MUNDO 3. O cristão leigo como sujeito eclesial 3.3. Entraves à vivência do cristão como sujeito na Igreja e no mundo.
O cristão encontra alguns entraves para a
vivência de sua fé de modo integral e integrado. Eis algumas realidades que deveriam estar relacionadas e articuladas: Oposição entre a fé e a vida. Nos Evangelhos, ao contrário dessa mentalidade e prática onde o mundo da fé é superior e oposto ao mundo da vida, Jesus nos mostra como a fé em Deus se expressa em todas as dimensões da vida: pessoal, familiar, comunitária, profissional, sociopolítica e religiosa. Oposição entre sagrado e profano. Os cristão não devem se isolar no que é considerado “sagrado”. Ao contrário, devem aprender a integrar e relacionar todos os espaços da vida, descobrindo aí os sinais do Reino. Oposição entre a Igreja e o mundo. Para muitos a Igreja é vista como refúgio, arca da salvação, lugar para o encontro com Deus, enquanto o mundo é lugar do pecado, da perdição, da maldade. A Igreja está comprometida com este mundo, como sacramento e sinal da salvação misericordiosa de Deus, e nesta missão, peregrina até que o Reino de Deus se manifeste plenamente em novo céu e nova terra. Oposição entre identidade eclesial e ecumenismo. “A divisão dos cristãos entre si é um estado de fato grave” (Paulo VI). O diálogo ecumênico é missão da Igreja e não simplesmente uma estratégia de evangelização. Todo cristão leigo é interpelado para que seja sujeito e instrumento da unidade entre os cristãos. De certa forma todas essas oposições se resumem no receio de assumir o que é do mundo. Esquece-se que o mundo foi criado por Deus, nele o Verbo de Deus se encarnou e nele age o Espírito Santo, que sopra onde quer. O Para Francisco questiona esta postura, denunciando: “Apesar de se notar uma participação de muitos nos ministérios laicais, este compromisso não se reflete na penetração dos valores cristãos no mundo social, político e econômico; limita-se muitas vezes às tarefas no seio da Igreja, sem um empenhamento real pela aplicação do Evangelho na transformação da sociedade”. Evidenciar, refletir e promover ações que gerem uma nova consciência são atitudes necessárias para a maturidade de verdadeiros sujeitos.