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Processos excluídos deste informativo esquematizado por não terem sido concluídos em virtude de pedidos de vista ou
sobrestamento: ADI 4650/DF; RE 565089/SP; RHC 117752/DF; HC 119314/PE.
Julgados excluídos por terem menor relevância para concursos públicos ou por terem sido decididos com base em
peculiaridades do caso concreto: MS 28279 ED/DF; RHC 120356/DF.
ÍNDICE
Direito Constitucional
CE pode prever que compete à ALE autorizar empréstimos, acordos e convênios que acarretem encargos ou
compromissos gravosos ao patrimônio estadual.
CE não pode exigir autorização da ALE para que o Governador (ou o Vice) se ausente do país qualquer que seja o prazo.
CE não pode atribuir iniciativa da lei de organização judiciária ao Governador do Estado nem prever a criação de
Conselho Estadual de Justiça.
Lei estadual pode regular procedimento para homologação judicial de acordo de alimentos com a participação da
Defensoria Pública.
Estado-membro tem competência para legislar sobre procedimentos do IP desde que não viole as normas gerais
da União.
Lei estadual não pode fixar prioridades na tramitação dos processos judiciais.
Direito Administrativo
Inconstitucionalidade de efetivação de substituto em cartório após a CF/88.
Direito Civil
A capacidade de suceder é regida pela lei da época da abertura da sucessão.
DIREITO CONSTITUCIONAL
CE pode prever que compete à ALE autorizar empréstimos, acordos e convênios que acarretem
encargos ou compromissos gravosos ao patrimônio estadual
De fato, o art. 49, I, da CF/88 prevê, como competência exclusiva do Congresso Nacional, resolver sobre
acordos ou tratados internacionais que acarretem encargos ou compromissos gravosos ao patrimônio nacional.
A CE/PB vai além e prevê que a Assembleia Legislativa tem o poder de autorizar e resolver empréstimos,
acordos e convênios que acarretem encargos ou compromissos gravosos ao patrimônio estadual.
Os Ministros entenderam que a intenção do constituinte estadual em conferir maior controle dessas
operações à Assembleia Legislativa não é irrazoável.
De igual forma, essa previsão não viola a separação dos poderes. Ao contrário, o fortalecimento do
controle desses atos implica prestigiar os mecanismos de checks and balances, não caracterizando invasão
de competências.
Princípio da simetria
Segundo o princípio ou regra da simetria, o legislador constituinte estadual, ao elaborar as normas da
Constituição estadual sobre os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário e sobre as regras do pacto
federativo, deverá observar, em linhas gerais, o mesmo modelo imposto pela Constituição Federal, a fim
de manter a harmonia e independência entre eles.
Ex: a CE não pode estabelecer que o projeto de lei para a criação de cargos na administração pública
estadual é de iniciativa parlamentar. Tal previsão violaria o princípio da simetria, já iria de encontro ao
modelo federal imposto pelo art. 61, § 1º, I, “b”, da CF/88.
O princípio da simetria não está previsto de forma expressa na CF/88. Foi uma criação pretoriana, ou seja,
idealizado pela jurisprudência do STF.
Alguns Ministros invocam como fundamento normativo para a sua existência, o art. 25 da CF e o art. 11 do
ADCT, que determinam aos Estados-membros a observância dos princípios da Constituição da República.
CE não pode exigir autorização da ALE para que o Governador (ou o Vice) se ausente do país
qualquer que seja o prazo
Art. 81. O Governador e o Vice-Governador não poderão, sem licença da Assembleia Legislativa, ausentar-
se do País, por qualquer tempo, nem do Estado, por mais de quinze dias, sob pena de perda do cargo.
O STF entendeu que tais previsões violam o princípio da separação dos poderes.
O legislador constituinte estadual excedeu-se, ao prever que a ausência do Governador ou do Vice para o
exterior por qualquer tempo deve ter prévia autorização da Assembleia Legislativa.
Essa regra de “por qualquer tempo” está em desacordo com o parâmetro estabelecido pela CF/88,
considerando que, para o Presidente da República, somente se exige autorização do Congresso Nacional
se a ausência for superior a 15 dias. Desse modo, houve violação ao princípio da simetria. Confira:
Art. 49. É da competência exclusiva do Congresso Nacional:
III - autorizar o Presidente e o Vice-Presidente da República a se ausentarem do País, quando a ausência
exceder a quinze dias;
Esse enunciado afirma que é vedada a criação, nos Estados-membros, de Conselho Estadual de Justiça,
com a participação de representantes de outros Poderes ou entidades, considerando que isso viola o
princípio da separação dos Poderes (art. 2º, da CF/88).
Deve-se esclarecer que o raciocínio dessa Súmula 649 não pode ser aplicado para o Conselho Nacional de
Justiça, uma vez que, segundo decidiu o STF, o CNJ é um órgão interno do Poder Judiciário (art. 92, I-A, da
CF/88) e em sua composição apresenta maioria qualificada de membros da magistratura (art. 103-B).
Além disso, o Poder Legislativo estadual, ao contrário do Congresso Nacional, não possui competência
para instituir conselhos, internos ou externos, para fazer o controle das atividades administrativas,
financeiras e disciplinares do Poder Judiciário. O STF afirmou que o Poder Judiciário é nacional e, nessa
condição, rege-se por princípios unitários enunciados pela CF (STF ADI 3367, julgado em 13/04/2005).
Em suma, o CNJ é constitucional, mas os Estados-membros não podem criar Conselhos Estaduais de Justiça.
Importante!!!
É constitucional lei estadual que regula procedimento para homologação judicial de acordo
sobre a prestação de alimentos firmada com a intervenção da Defensoria Pública. Isso porque
tal legislação está inserida na competência concorrente (art. 24, XI, da CF/88).
STF. Plenário. ADI 2922/RJ, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 3/4/2014.
ADI 2922/RJ
O Procurador-Geral da República ajuizou uma ADI contra essa lei, alegando que ela conteria uma
inconstitucionalidade formal por violar a competência privativa da União para legislar sobre direito civil e
processual civil (art. 22, I, da CF/88).
Para o STF, a Lei impugnada não dispõe sobre Direito Civil e Processual Civil. Na verdade, a Lei fluminense
trata sobre critérios procedimentais em matéria processual. A competência para editar normas sobre
procedimento é concorrente, conforme prevê o art. 24, XI:
Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre:
XI - procedimentos em matéria processual;
Dessa feita, em matéria de procedimento, cabe à União estabelecer as normas gerais (art. 24, § 1º) e os
Estados têm competência para suplementar, ou seja, complementar (detalhar) essas normas gerais.
Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados exercerão a competência legislativa plena, para
atender a suas peculiaridades (art. 24, § 3º).
No caso, a Lei estadual está prevendo a possibilidade de o Defensor Público atuar junto ao juiz no sentido
de promover a homologação do acordo judicial, atividade inserida no âmbito de atuação profissional
daquele, ao encontro da desjudicialização e desburocratização da justiça.
Estado-membro tem competência para legislar sobre procedimentos do IP desde que não viole
as normas gerais da União
Atenção! MP e Delegado
É INCONSTITUCIONAL lei estadual que preveja a tramitação direta do inquérito policial entre a
polícia e o Ministério Público.
É CONSTITUCIONAL lei estadual que preveja a possibilidade de o MP requisitar informações
quando o inquérito policial não for encerrado em 30 dias, tratando-se de indiciado solto.
STF. Plenário. ADI 2886/RJ, red. p/ o acórdão Min. Joaquim Barbosa, julgado em 3/4/2014.
ADI
A então Governadora do Estado ajuizou uma ADI alegando que esses dispositivos seriam inconstitucionais
por violarem a competência privativa da União para legislar sobre direito processual (art. 22, I, da CF/88).
Dessa feita em matéria de procedimento, cabe à União estabelecer as normas gerais (art. 24, § 1º) e os
Estados têm competência para suplementar, ou seja, complementar (detalhar) essas normas gerais.
Logo, o Estado tinha competência para legislar sobre o tema, mas ao fazê-lo somente poderia
complementar as normas gerais. Ocorre que esse inciso IV estabeleceu uma regra contrária a norma geral
editada pela União. Assim, o inciso IV é inconstitucional por violar o § 1º do art. 24 da CF/88.
Lei estadual não pode fixar prioridades na tramitação dos processos judiciais
Para o STF, a fixação de prioridades na tramitação dos processos judiciais é matéria de Direito Processual,
cuja competência é privativa da União (art. 22, I, CF/88).
A referida lei estadual, apesar de ser muito relevante do ponto de vista social, indiscutivelmente trata
sobre matéria processual e, por isso, invadiu esfera reservada à União.
O Supremo, por diversas vezes, reafirmou a ocorrência de vício formal de inconstitucionalidade de normas
estaduais que exorbitem de sua competência concorrente para legislar sobre procedimento em matéria
processual, adentrando aspectos típicos do processo, como competência, prazos, recursos, provas, entre
outros.
DIREITO ADMINISTRATIVO
2º) O art. 236 da CF/88 seria uma norma constitucional de eficácia limitada, de forma que somente
produziu todos os seus efeitos, inclusive a exigência do concurso público (prevista no § 3º), com a edição
da Lei n. 8.935/94, que regulamentou o referido dispositivo:
Art. 236. Os serviços notariais e de registro são exercidos em caráter privado, por delegação do Poder Público.
(...)
§ 3º - O ingresso na atividade notarial e de registro depende de concurso público de provas e títulos, não
se permitindo que qualquer serventia fique vaga, sem abertura de concurso de provimento ou de
remoção, por mais de seis meses.
3º) Houve fato consumado, que não mais pode ser revisto, sob pena de violação aos princípios da
segurança jurídica, da confiança e do direito adquirido.
2ª) O art. 236, § 3º, da CF é uma norma constitucional autoaplicável. Logo, mesmo antes da edição da Lei
n. 8.935/1994, ela já tinha plena eficácia e o concurso público era obrigatório como condição para o
ingresso na atividade notarial e de registro.
3º) Inexiste direito adquirido à efetivação na titularidade de cartório quando a vacância do cargo ocorre na
vigência da Constituição de 1988, que exige a submissão a concurso público (art. 236, § 3º).
Os princípios republicanos da igualdade, da moralidade e da impessoalidade devem nortear a ascensão às
funções públicas.
Além disso, o impetrante não pode invocar o princípio da confiança (consectário da segurança jurídica)
porque este postulado exige que a pessoa esteja de boa-fé, o que não era o caso já que a
inconstitucionalidade era manifesta.
Ficaram vencidos a Min. Rosa Weber e o Min. Marco Aurélio, que concediam a segurança. Observavam
que o CNJ teria cassado atos praticados por tribunal de justiça há mais de dez anos. Além disso, realçavam
não estar descaracterizada a boa-fé dos impetrantes.
Vale destacar que o entendimento acima manifestado já havia sido adotado pelo STF, sendo o MS
28.279/DF o leading case. Veja trechos da ementa:
DIREITO CIVIL
O art. 377 do CC-1916 previa que o filho adotivo, nessa situação, não tinha direito à sucessão
hereditária. Essa regra vigorou e foi válida até a promulgação da CF/88, quando, então, não foi
recepcionada pelo art. 227, § 6º.
Se a morte ocorreu antes da CF/88, o juiz, ao analisar se a pessoa tem ou não capacidade para
suceder (ser herdeiro), deverá levar em consideração o art. 377 do CC-1916, não podendo ser
aplicado retroativamente o disposto no art. 227, § 6º, da CF/88 para considerar o art. 377 inválido.
STF. Plenário. AR 1811/PB, rel. orig. Min. Eros Grau, red. p/ o acórdão Min. Dias Toffoli, julgado em
3/4/2014.
De acordo com o Código Civil de 1916, o filho adotivo (que foi adotado após o casal já ter filhos
biológicos) tinha direito à herança?
NÃO. O art. 377 do CC-1916 previa que o filho adotivo, nessa situação, não tinha direito à sucessão
hereditária.
Essa previsão da CF/88 foi inovadora. A partir daí, todo e qualquer filho passou a gozar dos mesmos
direitos e da mesma proteção, não importando para mais nada saber se ele é biológico ou adotivo, se
resultante de casamento ou não.
Com isso, o art. 377 do CC-1916 e todos os outros dispositivos que previam diferenças de tratamento entre
filho biológico e adotivo foram considerados não recepcionados pela CF/88 (em sentido atécnico: “revogados”).
Diante da promulgação da CF/88, Clara ajuizou ação rescisória com o objetivo de desconstituir a
sentença que a excluiu da herança. Afirmou que o art. 227, § 6º da CF/88 deveria ser aplicado
imediatamente, inclusive para a sua situação. É possível acolher a tese de Clara?
NÃO. O art. 377 do CC-1916 vigorou e foi válido até a promulgação da CF/88, quando, então, não foi
recepcionado pelo art. 227, § 6º.
O juiz, ao analisar se alguém tem ou não capacidade para suceder (ser herdeiro), deverá levar em
consideração as regras válidas no momento da abertura da sucessão, ou seja, no dia da morte.
Logo, não é possível aplicar retroativamente o disposto no art. 227, § 6º, da CF/88, já que a abertura da
sucessão ocorreu em 1987.
Atenção! MP e Delegado
É INCONSTITUCIONAL lei estadual que preveja a tramitação direta do inquérito policial entre a
polícia e o Ministério Público.
É CONSTITUCIONAL lei estadual que preveja a possibilidade de o MP requisitar informações
quando o inquérito policial não for encerrado em 30 dias, tratando-se de indiciado solto.
STF. Plenário. ADI 2886/RJ, red. p/ o acórdão Min. Joaquim Barbosa, julgado em 3/4/2014.
O que o juiz faz com o IP que recebeu (sendo crime de ação penal pública)?
Ele determina que seja dada vista dos autos ao Ministério Público.
Quando receber o IP, o Promotor de Justiça terá quatro opções:
a) Oferecer denúncia contra a pessoa suspeita de ter cometido o crime, caso entenda que já há indícios
suficientes de autoria e prova da materialidade;
b) Requerer ao juiz que devolva os autos ao Delegado de Polícia para que sejam realizadas novas
diligências investigatórias, se entender que ainda não há elementos informativos suficientes;
c) Requerer ao juiz o arquivamento do inquérito policial, caso conclua que não há crime ou que não
existem “provas” suficientes, mesmo já tendo sido feitas todas as diligências investigatórias possíveis;
d) Requerer ao juiz que decline a competência ou que suscite conflito de competência, caso avalie que o
atual juízo não é competente para apurar o delito investigado.
ADI 2886/RJ
A então Governadora do Estado ajuizou uma ADI contra o dispositivo alegando que seria inconstitucional
por violar a competência privativa da União para legislar sobre direito processual (art. 22, I, da CF/88).
Primeira pergunta: esse inciso IV é, de fato, uma norma sobre direito PROCESSUAL penal?
NÃO. A premissa invocada na ADI está equivocada. O referido inciso trata sobre a tramitação de inquérito
policial. O IP possui natureza jurídica de procedimento. Logo, esse dispositivo é uma norma que versa
sobre PROCEDIMENTO em matéria processual (não é uma norma processual).
A competência para legislar sobre PROCESSO é privativa da União (art. 22, I). No entanto, a competência
para editar normas sobre PROCEDIMENTO é concorrente, conforme prevê o art. 24, XI da CF/88:
Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre:
XI - PROCEDIMENTOS em matéria processual;
Dessa feita, em matéria de procedimento, cabe à União estabelecer as normas gerais (art. 24, § 1º) e os
Estados têm competência para suplementar, ou seja, complementar (detalhar) essas normas gerais.
Segunda pergunta: a União editou normas gerais prevendo o PROCEDIMENTO do inquérito policial?
SIM. As normas procedimentais sobre o inquérito policial estão previstas principalmente no Código de
Processo Penal. Essas são as normas gerais trazidas pela União conforme autoriza o § 1º do art. 24 da
CF/88.
Logo, agora resta avaliarmos se o inciso IV do art. 35 da LC estadual n. 106/2003 está de acordo com as
normas gerais (CPP).
ADI 4305
A Resolução n. 063/2009-CJF também foi impugnada no STF por meio da ADI n. 4305, ajuizada pela
Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal. O Relator é o Min. Ricardo Lewandowski e não há
previsão de julgamento.
Diante desse precedente acima explicado, existe um risco de que a ADI 4305 seja julgada procedente já
que o STF considerou que o § 1º do art. 10 do CPP ainda é válido.
Existe, no entanto, a possibilidade de que o Supremo decida de forma diferente. Isso porque o veredicto
na ADI 2886/RJ foi construído por apertada maioria e dois Ministros que participaram da corrente
vencedora já estão aposentados (Eros Grau e Carlos Velloso).
O CPP prevê que o valor da fiança poderá ser reduzido ou até dispensado se assim recomendar
a situação econômica do preso. Logo, o juiz, para indeferir o pedido da defesa para dispensa da
fiança, deverá fundamentar sua decisão na análise da capacidade econômica do agente. Não se
pode, portanto, manter a fiança sem levar em consideração esse fator essencial.
STF. 2ª Turma. HC 114731, rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 1º/4/2014.
Conceito
Fiança é...
- uma caução em dinheiro ou outros bens (garantia real)
- prestada em favor do indiciado ou réu
- para que ele possa responder o inquérito ou o processo em liberdade
- devendo cumprir determinadas obrigações processuais
- sob pena de a fiança ser considerada quebrada
- e ele ser preso cautelarmente.
Natureza jurídica
A fiança é uma espécie de medida cautelar (art. 319, VIII, do CPP).
Valor da fiança
Atenção: tanto o magistrado como o Delegado podem reduzir ou aumentar os valores da fiança, mas a
dispensa só quem pode autorizar é a autoridade judiciária.
Quais os critérios que devem ser levados em consideração no momento da fixação do valor?
Para determinar o valor da fiança, a autoridade levará em consideração:
a natureza da infração;
as condições pessoais de fortuna do indiciado/acusado (condições econômicas);
a sua vida pregressa;
as circunstâncias indicativas de sua periculosidade;
o valor provável das custas do processo, até final julgamento.
CLIPPING DO D JE
31 de março a 4 de abril de 2014
RHC N. 118.109-RS
RELATORA: MIN. ROSA WEBER
RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. IMPETRAÇÃO DENEGADA NO STJ POR INADEQUAÇÃO DA VIA ELEITA. FURTO.
PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. REINCIDÊNCIA. REPROVABILIDADE DA CONDUTA.
1. O Superior Tribunal de Justiça observou os precedentes da Primeira Turma desta Suprema Corte que não vêm admitindo a utilização de habeas
corpus em substituição a recurso constitucional.
2. Avalia-se a pertinência do princípio da insignificância, em casos de pequenos furtos, a partir não só do valor do bem subtraído, mas também de
outros aspectos relevantes da conduta imputada.
3. A reincidência revela reprovabilidade suficiente a afastar a aplicação do princípio da insignificância (ressalva de entendimento da Relatora).
4. Recurso ordinário em habeas corpus a que se nega provimento.
*noticiado no Informativo 719
Acórdãos Publicados: 481
Concurso Público - Procedimentos Penais - Ausência de Condenação Irrecorrível - Presunção Constitucional de Inocência -
Exclusão do Candidato - Inadmissibilidade (Transcrições)
ARE 733.957-AgR/CE*
RELATOR: Ministro Celso de Mello
EMENTA: CONCURSO PÚBLICO. AGENTE PENITENCIÁRIO. INVESTIGAÇÃO SOCIAL. VIDA PREGRESSA DO CANDIDATO.
EXISTÊNCIA DE REGISTROS CRIMINAIS. PROCEDIMENTOS PENAIS DE QUE NÃO RESULTOU CONDENAÇÃO CRIMINAL
TRANSITADA EM JULGADO. EXCLUSÃO DO CANDIDATO. IMPOSSIBILIDADE. TRANSGRESSÃO AO POSTULADO
CONSTITUCIONAL DA PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA (CF, ART. 5º, LVII). RECURSO EXTRAORDINÁRIO A QUE SE NEGA
SEGUIMENTO.
- A exclusão de candidato regularmente inscrito em concurso público, motivada, unicamente, pelo fato de existirem registros de infrações
penais de que não resultou condenação criminal transitada em julgado vulnera, de modo frontal, o postulado constitucional do estado de
inocência, inscrito no art. 5º, inciso LVII, da Lei Fundamental da República. Precedentes.
DECISÃO: Reconsidero a decisão ora agravada, restando prejudicado, em consequência, o exame do recurso contra ela interposto. Passo, desse
modo, a apreciar o presente agravo. E, ao fazê-lo, observo que o recurso extraordinário em questão foi interposto contra acórdão que, proferido
pelo E. Tribunal de Justiça do Estado do Ceará, está assim ementado:
“CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO. CONCURSO PÚBLICO PARA O CARGO DE AGENTE PENITENCIÁRIO.
CANDIDATO ELIMINADO NA FASE DE INVESTIGAÇÃO SOCIAL. INEXISTÊNCIA DE SENTENÇA CONDENATÓRIA COM
TRÂNSITO EM JULGADO. IMPOSSIBILIDADE DE EXCLUSÃO DE CANDIDATO. PRECEDENTES DO STF E DESTA CORTE DE
JUSTIÇA.
– Preliminar de necessidade de intimação dos outros candidatos na qualidade de litisconsortes afastada, visto que esses não possuem
ainda o direito líquido e certo à nomeação.
– No mérito, é entendimento consolidado, quer no Supremo Tribunal Federal, quer nesta Corte de Justiça que a fase de investigação
social deve ser realizada com temperança, haja vista que o princípio da presunção de inocência deve suplantar as situações em que o
candidato não tenha ainda sentença condenatória.
– No caso de que se cuida, foi constatado que o apelado recebeu a decretação de extinção da punibilidade, em processo que tramitou
na 1ª Vara de Delitos de Trânsito e teve arquivada outra ação, que correu na 11ª Unidade dos Juizados Cíveis e Criminais, não se prestando
qualquer delas para infirmar a idoneidade do candidato.
– Os honorários e custas foram fixados em consonância com as disposições do art. 20, § 4º, para as causas de pequeno valor, não
havendo necessidade de mudança.
– Recursos oficial e voluntário conhecidos, mas desprovidos.” (grifei)
O Estado do Ceará, ao deduzir o apelo extremo em referência, alega que o Tribunal de Justiça local teria transgredido os preceitos inscritos
no art. 2º e no art. 5º, “caput” e inciso LVII, da Constituição da República.
O Ministério Público Federal, em manifestação do eminente Procurador-Geral da República Dr. RODRIGO JANOT MONTEIRO DE
BARROS, opinou pelo improvimento do presente recurso de agravo, com apoio em parecer assim ementado:
“AGRAVO REGIMENTAL. CONCURSO PÚBLICO. AGENTE PENITENCIÁRIO. INVESTIGAÇÃO SOCIAL. ELIMINAÇÃO
DO CERTAME POR POSSUIR REGISTROS CRIMINAIS. SENTENÇA DE EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE E ARQUIVAMENTO
PELO ÓRGÃO MINISTERIAL. ELIMINAÇÃO QUE VIOLA O PRINCÍPIO DA PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA.
1. A questão constitucional acerca da possibilidade de exclusão de candidato de concurso público por possuir registro criminal, ainda
quando tenha obtido transação penal, sentença de extinção da punibilidade ou quando declarada a prescrição da pretensão punitiva do
Estado não se identifica, em todos os seus aspectos , com a questão constitucional cuja repercussão geral foi reconhecida nos autos do RE
560.900-RG (tema nº 22), referente à restrição à participação em concurso público de candidato que responde a processo criminal a
pressupor a exigência do trânsito em julgado.
2. A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, considerado o princípio da presunção de inocência (CF, art. 5º, LVII), tem reputado
inconstitucionais as exclusões de candidatos de concursos públicos pelo fato de ter respondido a processo-crime em que tenha obtido transação penal
ou sentença de extinção da punibilidade. Precedentes.
3. Parecer pelo desprovimento do agravo regimental.” (grifei)
Entendo revelar-se inviável o recurso extraordinário a que se refere o presente agravo, eis que a pretensão jurídica deduzida pelo Estado do
Ceará mostra-se colidente com a presunção constitucional de inocência, que se qualifica como prerrogativa essencial de qualquer cidadão,
impregnada de eficácia irradiante, o que a faz projetar-se sobre todo o sistema normativo, consoante decidiu o Supremo Tribunal Federal em
julgamento revestido de efeito vinculante (ADPF 144/DF, Rel. Min. CELSO DE MELLO).
Com efeito, a controvérsia suscitada na presente causa já foi dirimida, embora em sentido diametralmente oposto ao ora sustentado pelo
Estado do Ceará, por ambas as Turmas do Supremo Tribunal Federal que reafirmaram a aplicabilidade, aos concursos públicos, da presunção
constitucional do estado de inocência:
“CONCURSO PÚBLICO – CAPACITAÇÃO MORAL – PROCESSO-CRIME – PRESCRIÇÃO. Uma vez declarada a prescrição da
pretensão punitiva do Estado, descabe evocar a participação do candidato em crime, para se dizer da ausência da capacitação moral exigida
relativamente a concurso público.”
OUTRAS INFORMAÇÕES
31 de março a 4 de abril de 2014
Decreto nº 8.219, de 28.3.2014 - Altera o Decreto nº 7.535, de 26.7.2011, que institui o Programa Nacional de
Universalização do Acesso e Uso da Água - “ÁGUA PARA TODOS”, para dispor sobre a criação de Conselhos
Consultivos. Publicado no DOU em 31.3.2014, Seção 1, p. 7.
SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL (STF)
Feriado - Secretaria - Expediente Forense - Prazo Processual. Portaria de Prazo nº 63/STF, de 1º de abril de
2014 - Comunica que não haverá expediente na Secretaria do Tribunal nos dias 16, 17, 18 e 21 de abril de 2014. E
comunica, também, que os prazos que porventura devam iniciar-se ou completar-se nesses dias ficam automaticamente
prorrogados para o dia 22 de abril subsequente (terça-feira). Publicada no DJE/STF, n. 66, p. 433, em 3.4.2014.