Você está na página 1de 32

Circuitos Elétricos II

Cap. 1 – Análise de
Potência em CA
Profª Luciana C. Leite
Curso de Engenharia Elétrica
FAENG/UFMS
Potência elétrica em circuitos CA

 Potência elétrica é dada simplesmente pelo produto da tensão pela


corrente. Em circuitos CC, como ambas são constantes, a potência
também é constante ao longo do tempo. Já em circuitos CA, as formas
de onda senoidais, tanto da tensão quanto da corrente, e principalmente
a defasagem entre elas, requerem a introdução de novos conceitos de
potência: ativa (W), reativa (VAR) e aparente (VA).
 Com a tensão na referência, para a potência instantânea de uma carga
monofásica com característica indutiva de impedância Ż=Z° (Ω)
indicada abaixo, têm-se:
v(t) = Vm.sen(t);
i(t) = Im.sen( t - ).


p(t) = v(t).i(t) =
Vm.Im.sen(t).sen( t - ) Figura 1 – Carga indutiva.
Potência instantânea p(t)
Potência instantânea p(t)
em que:

De (2) + (3), obtém-se:

termo correspondente a potência alternada de frequência dupla dos


sinais de tensão e corrente do circuito monofásico (ver fig. 1).
Potência instantânea p(t)

Figura 2 – Carga indutiva: valores instantâneos de v(t), i(t) e p(t).


Potências instantânea p(t), útil
(W), reativa (VAR) e aparente (VA)

Figura 3 – Potência instantânea e suas parcelas.

Legenda:
Azul  potência instantânea p(t);
Vermelho  Vrms.Irms.cos().(1 + cos(2t)), possui valores positivos;
Verde  Vrms.Irms.sen().sen(2t) é simétrica e possui valor médio nulo;
Preto  potência útil = Vrms.Irms.cos().
Potências real (W), reativa (VAR) e
aparente (VA)

 Considerando Ż = Z° = R + jX (Ω), a corrente e a tensão nas formas


fasoriais, V =V0° (V) e Î = I−° (A), tem-se os componentes de
potência:
Potência complexa Ŝ (VA)

 Considerando Ż = Z-° = R - jXC (Ω), a corrente e a tensão nas formas


fasoriais, V=V0° (V) e Î=I° (A), a potência complexa (Ŝ) é definida
como:

 A potência total Ŝ é denominada de potência complexa, e a unidade é o


volt-ampère (VA). A magnitude da potência complexa, |Ŝ|=|V|.|Î|, é
denominada de potência aparente e sua unidade é também o volt-
ampère (VA). Transformando a potência complexa para a forma
retangular, tem-se:


Figura 4 – Triângulo de potências de circuitos RC.
Potência complexa Ŝ (VA)
 Considerando Ż = Z° = R + jXL (Ω), a corrente e a tensão nas formas
fasoriais, V=V0° (V) e Î=I-° (A), a potência complexa (Ŝ) é definida
como:

 

Figura 5 – Triângulo de potências de circuitos RL.


Circuito equivalente para
transferência máxima de potência
 Para que uma carga (Rr + jXr) absorva a Máxima Potência média do circuito
(alimentado por uma fonte real ou um equivalente de Thévenin), a potência
útil do circuito é definida como P = Rr.I2 (W), em que I = Eg/  [(R1+Rr)2 + (X1
+ Xr)2], então: P = Rr.Eg2/[(R1+Rr)2 + (X1 + Xr)2].

 O valor máximo de P para um dado valor de Rr é obtido para dP/dRr = 0,


implica em Rr =  [R12 + (X1 + Xr)2], que representa a resistência que
resulta em máxima potência dissipada. Substituindo Rr na expressão de P,
a potência máxima acontece quando:

Obs: Para a transferência máxima de potência de


uma fonte para a carga, a impedância da carga
deve ser igual ao conjugado da impedância
interna da fonte.
Fator de potência de deslocamento
(FP)

 A relação entre a potência útil (W) e a potência aparente (VA) é denominada de


fator de potência de deslocamento (FPD ou FP). O FP de uma carga ou circuito
representa o quanto de potência entregue é convertida em trabalho útil.

 O ângulo θ representa o defasamento angular entre a tensão e corrente. Como a


relação entre tensão e corrente resulta em impedância, o ângulo θ é o mesmo da
impedância, assim como é o ângulo entre as potências útil e aparente.

Figura 6 – Relação entre FP e triângulos de impedância, admitância e de potência.

    FP  indica crescimento na componente reativa;


FP = 0  circuito puramente reativo; FP = 1  circuito puramente resistivo.
Fator de potência de deslocamento
(FP)

 A maioria das cargas é de origem indutiva, como por exemplo,


transformadores, motores elétricos, alto-falante, etc.
 Circuitos RC: o FP é dito ser adiantado, ou seja, a corrente está
adiantada em relação à tensão.
 Circuitos RL: o FP é dito ser atrasado, ou seja, a corrente está
atrasada em relação à tensão;
 Circuitos RLC: o FP vai depender dos valores da impedância (R,
XL e XC) do circuito, ou seja, se a impedância equivalente possui
características indutivas ou capacitivas.
Correção de Fator de Potência (FP)

 O FP é um importante indicador de quanto de potência útil (W) é transferida


para a carga. O maior valor para o FP é 1, indicando que toda a corrente que
alimenta a carga está em fase com a tensão. Quando o FP é 0, toda a corrente
de carga é defasada de 90º da tensão.
 Em geral, é desejável um FP o mais próximo da unidade pois significa que a
maioria da potência transferida da fonte para a carga é potência útil.
 Potência útil é unidirecional (fonte→carga), realizando trabalho na carga em
termos de conversão de energia.
 Potência reativa simplesmente oscila entre fonte e carga com um trabalho
líquido nulo.
 Deve-se adicionar ao circuito um componente (C ou L) tal que produza
potência reativa contrária àquela predominante no circuito, de modo que anule
ou diminua significativamente esta potência indesejável. Usualmente, inserem-
se capacitores já que a maioria das cargas usuais são indutivas.
A importância da correção do fp

 No Brasil, cerca de 60 % da carga industrial corresponde a motores de indução


que, por sua vez, respondem por cerca de 40 % da carga total (residencial,
industrial, comercial e rural). FP baixo significa pequeno aproveitamento de
potência útil em comparação com um grande fornecimento de potência
aparente e elevadas correntes exigidas das empresas de energia elétrica.

P = V.I.FP  I.FP = P/V = constante

 FP exigido no Brasil: 92%;


 França e Japão: 98%.

kWh cobrado = kWh medido.(0,92 / FP medido)


Exemplo 1 - Cálculo de Potência
Complexa
Exemplo 1 - Cálculo de Potência
Complexa (cont.)
Exemplo 1 - Cálculo de Potência
Complexa (cont.)
Exemplo 2 - Cálculo de Potência
Complexa
Exemplo 2 - Cálculo de Potência
Complexa (cont.)
Exemplo 2 - Cálculo de Potência
Complexa (cont.)
Qual o efeito de se ajustar o fp em
instalações industriais
 Na fig. 7, o efeito do banco de
capacitores consiste em
contrabalançar o atraso da
corrente em relação à tensão,
devido ao caráter indutivo da
carga, através do fornecimento
de corrente adiantada em
relação à tensão. Isso pode ser
compreendido considerando-se Figura 7 – Instalação industrial com banco de
uma carga industrial equilibrada capacitores.
(a carga em cada fase é a
mesma), fato que permite usar o
modelo por fase do problema,
como é mostrado na fig. 8.

Figura 8 – Instalação industrial com banco de capacitores.


Qual o efeito de se ajustar o fp em
instalações industriais
 A corrente fasorial fornecida pela
fonte, após a colocação do
capacitor, será a soma fasorial de
Ic e Im, como ilustrado na fig. 9.
 Note que a corrente resultante
tenderá ter amplitude cada vez
menor à medida que o FP for
sendo elevado, atingindo valor
mínimo quando estiver em fase
com a tensão. Entretanto, deve-se
ter o cuidado de não instalar
capacitores demais, pois o FP
pode voltar a diminuir, como pode
ser mostrado nos diagramas
fasoriais da fig 9. Figura 9 – Diagrama fasorial com as variações
da corrente, conforme a correção do FP.
Cálculo dos F necessários na
correção do FP

 Especificação do capacitores: nível de tensão, VAR e capacitância.

A propósito, os
banco de capacitores
são colocados em
delta (), já que
possuem menores
valores de F em
relação a estrela (Y). Figura 10 – Triângulo de potências para a correção do FP.
Exemplo de correção de FP
 Aplicou-se um sinal alternado senoidal
com valor eficaz de V=220 Vrms, 60 Hz,
à um circuito paralelo de dois ramos
indicado na figura ao lado. Sabendo-se
que:
– Carga 1: tem característica
indutiva, com P1=100 W e Q1=200
VAr;
– Carga 2: tem característica
e) Determine ÎF e ZF após a
capacitiva, com S2=144,22 VA e correção do FP;
FP=0,832. Pede-se: f) Determine ÎF e ZF através da
a) Determine o pot para a Carga 1; composição das correntes e das
impedâncias;
b) Determine o pot para a Carga 2;
g) Compare ÎF antes e após a
c) Determine o pot para a carga correção do FP.
equivalente (Carga 1 Carga 2);
d) Qual o valor de C para que o FP =
0,995 (ind.);
Exemplo de correção de FP (cont.)
Exemplo de correção de FP (cont.)
Exemplo de correção de FP (cont.)
Exemplo de correção de FP (cont.)
Exemplo de correção de FP (cont.)
Controladores automático de FP
 Em grandes instalações comerciais ou industriais, a carga ativa normalmente varia
bastante ao longo do dia, dependendo do ritmo das atividades. Se o consumo de
energia elétrica é significativo, então torna-se compensador instalar um controlador
automático do FP, cujo diagrama esquemático está abaixo:
 Sistema: consiste de uma
unidade de medição da tensão,
corrente e defasagem entre
elas (registrador digital de
tarifação diferenciada-RDTD),
de uma unidade
microprocessada (controlador)
que estima W, VA e o FP no
momento, calcula os VAR e
F/fase necessários, determina
qual o arranjo de capacitores a
ser feito e comanda as chaves
eletrônicas para implementar
tal arranjo. Portanto, garante-
se que o FP estará sempre
ajustado no valor desejado,
independentemente do nível
de demanda de energia
elétrica.
Medidores de potência

 O watímetro mede (watt) a potência útil entregue à carga, ou seja, a potência


elétrica que esta converte em alguma outra forma de potência, enquanto que o
voltímetro indica o valor eficaz (volt) da tensão sobre a carga (Vef) e o amperímetro
indica o valor eficaz (ampére) da corrente na carga (Ief). Ao variar a carga, observa-
se experimentalmente que a leitura do watímetro mede quase sempre um valor
menor que o produto VefIef das leituras do voltímetro e amperímetro. Somente
quando a carga é puramente resistiva (um resistor ou uma lâmpada incandescente)
observa-se a igualdade das duas grandezas.
 BC (bobina de
corrente): ligadas
em série com a
carga.
 BT (bobina de
tensão): ligada
em paralelo com
a carga.

Figura 11 – Medição de potência em circuitos monofásicos.


Referências
 Apostilas e notas de aula de Análise de Circuitos Elétricos II – Profª Luciana
Cambraia Leite. Curso de Engenharia Elétrica / FAENG / UFMS.
 Floyd, T.L. Principles of Electric Circuits, 6th Ed. Prentice Hall, 2000. ISBN 0-
13-095997-9.927p.
 Nilsson, James W., Reidel, Susan A., Circuitos Elétricos, Pearson Prentice
Hall, SP, 8ª Edição, 2009.
 Kerchner, R. M., Corcoran, G. F., Circuitos de Corrente Alternada, Porto
Alegre, Globo, 1973.
 BOYLESTAD, R. L. Introdução à análise de circuitos. Tradução: José Lucimar
do Nascimento; Revisão Técnica: Antonio Pertence Junior. 10. ed. São Paulo:
Pearson Prentice Hall, 2004.

Você também pode gostar