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1- Leia atentamente as três citações e correlacione-as buscando discorrer sobre o vínculo entre

vontade geral, legislador e festas populares no pensamento político de Rousseau:

“A democracia rousseauísta da opinião pública não pública acaba postulando, por fim, o exercício
manipulador do poder. A vontade geral sempre tem razão, é dito na famigerada passagem, mas
nem sempre ela é iluminada por um juízo orientador” (Habermas 2011, p. 256)

“Como uma multidão cega que frequentemente não sabe o que deseja porque raramente sabe o
que lhe convém, cumpriria por si mesma empresa tão grande e tão difícil quanto um sistema de
legislação? O povo, por si, quer sempre o bem, mas por si nem sempre o encontra. A vontade geral
é sempre certa, mas o julgamento que a orienta nem sempre é esclarecido” (Rousseau, Os
Pensadores, p. 56)

“A fim de um povo nascente possa compreender as sãs máximas da política, e seguir as regras
fundamentais da razão de Estado, seria necessário que o efeito pudesse tornar-se causa, que o
espírito social - que deve ser obra da instituição - presidisse à própria instituição, e que os homens
fossem antes das leis o que deveriam tornar-se depois delas” (Rousseau, Os Pensadores, p.58-9)

As citações demonstram um povo manipulado, distante das decisões sobre o próprio


destino, tal qual Rousseau descrevia, necessitando assim de instituições para que se vejam
representadas no debate político. Por meio de tais instituições, o povo poderia ser representado por
uma pessoa coletiva, e sua vontade seria assim dirigida ao bem-estar geral e à conservação comum,
por meio da Vontade Geral descrita por Rousseau, que difere da opinião pública, uma vez que esta
última não exerce de maneira manipuladora o poder, apenas na esfera da opinião pública não
pública, conforme podemos observar na primeira citação.
O juízo orientador descrito nesta citação trata-se do Legislador, que por sua vez tem sua
necessidade destacada pela segunda citação. O Legislador tem por seu papel não somente regular
por meio das leis a sociedade civil, mas também o papel pedagógico de administrar ao povo a
educação que transfoma os homens que necessitam de determinadas leis, naqueles que não
necessitam delas, gerando assim uma legislação específica para cada caso da população. Por
exemplo de o que Rousseau quis dizer com tal aspecto pedagógico da legislação ao povo, podemos
tomar o exemplo do Artigo 121 (Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940) do Código Penal
Brasileiro que objetiva o ato do assassinato. Na atual situação do país, não é mais necessário ensinar
ao povo que matar é um ato errado e que quem comete-lo estará sujeito à medidas punitivas. Essa
informação já foi incorporada ao saber comum do povo, tornando assim a função do Legislador
avançar em direções mais abstratas do comportamento humano, objetivamente na mesma direção
que prevê a Vontade Geral.
E assim chegamos nas Festas Populares, ambiente descrito por Rousseau
2- Leia atentamente as três citações e correlacione-as buscando discorrer sobre o vínculo entre
crítica ao estado de natureza, eticidade, carecimentos e sociedade civil no pensamento político de
Hegel: “Para o senso comum, que se mantém em uma turva mistura entre aquilo que é em si e
aquilo que é passageiro, nada é mais apreensível [begreiflicher] que ele pudesse encontrar o que é
em si, de maneira que ele viesse separar da imagem misturada do estado de direito tudo o que é
arbitrário e contingente, de modo que teria de lhe sobrar por esta abstração somente o
absolutamente necessário; caso se extraísse por pensamento tudo o que um pressentimento turvo
pode contar sob o particular e o passageiro, como pertencendo aos costumes particulares, à
histórica, à formaçãocultural e também ao Estado, resta o ser humano sob a imagem do estado de
natureza em sua nudez, ou a abstração do ser humano com suas possibilidades essenciais, e só se
tem de olhar [hinzusehen] para se encontrar que é necessário… Ora, nesta separação do que se
tem falado, falta em primeiro lugar, de uma maneira geral, ao empirismo, todo critério a respeito
do lugar onde passaria o limite entre o contingente e o necessário, [a respeito] disto que, assim, no
caos do estado de natureza ou na abstração do ser humano, deveria permanecer e do que deveria
ser deixado de lado” (Hegel, G.W.F. Sobre as maneiras científicas de tratar o direito natural, p.46)

“ A pessoa concreta, que como particular é fim [Zweck] para si, enquanto ela é um todo de
carecimentos [Ganze von Bedürfnisse] e uma mistura de necessidade natural e arbítrio, é um
princípio da sociedade civil, — mas a pessoa particular, enquanto ela está essencialmente em
relação a outra tal particularidade, assim que cada uma se faça valer e se satisfaça mediada pela
outra e, ao mesmo tempo, pura e simplesmente só enquanto mediada pela forma da
universalidade, é o outro princípio” (Hegel, G.W.F. Linhas Fundamentais da Filosofia do Direito
§190)

“O animal tem um círculo restrito de meios e modos de satisfação de seus carecimentos


igualmente restritos. O ser humano, mesmo nessa dependência, pravo o seu ir além da mesma e a
sua universalidade […]” (Hegel, G.W.F. Linhas Fundamentais da Filosofia do Direito §190)
1- Leia atentamente as três citações abaixo e discorra sobre a passagem entre sociedade civil e
Estado para o jovem Marx: “Precisamente porque ‘subordinação’ e ‘dependência’ são relações
externas, que restringem e se contrapõem à essência autônoma, é a relação da ‘família’ e da
‘sociedade civil’ com o Estado aquela da ‘necessidade externa’, de uma necessidade que vai contra
a essência interna da coisa” (K. Marx, Crítica da Filosofia do Direito de Hegel, p.28)

“Na democracia, o Estado político na medida em que ele se encontra ao lado desse conteúdo e
dele se diferencia, é ele mesmo um conteúdo particular, como uma forma de existência particular
do povo […]. Na democracia o Estado, como particular, é apenas particular, como universal é o
universal real, ou seja, não é uma determinidade em contraste com os outros conteúdos. Os
franceses modernos concluíram, daí, que na verdadeira democracia o Estado político desaparece.
O que está correto, considerando-se que o Estado político, como constituição, deixa de valer pelo
todo”. (K. Marx, Crítica da Filosofia do Direito de Hegel, p. 50-51)

“Na formação de uma classe que tenha cadeias radicais, de uma classe na sociedade civil que não
seja uma classe da sociedade civil […] de uma esfera que possua caráter universal porque os seus
sofrimentos são universais e que não exige uma reparação particular porque o mal que lhe é feito
não é um mal particular, mas o mal em geral […] a perda total da humanidade, portanto, só pode
redimir-se a si mesma por uma redenção total do homem. A dissolução da sociedade, como classe
particular, é o proletariado” (K. Marx, Introdução à Crítica da Filosofia do Direito de Hegel, p.155-6)

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