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FATORES ASSOCIADOS AO ESTRESSE DO ENFERMEIRO INTENSIVISTA:

UMA REVISÃO DA LITERATURA

Martha Maria Macedo Bezerra1


Rachel de Sá Barreto Luna Callou Cruz2
Elisabeth Alves Silva3

Resumo
O estresse é um dos fatores responsáveis por alterações do estado de saúde e bem estar do
indivíduo que podem levar à doença e à morte. Os profissionais de saúde, em especial o
enfermeiro que atua na UTI, estão expostos a um ambiente considerado insalubre, onde
prevalece o desgaste físico e emocional pelo fato de ser grande sua proximidade com
pacientes em sofrimento com risco de morte e também os momentos de visitas com familiares
onde são bastante emocionantes. Nesse sentido, objetivou-se identificar os fatores geradores
de estresse, seus efeitos, sinais e sintomas, presentes nos enfermeiros atuantes em Unidades
de Terapia Intensiva. Trata de uma revisão bibliográfica, com seleção de documentação,
fichamento e arquivamento de informações relacionadas ao estresse no trabalho do enfermeiro
dentro da unidade de terapia intensiva. Dentro da unidade de terapia intensiva a enfermagem é
a maior força de trabalho, no entanto, os hospitais não investem em melhores condições de
trabalho.

Palavras chave: unidade de terapia intensiva; trabalho; estresse; enfermeiro.

INTRODUÇÃO

O estresse é provocado por momentos de angústia devido à morte de alguns pacientes,


ambiente insalubre, visitas dos familiares, dupla jornada de trabalho, baixos salários, barulhos
dos equipamentos, telefones, enfim situações que influenciam constantemente para a
motivação do enfermeiro.
Guido (2003) refere o hospital como local propício ao estresse ocupacional, devido à
tristeza existente no ambiente. Apesar do serviço hospitalar ser uma área de grandes pesquisas
sobre estresse em profissionais de enfermagem, não é só neste nível de atenção à saúde que
ele está presente. Somado a estes, Hanzelmann e Passos (2010) explicam que o estresse
influencia tanto a vida particular quanto o desempenho profissional da pessoa, pois faz parte
de todos os trabalhos realizados pelo indivíduo, contudo, a maneira com que a pessoa se opõe
aos estressores delimitará o estado de estresse ao qual se está sendo sujeitada e que
modificações são provocadas por ele.
Na vida moderna se misturam os estressores do trabalho e da vida cotidiana. Além das
habituais responsabilidades ocupacionais, da alta competitividade exigida pelas empresas, das
necessidades de aprendizado constante, o profissional tem que lidar com os estressores
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normais da vida em sociedade, tais como a segurança social, a manutenção da família, as


exigências culturais, etc. É bem possível que esses novos desafios supere os limites
adaptativos levando ao estresse.
A presente pesquisa busca identificar fatores estressores no trabalho do enfermeiro
dentro da UTI identificando os aqueles que influenciam no cuidado com o paciente,
destacando a importância do próprio profissional neste setor sem o estresse. A opção por
estudar o estresse sob a ótica da equipe que passam por essa experiência justifica-se pelo fato
de que, conhecendo o que os estressa, pode-se melhorar o cuidado.

METODOLOGIA

Este estudo trata de uma revisão bibliográfica, com seleção de documentação,


fichamento e arquivamento de informações relacionadas ao estresse no trabalho do enfermeiro
dentro da unidade de terapia intensiva.
Considerando o objeto do estudo, inicialmente os artigos, referentes á temática
abordada, foram pesquisados no banco de dados das bibliotecas eletrônicas Scielo, LILACS e
Medline, no período de setembro de 2011 a Janeiro de 2012. Para tanto, utilizou-se com os
seguintes descritores: unidade de terapia intensiva, trabalho, estresse; enfermeiro.
Como critérios de inclusão elegeram-se publicações em português na forma de artigos
(ensaio, revisão, pesquisa, relato de experiência e estudo de caso), independentemente da
formação profissional do autor.
A avaliação inicial do material bibliográfico ocorreu mediante a leitura dos resumos,
com a finalidade de selecionar aqueles que atendiam aos objetivos do estudo. De posse dos
artigos completos, passou-se à etapa seguinte, ou seja, leitura minuciosa, na íntegra, de cada
artigo, visando ordenar e sistematizar as informações necessárias para a construção da
pesquisa bibliográfica atendendo aos objetivos especificados.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A palavra "estresse" vem do inglês "stress" que significa esforço de adaptação do


organismo para enfrentar situações que considere ameaçadoras a sua vida e a seu equilíbrio
interno. “Stress” é a denominação dada a um conjunto de reações orgânicas e psíquicas de

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adaptação que o organismo emite quando é exposto a qualquer estímulo que o excite, irrite,
amedronte ou o faça sentir muito feliz (HANZELMANN; PASSOS, 2010).
O estresse faz parte da vida pessoal e profissional de todo indivíduo.O investimento
que faz na conscientização de que se “está estressado” deve-se ao fato de que o conhecimento
sobre estresse e como a pessoa avalia as situações e suas reações diante dos estressores,
favorecerão a atuação profissional e consequentemente uma assistência melhor.
Estresse é um problema atual, estudado por vários profissionais, pois apresenta risco
para o equilíbrio normal do ser humano. Há cada vez mais uma preocupação com a saúde dos
trabalhadores para que os danos sejam evitados e segundo a Organização Mundial de Saúde
(OMS) há um favorecimento da saúde física e mental quando o trabalho se adapta às
condições do trabalhador e quando os riscos para a sua saúde estão sob controle
(CARVALHO et al., 2004). A experiência no cotidiano do trabalho mostra a ocorrência do
estresse além de outros problemas que podem ocasionar essa vivência que envolve o
emocional de qualquer pessoa.
O número reduzido de funcionários e a falta deles é fonte considerável de estresse,
pois o ritmo acelerado de trabalho relacionado ao fato dos profissionais realizarem um grande
aporte de tarefas que deveriam ser divididas com outros membros da equipe repercute na
qualidade do cuidado, causando confronto frequente entre os enfermeiros, pacientes e
familiares (BATISTA; BIANCHI, 2006).
A sobrecarga de trabalho talvez não gere um sentimento tão agudo quanto às situações
críticas vivenciadas pelo enfermeiro, porém sendo mantida continuamente ela determina o
estresse no enfermeiro, causando insatisfação pessoal e até mesmo abandono de carreira A
UTI é percebida pela equipe que nela atua, assim como por pacientes e familiares, como um
dos ambientes mais agressivos, tensos e traumatizantes do hospital. Dentre os fatores,
presentes no ambiente de terapia intensiva que geram estresse na equipe, encontram-se: o
pouco preparo para lidar com a constante presença de mortes, as freqüentes situações de
emergência, a falta de pessoal e material, o ruído constante das aparelhagens; o despreparo
para lidar com as freqüentes mudanças do arsenal tecnológico, o sofrimento dos familiares, o
conflito no relacionamento entre os profissionais (COLE, 1992).
Para Corrêa (1995), a assistência prestada à pacientes em UTI é bastante polêmica, se
de um lado ela requer intervenções rápidas, de outro, não se tem dúvida de que são espaços
naturalmente mobilizadores de emoções e sentimentos que freqüentemente se expressam de
forma muito intensa. Ser enfermeiro na UTI envolve a realização de um trabalho permeado
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por ambiguidades, aspectos gratificantes e limitantes que estão presentes no seu mundo e na
vida.
O profissional de enfermagem, por priorizar o cuidado com a assistência, fica
intimamente ligado aos clientes, esse contato acaba se misturando com sensações e
sentimentos, permitindo que o profissional tenha uma relação mais próxima de casa
paciente.Para os profissionais da área da saúde um dos fatores mais comuns são os vínculos
empregatícios, que levam a uma sobrecarga de trabalho e consequentemente gera estresse e
interfere no seu processo de trabalho.
Em virtude dos acontecimentos estressantes nas unidades de terapia intensiva,
preocupada com a qualidade do cuidado de enfermagem, senti a necessidade de investigar
quais os fatores que mais contribuem para o estresse do enfermeiro neste setor com o objetivo
de compreender o real desempenho do profissional diante dos fatores agressores.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Através deste estudo, pude identificar que o estresse representa um fator de risco à
saúde do enfermeiro que atua no UTI, devido às situações de desgaste psicofísico que o
profissional enfrenta neste setor. Esse desgaste deve-se à precariedade das condições de
trabalho como: recursos humanos, materiais e ao ambiente da terapia intensiva, visto como
ruidoso, pelo excesso de pessoas que transitam em um espaço exíguo e alarmes sonoros que
disparam a todo instante.
Embora o estresse seja um fenômeno individual, alguns estressores são comuns,
independentemente da categoria profissional de enfermagem.a forma como o estresse se
manifesta na equipe de enfermagem reflete basicamente no relacionamento humano. O
estresse na UTI, resulta em irritabilidade, intrigas, ansiedade, desmotivação e baixa
produtividade desses profissionais.É importante cuidar do profissional da enfermagem, pois
ele é quem vai realizar o cuidado a outras pessoas, as quais, muitas vezes, não têm condições
para esta tarefa. Sendo assim, as instituições hospitalares poderiam prezar pelo cuidado com
os profissionais, oferecendo-lhe condições de trabalho e remuneração dignas, para uma boa
qualidade que vai gerar no serviço,através da diminuição do estresse ao trabalhador e
satisfação deste ao realizar suas tarefas em boas condições.

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O enfermeiro e a instituição hospitalar devem reconhecer os estressores que presentes


no trabalho e procurar mecanismos e estratégias de enfrentamento individual e grupal para
diminuir a ocorrência de estresse profissional.

REFERÊNCIAS

CARVALHO, D.V; LIMA, F.C.A; COSTA, T.M.P.F, LIMA, E.D.R.P. Enfermagem em setor
fechado: estresse ocupacional. Reme : Rev. Min. Enferm,p.290-294, v.8, n.2, 2004.

COLE, A. High anxiety.Nurs Time, p.26-30,v.12, 1992.

CORRÊA, A. K. Sendo enfermeira no Centro de Terapia Intensiva. Rev Bras Enferm. p.


233-334, v.48, n.3, 1995.

GENTRY, W.D; PARKES, K.R. Psychologic stress in intensive care unit and non-intensive
care unit nursing: a review of the past decade. Heart Lung, p.43-47, v.11, n.1, 1982.

GUIDO, L. A. Stress e coping entre enfermeiros de centro cirúrgico e recuperação


anestésica. 2003. 182 f. Tese (Doutoramento em enfermagem) – Escola de Enfermagem
da Universidade de São Paulo, São Paulo, 2003.

HANZELMANN, R. S; PASSOS, J. P. Imagens e representações da enfermagem acerca do


stress e sua influência na atividade laboral. Rev. esc. enferm. USP, São Paulo, v. 44, n. 3,
2010.

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