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Dedicatória

ESTE LIVRO É dedicado a pastores do mundo inteiro que estão conduzindo as


suas igrejas em um processo de transição para se tornarem igrejas com propósitos.
Oro para que este livro os guie.
Este livro é dedicado a líderes leigos do mundo todo que anseiam pelo que Deus
quer fazer em sua igreja. Oro para que ele os encoraje.
Este livro é dedicado aos milhões de pessoas que não freqüentam a igreja. E às
pessoas que deixaram a igreja, mas não abandonaram a Deus. Oro para que este
livro capacite as igrejas a tocar o coração dessa gente.
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Agradecimentos

AGRADEÇO À MINHA família: Mary, Jered e Danna. Vocês me conhecem melhor


que ninguém e me amam mais que qualquer pessoa. Vocês são a alegria de minha
vida. Agradeço a meus outros familiares, Jay e Michelle, cuja ajuda é muito
importante. Vocês são o encorajamento de minha vida. Agradeço à minha família
da igreja, que serviu de laboratório para as verdades deste livro. Vocês são a melhor
igreja que conheço. Agradeço aos pastores aos quais tenho o privilégio de servir na
Flamingo Road. Esta história é tanto de vocês quanto minha. Vocês são
incomparáveis. Agradeço a Lyman Coleman, que tornou este sonho possível. Você
é um verdadeiro visionário. Agradeço a Jesus Cristo, de quem fluem todas as
bênçãos. Tu és o amor de minha vida.
Sumário

Dedicatória 5
Agradecimentos 7
Prefácio á edição original 11
Prefácio á edição brasileira 13
O que é uma igreja com propósitos 17
A história da igreja Flamingo Road 21
Introdução 25
Panorama, conteúdo e recapitulação 29
Primeira etapa: Preparar-se para a visão 33
Segunda etapa: Definir a visão 55
Terceira etapa: Implantar a visão 77
Quarta etapa: Compartilhar a visão 93
Quinta etapa: Implementar a visão 105
Sexta etapa: Lidar com a oposição 119
Sétima etapa: Fazer ajustes de percurso 137
Oitava etapa: Avaliar os resultados 157
Conclusão 175
Livro de exercícios 181
5
11

Prefácio à edição original

DESDE A PUBLICAÇÃO de Uma igreja com propósitos nos EUA,1 em 1995, os


princípios para construir uma igreja fundamentada no Grande Mandamento de
Cristo e na Grande Comissão foram apresentados a mais de quinhentos mil líderes
de igrejas do mundo inteiro. Atualmente, dezenas de milhares de igrejas estão
fazendo a transição e deixando de se orientar por programas para seguir propósitos.
Uma onda extraordinária de renovação e reavivamento está inundando essas igrejas
que anseiam por mudanças.
Um dos exemplos mais estimulantes e encorajadores disso é o que está
acontecendo na igreja Flamingo Road, em Fort Lauderdale, na Flórida, sob a
dinâmica liderança do pastor Dan Southerland. Dan é um líder sábio e maduro.
Levou a sua congregação para a renovação, para a vitalidade e para um crescimento
espantoso por meio de um processo de transição brilhante e gradual.
Como resultado, a freqüência em sua igreja cresceu de trezentas pessoas para
mais de duas mil! Ainda mais estimulante é o fato de que mais de 60% dos
indivíduos que ele alcança não têm igreja. Não se trata de uma igreja que cresceu à
custa

'Este livro foi publicado pela Editora Vida em 1997. (N. do E.'
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de outras. Aliás, embora a sua congregação tenha crescido, ela serviu de


instrumento para a implantação de dezesseis novas igrejas.
Estabelecer propósitos não tem nada que ver com denominação, estilo de culto,
alvo evangelístico, tamanho ou localização. A essência do paradigma de seguir um
propósito é uma estratégia e uma estrutura simples e bíblica que confere a mesma
ênfase dada a todos os cinco propósitos do Novo Testamento para a igreja. A
maioria das igrejas costuma dar mais ênfase a um dos propósitos (evangelização,
discipulado, adoração, ministério ou comunhão) em detrimento dos demais. Isso
sempre traz desequilíbrio. Mas, como mostra a espantosa história de Dan
Southerland, o equilíbrio traz vitalidade. E, quando a igreja é saudável, o
crescimento acontece natural e automaticamente.
Este é um livro para ser estudado, e não simplesmente lido. Para tirar o máximo
proveito dele, recomendo que seja adquirido um exemplar para cada pessoa de sua
equipe e que estudem juntos, capítulo por capítulo, como muitos também fizeram
com Uma igreja com propósitos. Discutam as implicações de cada capítulo para a sua
igreja e criem uma lista com as medidas práticas que pretendam tomar.
Ao adentrarmos o século xxi, creio que os melhores dias da igreja estão por vir e
acredito, sem sombra de dúvida, que há esperança para as igrejas mais antigas se
assumirem o risco de redescobrir o propósito de Deus para a igreja.
Se você é pastor ou líder importante em uma igreja de tradições estabelecidas,
este manual o ajudará a implementar os princípios do modelo direcionado por
propósitos. Então, mãos à obra! Oro para que Deus use este livro a fim de que
você, assim como o rei Davi, sirva "ao propósito de Deus em sua geração" (At
13.36).

RICK WARREN Autor do livro Uma igreja com propósitos


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Prefácio à edição brasileira

GARANTIR A ACEITAÇÃO das pessoas quando o assunto é mudança não é tarefa das
mais fáceis, principalmente se a igreja é histórica ou tradicional. As pessoas se
sentem seguras em sua ZQ.na.de conforto e não querem navegar em outras águas.
Assim, muitos líderes vêem-se manobrando pesados transatlânticos, e o processo
acaba se arrastando por muito tempo. Daí a razão deste livro. Ele é muito útil para
quem deseja conduzir a igreja no processo de transição; todavia, não traz receitas
mágicas nem fórmulas instantâneas. A transição apresenta conselhos bíblicos
baseados na realidade vivida por uma igreja local, por isso ajudará você a evitar
erros e também a instituir mudanças consistentes.
Se analisarmos a história da igreja evangélica brasileira desde sua primeira
geração, com a chegada dos metodistas, congregacionais, batistas, presbiterianos,
episcopais e luteranos, até a segunda geração, em que se destacam as Assembléias
de Deus, perceberemos as grandes mudanças pelas quais ela passou após 170 anos
de existência no Brasil — especialmente nas denominações históricas. Essas
mudanças são acentuadas nos últimos anos pela nova realidade da igreja local dos
séculos XX e XXI, hoje mais do que nunca influenciada pela globalização e pelo
inchaço populacional das cidades.
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Essas mudanças, no entanto, pouco interferem na teologia ou na doutrina, sendo


essencialmente eclesiásticas e ministeriais. Dizem respeito a: estilo de comunicação,
estratégias de evangelização e de missões, liturgia, visão administrativa, didática ou
abordagem do ensino, uso de recursos audiovisuais, compreensão do papel do
pastor e dos membros da igreja, e tantos outros fatores relacionados ao trabalho
ministerial. Tempos atrás, a questão que a liderança enfrentava era: Mudar ou não
mudar} Hoje a questão é outra: Mudar agora ou mudar depois? As mudanças agora são
inevitáveis. Independentemente da abrangência, da localização ou da denominação,
elas estão acontecendo.
O mundo mudou, e por isso a abordagem da igreja na comunicação da
mensagem do evangelho precisa passar por mudanças, ajustes e adaptações, tanto
externa quanto internamente. A igreja moderna e atuante — no Brasil e no mundo
— vive um processo constante de mudanças. Como diz o autor, o processo da
visão é cíclico, seguindo estes passos: preparar-se, definir, implantar, compartilhar,
implementar, lidar com a oposição, fazer ajustes de percurso e avaliar os resultados
até iniciar uma nova fase. Feito isso, o ciclo se repetirá.
Diante disso, com muito prazer apresento à igreja evangélica brasileira a edição
em português do livro A transição, fruto da experiência bem-sucedida do pastor Dan
Southerland à frente da igreja de Flamingo Road, em Fort Lauderdale, Flórida. E
um livro destinado em especial a pastores e líderes que desejem uma orientação
bíblica e prática para conduzir a igreja tradicional, orientada por programas, no
processo que a transformará em uma igreja com propósitos. O livro está baseado
na visão que Deus concedeu a Neemias: reedificar os muros de Jerusalém e reunir
os judeus como nação, obra que despertou grande oposição por parte de homens
poderosos.
Basta ler e aplicar as orientações do pastor Southerland, porque de fato
funcionam. Em nossa comunidade, temos coloca
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do em prática os princípios contidos nesta obra e estamos muito felizes com os


resultados. O autor ensina a implantar as mudanças e a conduzir o povo durante o
processo com um mínimo de dissidências, as quais têm marcado as nossas igrejas e
denominações ao longo dos anos. Naturalmente, algumas "perdas" ocorrerão
durante o processo, todavia não serão significativas. Assim, você não terá de fazer
valer os seus argumentos ao custo de boa parte dos membros da igreja por causa de
problemas que poderiam ser contornados.
Estou persuadido de que, independentemente da visão de crescimento que você
e sua igreja tenham adotado — igreja dirigida por propósitos (que é a experiência
do autor em foco), rede ministerial, células, grupos familiares, grupos de comunhão
ou qualquer outro modelo —, este livro o ajudará a entender como funciona na
prática um processo de mudança na mente das pessoas.
Estamos em meio a um processo inevitável e irreversível de mudanças e
precisamos estar bem preparados para tal situação. A igreja, para cumprir a sua
missão, precisa alcançar pessoas, e se para isso for preciso mudar a forma de
atuação, não poderemos nos omitir. Por ser um livro bíblico, prático e objetivo, A
transição é aplicável a qualquer realidade ministerial e tornará a sua igreja capaz de
comunicar de forma clara e contextualizada a mensagem da fé cristã a todas as
pessoas de sua comunidade.
Boa leitura!

CARLITO MACHADO PAES

Pastor titular da Primeira Igreja Batista em São José dos Campos, SP


(uma igreja dirigida por propósitos). Diretor do Centro de Estudos
Teológicos do Vale do Paraíba — Cetevap.
carlitopibsjc@uol.com.br
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O que é uma igreja com propósitos

APÓS DEZENOVE ANOS de ministerio pastoral, tive a oportunidade de passar uma


semana na igreja de Saddleback, no sul da Califórnia, para ser treinado na estrategia
de umaigreja com propósitos.
A experiencia causou forte impacto em minha vida e ministerio, de tal forma que
logo comecei a sonhar com a possibilidade da vinda de Rick Warren ao Brasil.
Percebi que a estrategia por ele idealizada poderia contribuir para atingir grupos-
alvo específicos no contexto brasileiro.
Em 1997, a Editora Vida lançou o livro Uma igreja com propósitos, provocando
grande interesse por parte dos pastores brasileiros, que desejaram conhecer o novo
modelo ministerial. Junto com o interesse, porém, vieram as dificuldades em aplicar
os princípios apresentados no livro aos vários contextos eclesiásticos da igreja
brasileira. Senti-me, então, inspirado por Deus a auxiliá-los na complicada tarefa de
adequação do livro à realidade de nosso país.
Meu sonho concretizou-se em março de 2001, quando Rick Warren veio ao Rio
de Janeiro ministrar o seminário Uma igreja com propósitos para 2 650 líderes e
pastores de diversas denominações, provenientes de todas as partes do território
nacional. Jamais esquecerei a alegria estampada no rosto dos
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Participantes do seminário depois que as suas dúvidas foram esclarecidas.


E grande o desafio para a igreja evangélica brasileira. Os pastores nunca
estiveram tão céticos a respeito dos modelos convencionais de igreja e anseiam por
alimento espiritual equilibrado, algo que traga significado e direcionamento a seus
ministérios, cada vez mais estressantes e solitários.
A igreja precisa se ajustar e desenvolver ministérios que atendam às necessidades
dos sem-igreja e dos afastados, comunicando a mensagem bíblica com métodos
revistos e contextualizados. Como declara Rick Warren, "a mensagem bíblica não
pode mudar, mas a maneira como comunicamos essa mensagem precisa se
modificar a cada geração".
Não é nossa intenção condenar os modelos existentes, tampouco dizer que o
modelo com propósitos é o único adequado à igreja evangélica brasileira. Mas, por
se tratar de um estilo de vida cristã contemporâneo, cremos que seja uma das
formas mais eficazes de ajudar as pessoas a conhecer Jesus.
O Ministério Igreja com Propósitos — Brasil vem treinando e equipando os
líderes da igreja evangélica brasileira com o objetivo de orientá-los na transição para
o modelo de igreja com propósitos, bem como em sua implantação. O ministério
analisa e identifica as necessidades do contexto da igreja local e orienta os líderes
quanto à melhor maneira de atingir o seu grupo-alvo, sugerindo novas abordagens,
além de recrutar e treinar voluntários para manter motivado o núcleo de trabalho
da igreja.
Pela graça de Deus, após completar dois anos desde a sua fundação, o Ministério
Igreja com Propósitos — Brasil conheceu modelos bem-sucedidos nos processos
de transição e implantação, comprovando que é possível iniciar e implementar no
Brasil uma igreja dirigida por propósitos, conforme os padrões bíblicos. Por essa
razão, queremos encorajar os líderes e pastores do Brasil a utilizarem o método
apresentado neste livro.
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Pelos frutos que temos colhido e pelo que temos visto e ouvido, constatamos
que esse é um modelo que muito tem a contribuir para a expansão do evangelho no
Brasil do século XXI. Oro para que essa estratégia nos ajude a cumprir os propósitos
que Deus tem para esta geração de líderes.
A Deus, toda honra e glória!

Jonathan Guy Key


Ministério Igreja com Propósitos — Brasil
(21) 2549-2732 minist.propositos@ig.com.br
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A história da igreja Flamingo Road

No outono de 1989, a igreja Flamingo Road em Fort Lauderdale, Flórida, chegou a


um momento de transição. Essa igreja de organização tradicional, com trezentos
membros, pela segunda vez em três anos estava sem pastor e sem liderança. Em
desespero, contratou três homens em um mês e começou o que afinal se tornou
um projeto para a vida inteira!
A Flamingo Road experimentou um sólido crescimento nos meses seguintes. Na
primavera de 1990, estávamos a ponto de nos tornar uma grande igreja de estrutura
tradicional. Mas fizemos uma descoberta entristecedora: não estávamos alcançando
as pessoas perdidas que não freqüentam a igreja. Na verdade, 90% de nosso
crescimento vinha da transferência de igrejas e apenas 10% de pessoas trazidas a
Cristo.
Começamos assim a nossa jornada para descobrir como fazer uma igreja para
aqueles que não tinham nenhuma. Fomos aprender com as várias congregações que
estavam alcançando as pessoas que não freqüentam igreja. A que mais nos
influenciou foi a Saddleback de Mission Viejo, Califórnia. Descobrimos aquilo de
que precisávamos em nosso contexto.
rwrWç ,jm ano de estudos, busca e oração, começamos a fazer a transição. Deus
nos abençoou de forma maravilhosa. Na verdade, fizemos transições em nove áreas
específicas:
22

 na abordagem — de programas para propósitos;


 no alvo — de cristãos para pessoas que não frequentam igreja;
 no culto — do tradicional para o extremamente contemporâneo;
 na liderança — de uma igreja com comitê e liderada por um único ministro
para uma igreja liderada por uma equipe;
 nos pastores — do modelo de um pastor titular para o de vários pastores;
 no ministério — de uma equipe para cuidar de todo o ministério para uma
equipe para preparar ministros leigos a fim de cuidar do ministério;
 na estratégia — da falta de um plano sistemático para tados para um
processo contínuo conduzido por grupos pequenos;
 na programação — de um culto nas manhãs de domingo para dois cultos
nas noites de sábado e dois nas manhãs de domingo;
 nos grupos pequenos — da tradicional escola dominical para grupos
pequenos de relacionamento.

Essas transições não foram fáceis nem imediatas, mas têm se mostrado eficientes.
Nossa igreja cresceu de uma freqüência de trezentas pessoas no outono de 1989
para um total de 2100 hoje em dia. Inauguramos dezesseis grupos missionários que
no momento alcançam uma média de três mil freqüentadores. E agora estamos
alcançando as pessoas que não freqüentam a igreja: aproximadamente 60%
daqueles que se juntam a nós hoje não tinham uma igreja antes de chegar à
Flamingo Road.
Temos consciência, mais do que nunca, de que Deus ainda não terminou seu
trabalho conosco. Estamos adiantados na
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programação das metas que estabelecemos anos atrás, as quais culminam em uma
assistência de dez mil pessoas no ano de 2010. Uma responsabilidade que
compartilhamos é de ajudar outras igrejas e pastores a fazer essa transição.
Acreditamos que você pode aprender com a experiência de outros e desejamos
compartilhar a nossa experiência para que qualquer pessoa possa se beneficiar com
ela.
24

Introdução

Por que um livro sobre transição?


Travis e Garrett receberam um bloco de madeira e uma faca cada um. Os dois
começaram a trabalhar imediatamente. Os dois se esforçaram. Os dois levaram o
trabalho a sério. Os dois se divertiram com a tarefa.
Quando terminaram, os resultados dos dois garotos eram diferentes. Travis
esculpiu um barco. Garrett reduziu o bloco de madeira a um monte de lascas.
Qual a diferença entre os dois meninos? Travis tinha uma visão, o que significa
que ele podia enxergar o resultado. Ele também compreendia a transição: como
passar do ponto em que se encontrava para o ponto a que pretendia chegar. Ele ti-
nha um propósito, um alvo e uma estratégia. Garrett, embora também tivesse se
esforçado muito, estava apenas talhando a madeira.
Por que precisamos de um livro sobre o processo de transição para uma igreja
com propósitos? Porque muitas, se não a maioria de nossas igrejas, estão apenas
entalhando. De acordo com estudos recentes, 80% das igrejas dos Estados Unidos
estão estacionadas ou minguando. Já no século XXI, com oportunidades in-
comparáveis na história cristã, estamos desperdiçando madeira enquanto o mundo
inteiro vai à ruína.
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Mas há um lado positivo: a igreja como um todo se preocupa com as pessoas.


Ela está se esforçando muito para mostrar ao mundo que amamos a Deus. A
dificuldade não está nessa questão central. O problema é muito mais sutil. Nós
perdemos a visão! No decorrer desses vinte séculos, desde que Jesus nos entregou a
chave para o Reino, nós temos abandonado o verdadeiro caminho.
Em uma tentativa de recuperar aquela visão, centenas de milhares de líderes de
igrejas fizeram conferências na última década sobre liderança, visão e propósito.
Eles voltam para casa empolgados com o que pode acontecer em suas igrejas. Mas
todos enfrentam o mesmo problema: como fazer a transição da igreja do ponto em
que está para aquele a que se pretende chegar?

Por que agora?


Deus está operando uma renovação no mundo atualmente. As maiores igrejas da
história do cristianismo estão sendo construídas, inclusive várias na América do Sul
e Coréia, algumas com uma freqüência normal de mais de cem mil pessoas.
Continentes inteiros estão presenciando o reavivamento. De acordo com a Missão
Portas Abertas Internacional, dez mil pessoas por dia na América do Sul e trinta mil
na África estão se tornando cristãs.
Estamos no limiar de uma segunda reforma. A primeira, de 1500 a 1600, tratou
da mensagem, do retorno ao que a Bíblia realmente diz sobre o pecado e a salvação
e de como nos relacionamos com Deus. Na primeira reforma, a Bíblia foi devolvida
ao povo.
A segunda reforma trata dos métodos. Ela se preocupa com a maneira como
devemos nos relacionar com o mundo à nossa volta; como devemos tornar o
evangelho culturalmente apli-
27

cável para que homens e mulheres do mundo todo possam conhecer, amar e servir
a Jesus Cristo. Nessa segunda reforma, é o ministério da igreja que está sendo
devolvido ao povo.

Por que você está lendo este livro?


Como fazer a transição para levar a igreja de volta ao modelo com propósitos?
Como conduzir a igreja de volta aos princí-rios bíblicos e torná-la culturalmente
aplicável sem que fique contaminada? Como renovar a maneira de atuação da igreja
adotando um modelo contemporâneo e com propósitos que raça com que a
mensagem eterna da salvação em Cristo seja recebida e compreendida por todos os
que desejam desespe-• mente acançá-la?
Se essas e outras questões relacionadas estão tirando o seu sono, este livro é para
você. Parece haver um anseio cada vez maior entre os líderes de igrejas por
entender a transição e conduzi-la em suas respectivas igrejas. Este livro foi escrito
para eles.
Se você está feliz com a situação em que a sua igreja se encontra, este livro não é
para você. Mas, se você está impaciente para ver o reavivamento, ansioso para ver
os que buscam o caminho tregar a Cristo e pronto para ver a igreja conquistar uma
influência em sua comunidade como nunca se viu, leia este livro.
Este livro não explica os motivos pelos quais a igreja precisa de uma transição. Se
você ainda precisa se convencer disso, ficará frustrado. O livro explica como
conduzir a transição na igreja. Ele foi escrito por quem já está convencido oe oue
essa mudança precisa acontecer. Ele foi feito para aqueles que desejam que suas
igrejas se voltem para os pro-r : sitos, mas não sabem como fazê-lo.

Por que escrevi este livro?


Tive o privilégio de ser um dos pastores de uma igreja que navegou com sucesso
pelas águas da transição. Doze anos atrás, a
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Flamingo Road era uma igreja de estrutura tradicional, orientada por programas e
sem crescimento. De lá para cá, fizemos nove transições significativas, a nossa
freqüência tornou-se sete vezes maior e inauguramos dezesseis novas igrejas
missionárias. Hoje, somos uma igreja totalmente contemporânea, transformada e
com propósitos. Foi uma jornada que valeu para a vida toda, e, sinceramente,
acredito que estamos apenas no começo.
Estou convencido de que Deus nos permitiu aprender sobre a transição para que
pudéssemos compartilhar os nossos conhecimentos com outros líderes de igrejas.
O livro que você está lendo é uma compilação de tudo o que aprendemos ao longo
do caminho. Não se trata de modo algum da palavra final sobre a questão da
transição. Seriam necessários muitos outros livros como este. Mas sempre há um
primeiro. Pelo que sei, este é o primeiro livro que trata da transição na igreja como
um processo a ser conduzido.
Espero que o que vem a seguir seja usado por Deus para ajudá-lo a conduzir a
sua igreja em todas as transições que tenha de enfrentar. Oro para que você seja
enriquecido, desafiado e encorajado a conduzir a transição de uma forma intei-
ramente nova. Se isso acontecer, então a igreja fará a transição para se tornar
verdadeiramente orientada por propósitos.
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Panorama, conteúdo e recapitulação

HÁ MUITOS ANOS, uma professora do ensino médio, cujo nome já esqueci, ensinou-
me/uma regra de comunicação:;Ela sugeriu que adotássemos o seguinte método:
primeiro dizer o que se pretende dizer, entregar a mensagem e depois dizer o que
foi dito. Em outras palavras, panorama, conteúdo e recapitulação. Por isso, esta é a
seção que diz o que pretendo falar.
Este livro foi organizado em torno de um processo de visão. Foi tirado do livro
de Neemias. Para reconstruir o muro, Neemias seguiu um processo de oito etapas.
Esse mesmo processo é apresentado aqui.
A primeira etapa é "Preparar-se para a visão". Antes que possamos receber a
visão de Deus, precisamos nos preparar. Particularmente, estou convencido de que
essa etapa do processo da visão é a mais negligenciada. Se ela for seguida, o palco
estará pronto para receber a visão de uma forma que honre a Deus. Não saia dessa
etapa até compreendê-la completamente. Mesmo os leitores que tiverem uma visão
plenamente definida podem descobrir algumas medidas preparatórias que precisam
de mais atenção.
A segunda etapa tratará de "Definir a visão". Nada se torna dinâmico sem
primeiro se tornar específico. Há três perguntas específicas que toda igreja deve
fazer: Qual é o nosso pro-
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pósito? Qual é o nosso alvo? Qual é a nossa estratégia? As respostas às três, juntas,
formarão a base do processo da visão. Mas definir a visão é a área mais crucial e
polêmica. Muitas igrejas param no meio dessa segunda etapa. Para os líderes que
ainda não têm uma visão definida, esse capítulo é essencial. Aqueles que têm uma
visão pronta também podem se beneficiar com uma revisão.
A terceira etapa dá início ao processo de transição em si, procurando "Implantar
a visão". A visão é uma semente viva. Antes de crescer na vida da igreja, ela precisa
ser implantada no coração dos líderes. Essa etapa explica como agir estra-
tegicamente para que os principais líderes alcancem uma posição comum, uma
visão da qual compartilhem e à qual não se oponham.
A quarta etapa aborda a questão de "Compartilhar a visão" com o restante da
igreja. Todo visionário quer que sua visão seja compreendida por toda a igreja.
Como ela precisa ser compreendida para ser ensinada, deve ser compartilhada de
todas as formas para ser efetivamente transmitida.
A quinta etapa do processo é "Implementar a visão". Nessa etapa, começa o
processo de mudança. E hora de decidir várias questões importantes: que
mudanças precisam ser feitas, de que tipo, qual o papel dos líderes de igreja nesse
processo de mudança e quais tarefas o povo deverá executar.
A sexta etapa é "Lidar com a oposição". Esse talvez seja o ponto número 1 de
desistência no processo da visão. Saber o que esperar e aprender a se manter no
caminho é vital.
A sétima etapa é "Fazer ajustes de percurso". Todo visionário precisa aprender a
fazer ajustes durante a viagem. Neemias teve de fazer três ajustes distintos no meio
de seu projeto. Os líderes de igrejas de hoje não devem esperar menos do que isso.
A oitava etapa explica com detalhes o processo de "Avaliar os resultados".
Quando a visão está completa, há oito provas
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específicas e óbvias que se apresentam. Elas podem ser usadas como referências
para qualquer transição.
O último capítulo, intitulado “Conclusão”, é uma breve descrição das cinco
realidades referentes ao processo da visão que podem encorajar qualquer líder a
continuar envolvido na transição.
32
77

Terceira etapa

Implantar a visão

DEPOIS DE SE preparar para a visão, você precisa defini-la. Depois de


defini-la, precisa implantá-la. Nessa tarefa, você precisará dos principais
líderes de sua igreja, para que a sua visão também se torne a deles.
A visão não é uma árvore com frutos maduros. Ela é uma semente e,
como todas as sementes, precisa ser plantada no solo apropriado para
crescer, florescer e dar frutos. Se ela é uma visão, então o solo
apropriado é o coração e a mente dos líderes de sua igreja.
Preciso dar uma palavra de advertência neste ponto do processo. Essa
etapa é o maior motivo de fracasso de muitas igrejas. Há pelo menos
quatro motivos para a visão fracassar antes de ser implantada no coração
dos líderes da igreja. Primeiro, por causa da tendência de ficarmos ansiosos
com a implementação da visão, seguimos em frente sem nos dar ao
trabalho de levar outros líderes a adotá-la. Segundo,1 a teologia em muitas
de nossas igrejas é tão "centralizadora" que muitos pastores titulares não
acham necessária a concordância dos outros líderes. Terceiro, nossos
registros de problemas ao conduzir líderes à visão nos faz pensar que é
mais fácil pedir perdão que ganhar
78 A TRANSIÇÃO

permissão. Quarto, muitos pastores e líderes da igreja estão assustados


demais para relaxar e deixar outros se apoderarem da visão.
Assim como na hora de nos prepararmos para a visão antes de defini-
la, agora também precisamos de tempo para implantar
a visão no coração dos principais líderes antes de compartilhá-la com
toda a igreja. Tudo o que você tem no momento é a semente da visão.
Onde e como a plantará são questões fundamentais.
Na terceira etapa, falarei da inclusão dos principais líderes na
implantação da visão. Na quarta etapa, falarei da inclusão de todos os
líderes e do restante da igreja.

É essencial que haja três grupos de líderes


1. CONSIGA A APROVAÇÃO DOS FORMADORES DE OPINIÃO
Toda igreja tem formadores de opinião, aqueles a quem todo mundo dá
ouvidos, mesmo que seja apenas um murmúrio. Alguns deles exercem
influência devido à sua personalidade, experiência ou longevidade. Toda
igreja tem formadores de opinião.
Os formadores de opinião da igreja podem incluir os superintendentes
dos diáconos ou os presbíteros. A líder do ministério feminino é
geralmente uma formadora de opinião. O sr. e a sra. Membros-
Fundadores podem ser formadores de opinião, da mesma forma que o
sr. e a sra. Estamos-Aqui-Desde-o-Começo. Em algumas igrejas, o sr. e
sra. Cheios-da-Grana são formadores de opinião. Toda igreja tem
formadores de opinião. Se você não sabe quem são, informe-se.
Antes de concluir que isso se parece mais com política secular do que
com um princípio bíblico, deixe-me revelar
79

uma coisa. Lidar com formadores de opinião, nesse caso, é uma idéia
bíblica. Foi exatamente isso o que Neemias teve de fazer.

O formador de opinião de Neemias


Para Neemias, havia uma notícia boa e outra má. A boa que só tinha um
formador de opinião. A má é que era o rei. A realidade pura e simples era
a seguinte: para concretizar a sua visão, ele precisava conseguir a
aprovação do rei. Para concretizar a visão na sua igreja, você também
precisará conseguir a aprovação dos formadores de opinião.
Vejamos como Neemias fez isso, para entendermos melhor o que
acontece. Neemias conseguiu a aprovação do rei em vários assuntos
específicos:

• O plano todo. Veja o pedido inicial de Neemias ao rei:


Se for do agrado do rei e se o seu servo puder contar com a sua benevolência,
que ele me deixe ir à cidade onde meus pais estão enterrados, em Judá, para
que eu possa reconstruí-la (Ne 2.5).

Compartilhe a sua visão com os formadores de opinião. Fale com o


coração. Se você não conseguir vender a idéia para alguém totalmente
interessado, como o fará para quem tem pouco ou nenhum interesse?
Toda grande mudança de planos precisa da aprovação dos formadores
de opinião.

• O momento do plano. Leia o versículo seguinte:


Então o rei, estando presente a rainha, sentada ao seu lado, perguntou-me:
"Quanto tempo levará a viagem? Quando você voltará?" Marquei um prazo
com o rei, e ele concordou que eu fosse (Ne 2.6).
80 A TRANSIÇÃO

Os formadores de opinião podem ser de grande ajuda em relação ao


momento oportuno. Em geral, eles sabem exatamente o que acontece
na vida da igreja.
• Os detalhes do plano. Neemias também contou os detalhes em
relação à sua viagem.
Eu poderia levar cartas do rei aos governadores [...] para que me deixem passar
[...] uma carta para Asafe, guarda da floresta [...] madeira para as portas [...] (Ne
2.7,8).

• Os recursos para o plano. Neemias falou dos recursos dos quais


precisaria.
Acompanhou-me uma escolta de oficiais do exército e de cavaleiros que o rei
enviou comigo (Ne 2.9b).

Os formadores de opinião sempre têm à disposição os recursos


necessários que poderão lhe conceder.
Se você conseguir o apoio dos formadores de opinião, eles ficarão
do seu lado quando você implementar a visão. Caso contrário, lutarão
contra você. Você tem três opções simples com os formadores de
opinião: trazê-los para a visão, lutar contra eles ou expulsá-lo. Trazê-los
para a visão certamente é a escolha mais acertada e menos penosa.

2. GANHE O APOIO DAQUELES DE CUJA AJUDA VOCÊ PRECISARÁ


DEPOIS

Depois de ganhar a aprovação dos formadores de opinião, há outro


grupo cujo apoio você terá de conquistar. Eles não são formadores de
opinião, mas são líderes igualmente importantes por causa da ajuda que
podem lhe dar no processo de transição.
81

No caso de Neemias, havia dois tipos de pessoas de cuja ajuda ele


precisava:

• os governadores das terras vizinhas

Se for do agrado do rei, eu poderia levar cartas do rei aos governadores


do Trans-Eufrates para que me deixem passar até chegar a Judá (Ne
2.7).

• o guarda da floresta

E também uma carta para Asafe, guarda da floresta do rei, para que ele
me forneça madeira para as portas (Ne 2.8).

Você precisará da ajuda de quem?

Para a igreja, há também dois grupos de pessoas cuja ajuda você precisa
conseguir antes de começar a transição.

• Consiga o apoio dos líderes em cujo território você terá de passar.


Neemias passou por várias cidades a caminho de Jerusalém. Para
tanto, precisou ganhar permissão para fazer uma travessia segura por
essas terras.
Na época do Velho Oeste, viajantes morriam com freqüência quando
entravam em um território sem permissão. Se você não pedir permissão
para entrar no território eclesiástico de alguém, pode acabar atropelado
Por exemplo, se você pretende fazer uma transição na música da
igreja, é melhor vender a idéia à liderança dos louvores antes de qualquer
coisa. Se pretende mudar o papel dos diáconos, precisará da ajuda do
superintendente deles. Se pretende mudar o ministério feminino,
precisará de um milagre e também da ajuda da líder desse ministério.
82 A TRANSIÇÃO

Nós falhamos completamente nesse sentido, mais de uma vez,


durante a transição. Quando começamos a fazer a transição na música,
decidimos substituir o órgão por um conjunto. Então mandamos tirar o
órgão. Mas nos esquecemos de um importante detalhe: avisar a orga-
nista. Ela apareceu no domingo de manhã pronta para tocá-lo. Não foi
uma cena nada bonita. Mas graças a Deus e à maturidade da organista,
ela continua conosco. De qualquer maneira, nós a magoamos sem
necessidade. Pode ser mais fácil pedir perdão do que permissão. Mas, na
hora da transição, essa não é a escolha mais sábia. Consiga a ajuda dos
líderes em cujo território você terá de passar.

• Consiga a ajuda dos provedores de recursos de que você precisará.


Neemias precisava de madeira. Sem ela, o seu projeto não seria
realizado. Em vez de dar o salto primeiro, achando que "Deus
proverá" (como fazem algumas pessoas que conheço e que às vezes
são mais espirituais que a Bíblia), Neemias garantiu a ajuda do guarda
da floresta antes de começar sua jornada.
E preciso ter certeza do apoio dos provedores de recursos, sempre
que possível, antes de começar as transições. Isso inclui tanto as
pessoas que darão, o seu tempo, talento e idéias quantos que
contribuirão com recursos financeiros.

Se você fizer sozinho


Alguns leitores podem estar pensando que não há necessidade de incluir
todas essas pessoas no processo. Se você não
83

buscar o apoio dos líderes mais importantes, enfrentará quatro


problemas:

• Acabará causando confusão na igreja. Se um líder reconhecido não


souber o que está acontecendo, haverá confusão na igreja. E como um
capitão que não sabe o que o general planejou até receber as ordens de
cima. A conseqüência é confusão nas tropas.
• Acabará causando revolta nas pessoas. Se aquelas pessoas não
forem incluídas no processo de mudança, poderão pensar que você
está tirando a igreja delas. Elas podem se sentir ameaçadas e reagir,
lutando para que você mude ou saia da igreja.
• Acabará causando a dissidência dos líderes da igreja. Um líder
mal-informado costuma se sentir menosprezado e inútil. A maioria dos
líderes tem muita necessidade de ser informado e valorizado e de se
sentir útil. Se você não os mantiver por dentro dos acontecimentos,
eles procurarão uma igreja que o faça.
• Acabará causando grandes danos a si mesmo. Você ficará
machucado por causa da confusão que causará, dos líderes que irão
embora e da dúvida que pairará sobre a sua visão. Você pode ser
bastante forte para se recuperar, mas líderes machucados não tomam
decisões acertadas.

Se essas conseqüências de não conquistar os líderes para a visão


parecem assunto pessoal, é porque já passamos por essa experiência na
Flamingo Road. Esse foi o nosso maior erro no processo da visão.
Simplesmente não fizemos um bom trabalho junto aos líderes antes de
começar a fazer as transições. A boa notícia é que Deus honrou a sua
visão e abençoou as nossas transições, apesar de termos errado nessa eta-
pa. A má notícia é que causamos a nós mesmos e à igreja dificuldades e
confusão desnecessárias e perdemos alguns líderes que não precisaríamos
ter perdido. Foi um dos momen
Implantar a visão 84

tos mais difíceis do processo de transição, e nós mesmos o provocamos.


Procure conseguir toda a ajuda de que precisará ao longo do caminho.
Implantar a visão 85

3. PROCURE O CONSELHO DA EQUIPE


A necessidade da aprovação dos formadores de opinião é óbvia. Obter o
apoio dos principais líderes cuja ajuda você precisará nessa jornada
também é uma questão de bom senso. Mas esse terceiro grupo de
líderes-chave, a equipe visionária, em geral é desprezado em nossas
igrejas.
Os líderes mais eficientes conhecem o valor de uma equipe visionária.
Todo visionário precisa de bons líderes que possam ajudá-lo a sonhar o
seu sonho. Um dos motivos pelos quais muitos de nós descobrem que,
na verdade, é muito solitário estar no topo é porque não estão rodeados
por uma equipe visionária que ajude a realizar a tarefa. Quase sempre
estamos sozinhos porque assim escolhemos.
Veja os líderes eficientes da Bíblia que tiveram grandes confidentes:

• O rei Davi conduziu um exército de milhares de pessoas, incluindo


centenas de tropas de elite, mas contava com trinta líderes e três
homens poderosos.
• Neemias usou centenas pessoas para reconstruir o muro, diversos
líderes, porém mantinha um grupo seleto de homens em sua equipe
visionária.
• Jesus ensinou dezenas de milhares de pessoas, alimentou uma
multidão, enviou setenta, mas discipulou doze e manteve três em seu
círculo íntimo.
86

Os bons visionários reservam um pequeno erupo — os seus melhores


lideres - como equipe visionaria. Essa equipe é ainda mais importante
para o líder que estiver conduzindo uma igrej a em uma grande transição.
Você precisa da equipe visionária por causa da opinião, do equilíbrio, do
estímulo e da amizade desses líderes. Faça o que fizer, não parta para a
sua jornada visionária sem eles!

Princípios para trabalhar com a equipe visionária

Há vários princípios que podemos aprender ao observar como Neemias


trabalhava com a sua equipe visionária.

 Primeiro, escolha cuidadosamente a sua equipe. Não sabemos


como Neemias escolheu a sua equipe visionária. A Bíblia não diz.
Podemos deduzir por sua atenção aos detalhes e pelo sucesso na
realização de sua visão que ele os escolheu muito bem e com todo
cuidado. O senso comum sugere os seguintes critérios na seleção da
equipe visionária:

 Escolha crentes maduros. A liderança é estrutural. A igreja nunca


ultrapassa o nível de sua liderança. Qualquer pessoa que compreenda
essa idéia sabe da necessidade de haver crentes maduros na equipe
visionária. E tentador colocar cristãos recém-chegados e mais jovens
na equipe exatamente por causa de suas idéias mais modernas e
inovadoras. Mas se a equipe não tiver bastante maturidade, não vale a
pena, pelos problemas que os neófitos podem causar. A capacidade da
equipe pode muito bem determinar a profundidade da visão. Crentes
imaturos podem produzir uma visão incompleta.
Implantar a visão 87

 Prefira os sonhadores aos detalhistas. A maioria das pessoas do


mundo se enquadra em um desses grupos. As sonhadoras adoram
pensar grande, voar alto, ser otimistas e ter o céu como limite. As
detalhistas adoram calcular os detalhes, apreciam sistemas e
procedimentos, são realistas e encaram os recursos como limitações.
Os detalhistas são importantes em uma determinada hora e lugar. A
igreja precisa muito de pessoas que adorem perguntar o quanto as
coisas custam, como elas são feitas, quem fica responsável e quem
paga por elas. Os amantes de sistemas, dos procedimentos e dos
planos detalhados têm a sua hora e lugar, mas a equipe visionária não é
assim.
Os membros de sua equipe visionária precisam ter a mente aberta.
Precisam ser sonhadores e visionários cuja pergunta favorita é "e
se...?". Para ter um sonho, você precisa de sonhadores. Para realizar o
sonho, você precisa de detalhistas. Nessa altura, você ainda está tendo
o sonho e precisa de sonhadores que entendam que a visão precisa ser
grandiosa o bastante para que as pessoas digam: "Darei minha vida
por isso".
• Escolha pessoas confiáveis. Vou ser mais claro: você precisa de
pessoas na sua equipe visionária que saibam manter a boca fechada.
Não existe nada pior para a visão que deixar que ela vaze antes de estar
completamente formada ou antes da hora de ser compartilhada com
toda a igreja.

Escolher a equipe visionária certa é essencial. Darei mais duas


sugestões práticas para isso.

• Pense primeiro no grupo de líderes da igreja. Sugiro que considere


primeiro o grupo de líderes de sua igreja na hora de
88

formar a equipe visionária. Na Flamingo Road, os pastores da igreja são


a nossa equipe visionária há anos. Esse grupo era inicialmente
constituído de três pastores; hoje são sete.
Nessa hora, sempre me perguntam: "E se o grupo de líderes não souber
sonhar?". Geralmente dou uma resposta com três considerações.
Primeira, talvez o grupo de líderes da igreja tenha pessoas erradas.
Segundai, talvez você precise incluir no grupo de líderes pessoas que
saibam sonhar. Terceiras, talvez você precise descartar certos membros
do grupo de líderes e escolher sonhadores que façam parte da
congregação.
Se você é o único membro do grupo de líderes de sua igreja,
precisará encontrar leigos que possam servir como voluntários e fazer
parte do grupo de líderes da igreja e de sua equipe visionária. Não
cometa o erro de tentar fazer tudo sozinho.
• Forme um grupo pequeno. Pelo que aprendi por experiência, uma
equipe visionária de três a sete pessoas) está de bom tamanho. Se ela
for maior, será muito difícil sonhar e planejar.

Segundo, trabalhe silenciosamente, nos bastidores. Depois de


escolher a sua equipe visionária, você precisa colocá-los para trabalhar
nos bastidores. Neemias fez a sua equipe trabalhar longe do olhar do
público.
Saí de noite com alguns dos meus amigos. Eu não havia contado a ninguém o
que o meu Deus havia posto em meu coração que eu fizesse por Jerusalém
(Ne 2.12a).
Os oficiais não sabiam aonde eu tinha ido ou o que eu estava fazendo, pois até
então eu não tinha dito nada aos judeus, aos sacerdotes, aos nobres, aos
oficiais e aos outros que iriam realizar a obra (Ne 2.16).

Além de ser mais sábio trabalhar silenciosamente, também é bíblico. O


objetivo de trabalhar nos bastidores não
Implantar a visão 89

é ter discrição, mas estratégia. Existe uma hora e um lugar certos em que
toda a igreja participará do processo da visão, mas não é na hora em que
ela está sendo formada. O sonho deve ser partilhado com um grupo
pequeno.

Terceiro, pesquise as condições atuais. Veja o que Neemias e sua


equipe visionária fizeram.
De noite saí [...] examinando o muro de Jerusalém que havia sido derrubado e
suas portas, que haviam sido destruídas pelo fogo (Ne 2.13).

Você precisa examinar as suas condições atuais de maneira objetiva e


honesta. Isso significa fazer uma avaliação objetiva do que está errado e
não funciona mais na igreja. Portanto, faça uma lista com base no seu
propósito e alvo. Coloque tudo o que funciona em uma coluna e o que
não funciona em outra. Pare por um momento agora e escreva o que vier
à sua mente. O que está funcionando na sua igreja? Devem existir várias
coisas. Agora faça uma pequena lista do que não está funcionando. Se
conseguir terminá-la em poucos segundos, imagine então o que não
apareceria se você realmente parasse para pensar!

Quarto, compartilhe a sua visão e abra o seu coração com a sua


equipe visionária. Neemias o fez muito bem:
Vejam a situação terrível em que estamos: Jerusalém está em ruínas, e suas
portas foram destruídas pelo fogo. Venham, vamos reconstruir os muros de
Jerusalém, para que não fiquemos mais nesta situação humilhante (Ne 2.17).

Compartilhar a visão com os líderes de sua equipe é vital e abrir o seu


coração para eles é igualmente importante. Con-
90

te o seu sonho para eles. Compartilhe a sua dor também. Eles precisam
saber como você chegou a esse ponto, portanto diga a eles o que Deus
está fazendo em seu coração e em sua vida.
Também lhes contei como Deus tinha sido bondoso comigo e o que o rei me
tinha dito (Ne 2.18a).

Veja a resposta que a equipe visionária de Neemias deu quando ele lhes
contou a sua visão e abriu o seu coração:
Eles responderam: "Sim, vamos começar a reconstrução". E se encheram de
coragem para a realização desse bom projeto (Ne 2.18b).

Abrir o coração para a equipe visionária é essencial. Grande parte de


nosso sucesso na Flamingo Road se deve ao fato de que a nossa equipe
visionária (os pastores de nosso grupo de líderes) mantém um bom
relacionamento. Semanalmente, fazemos uma reunião com o grupo de
líderes. Saímos para almoçar juntos pelo menos duas vezes por semana.
Freqüentamos a casa um do outro. Quando estamos fora da cidade,
permanecemos em contato por telefone ou e-mail. Passamos bastante
tempo juntos trabalhando em equipe. Um antigo membro da igreja me
disse recentemente: "Vocês se dão tão bem que um consegue adivinhar o
que o outro vai dizer". E porque nos esforçamos muito para manter um
bom relacionamento.
Também nos esforçamos muito para manter toda a equipe de liderança
bem informada. A hora mais importante da programação de nossa igreja
é a reunião mensal da equipe de liderança. Uma noite de domingo por
mês, todos os líderes da igreja Flamingo Road se reúnem durante uma
hora para treinamento e divulgação da visão. Essa hora é tão importante
Implantar a visão 91

que os pastores decidiram que não devemos perder essa reunião.


Arranjamos os nossos horários fora da igreja de tal forma que estejamos
na cidade para a noite da equipe de liderança. Queremos que os nossos
líderes saibam o quanto eles são importantes e valiosos para nós.
Também exigimos que todos os líderes da igreja sejam assíduos. Se você
não estiver disposto a ser treinado e a fazer parte da equipe, não poderá
ser um líder em nossa igreja.

Resumo
Para implantar a visão nas igrejas com os principais líderes, você deve
voltar a sua atenção a três grupos de líderes. Deve conseguir a aprovação
dos formadores de opinião, ganhar o apoio daqueles cuja ajuda você
precisará depois e procurar se aconselhar com a sua equipe visionária.
Ter a ajuda desses três grupos de líderes é decisivo para que a visão tenha
êxito.

Verdade-chave: Ponha seus principais líderes em contato com as


igrejas-modelo1
Seus principais líderes precisam ter contato a igrejas-modelo. Não é
preciso ser nenhum gênio para descobrir uma forma de pôr os líderes em
contato com uma igreja-modelo. Se uma imagem vale por mil palavras,
então um modelo vivo vale por um milhão.
Estude as igrejas com propósitos. Escolha alguns ministérios paralelos
que

1 Muitas das "verdades-chave da transição" deste livro foram adaptadas do estudo de Rick Warren
intitulado Leading your church through change [Conduzindo sua igreja para a mudança], que faz parte da conferencia
da igreja Saddleback chamada Uma igreja com propósitos.
92 A TRANSIÇÃO

sejam semelhantes aos seus. Seria ótimo se você encontrasse igrejas que
estejam fazendo as. mesmas transições que você está prestes a fazer. Elas
lhe darão conselhos e idéias que podem ser úteis quando você entrar
nesse processo.
Aqueles que não concordam em estudar igrejas-modelo podem alegar
que você não segue as Escrituras. Mas aprender com igrejas-modelo é
claramente uma idéia bíblica. Veja o que Paulo escreveu sobre isso:
Vocês se tornaram nossos imitadores e do Senhor [...] Assim,
tornaram-se modelo para todos os crentes que estão na Macedónia e
na Acaia. [...] por toda parte tornou-se conhecida a fé que vocês têm
em Deus (l Ts 1.6-8).
Paulo foi um modelo para os tessalonicenses; então, eles se tornaram
um modelo para outras igrejas.

Dois tipos de aprendizado


Há duas formas de aprender alguma coisa na vida: pela experiência
pessoal e pela experiência dos outros. A primeira forma é insistir em
aprender tudo sozinho e passar muitos anos trilhando o caminho das
pedras.
A outra forma é estudar a experiência dos outros e evitar muita dor de
cabeça para si mesmo e para a igreja. Os melhores e mais brilhantes
líderes são especialistas nesses dois tipos de aprendizagem.
As práticas específicas de uma igreja não podem ser usadas em outra.
Mas os princípios, sim. Muitas igrejas serviram de modelo para nós da
Flamingo Road, mas não copiamos nenhuma delas. Na igreja,
precisamos aprender de duas formas: pela experiência pessoal você
aprende o que Deus quer fazer em sua igreja e pela experiência dos
outros você pode aprender algumas formas criativas de conseguir isso.
Por que precisamos aprender pelas duas maneiras? Primeiro, porque o
tempo não permite que você aprenda tudo pela experiência pessoal.
Segundo, porque há muita coisa em jogo. Em todo lugar, as pessoas
estão morrendo sem Cristo. Não há tempo a perder!
119

Sexta etapa
Lidar com a oposição

Um exercício de aprendizagem
Quando ensinamos esta etapa do processo da visão em nossas
conferências, começamos com um exercício. Dizemos o seguinte:
"Dividam-se em pares. Olhem para o seu par por alguns segundos.
Agora, fiquem de costas um para o outro e mudem cinco coisas em sua
aparência". Como dá para imaginar, a princípio ninguém se mexe.
Depois, as pessoas começam a tirar os óculos, anéis, trocar de relógios,
tirar a caneta do bolso etc. Então, peço para os pares voltarem a ficar de
frente e verifico se eles conseguem identificar as cinco mudanças.
Na segunda fase do exercício, eu digo: "Virem-se de costas de novo e
mudem mais cinco coisas em sua aparência". Agora as pessoas precisam
pensar mais. Tiram a camisa de dentro da calça, tiram casacos e suéteres,
dobram as mangas, abaixam as meias no tornozelo. Lembro-me de uma
mulher que fez um vestido longo ficar na altura dos joelhos, enrolando-o
na altura dos ombros. Elas tornam a se olhar de frente e a identificar as
mudanças. Na terceira fase, digo: "Agora façam isso mais uma vez!". As
pessoas começam a murmurar e a reclamar, até que eu diga: "Estou
brincando. Por favor, sentem-se".
120

Além de ser um bom quebra-gelo, há várias lições evidentes nesse


exercício sobre a forma como as pessoas reagem às mudanças:

• Elas não agüentam muitas mudanças. Elas poderiam fazer mais


cinco mudanças na aparência, mas estavam cansadas de mudar.
• Elas se sentem constrangidas quando solicitadas a fazer algo
novo. A maioria fica um pouco embaraçada quando alguém lhe pede
para mudar. Toda mudança é um novo território.
• Elas pensam primeiro naquilo de que precisam abrir mão. Já fiz
esse exercício muitas vezes, e as pessoas sempre começam tirando as
coisas. A mudança nos faz pensar naquilo que perdemos.
• Elas se sentem sozinhas quando têm de mudar. Embora não
tenham sido instruídas a fazer esse exercício sozinhas, nunca vi
ninguém pedir ajuda. A mudança costuma nos isolar e nos faz pensar
que somos os únicos a sofrê-la.
• Cada pessoa sente a mudança de um jeito. Algumas pessoas
adoram esse exercício, enquanto outras o odeiam.
• Elas costumam retornar ao antigo comportamento assim que o
motivo para mudar deixar de existir. Assim que o exercício acaba,
todas as pessoas do grupo recolocam suas jóias, voltam a enfiar a
camisa por dentro da calça, a desdobrar as mangas e a fechar os
botões.

Se há tanta resistência por causa de um simples exercício, imagine


como será com as grandes transições dentro da igreja.

A realidade da oposição
Se existia alguém no Antigo Testamento que não deveria encontrar
nenhuma resistência, esse alguém era Neemias. Ele
121

estava tentando reconstruir um muro que tornaria Jerusalém um lugar


mais seguro para os seus habitantes. Seu projeto também reconquistaria
um pouco da glória perdida da cidade. A reconstrução do muro
permitiria que as pessoas voltassem a adorar no Templo, sem medo de
seus inimigos. Todo mundo na cidade devia estar feliz com a visão de
Neemias, não é? Infelizmente, as coisas não foram assim.
Todo o mundo que tenta fazer algo para Deus enfrenta algum tipo de
oposição. Há sempre oposição quando se quer conduzir a igreja para
uma transição. Opõem-se aqueles que não entendem a mudança, aqueles
que a entendem, mas não gostam da idéia, aqueles em cujo reino você vai
mexer e aqueles que simplesmente gostam de contrariar. A sua igreja tem
todos eles.
Essa e mais uma etapa do processo em que a visão pode rapidamente
se desencaminhar. Muitos de nós simplesmente não estão preparados
para nenhum tipo de oposição. Mas, já que temos de enfrentá-la, é
melhor estar preparados.

Duas etapas para lidar com a oposição


1. SAIBA QUE ENCONTRARÁ OPOSIÇÃO
Minhas duas avós eram mulheres maravilhosas e santas que todo o
mundo amava. Sempre aparecia gente sem ser convidada. Como elas
eram exímias cozinheiras (hoje, certamente, devem estar cuidando da
cozinha do céu), as pessoas em geral apareciam bem na hora das
refeições. Essas duas senhoras tinham uma ótima estratégia para lidar
com tais visitas: sempre esperavam receber alguém. Elas se preparavam
com antecedência porque sabiam que era quase certo que teriam visita,
só não sabiam quem seria.
122

Precisamos aprender a esperar pela oposição quando fizermos a


transição na igreja. Não podemos nos dar ao luxo de ser pegos
desprevenidos quando ela surgir, mesmo que fiquemos surpresos ao ver
de onde ela vem.
A maior dificuldade ao enfrentar a oposição é que ela pode desencorajá-
lo e fazê-lo duvidar da visão. Se você a estiver esperando, estará pronto
para ela.

A oposição a Neemias
Neemias enfrentou cinco tipos de oposição. Conosco não será diferente.

Apatia. Algumas pessoas simplesmente não se importam com a visão.


Neemias passou por isso:
os nobres dessa cidade não quiseram se juntar ao serviço, rejeitando a
orientação de seus supervisores (Ne 3.5b).

Alguns líderes mostraram-se apáticos em relação a Neemias. Com você


isso também acontecerá. Há pessoas que se tornam líderes porque são
visionárias, outras porque falam mais alto e impõem mais a sua opinião.
Ou seja, elas são obcecadas por poder (conheço muitos pastores assim).
Os líderes obcecados por poder se mostrarão apáticos diante de sua
visão porque eles a enxergam como uma ameaça ao controle que detêm.
No início de nossa transição, vários líderes realmente protestaram por
meio da apatia. Um deles a expressou com um pretexto teológico.
Quanto mais eu falava sobre os cristãos que não freqüentavam a igreja,
mais apático ele ficava. Finalmente, ele demonstrou sua apatia em voz
alta: "Não precisamos nos preocupar com os não-freqüentadores; Deus
sabe quem será salvo". Pode parecer um argumento teológico, mas veio
de um coração frio e apático que não se importava com os perdidos.
Você en-
123

frentará certa apatia. Ela pode estar vestida de um disfarce teológico, mas
não passa de simples apatia. Pode esperar.

Raiva. A visão de Neemias realmente revoltou algumas pessoas:


Quando Sambalate soube que estávamos reconstruindo o muro, ficou furioso
(Ne 4.1a).

De tempos em tempos, todos recebemos cartas nada elogiosas sobre


os nossos ministérios. Mas quando você começa a fazer grandes
transições na igreja, esse tipo de correspondência aumenta bastante.
Recebi uma carta que me acusava de mentir e de usar de psicologia para
manipular as pessoas da igreja. Nem posso mencionar alguns dos nomes
obscenos de que fui chamado. Algumas pessoas vão ficar muito bravas.
Pode esperar.

Ridicularização. Se você leu Neemias recentemente, vai se lembrar de


que Sambalate é o maior crítico dele e seu inimigo número um. Deixe-
me explicar melhor. Sambalate é um líder do inferno. Não fui pesquisar
ainda, mas acredito que Sambalate em hebraico tenha esse significado.
Todos temos alguns Sambalates em nossas igrejas. É o tipo de sujeito
que se opõe a tudo o que você propõe, que odeia tudo o que você
aprecia, que quer voltar sempre que você quer ir a frente. Você não pode
chamar esse cara de líder do inferno na frente dele, mas pode chamá-lo
de Sambalate.
Olhe só o velho e bom Sambalate: "Ridicularizou os judeus [...]" (Ne
4.1b). A palavra "ridicularizar" nessa passagem, de fato, significa "vexar",
"atacar", "indignar-se com". Uma expressão mais moderna poderia ser
"debochar", "zombar", "escarnecer" ou "ser sarcástico".
Você enfrentará uma certa ridicularização. Uma das formas mais
comuns atualmente é por meio de nomes pejorativos. Já fomos
chamados de liberais, heréticos, adeptos da Nova Era, manipuladores e
falsos profetas (e são apenas os
124

apelidos que me dão nas reuniões de líderes). Dá para imaginar? Pode


esperar pela ridicularização.

Crítica. Sambalate não parou por aí. O líder do inferno quer prevalecer.
Veja o que ele disse em seguida:
"O que aqueles frágeis judeus estão fazendo? Será que vão restaurar o seu
muro?" [...] Tobias [...] completou: "Pois que construam! Basta que uma raposa
suba lá, para que esse muro de pedras desabe!" (Ne 4.2,3).

Sambalate está dizendo: "Isso não vai dar certo. Seus homens não são
capazes disso. Mesmo que consigam construir o muro, ele não vai
durar".
Algumas pessoas farão críticas. Isso me faz lembrar uma história que me
contaram sobre uma família que tinha ido à igreja e no caminho de volta
para casa ficou criticando o sermão do pastor. O pai disse: "O sermão
foi muito longo". A mãe disse: "A música foi chata". O filho adolescente
disse: "Tudo foi longo e chato". Por fim, a criança de cinco anos disse:
"Pelo preço de um dólar, o espetáculo estava
mais do que bom".
Enfrentamos dois tipos de críticos durante as transições. O primeiro; é
de cristãos com uma formação mais tradicional. Às vezes, eles se opõem
às transições na igreja. Mas nem todos os cristãos tradicionais são
críticos, só os ranzinzos. O segundo é o dos pastores de igrejas tradicio-
nais, mas, torno a dizer, nem todos são críticas, só os mesquinhos.
Acredito que seja porque eles não compreendem o que está
acontecendo. Espero que não seja por inveja de termos tido bons
resultados. Os seus críticos podem não ser do mesmo tipo que os
nossos, mas você será criticado. Pode esperar.
125

Luta. Se você acha que a oposição vai sair de campo sem lutar, pode
esquecer. Haverá luta. Veja o que o grupo de oposição a Neemias queria
fazer:
Todos juntos planejaram atacar Jerusalém e causar confusão (Ne 4.8).

Eles não planejaram atacando frente. Eles tentaram se infiltrar:


Antes que descubram qualquer coisa ou nos vejam, estaremos bem ali no meio
deles; vamos matá-los e acabar com o trabalho deles (Ne 4.11).

A nossa batalha aconteceu durante uma reunião de diáconos,. Um


deles decidiu que era hora de me atacar, na frente de outros vinte
diáconos. Ele não tinha falado comigo frente a frente, mas não estava
interessado em agir conforme a Bíblia. Então, em uma explosão
repentina, ele me disse que eu tinha me afastado do evangelho, que não
me preocupava com o fato de as pessoas estarem deixando a igreja e que
a música nova que estávamos tocando era horrível. E terminou o ataque
dizendo: "Nossa igreja precisa voltar a ser como era antes!".
Aconteceram três coisas depois disso. Um de nossos pastores falou em
minha defesa. Os outros diáconos se pronunciaram. E eu fiquei firme e
disse: "Esse é o caminho que devo seguir. Preciso fazer uma igreja para
os que não têm nenhuma. Não posso voltar a pregar para os que já
crêem. Quem quiser me acompanhar, sinta-se livre para isso". Então,
reavaliamos o nosso propósito, alvo e estratégia juntos. E sobrevivi à luta
de mais um dia. Em algum ponto do caminho, haverá conflito. Pode
esperar.

Verdade-chave: Não leve as críticas para o lado pessoal


Dizer isso é fácil, o difícil é fazer. E ainda mais difícil para o tipo de
pessoa que, por natureza, gosta de agradar os outros,
126

como eu. Sou aquele que faz de tudo para ser agradável. Quero ver todo
mundo feliz. Adoro dizer sim e odeio dizer não para os outros. Por isso,
costumo levar as críticas para um lado muito pessoal.
Aprendi uma verdade anos atrás que realmente me ajudou. Faça o que
fizer, você será criticado, então, é melhor que seja por fazer a vontade de
Deus, não é verdade? Você será criticado de qualquer maneira. Pois que
seja por fazer a coisa certa. Paulo conhecia essa verdade:
Acaso busco eu agora a aprovação dos homens ou a de Deus? Ou estou
tentando agradar a homens? Se eu ainda estivesse procurando agradar a
homens, não seria servo de Cristo (Gl 1.10).
Esse versículo diz que você tem de escolher o seu público!
A realidade da crítica
Estas três afirmações sobre a crítica realmente nos libertaram, na
Flamingo Road, para buscarmos fazer a vontade de Deus:

• Não se pode agradar a todos. Se Jesus não conseguiu, não somos


nós que conseguiremos.
• Não se pode agradar alguém o tempo todo. Qualquer um que já
ficou casado por mais de cinco minutos sabe disso.
• Você pode agradar a Deus. Ele é muito mais fácil de agradar que as
pessoas.

Então, escolha o seu público. Uma de nossas frases favoritas na


Flamingo Road é "tocar para um público de um". Lembre-se de quem
será o seu principal e mais importante público.
127

Não fique surpreso se houver oposição e crítica. Pode esperar por isso.
Não deixe que elas surjam sorrateiramente e o peguem de surpresa. Se
não estiver preparado para isso, poderá ser derrotado pela grande
dificuldade que a oposição provoca: ficará desanimado e questionará a
sua visão.

2. CONTINUE NO CAMINHO
A segunda grande dificuldade1 relacionada à oposição é que ela pode
distraí-lo e enfraquecê-lo. Ela desvia a sua atenção daquilo que realmente
importa para questões secundarias. Voce acaba pode distraí-lo e
consumido mais pelo que é urgente do enfraquecê-lo. que pelo que é
importante. Você se torna um bombeiro da igreja, em vez de construtor.
O segredo, portanto, é continuar no caminho. Se você se desviar,
perderá o controle da visão. Se o inimigo conseguir tirar o principal
visionário e sua equipe do caminho, destruirá toda a visão.

Diário de bordo de Neemias


Neemias devia saber que a oposição tentaria desviar sua atenção da
visão. Ele manteve o curso de cinco maneiras específicas que também
servem para nós.

Continue orando. No capítulo quatro, a oposição que Neemias


enfrenta é bastante forte. Veja qual foi a primeira reação dele:
Ouve-nos, ó Deus, pois estamos sendo desprezados. Faze cair sobre eles a
zombaria [...] pois provocaram a tua ira diante dos construtores (Ne 4.4,5).
128

Você já notou que os construtores são sempre criticados pelos que se


recusam a trabalhar? Tenho a tendência de fazer todo o possível para
acalmar a oposição primeiro e contar com a oração como último recurso.
A primeira reação de Neemias foi a oração.
A oração é vital no processo da visão. Ela alimenta, inflama e preserva
a visão. A verdade é que a crítica e a oposição o levarão para algum lugar.
Se for para mais perto de Deus, você vai melhorar. Se for para longe de
Deus, você ficará ainda mais amargurado. A escolha é sua! E ela sempre
começa com a oração.
Um dos principais ingredientes de nosso sucesso nas transições é o
compromisso com a oração que os cristãos maduros de nossa igreja
assumiram. Eles sempre oram por nós quando temos de tomar uma
decisão difícil. Eles sempre oram por nós quando passamos por
dificuldades na vida pessoal. Eles sempre oram para que continuemos
buscando a Deus e não nos rendamos aos céticos. Existe inclusive um
grupo que está orando por mim neste exato momento em que estou
escrevendo este livro. Peça ao seu pessoal que ore. E, faça o que fizer,
continue orando.

Continue trabalhando. Um dos perigos reais da oposição é


que ela pode imobilizá-lo. Quando a pessoa desanima, tende
a reduzir os esforços; é um fato da vida. Se ficarmos desanimados e
deprimidos por muito tempo, poderemos acabar abandonando tudo
completamente. Quando o trem da visão pára completamente, fica difícil
fazê-lo voltar a andar.
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Por isso, não pare de trabalhar quando deparar com a oposição.


Mesmo quando as críticas estavam no auge, Neemias continuou
trabalhando. Ele não permitiu que isso o distraísse.
Nesse meio tempo fomos reconstruindo o muro, até que em toda a sua
extensão chegamos à metade da sua altura, pois o povo estava totalmente
dedicado ao trabalho (Ne 4.6).

No sul da Flórida, onde moro, os furacões são um fato da vida.


Ficamos vários anos sem ter nenhuma grande tempestade e as pessoas
começaram a se despreocupar e a se descuidar. Quando o furacão
Andrew nos atingiu em 1992, tudo mudou. Agora estamos muito mais
conscientes do estrago que um furacão pode fazer e fomos ao outro
extremo. Semana passada, recebemos o aviso de que um furacão se
aproximava. Dois dias antes que a tempestade chegasse, tudo começou a
fechar. Escolas, empresas, igrejas, consultórios, até o Wal-Mart! Foi
assustador. A tempestade estava claramente se desviando de nossa
região, mas passou perto o suficiente para assustar a todos e deixar a
nossa vida em suspenso por dois dias. Se essa tendência continuar, em
cada verão e outono dos próximos dez anos haverá uma queda de
produtividade no sul da Flórida, porque sempre aparece uma tempestade
ao longo da costa nessa época do ano!
Ao que parece, o mesmo acontece na igreja. Todo mundo se lembra
dos estragos que a última tempestade interna causou na igreja. Então,
quando vemos que outra está para acontecer, paramos qualquer trabalho
que estivermos fazendo e esperamos a tempestade passar. A verdade e
que sempre pode haver uma tempestade se formando em algum lugar.
Precisamos mudar a nossa maneira de pensar e, em vez de parar e
esperar que a tempestade passe, precisamos decidir trabalhar apesar dela.
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Quando sabemos que uma tempestade se aproxima, ficamos tentados a


dizer: "A oposição é muito grande e forte; vamos parar de trabalhar por
um tempo até ela passar". Se o inimigo perceber que você pára sempre
que uma nuvem ameaçadora se aproxima, ele deixará o seu céu sempre
bastante carregado para imobilizá-lo. Resista, Continue trabalhando.

Continue encorajando. Nunca fui muito bom em ortografia. Sempre


agradeço a Deus por ter uma esposa que é revisora e um computador
com corretor gramatical. Escrevo errado muitas palavras e nem percebo.
(Acho retrógrada a idéia de que as palavras só podem ser escritas de uma
forma.)
Existe uma palavra que escrevo errado deliberadamente. E a palavra
"encorajar", que escrevo com "i": "incorajar". Isso me faz lembrar de que
encorajar significa mcutir coragem em alguém e, nesse sentido, "incorajá-
lo".
Neemias desviou-se de seu caminho para "incorajar" as suas tropas em
meio à oposição:
Fiz uma rápida inspeção e imediatamente disse aos nobres, aos oficiais e ao
restante do povo: Não tenham medo deles. Lembrem-se de que o Senhor é
grande e temível, e lutem por seus irmãos, por seus filhos e por suas filhas, por
suas mulheres e por suas casas (Ne 4.14).

Neemias "incorajou" as pessoas dizendo três coisas. Primeiro, para não


terem medo das críticas. Segundo, para se lembrarem de que Deus estava
do lado delas. E, terceiro, para se lembrarem de seu propósito (parece
um bom tema para uma palestra).
Se você está sofrendo com o desânimo, deixe-me dizer-lhe três coisas.

• Primeiro, não tenha medo das críticas. Você não tem controle
sobre o que as pessoas dizem ou fazem, mas tem controle sobre a sua
reação a isso. Elas prestarão contas a Deus pelo que dizem a seu
respeito. E você prestará contas a Deus pela forma como reagir.
• Segundo, lembre-se de que Deus está com você. Gosto muito do
que Paulo diz para nós em Romanos 8.31b: "Se Deus é por nós, quem
será contra nós?". E ou não é um grande versículo? Fiz a minha
própria versão desse versículo e a escrevi na margem de minha Bíblia:
"Se Deus é por nós, quem se importa com quem é contra nós?"
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(Distorção revista de Southerland). Quando Elias enfrentou um


verdadeiro exército de oposição, respondeu: "Não tenha medo.
Aqueles que estão conosco são mais numerosos do que eles" (2 Rs
6.16).
• Terceiro, lembre-se de seu propósito. Se a sua cruzada visa à
realização de sua visão, é bom que tenha medo das críticas. Mas se o
seu propósito é realizar a visão de Deus, então "incoraje-se" e continue
no caminho.

Jerry Falwell costuma dizer: "Você conhece a grandeza de um homem


por sua perseverança". Continue "incorajando".

Continue liderando. Um artifício usado pela oposição para nos distrair


é desviar a nossa atenção daqueles que estamos liderando para aqueles
que não podemos liderar. Assim, deixamos de nos ocupar com aqueles
que trabalham e nos preocupamos com os que se opõem. Veja como
Neemias resolveu esse problema:
Os oficiais davam apoio a todo o povo de Judá que estava construindo o muro
(Ne 4.16b,17a).

Neemias tirou todos os líderes que ficavam nos bastidores planejando


e colocou-os com as pessoas que estavam construindo o muro. Ele sabia
que elas precisavam ver duas coisas:
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que os líderes estavam ao lado delas e que ainda lideravam.


É impossível levar a equipe até o topo se você está sempre dedicando
o seu tempo e atenção aos que se recusam a participar. Se o seu pessoal
achar que você parou de liderar, deixará de seguí-lo. Você precisa
continuar a dedicar o seu tempo ao que é importante, e não apenas ao
que parece urgente.
Em uma de nossas fases mais tumultuadas, contei a um grupo de
líderes todas as críticas que estávamos recebendo, para tentarmos superá-
las. Depois de citar uma longa lista, um dos líderes respondeu: "Estou
achando que a. única forma de conseguir a sua atenção é causando
problema". Ai, ai! Ele Testava certo. Caí na armadilha de dedicar todo o
meu tempo e atenção àqueles que não estavam me seguindo, em vez de
liderar aqueles que me seguiam.
Uma das coisas que contribuíram para a minha trajetória de
aprendizagem naquela época foi um ensinamento de Bill Hybels que
ouvi na Conferência sobre Liderança da Igreja Willow Creek (ele chama
as lições de "conversas"). Hybels disse: "Você deve guardar, as suas
lágrimas para um único grupo: ou para o que caminha na sua direção ou
para o que caminha para longe de você. Escolha por qual você derramará
as suas lágrimas". Entendeu? Eu entendi. Vou traduzir: "Não deixe que
os choramingões ditem a sua vida na igreja. Não deixe que os queixosos
tomem o tempo que você deve dedicar aos trabalhadores". Não se
envolva tanto na retaguarda com aqueles que se recusam a marchar em
frente a
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ponto de se esquecer de comandar os que estão na linha de frente, no


meio da batalha. Continue liderando.

Continue vigiando. Você precisa estar atento para continuar no


caminho. Jesus nos disse para sermos "astutos como as serpentes e sem
malícia como as pombas" (Mt 10.16). Jesus também nos advertiu para
tomarmos cuidado com os falsos profetas, que na verdade são lobos
vestidos em pele de cordeiro (v. Mt 7.15). Sempre que estiver fazendo
alguma coisa emjiome de Deus, os lobos em pele de cordeiro aparecerão.
Os lobos sempre aparecem para caçar as ovelhas mais jovens e mais
fracas do rebanho. E nunca se esqueça: eles caçam em matilha. Adoram
agrupar-se antes de atacar. Tínhamos um grupo que, durante seis meses,
se reunia toda semana para orar a fim de que enxergássemos o erro de
nossos planos e fizéssemos a igreja voltar ao que era antes. Na verdade,
eles não se reuniam para orar, mas para planejar um ataque.
Se você acha que já venceu e que a oposição se dispersou e fugiu,
pense duas vezes. Várias vezes me convenci de que, quando a onda de
oposição passasse, haveria uma trégua. Ledo engano. A boa noticiai que
as ondas de oposição parecem estar diminuindo e ficando cada vez mais
esparsas nessa fase de nossa jornada na Flamingo Road. A má notíciaé
que há sempre uma onda se formando em algum lugar.
Os lobos raramente abandonam a área. Eles continuam ali, rondando à
espreita na escuridão, esperando você dormir no posto. E por isso que
Neemias baixou um decreto:
Cada um de vocês e o seu ajudante devem ficar à noite em Jerusalém, para que
possam servir de guarda à noite e trabalhar durante o dia (Ne 4.22b).

Que ótima idéia! Devemos ser "guardas à noite", quando é mais


provável que haja um ataque, e "trabalhadores de dia", quando é hora de
colocarmos mãos à obra. Pedro nos lembra
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da importância de nos mantermos vigilantes: "Pastoreiem o rebanho de


Deus que está aos seus cuidados" (I Pe 5.2a). Se formos sábios,
continuaremos atentos.

Resumo
Há uma lei da física que diz que todo objeto que se move encontra
resistência. O único objeto que não encontra nenhuma resistência é o
que se encontra estacionário.
Quando começar a implementar a visão de Deus na igreja, você
encontrará oposição. A primeira etapa para lidar com ela é esperar por
ela. Apatia, raiva, ridicularização, crítica e luta podem aparecer à sua
frente. A segunda etapa para sobreviver a oposição e continuar no
caminho. Você deve continuar orando, trabalhando, encorajando,
liderando e vigiando, mesmo quando tudo indicar que você desistir.
Lembre-se do que Tiago disse sobre a perseverança:
Queridos irmãos, a vida de vocês está cheia de dificuldades e de tentações?
Então, sintam-se felizes, porque quando o caminho é áspero, a perseverança
de vocês tem uma oportunidade de crescer. Portanto, deixem-na crescer, e
não procurem desviar-se dos seus problemas. Porque quando a perseverança
de vocês estiver afinal plenamente crescida, vocês estarão preparados para
qualquer coisa, e serão fortes de caráter, íntegros e perfeitos (Tg 1.2-4, BV).

Verdade-chave: Esteja disposto a deixar que as pessoas


abandonem a igreja
Grave bem o que vou dizer. A realidade do ministério é a seguinte:
algumas pessoas abandonarão a igreja, não importa o que você faça. E o
instinto de perseverança. Uma das coisas
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mais difíceis do ministério é quando as pessoas às quais você dedicou a


sua vida abandonam a igreja. Mas, no momento em que estabelece a vi-
são e mantém o curso, você provoca um êxodo.
Quando falo de nossas transições na Flamingo Road, sempre me per-
guntam: "Quando você fez as suas transições, perdeu alguém?". O que
você acha? Sim! Pelo que sei, nos últimos nove anos perdemos cerca de
trezentas pessoas que não aceitaram as nossas mudanças. Quase a
metade das trezentas pessoas que freqüentavam a igreja quando
começamos a fazer as transições nos deixaram com o passar dos anos, e
algumas que entraram no projeto quando estávamos no meio das
transições nos deixaram mais tarde. Perdemos trezentas pessoas e
ganhamos duas mil. Perdemos trezentas que já estavam comprometidas
com Cristo e ganhamos duas mil, a maioria das quais era de não-
freqüentadores, perdidos e condenados. Você já quis perder alguém a
quem amava? Não. Mas você acha que faríamos essa troca hoje
novamente se tivéssemos chance? Sem pestanejar.
A propósito, quase todas as trezentas pessoas que nos deixaram
encontraram um lar em outras igrejas. Muitas agora fazem parte de uma
das dezesseis igrejas missionárias que inauguramos. Elas não estão na
Flamingo Road, mas ainda fazem parte da família. Elas não perderam o
Reino. Na verdade, a maioria é muito mais produtiva onde está agora do
que jamais foi na Flamingo Road, porque agora se encontram em igrejas
às quais podem se dedicar totalmente.
Fecharei este capítulo com uma história. Bob (não é seu nome
verdadeiro; a chance de que ele leia isto um dia é bem pequena) era um
membro antigo da Flamingo Road. Pelo que sei, a úni-
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ca coisa que ele fez enquanto esteve aqui foi reclamar e murmurar. Bob e
eu tivemos algumas brigas e eu o desafiei em relação ao seu espírito
crítico. Ele acabou nos deixando e entrou para uma igreja missionária de
nosso bairro.
Encontrei-me por acaso com Bob dois anos atrás em um restaurante a
caminho do aeroporto quando ia para uma conferência. Sabia que ele
queria me dizer alguma coisa quando apertou a minha mão e exclamou:
"Que bom vê-lo novamente!". Então ele começou a me contar o quanto
amava a sua igreja. Estava mais envolvido com ela do que nunca. Dava
aulas na classe de estudo bíblico e tinha acabado de ser convidado para
se tornar diácono. Bob era um membro produtivo da igreja e um bom
líder: duas coisas que nunca tinha sido na Flamingo Road.
Mais tarde, no avião, tive oportunidade de refletir sobre o nosso
encontro no restaurante. Bob estava feliz, porque era produtivo. Eu
estava feliz, porque Bob não envenenava mais os amigos na Flamingo
Road. Deus estava feliz, porque duas de suas igrejas estão melhores
agora. Ninguém saiu perdendo. Glória a Deus!

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