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Aluna do primeiro termo do curso de Relações Internacionais da Universidade Federal de São Paulo.
2
NOVAIS, Fernando. Portugal e Brasil na crise do Antigo Sistema Colonial (1777-1808). São Paulo: Hucitec,
1979, p. 34.
3
Ibidem p. 39.
4
CORTESÃO, Jaime. Alexandre de Gusmão e o Tratado de Madrid, parte I. Rio de Janeiro: 1952, p. 19.
interesse de tais para impedir a expansão francesa de sua área colonial, o que fez a hegemonia
da França ser lesada.
Era, pois, uma nova configuração que se despontava no
quadro das relações internacionais, e nesse contexto é que se
consolidam as alianças de Portugal e Inglaterra... Em troca de
vantagens comerciais ultramarinas, os reinos ibéricos conseguiam
conservar a posse de seus domínios coloniais.5
Por um lado, a Inglaterra levava vantagens econômicas, por outro as tensões colônias
marcavam a posição de Portugal e Brasil, com a intensificação desta concorrência mercantilista.
As metrópoles incitavam sua disputa pela produção de açúcar e do tráfico negreiro, além de
garantir uma dominação política e comercial nas regiões exploradas. O autor destaca a
diplomacia portuguesa como minimizadora e eficaz nas diminuições de prejuízos a Portugal,
que atravessava um período de tensões sem perder seu domínio sobre a América, além de
destacar os conflitos globais europeus como preservadores dessas colônias.
Ademais, as nações europeias atuavam na América do Norte em termos de ocupação
populacional e levaram em conta a resistência da colônia inglesa com a guerra de Independência
(1776), como cerne de rompimento do antigo sistema colonial. Apesar disso, a competição
ultramarina acabou evidenciando a luta hegemônica europeia e suas preponderâncias.
O autor, ao abordar aspectos gerais do sistema de colonização, sua tensões e conflitos,
deixa de lado o descontentamento da população das colônias ibero-americanas e suas lutas de
resistência, conhecidas entre nativistas e separatistas. Os aspectos levantados sobre essas
regiões são de dominadas e não-civilizadas, demonstrando o contrário do que seria o mundo
europeu e a carência de uma “ajuda civilizatória europeia”.
Desse modo, a Revolta dos Beckman (1684), que reivindicava melhorias na
administração colonial e Guerra dos Emboabas (1708-1709), pela exclusividade bandeirante e
seu protagonismo na expansão dos limites territoriais do Brasil Colônia, simplesmente são
esquecidas como ponto de tensões primordiais para crise do sistema colonial. As Américas são
destacadas no texto como “inferno tropical” e suas sociedades constitutivas lembradas como
“curiosas”.6
Fernando Novaes analisa sobre um pensamento eurocêntrico ao colocar revoltas
internacionais centradas exclusivamente como as lutas de sucessão monárquica europeias,
como se estas comandassem a totalidade das relações globais da época, considerando as
5
NOVAIS, Fernando. Op. Cit. p. 42.
6
Ibidem p. 37.
colônias apenas como exploradas e reprimidas, incapazes de causar danos a então civilizada e
politicamente dominante Europa.
A posição brasileira é unicamente atribuída a Portugal, e seus desdobramentos decorrem
da eclosão da Revolução Francesa, qual é designada como revolução modelo aos padrões
mundiais.
Isto posto, reduzidas a possessões neutras, o Brasil passa a ser centro da exploração e
lucro português nas competições hegemônicas, mesmo Portugal sendo diminuído,
posteriormente, à nação de segunda grandeza, devido a dominação inglesa:
Assim, o tráfico negreiro, também acentuado no texto, é analisado apenas como uma
condição existente para a manutenção do sistema mercantil, sem evidenciar a constituições de
novas sociedades ultramar sobre a influencia africana e sua posição crucial para a solidificação
dos ganhos europeus ao explorá-la avidamente.
Em suma, as revoltas brasileiras não são levadas em consideração como contribuintes
das tensões da metrópole portuguesa, como se tais fossem reprimidas sem dificuldades, ou
mesmo, nem existissem; o que vai de encontro com sucessivos movimentos separatistas como
a Conjuração Baiana, que conta com a participação da sociedade africana nos aspectos
essenciais do movimento, revelando a dominação de um pensamento focalizado nos preceitos
europeus como de únicas nações com bases e constituições eficientes.
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NOVAES, Fernando. Op. Cit. p. 54.