Você está na página 1de 7

V - ESTADO

1 ORIGEM E FORMAÇÃO DO ESTADO

Origem da Palavra: A denominação de Estado tem sua origem do latim


“status” = estar firme, significando situação permanente de convivência e ligada
à sociedade política. Aparece pela primeira vez em o príncipe, escrito por
Nicolau Maquiavel em 1513.

Eis o texto do capítulo:

“De quantas espécies são os principados. E quantas são as maneiras em


que se adquirem”. “Todos os Estados, os domínios que existiram e existem
sobre os homens, foram e são Repúblicas ou Principados. Os principados, ou
são hereditários e seu senhor é príncipe pelo sangue de longa data, ou são
novos. São os novos inteiramente novos, tal Milão com Francesco Sforza, ou tais
membros juntados a um Estado que recebe por herança um príncipe, tal o reino
de Nápoles ao Rei da Espanha. Tais domínios assim recebidos são, seja
habituada a sujeição a um príncipe, seja livre, e são adquiridos com tropas
alheias ou próprias, pela sorte ou pelo valor”.
A partir daí, então a palavra Estado passou a ser usada pelos italianos
sempre ligados ao nome de uma cidade independente, como por exemplo,
“Stato de Firenze”. Os franceses, ingleses e alemães adotaram a expressão no
decorrer dos séculos XVI e XVII e, até o século XVIII, os espanhóis aplicavam a
denominação Estado também para grandes propriedades rurais de domínio
particular, cujos proprietários tinham poder jurisdicional.
De qualquer forma, é certo que o nome Estado, indicando uma sociedade
política, só aparece no século XVI, e este é um dos argumentos para alguns
autores que não admitem a existência do Estado antes do século XVI.
Várias são as teorias, na origem do Estado, que investigaram as causas de
seu surgimento, todavia, três são os aspectos que devem ser considerados: O
aspecto sociológico; o aspecto histórico; e o aspecto doutrinário.

O ASPECTO SOCIOLÓGICO – É aquele que diz respeito à verificação dos


elementos formadores (constitutivos ou essenciais) das primeiras sociedades
políticas buscadas pelo ser humano.

O ASPECTO HISTÓRICO – É aquele que vê o Estado como um fato social em


constante evolução.

Por fim, quanto ao ASPECTO DOUTRINÁRIO – É aquele que o analisa do


ponto de vista filosófico (ou seja, filosofia pura).
2 CONCEITO DE ESTADO (ESPLICADO) = acompanhe a leiura no texto
negritado.

Estado é a sociedade necessária em que se observa o exercício de um


governo (terceiro elemento – delegação de soberania nacional). É uma
delegação de soberania nacional. É o conjunto das funções necessárias à
manutenção da ordem jurídica e da administração pública. Segundo Esmein “é
a própria soberania posta em ação”. Para a escola alemã, “é um atributo
indispensável da personalidade abstrata do Estado”. Finalmente, Léon Duguit
ensina que “a palavra governo tem dois sentidos: coletivo e singular. O
primeiro (coletivo) como conjunto de órgãos que presidem a vida política do
Estado. O segundo (singular) como poder executivo” dotado de soberania a
exercer seu poder sobre uma população (sem essa substância humana não há
que se cogitar da formação ou existência do Estado). Representa, na sociedade
política, o elemento humano, comum a todas as sociedades (massa humana). O
conceito de população não se confunde com o conceito de povo. População tem
conotação quantitativa, explicitando a multidão de indivíduos que compõe o
Estado. Povo é o conjunto de indivíduos qualificados pelo vínculo da
nacionalidade. A importante distinção está nos direitos políticos, cujo exercício
se restringe tão somente aos nacionais, num determinado território (base física
– onde ocorre à validade da sua ordem jurídica). É uma parte determinada do
globo terrestre (chamada também de base física) na qual um Estado exerce a
sua soberania. É patrimônio sagrado e inalienável do povo (assim ensina o
professor Pedro Calmon). É o espaço certo e delimitado onde se exerce o poder
de governo sobre os indivíduos. Daí se concluir que o conceito possui conteúdo
de natureza política não se reduzindo ao significado geográfico. Afirma, o
professor Queiroz Lima, que: “Território, tanto quanto população e governo são
indispensáveis à configuração do Estado moderno”. Compreende o território: a
superfície terrestre; o supra – solo; o subsolo; e o mar territorial, onde cria,
executa e aplica seu ordenamento jurídico, visando o bem comum
(observação: o conceito no texto negritado é do professor Pedro Salvetti Netto –
in Curso de Teoria do Estado);
Ou “é um agrupamento humano estabelecido em determinado território
e submetido a um poder soberano que lhe dá unidade orgânica” (conceito do
mestre Clóvis Bevilácqua);
Ou “a pessoa jurídica soberana, constituída de um povo organizado
sobre um território sob comando de um poder supremo, para fins de defesa,
ordem, bem estar, e progresso social” (conceito de Alessandro Groppali).
Finalmente, “é a nação politicamente organizada” (o mais corrente –
Professor Pedro Calmon). Merece aqui e agora, os ensinamentos do festejado
professor Hely Lopes Meirelles (in Direito Administrativo Brasileiro) “O
conceito de Estado varia segundo o ângulo em que é considerado. Do ponto de
vista sociológico, é corporação dotada de um poder de mando originário (Georg
Jellinek); sob o aspecto político é comunidade de homens, fixada sobre um
território, com potestade superior de ação de mando e coerção (Carré de
Malberg); sob o prisma constitucional é pessoa jurídica territorial soberana
(Biscaretti di Ruffia); na conceituação do nosso Código Civil, é pessoa jurídica
de direito público interno. Como ente personalizado, o Estado tanto pode atuar
no campo do direito público como no de direito privado mantendo sempre sua
única personalidade de direito público, pois a teoria da dupla personalidade do
Estado se acha definitivamente superada. Esse é o Estado de Direito, ou seja, o
Estado juridicamente organizado e obediente às suas próprias leis”.

3 ELEMENTOS CONSTITUTIVOS DO ESTADO

São três os elementos constitutivos também chamados de formadores ou


essenciais do Estado: população, território e governo.

Vejamos cada um deles:

POPULAÇÃO (sem essa substância humana não há que cogitar da formação ou


existência do Estado) = Representa, na sociedade política, o elemento humano,
comum a todas as sociedades (massa humana). O conceito de população não se
confunde com o conceito de povo. POPULAÇÃO ⇒ Tem conotação
quantitativa, explicitando a multidão de indivíduos que compõe o Estado.
POVO ⇒ É o conjunto de indivíduos qualificados pelo vínculo da
nacionalidade. A importante distinção está nos direitos políticos, cujo exercício
se restringe tão somente aos nacionais.

TERRITÓRIO (base física – onde ocorre à validade da sua ordem jurídica) = É


uma parte determinada do globo terrestre (base física) na qual um Estado
exerce a sua soberania. É patrimônio sagrado e inalienável do povo (Pedro
Calmon). É o espaço certo e delimitado onde se exerce o poder de governo
sobre os indivíduos. Daí se concluir que o conceito possui conteúdo de natureza
política não se reduzindo ao significado geográfico. Afirma o professor Queiroz
Lima: “Território, tanto quanto população e governo são indispensáveis à
configuração do Estado moderno. Compreende o território: a superfície
terrestre; o supra-solo; o subsolo e o mar territorial”.

GOVERNO: (mais um elemento – delegação de soberania nacional) = É uma


delegação de soberania nacional. É o conjunto das funções necessárias à
manutenção da ordem jurídica e da administração pública. Segundo Esmein: “é
a própria soberania posta em ação”. Para a escola alemã: “é um atributo
indispensável da personalidade abstrata do Estado. Finalmente, Léon Duguit
ensina: “que a palavra Governo tem dois sentidos: coletivo e singular. O
primeiro (coletivo) como conjunto de órgãos que presidem a vida política do
Estado. O segundo (singular) como poder executivo”.

4 FORMAS DE ESTADO

O Estado perfeito e o Estado imperfeito;

vejamos:

ESTADO PERFEITO: É aquele que reúne os três elementos constitutivos:


população; território; e governo, cada um na sua (perfeita) integridade. O
elemento governo entende-se como poder soberano irrestrito. É característica
do Estado perfeito, sobretudo, a plena personalidade jurídica de direito público
internacional.

Podem ser:

• SIMPLES = É aquele que corresponde a um grupo populacional


homogêneo, com seu território tradicional e seu poder público
constituído por uma única expressão que é o governo nacional; e

• COMPOSTO = A união de dois ou mais Estados, apresentando duas


esferas distintas de poder governamental, e obedecendo a um regime
jurídico especial, variável em cada caso, sempre com a predominância do
governo da União como sujeito de direito público internacional. É uma
pluralidade de Estados, perante o direito público interno, mas no
exterior se projeta como uma unidade.

ESTADO IMPERFEITO: É aquele que embora possuindo os três elementos


constitutivos (população, território e governo), sofre restrições em qualquer
deles. Essa restrição se verifica, com maior freqüência, sobre o elemento
governo. O Estado imperfeito pode ter administração própria de auto-
organização, mas não é Estado na exata acepção do termo enquanto estiver
sujeito à influência tutelar de uma potência estrangeira. Não sendo soberano,
não é pessoa jurídica de direito público internacional, logo, não é Estado
perfeito.

5 TIPOS CARACTERÍSTICOS DE ESTADO COMPOSTO

Quatro os tipos que caracterizam o Estado composto,


vejamos:

1º Tipo e característica = UNIÃO PESSOAL ⇒ É uma forma própria da


Monarquia, que ocorre quando dois ou mais Estados são submetidos ao
governo de um só Monarca. Resulta esse fato, em regra geral, do direito de
sucessão hereditária, pois um mesmo príncipe, descendente de duas ou mais
dinastias, poderá herdar duas ou mais Coroas. Entretanto, pode resultar de
eleição ou de acordo internacional.

2º Tipo e característica = UNIÃO REAL ⇒ Consiste na união íntima e definitiva


de dois ou mais Estados, conservando cada um a sua autonomia administrativa,
a sua existência própria, mas formando uma só pessoa jurídica de direito
público Internacional (forma tipicamente Monárquica).

3º Tipo e característica = UNIÃO INCORPORADA ⇒ É a união de dois ou mais


Estados distintos para a formação de uma nova unidade. Neste caso, os Estados
se extinguem. São completamente absorvidos pela nova entidade resultante da
incorporação.

4º Tipo e característica = CONFEDERAÇÃO ⇒ É a reunião permanente e


contratual de Estados independentes que se ligam para fins de defesa externa e
paz interna.

6 NASCIMENTO DO ESTADO

Três são os modos para nascer um Estado. Pode ser: pelo modo
originário; pelo modo secundário; e pelo modo derivado.

1º Modo = ORIGINÁRIO ⇒ Quando um agrupamento humano (mais ou menos


homogêneo), estabelecendo-se em um certo território, organiza o seu governo e
passa a funcionar nas condições universais da ordem política e jurídica. No
dizer do professor Celso Seixas Ribeiro Bastos (in Curso de Teoria do Estado e
Ciência Política) o modo originário = É aquele em que o Estado nasce do
próprio meio onde se estabelece a sociedade, diretamente do povo, sem
qualquer influência de fatores externos.

2º Modo = SECUNDÁRIO ⇒ Quando uma nova unidade política pode nascer


da união ou da divisão de Estados (confederação = União permanente entre
Estados independentes e soberanos com vistas à realização de
empreendimentos de interesse comum, quais sejam, a defesa exterior e a
manutenção da paz interna;
• FEDERAÇÃO = União nacional mais restrita e indissolúvel, em outras
palavras, os Estados passam a constituir uma única pessoa jurídica de
direito público internacional, ou seja, um só Estado soberano;

• UNIÃO PESSOAL = Ocorre quando dois ou mais Estados são


governados por um único monarca. Essa união decorre, na maioria das
vezes, em razão do princípio de sucessão hereditária dos reis ou de
princípios convencionais, por meio de acordo internacional, de um
determinado monarca; ou

• UNIÃO REAL = União de dois países formando um só Estado para


efeitos externos, embora internamente ambos conservem autonomia).
Também no dizer do professor Celso Seixas Ribeiro Bastos (obra acima
citada) o modo

• SECUNDÁRIO = É aquele em que o Estado nasce da união ou da divisão


de Estados. Ele nasce da união de Estados no caso da confederação, da
federação, da união real e da união pessoal; e da divisão de Estados
quando esta for nacional ou sucessória.

3º Modo = DERIVADO ⇒ quando o Estado surge em conseqüência de


movimentos exteriores (colonização – ato de governo – concessão dos direitos
de soberania). Ainda nos ensinamentos do professor Celso Seixas Ribeiro Bastos
(obra acima citada) o modo derivado é aquele que decorre de movimentos
exteriores, quais sejam, colonização, concessão de direitos de soberania e ação
de um governo estrangeiro. A colonização é uma forma utilizada para povoar e
proteger as terras descobertas de possíveis invasores.

Há dois tipos de colonização:

(I) A de povoamento, que tem por objetivo povoar as terras, e

(II) a de exploração, que tem como intuito extrair as riquezas das colônias.

7 EXTINÇÃO DOS ESTADOS

No que se refere à extinção dos Estados, duas são as causas que podem
levar o Estado à sua extinção: Causa geral ou Causa específica.

Vejamos a cada uma delas:


1ª Causa = GERAL ⇒ Ocorre o desaparecimento do Estado como unidade de
direito público, sempre que, por qualquer motivo, faltar um dos seus elementos
constitutivos ou essenciais ou formadores, ou seja: população, território e
governo. Faltando um deles (não importa qual) não existe mais o Estado.

2ª Causa = ESPECÍFICA ⇒ Quando ocorrer por conquista, emigração, expulsão


ou por renúncia.

Vejamos cada causa:

(a) CONQUISTA: Quando desorganizado, enfraquecido, sem amparo de um


órgão internacional de justiça e segurança, é invadido por forças estrangeiras.
Como exemplo, os mestres indicam a Idade Antiga (período em que era
comuns a ocupação do território e a conquista da população por um outro
Estado);

(b) EMIGRAÇÃO: Quando sob a pressão de qualquer acontecimento imprevisto


(que pode ser: o clima, a falta de alimentos, etc) toda a população nacional
abandona o país;

(c) EXPULSÃO: Quando forças conquistadoras, ocupando plenamente o


território do Estado invadido, obriga a população vencida (geralmente os
primitivos) a se deslocar para outra região;

(d) RENÚNCIA: Desaparecimento espontâneo que ocorre (renúncia aos direitos


de soberania) quando uma sociedade vem a renunciar aos seus direitos de
autodeterminação em favor de uma outra sociedade (devemos entender como
um outro Estado), quando esta (sociedade ou Estado) for mais forte.

Você também pode gostar