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º 30 — 12 de Fevereiro de 2009
tências, desde a entrada na vida activa, e proporcionar os haja disposições contrárias à lei, notifica a estrutura em
apoios públicos ao funcionamento do sistema de formação causa para que esta altere os estatutos, no prazo de 180 dias.
profissional. 3 — Se houver alteração de estatutos no prazo referido
2 — Compete ao Estado, em particular, garantir a no número anterior, ou fora desse prazo, mas antes da re-
qualificação inicial de jovens que pretendem ingressar messa destes ao Ministério Público no tribunal competente,
no mercado de trabalho, a qualificação ou a reconversão aplica-se o disposto nos n.os 3 a 6, 8 e 9 do artigo 447.º
profissional de desempregados, com vista ao seu rápido do Código do Trabalho, com as necessárias adaptações.
ingresso no mercado de trabalho, e promover a integração 4 — Caso não haja alteração de estatutos nos prazos
sócio-profissional de grupos com particulares dificuldades referidos nos n.os 2 e 3, o serviço competente do ministério
de inserção, através do desenvolvimento de acções de responsável pela área laboral remete ao magistrado do Mi-
formação profissional especial. nistério Público no tribunal competente a apreciação funda-
mentada sobre a legalidade dos mesmos, para os efeitos pre-
Artigo 7.º vistos nos n.os 8 e 9 do artigo 447.º do Código do Trabalho.
5 — Caso a apreciação fundamentada sobre a legalidade
Aplicação no tempo
da alteração de estatutos conclua que não existem disposi-
1 — Sem prejuízo do disposto no presente artigo e nos ções contrárias à lei, o processo é remetido ao magistrado
seguintes, ficam sujeitos ao regime do Código do Traba- do Ministério Público, para os efeitos previstos na alínea b)
lho aprovado pela presente lei os contratos de trabalho e do n.º 4 do artigo 447.º do Código do Trabalho.
os instrumentos de regulamentação colectiva de trabalho 6 — As entidades referidas no n.º 1 podem requerer
celebrados ou adoptados antes da entrada em vigor da re- a suspensão da instância pelo prazo de seis meses em
ferida lei, salvo quanto a condições de validade e a efeitos caso de processo judicial em curso tendente à extinção
de factos ou situações totalmente passados anteriormente judicial da mesma, ou declaração de nulidade de normas
àquele momento. dos estatutos com fundamento em desconformidade com
2 — As disposições de instrumento de regulamentação a lei, e apresentar no processo a alteração dos estatutos
colectiva de trabalho contrárias a normas imperativas do no mesmo prazo.
Código do Trabalho devem ser alteradas na primeira re- Artigo 9.º
visão que ocorra no prazo de 12 meses após a entrada em
vigor desta lei, sob pena de nulidade. Extinção de associações
3 — O disposto no número anterior não convalida as 1 — As associações sindicais e as associações de empre-
disposições de instrumento de regulamentação colectiva gadores que, nos últimos seis anos, não tenham requerido,
de trabalho nulas ao abrigo da legislação revogada. nos termos legalmente previstos, a publicação da identi-
4 — As estruturas de representação colectiva de trabalha- dade dos respectivos membros da direcção dispõem de
dores e de empregadores constituídas antes da entrada em 12 meses, contados a partir da entrada em vigor desta lei,
vigor do Código do Trabalho ficam sujeitas ao regime nele para requerer aquela publicação.
instituído, salvo quanto às condições de validade e aos efeitos 2 — Decorrido o prazo referido no número anterior,
relacionados com a respectiva constituição ou modificação. sem que tal requerimento se tenha verificado, o ministério
5 — O regime estabelecido no Código do Trabalho, responsável pela área laboral dá desse facto conhecimento
anexo à presente lei, não se aplica a situações constituídas ao magistrado do Ministério Público no tribunal compe-
ou iniciadas antes da sua entrada em vigor e relativas a: tente, para efeitos de promoção da declaração judicial de
a) Duração de período experimental; extinção da associação.
b) Prazos de prescrição e de caducidade; 3 — À extinção judicial nos termos do artigo anterior
c) Procedimentos para aplicação de sanções, bem como aplica-se o disposto nos n.os 1 a 3 e 7 do artigo 456.º, com
para a cessação de contrato de trabalho; as devidas adaptações.
d) Duração de contrato de trabalho a termo certo.
Artigo 10.º
6 — O regime estabelecido no n.º 4 do artigo 148.º do Regime transitório de sobrevigência e caducidade
Código do Trabalho, anexo à presente lei, relativo à du- de convenção colectiva
ração de contrato de trabalho a termo incerto aplica-se a
1 — É instituído um regime específico de caducidade
situações constituídas ou iniciadas antes da sua entrada
de convenção colectiva da qual conste cláusula que faça
em vigor, contando-se o período de seis anos aí previsto a
depender a cessação da sua vigência de substituição por
partir da data de entrada em vigor da presente lei.
outro instrumento de regulamentação colectiva de trabalho,
de acordo com os números seguintes.
Artigo 8.º 2 — A convenção colectiva caduca na data da entrada
Revisão de estatutos existentes em vigor da presente lei, verificados os seguintes factos:
1 — Os estatutos de associações sindicais, associações a) A última publicação integral da convenção que con-
de empregadores, comissões de trabalhadores e comissões tenha a cláusula referida no n.º 1 tenha entrado em vigor
coordenadoras vigentes na data da entrada em vigor da há, pelo menos, seis anos e meio, aí já compreendido o
presente lei que não estejam em conformidade com o re- período decorrido após a denúncia;
gime constante do Código do Trabalho devem ser revistos b) A convenção tenha sido denunciada validamente na
no prazo de três anos. vigência do Código do Trabalho;
2 — Decorrido o prazo referido no número anterior, o c) Tenham decorrido pelo menos 18 meses a contar da
serviço competente do ministério responsável pela área denúncia;
laboral procede à apreciação fundamentada sobre a lega- d) Não tenha havido revisão da convenção após a de-
lidade dos estatutos que não tenham sido revistos e, caso núncia.
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3 — A convenção referida no n.º 1 também caduca, d) Artigos 569.º e 570.º, sobre designação de árbitros
verificando-se todos os outros factos, logo que decorram para arbitragem obrigatória e listas de árbitros;
18 meses a contar da denúncia. e) Artigos 630.º a 640.º, sobre procedimento de contra-
4 — O disposto nos n.os 2 e 3 não prejudica as situações -ordenações laborais.
de reconhecimento da caducidade dessa convenção repor-
tada a momento anterior. 4 — A revogação dos artigos 34.º a 43.º e 50.º do Có-
5 — O aviso sobre a data da cessação da vigência da digo do Trabalho, aprovado pela Lei n.º 99/2003, de 27
convenção é publicado: de Agosto, e dos artigos 68.º a 77.º e 99.º a 106.º da Lei
a) Oficiosamente, caso tenha havido requerimento an- n.º 35/2004, de 29 de Julho, sobre protecção da materni-
terior cujo indeferimento tenha sido fundamentado apenas dade e da paternidade produz efeitos a partir da entrada
na existência da cláusula referida no n.º 1; em vigor da legislação que regule o regime de protecção
b) Dependente de requerimento, nos restantes casos. social na parentalidade.
5 — A revogação dos artigos 414.º, 418.º, 430.º e 435.º,
Artigo 11.º do n.º 2 do artigo 436.º e do n.º 1 do artigo 438.º do Có-
digo do Trabalho, aprovado pela Lei n.º 99/2003, de 27
Regiões Autónomas de Agosto, produz efeitos a partir da entrada em vigor da
1 — Na aplicação do Código do Trabalho às Regiões revisão do Código de Processo do Trabalho.
Autónomas são tidas em conta as competências legais 6 — A revogação dos preceitos a seguir referidos da
atribuídas aos respectivos órgãos e serviços regionais. Lei n.º 35/2004, de 29 de Julho, na redacção dada pela
2 — Nas Regiões Autónomas, as publicações são feitas Lei n.º 9/2006, de 20 de Março, e pelo Decreto-Lei
nas respectivas séries dos jornais oficiais. n.º 164/2007, de 3 de Maio, produz efeitos a partir da
3 — Nas Regiões Autónomas, a regulamentação das entrada em vigor do diploma que regular a mesma matéria:
condições de admissibilidade de emissão de portarias de a) Artigos 14.º a 26.º, sobre trabalho no domicílio;
extensão e de portarias de condições de trabalho compete b) Artigos 41.º a 65.º, sobre protecção do património
às respectivas Assembleias Legislativas. genético;
4 — As Regiões Autónomas podem estabelecer, de c) Artigos 84.º a 95.º, sobre protecção de trabalhadora
acordo com as suas tradições, outros feriados, para além grávida, puérpera ou lactante;
dos previstos no Código do Trabalho, desde que corres- d) Artigos 103.º a 106.º, sobre regime de segurança
pondam a usos e práticas já consagrados. social em diversas licenças, faltas e dispensas;
5 — As Regiões Autónomas podem ainda regular outras e) Artigos 107.º a 113.º, sobre regimes aplicáveis à Ad-
matérias laborais enunciadas nos respectivos estatutos ministração Pública;
político-administrativos.
f) Artigos 115.º a 126.º, sobre protecção de menor no
trabalho;
Artigo 12.º g) Artigos 139.º a 146.º, sobre participação de menor
Norma revogatória em espectáculo ou outra actividade de natureza cultural,
artística ou publicitária;
1 — São revogados: h) Artigos 155.º e 156.º, sobre especificidades da
a) A Lei n.º 99/2003, de 27 de Agosto, na redacção dada frequência de estabelecimento de ensino por parte de
pela Lei n.º 9/2006, de 20 de Março, pela Lei n.º 59/2007, de trabalhador-estudante, incluindo quando aplicáveis a
4 de Setembro, e pela Lei n.º 12-A/2008, de 27 de Fevereiro; trabalhador por conta própria e a estudante que, estando
b) A Lei n.º 35/2004, de 29 de Julho, na redacção dada abrangido pelo estatuto de trabalhador-estudante, se en-
pela Lei n.º 9/2006, de 20 de Março, e pelo Decreto-Lei contre em situação de desemprego involuntário, inscrito
n.º 164/2007, de 3 de Maio; em centro de emprego;
c) As alíneas d) a f) do artigo 2.º, os n.os 2 e 9 do ar- i) Artigos 165.º a 167.º e 170.º, sobre formação pro-
tigo 6.º, os n.os 2 e 3 do artigo 13.º, os artigos 7.º, 14.º a 40.º, fissional;
42.º, 44.º na parte relativa a contra-ordenações por violação j) Artigo 176.º, sobre período de funcionamento;
de normas revogadas e o n.º 1 e as alíneas d) e e) do n.º 2 l) Artigos 191.º a 201.º e 206.º, sobre verificação de
do artigo 45.º, todos da Lei n.º 19/2007, de 22 de Maio. situação de doença;
m) Artigos 212.º a 280.º, sobre segurança e saúde no
2 — O artigo 6.º do Código do Trabalho, aprovado pela trabalho;
Lei n.º 99/2003, de 27 de Agosto, sobre lei aplicável ao n) Artigos 306.º, sobre direito a prestações de desem-
contrato de trabalho é revogado na medida em que seja prego, e 310.º a 315.º, sobre suspensão de execuções;
aplicável o Regulamento CE/593/2008, do Parlamento Eu- o) Artigos 317.º a 326.º, sobre Fundo de Garantia Sa-
ropeu e do Conselho, de 17 de Junho, sobre a lei aplicável larial;
às obrigações contratuais (Roma I). p) Artigos 365.º a 395.º, sobre conselhos de empresa
3 — A revogação dos preceitos a seguir referidos do europeus;
Código do Trabalho, aprovado pela Lei n.º 99/2003, de q) Artigos 407.º a 449.º, sobre arbitragem obrigatória e
27 de Agosto, produz efeitos a partir da entrada em vigor arbitragem de serviços mínimos;
do diploma que regular a mesma matéria: r) Artigos 452.º a 464.º, sobre mapa do quadro de pes-
a) Artigos 272.º a 312.º, sobre segurança, higiene e saúde soal e balanço social;
no trabalho, acidentes de trabalho e doenças profissionais, s) Artigos 494.º a 499.º, sobre a Comissão para a Igual-
na parte não referida na actual redacção do Código; dade no Trabalho e no Emprego, na parte não revogada
b) Artigo 344.º, sobre comparticipação na compensação pelo Decreto-Lei n.º 164/2007, de 3 de Maio.
retributiva;
c) Artigos 471.º a 473.º, sobre conselhos de empresa 7 — O regime sancionatório constante do Código do
europeus; Trabalho não revoga qualquer disposição do Código Penal.
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5 — Sempre que uma norma legal reguladora de con- 7 — Constitui contra-ordenação grave a violação do
trato de trabalho determine que a mesma pode ser afastada disposto nos n.os 1, 3, 4 ou 5.
por instrumento de regulamentação colectiva de trabalho
entende-se que o não pode ser por contrato de trabalho. Artigo 6.º
Destacamento em território português
CAPÍTULO II 1 — Consideram-se submetidas ao regime de desta-
Aplicação do direito do trabalho camento as seguintes situações, nas quais o trabalhador,
contratado por empregador estabelecido noutro Estado,
Artigo 4.º presta a sua actividade em território português:
Igualdade de tratamento de trabalhador estrangeiro ou apátrida a) Em execução de contrato entre o empregador e o be-
neficiário que exerce a actividade, desde que o trabalhador
Sem prejuízo do estabelecido quanto à lei aplicável permaneça sob a autoridade e direcção daquele;
ao destacamento de trabalhadores e do disposto no ar- b) Em estabelecimento do mesmo empregador, ou em-
tigo seguinte, o trabalhador estrangeiro ou apátrida que presa de outro empregador com o qual exista uma relação so-
esteja autorizado a exercer uma actividade profissional cietária de participações recíprocas, de domínio ou de grupo;
subordinada em território português goza dos mesmos c) Ao serviço de um utilizador, à disposição do qual
direitos e está sujeito aos mesmos deveres do trabalhador foi colocado por empresa de trabalho temporário ou outra
com nacionalidade portuguesa. empresa.
ou, não estando este disponível 10 dias após a consulta, de nomeadamente, de ascendência, idade, sexo, orientação
comprovativo do pedido de parecer. sexual, estado civil, situação familiar, situação económica,
5 — Constitui contra-ordenação grave a violação do instrução, origem ou condição social, património gené-
disposto no n.º 3. tico, capacidade de trabalho reduzida, deficiência, doença
crónica, nacionalidade, origem étnica ou raça, território
Artigo 22.º de origem, língua, religião, convicções políticas ou ideo-
Confidencialidade de mensagens e de acesso a informação lógicas e filiação sindical, devendo o Estado promover a
igualdade de acesso a tais direitos.
1 — O trabalhador goza do direito de reserva e confi- 2 — O direito referido no número anterior respeita,
dencialidade relativamente ao conteúdo das mensagens designadamente:
de natureza pessoal e acesso a informação de carácter não
profissional que envie, receba ou consulte, nomeadamente a) A critérios de selecção e a condições de contrata-
através do correio electrónico. ção, em qualquer sector de actividade e a todos os níveis
2 — O disposto no número anterior não prejudica o hierárquicos;
poder de o empregador estabelecer regras de utilização b) A acesso a todos os tipos de orientação, formação e
dos meios de comunicação na empresa, nomeadamente reconversão profissionais de qualquer nível, incluindo a
do correio electrónico. aquisição de experiência prática;
c) A retribuição e outras prestações patrimoniais, promo-
SUBSECÇÃO III ção a todos os níveis hierárquicos e critérios para selecção
de trabalhadores a despedir;
Igualdade e não discriminação d) A filiação ou participação em estruturas de represen-
tação colectiva, ou em qualquer outra organização cujos
DIVISÃO I
membros exercem uma determinada profissão, incluindo
Disposições gerais sobre igualdade e não discriminação os benefícios por elas atribuídos.
Artigo 23.º 3 — O disposto nos números anteriores não prejudica
Conceitos em matéria de igualdade e não discriminação a aplicação:
1 — Para efeitos do presente Código, considera-se: a) De disposições legais relativas ao exercício de uma
actividade profissional por estrangeiro ou apátrida;
a) Discriminação directa, sempre que, em razão de um b) De disposições relativas à especial protecção de
factor de discriminação, uma pessoa seja sujeita a trata- património genético, gravidez, parentalidade, adopção e
mento menos favorável do que aquele que é, tenha sido outras situações respeitantes à conciliação da actividade
ou venha a ser dado a outra pessoa em situação compa- profissional com a vida familiar.
rável;
b) Discriminação indirecta, sempre que uma disposição, 4 — O empregador deve afixar na empresa, em local
critério ou prática aparentemente neutro seja susceptível de apropriado, a informação relativa aos direitos e deveres
colocar uma pessoa, por motivo de um factor de discrimina- do trabalhador em matéria de igualdade e não discrimi-
ção, numa posição de desvantagem comparativamente com
nação.
outras, a não ser que essa disposição, critério ou prática
5 — Constitui contra-ordenação muito grave a violação
seja objectivamente justificado por um fim legítimo e que
os meios para o alcançar sejam adequados e necessários; do disposto no n.º 1 e constitui contra-ordenação leve a
c) Trabalho igual, aquele em que as funções desem- violação do disposto no n.º 4.
penhadas ao serviço do mesmo empregador são iguais
ou objectivamente semelhantes em natureza, qualidade Artigo 25.º
e quantidade; Proibição de discriminação
d) Trabalho de valor igual, aquele em que as funções
desempenhadas ao serviço do mesmo empregador são 1 — O empregador não pode praticar qualquer discrimi-
equivalentes, atendendo nomeadamente à qualificação ou nação, directa ou indirecta, em razão nomeadamente dos
experiência exigida, às responsabilidades atribuídas, ao factores referidos no n.º 1 do artigo anterior.
esforço físico e psíquico e às condições em que o trabalho 2 — Não constitui discriminação o comportamento
é efectuado. baseado em factor de discriminação que constitua um
requisito justificável e determinante para o exercício da
2 — Constitui discriminação a mera ordem ou instrução actividade profissional, em virtude da natureza da acti-
que tenha por finalidade prejudicar alguém em razão de vidade em causa ou do contexto da sua execução, de-
um factor de discriminação. vendo o objectivo ser legítimo e o requisito proporcional.
3 — São nomeadamente permitidas diferenças de trata-
Artigo 24.º mento baseadas na idade que sejam necessárias e apropria-
das à realização de um objectivo legítimo, designadamente
Direito à igualdade no acesso a emprego e no trabalho de política de emprego, mercado de trabalho ou formação
1 — O trabalhador ou candidato a emprego tem direito profissional.
a igualdade de oportunidades e de tratamento no que se 4 — As disposições legais ou de instrumentos de re-
refere ao acesso ao emprego, à formação e promoção ou gulamentação colectiva de trabalho que justifiquem os
carreira profissionais e às condições de trabalho, não po- comportamentos referidos no número anterior devem ser
dendo ser privilegiado, beneficiado, prejudicado, privado avaliadas periodicamente e revistas se deixarem de se
de qualquer direito ou isento de qualquer dever em razão, justificar.
934 Diário da República, 1.ª série — N.º 30 — 12 de Fevereiro de 2009
Para os efeitos deste Código, não se considera discri- 1 — Os trabalhadores têm direito à igualdade de con-
minação a medida legislativa de duração limitada que dições de trabalho, em particular quanto à retribuição, de-
beneficia certo grupo, desfavorecido em função de factor vendo os elementos que a determinam não conter qualquer
de discriminação, com o objectivo de garantir o exercício, discriminação fundada no sexo.
em condições de igualdade, dos direitos previstos na lei 2 — A igualdade de retribuição implica que, para tra-
ou corrigir situação de desigualdade que persista na vida balho igual ou de valor igual:
social. a) Qualquer modalidade de retribuição variável, no-
Artigo 28.º meadamente a paga à tarefa, seja estabelecida na base da
mesma unidade de medida;
Indemnização por acto discriminatório
b) A retribuição calculada em função do tempo de tra-
A prática de acto discriminatório lesivo de trabalhador balho seja a mesma.
ou candidato a emprego confere-lhe o direito a indemniza-
ção por danos patrimoniais e não patrimoniais, nos termos 3 — As diferenças de retribuição não constituem discri-
gerais de direito. minação quando assentes em critérios objectivos, comuns
Diário da República, 1.ª série — N.º 30 — 12 de Fevereiro de 2009 935
funções, independentemente do motivo que determine 6 — Na falta da declaração referida nos n.os 4 e 5 a li-
esse impedimento e esteja este ou não relacionado com as cença é gozada pela mãe.
condições de prestação do trabalho, caso o empregador não 7 — Em caso de internamento hospitalar da criança ou
lhe proporcione o exercício de actividade compatível com do progenitor que estiver a gozar a licença prevista nos
o seu estado e categoria profissional, a trabalhadora tem n.os 1, 2 ou 3 durante o período após o parto, o período de
direito a licença, pelo período de tempo que por prescrição licença suspende-se, a pedido do progenitor, pelo tempo
médica for considerado necessário para prevenir o risco, de duração do internamento.
sem prejuízo da licença parental inicial. 8 — A suspensão da licença no caso previsto no número
2 — Para o efeito previsto no número anterior, a traba- anterior é feita mediante comunicação ao empregador,
lhadora informa o empregador e apresenta atestado médico acompanhada de declaração emitida pelo estabelecimento
que indique a duração previsível da licença, prestando essa hospitalar.
informação com a antecedência de 10 dias ou, em caso 9 — Constitui contra-ordenação muito grave a violação
de urgência comprovada pelo médico, logo que possível. do disposto nos n.os 1, 2, 3, 7 ou 8.
3 — Constitui contra-ordenação muito grave a violação
do disposto no n.º 1. Artigo 41.º
Artigo 38.º Períodos de licença parental exclusiva da mãe
Licença por interrupção da gravidez 1 — A mãe pode gozar até 30 dias da licença parental
inicial antes do parto.
1 — Em caso de interrupção da gravidez, a trabalhadora 2 — É obrigatório o gozo, por parte da mãe, de seis
tem direito a licença com duração entre 14 e 30 dias. semanas de licença a seguir ao parto.
2 — Para o efeito previsto no número anterior, a traba- 3 — A trabalhadora que pretenda gozar parte da licença
lhadora informa o empregador e apresenta, logo que possí- antes do parto deve informar desse propósito o empregador
vel, atestado médico com indicação do período da licença. e apresentar atestado médico que indique a data previsível
3 — Constitui contra-ordenação muito grave a violação do parto, prestando essa informação com a antecedência de
do disposto no n.º 1. 10 dias ou, em caso de urgência comprovada pelo médico,
logo que possível.
Artigo 39.º
4 — Constitui contra-ordenação muito grave a violação
Modalidades de licença parental do disposto nos n.os 1 ou 2.
A licença parental compreende as seguintes modalidades:
Artigo 42.º
a) Licença parental inicial;
Licença parental inicial a gozar por um progenitor
b) Licença parental inicial exclusiva da mãe; em caso de impossibilidade do outro
c) Licença parental inicial a gozar pelo pai por impos-
sibilidade da mãe; 1 — O pai ou a mãe tem direito a licença, com a dura-
d) Licença parental exclusiva do pai. ção referida nos n.os 1, 2 ou 3 do artigo 40.º, ou do período
remanescente da licença, nos casos seguintes:
Artigo 40.º a) Incapacidade física ou psíquica do progenitor que
Licença parental inicial estiver a gozar a licença, enquanto esta se mantiver;
1 — A mãe e o pai trabalhadores têm direito, por nas- b) Morte do progenitor que estiver a gozar a licença.
cimento de filho, a licença parental inicial de 120 ou
150 dias consecutivos, cujo gozo podem partilhar após o 2 — Apenas há lugar à duração total da licença referida
parto, sem prejuízo dos direitos da mãe a que se refere o no n.º 2 do artigo 40.º caso se verifiquem as condições aí
artigo seguinte. previstas, à data dos factos referidos no número anterior.
2 — A licença referida no número anterior é acrescida 3 — Em caso de morte ou incapacidade física ou psí-
em 30 dias, no caso de cada um dos progenitores gozar, em quica da mãe, a licença parental inicial a gozar pelo pai
exclusivo, um período de 30 dias consecutivos, ou dois pe- tem a duração mínima de 30 dias.
ríodos de 15 dias consecutivos, após o período de gozo obri- 4 — Em caso de morte ou incapacidade física ou psí-
gatório pela mãe a que se refere o n.º 2 do artigo seguinte. quica de mãe não trabalhadora nos 120 dias a seguir ao
3 — No caso de nascimentos múltiplos, o período de parto, o pai tem direito a licença nos termos do n.º 1, com
licença previsto nos números anteriores é acrescido de a necessária adaptação, ou do número anterior.
30 dias por cada gémeo além do primeiro. 5 — Para efeito do disposto nos números anteriores, o
4 — Em caso de partilha do gozo da licença, a mãe e o pai informa o empregador, logo que possível e, consoante
pai informam os respectivos empregadores, até sete dias a situação, apresenta atestado médico comprovativo ou
após o parto, do início e termo dos períodos a gozar por certidão de óbito e, sendo caso disso, declara o período
cada um, entregando para o efeito, declaração conjunta. de licença já gozado pela mãe.
5 — Caso a licença parental não seja partilhada pela 6 — Constitui contra-ordenação muito grave a violação
mãe e pelo pai, e sem prejuízo dos direitos da mãe a que do disposto nos n.os 1 a 4.
se refere o artigo seguinte, o progenitor que gozar a licença
informa o respectivo empregador, até sete dias após o parto, Artigo 43.º
da duração da licença e do início do respectivo período, Licença parental exclusiva do pai
juntando declaração do outro progenitor da qual conste que
o mesmo exerce actividade profissional e que não goza a 1 — É obrigatório o gozo pelo pai de uma licença paren-
licença parental inicial. tal de 10 dias úteis, seguidos ou interpolados, nos 30 dias
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o filho, devendo apresentar atestado médico se a dispensa menor ou, independentemente da idade, com deficiência
se prolongar para além do primeiro ano de vida do filho. ou doença crónica.
2 — Para efeito de dispensa para aleitação, o progenitor: 4 — Para efeitos dos n.os 1 e 2, o trabalhador informa o
empregador com a antecedência de cinco dias, declarando
a) Comunica ao empregador que aleita o filho, com a que:
antecedência de 10 dias relativamente ao início da dis-
pensa; a) O neto vive consigo em comunhão de mesa e ha-
b) Apresenta documento de que conste a decisão con- bitação;
junta; b) O neto é filho de adolescente com idade inferior a
c) Declara qual o período de dispensa gozado pelo outro 16 anos;
progenitor, sendo caso disso; c) O cônjuge do trabalhador exerce actividade profissio-
d) Prova que o outro progenitor exerce actividade pro- nal ou se encontra física ou psiquicamente impossibilitado
fissional e, caso seja trabalhador por conta de outrem, que de cuidar do neto ou não vive em comunhão de mesa e
informou o respectivo empregador da decisão conjunta. habitação com este.
da sua falta de experiência ou da inconsciência dos riscos não sejam susceptíveis de o prejudicar no que respeita à
existentes ou potenciais. integridade física, segurança e saúde, assiduidade escolar,
2 — O empregador deve, em especial, avaliar os riscos participação em programas de orientação ou de forma-
relacionados com o trabalho, antes de o menor o iniciar ção, capacidade para beneficiar da instrução ministrada,
ou antes de qualquer alteração importante das condições ou ainda ao seu desenvolvimento físico, psíquico, moral,
de trabalho, incidindo nomeadamente sobre: intelectual e cultural.
a) Equipamento e organização do local e do posto de 4 — Em empresa familiar, o menor com idade inferior
trabalho; a 16 anos deve trabalhar sob a vigilância e direcção de
b) Natureza, grau e duração da exposição a agentes um membro do seu agregado familiar, maior de idade.
físicos, biológicos e químicos; 5 — O empregador comunica ao serviço com competên-
c) Escolha, adaptação e utilização de equipamento de cia inspectiva do ministério responsável pela área laboral a
trabalho, incluindo agentes, máquinas e aparelhos e a res- admissão de menor efectuada ao abrigo do n.º 3, nos oito
pectiva utilização; dias subsequentes.
d) Adaptação da organização do trabalho, dos processos 6 — Constitui contra-ordenação grave a violação do
de trabalho ou da sua execução; disposto nos n.os 3 ou 4 e constitui contra-ordenação leve
e) Grau de conhecimento do menor no que se refere à a violação do disposto no número anterior.
execução do trabalho, aos riscos para a segurança e a saúde
e às medidas de prevenção. Artigo 69.º
Admissão de menor sem escolaridade obrigatória
3 — O empregador deve informar o menor e os seus ou sem qualificação profissional
representantes legais dos riscos identificados e das medidas
tomadas para a sua prevenção. 1 — O menor com idade inferior a 16 anos que tenha
4 — A emancipação não prejudica a aplicação das nor- concluído a escolaridade obrigatória mas não possua qua-
mas relativas à protecção da saúde, educação e formação lificação profissional, ou o menor com pelo menos 16 anos
do trabalhador menor. idade mas que não tenha concluído a escolaridade obriga-
5 — Constitui contra-ordenação muito grave a violação tória ou não possua qualificação profissional só pode ser
do disposto nos n.os 1, 2 ou 3. admitido a prestar trabalho desde que frequente modalidade
de educação ou formação que confira, consoante o caso,
Artigo 67.º a escolaridade obrigatória, qualificação profissional, ou
ambas, nomeadamente em Centros Novas Oportunidades.
Formação profissional de menor 2 — O disposto no número anterior não é aplicável a
1 — O Estado deve proporcionar a menor que tenha menor que apenas preste trabalho durante as férias esco-
concluído a escolaridade obrigatória a formação profissio- lares.
nal adequada à sua preparação para a vida activa. 3 — Na situação a que se refere o n.º 1, o menor benefi-
2 — O empregador deve assegurar a formação profis- cia do estatuto de trabalhador-estudante, tendo a dispensa
sional de menor ao seu serviço, solicitando a colaboração de trabalho para frequência de aulas com duração em dobro
dos organismos competentes sempre que não disponha de da prevista no n.º 3 do artigo 90.º
meios para o efeito. 4 — O empregador comunica ao serviço com competên-
3 — É, em especial, assegurado ao menor o direito a cia inspectiva do ministério responsável pela área laboral
licença sem retribuição para a frequência de curso profis- a admissão de menor efectuada nos termos dos n.os 1 e 2,
sional que confira habilitação escolar ou curso de educação nos oito dias subsequentes.
e formação para jovens, salvo quando a mesma for suscep- 5 — Constitui contra-ordenação muito grave a violação
tível de causar prejuízo grave à empresa, e sem prejuízo do disposto no n.º 1, contra-ordenação grave a violação
dos direitos do trabalhador-estudante. do disposto no n.º 3 e contra-ordenação leve a falta de
4 — O menor que se encontre na situação do n.º 1 do comunicação prevista no número anterior.
artigo 69.º tem direito a passar ao regime de trabalho a 6 — Em caso de admissão de menor com idade infe-
tempo parcial, fixando-se, na falta de acordo, a duração rior a 16 anos e sem escolaridade obrigatória, é aplicada
semanal do trabalho num número de horas que, somado a sanção acessória de privação do direito a subsídio ou
à duração escolar ou de formação, perfaça quarenta horas benefício outorgado por entidade ou serviço público, por
semanais. período até dois anos.
a) Três horas semanais para período igual ou superior 4 — Considera-se prova de avaliação o exame ou ou-
a vinte horas e inferior a trinta horas; tra prova, escrita ou oral, ou a apresentação de trabalho,
b) Quatro horas semanais para período igual ou superior quando este o substitua ou complemente e desde que deter-
a trinta horas e inferior a trinta e quatro horas; mine directa ou indirectamente o aproveitamento escolar.
c) Cinco horas semanais para período igual ou supe- 5 — Constitui contra-ordenação grave a violação do
rior a trinta e quatro horas e inferior a trinta e oito horas; disposto nos n.os 1 ou 3.
d) Seis horas semanais para período igual ou superior
a trinta e oito horas. Artigo 92.º
4 — O trabalhador-estudante cujo período de trabalho Férias e licenças de trabalhador-estudante
seja impossível ajustar, de acordo com os números anterio- 1 — O trabalhador-estudante tem direito a marcar o
res, ao regime de turnos a que está afecto tem preferência período de férias de acordo com as suas necessidades es-
na ocupação de posto de trabalho compatível com a sua colares, podendo gozar até 15 dias de férias interpoladas,
qualificação profissional e com a frequência de aulas. na medida em que tal seja compatível com as exigências
5 — Caso o horário de trabalho ajustado ou a dispensa imperiosas do funcionamento da empresa.
de trabalho para frequência de aulas comprometa manifes- 2 — O trabalhador-estudante tem direito, em cada ano
tamente o funcionamento da empresa, nomeadamente por civil, a licença sem retribuição, com a duração de 10 dias
causa do número de trabalhadores-estudantes existente, o úteis seguidos ou interpolados.
empregador promove um acordo com o trabalhador inte- 3 — Constitui contra-ordenação grave a violação do
ressado e a comissão de trabalhadores ou, na sua falta, a disposto no n.º 1 e constitui contra-ordenação leve a vio-
comissão intersindical, comissões sindicais ou delegados lação do disposto no número anterior.
sindicais, sobre a medida em que o interesse daquele pode
ser satisfeito ou, na falta de acordo, decide fundamentada-
mente, informando o trabalhador por escrito. Artigo 93.º
6 — O trabalhador-estudante não é obrigado a prestar Promoção profissional de trabalhador-estudante
trabalho suplementar, excepto por motivo de força maior,
nem trabalho em regime de adaptabilidade, banco de horas O empregador deve possibilitar a trabalhador-estudante
ou horário concentrado quando o mesmo coincida com o promoção profissional adequada à qualificação obtida, não
horário escolar ou com prova de avaliação. sendo todavia obrigatória a reclassificação profissional por
7 — Ao trabalhador-estudante que preste trabalho em mero efeito da qualificação.
regime de adaptabilidade, banco de horas ou horário con-
centrado é assegurado um dia por mês de dispensa, sem Artigo 94.º
perda de direitos, contando como prestação efectiva de Concessão do estatuto de trabalhador-estudante
trabalho.
8 — O trabalhador-estudante que preste trabalho su- 1 — O trabalhador-estudante deve comprovar perante
plementar tem direito a descanso compensatório de igual o empregador a sua condição de estudante, apresentando
número de horas. igualmente o horário das actividades educativas a fre-
9 — Constitui contra-ordenação grave a violação do quentar.
disposto nos n.os 1 a 4 e 6 a 8. 2 — O trabalhador-estudante deve escolher, entre as
possibilidades existentes, o horário mais compatível com
Artigo 91.º o horário de trabalho, sob pena de não beneficiar dos ine-
rentes direitos.
Faltas para prestação de provas de avaliação
3 — Considera-se aproveitamento escolar a transição
1 — O trabalhador-estudante pode faltar justificada- de ano ou a aprovação ou progressão em, pelo menos,
mente por motivo de prestação de prova de avaliação, nos metade das disciplinas em que o trabalhador-estudante
seguintes termos: esteja matriculado, a aprovação ou validação de metade
a) No dia da prova e no imediatamente anterior; dos módulos ou unidades equivalentes de cada disciplina,
b) No caso de provas em dias consecutivos ou de mais de definidos pela instituição de ensino ou entidade formadora
uma prova no mesmo dia, os dias imediatamente anteriores para o ano lectivo ou para o período anual de frequência,
são tantos quantas as provas a prestar; no caso de percursos educativos organizados em regime
c) Os dias imediatamente anteriores referidos nas modular ou equivalente que não definam condições de
alíneas anteriores incluem dias de descanso semanal e transição de ano ou progressão em disciplinas.
feriados; 4 — Considera-se ainda que tem aproveitamento escolar
d) As faltas dadas ao abrigo das alíneas anteriores não o trabalhador que não satisfaça o disposto no número ante-
podem exceder quatro dias por disciplina em cada ano rior devido a acidente de trabalho ou doença profissional,
lectivo. doença prolongada, licença em situação de risco clínico
durante a gravidez, ou por ter gozado licença parental ini-
2 — O direito previsto no número anterior só pode ser cial, licença por adopção ou licença parental complementar
exercido em dois anos lectivos relativamente a cada dis- por período não inferior a um mês.
ciplina. 5 — O trabalhador-estudante não pode cumular os di-
3 — Consideram-se ainda justificadas as faltas dadas reitos previstos neste Código com quaisquer regimes que
por trabalhador-estudante na estrita medida das desloca- visem os mesmos fins, nomeadamente no que respeita a
ções necessárias para prestar provas de avaliação, sendo dispensa de trabalho para frequência de aulas, licenças
retribuídas até 10 faltas em cada ano lectivo, independen- por motivos escolares ou faltas para prestação de provas
temente do número de disciplinas. de avaliação.
948 Diário da República, 1.ª série — N.º 30 — 12 de Fevereiro de 2009
1 — O direito a horário de trabalho ajustado ou a dis- 1 — O empregador pode elaborar regulamento interno
pensa de trabalho para frequência de aulas, a marcação do de empresa sobre organização e disciplina do trabalho.
período de férias de acordo com as necessidades escolares 2 — Na elaboração do regulamento interno de empresa
ou a licença sem retribuição cessa quando o trabalhador- é ouvida a comissão de trabalhadores ou, na sua falta, as
-estudante não tenha aproveitamento no ano em que be- comissões intersindicais, as comissões sindicais ou os
delegados sindicais.
neficie desse direito.
3 — O regulamento interno apenas produz efeitos após:
2 — Os restantes direitos cessam quando o trabalhador-
-estudante não tenha aproveitamento em dois anos conse- a) Publicitação do respectivo conteúdo, designadamente
cutivos ou três interpolados. afixação na sede da empresa e nos locais de trabalho, de
3 — Os direitos do trabalhador-estudante cessam ime- modo a possibilitar o seu pleno conhecimento, a todo o
diatamente em caso de falsas declarações relativamente tempo, pelos trabalhadores;
aos factos de que depende a concessão do estatuto ou a b) Enviá-lo ao serviço com competência inspectiva do
factos constitutivos de direitos, bem como quando estes ministério responsável pela área laboral.
sejam utilizados para outros fins.
4 — Aelaboração de regulamento interno de empresa sobre
4 — O trabalhador-estudante pode exercer de novo os determinadas matérias pode ser tornada obrigatória por ins-
direitos no ano lectivo subsequente àquele em que os mes- trumento de regulamentação colectiva de trabalho negocial.
mos cessaram, não podendo esta situação ocorrer mais de 5 — Constitui contra-ordenação grave a violação do
duas vezes. disposto no n.º 2 e na alínea a) do n.º 3 e leve a violação
da alínea b) do n.º 3.
Artigo 96.º
Procedimento para exercício de direitos de trabalhador-estudante Artigo 100.º
Tipos de empresas
1 — O trabalhador-estudante deve comprovar perante
o empregador o respectivo aproveitamento, no final de 1 — Considera-se:
cada ano lectivo. a) Microempresa a que emprega menos de 10 traba-
2 — O controlo de assiduidade do trabalhador-estudante lhadores;
pode ser feito, por acordo com o trabalhador, directamente b) Pequena empresa a que emprega de 10 a menos de
pelo empregador, através dos serviços administrativos 50 trabalhadores;
do estabelecimento de ensino, por correio electrónico ou c) Média empresa a que emprega de 50 a menos de
fax, no qual é aposta uma data e hora a partir da qual 250 trabalhadores;
o trabalhador-estudante termina a sua responsabilidade d) Grande empresa a que emprega 250 ou mais traba-
escolar. lhadores.
3 — Na falta de acordo o empregador pode, nos 15 dias
seguintes à utilização da dispensa de trabalho para esse fim, 2 — Para efeitos do número anterior, o número de tra-
exigir a prova da frequência de aulas, sempre que o esta- balhadores corresponde à média do ano civil antecedente.
belecimento de ensino proceder ao controlo da frequência. 3 — No ano de início da actividade, o número de tra-
4 — O trabalhador-estudante deve solicitar a licença balhadores a ter em conta para aplicação do regime é o
sem retribuição com a seguinte antecedência: existente no dia da ocorrência do facto.
a) Quarenta e oito horas ou, sendo inviável, logo que Artigo 101.º
possível, no caso de um dia de licença; Pluralidade de empregadores
b) Oito dias, no caso de dois a cinco dias de licença;
c) 15 dias, no caso de mais de cinco dias de licença. 1 — O trabalhador pode obrigar-se a prestar trabalho
a vários empregadores entre os quais exista uma relação
SUBSECÇÃO IX
societária de participações recíprocas, de domínio ou de
grupo, ou que tenham estruturas organizativas comuns.
O empregador e a empresa 2 — O contrato de trabalho com pluralidade de empre-
gadores está sujeito a forma escrita e deve conter:
Artigo 97.º
a) Identificação, assinaturas e domicílio ou sede das partes;
Poder de direcção b) Indicação da actividade do trabalhador, do local e do
período normal de trabalho;
Compete ao empregador estabelecer os termos em que o c) Indicação do empregador que representa os demais
trabalho deve ser prestado, dentro dos limites decorrentes no cumprimento dos deveres e no exercício dos direitos
do contrato e das normas que o regem. emergentes do contrato de trabalho.
Artigo 98.º 3 — Os empregadores são solidariamente responsáveis
Poder disciplinar pelo cumprimento das obrigações decorrentes do contrato
de trabalho, cujo credor seja o trabalhador ou terceiro.
O empregador tem poder disciplinar sobre o trabalhador 4 — Cessando a situação referida no n.º 1, considera-se
ao seu serviço, enquanto vigorar o contrato de trabalho. que o trabalhador fica apenas vinculado ao empregador
Diário da República, 1.ª série — N.º 30 — 12 de Fevereiro de 2009 949
a que se refere a alínea c) do n.º 2, salvo acordo em con- sultem de prévia negociação específica, mesmo na parte
trário. em que o seu conteúdo se determine por remissão para
5 — A violação de requisitos indicados nos n.os 1 ou 2 instrumento de regulamentação colectiva de trabalho.
confere ao trabalhador o direito de optar pelo empregador
ao qual fica vinculado. SUBSECÇÃO IV
6 — Constitui contra-ordenação grave a violação do
disposto nos n.os 1 ou 2, sendo responsáveis pela mesma Informação sobre aspectos relevantes na prestação de trabalho
todos os empregadores, os quais são representados para
este efeito por aquele a que se refere a alínea c) do n.º 2. Artigo 106.º
Dever de informação
SECÇÃO III 1 — O empregador deve informar o trabalhador sobre
Formação do contrato aspectos relevantes do contrato de trabalho.
2 — O trabalhador deve informar o empregador sobre
SUBSECÇÃO I aspectos relevantes para a prestação da actividade laboral.
3 — O empregador deve prestar ao trabalhador, pelo
Negociação menos, as seguintes informações:
Artigo 102.º a) A respectiva identificação, nomeadamente, sendo
sociedade, a existência de uma relação de coligação socie-
Culpa na formação do contrato tária, de participações recíprocas, de domínio ou de grupo,
Quem negoceia com outrem para a conclusão de um bem como a sede ou domicílio;
contrato de trabalho deve, tanto nos preliminares como na b) O local de trabalho ou, não havendo um fixo ou
formação dele, proceder segundo as regras da boa fé, sob predominante, a indicação de que o trabalho é prestado
pena de responder pelos danos culposamente causados. em várias localizações;
c) A categoria do trabalhador ou a descrição sumária
das funções correspondentes;
SUBSECÇÃO II d) A data de celebração do contrato e a do início dos
Promessa de contrato de trabalho seus efeitos;
e) A duração previsível do contrato, se este for celebrado
Artigo 103.º a termo;
f) A duração das férias ou o critério para a sua deter-
Regime da promessa de contrato de trabalho minação;
1 — A promessa de contrato de trabalho está sujeita a g) Os prazos de aviso prévio a observar pelo empregador
forma escrita e deve conter: e pelo trabalhador para a cessação do contrato, ou o critério
para a sua determinação;
a) Identificação, assinaturas e domicílio ou sede das partes; h) O valor e a periodicidade da retribuição;
b) Declaração, em termos inequívocos, da vontade de i) O período normal de trabalho diário e semanal, espe-
o promitente ou promitentes se obrigarem a celebrar o cificando os casos em que é definido em termos médios;
referido contrato; j) O número da apólice de seguro de acidentes de tra-
c) Actividade a prestar e correspondente retribuição. balho e a identificação da entidade seguradora;
l) O instrumento de regulamentação colectiva de traba-
2 — O não cumprimento da promessa de contrato de lho aplicável, se houver.
trabalho dá lugar a responsabilidade nos termos gerais.
3 — À promessa de contrato de trabalho não é aplicável 4 — A informação sobre os elementos referidos nas
o disposto no artigo 830.º do Código Civil. alíneas f) a i) do número anterior pode ser substituída pela
referência às disposições pertinentes da lei, do instrumento
SUBSECÇÃO III de regulamentação colectiva de trabalho aplicável ou do
regulamento interno de empresa.
Contrato de adesão 5 — Constitui contra-ordenação grave a violação do
disposto em qualquer alínea do n.º 3.
Artigo 104.º
Contrato de trabalho de adesão Artigo 107.º
1 — A vontade contratual do empregador pode manifestar- Meios de informação
-se através de regulamento interno de empresa e a do traba- 1 — A informação prevista no artigo anterior deve ser
lhador pela adesão expressa ou tácita ao mesmo regulamento. prestada por escrito, podendo constar de um ou de vários
2 — Presume-se a adesão do trabalhador quando este documentos, assinados pelo empregador.
não se opuser por escrito no prazo de 21 dias, a contar 2 — Quando a informação seja prestada através de mais
do início da execução do contrato ou da divulgação do de um documento, um deles deve conter os elementos refe-
regulamento, se esta for posterior. ridos nas alíneas a) a d), h) e i) do n.º 3 do artigo anterior.
3 — O dever previsto no n.º 1 do artigo anterior
Artigo 105.º considera-se cumprido quando a informação em causa
Cláusulas contratuais gerais
conste de contrato de trabalho reduzido a escrito ou de
contrato-promessa de contrato de trabalho.
O regime das cláusulas contratuais gerais aplica-se aos 4 — Os documentos referidos nos n.os 1 e 2 devem ser
aspectos essenciais do contrato de trabalho que não re- entregues ao trabalhador nos 60 dias subsequentes ao iní-
950 Diário da República, 1.ª série — N.º 30 — 12 de Fevereiro de 2009
cio da execução do contrato ou, se este cessar antes deste 2 — No decurso do período experimental, as partes
prazo, até ao respectivo termo. devem agir de modo que possam apreciar o interesse na
5 — Constitui contra-ordenação grave a violação do manutenção do contrato de trabalho.
disposto nos n.os 1, 2 ou 4. 3 — O período experimental pode ser excluído por
acordo escrito entre as partes.
Artigo 108.º
Artigo 112.º
Informação relativa a prestação de trabalho no estrangeiro
Duração do período experimental
1 — Se o trabalhador cujo contrato de trabalho seja
regulado pela lei portuguesa exercer a sua actividade no 1 — No contrato de trabalho por tempo indeterminado,
território de outro Estado por período superior a um mês, o o período experimental tem a seguinte duração:
empregador deve prestar-lhe, por escrito e até à sua partida,
a) 90 dias para a generalidade dos trabalhadores;
as seguintes informações complementares:
b) 180 dias para os trabalhadores que exerçam cargos de
a) Duração previsível do período de trabalho a prestar complexidade técnica, elevado grau de responsabilidade ou
no estrangeiro; que pressuponham uma especial qualificação, bem como
b) Moeda e lugar do pagamento das prestações pecu- os que desempenhem funções de confiança;
niárias; c) 240 dias para trabalhador que exerça cargo de direc-
c) Condições de repatriamento; ção ou quadro superior.
d) Acesso a cuidados de saúde.
2 — No contrato de trabalho a termo, o período expe-
2 — A informação referida na alínea b) ou c) do número rimental tem a seguinte duração:
anterior pode ser substituída por referência a disposições de
lei, instrumento de regulamentação colectiva de trabalho a) 30 dias em caso de contrato com duração igual ou
ou regulamento interno de empresa que regulem a matéria superior a seis meses;
nela referida. b) 15 dias em caso de contrato a termo certo com du-
3 — Constitui contra-ordenação grave a violação do ração inferior a seis meses ou de contrato a termo in-
disposto neste artigo. certo cuja duração previsível não ultrapasse aquele limite.
3 — Tendo o período experimental durado mais de 4 — Sempre que o exercício de funções acessórias
120 dias, a denúncia do contrato por parte do empregador exigir especial qualificação, o trabalhador tem direito a
depende de aviso prévio de 15 dias. formação profissional não inferior a dez horas anuais.
4 — O não cumprimento, total ou parcial, do período de 5 — Constitui contra-ordenação grave a violação do
aviso prévio previsto nos n.os 2 e 3 determina o pagamento disposto no número anterior.
da retribuição correspondente ao aviso prévio em falta.
Artigo 119.º
SECÇÃO V Mudança para categoria inferior
Actividade do trabalhador A mudança do trabalhador para categoria inferior àquela
para que se encontra contratado pode ter lugar mediante
Artigo 115.º acordo, com fundamento em necessidade premente da
Determinação da actividade do trabalhador empresa ou do trabalhador, devendo ser autorizada pelo
serviço com competência inspectiva do ministério respon-
1 — Cabe às partes determinar por acordo a actividade sável pela área laboral no caso de determinar diminuição
para que o trabalhador é contratado. da retribuição.
2 — A determinação a que se refere o número anterior
pode ser feita por remissão para categoria de instrumento Artigo 120.º
de regulamentação colectiva de trabalho ou de regulamento
interno de empresa. Mobilidade funcional
3 — Quando a natureza da actividade envolver a prá- 1 — O empregador pode, quando o interesse da empresa
tica de negócios jurídicos, considera-se que o contrato de o exija, encarregar o trabalhador de exercer temporaria-
trabalho concede ao trabalhador os necessários poderes, mente funções não compreendidas na actividade contra-
salvo se a lei exigir instrumento especial. tada, desde que tal não implique modificação substancial
da posição do trabalhador.
Artigo 116.º 2 — As partes podem alargar ou restringir a faculdade
Autonomia técnica conferida no número anterior, mediante acordo que caduca
ao fim de dois anos se não tiver sido aplicado.
A sujeição à autoridade e direcção do empregador não
prejudica a autonomia técnica do trabalhador inerente 3 — A ordem de alteração deve ser justificada, mencio-
à actividade prestada, nos termos das regras legais ou nando se for caso disso o acordo a que se refere o número
deontológicas aplicáveis. anterior, e indicar a duração previsível da mesma, que não
deve ultrapassar dois anos.
Artigo 117.º 4 — O disposto no n.º 1 não pode implicar diminuição
da retribuição, tendo o trabalhador direito às condições de
Efeitos de falta de título profissional trabalho mais favoráveis que sejam inerentes às funções
1 — Sempre que o exercício de determinada actividade exercidas.
se encontre legalmente condicionado à posse de título 5 — Salvo disposição em contrário, o trabalhador não
profissional, designadamente carteira profissional, a sua adquire a categoria correspondente às funções tempora-
falta determina a nulidade do contrato. riamente exercidas.
2 — Quando o título profissional é retirado ao traba- 6 — O disposto nos números anteriores pode ser afastado
lhador, por decisão que já não admite recurso, o contrato por instrumento de regulamentação colectiva de trabalho.
caduca logo que as partes sejam notificadas da decisão. 7 — Constitui contra-ordenação grave a violação do
disposto nos n.os 1, 3 ou 4.
Artigo 118.º
Funções desempenhadas pelo trabalhador SECÇÃO VI
É nulo o acordo entre empregadores, nomeadamente em a) Lançamento de nova actividade de duração in-
cláusula de contrato de utilização de trabalho temporário, certa, bem como início de laboração de empresa ou de
que proíba a admissão de trabalhador que a eles preste ou estabelecimento pertencente a empresa com menos de
tenha prestado trabalho, bem como obrigue, em caso de 750 trabalhadores;
admissão, ao pagamento de uma indemnização. b) Contratação de trabalhador à procura de primeiro
emprego, em situação de desemprego de longa duração
ou noutra prevista em legislação especial de política de
SECÇÃO IX
emprego.
Modalidades de contrato de trabalho
5 — Cabe ao empregador a prova dos factos que justi-
SUBSECÇÃO I ficam a celebração de contrato de trabalho a termo.
6 — Constitui contra-ordenação muito grave a violação
Contrato a termo resolutivo
do disposto em qualquer dos n.os 1 a 4.
Artigo 139.º
Artigo 141.º
Regime do termo resolutivo
Forma e conteúdo de contrato de trabalho a termo
O regime do contrato de trabalho a termo resolutivo,
constante da presente subsecção, pode ser afastado por 1 — O contrato de trabalho a termo está sujeito a forma
instrumento de regulamentação colectiva de trabalho, com escrita e deve conter:
excepção da alínea b) do n.º 4 do artigo seguinte e dos a) Identificação, assinaturas e domicílio ou sede das
n.os 1, 4 e 5 do artigo 148.º partes;
b) Actividade do trabalhador e correspondente retri-
Artigo 140.º buição;
Admissibilidade de contrato de trabalho a termo resolutivo c) Local e período normal de trabalho;
d) Data de início do trabalho;
1 — O contrato de trabalho a termo resolutivo só pode e) Indicação do termo estipulado e do respectivo motivo
ser celebrado para satisfação de necessidade temporária da
justificativo;
empresa e pelo período estritamente necessário à satisfação
f) Datas de celebração do contrato e, sendo a termo
dessa necessidade.
2 — Considera-se, nomeadamente, necessidade tem- certo, da respectiva cessação.
porária da empresa:
2 — Na falta da referência exigida pela alínea d) do
a) Substituição directa ou indirecta de trabalhador au- número anterior, considera-se que o contrato tem início
sente ou que, por qualquer motivo, se encontre tempora- na data da sua celebração.
riamente impedido de trabalhar; 3 — Para efeitos da alínea e) do n.º 1, a indicação do
b) Substituição directa ou indirecta de trabalhador em motivo justificativo do termo deve ser feita com menção
relação ao qual esteja pendente em juízo acção de apre- expressa dos factos que o integram, devendo estabelecer-
ciação da licitude de despedimento; -se a relação entre a justificação invocada e o termo es-
c) Substituição directa ou indirecta de trabalhador em tipulado.
situação de licença sem retribuição; 4 — Constitui contra-ordenação grave a violação do
d) Substituição de trabalhador a tempo completo que disposto na alínea e) do n.º 1 ou no n.º 3.
passe a prestar trabalho a tempo parcial por período de-
terminado; Artigo 142.º
e) Actividade sazonal ou outra cujo ciclo anual de pro-
dução apresente irregularidades decorrentes da natureza Casos especiais de contrato de trabalho de muito curta duração
estrutural do respectivo mercado, incluindo o abasteci-
1 — O contrato de trabalho em actividade sazonal agrí-
mento de matéria-prima;
f) Acréscimo excepcional de actividade da empresa; cola ou para realização de evento turístico de duração não
g) Execução de tarefa ocasional ou serviço determinado superior a uma semana não está sujeito a forma escrita,
precisamente definido e não duradouro; devendo o empregador comunicar a sua celebração ao
h) Execução de obra, projecto ou outra actividade de- serviço competente da segurança social, mediante formu-
finida e temporária, incluindo a execução, direcção ou lário electrónico que contém os elementos referidos nas
fiscalização de trabalhos de construção civil, obras pú- alíneas a), b) e d) do n.º 1 do artigo anterior, bem como o
blicas, montagens e reparações industriais, em regime de local de trabalho.
empreitada ou em administração directa, bem como os 2 — Nos casos previstos no número anterior, a duração
respectivos projectos ou outra actividade complementar total de contratos de trabalho a termo com o mesmo empre-
de controlo e acompanhamento. gador não pode exceder 60 dias de trabalho no ano civil.
3 — Em caso de violação do disposto em qualquer dos
3 — Sem prejuízo do disposto no n.º 1, só pode ser números anteriores, o contrato considera-se celebrado pelo
celebrado contrato de trabalho a termo incerto em situa- prazo de seis meses, contando-se neste prazo a duração
ção referida em qualquer das alíneas a) a c) ou e) a h) do de contratos anteriores celebrados ao abrigo dos mesmos
número anterior. preceitos.
956 Diário da República, 1.ª série — N.º 30 — 12 de Fevereiro de 2009
em qualquer das alíneas a) a g) do n.º 2 do artigo 140.º, parcial, ou critérios de comparação além dos previstos na
não podendo a duração ser inferior à prevista para a tarefa parte final do n.º 4.
ou serviço a realizar.
3 — Em caso de violação do disposto na primeira parte Artigo 151.º
do número anterior, o contrato considera-se celebrado pelo
Liberdade de celebração de contrato de trabalho a tempo parcial
prazo de seis meses desde que corresponda à satisfação de
necessidades temporárias da empresa. A liberdade de celebração de contrato de trabalho a
4 — A duração do contrato de trabalho a termo incerto tempo parcial não pode ser excluída por instrumento de
não pode ser superior a seis anos. regulamentação colectiva de trabalho.
5 — É incluída no cômputo do limite referido na alí-
nea c) do n.º 1 a duração de contratos de trabalho a termo Artigo 152.º
ou de trabalho temporário cuja execução se concretiza
Preferência na admissão para trabalho a tempo parcial
no mesmo posto de trabalho, bem como de contrato de
prestação de serviço para o mesmo objecto, entre o tra- 1 — Os instrumentos de regulamentação colectiva de
balhador e o mesmo empregador ou sociedades que com trabalho devem estabelecer, para a admissão em regime
este se encontrem em relação de domínio ou de grupo ou de tempo parcial, preferências em favor de pessoa com
mantenham estruturas organizativas comuns. responsabilidades familiares, com capacidade de trabalho
reduzida, com deficiência ou doença crónica ou que fre-
Artigo 149.º quente estabelecimento de ensino.
Renovação de contrato de trabalho a termo certo 2 — Constitui contra-ordenação grave o desrespeito de
preferência estabelecida nos termos do n.º 1.
1 — As partes podem acordar que o contrato de trabalho
a termo certo não fica sujeito a renovação. Artigo 153.º
2 — Na ausência de estipulação a que se refere o número
Forma e conteúdo de contrato de trabalho a tempo parcial
anterior e de declaração de qualquer das partes que o faça
cessar, o contrato renova-se no final do termo, por igual 1 — O contrato de trabalho a tempo parcial está sujeito
período se outro não for acordado pelas partes. a forma escrita e deve conter:
3 — A renovação do contrato está sujeita à verificação
da sua admissibilidade, nos termos previstos para a sua a) Identificação, assinaturas e domicílio ou sede das
celebração, bem como a iguais requisitos de forma no caso partes;
de se estipular período diferente. b) Indicação do período normal de trabalho diário e
4 — Considera-se como único contrato aquele que seja semanal, com referência comparativa a trabalho a tempo
objecto de renovação. completo.
a cinco horas, caso em que é calculado em proporção do que a prestação de trabalho seja intercalada por um ou
respectivo período normal de trabalho semanal. mais períodos de inactividade.
2 — O contrato de trabalho intermitente não pode ser
4 — Constitui contra-ordenação grave a violação do celebrado a termo resolutivo ou em regime de trabalho
disposto neste artigo. temporário.
e pode ser renovado enquanto se mantenha o motivo jus- ou no valor de dois terços da última retribuição ou da
tificativo. retribuição mínima mensal garantida, consoante o que for
3 — A duração do contrato de trabalho temporário a mais favorável;
termo certo, incluindo renovações, não pode exceder dois b) Caso exerça actividade à empresa de trabalho tem-
anos, ou seis ou 12 meses quando aquele seja celebrado, porário, a retribuição correspondente à actividade desem-
respectivamente, em caso de vacatura de posto de traba- penhada, sem prejuízo do valor referido no contrato de
lho quando decorra processo de recrutamento para o seu trabalho a que se refere o artigo anterior.
preenchimento ou de acréscimo excepcional de actividade
da empresa. 3 — Constitui contra-ordenação grave imputável à em-
4 — O contrato de trabalho temporário a termo incerto presa de trabalho temporário a violação do disposto neste
dura pelo tempo necessário à satisfação de necessidade artigo.
temporária do utilizador, não podendo exceder os limites DIVISÃO V
de duração referidos no número anterior.
Regime de prestação de trabalho de trabalhador
5 — É aplicável ao cômputo dos limites referidos nos temporário
números anteriores o disposto no n.º 5 do artigo 148.º
6 — À caducidade do contrato de trabalho temporário Artigo 185.º
é aplicável o disposto no artigo 344.º ou 345.º, consoante
seja a termo certo ou incerto. Condições de trabalho de trabalhador temporário
1 — O trabalhador temporário pode ser cedido a mais
DIVISÃO IV de um utilizador, ainda que não seja titular de contrato
Contrato de trabalho por tempo indeterminado de trabalho por tempo indeterminado para cedência tem-
para cedência temporária porária, se o contrário não for estabelecido no respectivo
contrato.
Artigo 183.º 2 — Durante a cedência, o trabalhador está sujeito ao
Forma e conteúdo de contrato de trabalho por tempo regime aplicável ao utilizador no que respeita ao modo,
indeterminado para cedência temporária lugar, duração do trabalho e suspensão do contrato de
trabalho, segurança e saúde no trabalho e acesso a equi-
1 — O contrato de trabalho por tempo indeterminado pamentos sociais.
para cedência temporária está sujeito a forma escrita, é 3 — O utilizador deve elaborar o horário de trabalho
celebrado em dois exemplares e deve conter: do trabalhador e marcar o período das férias que sejam
a) Identificação, assinaturas, domicílio ou sede das par- gozadas ao seu serviço.
tes e número e data do alvará da licença da empresa de 4 — Durante a execução do contrato, o exercício do
trabalho temporário; poder disciplinar cabe à empresa de trabalho temporário.
b) Menção expressa de que o trabalhador aceita que a 5 — O trabalhador tem direito à retribuição mínima
empresa de trabalho temporário o ceda temporariamente de instrumento de regulamentação colectiva de trabalho
a utilizadores; aplicável à empresa de trabalho temporário ou ao utilizador
c) Actividade contratada ou descrição genérica das fun- que corresponda às suas funções, ou à praticada por este
ções a exercer e da qualificação profissional adequada, bem para trabalho igual ou de valor igual, consoante a que for
como a área geográfica na qual o trabalhador está adstrito mais favorável.
a exercer funções; 6 — O trabalhador tem direito, em proporção da duração
d) Retribuição mínima durante as cedências que ocor- do respectivo contrato, a férias, subsídios de férias e de
ram, nos termos do artigo 185.º Natal, bem como a outras prestações regulares e periódicas
a que os trabalhadores do utilizador tenham direito por
2 — Um exemplar do contrato fica com o trabalhador. trabalho igual ou de valor igual.
3 — Na falta de documento escrito ou no caso de omis- 7 — A retribuição do período de férias e os subsídios
são ou insuficiência das menções referidas na alínea b) de férias e de Natal de trabalhador contratado por tempo
ou c) do n.º 1, considera-se que o trabalho é prestado à indeterminado para cedência temporária são calculados
empresa de trabalho temporário em regime de contrato com base na média das retribuições auferidas nos últimos
de trabalho sem termo, sendo aplicável o disposto no n.º 6 12 meses, ou no período de execução do contrato se este
do artigo 173.º for inferior, excluindo as compensações referidas no ar-
4 — Constitui contra-ordenação grave a violação do tigo 184.º e os períodos correspondentes.
disposto na alínea b) do n.º 1. 8 — O trabalhador temporário cedido a utilizador no
estrangeiro por período inferior a oito meses tem direito ao
Artigo 184.º pagamento de um abono mensal a título de ajudas de custo
até ao limite de 25 % do valor da retribuição base.
Período sem cedência temporária 9 — O disposto no número anterior não se aplica a
1 — No período em que não se encontre em situação trabalhador titular de contrato de trabalho por tempo inde-
de cedência, o trabalhador contratado por tempo inde- terminado para cedência temporária, ao qual são aplicáveis
terminado pode prestar actividade à empresa de trabalho as regras de abono de ajudas de custo por deslocação em
temporário. serviço previstas na lei geral.
2 — Durante o período referido no número anterior, o 10 — Sem prejuízo do disposto nos números anterio-
trabalhador tem direito: res, após 60 dias de prestação de trabalho, é aplicável ao
trabalhador temporário o instrumento de regulamentação
a) Caso não exerça actividade, a compensação prevista colectiva de trabalho aplicável a trabalhadores do utilizador
em instrumento de regulamentação colectiva de trabalho, que exerçam as mesmas funções.
964 Diário da República, 1.ª série — N.º 30 — 12 de Fevereiro de 2009
7 — Constitui contra-ordenação grave a violação do c) A interrupção de trabalho por motivos técnicos, no-
disposto nos n.os 1 ou 4, no caso de transferência definitiva, meadamente limpeza, manutenção ou afinação de equi-
e constitui contra-ordenação leve a violação do disposto pamento, mudança de programa de produção, carga ou
no n.º 3. descarga de mercadorias, falta de matéria-prima ou ener-
gia, ou por factor climatérico que afecte a actividade da
Artigo 195.º
empresa, ou por motivos económicos, designadamente
Transferência a pedido do trabalhador quebra de encomendas;
d) O intervalo para refeição em que o trabalhador tenha
1 — O trabalhador vítima de violência doméstica tem
de permanecer no espaço habitual de trabalho ou próximo
direito a ser transferido, temporária ou definitivamente, a
dele, para poder ser chamado a prestar trabalho normal em
seu pedido, para outro estabelecimento da empresa, veri-
caso de necessidade;
ficadas as seguintes condições:
e) A interrupção ou pausa no período de trabalho imposta
a) Apresentação de queixa-crime; por normas de segurança e saúde no trabalho.
b) Saída da casa de morada de família no momento em
que se efective a transferência. 3 — Constitui contra-ordenação grave a violação do
disposto no número anterior.
2 — Em situação prevista no número anterior, o empre-
gador apenas pode adiar a transferência com fundamento Artigo 198.º
em exigências imperiosas ligadas ao funcionamento da Período normal de trabalho
empresa ou serviço, ou até que exista posto de trabalho
compatível disponível. O tempo de trabalho que o trabalhador se obriga a pres-
3 — No caso previsto do número anterior, o trabalhador tar, medido em número de horas por dia e por semana,
tem direito a suspender o contrato de imediato até que denomina-se período normal de trabalho.
ocorra a transferência.
4 — É garantida a confidencialidade da situação que Artigo 199.º
motiva as alterações contratuais do número anterior, se Período de descanso
solicitado pelo interessado.
5 — Constitui contra-ordenação grave a violação do Entende-se por período de descanso o que não seja
disposto no n.º 2. tempo de trabalho.
por forma a permitir apurar o número de horas de trabalho 2 — O acordo pode prever o aumento do período normal
prestadas por trabalhador, por dia e por semana, bem como de trabalho diário até duas horas e que o trabalho semanal
as prestadas em situação referida na alínea b) do n.º 1 do possa atingir cinquenta horas, só não se contando nes-
artigo 257.º tas o trabalho suplementar prestado por motivo de força
3 — O empregador deve assegurar que o trabalhador maior.
que preste trabalho no exterior da empresa vise o registo 3 — Em semana cuja duração do trabalho seja inferior
imediatamente após o seu regresso à empresa, ou envie o a quarenta horas, a redução pode ser até duas horas diárias
mesmo devidamente visado, de modo que a empresa dis- ou, sendo acordada, em dias ou meios dias, sem prejuízo
ponha do registo devidamente visado no prazo de 15 dias do direito a subsídio de refeição.
a contar da prestação. 4 — O acordo pode ser celebrado mediante proposta,
4 — O empregador deve manter o registo dos tempos por escrito, do empregador, presumindo-se a aceitação por
de trabalho, bem como a declaração a que se refere o ar- parte de trabalhador que a ela não se oponha, por escrito,
tigo 257.º e o acordo a que se refere a alínea f) do n.º 3 do nos 14 dias seguintes ao conhecimento da mesma, aí in-
artigo 226.º, durante cinco anos. cluídos os períodos a que se refere o n.º 2 do artigo 217.º
5 — Constitui contra-ordenação grave a violação do 5 — O regime jurídico previsto nos números anterio-
disposto neste artigo. res mantém-se até ao termo do período de referência em
execução à data da entrada em vigor de instrumento de
SUBSECÇÃO II regulamentação colectiva de trabalho que incida sobre a
matéria.
Limites da duração do trabalho
6 — Constitui contra-ordenação grave a violação do
disposto neste artigo.
Artigo 203.º
Limites máximos do período normal de trabalho Artigo 206.º
1 — O período normal de trabalho não pode exceder Adaptabilidade grupal
oito horas por dia e quarenta horas por semana. 1 — O instrumento de regulamentação colectiva de
2 — O período normal de trabalho diário de trabalhador trabalho que institua o regime de adaptabilidade previsto
que preste trabalho exclusivamente em dias de descanso no artigo 204.º pode prever que:
semanal da generalidade dos trabalhadores da empresa
ou estabelecimento pode ser aumentado até quatro horas a) O empregador possa aplicar o regime ao conjunto
diárias, sem prejuízo do disposto em instrumento de re- dos trabalhadores de uma equipa, secção ou unidade eco-
gulamentação colectiva de trabalho. nómica caso, pelo menos, 60 % dos trabalhadores dessa
3 — Há tolerância de quinze minutos para transacções, estrutura sejam por ele abrangidos, mediante filiação em
operações ou outras tarefas começadas e não acabadas associação sindical celebrante da convenção e por escolha
na hora estabelecida para o termo do período normal de dessa convenção como aplicável;
trabalho diário, tendo tal tolerância carácter excepcional b) O disposto na alínea anterior se aplique enquanto os
e devendo o acréscimo de trabalho ser pago ao perfazer trabalhadores da equipa, secção ou unidade económica em
quatro horas ou no termo do ano civil. causa abrangidos pelo regime de acordo com a parte final
4 — Os limites máximos do período normal de trabalho da alínea anterior forem em número igual ou superior ao
podem ser reduzidos por instrumento de regulamentação correspondente à percentagem nele indicada.
colectiva de trabalho, não podendo daí resultar diminuição
da retribuição dos trabalhadores. 2 — Caso a proposta a que se refere o n.º 4 do artigo an-
5 — Constitui contra-ordenação grave a violação do terior seja aceite por, pelo menos, 75 % dos trabalhado-
disposto neste artigo. res da equipa, secção ou unidade económica a quem for
dirigida, o empregador pode aplicar o mesmo regime ao
Artigo 204.º conjunto dos trabalhadores dessa estrutura.
Adaptabilidade por regulamentação colectiva
3 — Ocorrendo alteração por entrada ou saída de tra-
balhadores na composição da equipa, secção ou unidade
1 — Por instrumento de regulamentação colectiva de económica, o disposto no número anterior aplica-se en-
trabalho, o período normal de trabalho pode ser definido quanto dessa alteração não resultar percentagem inferior
em termos médios, caso em que o limite diário estabele- à nele indicada.
cido no n.º 1 do artigo anterior pode ser aumentado até 4 — O regime de adaptabilidade instituído nos termos
quatro horas e a duração do trabalho semanal pode atingir dos n.os 1 ou 2 não se aplica a trabalhador abrangido por
sessenta horas, só não se contando nestas o trabalho suple- convenção colectiva que disponha de modo contrário a
mentar prestado por motivo de força maior. esse regime ou, relativamente a regime referido no n.º 1, a
2 — O período normal de trabalho definido nos ter- trabalhador representado por associação sindical que tenha
mos previstos no número anterior não pode exceder cin- deduzido oposição a portaria de extensão da convenção
quenta horas em média num período de dois meses. colectiva em causa.
3 — Constitui contra-ordenação grave a violação do 5 — Constitui contra-ordenação grave a prática de ho-
disposto neste artigo. rário de trabalho em violação do disposto neste artigo.
em instrumento de regulamentação colectiva de trabalho 2 — O período normal de trabalho pode ser aumen-
que não seja superior a 12 meses ou, na sua falta, a um tado até quatro horas diárias e pode atingir sessenta horas
período de quatro meses. semanais, tendo o acréscimo por limite duzentas horas
2 — Na situação a que se refere a parte final do número por ano.
anterior, o período de referência pode ser aumentado para 3 — O limite anual referido no número anterior pode
seis meses quando esteja em causa: ser afastado por instrumento de regulamentação colec-
a) Trabalhador familiar do empregador; tiva de trabalho caso a utilização do regime tenha por
b) Trabalhador que ocupe cargo de administração ou de objectivo evitar a redução do número de trabalhadores,
direcção, ou que tenha poder de decisão autónomo; só podendo esse limite ser aplicado durante um período
c) Actividade caracterizada por implicar afastamento até 12 meses.
entre o local de trabalho e a residência do trabalhador ou 4 — O instrumento de regulamentação colectiva de
entre diversos locais de trabalho do trabalhador; trabalho deve regular:
d) Actividade de segurança e vigilância de pessoas ou a) A compensação do trabalho prestado em acréscimo,
bens com carácter de permanência, designadamente de que pode ser feita mediante redução equivalente do tempo
guarda, porteiro ou trabalhador de empresa de segurança de trabalho, pagamento em dinheiro ou ambas as moda-
ou vigilância; lidades;
e) Actividade caracterizada pela necessidade de asse- b) A antecedência com que o empregador deve comu-
gurar a continuidade do serviço ou da produção, nomea- nicar ao trabalhador a necessidade de prestação de tra-
damente: balho;
i) Recepção, tratamento ou cuidados providenciados c) O período em que a redução do tempo de trabalho
por hospital ou estabelecimento semelhante, incluindo para compensar trabalho prestado em acréscimo deve ter
a actividade de médico em formação, ou por instituição lugar, por iniciativa do trabalhador ou, na sua falta, do
residencial ou prisão; empregador, bem como a antecedência com que qualquer
ii) Porto ou aeroporto; deles deve informar o outro da utilização dessa redução.
iii) Imprensa, rádio, televisão, produção cinematográ-
fica, correios, telecomunicações, serviço de ambulâncias, 5 — Constitui contra-ordenação grave a prática de ho-
sapadores bombeiros ou protecção civil; rário de trabalho em violação do disposto neste artigo.
iv) Produção, transporte ou distribuição de gás, água,
electricidade, recolha de lixo ou instalações de incinera- Artigo 209.º
ção; Horário concentrado
v) Indústria cujo processo de trabalho não possa ser
interrompido por motivos técnicos; 1 — O período normal de trabalho diário pode ter au-
vi) Investigação e desenvolvimento; mento até quatro horas diárias:
vii) Agricultura; a) Por acordo entre empregador e trabalhador ou por
viii) Transporte de passageiros em serviço regular de instrumento de regulamentação colectiva, para concentrar o
transporte urbano; período normal de trabalho semanal no máximo de quatro
dias de trabalho;
f) Acréscimo previsível de actividade, nomeadamente b) Por instrumento de regulamentação colectiva para es-
na agricultura, no turismo e nos serviços postais; tabelecer um horário de trabalho que contenha, no máximo,
g) Trabalhador de transporte ferroviário que preste três dias de trabalho consecutivos, seguidos no mínimo
trabalho intermitente a bordo de comboios ou tendo por de dois dias de descanso, devendo a duração do período
fim assegurar a continuidade e regularidade do tráfego normal de trabalho semanal ser respeitado, em média, num
ferroviário; período de referência de 45 dias.
h) Caso fortuito ou de força maior;
i) Acidente ou risco de acidente iminente. 2 — Aos trabalhadores abrangidos por regime de horário
de trabalho concentrado não pode ser simultaneamente
3 — Sem prejuízo do disposto em instrumento de regu- aplicável o regime de adaptabilidade.
lamentação colectiva de trabalho, o período de referência 3 — O instrumento de regulamentação colectiva de
apenas pode ser alterado durante o seu decurso quando trabalho que institua o horário concentrado regula a retri-
circunstâncias objectivas o justifiquem e o total de horas buição e outras condições da sua aplicação.
de trabalho prestadas não seja superior às que teriam sido
realizadas caso não vigorasse o regime de adaptabilidade, Artigo 210.º
aplicando-se com as necessárias adaptações o disposto no
n.º 3 do artigo 205.º Excepções aos limites máximos do período normal de trabalho
4 — Constitui contra-ordenação grave a violação do 1 — Os limites do período normal de trabalho constan-
disposto no número anterior. tes do artigo 203.º só podem ser ultrapassados nos casos
expressamente previstos neste Código, ou quando instru-
Artigo 208.º mento de regulamentação colectiva de trabalho o permita
Banco de horas nas seguintes situações:
1 — Por instrumento de regulamentação colectiva de a) Em relação a trabalhador de entidade sem fim lucra-
trabalho, pode ser instituído um regime de banco de horas, tivo ou estreitamente ligada ao interesse público, desde que
em que a organização do tempo de trabalho obedeça ao a sujeição do período normal de trabalho a esses limites
disposto nos números seguintes. seja incomportável;
Diário da República, 1.ª série — N.º 30 — 12 de Fevereiro de 2009 969
b) Em relação a trabalhador cujo trabalho seja acentu- uma hora nem superior a duas, de modo que o trabalhador
adamente intermitente ou de simples presença. não preste mais de cinco horas de trabalho consecutivo.
2 — Por instrumento de regulamentação colectiva de
2 — Sempre que entidade referida na alínea a) do nú- trabalho, pode ser permitida a prestação de trabalho até
mero anterior prossiga actividade industrial, o período seis horas consecutivas e o intervalo de descanso pode
normal de trabalho não deve ultrapassar quarenta horas por ser reduzido, excluído ou ter duração superior à prevista
semana, na média do período de referência aplicável. no número anterior, bem como pode ser determinada a
existência de outros intervalos de descanso.
Artigo 211.º 3 — Compete ao serviço com competência inspectiva do
Limite máximo da duração média do trabalho semanal
ministério responsável pela área laboral, mediante reque-
rimento do empregador, instruído com declaração escrita
1 — Sem prejuízo do disposto nos artigos 203.º a 210.º, de concordância do trabalhador abrangido e informação
a duração média do trabalho semanal, incluindo trabalho à comissão de trabalhadores da empresa e ao sindicato
suplementar, não pode ser superior a quarenta e oito horas, representativo do trabalhador em causa, autorizar a redução
num período de referência estabelecido em instrumento de ou exclusão de intervalo de descanso, quando tal se mostre
regulamentação colectiva de trabalho que não ultrapasse favorável ao interesse do trabalhador ou se justifique pelas
12 meses ou, na falta deste, num período de referência condições particulares de trabalho de certas actividades.
de quatro meses, ou de seis meses nos casos previstos no 4 — Não é permitida a alteração de intervalo de des-
n.º 2 do artigo 207.º canso prevista nos números anteriores que implicar mais
2 — No cálculo da média referida no número anterior, de seis horas de trabalho consecutivo, excepto quanto a
os dias de férias são subtraídos ao período de referência actividades de pessoal operacional de vigilância, trans-
em que são gozados. porte e tratamento de sistemas electrónicos de segurança
3 — Os dias de ausência por doença, bem como os dias e indústrias em que o processo de laboração não possa ser
de licença parental, inicial ou complementar, e de licença interrompido por motivos técnicos e, bem assim, quanto
para assistência a filho com deficiência ou doença crónica a trabalhadores que ocupem cargos de administração e de
são considerados com base no correspondente período direcção e outras pessoas com poder de decisão autónomo
normal de trabalho. que estejam isentos de horário de trabalho.
4 — O disposto nos números anteriores não se aplica 5 — Constitui contra-ordenação grave a violação do
a trabalhador que ocupe cargo de administração ou de disposto nos n.os 1 ou 4.
direcção ou com poder de decisão autónomo, que esteja
isento de horário de trabalho, ao abrigo das alíneas a) ou Artigo 214.º
b) do n.º 1 do artigo 219.º
Descanso diário
SUBSECÇÃO III 1 — O trabalhador tem direito a um período de descanso
Horário de trabalho de, pelo menos, onze horas seguidas entre dois períodos
diários de trabalho consecutivos.
Artigo 212.º 2 — O disposto no número anterior não é aplicável:
Elaboração de horário de trabalho a) A trabalhador que ocupe cargo de administração ou
de direcção ou com poder de decisão autónomo, que esteja
1 — Compete ao empregador determinar o horário de isento de horário de trabalho;
trabalho do trabalhador, dentro dos limites da lei, desig- b) Quando seja necessária a prestação de trabalho suple-
nadamente do regime de período de funcionamento apli- mentar, por motivo de força maior, ou por ser indispensável
cável. para reparar ou prevenir prejuízo grave para a empresa
2 — Na elaboração do horário de trabalho, o empre- ou para a sua viabilidade devido a acidente ou a risco de
gador deve: acidente iminente;
a) Ter em consideração prioritariamente as exigências c) Quando o período normal de trabalho seja fraccio-
de protecção da segurança e saúde do trabalhador; nado ao longo do dia com fundamento em característica da
b) Facilitar ao trabalhador a conciliação da actividade actividade, nomeadamente em serviços de limpeza;
profissional com a vida familiar; d) Em actividade caracterizada pela necessidade de
c) Facilitar ao trabalhador a frequência de curso escolar, assegurar a continuidade do serviço ou da produção, no-
bem como de formação técnica ou profissional. meadamente a referida em qualquer das alíneas d) e e) do
n.º 2 do artigo 207.º, com excepção da subalínea viii) da
3 — A comissão de trabalhadores ou, na sua falta, as alínea e), e em caso de acréscimo previsível de actividade
comissões intersindicais, as comissões sindicais ou os de- no turismo, desde que instrumento de regulamentação
legados sindicais devem ser consultados previamente sobre colectiva de trabalho assegure ao trabalhador um período
a definição e a organização dos horários de trabalho. equivalente de descanso compensatório e regule o período
4 — Constitui contra-ordenação grave a violação do em que o mesmo deve ser gozado.
disposto nos n.os 2 ou 3.
3 — Em caso previsto na alínea a) ou b) do número an-
Artigo 213.º terior, entre dois períodos diários de trabalho consecutivos
deve ser observado um período de descanso que permita
Intervalo de descanso
a recuperação do trabalhador.
1 — O período de trabalho diário deve ser interrompido 4 — Constitui contra-ordenação grave a violação do
por um intervalo de descanso, de duração não inferior a disposto nos n.os 1 ou 3.
970 Diário da República, 1.ª série — N.º 30 — 12 de Fevereiro de 2009
direcção ou com poder de decisão autónomo que esteja b) O prestado para compensar suspensão de actividade,
isento de horário de trabalho. independentemente da sua causa, de duração não superior
6 — O disposto no n.º 4 não é igualmente aplicável: a quarenta e oito horas, seguidas ou interpoladas por um
dia de descanso ou feriado, mediante acordo entre o em-
a) Quando a prestação de trabalho suplementar seja
pregador e o trabalhador;
necessária por motivo de força maior ou para prevenir ou
c) A tolerância de quinze minutos prevista no n.º 3 do
reparar prejuízo grave para a empresa ou para a sua viabi-
artigo 203.º;
lidade devido a acidente ou a risco de acidente iminente;
d) A formação profissional realizada fora do horário de
b) A actividade caracterizada pela necessidade de asse-
trabalho que não exceda duas horas diárias;
gurar a continuidade do serviço ou da produção, nomea-
e) O trabalho prestado nas condições previstas na alí-
damente a referida em qualquer das alíneas d) a f) do n.º 2
nea b) do n.º 1 do artigo 257.º;
do artigo 207.º, desde que por convenção colectiva seja
f) O trabalho prestado para compensação de períodos
concedido ao trabalhador período equivalente de descanso
de ausência ao trabalho, efectuada por iniciativa do tra-
compensatório.
balhador, desde que uma e outra tenham o acordo do em-
pregador.
7 — Constitui contra-ordenação grave a violação do
disposto nos n.os 2 ou 4.
4 — Na situação referida na alínea f) do n.º 3, o trabalho
prestado para compensação não pode exceder os limites
Artigo 225.º diários do n.º 1 do artigo 228.º
Protecção de trabalhador nocturno
Artigo 227.º
1 — O empregador deve assegurar exames de saúde
gratuitos e sigilosos ao trabalhador nocturno destinados Condições de prestação de trabalho suplementar
a avaliar o seu estado de saúde, antes da sua colocação e
1 — O trabalho suplementar só pode ser prestado
posteriormente a intervalos regulares e no mínimo anual-
quando a empresa tenha de fazer face a acréscimo even-
mente.
tual e transitório de trabalho e não se justifique para tal a
2 — O empregador deve avaliar os riscos inerentes à
admissão de trabalhador.
actividade do trabalhador, tendo presente, nomeadamente,
2 — O trabalho suplementar pode ainda ser prestado
a sua condição física e psíquica, antes do início da activi-
em caso de força maior ou quando seja indispensável para
dade e posteriormente, de seis em seis meses, bem como
prevenir ou reparar prejuízo grave para a empresa ou para
antes de alteração das condições de trabalho.
a sua viabilidade.
3 — O empregador deve conservar o registo da avalia-
3 — O trabalhador é obrigado a realizar a prestação
ção efectuada de acordo com o número anterior.
de trabalho suplementar, salvo quando, havendo motivos
4 — Aplica-se ao trabalhador nocturno o disposto no
atendíveis, expressamente solicite a sua dispensa.
artigo 222.º
4 — Constitui contra-ordenação muito grave a violação
5 — Sempre que possível, o empregador deve assegurar
do disposto nos n.os 1 ou 2.
a trabalhador que sofra de problema de saúde relacionado
com a prestação de trabalho nocturno a afectação a trabalho
diurno que esteja apto a desempenhar. Artigo 228.º
6 — O empregador deve consultar os representantes Limites de duração do trabalho suplementar
dos trabalhadores para a segurança e saúde no trabalho
1 — O trabalho suplementar previsto no n.º 1 do ar-
ou, na falta destes, o próprio trabalhador, sobre a afecta-
tigo anterior está sujeito, por trabalhador, aos seguintes
ção a trabalho nocturno, a organização deste que melhor
limites:
se adapte ao trabalhador, bem como sobre as medidas de
segurança e saúde a adoptar. a) No caso de microempresa ou pequena empresa, cento
7 — Constitui contra-ordenação grave a violação do e setenta e cinco horas por ano;
disposto neste artigo. b) No caso de média ou grande empresa, cento e cin-
quenta horas por ano;
SUBSECÇÃO VII c) No caso de trabalhador a tempo parcial, oitenta horas
por ano ou o número de horas correspondente à propor-
Trabalho suplementar
ção entre o respectivo período normal de trabalho e o de
trabalhador a tempo completo em situação comparável,
Artigo 226.º quando superior;
Noção de trabalho suplementar d) Em dia normal de trabalho, duas horas;
e) Em dia de descanso semanal, obrigatório ou comple-
1 — Considera-se trabalho suplementar o prestado fora
mentar, ou feriado, um número de horas igual ao período
do horário de trabalho.
normal de trabalho diário;
2 — No caso em que o acordo sobre isenção de horário
f) Em meio dia de descanso complementar, um número
de trabalho tenha limitado a prestação deste a um determi-
de horas igual a meio período normal de trabalho diário.
nado período de trabalho, diário ou semanal, considera-se
trabalho suplementar o que exceda esse período.
2 — O limite a que se refere a alínea a) ou b) do número
3 — Não se compreende na noção de trabalho suple-
anterior pode ser aumentado até duzentas horas por ano, por
mentar:
instrumento de regulamentação colectiva de trabalho.
a) O prestado por trabalhador isento de horário de tra- 3 — O limite a que se refere a alínea c) do n.º 1 pode
balho em dia normal de trabalho, sem prejuízo do disposto ser aumentado, mediante acordo escrito entre o trabalhador
no número anterior; e o empregador, até cento e trinta horas por ano ou, por
Diário da República, 1.ª série — N.º 30 — 12 de Fevereiro de 2009 973
5 — O trabalhador pode renunciar ao gozo de dias de 3 — Em pequena, média ou grande empresa, o emprega-
férias que excedam 20 dias úteis, ou a correspondente dor só pode marcar o período de férias entre 1 de Maio e 31
proporção no caso de férias no ano de admissão, sem re- de Outubro, a menos que o instrumento de regulamentação
dução da retribuição e do subsídio relativos ao período de colectiva de trabalho ou o parecer dos representantes dos
férias vencido, que cumulam com a retribuição do trabalho trabalhadores admita época diferente.
prestado nesses dias. 4 — Na falta de acordo, o empregador que exerça ac-
6 — Constitui contra-ordenação grave a violação do tividade ligada ao turismo está obrigado a marcar 25 %
disposto nos n.os 1, 3 ou 5. do período de férias a que os trabalhadores têm direito,
ou percentagem superior que resulte de instrumento de
Artigo 239.º regulamentação colectiva de trabalho, entre 1 de Maio e
31 de Outubro, que é gozado de forma consecutiva.
Casos especiais de duração do período de férias
5 — Em caso de cessação do contrato de trabalho sujeita
1 — No ano da admissão, o trabalhador tem direito a a aviso prévio, o empregador pode determinar que o gozo
dois dias úteis de férias por cada mês de duração do con- das férias tenha lugar imediatamente antes da cessação.
trato, até 20 dias, cujo gozo pode ter lugar após seis meses 6 — Na marcação das férias, os períodos mais pretendi-
completos de execução do contrato. dos devem ser rateados, sempre que possível, beneficiando
2 — No caso de o ano civil terminar antes de decorrido alternadamente os trabalhadores em função dos períodos
o prazo referido no número anterior, as férias são gozadas gozados nos dois anos anteriores.
até 30 de Junho do ano subsequente. 7 — Os cônjuges, bem como as pessoas que vivam em
3 — Da aplicação do disposto nos números anteriores união de facto ou economia comum nos termos previstos
não pode resultar o gozo, no mesmo ano civil, de mais em legislação específica, que trabalham na mesma empresa
de 30 dias úteis de férias, sem prejuízo do disposto em ou estabelecimento têm direito a gozar férias em idêntico
instrumento de regulamentação colectiva de trabalho. período, salvo se houver prejuízo grave para a empresa.
4 — No caso de a duração do contrato de trabalho ser 8 — O gozo do período de férias pode ser interpolado,
inferior a seis meses, o trabalhador tem direito a dois dias por acordo entre empregador e trabalhador, desde que
úteis de férias por cada mês completo de duração do con- sejam gozados, no mínimo, 10 dias úteis consecutivos.
trato, contando-se para o efeito todos os dias seguidos ou 9 — O empregador elabora o mapa de férias, com in-
interpolados de prestação de trabalho. dicação do início e do termo dos períodos de férias de
5 — As férias referidas no número anterior são gozadas cada trabalhador, até 15 de Abril de cada ano e mantém-
imediatamente antes da cessação do contrato, salvo acordo -no afixado nos locais de trabalho entre esta data e 31 de
das partes. Outubro.
6 — No ano de cessação de impedimento prolongado 10 — Constitui contra-ordenação grave a violação do
iniciado em ano anterior, o trabalhador tem direito a férias disposto nos n.os 2, 3 ou 4 e constitui contra-ordenação leve
nos termos dos n.os 1 e 2. a violação do disposto em qualquer dos restantes números
7 — Constitui contra-ordenação grave a violação do deste artigo.
disposto nos n.os 1, 4, 5 ou 6.
Artigo 242.º
Artigo 240.º Encerramento para férias
Ano do gozo das férias 1 — Sempre que seja compatível com a natureza da
1 — As férias são gozadas no ano civil em que se ven- actividade, o empregador pode encerrar a empresa ou o
cem, sem prejuízo do disposto nos números seguintes. estabelecimento, total ou parcialmente, para férias dos
2 — As férias podem ser gozadas até 30 de Abril do ano trabalhadores:
civil seguinte, em cumulação ou não com férias vencidas no a) Até quinze dias consecutivos entre 1 de Maio e 31
início deste, por acordo entre empregador e trabalhador ou de Outubro;
sempre que este as pretenda gozar com familiar residente b) Por período superior a quinze dias consecutivos
no estrangeiro. ou fora do período enunciado na alínea anterior, quando
3 — Pode ainda ser cumulado o gozo de metade do assim estiver fixado em instrumento de regulamentação
período de férias vencido no ano anterior com o vencido colectiva ou mediante parecer favorável da comissão de
no ano em causa, mediante acordo entre empregador e trabalhadores;
trabalhador. c) Por período superior a quinze dias consecutivos,
4 — Constitui contra-ordenação grave a violação do entre 1 de Maio e 31 de Outubro, quando a natureza da
disposto neste artigo. actividade assim o exigir.
f) A motivada por deslocação a estabelecimento de en- taram pelo mesmo motivo ou estão impossibilitados de
sino de responsável pela educação de menor por motivo da prestar a assistência;
situação educativa deste, pelo tempo estritamente necessá- c) No caso do número anterior, declaração de que ou-
rio, até quatro horas por trimestre, por cada um; tros familiares, caso exerçam actividade profissional, não
g) A de trabalhador eleito para estrutura de representação faltaram pelo mesmo motivo ou estão impossibilitados de
colectiva dos trabalhadores, nos termos do artigo 409.º; prestar a assistência.
h) A de candidato a cargo público, nos termos da cor-
respondente lei eleitoral; Artigo 253.º
i) A autorizada ou aprovada pelo empregador;
Comunicação de ausência
j) A que por lei seja como tal considerada.
1 — A ausência, quando previsível, é comunicada ao
3 — É considerada injustificada qualquer falta não pre- empregador, acompanhada da indicação do motivo justi-
vista no número anterior. ficativo, com a antecedência mínima de cinco dias.
2 — Caso a antecedência prevista no número anterior
Artigo 250.º não possa ser respeitada, nomeadamente por a ausência ser
Imperatividade do regime de faltas
imprevisível com a antecedência de cinco dias, a comuni-
cação ao empregador é feita logo que possível.
As disposições relativas aos motivos justificativos de 3 — A falta de candidato a cargo público durante o
faltas e à sua duração não podem ser afastadas por ins- período legal da campanha eleitoral é comunicada ao em-
trumento de regulamentação colectiva de trabalho, salvo pregador com a antecedência mínima de quarenta e oito
em relação a situação prevista na alínea g) do n.º 2 do horas.
artigo anterior e desde que em sentido mais favorável ao 4 — A comunicação é reiterada em caso de ausência
trabalhador, ou por contrato de trabalho. imediatamente subsequente à prevista em comunicação
referida num dos números anteriores, mesmo quando a
Artigo 251.º ausência determine a suspensão do contrato de trabalho
Faltas por motivo de falecimento de cônjuge, parente ou afim por impedimento prolongado.
5 — O incumprimento do disposto neste artigo deter-
1 — O trabalhador pode faltar justificadamente: mina que a ausência seja injustificada.
a) Até cinco dias consecutivos, por falecimento de côn-
juge não separado de pessoas e bens ou de parente ou afim Artigo 254.º
no 1.º grau na linha recta; Prova de motivo justificativo de falta
b) Até dois dias consecutivos, por falecimento de outro pa-
rente ou afim na linha recta ou no 2.º grau da linha colateral. 1 — O empregador pode, nos 15 dias seguintes à co-
municação da ausência, exigir ao trabalhador prova de
2 — Aplica-se o disposto na alínea a) do número ante- facto invocado para a justificação, a prestar em prazo ra-
rior em caso de falecimento de pessoa que viva em união de zoável.
facto ou economia comum com o trabalhador, nos termos 2 — A prova da situação de doença do trabalhador é feita
previstos em legislação específica. por declaração de estabelecimento hospitalar, ou centro de
3 — Constitui contra-ordenação grave a violação do saúde ou ainda por atestado médico.
disposto neste artigo. 3 — A situação de doença referida no número anterior
pode ser verificada por médico, nos termos previstos em
Artigo 252.º legislação específica.
4 — A apresentação ao empregador de declaração mé-
Falta para assistência a membro do agregado familiar dica com intuito fraudulento constitui falsa declaração para
1 — O trabalhador tem direito a faltar ao trabalho até efeitos de justa causa de despedimento.
15 dias por ano para prestar assistência inadiável e im- 5 — O incumprimento de obrigação prevista nos n.os 1
prescindível, em caso de doença ou acidente, a cônjuge ou ou 2, ou a oposição, sem motivo atendível, à verificação
pessoa que viva em união de facto ou economia comum da doença a que se refere o n.º 3 determina que a ausência
com o trabalhador, parente ou afim na linha recta ascen- seja considerada injustificada.
dente ou no 2.º grau da linha colateral.
2 — Ao período de ausência previsto no número anterior Artigo 255.º
acrescem 15 dias por ano, no caso de prestação de assis- Efeitos de falta justificada
tência inadiável e imprescindível a pessoa com deficiência
ou doença crónica, que seja cônjuge ou viva em união de 1 — A falta justificada não afecta qualquer direito do
facto com o trabalhador. trabalhador, salvo o disposto no número seguinte.
3 — No caso de assistência a parente ou afim na linha 2 — Sem prejuízo de outras disposições legais, deter-
recta ascendente, não é exigível a pertença ao mesmo minam a perda de retribuição as seguintes faltas justifi-
agregado familiar. cadas:
4 — Para justificação da falta, o empregador pode exigir a) Por motivo de doença, desde que o trabalhador be-
ao trabalhador: neficie de um regime de segurança social de protecção
a) Prova do carácter inadiável e imprescindível da as- na doença;
sistência; b) Por motivo de acidente no trabalho, desde que o
b) Declaração de que os outros membros do agregado trabalhador tenha direito a qualquer subsídio ou seguro;
familiar, caso exerçam actividade profissional, não fal- c) A prevista no artigo 252.º;
978 Diário da República, 1.ª série — N.º 30 — 12 de Fevereiro de 2009
d) As previstas na alínea j) do n.º 2 do artigo 249.º 4 — À prestação qualificada como retribuição é apli-
quando excedam 30 dias por ano; cável o correspondente regime de garantias previsto neste
e) A autorizada ou aprovada pelo empregador. Código.
Artigo 259.º
3 — A falta prevista no artigo 252.º é considerada como
prestação efectiva de trabalho. Retribuição em espécie
1 — A prestação retributiva não pecuniária deve destinar-
Artigo 256.º -se à satisfação de necessidades pessoais do trabalhador ou
Efeitos de falta injustificada da sua família e não lhe pode ser atribuído valor superior
ao corrente na região.
1 — A falta injustificada constitui violação do dever 2 — O valor das prestações retributivas não pecuniá-
de assiduidade e determina perda da retribuição corres- rias não pode exceder o da parte em dinheiro, salvo o
pondente ao período de ausência, que não é contado na disposto em instrumento de regulamentação colectiva de
antiguidade do trabalhador. trabalho.
2 — A falta injustificada a um ou meio período normal
de trabalho diário, imediatamente anterior ou posterior Artigo 260.º
a dia ou meio dia de descanso ou a feriado, constitui in-
fracção grave. Prestações incluídas ou excluídas da retribuição
3 — No caso de apresentação de trabalhador com atraso 1 — Não se consideram retribuição:
injustificado:
a) As importâncias recebidas a título de ajudas de custo,
a) Sendo superior a sessenta minutos e para início do abonos de viagem, despesas de transporte, abonos de ins-
trabalho diário, o empregador pode não aceitar a prestação talação e outras equivalentes, devidas ao trabalhador por
de trabalho durante todo o período normal de trabalho; deslocações, novas instalações ou despesas feitas em ser-
b) Sendo superior a trinta minutos, o empregador pode viço do empregador, salvo quando, sendo tais deslocações
não aceitar a prestação de trabalho durante essa parte do ou despesas frequentes, essas importâncias, na parte que
período normal de trabalho. exceda os respectivos montantes normais, tenham sido
previstas no contrato ou se devam considerar pelos usos
Artigo 257.º como elemento integrante da retribuição do trabalhador;
Substituição da perda de retribuição por motivo de falta b) As gratificações ou prestações extraordinárias conce-
didas pelo empregador como recompensa ou prémio dos
1 — A perda de retribuição por motivo de faltas pode bons resultados obtidos pela empresa;
ser substituída: c) As prestações decorrentes de factos relacionados
a) Por renúncia a dias de férias em igual número, até ao com o desempenho ou mérito profissionais, bem como a
permitido pelo n.º 5 do artigo 238.º, mediante declaração assiduidade do trabalhador, cujo pagamento, nos perío-
expressa do trabalhador comunicada ao empregador; dos de referência respectivos, não esteja antecipadamente
b) Por prestação de trabalho em acréscimo ao período garantido;
normal, dentro dos limites previstos no artigo 204.º quando d) A participação nos lucros da empresa, desde que ao
o instrumento de regulamentação colectiva de trabalho o trabalhador esteja assegurada pelo contrato uma retribuição
permita. certa, variável ou mista, adequada ao seu trabalho.
2 — O disposto no número anterior não implica redução 2 — O disposto na alínea a) do número anterior aplica-
do subsídio de férias correspondente ao período de férias -se, com as necessárias adaptações, ao abono para falhas
vencido. e ao subsídio de refeição.
3 — O disposto nas alíneas b) e c) do n.º 1 não se aplica:
CAPÍTULO III a) Às gratificações que sejam devidas por força do con-
trato ou das normas que o regem, ainda que a sua atribuição
Retribuição e outras prestações patrimoniais esteja condicionada aos bons serviços do trabalhador, nem
àquelas que, pela sua importância e carácter regular e
SECÇÃO I permanente, devam, segundo os usos, considerar-se como
elemento integrante da retribuição daquele;
Disposições gerais sobre retribuição b) Às prestações relacionadas com os resultados obtidos
pela empresa quando, quer no respectivo título atributivo
Artigo 258.º quer pela sua atribuição regular e permanente, revistam
Princípios gerais sobre a retribuição
carácter estável, independentemente da variabilidade do
seu montante.
1 — Considera-se retribuição a prestação a que, nos
termos do contrato, das normas que o regem ou dos usos, Artigo 261.º
o trabalhador tem direito em contrapartida do seu traba-
Modalidades de retribuição
lho.
2 — A retribuição compreende a retribuição base e ou- 1 — A retribuição pode ser certa, variável ou mista,
tras prestações regulares e periódicas feitas, directa ou sendo esta constituída por uma parte certa e outra variá-
indirectamente, em dinheiro ou em espécie. vel.
3 — Presume-se constituir retribuição qualquer presta- 2 — É certa a retribuição calculada em função de tempo
ção do empregador ao trabalhador. de trabalho.
Diário da República, 1.ª série — N.º 30 — 12 de Fevereiro de 2009 979
3 — Para determinar o valor da retribuição variável, de regulamentação colectiva de trabalho ou, na falta deste,
quando não seja aplicável o respectivo critério, considera- não inferior a:
-se a média dos montantes das prestações correspondentes
a) Uma hora de trabalho suplementar por dia;
aos últimos 12 meses, ou ao tempo de execução de contrato
b) Duas horas de trabalho suplementar por semana,
que tenha durado menos tempo.
quando se trate de regime de isenção de horário com obser-
4 — Caso o processo estabelecido no número anterior
vância do período normal de trabalho.
não seja praticável, o cálculo da retribuição variável faz-se
segundo o disposto em instrumento de regulamentação
2 — O trabalhador que exerça cargo de administração
colectiva de trabalho ou, na sua falta, segundo o prudente
ou de direcção pode renunciar à retribuição referida no
arbítrio do julgador.
número anterior.
Artigo 262.º 3 — Constitui contra-ordenação grave a violação do
disposto no n.º 1.
Cálculo de prestação complementar ou acessória
Artigo 266.º
1 — Quando disposição legal, convencional ou con-
tratual não disponha em contrário, a base de cálculo de Pagamento de trabalho nocturno
prestação complementar ou acessória é constituída pela 1 — O trabalho nocturno é pago com acréscimo de
retribuição base e diuturnidades. 25 % relativamente ao pagamento de trabalho equivalente
2 — Para efeito do disposto no número anterior, entende- prestado durante o dia.
-se por: 2 — O acréscimo previsto no número anterior pode
a) Retribuição base, a prestação correspondente à acti- ser substituído, mediante instrumento de regulamentação
vidade do trabalhador no período normal de trabalho; colectiva de trabalho, por:
b) Diuturnidade, a prestação de natureza retributiva a a) Redução equivalente do período normal de trabalho;
que o trabalhador tenha direito com fundamento na anti- b) Aumento fixo da retribuição base, desde que não
guidade. importe tratamento menos favorável para o trabalhador.
Artigo 263.º
3 — O disposto no n.º 1 não se aplica, salvo se previsto
Subsídio de Natal
em instrumento de regulamentação colectiva de traba-
1 — O trabalhador tem direito a subsídio de Natal de lho:
valor igual a um mês de retribuição, que deve ser pago até a) Em actividade exercida exclusiva ou predominan-
15 de Dezembro de cada ano. temente durante o período nocturno, designadamente es-
2 — O valor do subsídio de Natal é proporcional ao tempo pectáculo ou diversão pública;
de serviço prestado no ano civil, nas seguintes situações: b) Em actividade que, pela sua natureza ou por força
a) No ano de admissão do trabalhador; da lei, deva funcionar à disposição do público durante o
b) No ano de cessação do contrato de trabalho; período nocturno, designadamente empreendimento tu-
c) Em caso de suspensão de contrato de trabalho por rístico, estabelecimento de restauração ou de bebidas, ou
facto respeitante ao trabalhador. farmácia, em período de abertura;
c) Quando a retribuição seja estabelecida atendendo à
3 — Constitui contra-ordenação muito grave a violação circunstância de o trabalho dever ser prestado em período
do disposto neste artigo. nocturno.
2 — É exigível o pagamento de trabalho suplementar valor é determinado anualmente por legislação específica,
cuja prestação tenha sido prévia e expressamente determi- ouvida a Comissão Permanente de Concertação Social.
nada, ou realizada de modo a não ser previsível a oposição 2 — Na determinação da retribuição mínima mensal
do empregador. garantida são ponderados, entre outros factores, as neces-
3 — O disposto nos números anteriores pode ser afas- sidades dos trabalhadores, o aumento de custo de vida e a
tado por instrumento de regulamentação colectiva de tra- evolução da produtividade, tendo em vista a sua adequação
balho nos termos do n.º 6 do artigo 229.º aos critérios da política de rendimentos e preços.
4 — Constitui contra-ordenação grave a violação do 3 — Constitui contra-ordenação muito grave a violação
disposto no n.º 1. do disposto no n.º 1.
4 — A decisão que aplicar a coima deve conter a ordem
Artigo 269.º de pagamento do quantitativo da retribuição em dívida ao
Prestações relativas a dia feriado trabalhador, a efectuar dentro do prazo estabelecido para pa-
gamento da coima.
1 — O trabalhador tem direito à retribuição correspon-
dente a feriado, sem que o empregador a possa compensar Artigo 274.º
com trabalho suplementar. Prestações incluídas na retribuição mínima mensal garantida
2 — O trabalhador que presta trabalho normal em dia
feriado em empresa não obrigada a suspender o funcio- 1 — O montante da retribuição mínima mensal garan-
namento nesse dia tem direito a descanso compensatório tida inclui:
de igual duração ou a acréscimo de 100 % da retribuição a) O valor de prestação em espécie, nomeadamente
correspondente, cabendo a escolha ao empregador. alimentação ou alojamento, devida ao trabalhador em con-
trapartida do seu trabalho normal;
SECÇÃO II b) Comissão sobre vendas ou prémio de produção;
c) Gratificação que constitua retribuição, nos termos da
Determinação do valor da retribuição alínea a) do n.º 3 do artigo 260.º
Artigo 270.º 2 — O valor de prestação em espécie é calculado se-
Critérios de determinação da retribuição gundo os preços correntes na região e não pode ser superior
aos seguintes montantes ou percentagens do valor da retri-
Na determinação do valor da retribuição deve ter-se buição mínima mensal garantida, total ou do determinado
em conta a quantidade, natureza e qualidade do trabalho, por aplicação de percentagem de redução a que se refere
observando-se o princípio de que, para trabalho igual ou o artigo seguinte:
de valor igual, salário igual.
a) 35 % para a alimentação completa;
Artigo 271.º b) 15 % para a alimentação constituída por uma refeição
principal;
Cálculo do valor da retribuição horária c) 12 % para o alojamento do trabalhador;
1 — O valor da retribuição horária é calculado segundo d) 27,36 € por divisão assoalhada para a habitação do
a seguinte fórmula: trabalhador e seu agregado familiar;
e) 50 % para o total das prestações em espécie.
(Rm × 12):(52 × n)
3 — O valor mencionado na alínea d) do número ante-
2 — Para efeito do número anterior, Rm é o valor da rior é actualizado por aplicação do coeficiente de actuali-
retribuição mensal e n o período normal de trabalho sema- zação das rendas de habitação, sempre que seja aumentado
nal, definido em termos médios em caso de adaptabilidade. o valor da retribuição mínima mensal garantida.
4 — O montante da retribuição mínima mensal garan-
Artigo 272.º tida não inclui subsídio, prémio, gratificação ou outra
Determinação judicial do valor da retribuição prestação de atribuição acidental ou por período superior
a um mês.
1 — Compete ao tribunal, tendo em conta a prática da em-
presa e os usos do sector ou locais, determinar o valor da retri- Artigo 275.º
buição quando as partes o não fizeram e ela não resulte de ins- Redução da retribuição mínima mensal garantida
trumento de regulamentação colectiva de trabalho aplicável. relacionada com o trabalhador
2 — Compete ainda ao tribunal resolver dúvida susci-
1 — A retribuição mínima mensal garantida tem a se-
tada sobre a qualificação como retribuição de prestação
guinte redução relativamente a:
paga pelo empregador.
a) Praticante, aprendiz, estagiário ou formando em si-
SECÇÃO III
tuação de formação certificada, 20 %;
b) Trabalhador com capacidade de trabalho reduzida,
Retribuição mínima mensal garantida a redução correspondente à diferença entre a capacidade
plena para o trabalho e o coeficiente de capacidade efectiva
Artigo 273.º para a actividade contratada, se a diferença for superior a
10 %, com o limite de 50 %.
Determinação da retribuição mínima mensal garantida
1 — É garantida aos trabalhadores uma retribuição mí- 2 — A redução prevista na alínea a) do número anterior
nima mensal, seja qual for a modalidade praticada, cujo não é aplicável por período superior a um ano, incluindo o
Diário da República, 1.ª série — N.º 30 — 12 de Fevereiro de 2009 981
4 — Para efeitos dos números anteriores, consideram-se c) O trabalhador concorde com a cedência;
representantes dos trabalhadores as comissões de trabalha- d) A duração da cedência não exceda um ano, renovável
dores, bem como as comissões intersindicais, as comis- por iguais períodos até ao máximo de cinco anos.
sões sindicais ou os delegados sindicais das respectivas
empresas. 2 — As condições da cedência ocasional de trabalhador
5 — Constitui contra-ordenação leve a violação do dis- podem ser reguladas por instrumento de regulamentação
posto nos n.os 1, 2 ou 3. colectiva de trabalho, com excepção da referida na alínea c)
do número anterior.
Artigo 287.º 3 — Constitui contra-ordenação grave a violação do
Representação dos trabalhadores após a transmissão
disposto no n.º 1.
Artigo 290.º
1 — Caso a empresa ou estabelecimento mantenha a au-
tonomia após a transmissão, o estatuto e a função dos repre- Acordo de cedência ocasional de trabalhador
sentantes dos trabalhadores afectados por esta não se alteram, 1 — A cedência ocasional de trabalhador depende de
desde que se mantenham os requisitos necessários para a acordo entre cedente e cessionário, sujeito a forma escrita,
instituição da estrutura de representação colectiva em causa. que deve conter:
2 — Caso a empresa, estabelecimento ou unidade eco-
nómica transmitida seja incorporada na empresa do ad- a) Identificação, assinaturas e domicílio ou sede das
quirente e nesta não exista a correspondente estrutura de partes;
representação colectiva dos trabalhadores prevista na lei, a b) Identificação do trabalhador cedido;
existente na entidade incorporada continua em funções por c) Indicação da actividade a prestar pelo trabalhador;
um período de dois meses a contar da transmissão ou até que d) Indicação da data de início e da duração da cedên-
nova estrutura entretanto eleita inicie as respectivas funções cia;
ou, ainda, por mais dois meses, se a eleição for anulada. e) Declaração de concordância do trabalhador.
3 — No caso de incorporação de estabelecimento ou parte
de empresa ou estabelecimento prevista no número anterior: 2 — Em caso de cessação do acordo de cedência ocasio-
nal, de extinção da entidade cessionária ou de cessação da
a) A subcomissão exerce os direitos próprios de comis- actividade para que foi cedido, o trabalhador regressa ao
são de trabalhadores durante o período em que continuar serviço do cedente, mantendo os direitos que tinha antes da
em funções, em representação dos trabalhadores do esta- cedência, cuja duração conta para efeitos de antiguidade.
belecimento transmitido; 3 — Constitui contra-ordenação grave a violação do
b) Os representantes dos trabalhadores para a segu- disposto na alínea e) do n.º 1 ou no n.º 2 e constitui contra-
rança e saúde no trabalho afectos à entidade incorporada -ordenação leve a violação de qualquer dos demais pre-
exercem os direitos próprios desta estrutura, nos termos ceitos do n.º 1.
da alínea anterior.
Artigo 291.º
4 — Os membros de estrutura de representação colec- Regime de prestação de trabalho de trabalhador cedido
tiva dos trabalhadores cujo mandato cesse, nos termos do 1 — Durante a cedência ocasional, o trabalhador está
n.º 2, continuam a beneficiar da protecção estabelecida nos sujeito ao regime de trabalho aplicável ao cessionário no
n.os 3 a 6 do artigo 410.º ou em instrumento de regulamen- que respeita ao modo, local, duração de trabalho, suspensão
tação colectiva de trabalho, até à data em que o respectivo do contrato de trabalho, segurança e saúde no trabalho e
mandato terminaria. acesso a equipamentos sociais.
SECÇÃO II
2 — O cessionário deve informar o cedente e o traba-
lhador cedido sobre os riscos para a segurança e saúde
Cedência ocasional de trabalhador inerentes ao posto de trabalho a que este é afecto.
3 — Não é permitida a afectação de trabalhador ce-
Artigo 288.º dido a posto de trabalho particularmente perigoso para a
sua segurança ou saúde, salvo quando corresponda à sua
Noção de cedência ocasional de trabalhador
qualificação profissional específica.
A cedência ocasional consiste na disponibilização tem- 4 — O cessionário deve elaborar o horário de trabalho
porária de trabalhador, pelo empregador, para prestar traba- de trabalhador cedido e marcar o período das férias que
lho a outra entidade, a cujo poder de direcção aquele fica sejam gozadas ao seu serviço.
sujeito, mantendo-se o vínculo contratual inicial. 5 — O trabalhador cedido tem direito:
a) À retribuição mínima que, em instrumento de regula-
Artigo 289.º mentação colectiva de trabalho aplicável ao cedente ou ao
Admissibilidade de cedência ocasional cessionário, corresponda às suas funções, ou à praticada por
este para as mesmas funções, ou à retribuição auferida no
1 — A cedência ocasional de trabalhador é lícita quando
momento da cedência, consoante a que for mais elevada;
se verifiquem cumulativamente as seguintes condições:
b) A férias, subsídios de férias e de Natal e outras pres-
a) O trabalhador esteja vinculado ao empregador ce- tações regulares e periódicas a que os trabalhadores do
dente por contrato de trabalho sem termo; cessionário tenham direito por idêntica prestação de tra-
b) A cedência ocorra entre sociedades coligadas, em balho, em proporção da duração da cedência.
relação societária de participações recíprocas, de domínio
ou de grupo, ou entre empregadores que tenham estruturas 6 — A cedência de trabalhador a uma ou mais entidades
organizativas comuns; deve observar as condições constantes do contrato de trabalho.
984 Diário da República, 1.ª série — N.º 30 — 12 de Fevereiro de 2009
gravemente a actividade normal da empresa, desde que tal n.º 1 ou 3 do artigo anterior ou, na falta desta, da comu-
medida seja indispensável para assegurar a viabilidade da nicação referida no n.º 2 do mesmo artigo, o empregador
empresa e a manutenção dos postos de trabalho. comunica a cada trabalhador, por escrito, a medida que
2 — A redução a que se refere o número anterior pode decidiu aplicar, com menção expressa do fundamento e
abranger: das datas de início e termo da aplicação.
4 — Na data das comunicações referidas no número
a) Um ou mais períodos normais de trabalho, diários
anterior, o empregador remete à estrutura representativa
ou semanais, podendo dizer respeito a diferentes grupos
dos trabalhadores e ao serviço competente do ministério
de trabalhadores, rotativamente;
responsável pela área da segurança social a acta a que se
b) Diminuição do número de horas correspondente ao
refere o n.º 2, bem como relação de que conste o nome dos
período normal de trabalho, diário ou semanal.
trabalhadores, morada, datas de nascimento e de admissão
na empresa, situação perante a segurança social, profissão,
3 — O regime de redução ou suspensão aplica-se aos
categoria e retribuição e, ainda, a medida individualmente
casos em que essa medida seja determinada no âmbito de
adoptada, com indicação das datas de início e termo da
declaração de empresa em situação económica difícil ou,
aplicação.
com as necessárias adaptações, em processo de recupera-
5 — Na falta de acta da negociação, o empregador envia
ção de empresa.
às entidades referidas no número anterior um documento
em que o justifique e descreva o acordo, ou as razões que
Artigo 299.º obstaram ao mesmo e as posições finais das partes.
Comunicações em caso de redução ou suspensão 6 — Constitui contra-ordenação leve a violação do dis-
posto neste artigo.
1 — O empregador comunica, por escrito, à comissão
de trabalhadores ou, na sua falta, à comissão intersindical
Artigo 301.º
ou comissões sindicais da empresa representativas dos tra-
balhadores a abranger, a intenção de reduzir ou suspender Duração de medida de redução ou suspensão
a prestação do trabalho, informando-as simultaneamente
1 — A redução ou suspensão deve ter uma duração
sobre:
previamente definida, não superior a seis meses ou, em
a) Fundamentos económicos, financeiros ou técnicos caso de catástrofe ou outra ocorrência que tenha afectado
da medida; gravemente a actividade normal da empresa, um ano.
b) Quadro de pessoal, discriminado por secções; 2 — A redução ou suspensão pode iniciar-se decorridos
c) Critérios para selecção dos trabalhadores a abran- 10 dias sobre a data da comunicação a que se refere o n.º 3
ger; do artigo anterior, ou imediatamente em caso de impedi-
d) Número e categorias profissionais dos trabalhadores mento imediato à prestação normal de trabalho que seja
a abranger; conhecido pelos trabalhadores abrangidos.
e) Prazo de aplicação da medida; 3 — Qualquer dos prazos referidos no n.º 1 pode ser
f) Áreas de formação a frequentar pelos trabalhadores prorrogado por um período máximo de seis meses, desde
durante o período de redução ou suspensão, sendo caso que o empregador comunique tal intenção e a duração
disso. prevista, por escrito e de forma fundamentada, à estrutura
representativa dos trabalhadores e esta não se oponha, por
2 — Na falta das entidades referidas no n.º 1, o empre- escrito e nos cinco dias seguintes.
gador comunica, por escrito, a cada trabalhador a abranger, 4 — Na falta de estrutura representativa dos trabalha-
a intenção de reduzir ou suspender a prestação de traba- dores, a comunicação prevista no número anterior é feita
lho, podendo estes, nos cinco dias posteriores à recepção a cada trabalhador abrangido pela prorrogação, a qual só
da comunicação, designar de entre eles uma comissão terá lugar quando o trabalhador manifeste, por escrito, o
representativa com o máximo de três ou cinco elementos, seu acordo.
consoante a medida abranja até 20 ou mais trabalhadores. 5 — Constitui contra-ordenação leve a violação do dis-
3 — No caso previsto no número anterior, o empregador posto no n.º 1.
envia à comissão a informação referida no n.º 1.
4 — Constitui contra-ordenação grave a violação do Artigo 302.º
disposto neste artigo. Formação profissional durante a redução ou suspensão
b) A perda de dias de férias não pode pôr em causa o b) Se recusar a cumprir ordem a que não deva obe-
gozo de 20 dias úteis; diência, nos termos da alínea e) do n.º 1 e do n.º 2 do
c) A suspensão do trabalho não pode exceder 30 dias por artigo 128.º;
cada infracção e, em cada ano civil, o total de 90 dias. c) Exercer ou candidatar-se ao exercício de funções em
estrutura de representação colectiva dos trabalhadores;
4 — Sempre que o justifiquem as especiais condições d) Em geral, exercer, ter exercido, pretender exercer ou
de trabalho, os limites estabelecidos nas alíneas a) e c) invocar os seus direitos ou garantias.
do número anterior podem ser elevados até ao dobro por
instrumento de regulamentação colectiva de trabalho. 2 — Presume-se abusivo o despedimento ou outra
5 — A sanção pode ser agravada pela sua divulgação sanção aplicada alegadamente para punir uma infracção,
no âmbito da empresa. quando tenha lugar:
6 — Constitui contra-ordenação grave a violação do
disposto nos n.os 3 ou 4. a) Até seis meses após qualquer dos factos mencionados
no número anterior;
Artigo 329.º b) Até um ano após reclamação ou outra forma de exer-
cício de direitos relativos a igualdade e não discriminação.
Procedimento disciplinar e prescrição
1 — O direito de exercer o poder disciplinar prescreve 3 — O empregador que aplicar sanção abusiva deve
um ano após a prática da infracção, ou no prazo de pres- indemnizar o trabalhador nos termos gerais, com as alte-
crição da lei penal se o facto constituir igualmente crime. rações constantes dos números seguintes.
2 — O procedimento disciplinar deve iniciar-se nos 4 — Em caso de despedimento, o trabalhador tem di-
60 dias subsequentes àquele em que o empregador, ou o reito a optar entre a reintegração e uma indemnização
superior hierárquico com competência disciplinar, teve calculada nos termos do n.º 3 do artigo 392.º
conhecimento da infracção. 5 — Em caso de sanção pecuniária ou suspensão do
3 — O procedimento disciplinar prescreve decorrido um trabalho, a indemnização não deve ser inferior a 10 vezes
ano contado da data em que é instaurado quando, nesse a importância daquela ou da retribuição perdida.
prazo, o trabalhador não seja notificado da decisão final. 6 — O empregador que aplique sanção abusiva no caso
4 — O poder disciplinar pode ser exercido directamente previsto na alínea c) do n.º 1 deve indemnizar o trabalhador
pelo empregador, ou por superior hierárquico do trabalha- nos seguintes termos:
dor, nos termos estabelecidos por aquele.
5 — Iniciado o procedimento disciplinar, o empregador a) Os mínimos a que se refere o número anterior são
pode suspender o trabalhador se a presença deste se mostrar elevados para o dobro;
inconveniente, mantendo o pagamento da retribuição. b) Em caso de despedimento, a indemnização não deve
6 — A sanção disciplinar não pode ser aplicada sem ser inferior ao valor da retribuição base e diuturnidades
audiência prévia do trabalhador. correspondentes a 12 meses.
7 — Sem prejuízo do correspondente direito de ac-
ção judicial, o trabalhador pode reclamar para o escalão 7 — Constitui contra-ordenação grave a aplicação de
hierarquicamente superior ao que aplicou a sanção, ou sanção abusiva.
recorrer a processo de resolução de litígio quando previsto
em instrumento de regulamentação colectiva de trabalho Artigo 332.º
ou na lei.
8 — Constitui contra-ordenação grave a violação do Registo de sanções disciplinares
disposto no n.º 6. 1 — O empregador deve ter um registo actualizado
das sanções disciplinares, feito por forma que permita
Artigo 330.º facilmente a verificação do cumprimento das disposições
Critério de decisão e aplicação de sanção disciplinar aplicáveis, nomeadamente por parte das autoridades com-
1 — A sanção disciplinar deve ser proporcional à gra- petentes que solicitem a sua consulta.
vidade da infracção e à culpabilidade do infractor, não 2 — Constitui contra-ordenação leve a violação do dis-
podendo aplicar-se mais de uma pela mesma infracção. posto no número anterior.
2 — A aplicação da sanção deve ter lugar nos três meses
subsequentes à decisão, sob pena de caducidade. SECÇÃO IV
3 — O empregador deve entregar ao serviço responsável
pela gestão financeira do orçamento da segurança social o Garantias de créditos do trabalhador
montante de sanção pecuniária aplicada.
4 — Constitui contra-ordenação grave a violação do Artigo 333.º
disposto nos n.os 2 ou 3. Privilégios creditórios
cedimento de despedimento colectivo não está sujeita ao com a antecedência mínima prevista no escalão imediata-
disposto nos artigos 299.º e 300.º mente superior ao que seria aplicável se apenas um deles
3 — A aplicação de medida prevista na alínea c) ou d) integrasse o despedimento.
do n.º 1 depende de acordo do trabalhador. 3 — Na data em que envia a comunicação aos traba-
4 — O empregador e a estrutura representativa dos tra- lhadores, o empregador remete:
balhadores podem fazer-se assistir cada qual por um perito
a) Ao serviço competente do ministério responsável
nas reuniões de negociação.
pela área laboral, a acta das reuniões de negociação ou,
5 — Deve ser elaborada acta das reuniões de negocia-
na sua falta, informação sobre a justificação de tal falta,
ção, contendo a matéria acordada, bem como as posições
as razões que obstaram ao acordo e as posições finais das
divergentes das partes e as opiniões, sugestões e propostas
partes, bem como relação de que conste o nome de cada
de cada uma.
trabalhador, morada, datas de nascimento e de admissão
6 — Constitui contra-ordenação grave o despedimento
na empresa, situação perante a segurança social, profissão,
efectuado com violação do disposto nos n.os 1 ou 3.
categoria, retribuição, a medida decidida e a data prevista
para a sua aplicação;
Artigo 362.º
b) À estrutura representativa dos trabalhadores, cópia
Intervenção do ministério responsável da relação referida na alínea anterior.
pela área laboral
1 — O serviço competente do ministério responsável 4 — Não sendo observado o prazo mínimo de aviso
pela área laboral participa na negociação prevista no ar- prévio, o contrato cessa decorrido o período de aviso pré-
tigo anterior, com vista a promover a regularidade da sua vio em falta a contar da comunicação de despedimento,
instrução substantiva e procedimental e a conciliação dos devendo o empregador pagar a retribuição correspondente
interesses das partes. a este período.
2 — O serviço referido no número anterior, caso exista 5 — O pagamento da compensação, dos créditos ven-
irregularidade da instrução substantiva e procedimental, cidos e dos exigíveis por efeito da cessação do contrato
deve advertir o empregador e, se a mesma persistir, deve de trabalho deve ser efectuado até ao termo do prazo de
fazer constar essa menção da acta das reuniões de nego- aviso prévio, salvo em situação prevista no artigo 347.º
ciação. ou regulada em legislação especial sobre recuperação de
3 — A pedido de qualquer das partes ou por iniciativa do empresas e reestruturação de sectores económicos.
serviço referido no número anterior, os serviços regionais 6 — Constitui contra-ordenação grave o despedimento
do emprego e da formação profissional e da segurança efectuado com violação do disposto nos n.os 1, 2 ou 5 e
social indicam as medidas a aplicar, nas respectivas áreas, constitui contra-ordenação leve a violação do disposto
de acordo com o enquadramento legal das soluções que no n.º 3.
sejam adoptadas.
4 — Constitui contra-ordenação leve o impedimento à Artigo 364.º
participação do serviço competente na negociação referida Crédito de horas durante o aviso prévio
no n.º 1.
1 — Durante o prazo de aviso prévio, o trabalhador tem
Artigo 363.º direito a um crédito de horas correspondente a dois dias de
trabalho por semana, sem prejuízo da retribuição.
Decisão de despedimento colectivo 2 — O crédito de horas pode ser dividido por alguns
1 — Celebrado o acordo ou, na falta deste, após terem ou todos os dias da semana, por iniciativa do trabalhador.
decorrido 15 dias sobre a prática do acto referido nos 3 — O trabalhador deve comunicar ao empregador a
n.os 1 ou 4 do artigo 360.º ou, na falta de representantes utilização do crédito de horas, com três dias de antece-
dos trabalhadores, da comunicação referida no n.º 3 do dência, salvo motivo atendível.
mesmo artigo, o empregador comunica a cada trabalha- 4 — Constitui contra-ordenação leve a violação do dis-
dor abrangido a decisão de despedimento, com menção posto neste artigo.
expressa do motivo e da data de cessação do contrato e
indicação do montante, forma, momento e lugar de pa- Artigo 365.º
gamento da compensação, dos créditos vencidos e dos Denúncia do contrato pelo trabalhador
exigíveis por efeito da cessação do contrato de trabalho, durante o aviso prévio
por escrito e com antecedência mínima, relativamente à
data da cessação, de: Durante o prazo de aviso prévio, o trabalhador pode
denunciar o contrato de trabalho, mediante declaração
a) 15 dias, no caso de trabalhador com antiguidade com a antecedência mínima de três dias úteis, mantendo
inferior a um ano; o direito a compensação.
b) 30 dias, no caso de trabalhador com antiguidade igual
ou superior a um ano e inferior a cinco anos; Artigo 366.º
c) 60 dias, no caso de trabalhador com antiguidade igual
Compensação por despedimento colectivo
ou superior a cinco anos e inferior a 10 anos;
d) 75 dias, no caso de trabalhador com antiguidade igual 1 — Em caso de despedimento colectivo, o trabalhador
ou superior a 10 anos. tem direito a compensação correspondente a um mês de
retribuição base e diuturnidades por cada ano completo
2 — No caso de o despedimento abranger ambos os de antiguidade.
cônjuges ou pessoas que vivam em união de facto, a co- 2 — Em caso de fracção de ano, a compensação é cal-
municação prevista no número anterior deverá ser feita culada proporcionalmente.
Diário da República, 1.ª série — N.º 30 — 12 de Fevereiro de 2009 997
3 — A compensação não pode ser inferior a três meses prévio, seja posta à disposição do trabalhador a compensa-
de retribuição base e diuturnidades. ção devida, bem como os créditos vencidos e os exigíveis
4 — Presume-se que o trabalhador aceita o despedi- por efeito da cessação do contrato de trabalho.
mento quando recebe a compensação prevista neste artigo. 6 — Constitui contra-ordenação grave o despedimento
5 — A presunção referida no número anterior pode ser com violação do disposto nas alíneas c) e d) do n.º 1 e nos
ilidida desde que, em simultâneo, o trabalhador entregue n.os 2 ou 3.
ou ponha, por qualquer forma, à disposição do empregador Artigo 369.º
a totalidade da compensação pecuniária recebida.
6 — Constitui contra-ordenação grave a violação do Comunicações em caso de despedimento
disposto nos n.os 1 ou 2. por extinção de posto de trabalho
1 — No caso de despedimento por extinção de posto de
DIVISÃO III trabalho, o empregador comunica, por escrito, à comissão
Despedimento por extinção de trabalhadores ou, na sua falta, à comissão intersindical
de posto de trabalho ou comissão sindical, ao trabalhador envolvido e ainda,
caso este seja representante sindical, à associação sindical
Artigo 367.º respectiva:
a) A necessidade de extinguir o posto de trabalho, in-
Noção de despedimento por extinção
dicando os motivos justificativos e a secção ou unidade
de posto de trabalho
equivalente a que respeita;
1 — Considera-se despedimento por extinção de posto b) A necessidade de despedir o trabalhador afecto ao
de trabalho a cessação de contrato de trabalho promovida posto de trabalho a extinguir e a sua categoria profissional.
pelo empregador e fundamentada nessa extinção, quando
esta seja devida a motivos de mercado, estruturais ou tec- 2 — Constitui contra-ordenação grave o despedimento
nológicos, relativos à empresa. efectuado com violação do disposto no número anterior.
2 — Entende-se por motivos de mercado, estruturais ou
tecnológicos os como tal referidos no n.º 2 do artigo 359.º Artigo 370.º
Artigo 368.º Consultas em caso de despedimento por extinção
de posto de trabalho
Requisitos de despedimento por extinção
de posto de trabalho 1 — Nos 10 dias posteriores à comunicação prevista no
artigo anterior, a estrutura representativa dos trabalhado-
1 — O despedimento por extinção de posto de trabalho res, o trabalhador envolvido e ainda, caso este seja repre-
só pode ter lugar desde que se verifiquem os seguintes sentante sindical, a associação sindical respectiva podem
requisitos: transmitir ao empregador o seu parecer fundamentado,
a) Os motivos indicados não sejam devidos a conduta nomeadamente sobre os motivos invocados, os requisitos
culposa do empregador ou do trabalhador; previstos no n.º 1 do artigo 368.º ou as prioridades a que se
b) Seja praticamente impossível a subsistência da re- refere o n.º 2 do mesmo artigo, bem como as alternativas
lação de trabalho; que permitam atenuar os efeitos do despedimento.
c) Não existam, na empresa, contratos de trabalho a 2 — Qualquer entidade referida no número anterior
termo para tarefas correspondentes às do posto de trabalho pode, nos três dias úteis posteriores à comunicação do em-
extinto; pregador, solicitar ao serviço com competência inspectiva
d) Não seja aplicável o despedimento colectivo. do ministério responsável pela área laboral a verificação
dos requisitos previstos nas alíneas c) e d) do n.º 1 e no
2 — Havendo na secção ou estrutura equivalente uma n.º 2 do artigo 368.º, informando simultaneamente do facto
pluralidade de postos de trabalho de conteúdo funcional o empregador.
idêntico, para concretização do posto de trabalho a ex- 3 — O serviço a que se refere o número anterior elabora
tinguir, o empregador deve observar, por referência aos e envia ao requerente e ao empregador relatório sobre a
respectivos titulares, a seguinte ordem de critérios: matéria sujeita a verificação, no prazo de sete dias após a
recepção do requerimento.
a) Menor antiguidade no posto de trabalho;
b) Menor antiguidade na categoria profissional; Artigo 371.º
c) Classe inferior da mesma categoria profissional;
d) Menor antiguidade na empresa. Decisão de despedimento por extinção
de posto de trabalho
3 — O trabalhador que, nos três meses anteriores ao 1 — Decorridos cinco dias a contar do termo do prazo
início do procedimento para despedimento, tenha sido previsto no n.º 1 do artigo anterior, ou, sendo caso disso,
transferido para posto de trabalho que venha a ser extinto, a contar da recepção do relatório a que se refere o n.º 3
tem direito a ser reafectado ao posto de trabalho anterior do mesmo artigo ou do termo do prazo para o seu envio,
caso ainda exista, com a mesma retribuição base. o empregador pode proceder ao despedimento.
4 — Para efeito da alínea b) do n.º 1, uma vez extinto 2 — A decisão de despedimento é proferida por escrito,
o posto de trabalho, considera-se que a subsistência da dela constando:
relação de trabalho é praticamente impossível quando
o empregador não disponha de outro compatível com a a) Motivo da extinção do posto de trabalho;
categoria profissional do trabalhador. b) Confirmação dos requisitos previstos no n.º 1 do
5 — O despedimento por extinção do posto de trabalho artigo 368.º, com menção, sendo caso disso, da recusa de
só pode ter lugar desde que, até ao termo do prazo de aviso alternativa proposta ao trabalhador;
998 Diário da República, 1.ª série — N.º 30 — 12 de Fevereiro de 2009
c) Prova da aplicação do critério de prioridades, caso 2 — Verifica-se ainda inadaptação de trabalhador afecto
se tenha verificado oposição a esta; a cargo de complexidade técnica ou de direcção quando
d) Montante, forma, momento e lugar do pagamento da não se cumpram os objectivos previamente acordados,
compensação e dos créditos vencidos e dos exigíveis por por escrito, em consequência do seu modo de exercício
efeito da cessação do contrato de trabalho; de funções e seja praticamente impossível a subsistência
e) Data da cessação do contrato. da relação de trabalho.
ou não esteja elaborada nos termos do n.º 4 do artigo 357.º 2 — O trabalhador pode opor-se ao despedimento,
ou do n.º 2 do artigo 358.º mediante apresentação de requerimento em formulário
próprio, junto do tribunal competente, no prazo de 60 dias,
Artigo 383.º contados a partir da recepção da comunicação de despe-
dimento ou da data de cessação do contrato, se posterior,
Ilicitude de despedimento colectivo
excepto no caso previsto no artigo seguinte.
O despedimento colectivo é ainda ilícito se o empre-
3 — Na acção de apreciação judicial do despedimento,
gador:
o empregador apenas pode invocar factos e fundamentos
a) Não tiver feito a comunicação prevista nos n.os 1 ou constantes de decisão de despedimento comunicada ao
4 do artigo 360.º ou promovido a negociação prevista no trabalhador.
n.º 1 do artigo 361.º; 4 — Em casos de apreciação judicial de despedimento
b) Não tiver observado o prazo para decidir o despedi- por facto imputável ao trabalhador, sem prejuízo da apre-
mento, referido no n.º 1 do artigo 363.º; ciação de vícios formais, o tribunal deve sempre pronunciar-
c) Não tiver posto à disposição do trabalhador despe- -se sobre a verificação e procedência dos fundamentos
dido, até ao termo do prazo de aviso prévio, a compensação invocados para o despedimento.
a que se refere o artigo 366.º e os créditos vencidos ou
exigíveis em virtude da cessação do contrato de traba- Artigo 388.º
lho, sem prejuízo do disposto na parte final do n.º 4 do Apreciação judicial do despedimento colectivo
artigo 363.º
1 — A ilicitude do despedimento colectivo só pode ser
Artigo 384.º declarada por tribunal judicial.
2 — A acção de impugnação do despedimento colectivo
Ilicitude de despedimento por extinção
de posto de trabalho deve ser intentada no prazo de seis meses contados da data
da cessação do contrato.
O despedimento por extinção de posto de trabalho é 3 — É aplicável à acção de impugnação do despedi-
ainda ilícito se o empregador: mento colectivo o disposto no n.º 3 do artigo anterior.
a) Não cumprir os requisitos do n.º 1 do artigo 368.º;
b) Não respeitar os critérios de concretização de postos Artigo 389.º
de trabalho a extinguir referidos no n.º 2 do artigo 368.º; Efeitos da ilicitude de despedimento
c) Não tiver feito as comunicações previstas no ar-
tigo 369.º; 1 — Sendo o despedimento declarado ilícito, o empre-
d) Não tiver colocado à disposição do trabalhador despe- gador é condenado:
dido, até ao termo do prazo de aviso prévio, a compensação a) A indemnizar o trabalhador por todos os danos cau-
a que se refere o artigo 366.º por remissão do artigo 372.º sados, patrimoniais e não patrimoniais;
e os créditos vencidos ou exigíveis em virtude da cessação b) Na reintegração do trabalhador no mesmo estabe-
do contrato de trabalho. lecimento da empresa, sem prejuízo da sua categoria e
antiguidade, salvo nos casos previstos nos artigos 391.º
Artigo 385.º e 392.º
Ilicitude de despedimento por inadaptação
2 — No caso de mera irregularidade fundada em de-
O despedimento por inadaptação é ainda ilícito se o ficiência de procedimento por omissão das diligências
empregador: probatórias referidas nos n.os 2 e 3 do artigo 356.º, ou a
a) Não cumprir os requisitos do n.º 1 do artigo 375.º; inobservância do prazo referido no n.º 3 do artigo 357.º,
b) Não tiver feito as comunicações previstas no ar- se forem declarados procedentes os motivos justificativos
tigo 376.º; invocados para o despedimento, o trabalhador tem apenas
c) Não tiver posto à disposição do trabalhador despe- direito a indemnização correspondente a metade do valor
dido, até ao termo do prazo de aviso prévio, a compensação que resultaria da aplicação do n.º 1 do artigo 391.º
a que se refere o artigo 366.º por remissão do artigo 379.º 3 — Constitui contra-ordenação grave a violação do
e os créditos vencidos ou exigíveis em virtude da cessação disposto no n.º 1.
do contrato de trabalho. Artigo 390.º
Compensação em caso de despedimento ilícito
Artigo 386.º
Suspensão de despedimento
1 — Sem prejuízo da indemnização prevista na alínea a)
do n.º 1 do artigo anterior, o trabalhador tem direito a re-
O trabalhador pode requerer a suspensão preventiva do ceber as retribuições que deixar de auferir desde o despe-
despedimento, no prazo de cinco dias úteis a contar da data dimento até ao trânsito em julgado da decisão do tribunal
da recepção da comunicação de despedimento, mediante que declare a ilicitude do despedimento.
providência cautelar regulada no Código de Processo do 2 — Às retribuições referidas no número anterior dedu-
Trabalho. zem-se:
Artigo 387.º a) As importâncias que o trabalhador aufira com a ces-
Apreciação judicial do despedimento
sação do contrato e que não receberia se não fosse o des-
pedimento;
1 — A regularidade e licitude do despedimento só pode b) A retribuição relativa ao período decorrido desde o
ser apreciada por tribunal judicial. despedimento até 30 dias antes da propositura da acção,
Diário da República, 1.ª série — N.º 30 — 12 de Fevereiro de 2009 1001
se esta não for proposta nos 30 dias subsequentes ao des- ou até ao trânsito em julgado da decisão judicial, se aquele
pedimento; termo ocorrer posteriormente;
c) O subsídio de desemprego atribuído ao trabalhador no b) Caso o termo ocorra depois do trânsito em julgado
período referido no n.º 1, devendo o empregador entregar da decisão judicial, na reintegração do trabalhador, sem
essa quantia à segurança social. prejuízo da sua categoria e antiguidade.
escrito, as datas e o número de dias em que aquele necessita direito de informação ou consulta, com menção expressa
de ausentar-se para o exercício das suas funções, com um da respectiva confidencialidade.
dia de antecedência ou, em caso de imprevisibilidade, 2 — O dever de confidencialidade mantém-se após a
nas quarenta e oito horas posteriores ao primeiro dia de cessação do mandato de membro de estrutura de repre-
ausência. sentação colectiva dos trabalhadores.
4 — A inobservância do disposto no número anterior 3 — O empregador não é obrigado a prestar informações
torna a falta injustificada. ou a proceder a consultas cuja natureza seja susceptível
5 — Constitui contra-ordenação grave a violação do de prejudicar ou afectar gravemente o funcionamento da
disposto no n.º 1. empresa ou do estabelecimento.
b) Cada secção de voto não pode ter mais de 500 vo- voto directo e secreto, segundo o princípio de representação
tantes; proporcional.
c) A mesa da secção de voto dirige a respectiva votação 2 — A eleição é convocada com a antecedência de
e é composta por um presidente e dois vogais que são, 15 dias, ou prazo superior estabelecido nos estatutos, pela
para esse efeito, dispensados da respectiva prestação de comissão eleitoral constituída nos termos dos estatutos ou,
trabalho. na sua falta, por, no mínimo, 100 ou 20 % dos trabalhadores
da empresa, com ampla publicidade e menção expressa de
4 — Cada grupo de trabalhadores proponente de um data, hora, local e ordem de trabalhos, devendo ser remetida
projecto de estatutos pode designar um representante em simultaneamente cópia da convocatória ao empregador.
cada mesa, para acompanhar a votação. 3 — Só podem concorrer listas subscritas por, no mí-
5 — As urnas de voto são colocadas nos locais de traba- nimo, 100 ou 20 % dos trabalhadores da empresa ou, no
lho, de modo a permitir que todos os trabalhadores possam caso de listas de subcomissões de trabalhadores, 10 % dos
votar, sem prejudicar o normal funcionamento da empresa trabalhadores do estabelecimento, não podendo qualquer
ou estabelecimento. trabalhador subscrever ou fazer parte de mais de uma lista
6 — A votação inicia-se, pelo menos, trinta minutos concorrente à mesma estrutura.
antes do começo e termina, pelo menos, sessenta minutos 4 — A eleição dos membros da comissão e das subco-
depois do termo do período de funcionamento da empresa missões de trabalhadores decorre em simultâneo, sendo
ou estabelecimento, podendo os trabalhadores dispor do aplicável o disposto nos artigos 431.º e 432.º, com as ne-
tempo indispensável para votar durante o respectivo ho- cessárias adaptações.
rário de trabalho. 5 — Na falta da comissão eleitoral eleita nos termos
7 — A votação deve, na medida do possível, decorrer dos estatutos, a mesma é constituída por um representante
simultaneamente em todas as secções de voto. de cada uma das listas concorrentes e igual número de
8 — Constitui contra-ordenação muito grave a violação representantes dos trabalhadores que convocaram a eleição.
do disposto nos n.os 1 ou 2, na alínea a) do n.º 3, no n.º 5
ou na primeira parte do n.º 6, e constitui contra-ordenação Artigo 434.º
grave a violação do disposto na parte final da alínea c) do Conteúdo dos estatutos da comissão de trabalhadores
n.º 3 ou na parte final do n.º 6.
1 — Os estatutos da comissão de trabalhadores devem
Artigo 432.º prever:
Procedimento para apuramento do resultado a) A composição, eleição, duração do mandato e re-
gras de funcionamento da comissão eleitoral que preside
1 — A abertura das urnas de voto para o respectivo ao acto eleitoral, da qual tem o direito de fazer parte um
apuramento deve ser simultânea em todas as secções de delegado designado por cada lista concorrente, e que deve
voto, ainda que a votação tenha decorrido em horários assegurar a igualdade de oportunidades e imparcialidade
diferentes. no tratamento das listas;
2 — Os membros da mesa de voto registam o modo b) O número, duração do mandato e regras da eleição
como decorreu a votação em acta, que, depois de lida e dos membros da comissão de trabalhadores e o modo de
aprovada, rubricam e assinam a final. preenchimento das vagas;
3 — A identidade dos votantes deve ser registada em c) O funcionamento da comissão;
documento próprio, com termos de abertura e encerra- d) A forma de vinculação da comissão;
mento, assinado e rubricado pelos membros da mesa, o e) O modo de financiamento das actividades da co-
qual constitui parte integrante da acta. missão, o qual não pode, em caso algum, ser assegurado
4 — O apuramento global das votações da constituição por uma entidade alheia ao conjunto dos trabalhadores
da comissão de trabalhadores e da aprovação dos estatutos da empresa;
é feito pela comissão eleitoral, que lavra a respectiva acta, f) A articulação da comissão, se for o caso, com subco-
nos termos do n.º 2. missões de trabalhadores ou comissão coordenadora;
5 — A comissão eleitoral referida no número anterior g) O destino do respectivo património em caso de ex-
é constituída por um representante dos proponentes de tinção da comissão, o qual não pode ser distribuído pelos
projectos de estatutos e igual número de representantes dos trabalhadores da empresa.
trabalhadores que convocaram a assembleia constituinte.
6 — A comissão eleitoral, no prazo de 15 dias a contar 2 — O mandato dos membros da comissão não pode ter
da data do apuramento, comunica o resultado da votação duração superior a quatro anos, sendo permitida a reeleição
ao empregador e afixa-o, bem como cópia da respectiva para mandatos sucessivos, salvo disposição estatutária em
acta, no local ou locais em que a votação teve lugar. contrário.
7 — Constitui contra-ordenação grave a oposição do 3 — Os estatutos podem prever a existência de subco-
empregador à afixação do resultado da votação, nos termos missões de trabalhadores em estabelecimentos geografi-
do número anterior. camente dispersos.
d) Em empresa com 200 a 499 trabalhadores sindica- ou oito horas por mês se fizer parte de comissão inter-
lizados, seis; sindical.
e) Em empresa com 500 ou mais trabalhadores sindica- 2 — Constitui contra-ordenação grave a violação do
lizados, o número resultante da seguinte fórmula: disposto no número anterior.
cável, que preveja funções sindicais a tempo inteiro ou c) Diários das Assembleias Regionais, tratando-se de
outras situações específicas, relativamente ao direito à legislação a aprovar pelas Assembleias Legislativas das
retribuição de trabalhador. regiões autónomas;
9 — Constitui contra-ordenação muito grave a violação d) Jornal Oficial, tratando-se de legislação a aprovar
do disposto no n.º 1. por Governo Regional.
5 — Os critérios de preferência previstos no n.º 1 po- recepção daquela, salvo se houver prazo convencionado
dem ser afastados por instrumento de regulamentação ou prazo mais longo indicado pelo proponente.
colectiva de trabalho negocial, designadamente através 2 — Em caso de proposta de revisão de uma conven-
de cláusula de articulação entre convenções colectivas de ção colectiva, a entidade destinatária pode recusar-se a
diferente nível, nomeadamente interconfederal, sectorial negociar antes de decorrerem seis meses de vigência da
ou de empresa. convenção, devendo informar o proponente no prazo de
Artigo 483.º 10 dias úteis.
3 — A resposta deve exprimir uma posição relativa a
Concorrência entre instrumentos de regulamentação todas as cláusulas da proposta, aceitando, recusando ou
colectiva de trabalho não negociais
contrapropondo.
1 — Sempre que exista concorrência entre instrumentos 4 — Em caso de falta de resposta ou de contraproposta,
de regulamentação colectiva de trabalho não negociais, são no prazo a que se refere o n.º 1 e nos termos do n.º 3, o
observados os seguintes critérios de preferência: proponente pode requerer a conciliação.
5 — Constitui contra-ordenação grave a violação do
a) A decisão de arbitragem obrigatória afasta a aplicação disposto nos n.os 1 ou 3.
de outro instrumento;
b) A portaria de extensão afasta a aplicação de portaria Artigo 488.º
de condições de trabalho.
Prioridade em matéria negocial
2 — Em caso de concorrência entre portarias de exten- 1 — As partes devem, sempre que possível, atribuir
são aplica-se o previsto nos n.os 2 a 4 do artigo anterior, re- prioridade à negociação da retribuição e da duração e
lativamente às convenções colectivas objecto de extensão. organização do tempo de trabalho, tendo em vista o ajuste
do acréscimo global de encargos daí resultante, bem como
Artigo 484.º à segurança e saúde no trabalho.
Concorrência entre instrumentos de regulamentação 2 — A inviabilidade de acordo inicial sobre as matérias
colectiva de trabalho negociais e não negociais referidas no número anterior não justifica a ruptura de
negociação.
A entrada em vigor de instrumento de regulamentação
colectiva de trabalho negocial afasta a aplicação, no res- Artigo 489.º
pectivo âmbito, de anterior instrumento de regulamentação Boa fé na negociação
colectiva de trabalho não negocial.
1 — As partes devem respeitar, no processo de nego-
ciação colectiva, o princípio de boa fé, nomeadamente
CAPÍTULO II respondendo com a brevidade possível a propostas e con-
Convenção colectiva trapropostas, observando o protocolo negocial, caso exista,
e fazendo-se representar em reuniões e contactos destina-
dos à prevenção ou resolução de conflitos.
SECÇÃO I 2 — Os representantes das associações sindicais e de
Contratação colectiva empregadores devem, oportunamente, fazer as necessárias
consultas aos trabalhadores e aos empregadores interessa-
Artigo 485.º dos, não podendo, no entanto, invocar tal necessidade para
obter a suspensão ou interrupção de quaisquer actos.
Promoção da contratação colectiva 3 — Cada uma das partes deve facultar à outra os ele-
O Estado deve promover a contratação colectiva, de mentos ou informações que esta solicitar, na medida em
modo que as convenções colectivas sejam aplicáveis ao que tal não prejudique a defesa dos seus interesses.
maior número de trabalhadores e empregadores. 4 — Não pode ser recusado, no decurso de processo de
negociação de acordo colectivo e de empresa, o forneci-
Artigo 486.º mento dos relatórios e contas de empresas já publicados
e o número de trabalhadores, por categoria profissional,
Proposta negocial que se situem no âmbito de aplicação do acordo a celebrar.
1 — O processo de negociação inicia-se com a apresen- 5 — Comete contra-ordenação grave a associação sin-
tação à outra parte de proposta de celebração ou de revisão dical, a associação de empregadores ou o empregador
de uma convenção colectiva. que não se faça representar em reunião convocada nos
2 — A proposta deve revestir forma escrita, ser devi- termos do n.º 1.
damente fundamentada e conter os seguintes elementos:
Artigo 490.º
a) Designação das entidades que a subscrevem em nome
Apoio técnico da Administração
próprio ou em representação de outras;
b) Indicação da convenção que se pretende rever, sendo 1 — Na preparação da proposta negocial e da respectiva
caso disso, e respectiva data de publicação. resposta, bem como durante as negociações, os serviços
competentes dos ministérios responsáveis pela área laboral
Artigo 487.º e pela área de actividade fornecem às partes a informação
Resposta à proposta
necessária de que dispõem e que estas solicitem.
2 — As partes devem enviar as propostas e respostas,
1 — A entidade destinatária da proposta deve responder, com a respectiva fundamentação, ao ministério responsável
de forma escrita e fundamentada, nos 30 dias seguintes à pela área laboral nos 15 dias seguintes à sua apresentação.
1018 Diário da República, 1.ª série — N.º 30 — 12 de Fevereiro de 2009
na alínea d) do n.º 2 do artigo 491.º, emitidos por quem 2 — A aplicação da convenção nos termos do n.º 1
possa vincular as associações sindicais e as associações de mantém-se até ao final da sua vigência, sem prejuízo do
empregadores ou os empregadores celebrantes; disposto no número seguinte.
c) Obedecer ao disposto no n.º 1 do artigo 492.º; 3 — No caso de a convenção colectiva não ter prazo de
d) Ser acompanhada de texto consolidado, sendo caso vigência, os trabalhadores são abrangidos durante o prazo
disso; mínimo de um ano.
e) Obedecer ao disposto no n.º 3, bem como o texto 4 — O trabalhador pode revogar a escolha, sendo neste
consolidado, sendo caso disso. caso aplicável o disposto no n.º 4 do artigo anterior.
5 — O pedido de depósito deve ser decidido no prazo Artigo 498.º
de 15 dias a contar da recepção da convenção pelo serviço
competente. Aplicação de convenção em caso de transmissão
6 — A recusa fundamentada do depósito é imediata- de empresa ou estabelecimento
mente notificada às partes, sendo devolvidos a convenção 1 — Em caso de transmissão, por qualquer título, da ti-
colectiva, o texto consolidado e os títulos comprovativos tularidade de empresa ou estabelecimento ou ainda de parte
da representação. de empresa ou estabelecimento que constitua uma unidade
7 — Considera-se depositada a convenção cujo pedido económica, o instrumento de regulamentação colectiva de
de depósito não seja decidido no prazo referido no n.º 5.
trabalho que vincula o transmitente é aplicável ao adqui-
rente até ao termo do respectivo prazo de vigência ou no
Artigo 495.º
mínimo durante 12 meses a contar da transmissão, salvo se
Alteração de convenção antes da decisão entretanto outro instrumento de regulamentação colectiva
sobre o depósito de trabalho negocial passar a aplicar-se ao adquirente.
2 — O disposto no número anterior é aplicável a trans-
1 — Enquanto o pedido de depósito não for decidido, as
partes podem efectuar, por acordo, qualquer alteração for- missão, cessão ou reversão da exploração de empresa,
mal ou substancial da convenção entregue para esse efeito. estabelecimento ou unidade económica.
2 — A alteração referida no n.º 1 interrompe o prazo de
depósito referido no n.º 5 do artigo anterior. SECÇÃO V
Âmbito temporal de convenção colectiva
SECÇÃO IV
Âmbito pessoal de convenção colectiva Artigo 499.º
Vigência e renovação de convenção colectiva
Artigo 496.º
1 — A convenção colectiva vigora pelo prazo ou prazos
Princípio da filiação que dela constarem e renova-se nos termos nela previstos.
2 — Considera-se que a convenção, caso não preveja
1 — A convenção colectiva obriga o empregador que
a subscreve ou filiado em associação de empregadores prazo de vigência, vigora pelo prazo de um ano e renova-se
celebrante, bem como os trabalhadores ao seu serviço que sucessivamente por igual período.
sejam membros de associação sindical celebrante.
2 — A convenção celebrada por união, federação ou Artigo 500.º
confederação obriga os empregadores e os trabalhadores Denúncia de convenção colectiva
filiados, respectivamente, em associações de empregadores
ou sindicatos representados por aquela organização quando 1 — Qualquer das partes pode denunciar a convenção
celebre em nome próprio, nos termos dos respectivos es- colectiva, mediante comunicação escrita dirigida à outra
tatutos, ou em conformidade com os mandatos a que se parte, acompanhada de proposta negocial global.
refere o n.º 2 do artigo 491.º 2 — Não se considera denúncia a mera proposta de
3 — A convenção abrange trabalhadores e emprega- revisão de convenção, não determinando a aplicação do
dores filiados em associações celebrantes no início do regime de sobrevigência e caducidade.
processo negocial, bem como os que nelas se filiem durante
a vigência da mesma. Artigo 501.º
4 — Caso o trabalhador, o empregador ou a associação
em que algum deles esteja inscrito se desfilie de entidade Sobrevigência e caducidade de convenção colectiva
celebrante, a convenção continua a aplicar-se até ao final 1 — A cláusula de convenção que faça depender a cessa-
do prazo de vigência que dela constar ou, não prevendo ção da vigência desta da substituição por outro instrumento
prazo de vigência, durante um ano ou, em qualquer caso, de regulamentação colectiva de trabalho caduca decorridos
até à entrada em vigor de convenção que a reveja. cinco anos sobre a verificação de um dos seguintes factos:
Artigo 497.º a) Última publicação integral da convenção;
b) Denúncia da convenção;
Escolha de convenção aplicável c) Apresentação de proposta de revisão da convenção
1 — Caso sejam aplicáveis, no âmbito de uma empresa, que inclua a revisão da referida cláusula.
uma ou mais convenções colectivas ou decisões arbitrais,
o trabalhador que não seja filiado em qualquer associação 2 — Após a caducidade da cláusula referida no número
sindical pode escolher qual daqueles instrumentos lhe anterior, ou em caso de convenção que não regule a sua
passa a ser aplicável. renovação, aplica-se o disposto nos números seguintes.
1020 Diário da República, 1.ª série — N.º 30 — 12 de Fevereiro de 2009
3 — Havendo denúncia, a convenção mantém-se em re- precedente, salvo se forem expressamente ressalvados
gime de sobrevigência durante o período em que decorra a pelas partes na nova convenção.
negociação, incluindo conciliação, mediação ou arbitragem
voluntária, ou no mínimo durante 18 meses.
4 — Decorrido o período referido no número anterior, a CAPÍTULO III
convenção mantém-se em vigor durante 60 dias após qual- Acordo de adesão
quer das partes comunicar ao ministério responsável pela
área laboral e à outra parte que o processo de negociação Artigo 504.º
terminou sem acordo, após o que caduca.
5 — Na ausência de acordo anterior sobre os efeitos de- Adesão a convenção colectiva ou a decisão arbitral
correntes da convenção em caso de caducidade, o ministro 1 — A associação sindical, a associação de emprega-
responsável pela área laboral notifica as partes, dentro do dores ou o empregador pode aderir a convenção colectiva
prazo referido no número anterior, para que, querendo, ou a decisão arbitral em vigor.
acordem esses efeitos, no prazo de 15 dias. 2 — A adesão opera-se por acordo entre a entidade
6 — Após a caducidade e até à entrada em vigor de interessada e aquela ou aquelas que se lhe contraporiam
outra convenção ou decisão arbitral, mantêm-se os efeitos na negociação da convenção, se nela tivesse participado.
acordados pelas partes ou, na sua falta, os já produzidos 3 — Da adesão não pode resultar modificação do con-
pela convenção nos contratos de trabalho no que respeita teúdo da convenção ou da decisão arbitral, ainda que des-
a retribuição do trabalhador, categoria e respectiva defini- tinada a aplicar-se somente no âmbito da entidade ade-
ção, duração do tempo de trabalho e regimes de protecção rente.
social cujos benefícios sejam substitutivos dos assegurados 4 — Ao acordo de adesão aplicam-se as regras refe-
pelo regime geral de segurança social ou com protocolo rentes ao depósito e à publicação de convenção colectiva.
de substituição do Serviço Nacional de Saúde.
7 — Além dos efeitos referidos no número anterior,
o trabalhador beneficia dos demais direitos e garantias CAPÍTULO IV
decorrentes da legislação do trabalho. Arbitragem
8 — As partes podem acordar, durante o período de
sobrevigência, a prorrogação da vigência da convenção
por um período determinado, ficando o acordo sujeito a SECÇÃO I
depósito e publicação. Disposições comuns sobre arbitragem
9 — O acordo sobre os efeitos decorrentes da convenção
em caso de caducidade está sujeito a depósito e publicação. Artigo 505.º
Artigo 502.º Disposições comuns sobre arbitragem de conflitos
colectivos de trabalho
Cessação da vigência de convenção colectiva
1 — As regras sobre conteúdo obrigatório e depósito de
1 — A convenção colectiva pode cessar: convenção colectiva aplicam-se à decisão arbitral, com as
a) Mediante revogação por acordo das partes; necessárias adaptações.
b) Por caducidade, nos termos do artigo anterior. 2 — Os árbitros enviam o texto da decisão arbitral às
partes e ao serviço competente do ministério responsável
2 — Aplicam-se à revogação as regras referentes ao pela área laboral, para efeitos de depósito e publicação,
depósito e à publicação de convenção colectiva. no prazo de cinco dias a contar da decisão.
3 — A revogação prejudica os direitos decorrentes da 3 — A decisão arbitral produz os efeitos da convenção
convenção, salvo se na mesma forem expressamente res- colectiva.
salvados pelas partes. 4 — O regime geral da arbitragem voluntária é subsi-
4 — O serviço competente do ministério responsável diariamente aplicável.
pela área laboral procede à publicação no Boletim do Tra-
balho e Emprego de aviso sobre a data da cessação da SECÇÃO II
vigência de convenção colectiva, nos termos do artigo
Arbitragem voluntária
anterior.
Artigo 503.º Artigo 506.º
Sucessão de convenções colectivas Admissibilidade da arbitragem voluntária
1 — A convenção colectiva posterior revoga integral- A todo o tempo, as partes podem acordar em submeter
mente a convenção anterior, salvo nas matérias expressa- a arbitragem as questões laborais resultantes, nomeada-
mente ressalvadas pelas partes. mente, da interpretação, integração, celebração ou revisão
2 — A mera sucessão de convenções colectivas não de convenção colectiva.
pode ser invocada para diminuir o nível de protecção global
dos trabalhadores. Artigo 507.º
3 — Os direitos decorrentes de convenção só podem ser
Funcionamento da arbitragem voluntária
reduzidos por nova convenção de cujo texto conste, em ter-
mos expressos, o seu carácter globalmente mais favorável. 1 — A arbitragem voluntária rege-se por acordo das
4 — No caso previsto no número anterior, a nova con- partes ou, na sua falta, pelo disposto nos números se-
venção prejudica os direitos decorrentes de convenção guintes.
Diário da República, 1.ª série — N.º 30 — 12 de Fevereiro de 2009 1021
2 — A arbitragem é realizada por três árbitros, sendo dois 4 — O despacho que determina a arbitragem obrigatória
nomeados, um por cada parte, e o terceiro escolhido por aqueles. é imediatamente notificado às partes e ao secretário-geral
3 — As partes informam o serviço competente do mi- do Conselho Económico e Social.
nistério responsável pela área laboral do início e do termo 5 — O Código do Procedimento Administrativo é sub-
do procedimento. sidiariamente aplicável.
4 — Os árbitros podem ser assistidos por peritos e têm
o direito de obter das partes, do ministério responsável SECÇÃO IV
pela área laboral e do ministério responsável pela área de
actividade a informação disponível de que necessitem. Arbitragem necessária
5 — Constitui contra-ordenação muito grave a não no-
meação de árbitro nos termos do n.º 2 e constitui contra- Artigo 510.º
-ordenação leve a violação do disposto no n.º 3.
Admissibilidade da arbitragem necessária
b) O apoio técnico e administrativo necessário ao fun- 2 — A portaria de condições de trabalho só pode ser
cionamento do tribunal arbitral. emitida na falta de instrumento de regulamentação colec-
tiva de trabalho negocial.
Artigo 513.º
Regulamentação da arbitragem obrigatória
Artigo 518.º
e arbitragem necessária Competência e procedimento para emissão
de portaria de condições de trabalho
O regime da arbitragem obrigatória e da arbitragem
necessária, no que não é regulado nas secções precedentes, 1 — São competentes para a emissão de portaria de con-
consta de lei específica. dições de trabalho o ministro responsável pela área laboral
e o ministro responsável pelo sector de actividade.
CAPÍTULO V 2 — Os estudos preparatórios de portaria de condições
de trabalho são assegurados por uma comissão técnica
Portaria de extensão constituída por despacho do ministro responsável pela
área laboral.
Artigo 514.º 3 — A comissão técnica é formada por membros de-
Extensão de convenção colectiva ou decisão arbitral signados pelos ministros competentes para a emissão da
portaria e inclui, sempre que possível, assessores desig-
1 — A convenção colectiva ou decisão arbitral em vi- nados pelos representantes dos trabalhadores e dos em-
gor pode ser aplicada, no todo ou em parte, por portaria pregadores interessados, em número determinado pelo
de extensão a empregadores e a trabalhadores integrados despacho constitutivo.
no âmbito do sector de actividade e profissional definido 4 — A comissão técnica deve elaborar os estudos pre-
naquele instrumento.
2 — A extensão é possível mediante ponderação de paratórios no prazo de 60 dias a contar do despacho que
circunstâncias sociais e económicas que a justifiquem, a constitua.
nomeadamente a identidade ou semelhança económica e 5 — O ministro responsável pela área laboral pode,
social das situações no âmbito da extensão e no do instru- em situações excepcionais, prorrogar o prazo previsto no
mento a que se refere. número anterior.
6 — O disposto nos n.os 2 a 4 do artigo 516.º é aplicável
Artigo 515.º à elaboração de portaria de condições de trabalho.
Subsidiariedade
A portaria de extensão só pode ser emitida na falta de CAPÍTULO VII
instrumento de regulamentação colectiva de trabalho ne- Publicação, entrada em vigor e aplicação
gocial.
Artigo 516.º Artigo 519.º
Competência e procedimento para emissão Publicação e entrada em vigor de instrumento
de portaria de extensão de regulamentação colectiva de trabalho
1 — Compete ao ministro responsável pela área laboral 1 — O instrumento de regulamentação colectiva de
a emissão de portaria de extensão, salvo havendo oposição trabalho é publicado no Boletim do Trabalho e Emprego
a esta por motivos de ordem económica, caso em que a e entra em vigor, após a publicação, nos termos da lei.
competência é conjunta com a do ministro responsável 2 — O disposto no número anterior não prejudica a
pelo sector de actividade. publicação de portaria de extensão e de portaria de condi-
2 — O ministro responsável pela área laboral manda ções de trabalho no Diário da República, da qual depende
publicar o projecto de portaria de extensão no Boletim do
Trabalho e Emprego. a respectiva entrada em vigor.
3 — Qualquer pessoa singular ou colectiva que possa 3 — O instrumento de regulamentação colectiva de
ser, ainda que indirectamente, afectada pela extensão pode trabalho que seja objecto de três revisões parciais conse-
deduzir oposição fundamentada, por escrito, nos 15 dias cutivas é integralmente republicado.
seguintes à publicação do projecto.
4 — O Código do Procedimento Administrativo é sub- Artigo 520.º
sidiariamente aplicável. Aplicação de instrumento de regulamentação
colectiva de trabalho
CAPÍTULO VI 1 — Os destinatários de instrumento de regulamentação
Portaria de condições de trabalho colectiva de trabalho devem proceder de boa fé no seu
cumprimento.
Artigo 517.º 2 — Na aplicação de convenção colectiva ou acordo
de adesão, atende-se às circunstâncias em que as partes
Admissibilidade de portaria de condições de trabalho fundamentaram a decisão de contratar.
1 — Quando circunstâncias sociais e económicas o justi- 3 — Quem faltar culposamente ao cumprimento de
fiquem, não exista associação sindical ou de empregadores obrigação emergente de instrumento de regulamentação
nem seja possível a portaria de extensão, pode ser emitida colectiva de trabalho é responsável pelo prejuízo causado,
portaria de condições de trabalho. nos termos gerais.
Diário da República, 1.ª série — N.º 30 — 12 de Fevereiro de 2009 1023
Artigo 522.º
SECÇÃO III
Boa fé
Mediação
Na pendência de um conflito colectivo de trabalho as
partes devem agir de boa fé. Artigo 526.º
Admissibilidade e regime da mediação
SECÇÃO II
1 — O conflito colectivo de trabalho, designadamente
Conciliação resultante da celebração ou revisão de uma convenção
Artigo 523.º colectiva, pode ser resolvido por mediação.
2 — Na falta de regulamentação convencional, a me-
Admissibilidade e regime da conciliação diação rege-se pelo disposto no número seguinte e nos
1 — O conflito colectivo de trabalho, designadamente artigos seguintes.
resultante da celebração ou revisão de convenção colectiva, 3 — A mediação pode ter lugar:
pode ser resolvido por conciliação. a) Por acordo das partes, em qualquer altura, nomeada-
2 — Na falta de regulamentação convencional, a con- mente no decurso da conciliação;
ciliação rege-se pelo disposto no número seguinte e no b) Por iniciativa de uma das partes, um mês após o
artigo seguinte. início de conciliação, mediante comunicação, por escrito,
3 — A conciliação pode ter lugar em qualquer altura: à outra parte.
a) Por acordo das partes; Artigo 527.º
b) Por iniciativa de uma das partes, em caso de falta de Procedimento de mediação
resposta à proposta de celebração ou de revisão de con-
venção colectiva, ou mediante aviso prévio de oito dias, 1 — A mediação, caso seja requerida, é efectuada por
por escrito, à outra parte. mediador nomeado pelo serviço competente do ministério
responsável pela área laboral, assessorado, sempre que
Artigo 524.º necessário, pelo serviço competente do ministério respon-
sável pelo sector de actividade.
Procedimento de conciliação
2 — O requerimento de mediação deve indicar a situa-
1 — A conciliação, caso seja requerida, é efectuada pelo ção que a fundamenta e o objecto da mesma, juntando
serviço competente do ministério responsável pela área labo- prova da comunicação à outra parte caso seja subscrito
ral, assessorado, sempre que necessário, pelo serviço com- por uma das partes.
petente do ministério responsável pelo sector de actividade. 3 — Nos 10 dias seguintes à apresentação do requeri-
2 — O requerimento de conciliação deve indicar a si- mento, o serviço competente verifica a regularidade daquele
tuação que a fundamenta e o objecto da mesma, juntando e nomeia o mediador, dando do facto conhecimento às partes.
prova do aviso prévio no caso de ser subscrito por uma 4 — Caso a mediação seja requerida por uma das par-
das partes. tes, o mediador solicita à outra que se pronuncie sobre o
1024 Diário da República, 1.ª série — N.º 30 — 12 de Fevereiro de 2009
objecto da mesma e, em caso de divergência, decide tendo 2 — Compete aos trabalhadores definir o âmbito de
em consideração a viabilidade da mediação. interesses a defender através da greve.
5 — Para a elaboração da proposta, o mediador pode 3 — O direito à greve é irrenunciável.
solicitar às partes e a qualquer departamento do Estado os
dados e informações de que estes disponham e que aquele Artigo 531.º
considere necessários.
6 — As partes devem comparecer em reuniões convo- Competência para declarar a greve
cadas pelo mediador. 1 — O recurso à greve é decidido por associações sin-
7 — O mediador deve remeter a proposta às partes no dicais.
prazo de 30 dias a contar da sua nomeação e, no decurso do 2 — Sem prejuízo do disposto no número anterior, a
prazo referido no número seguinte, pode contactar qualquer assembleia de trabalhadores da empresa pode deliberar o
das partes em separado, se o considerar conveniente para recurso à greve desde que a maioria dos trabalhadores não
a obtenção do acordo. esteja representada por associações sindicais, a assembleia
8 — A aceitação da proposta por qualquer das partes seja convocada para o efeito por 20 % ou 200 trabalhado-
deve ser comunicada ao mediador no prazo de 10 dias a
res, a maioria dos trabalhadores participe na votação e a
contar da sua recepção.
9 — Recebidas as respostas ou decorrido o prazo es- deliberação seja aprovada por voto secreto pela maioria
tabelecido no número anterior, o mediador comunica em dos votantes.
simultâneo a cada uma das partes a aceitação ou recusa Artigo 532.º
da proposta, no prazo de dois dias. Representação dos trabalhadores em greve
10 — O mediador deve guardar sigilo sobre as infor-
mações recebidas no decurso do procedimento que não 1 — Os trabalhadores em greve são representados pela
sejam conhecidas da outra parte. associação ou associações sindicais que decidiram o recurso
11 — Comete contra-ordenação grave a associação sin- à greve ou, no caso referido no n.º 2 do artigo anterior, por
dical, a associação de empregadores ou o empregador uma comissão de greve, eleita pela mesma assembleia.
que não se faça representar em reunião convocada pelo 2 — As entidades referidas no número anterior podem
mediador. delegar os seus poderes de representação.
Artigo 528.º
Artigo 533.º
Mediação por outra entidade
Piquete de greve
1 — As partes podem solicitar ao ministro responsável
pela área laboral, mediante requerimento conjunto, o re- A associação sindical ou a comissão de greve pode
curso a uma personalidade constante da lista de árbitros organizar piquetes para desenvolverem actividades ten-
presidentes para desempenhar as funções de mediador. dentes a persuadir, por meios pacíficos, os trabalhadores a
2 — Caso o ministro concorde e a personalidade esco- aderirem à greve, sem prejuízo do respeito pela liberdade
lhida aceite ser mediador, os correspondentes encargos são de trabalho de não aderentes.
suportados pelo ministério responsável pela área laboral.
3 — No caso de a mediação não ser efectuada pelo Artigo 534.º
serviço competente do ministério responsável pela área
laboral, este deve ser informado pelas partes dos respec- Aviso prévio de greve
tivos início e termo. 1 — A entidade que decida o recurso à greve deve dirigir
ao empregador, ou à associação de empregadores, e ao
SECÇÃO IV
ministério responsável pela área laboral um aviso com a
Arbitragem antecedência mínima de cinco dias úteis ou, em situação
referida no n.º 1 do artigo 537.º, 10 dias úteis.
Artigo 529.º 2 — O aviso prévio de greve deve ser feito por meios
Arbitragem
idóneos, nomeadamente por escrito ou através dos meios
de comunicação social.
Os conflitos colectivos de trabalho que não resultem 3 — O aviso prévio deve conter uma proposta de defi-
da celebração ou revisão de convenção colectiva podem nição de serviços necessários à segurança e manutenção
ser dirimidos por arbitragem, nos termos previstos nos de equipamento e instalações e, se a greve se realizar em
artigos 506.º e 507.º empresa ou estabelecimento que se destine à satisfação
de necessidades sociais impreteríveis, uma proposta de
CAPÍTULO II serviços mínimos.
4 — Caso os serviços a que se refere o número ante-
Greve e proibição de lock-out rior estejam definidos em instrumento de regulamentação
colectiva de trabalho, este pode determinar que o aviso
prévio não necessita de conter proposta sobre os mesmos
SECÇÃO I serviços, desde que seja devidamente identificado o res-
Greve pectivo instrumento.
Para determinação da coima aplicável e tendo em conta 5 — O volume de negócios reporta-se ao ano civil an-
a relevância dos interesses violados, as contra-ordenações terior ao da prática da infracção.
laborais classificam-se em leves, graves e muito graves. 6 — Caso a empresa não tenha actividade no ano civil
anterior ao da prática da infracção, considera-se o volume
Artigo 554.º de negócios do ano mais recente.
7 — No ano de início de actividade são aplicáveis os
Valores das coimas limites previstos para empresa com volume de negócios
1 — A cada escalão de gravidade das contra-ordenações inferior a € 500 000.
laborais corresponde uma coima variável em função do 8 — Se o empregador não indicar o volume de negócios,
volume de negócios da empresa e do grau da culpa do aplicam-se os limites previstos para empresa com volume
infractor, salvo o disposto no artigo seguinte. de negócios igual ou superior a € 10 000 000.
2 — Os limites mínimo e máximo das coimas corres- 9 — A sigla UC corresponde à unidade de conta pro-
pondentes a contra-ordenação leve são os seguintes: cessual.
com fins lucrativos corresponde o valor de coimas previsto constantes de auto de advertência, a coacção, falsificação,
nos números seguintes. simulação ou outro meio fraudulento usado pelo agente.
2 — A contra-ordenação leve corresponde coima de 2 — No caso de violação de normas de segurança e
1 UC a 2 UC em caso de negligência ou de 2 UC a 3,5 UC saúde no trabalho, são também atendíveis os princípios
em caso de dolo. gerais de prevenção a que devem obedecer as medidas de
3 — A contra-ordenação grave corresponde coima de protecção, bem como a permanência ou transitoriedade
3 UC a 7 UC em caso de negligência ou de 7 UC a 14 UC da infracção, o número de trabalhadores potencialmente
em caso de dolo. afectados e as medidas e instruções adoptadas pelo em-
4 — A contra-ordenação muito grave corresponde coima pregador para prevenir os riscos.
de 10 UC a 25 UC em caso de negligência ou de 25 UC a 3 — Cessando o contrato de trabalho, no caso de o
50 UC em caso de dolo. arguido cumprir o disposto no artigo 245.º e proceder ao
pagamento voluntário da coima por violação do disposto
Artigo 556.º no n.º 1 ou 5 do artigo 238.º, no n.º 1, 4 ou 5 do artigo 239.º
ou no n.º 1, 2 ou 3 do artigo 244.º, esta é liquidada pelo
Critérios especiais de medida da coima
valor correspondente à contra-ordenação leve.
1 — Os valores máximos das coimas aplicáveis a contra-
-ordenações muito graves previstas no n.º 4 do artigo 554.º Artigo 560.º
são elevados para o dobro em situação de violação de Dispensa de coima
normas sobre trabalho de menores, segurança e saúde no
trabalho, direitos de estruturas de representação colectiva A coima prevista para as contra-ordenações referidas no
dos trabalhadores e direito à greve. n.º 4 do artigo 353.º, no n.º 2 do artigo 355.º, no n.º 7 do ar-
2 — Em caso de pluralidade de agentes responsáveis tigo 356.º, no n.º 8 do artigo 357.º, no n.º 6 do artigo 358.º,
pela mesma contra-ordenação é aplicável a coima corres- no n.º 6 do artigo 360.º, no n.º 6 do artigo 361.º, no n.º 5
pondente à empresa com maior volume de negócios. do artigo 363.º, no n.º 6 do artigo 368.º, no n.º 2 do ar-
tigo 369.º, no n.º 5 do artigo 371.º, no n.º 5 do artigo 375.º,
Artigo 557.º no n.º 2 do artigo 376.º, no n.º 3 do artigo 378.º ou no n.º 3
do artigo 380.º, na parte em que se refere a violação do n.º 1
Dolo do mesmo artigo, não se aplica caso o empregador assegure
O desrespeito de medidas recomendadas em auto de ao trabalhador os direitos a que se refere o artigo 389.º
advertência é ponderado pela autoridade administrativa
competente, ou pelo julgador em caso de impugnação Artigo 561.º
judicial, designadamente para efeitos de aferição da exis- Reincidência
tência de conduta dolosa.
1 — É sancionado como reincidente quem comete uma
Artigo 558.º contra-ordenação grave praticada com dolo ou uma contra-
-ordenação muito grave, depois de ter sido condenado
Pluralidade de contra-ordenações por outra contra-ordenação grave praticada com dolo ou
1 — Quando a violação da lei afectar uma pluralidade contra-ordenação muito grave, se entre as duas infracções
de trabalhadores individualmente considerados, o número tiver decorrido um prazo não superior ao da prescrição da
de contra-ordenações corresponde ao número de trabalha- primeira.
dores concretamente afectados, nos termos dos números 2 — Em caso de reincidência, os limites mínimo e má-
seguintes. ximo da coima são elevados em um terço do respectivo
2 — Considera-se que a violação da lei afecta uma valor, não podendo esta ser inferior ao valor da coima
pluralidade de trabalhadores quando estes, no exercício aplicada pela contra-ordenação anterior desde que os li-
da respectiva actividade, foram expostos a uma situação mites mínimo e máximo desta não sejam superiores aos
concreta de perigo ou sofreram dano resultante de conduta daquela.
ilícita do infractor.
3 — A pluralidade de infracções dá origem a um pro- Artigo 562.º
cesso e as infracções são sancionadas com uma coima Sanções acessórias
única que não pode exceder o dobro da coima máxima
aplicável em concreto. 1 — No caso de contra-ordenação muito grave ou rein-
4 — Se, com a infracção praticada, o agente obteve cidência em contra-ordenação grave, praticada com dolo
um benefício económico, este deve ser tido em conta na ou negligência grosseira, é aplicada ao agente a sanção
determinação da medida da coima nos termos do disposto acessória de publicidade.
no artigo 18.º do regime geral das contra-ordenações, na 2 — No caso de reincidência em contra-ordenação pre-
vista no número anterior, tendo em conta os efeitos gravo-
redacção dada pelo Decreto-Lei n.º 244/95, de 14 de Se-
sos para o trabalhador ou o benefício económico retirado
tembro.
pelo empregador com o incumprimento, podem ainda ser
aplicadas as seguintes sanções acessórias:
Artigo 559.º
Determinação da medida da coima
a) Interdição do exercício de actividade no estabele-
cimento, unidade fabril ou estaleiro onde se verificar a
1 — Na determinação da medida da coima, além do infracção, por um período até dois anos;
disposto no regime geral das contra-ordenações, são ainda b) Privação do direito de participar em arrematações ou
atendíveis a medida do incumprimento das recomendações concursos públicos, por um período até dois anos.
Diário da República, 1.ª série — N.º 30 — 12 de Fevereiro de 2009 1029