isso é decidido levando em consideração o objeto à ser feito, vai depender
também dos materiais, do tamanho da peça, do acabamento, entre outras características.
Com relação a quem vai produzir, depende da técnica usada, da demanda, da
disponibilidade da mão-de-obra, na maioria das vezes, as peças são feitas por qualquer artesã
e dada o acabamento por uma que tem maior habilidade em alguma técnica ou sabe operar a
máquina de costura que serve para esse fim.
4.3. Produtos
Os produtos originados da palha da carnaúba são feitos com palha natural apresentam-
se com formas e design variados. Através de um curso em Design e Tendências de Mercado
as artesãs passaram a desenvolver novos produtos agregando maior valor. O quadro 1 tem
como objetivo mostrar a diferença de preço que os artesãos conseguiram com a incrementação
de seus produtos. Na primeira coluna temos a descrição de alguns dos novos produtos que
eles passaram a desenvolver, na segunda o valor do custo unitário de cada peças, na terceira o
preço de venda e na ultima coluna o lucro.
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Quadro 1: Produtos desenvolvidos pelo grupo de mulheres artesãs “talos e Tramas” (Pesquisa de campo).
4.4.1. Insumos:
4.4.1.1. Mão-de-obra
O grupo é formado por uma população classificada como adulta, tendo uma faixa
etária muito variada. Segundo as próprias artesãs, a atividade começa a ser desenvolvida por
elas a partir dos 10 anos de idade, como brincadeira ou como forma de ocupar suas horas
vagas, só que a falta de oportunidade de emprego ou devido as baixas condições financeiras
para que possam se deslocar para outras localidades fizeram com que essas mulheres quando
jovens ficassem na localidade passando a encarar a atividade como um ofício capaz de gerar
renda.
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Observa-se um elevado índice de analfabetismo entre os artesãos do grupo, que chega
a 65% e apenas 35% apresentam segundo grau completo. Contudo na concepção desses
produtos, esse fator é pouco relevante para a produção, pois segundo eles, para exercer seu
ofício as técnicas utilizadas são bastante simples sendo necessária habilidade nos processos de
confecção e criatividade no desenvolvimento da arte com a palha.
4.4.1.2. Matéria-prima
Segundo os artesãos a palha de carnaúba é a principal matéria-prima utilizada, o preço
do cento da palha varia entre R$ 6,00 (seis reais) e R$ 8,00 (oito reais) dependendo do
tamanho das folhas e época da produção (inverno ou verão). O volume de cem palhas produz
quantidades variadas que dependem dos modelos das peças, por exemplo, pode-se fabricar
com um cento de palha, um conjunto de cestas pequenas. Arame, talos, papelhão, sementes e
cascas de árvores nativas também são utilizadas para customizar e agregar valor aos produtos.
● Coleta/compra das folhas: essa etapa é realizada pelos maridos das artesãs ou
funcionários dos donos dos terrenos;
● Secagem das palhas durante 4 dias: esse processo é natural, pois as palhas são secas
sob o sol, geralmente, é feita por algumas artesãs da associação que depois repassa as
folhas para as colegas;
● Armazenamento: a matéria-prima é estocada em um depósito na sede do grupo;
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● Distribuição das tarefas: essas são divididas de acordo com a disponibilidade das
artesãs, a demanda e o objeto a ser confeccionado;
● Processamento dos materiais: as técnicas empregadas em cada objeto vai depender
do que se quer fazer:
● Acabamento: é feito pela artesã que tem maior habilidade.
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4.7. Plano de Ação a partir do instrumento FOFA
FORÇAS FRAQUEZAS
• O grupo detem tecnicas que • Falta de instituições que se
proporsionam produtos de auta qualidade; comprometam com nossa causa;
• Confiança, cooperação, vontade de • Falta de incientivos por parte da
trabalhar, união, são palavras-chave do prefeitura de Apodi;
grupo;
• Conpetência no atendimento dos • Desvalorização do trabalho dos
prasos; artesãos;
• Desinteresse da nova geração de
moradores da comunidade;
OPORTU4IDADES AMEAÇAS
• O grupo conta com sede própria; • Dificuldade de acesso à meteria-prima
devido a degradação do meio ambiente;
• Leque de instituições trabalhando em • Dificuldade na inovação dos produtos;
conjunto com o grupo;
• Mercado disposto a consumir • Cocorrência com produtos
produtos naturais e de produção industrializados;
sustentável;
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4.8. Padrões inibidores da competitividade
Posição geográfica privilegiada, pois está localizada numa região onde há abundância
da árvore da carnaúba, principal matéria-prima do artesanato da região. Deveriam ser criadas
peças mais elaboradas e que agreguem mais valor aos produtos, com adereços de outros
materiais, como pedras, sementes e cascas de árvores nativas.
Não há uma clara definição de qual clientela será atendida, os produtores buscam
sempre atender a clientela de forma desorganizada, sem observar a exigência de cada publico.
Deveriam definir segmentos dentro da cooperativa para investir em produtos mais elaborados,
para uma clientela mais exigente, não deixando de lado os produtos mais simples, pois essa
clientela é responsável pelo consumo da maior parte dos produtos.
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• Saber quando se integrar verticalmente (ou não) com a
distribuição
Não há grande integração com os distribuidores, o elo mais forte criado é quando os
artesãos vendem seus produtos para regiões mais distantes, mesmo assim, os produtores não
procuram saber se os produtos precisam de algum detalhe ou alguma característica extra.
Deveria se buscar estreitar os laços com os intermediários e distribuidores, para que se
obtenham informações mais consistentes sobre a clientela.
Não há uma grande cooperação entre as empresas do setor, assim como não há uma
comunicação entre elas para tentar buscar um público maior ou desenvolver novas técnicas de
produção. Devem-se juntar mais grupos que trabalhem no artesanato da palha de carnaúba e
buscar ações conjuntas para alavancar todo o setor do artesanato.
• Evitar o paternalismo
Não há uma busca por incentivos nem os artesãos se mobilizam para mudar o cenário
de desvalorização da produção artesanal. Buscar formas de mudar esse cenário através de
festivais exposições e feiras, não esperando eventos públicos.
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Conclusão
Por fim, conclui-se com o presente estudo que no município de Apodi no mínimo
existem características embrionárias de um arranjo produtivo local de artesanato da palha.
Esse arranjo está sendo tocado por todos os atores necessários a composição de um APL, mas
podemos destacar principalmente os artesãos que o compõe. Possui uma forte identificação
com o território favorecido, especialmente, pela disponibilidade da principal matéria-prima, a
palha de carnaúba. O APL de Apodi encontra-se em ascensão e apresenta algumas
características marcantes que são: alto grau de associativismo, forte cooperação entre as
artesãs e as instituições de apoio, produção altamente especializada, produtos de boa
qualidade, complementaridade entre a vida social e econômica, além de um fraco impacto
ambiental.
É notório o domínio da informalidade na composição desse arranjo, sendo composto
apenas por pequenos artesãos, trabalhando individualmente em suas residências ou na sede da
associação após terem terminado sua atividades domésticas, em alguns casos, acompanhadas
por familiares. A atividade produtiva é altamente centralizada e as artesãs dominam todo o
processo produtivo. No tocante à mão-de-obra, boa parte das produtoras apresenta baixa
escolaridade. Porém, a atividade desenvolvida não requer instrução, e sim criatividade,
habilidade manual, capacidade de aprender, inovação e bom gosto na produção do artesanato.
Julgamos necessário destacar aqui a ausência de uma instituição que acompanhe de
forma ativa o crescimento do APL, que proporcione uma consultoria completa, que resultem
em regularidade na participação de feiras, rodadas de negócio e novos canais para divulgação
de seus produtos. Esta é uma ação muito importante, pois são nestes eventos que os próprios
artesãos podem expor seus produtos nos estandes e ainda fazer suas negociações diretamente
com os clientes. Outro ponto, é que o grupo não dispõe de uma loja física, seus produtos são
expostos na feira aos sábados no município sede do grupo, diminuindo seu potencial de
divulgação e venda.
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ANEXO 1 - APROVEITAME4TO I4TEGRAL DA CAR4AUBEIRA
CARNAUBEIRA
Linhas, Chapéus;
Caibrotes Cera automotiva;
Farinha Fármacos; bolsas;
Ripas Cestos;
alimentícia Etc. Alimentícios;
Etc. Cestas;
Etc.
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5. Referências Bibliograficas:
6. Endereços Eletrônicos:
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