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Entrai pela porta estreita (larga é a porta, e espaçoso, o caminho que conduz para a

perdição, e são muitos os que entram por ela), porque estreita é a porta, e apertado,
o caminho que conduz para a vida, e são poucos os que acertam com ela. (Mt 7.13-
14).

O quadro panorâmico é bastante claro: há duas portas, dois caminhos, duas multidões,
dois destinos. A porta “estreita” (“estreita” origina-se do lat. strictum, nada é dito
sobre a porta ou o caminho ser “reto”, apesar da frase moderna: “Reto e estreito”) é
claramente restritiva e não permite a entrada do que Jesus proíbe. A porta “larga”
parece muito mais convidativa. O caminho “amplo” (não "fácil”, NTLH) é espaçoso e
acomoda a multidão e sua bagagem, o outro caminho é “apertado, Todavia, os dois
caminhos nao são o fim em si mesmos. O caminho apertado leva à vida, ou seja, ao
reino consumado (cf. w. 21-23; evangelho de João); mas o caminho amplo leva à
apôleia (“perdição”) — “destruição definitiva não no mero sentido da extinção da
existência física, mas, antes, à imersão eterna no Hades e ao irremediável destino da
morte”

A vida sempre tem certa qualidade dramática, porque tal como foi dito: "Quando um
homem se encontra em uma encruzilhada, concentra-se sobre ele toda a vida". Cada
ação da vida confronta o homem com uma decisão iniludível; não pode permanecer
impassível. Sempre deve escolher um caminho ou outro. Por isso, uma das funções
mais importantes de todos os grandes homens da história, foi enfrentar a seus
contemporâneos com essas decisões iniludíveis.

Quando se aproximava o fim de sua vida, Moisés falou com seu povo e lhes disse: "Vê
que proponho, hoje, a vida e o bem, a morte e o mal.., escolhe, pois, a vida, para que
vivas, tu e a tua descendência..." (Deuteronômio 30:15-20). Quando Josué estava a
ponto de transmitir o mando de seu povo, ao final de sua vida, enfrentou-os com a
mesma eleição: "Escolhei hoje a quem sirvais" (Josué 24:15). Jeremias ouviu a voz de
Deus que lhe dizia: "A este povo dirás: Assim diz o SENHOR: Eis que ponho diante de
vós o caminho da vida e o caminho da morte" (Jeremias 21:8).

É esta a decisão que Jesus põe diante dos homens nesta passagem. Há um caminho
largo e fácil de transitar, e há muitos que o escolhem; mas o fim dos que andam por
ele é a ruína. Há um caminho estreito e difícil, e muito poucos são os que vão por ele;
mas o fim deste é a vida. Ceve, o discípulo do Sócrates, escreveu em sua obra Tábula:
"Vê uma porta e em frente um caminho não muito transitado, pois os viajantes são
poucos? Esse é o caminho que conduz à verdadeira instrução."
Tema: O que Jesus nos ensina com os dois caminhos?

1- Um é o da autossatisfação e o outro da renúncia.

Nunca há vias fáceis que conduzam à grandeza; esta sempre é produto do esforço.
Hesíodo, o antigo poeta grego, escreve: "A maldade pode se ter em abundância com
facilidade, o atalho é liso, e ela habita muito perto; mas frente à virtude os deuses
imortais colocaram o suor."Epicarmo disse: "Os deuses nos exigem trabalho duro,
como preço de todas as coisas boas." O homem ardiloso não deseja as coisas brandas",
adverte, "porque terminará recebendo as duras".

Mesmo que algo se faz com aparente facilidade, essa facilidade mesma é, sem dúvida,
o resultado de muito trabalho duro e perseverante. A habilidade do concertista de
piano, ou a do campeão no campo de golfe, não se alcança sem muito suor.

Os que entram pela porta larga e caminho espaçoso, são aqueles que buscam realizar-
se em si mesmos, que se auto proclamam deuses, que declaram sua autossuficiência,
acreditam que podem encontrar seu próprio caminho, como fez adão e Eva que
buscaram a auto satisfação fora de Deus, acreditando que comendo aquele fruto,
estariam realizados, como a geração de Noé, que recusaram entrar na porta da arca,
porque preferiram os prazeres terrenos, como a mulher de Ló, que mesmo no
Caminho fora da destruição, volta pelo caminho da autossatisfação, pois seu coração
estava realizado nas campinas e nas riquezas terrenas que ela possuía, como Balaão
que por uma quantia de ouro, quis amaldiçoar o povo de Deus, como Judas, que
mesmo estando com Cristo, busca autossatisfação traindo e o vendendo por 30
moedas de prata.

Os que entram pela porta apertada e caminho estreito, são aqueles que já foram
comprados por Cristo, são aqueles que encontram satisfação plena em Deus, são os
humildes de espírito, são os consolados por Deus, os mansos, os que vivem em justiça
e retidão, que praticam a misericórdia, os limpos de coração, os pacificadores, que
sofrem perseguições por causa do nome de Cristo. (Mt 5.3-11)
São aqueles que não vivem mais para si mesmos, porque entendem que agora eles
morreram para sua vida de pecado, vergonha e dor, e agora foram ressuscitados com
Cristo, e esta vida que agora vivem, vivem na fé no filho de Deus. (Gl 2.20)
Como Abraão que oferece o seu único filho porque entendeu que Deus era tudo que
ele precisava, porque foi obediente á voz do Senhor, porque renunciou seu próprio
filho, aquilo que lhe era mais precioso, quando renuncia seu filho, ele renuncia a sua
própria vida, e não só isso, toda a sua posteridade estaria comprometida, ele não teria
mais herdeiros. Como tantos outros na história, renunciaram suas vidas, porque na
verdade eles encontraram a verdadeira vida, e seu real significado.
Aplicação: A grande questão é:
Em que caminho você se encontra? Na autossatisfação ou da renuncia?
Suas atitudes tem demonstrado que você tem renunciado sua vida? Suas paixões?
Seus pecados? Quais tem sido suas prioridades? Quanto de sua vida é dedicada ao
Reino de Deus? Quanto de seus projetos Deus é prioridade?

2- Um é o da rebelião o outro da sujeição.

Nada se obteve jamais sem uma estrita disciplina. Muitos atletas e muitos homens
comuns arruinaram suas possibilidades por abandonar a disciplina e permitir uma
atitude descuidada.

Coleridge é a suprema tragédia da indisciplina. Nunca houve uma mente tão grande
que produzisse tão pouco. Abandonou a Universidade de Cambridge para entrar no
exército; abandonou o exército porque, apesar de sua erudição, não podia pôr o
cabresto num cavalo. Ingressou em Oxford, para reiniciar seus estudos, mas também
saiu desta universidade sem obter grau acadêmico algum. Lançou um periódico,
chamado The Watchman e o abandonou depois de publicar dez números. Tem-se dito
a seu respeito: "Perdia-se em visões de trabalho que seria bom fazer mas que jamais
faria. Coleridge possuiu todos os dons que fazem um grande poeta, exceto um, o da
concentração no trabalho." Em sua cabeça e sua mente tinha inumeráveis livros,
segundo ele mesmo dizia: "terminados, embora falta escrevê-los". "Estou em
vésperas", diz, de enviar à imprensa dois volumes em oitavo." Mas os livros nunca
foram compostos fora de sua mente, por não submeter-se à disciplina de sentar-se a
escrevê-los.

3- Um é temporal e outro Eterno.

Aqui chegamos ao centro do problema. Ninguém escolheria o caminho fácil, curto e


indisciplinado se refletisse sobre o assunto. Neste mundo tudo tem dois aspectos – o
que tem no momento e o que terá amanhã. O caminho fácil poderá parecer muito
tentador no momento, e o caminho difícil muito pouco atrativo. A única forma de
organizar corretamente nossa escala de valores é ver não somente o princípio, mas
também a meta de nossos caminhos, ou seja ver todas as coisas não somente à luz do
tempo, mas também à luz da eternidade.

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