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SUMÁRIO

CARTA DOS DIRETORES ............................................................................................................. 4

O comitê .......................................................................................................................................... 5

O que é um comitê histórico? .................................................................................................... 5

Os poderes plenipotenciários .................................................................................................... 5

Os papéis dos Estados signatários, Estados observadores e Organizações ........................... 6

Estados signatários do Tratado de Paz .....................................................................................8

Estados observadores do Tratado de Paz ................................................................................. 9

FUNCIONAMENTO DO COMITÊ ...............................................................................................11

A PROBLEMÁTICA ..................................................................................................................... 16

O Tratado de Versalhes e a Conferência de Paris................................................................... 16

Contextualização Histórica ...................................................................................................... 16

A nova Sociedade Internacional europeia - O Concerto Europeu ............................................ 18

Nacionalismos e Guerras ............................................................................................................ 21

Guerra da Crimeia (1853 - 1856) ............................................................................................. 21

Unificação alemã (1871) ...........................................................................................................23

Unificação italiana (1871) ......................................................................................................... 25

Impactos das Guerras de Unificação.......................................................................................26

Imperialismo e o Congresso de Berlim.......................................................................................26

Guerra dos Balcãs ..................................................................................................................... 27

A Primeira Guerra Balcânica .................................................................................................. 28

Segunda Guerra Balcânica .......................................................................................................29

Corrida Armamentista ............................................................................................................ 30

O Começo dos alinhamentos entre países ..............................................................................32

A Primeira Guerra Mundial .....................................................................................................33

Guerra de movimento .............................................................................................................. 35

Os avanços tecnológicos ...........................................................................................................36

A Primeira Batalha do Marne .................................................................................................. 37


Guerra das trincheiras (1915-17) .............................................................................................39

Batalha de Ypres .......................................................................................................................42

Batalha de Verdun ....................................................................................................................43

Revolução Russa (saída da Rússia) .........................................................................................44

Chegada dos Estados Unidos ...................................................................................................46

Fase final - Segunda Guerra de Movimento (1918)................................................................46

Conferência de Paris (1919) - Tratado de Versalhes .............................................................. 47

CONCLUSÃO ................................................................................................................................49

ANEXOS........................................................................................................................................50

Anexo 1 - Modelo Programa de Ação ..........................................................................................50

Anexo 1.2 - Exemplo de Programa de Ação ............................................................................... 51

REFERÊNCIAS ............................................................................................................................ 53
CARTA DOS DIRETORES

Caros delegados(as),

Sejam muito bem-vindos ao guia de estudos do comitê histórico da Conferência de Paris,


onde, por dois dias, os senhores irão determinar o rumo tomado pelo mundo pós Primeira
Guerra Mundial. É com muito prazer que nós, as mesas diretoras - Arissa, Paulo e Yuri -
recebemos os senhores nesse ilustre comitê, fazendo uma revisita ao passado da humanidade.

Durante as sessões, os senhores devem levar em conta todos os anos do conflito, a destruição
causada na terra e, principalmente, os antecedentes dessa guerra. Com disputas territoriais a
crimes de guerra cometidos, cada mínimo acontecimento da primeira grande guerra deve ser
analisado para que os senhores possam criar argumentos consistentes e encontrar nações que
tenham interesses similares a sua própria. Foi pensando nisso que esse guia de estudos foi
criado, para ajudar os ajudar a trilhar sua jornada nessa viagem ao passado.

Além de tudo, suas mesas diretoras estão sempre dispostas a tirar dúvidas e ajudar no que
for preciso, por isso, não exite em nos contatar! Finalmente, desejamos uma prazerosa
experiência a todos, que vocês possam encontrar (ou continuar encontrando) nesse mundo
de simulações, o sentimento de conforto e lar que cada um de nós aqui, tivemos a
possibilidade de descobrir. Desejamos que esses dois dias possam ser muito bem
aproveitados e nos tragam muito conhecimento, novos laços e, principalmente, que vocês se
divirtam!

Atenciosamente,

Suas Mesas Diretoras.


O comitê

O que é um comitê histórico?


Dentro do mundo das simulações da ONU, existem inúmeros modelos de debates, variando
de comitês com características próprias aos mesmos, a exemplo um Conselho de Direitos
Humanos, que irá debater exclusivamente sobre as vertentes dessa problemática, ou um
gabinete unicameral, onde os delegados assumem uma posição de cargo ou pessoa
importante, e o principal meio de comunicação são ordens.
Dessa forma, a principal característica dos comitês históricos é o fato de não se basearem no
presente, mas sim, proporcionarem uma viagem ao passado, fazendo com que os delegados
possam experienciar os principais eventos do passado que foram de extrema importância
para a história global. Dessa forma, é necessário salientar o seguinte:
 Não é necessário seguir à risca os eventos históricos, os delegados são livres
para alterar a história, tendo em vista que os mesmos são os responsáveis por escrevê-
la. Nossa expectativa é assistir os esforços de algumas delegações para manter os
acontecimentos como na história, tendo em vista favorecer sua delegação, e os esforços
de outras em busca de um final diferente para essa Conferência. Por isso, sempre
respeitem a sua política externa.
 Outra questão a se respeitar é a coerência temporal. Tendo em vista que é um comitê
que se passa em 1919, não é permitido aos delegados trazerem informações
ou fatos que aconteceram depois desse ano, de modo a evitar
anacronismos.
 Sempre que tiverem dúvidas sobre se uma movimentação respeita sua política externa
ou age de encontro a um anacronismo, sinta-se livre para entrar em contato com as
mesas. Estamos aqui à disposição de vocês para lidar com isso.

Os poderes plenipotenciários

Vocês, nossos participantes, serão diplomatas e representantes que irão compor as


Delegações do nosso comitê e para fazê-lo da melhor maneira possível, serão dotados do que
nós denominamos de “poderes plenipotenciários”.

Quando um chefe de Estado ou um chefe de governo, a exemplo do presidente, participa de


encontros internacionais ele dispõe de autoridade para responder às negociações e acordos
em nome de sua nação sem que necessite de qualquer autorização, pois esse poder é
prerrogativa do próprio cargo que ele exerce. Esse é o único caso em que se possui a
capacidade de falar em nome de um Estado por direito. É claro que, se tratando de uma
Democracia, como no Brasil, existe uma burocracia posterior que garante que o poder
executivo não seja superior ao legislativo ou ao judiciário na tomada de decisões, contudo,
mesmo assim, ele é o único que tem a capacidade de responder em nome do nosso país
“naturalmente”.

Quando um diplomata, geralmente o Ministro das Relações Exteriores, é enviado para uma
reunião de plenos poderes, ou seja, uma reunião onde o debate gira em torno de
representantes máximos do posicionamento de Estados e organismos, ele recebe do chefe de
Estado ou de governo uma carta que lhe concede plenos poderes. É graças a esse documento
que ele poderá tomar decisões em nome de sua delegação, assinando tratados, compras,
vendas, empréstimos, investimentos e tudo mais.

Em suma, dentro do nosso comitê, quando se tratar das ações individuais que vocês tomarem
em nome de suas representações, não será necessário solicitar autorização para ninguém
externo ao comitê. Por conta própria vocês possuem plenos poderes e são representantes
máximos dos interesses de seus países/empresas. Vale ressaltar que isso não significa que a
política externa, ou seja, o posicionamento ideológico e a agenda internacional de suas
representações possa ser simplesmente ignorada, por mais que vocês possam tomar decisões
“livremente”, elas ainda precisam seguir uma lógica. De mesmo modo, toda movimentação
deverá passar pelo crivo das Mesas Diretoras.

Os papéis dos Estados signatários, Estados observadores e


Organizações
Uma particularidade a qual normalmente se tem pouco contato no mundo das simulações é
a junção entre Estados e outras organizações ou instituições que sejam de caráter não
governamental ou privado. No caso da nossa Conferência irão conviver países e organizações
sociopolíticas em um debate de plenos poderes como expresso no tópico anterior. Nesse
sentido, é preciso compreender o papel que cada um irá desempenhar dentro do nosso
comitê.

 Estados

As delegações diplomáticas dos Estados terão por dever e objetivo representar entes
soberanos na arena internacional, que são compostos por governos, populações, questões
relacionadas a nacionalidade e cultura. Representar um país é uma das maiores
responsabilidades que se pode ter, pois é o mesmo que defender a vida de milhões (senão
bilhões) de pessoas, como também, de todo o entorno que estiver associado à ele, tendo em
vista que no mundo interdependente no qual nós vivemos, uma medida que afete um país
pode impactar em seus vizinhos, em seus companheiros continentais ou até mesmo em todo
o planeta.

Ademais, por ser um ente soberano os Estados são, de maneira legal, as autoridades máximas
de todo o Sistema Internacional, não havendo nada acima deles (é uma sociedade anárquica).
Desse modo, os participantes que sejam diplomatas de nações, deverão agir de acordo com o
tamanho da responsabilidade e poder que serão postos em suas mãos, tendo a liberdade e a
capacidade de olhar para as organizações de cima para baixo, desde que elas estejam dentro
de sua alçada jurídica.
Na Conferência de Paris, foram convidados 30 Estados signatários e outros Estados
observadores. Eles se diferem, pois no que se refere ao Tratado de Paz, somente um Estado
que seja signatário assina de maneira oficial esse documento. Os Estados observadores foram
convidados por razões de prestígio e pela oportunidade de serem debatidas questões
associadas a reorganização geopolítica do globo e o estabelecimento de uma nova ordem
internacional. Tendo em vista isto, apesar de serem observadores do Tratado de Paz, são
capazes de assinar de maneira oficial a Resolução do Congresso. A diferença entre esses dois
tipos de documentos é explicada mais à frente.

Estados signatários do Tratado de Paz


1. Comunidade da Austrália
2. República de Bolívia
3. Reino da Bélgica
4. Estados Unidos do Brasil
5. Canadá
6. República da China
7. República de Cuba
8. Checoslováquia
9. República do Equador
10. República da França
11. República Helênica (Grécia)
12. República da Guatemala
13. República do Haiti
14. Reino Hachemita de Hejaz (atual Arábia Saudita)
15. India Britânica
16. Reino da Itália
17. Império do Japão
18. República da Libéria
19. Nova Zelândia
20. República da Nicarágua
21. República do Panamá
22. República do Peru
23. República da Polónia
24. Primeira República Portuguesa
25. Romênia
26. Reino de Sião (Tailândia)
27. União Sul-Africana (África do Sul)
28. Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda
29. Estados Unidos da América
30. República Oriental do Uruguai

Estados observadores do Tratado de Paz

1. República de Weimar (Alemanha)


2. Reino da Iugoslávia
3. República de Honduras
4. Conselho Provincial Russo
5. República Popular da Ucrânia
6. República da Irlanda
7. Indochina Francesa
8. República de San Marino
9. Governo Provisório da Coreia do Sul
10. Faisal I bin Al-Hussein bin Ali Al-Hashemi
11. República Democrática da Bielorússia
12. República da Letônia
13. República da Estônia
14. República da Irlanda (Seán T. O'Kelly )
15. Reino da Bulgária
16. Reino da Dinamarca

 Organizações

As delegações diplomáticas de organizações sociopolíticas terão por dever e objetivo defender


os interesses de uma instituição que defende pautas sociais de uma minoria de gênero ou
étnica. Como sendo pautas amplas que atingem milhões de pessoas no globo, a maneira como
elas são postas em discussão varia de acordo com a liderança e com a conjuntura. Nesse
sentido, é de extrema importância que se estude quem você representa dentro desse escopo,
que tipo de pessoa ou de organização você está a frente?

Esses grupos também possuem um grande destaque no Sistema Internacional pelo fato de
conseguirem furar as fronteiras da soberania entre Estados e se estabelecer em diferentes
países por um processo de compartilhamento de ideais e reconhecimento de lutas. No fundo,
um Estado é formado pelas pessoas que o compõem para além dos chefes de Estado e de
Governo, e nesse sentido, por mais que tenham que olhar de baixo para cima em relação aos
Estados por razões de poder e autoridade, elas deverão ser ouvidas com a mesma relevância.
No nosso comitê possuímos representantes do movimento Pan-Africano, da Conferência
Inter-Aliadas das Mulheres e da Organização sionista.
FUNCIONAMENTO DO COMITÊ

Por se tratar de uma Conferência de tamanha magnitude, o nosso comitê será dividido em
quatro fases com base na mesma linha de seguimento do que é realizado nos congressos e
conferências oficiais da ONU e da história. A principal diferença é que o que geralmente é
feito em semanas, meses ou anos, vocês deverão fazer ao longo de um único evento.

1. Debates da Agenda da Temática;

Esse é o começo do comitê e possui a duração de duas sessões. O objetivo nesse momento é
que todos realizem seus discursos iniciais e também que todos debatam a temática do comitê,
tendo como principal objetivo problematizar a questão - ou seja, discutir não somente o tema,
mas tudo aquilo que está associado a ele: causas, consequências, vítimas etc. - e apresentar
por meio de argumentações o posicionamento de sua delegação e as razões para tal. O tópico
a ser abordado nesse momento é a responsabilidade pela guerra, as mazelas e problemáticas
que ela deixou nos países e a maneira como a Paz deverá ser conduzida. Também é esse o
momento em que os países observadores e as organizações terão a oportunidade de
apresentar suas perspectivas de modo a assegurar que os países signatários do Tratado de
Paz construam os termos de modo a agradar e beneficiar suas políticas externas também.

Haverá uma lista de oradores e os demais instrumentos de um debate padrão em uma


simulação. A única exceção é que não serão apresentados documentos, pois isso só será feito
a partir da próxima fase. É fundamental demonstrar conhecimento sobre o tópico, capacidade
de discursar e habilidade para argumentar em defesa dos interesses individuais de sua
representação e de seus aliados. Resumindo, nesse primeiro momento a sua meta é deixar
claro que possui domínio sobre o assunto e que estudou o suficiente para falar sobre ele antes
mesmo de propor resoluções.

2. Apresentação dos Programas de Ação (PA);

Após o debate partiremos para a apresentação dos Programas de Ação, ao longo de duas
sessões. Cada delegação deverá no começo da Primeira Sessão entregar para as Mesas seus
PAs, para que eles possam ser corrigidos; durante a primeira fase as mesas irão realizar esse
processo e também irão montar uma lista com os programas na ordem que julgarem mais
produtiva, assim sendo, ao chegarmos na fase de apresentação estará tudo organizado para
as discussões em volta desses documentos.
As delegações serão convocadas para apresentar seus PAs de acordo com a ordem que as
Mesas criaram, e o processo seguirá da seguinte forma:

I. Leitura do Programa de Ação;

II. Discurso de 2min para defesa e explicação do Programa de Ação;

III. Realização de um Tour de Table para avaliar o posicionamento das demais delegações
acerca do PA apresentado (a favor, contra, com direitos). Vale salientar que se
acontecer de algumas delegações encontrarem problemas no documento o comitê
entrará em um debate para que a delegação que o apresentou tenha a oportunidade de
mostrar para seus colegas que ele pode sim ser votado e também negociar com eles
modificações para a sua aprovação;

a. O documento somente entrará em discussão quando no Tour de Table


acontecer de delegações serem contra “com direitos” e isso impedir que uma
maioria simples seja favorável ao arquivo.

b. Quando ocorrer de um documento precisar passar por discussão antes de ser


posto em votação final, o objetivo do comitê deverá ser negociar maneiras de
tornar o documento viável, ou seja, todos juntos deverão buscar construir
emendas que corrijam os problemas identificados.

I. As Mesas irão acompanhar o processo avaliando a produtividade. Dessa maneira,


quando as mesas julgarem que houve debate o suficiente ou quando as delegações
entrarem em um consenso acerca do documento, ele será posto em votação,
precisando apenas de uma maioria simples para aprovação;

a. O processo de votação de um PA tem por objetivo apenas qualificar se aquele


documento pode ou não fazer parte da lista de propostas que podem ser
adicionadas ao Tratado de Paz ou ao Projeto de Resolução Final.

O seu principal objetivo ao longo desses procedimentos, que parecem ser muito complicados
na primeira vista, é simplesmente conseguir mostrar para os seus colegas de comitê que você
encontrou uma boa forma de resolver parte do problema, é mostrar que a sua delegação se
preocupa com a questão e desenvolveu um método que pode/deve ser adotado pelas demais
delegações também. Nessa fase é necessário mostrar que sabe ser firme na defesa do seu
posicionamento, mas também que sabe negociar e fazer concessões.
Todos os participantes da Conferência possuem percepções sobre os termos em que a Guerra
deve ser encerrada e também da maneira como a nova Ordem Internacional deverá ser
construída. O objetivo dos Programas de Ação não é o de entregar um rascunho do Tratado
de Paz ou da Resolução Final, mas propor, tal qual um documento de trabalho mais
elaborado, uma proposta de resolução para a Guerra e/ou acordos de construção da nova
ordem internacional.

3. Rodada de negociações

Depois da apresentação dos Programas de Ação, daremos início a uma fase onde o comitê
terá por objetivo a negociação de alterações nos PAs aprovados e a criação de novos
programas em conjunto ou de maneira individual. As delegações podem abrir moções para
grandes debates não moderados, tendo em vista que o maior intuito é escrever. Ademais, é
crucial que as delegações autoras de projetos conquistem seus signatários. Nesse período,
também é essencial que se produza de maneira ativa tanto o Tratado de Paz, quanto a
Resolução Final, de acordo com suas devidas distinções.

4. Debates da Agenda burocrática;

Bom, como vocês puderam observar o primeiro debate é sobre a Agenda temática, e agora
temos uma Agenda burocrática. Sendo assim, isso significa que o comitê possui uma Agenda
dividida em duas etapas.

I. A Agenda temática apresenta os tópicos a serem debatidos acerca da


Guerra e de demandas da política externa de cada Delegação, de modo
que os participantes irão discutir as diferentes nuances do conflito, a
forma como ele deverá ser resolvido, dialogar sobre o reconhecimento
de independências, questões de gênero e minoria étnica. Em suma, é o
momento da politicagem, onde por meio da voz todos terão a
oportunidade de vender seu interesse e pedir por ajuda.

II. A Agenda burocrática tem por objetivo revisar se tudo o que foi discutido
na agenda temática está sendo observado nos documentos que foram
produzidos após a Rodada de Negociações. Ela também abre o espaço
para um melhor detalhamento de tudo que foi construído, acrescentando
prazos, fiscalizações, cláusulas vinculantes e não vinculantes.
Resumindo, nessa parte do comitê o objetivo é debater exclusivamente
essas questões burocráticas e produzir emendas que vão encorpar as
soluções que foram propostas através dos Programas de Ação. A ideia
aqui é que os arquivos possam sair de uma perspectiva individual dos
autores e signatários e se tornem efetivamente soluções do comitê como
um todo.

Sendo assim, a expectativa é que ao final dessa fase, o comitê tenha oTratado de Paz e o
Projeto de Resolução finalizados e prontos para serem votados. É necessário colocar em
prática um pouco de tudo o que fizeram nas fases anteriores: discurso, argumentação, defesa
de interesses e negociação.

As particularidades dos documentos da Conferência

A Conferência de Paz de Paris é um comitê especial, o que de forma simples significa que ele
está recheado de variações em relação à maneira como os comitês padrão do modelo ONU
são desenvolvidos. Com isso no horizonte, é necessária uma explicação adicional, indo além
daquilo que é explicado no Guia de Documentos, em relação a dois documentos e suas
particularidades.

I. Os Programas de Ação (PA);

Programa de Ação é um tipo de documento produzido pela ONU em conferências como a de


Estocolmo. Como o próprio nome já nos leva a entender, o objetivo do documento é uma
descrição e uma definição das ações que serão tomadas pelos signatários a curto e longo prazo
para a resolução de um problema. Ou seja, tem quase a mesma funcionalidade que uma
declaração, mas enquanto nesse tipo de documento são estabelecidas diretrizes, ideais e
princípios, um programa de ação visa uma maior sistematização de práticas a serem tomadas
de maneira efetiva, ele é mais direto e melhor detalhado.

Na Conferência, o Programa de Ação deve ser feito em substituição ao Documento de Posição


Oficial (DPO), sendo assim, ele deverá ser produzido antes da simulação e entregue no
começo da Primeira Sessão do Comitê em modelo Word/Doc.

II. Variações na Resolução do Comitê

É necessário produzir dois tipos de Resolução para a nossa Conferência: O Tratado de Paz e
a Resolução Final. O Tratado de Paz tem por intuito estabelecer as bases da maneira como a
Grande Guerra será solucionada, a exemplo de definir novas fronteiras e a possível
responsabilização dos culpados. A Resolução Final do comitê tem por objetivo descrever
acordos que vão além da Guerra em si, como cooperações para reconstrução dos países,
criação de novas Organizações Internacionais, reconhecimento de independências,
atendimento a pautas sociopolíticas.

Para entender melhor a diferença entre uma Declaração e um Programa de Ação,


recomendamos a leitura do Relatório da Conferência de Estocolmo, no que diz respeito aos
capítulos I e II. A Resolução Final do Comitê deve agir como uma soma entre esses dois estilos
de documento.

Outra particularidade a ser observada é que o Tratado de Paz possui caráter mandatório,
enquanto a Resolução Final possui caráter recomendatório.
A PROBLEMÁTICA

O Tratado de Versalhes e a Conferência de Paris


Após o final da Primeira Guerra Mundial, as nações vencedoras do conflito culpabilizaram
totalmente a Alemanha pelo conflito e tinham o interesse de criar uma conferência sob o
pretexto de oficializar a rendição alemã. Dessa forma, em janeiro de 1919, inúmeros
representantes internacionais reuniram-se para discutir os termos oficiais da rendição dos
alemães, onde muitos exigiam dinheiro e territórios como compensação pelos danos.

A conferência foi marcada por muitas discussões, onde os países tentavam sempre ter suas
reivindicações atendidas, mesmo que elas não tivessem conexão nenhuma com a rendição
alemã. Além disso, os debates duraram meses e foram divididos entre nações que foram ativas
nas negociações e as que apenas foram apenas como observadoras, tentando apenas receber
um pouco de representação global.

Por isso, ao fim da Conferência de Paris, foi assinado o Tratado de Versalhes, que oficializou
a derrota da Alemanha e a culpabilizou a mesma pela destruição na Europa, aplicando
cláusulas como como a abrir mão da Alsácia-Lorena para a França, além de lhe entregar
dinheiro regularmente, além de ter um limite no quão grande poderia ser suas forças
armadas. O Tratado de Versalhes foi algo humilhante para a Alemanha, que entrou na sua
maior crise da história no período entre guerras, tendo sua moeda extremamente
desvalorizada e sua inflação, nas alturas.

Contextualização Histórica

Organização do Sistema Internacional

A Idade Média europeia é marcada pela organização de um sistema de equilíbrio de poder


entre os Estados, regido pelo compartilhamento de uma mesma fé, o cristianismo. Nesse
sentido, o Papa representava um poder que se sobressaia à vontade de príncipes e chefes de
estado, e acordos políticos e comerciais eram favorecidos a depender da corrente cristã ou da
linhagem familiar nobiliárquica que possuía maior influência ou favores aos olhos dos líderes
da Igreja. Assim eram as relações internacionais.

Com o passar do tempo, a reabertura comercial e o crescimento exponencial dos ganhos


econômicos nos centros urbanos desenvolveu a ascensão da burguesia, que passou a aspirar
não somente ser uma elite financeira, mas também ser uma elite política. Essa conjuntura
proporcionou o fortalecimento do Monarca em detrimento aos senhores feudais e nobres, e
uma sequência de revoluções de onde nasceram os famigerados Estados Nacionais. A
Monarquia Absolutista, passou a ser o sistema que iria reger as práticas interestatais na arena
internacional como um todo.

A reforma administrativa e a burocratização do Estado proveniente desse novo modus


operandi, proporcionou a centralização do poder nas mãos dos reis absolutistas, que sob o
patrocínio direto da classe burguesa desenvolveram um exército nacional responsável por
manter a unidade e o prestígio daquela nação. Cada país passou a visar não mais garantir seu
poder por meio da legitimação religiosa frente a Igreja, e sim por meio do crescimento da
identidade nacional e da força militar, que se desenvolvia e se aprimorava com maior ênfase
nas técnicas.

Desse modo, a paz na Europa passa a depender diretamente da busca pela balança de poder
entre esses novos atores plenipotenciários no Sistema Internacional, que agora possuíam ao
seu lado um forte poderio militar disposto a fazer o que fosse preciso para garantir a
segurança de sua amada pátria.

Operações militares realistas, que incorporaram à arte da guerra, tanto


os progressos da técnica como o desempenho do exército profissional de
mercenários, passaram a desenvolver-se perigosamente e induziram,
por prudência, a mise en place (pôr em ordem) de uma diplomacia
permanente e de uma balança de poder. A Europa modificou-se com o
aparecimento desse novo Stato italiano. (SARAIVA, 2007, p.79)

Somada a essa maior centralização do poder e a formação de diferentes formas de


nacionalismo e defesa da nação, surge em 1648 a Paz de Vestfália. Por meio desse acordo, se
estabeleceu um dos principais princípios das Relações Internacionais que é o princípio da
soberania estatal, ou seja, um país é o ente máximo e a única autoridade capaz de reger seu
território, surgindo alinhado a isso uma maior e melhor delimitação das fronteiras e um
suposto fim aos movimentos de expansão imperialistas constantes na história anterior, cheia
de impérios e invasões, nações nasciam e morriam a todo momento. Sendo assim, a
estabilidade e a paz do Sistema Internacional passam a ser definida pelo que chamamos de
balança de poder, pois o controle hegemônico estabelecido em casos como Roma ou como os
Habsburgos praticavam, passou a rivalizar com a defesa de múltiplas independências entre
os Estados.
O crescimento da associação anti-hegemônica, no período pós
renascentista, fez aflorar a ideia e estimulou a busca da balança do poder
entre os europeus. Desde aí, a história dessa balança mostra que ele
oscila entre os dois extremos de um espectro, no qual as relações
internacionais deslocam-se do predomínio hegemônico ao das múltiplas
independências, passando por situações quase inumeráveis, como se
fossem o movimento de um pêndulo que busca, no ponto de equilíbrio,
seu ideal. (SARAIVA, 2007, p.79)

Assim, nesse período, passamos a observar que a ordem do Sistema Internacional passa a ser
regida por negociações diplomáticas pautadas no Direito Internacional, demandando
contatos diplomáticos constantes entre os entes soberanos de maneira a evitar que conflitos
armados fossem iniciados até última instância. A Era napoleônica quebrou tudo que havia
sido desenhado na Europa no último século, de 1804 a 1815, o mundo passou a entender que
a maneira como a balança de poder era regida não bastava para garantir que a raison d’État
superasse o imperium universal que algumas nações buscavam.

Napoleão fizera o pêndulo do poder atingir, em seu espectro, o ponto


extremo da hegemonia, como até então nunca ocorrera. (SARAIVA,
2007, p.82)

Outra grande mudança também ocorreu entre o Século XVII e o Século XIX. A formação dos
Estados Nacionais não bastou para a burguesia, que ansiava cada vez mais por influência na
tomada de decisão e nas configurações adotadas pelos Estados no globo. Por essa razão,
observamos no mesmo período o surgimento de uma série de Revoluções Democráticas,
dentre elas as mais importantes aconteceram na Inglaterra, na França e nos Estados Unidos.
Junto a todo esse renascimento das noções de política e de cidadania, outra grande mudança
foi a Revolução Industrial, que passou a demandar da esfera Internacional uma busca maior
por mercados e por matéria prima. Assim podemos dizer que:

O impulso radical para a ordem internacional, que iria prevalecer no


século XIX, tirou da Revolução Francesa e do Império Napoleônico seu
preâmbulo político, e da revolução industrial do capitalismo, seu
fundamento econômico. (SARAIVA, 2007, p.82)

A nova Sociedade Internacional europeia - O Concerto Europeu


A partir do Congresso de Viena, os Estados entenderam que era necessário, para garantir a
paz e o equilíbrio na Europa, que as principais potências se unissem em prol de assegurar que
o mundo responderia às suas vontades e ambições políticas e econômicas sem a necessidade
de um conflito armado.

É importante entender que as nações precisavam garantir sua própria segurança em termos
territoriais, mas também o anseio imperialista, por meio dessa nova fase capitalista, reside
não mais na expansão de fronteiras dentro do velho continente, mas na garantia da
estabilidade internacional de modo a possibilitar a construção de colônias e protetorados na
África e na Ásia de modo a alimentar o modo de produção proveniente da Revolução
Industrial. O mercantilismo já ficou para trás a muito tempo e o ocidente aprendeu que era
possível dominar de modo diferente a o que Portugal e Espanha haviam realizado em suas
colônias na América.

Mas antes de entrarmos no Imperialismo e no Congresso de Berlim, precisamos primeiro


entender quais eram as nações que agora protagonizavam nessa nova configuração
geopolítica nascida do Congresso de Viena.

Essa nova organização ficou conhecida como Concerto Europeu, que sendo composto pelos
cinco grandes (Grã-Bretanha, Rússia, Áustria, Prússia, e França), era responsável por ditar
como o Sistema Internacional iria funcionar e evitar a todo custo que houvesse conflitos
interestatais na Europa, pelo medo do surgimento de um novo Napoleão. A Grã-Bretanha,
por meio da pax britannica, detinha a maior influência entre todos, enquanto a Prússia era
uma nação em construção ascendente e a França retomava seu prestígio, principalmente após
a Guerra da Crimeia. Vale salientar que esse Sistema Internacional, passou a agir como uma
Sociedade Internacional, pois esses países, além de compartilharem boas relações
diplomáticas em termos concomitantes ao Direito Internacional comum, eles também
possuíam proximidades em termos culturais e de práticas comerciais, criando um novo
patamar de associação na comunidade internacional que passou a ser imposto de maneira
obrigatória no restante do globo, ou seja, um período de extremo eurocentrismo, mesmo com
a existência de Estados de grande relevância para além desses cinco, eles eram os que
realmente ditavam o funcionamento do globo.

Duas categorias de elementos qualificam uma sociedade internacional:


os elementos derivados de princípios e práticas específicas de política
internacional e a cultura comum que lhes dá unidade orgânica. A
sociedade internacional espelha, portanto, a densa trama de interações
entre comunidades e Estados que se comportam segundo regras e
valores específicos. (SARAIVA, 2007, p.83)

A Europa evoluiria, no início do século XIX, de uma sociedade


internacional de múltiplas independências com um hegêmona, o
Império Napoleônico, para uma sociedade internacional de múltiplas
independências moderadas e administradas por um pool hegemônico de
controle político, o Concerto Europeu. Segundo as palavras de Watson,
esse concerto seria “uma hegemonia coletiva temperada pela balança do
poder, portanto uma síntese das duas tradições opostas da procura
europeia pela ordem”. (SARAIVA, 2007, p.85).

Embora os Estados Unidos tenham seguido os europeus pelos caminhos


da expansão ocidental e o Japão tenha-se conformado, mais tarde, com
os requisitos dos europeus, as duas novas potências não foram admitidas
como sócias do exclusivo e restrito clube dos cinco grandes, que
compunham o diretório mundial do século XIX. (SARAIVA, 2007, p.87)

A partir de 1850, o Concerto Europeu, e principalmente a Grã-Bretanha, aprendeu com as


ações revolucionárias de Napoleão que era possível legitimar processos de intervenção e
violação da soberania tendo como justificativa o desejo primordial de manter a paz e o
equilíbrio no continente.

Uma nova geração de estadistas europeus, sem compromissos


diretos com a ordem de Viena, quis redistribuir o poder e estabelecer
novo equilíbrio: Cavour queria a Itália pesando no concerto; Napoleão
III reanimou a vocação desafiadora e imperial da França; Bismarck
encarnou o nacionalismo alemão; A Inglaterra de Disraeli e Gladstone
exercia a vigilância sobre o equilíbrio de poderes. (SARAIVA, 2007,
p.89)

Surge então uma raison de systhème, que agora prevalece sobre a raison d’État anterior.
Manter o controle que os Cinco Grandes exerciam sobre os demais europeus, e o resto do
globo, era mais importante do que atender aos anseios imperialistas ou defender uma
corrente ideológica que era alinhada com sua política doméstica se aquele apoio poderia levar
a uma quebra do equilíbrio de poder vigente. A exemplo da França que foi contra a
manutenção do poder Papal sobre a Itália no processo de unificação, mesmo sendo sua
sociedade fortemente e historicamente católica. A raison de systhème é o que garante um
período onde os conflitos e disputas europeias passam a ser solucionados por meio de
conferências e congressos, a exemplo do famigerado Congresso de Berlim, que será
trabalhado mais a frente.

Nacionalismos e Guerras

Apesar da forte raison de systhème, o nacionalismo, o interesse doméstico e a subsequente


necessidade dos Chefes de Estado agradarem a população ainda atuavam de maneira muito
grande. - Podemos até dizer que esse último fator principalmente, depois de no último século
muitos deles terem sido decapitados por meio das revoluções - Brincadeiras à parte, era
necessário manter um prestígio nacional para que o Estado permanecesse unido, a
estabilidade doméstica precede a estabilidade internacional.
Em meio às influências do nível interno no nível externo, podemos observar que:

O sistema de hegemonia coletiva passaria por três guerras de


reajuste, antes que o Império Alemão, triunfante, recompusesse o
equilíbrio e, novamente, tornasse as potências européias cooperativas,
mediante novo sistema de acordos para preservação da paz: a Guerra da
Criméia e as guerras de unificação da Itália e da Alemanha. (SARAIVA,
2007, p.96)

Guerra da Crimeia (1853 - 1856)


A Guerra da Crimeia nasceu da disputa entre a Igreja Apostólica Romana e a Igreja Ortodoxa
Grega, essa é uma disputa histórica que remonta os tempos da queda do Império Romano e
que no Século XIX era representada pelo conflito político-religioso entre a França e a Rússia,
em busca da decisão de qual dos Estados seria responsável por controlar e proteger os cristãos
que estavam habitando no Império Otomano, principalmente no que diz respeito a Jerusalém
e Belém.

Vale lembrar que na época o Czar Nicolau I possuía certa força política pelo apoio que havia
fornecido à Áustria no combate aos movimentos revolucionários dos húngaros, sendo
conhecido como o “Guarda da Europa” e a Sociedade do Império Russo possuía como um dos
principais princípios a tradição do Cristianismo Ortodoxo para toda a população, pois era a
religião oficial da família real e por conseguinte a do Império. A Rússia também buscava
ampliar seu Império, visando dominar politicamente as regiões vizinhas pertencentes ao
Império Otomano e o comércio pelo Mediterrâneo.

Por outro lado, Napoleão III havia acabado de assumir o poder de maneira bem controversa,
aos modos do seu amado tio, e estava em busca do máximo de apoio popular possível.
Considerando a posição histórica da França como uma nação Católica, se tornar protetor dos
cristãos era um ótimo caminho para alcançar esse objetivo.

Considerando essa conjuntura, surgem então duas nações que por interesses domésticos
fortes, se declararam como “Protetores dos Cristãos”, e assim a raison d’État confronté à
raison de systhème gerando a primeira crise do sistema de hegemonia coletiva sustentado
pelo Concerto Europeu.

 Em 1680, o Sultão Otomano havia dado aos franceses a tutela de protetores dos
cristãos.

 Contudo, na prática, eram os Russos que cuidavam do cristianismo no Oriente,


sendo os principais organizadores e financiadores da fé na região,
principalmente no que diz respeito à Terra Sagrada. Por essa razão, na primeira
metade do Século XIX os Otomanos passaram para eles a tutela.

A partir de 1850, o Império Otomano passa a sofrer pressão dos dois Estados em busca do
reconhecimento de seu poder enquanto protetor dos cristãos. Em 1853, acreditando que
Inglaterra e a França não possuíam as condições de intervir, o Imperador Nicolau I de
maneira impositiva invade o Império Otomano. Porém, os ingleses possuíam o interesse em
manter suas vantagens comerciais na região e decidiu apoiar o Império Otomano. Os
franceses, por outro lado, encontraram a perfeita vontade de se unir nessa coalizão e
assegurar que ao final eles se tornassem os grandes “Protetores dos Cristãos”, pois nada
melhor do que agradar a população com religião e prestígio militar. Temos então o Império
Otomano, com o apoio de Inglaterra, França e Sardenha (Os aliados), contra o Império
Russo.

Como lhes pareceu estarem envolvidos numa guerra longa, os aliados


sondaram outras potências em busca de auxílio, mas a Prússia e a Áustria
eram gratas à Rússia e somente se dispuseram, de início, a mediar o
conflito, desenvolvendo intensa ação diplomática. Os aliados decidiram,
então, atacar Sebastopol, o centro da ação russa no Mar Negro, e
somente conseguiram tomá-la em 1855, após longa e trágica batalha. A
Rússia aceitou as condições de paz, pelas quais os aliados limitaram as
pretensões dela sobre o Império Otomano e conjugou-as com as suas.
(SARAIVA, 2007, p.97

Ao fim do conflito, o tratado de paz assegurou que o Império Otomano permanecesse vivo
frente aos avanços do Império Russo, mas ao custo de depender fortemente dos esforços do
Ocidente Europeu. E o comércio no Mediterrâneo e no Mar Negro era garantido com fortes
participações da Inglaterra de da França, em suma, a Inglaterra deu continuitade ao seu
fortalecimento econômico e controle naval do globo, e a França retomou sua credibilidade no
Sistema Internacional com sua defesa pelo equilíbrio do Sistema aos moldes do Concerto
europeu, característica havia sido perdida/enfraquecida após a Era Napoleônica. A Itália
(Sardenha) começa a renascer e sua participação neste conflito lhe permitiu voltar a sentar
com propriedade na mesa de negociações das Grandes Potências.

Unificação alemã (1871)

A unificação dos ducados e províncias germânicas em um único Estado era uma realidade
iminente, principalmente após o Congresso de Viena, onde a Confederação Germânica foi
estabelecida de modo a criar uma união política entre esses Estados ao menos a nível de
representação de interesses a nível Internacional.
Historicamente, a região era fortemente dominada pelo Império Austríaco, entretanto o
mesmo passava por um período de forte instabilidade interna. Devemos retomar algo tratado
anteriormente: A estabilidade internacional depende da estabilidade doméstica. Nesse
sentido, coube a província germânica mais forte politicamente e economicamente organizar
esse processo.

Essa província era a Prússia, e sobre as ambições do Rei Guilherme I e as grandes estratégias
e capacidade de dominação do Primeiro Ministro Otto von Bismarck, o forte e moderno
exército Prussiano travou três conflitos

 Guerra dos Ducados (1864);


o A Prússia e a Áustria disputaram com a Dinamarca a posse sobre os ducados de
Schleswig e Holstein.
 Guerra Austro-prussiana (1867);
o Prússia e Áustria disputam a posse sobre os ducados de Schleswig e Holstein e
a divisão territorial da região.
o De um lado a Prússia se aliou com o Reino da Itália, em troca da cessão de
territórios. Do outro lado, a Áustria contava com o apoio dos Estados
germânicos que ela possuía influência.
o Ao fim da Guerra a Prússia venceu o conflito e criou a Confederação Norte
Germânica. O Império Áustriáco perdeu sua influência sob os Estados
germânicos.
 Guerra Franco-prussiana (1870-1871).
o Devido a problemas de sucessão na Espanha surge a possibilidade de um
Príncipe prussiano se tornar o novo Rei do país.
o Se a Espanha fosse comandada por prussianos, a França ficaria encurralada no
Norte e no Sul, gerando um terrível Dilema de Segurança na região.
o A França pressiona os germânicos a recuar e não assumirem o trono, mas
apesar de esforços diplomáticos e pressões militares, ao fim a população
francesa demandou que Napoleão III começasse um conflito em nome da
segurança e do prestígio nacional francês.
o Com a declaração de guerra, os reinos e ducados do sul que ainda não faziam
parte da Confederação comandada por Bismarck, se alinham aos prussianos e
participam do conflito em nome da unidade germânica.
o O treinamento e a estratégia do exército prussiano permitiram que eles
prevalecessem sobre a França, garantindo a vitória na Guerra.
o Dentro do palácio de Versalhes, Guilherme I foi coroado Imperador Alemão,
por meio da unificação da Confederação Norte Germânica com os estados
germânicos do sul.
o Os franceses se renderam e a Alsácia-Lorena foi cedida para o recém-nascido
Império germânico.

Unificação italiana (1871)


Na arena internacional, o mais importante a se compreender a respeito do processo de
Unificação italiana é o fato de que ela possuía um grande impacto, primeiro pela disputa que
ocorria entre aqueles que eram a favor de uma república e de uma monarquia. Mas
principalmente devido a maior ou menor influência que o Vaticano passaria a possuir no
globo e na tomada de decisão dos Estados. Ao fim da unificação o Papa perdeu seu poder, e o
novo Reino permaneceu brigado com a Igreja até que Mussolini fosse resolver essa questão
em 1920.

Ademais, Alemanha e Itália se tornam fortes aliadas, principalmente pelo apoio que uma
fornece à outra em seus processos e na Guerra franco-prussiana, e mais uma vez o Império
Austríaco foi enfraquecido pelas perdas na região que então passou a ser reconhecida como
Reino da Itália.
Impactos das Guerras de Unificação

O mais importante para compreendermos para a Primeira Guerra Mundial é o seu impacto
no tabuleiro geopolítico dessas duas guerras de unificação. É claro que todo o processo e seus
detalhes são interessantes, mas são de maior valor para os delegados das respectivas nações.
Num geral, o que precisamos realmente absorver aqui é a posição desses Estados em meio a
conjuntura.

A Alemanha e a Itália agora representam dois Estados fortes politicamente e


economicamente, que buscam maior influência no equilíbrio hegemônico do Concerto
Europeu que no momento era protagonizado principalmente por Inglaterra e França. Essa
mudança e o surgimento desse novo e fortalecido interesse doméstico levará a uma definitiva
substituição da raison de systhème pelo retorno a raison d’État, assim culminando na
Primeira Guerra Mundial.

Imperialismo e o Congresso de Berlim

Até meados do século XIX, a expansão dos europeus para fora não
apresentou um ritmo acelerado. O imperialismo contentava-se em
estabelecer bases para operações futuras. (...) Entre 1848 e 1871, o
expansionismo foi praticado com mais determinação, mesmo porque
procuravam satisfazer novas necessidades da expansão do capitalismo
no continente, abrindo mercados para excedentes industriais e para
aprovisionamento de matérias-primas. A partir desse período, as
questões europeias permaneceram centrais para o sistema internacional.
(SARAIVA, 2007, p.94)

O que nos cabe tratar acerca do imperialismo e do Congresso, para além das tradicionais
questões de partilha da África e colonização, é a compreensão de que ele foi o meio pelo qual
o capitalismo se internacionalizou e o Concerto Europeu praticou o seu domínio político e
econômico sobre o globo.

O futuro e o funcionamento de regiões como África e Ásia passaram a ser decididos em


conferências particulares de Chefes de Estado europeus, essa era a magnitude da raison de
systhème. Em vista disso, controlar colônias e protetorados nessas regiões se tornou essencial
no período, pois por meio desse domínio político que foi possível o desenvolvimento
econômico que faz do ocidente a grande potência na contemporaneidade.

Em vista do seu valor, as potências europeias da época disputavam de maneira fervorosa a


garantia de seu espaço em meio a distribuição de territórios, e não seria diferente para as
recém unificadas Alemanha e Itália. Considerando que nos moldes do Concerto Europeu elas
não possuíam muita voz, o desejo de aumentar seu poder e influência conduzem a Alemanha
a uma corrida armamentista e uma constante disputa por maior espaço de domínio no
continente Africano, culminando na Grande Guerra. Ou seja, não foi porque o coitado do
Francisco morreu, mas do feudalismo até esse ponto diferentes formas de organização
tinham sido construídas no Sistema Internacional, e a pax britannica não se sustentava mais
frente a mudança do balanço de poder impactada principalmente pelo surgimento desses
novos e fortes Estados somado ao enfraquecimento de nações como Rússia, Áustria e
Otomanos. O tabuleiro estava propício para a Guerra, como em toda situação de quebra na
ordem do Sistema.

Guerra dos Balcãs

Contexto

O início do século XX na Europa marca o começo de uma era que ficará marcada para sempre
na história, principalmente devido ao número de conflitos e inovações tecnológicas que
ocorreram em apenas cem anos. Em princípio, é preciso entender que os sentimentos de pan
eslavismo, pan-germanismo e revanchismo estavam ficando cada vez mais fortes e,
consequentemente, sendo a principal justificativa para iniciar guerras.
Entre os primeiros conflitos desse período, é importante citar a Guerra dos Balcãs, que foi
uma junção de duas curtas guerras em um espaço de tempo de cerca de um ano. Fruto do
Pan-eslavismo, o episódio marca o começo das principais tensões na região. Para isso,
precisamos entender um pouco mais da história desse acontecimento.
Ainda no século XIX, na Conferência de Berlim, foi concedido ao Império Áustro-Húngaro o
direito de ocupar e administrar a província da Bósnia e Herzegovina, embora tal localidade
pertencia aos turcos otomanos, com o intuito de manter a paz numa Europa instável e cheia
de tensões. Porém, a decisão acabou por ter ação contrária à planejada, tendo em vista que a
região bósnia era um local de extremo interesse de diversas nações, especialmente da Sérvia,
por dois motivos principais: a região era habitada por povos eslavos e o Estado sérvio era o
principal adepto do Pan-eslavismo.
Assim, com o anúncio da anexação da Bósnia e Herzegovina pelos austro-húngaros, na região
dos balcãs, principalmente na Sérvia, um sentimento anti-Áustria, que já era forte, começou
a se fortalecer. Tal notícia não choca apenas os países balcânicos, como também, o Império
Russo, que era o maior rival da Áustria-Húngria. Possuindo um inimigo mútuo e interesses
em comum, na primeira década do século XX, foi possível perceber um alinhamento político
entre os sérvios e os russos, fato esse que virá mais à tona quando discutirmos as políticas de
“semi-alianças”.
Nesse contexto, em 1910, nasce na Sérvia uma sociedade secreta chamada de Mãos Negras
que tinha como principais objetivos a libertação de povos eslavos do domínio de outras
nações, lutar contra a influência Austro-Húngara na região e a criação da “Grande Sérvia”.
Tal sonho da criação de um potente Estado foi o fruto do Pan-eslavismo no país sérvio e tal
ideia foi usada como justificativa para inúmeras ações dos membros da sociedade, que
executavam aqueles que consideravam obstáculos para seus planos. Os Mãos Negras foram
ficando cada vez mais influentes e seus ideais começaram a atingir mais pessoas.

A Primeira Guerra Balcânica


Com todos esses eventos acontecendo nos Balcãs e a tensão na região crescendo cada vez
mais, seria preciso apenas uma justificativa para começar uma guerra. Justificativa essa que
veio quando o Império Turco-Otomano, país com terras ao sul da região supracitada, estava
sendo acusado de maus-tratos para com cristãos na província otomana da Macedônia. Dessa
forma, os países Grécia, Sérvia, Bulgária e Montenegro se juntaram e criaram a “Liga
Balcânica” para lutar contra os turcos.
Na superfície, a justificativa da guerra era ajudar os cristãos macedônios, porém, o real intuito
da liga era conquistar mais territórios, e o Império Otomano era um alvo perfeito, tendo em
vista que já estava enfraquecido por estar lutando uma guerra contra a Itália. Por isso, em
outubro de 1912, a Liga Balcânica começa seu ataque à nação turca em três localidades
diferentes, fazendo com que os otomanos não conseguissem revidar e que rapidamente o
conflito chegasse ao fim em 1913.
O colapso das forças armadas otomanas foi tão rápido que um acordo de paz foi assinado por
todos os beligerantes menos de um ano depois do início do conflito. Este documento ficou
conhecido como Tratado de Londres e serviu para redesenhar o mapa da região dos Balcãs, a
começar pela região da Macedônia, que foi dividida entre os membros da Liga Balcânica e a
província otomana de maioria islâmica chamada de Albânia, que conquistou sua
independência. Porém, a independência albanesa não foi bem aceita por todos,
principalmente pelos sérvios que, além de terem cometido diversas atrocidades contra os
civis locais, como execuções e mutilações, também demoraram muito para retirar suas tropas
do local.

Capa do jornal do The New York Times em 31 de


dezembro de 1912, onde é noticiado as
atrocidades da Sérvia contra os islâmicos da
região.

Segunda Guerra Balcânica


Tendo em vista que seu inimigo mútuo, o Império Otomano, havia sido derrotado, os países
da Liga Balcânica agora começaram a disputar entre si as conquistas territoriais,
especialmente a província da Macedônia, que, no Tratado de Londres, teve a maior parte de
seu território cedido a Bulgária. Por isso, temendo o fortalecimento do exército búlgaro, a
Sérvia e a Grécia formaram uma aliança, a fim de defender-se de um futuro ataque, que
aconteceu no dia 29 de junho de 1913.

Com medo dessa aliança, a Bulgária decide atacar primeiro, e de surpresa, durante a noite,
para garantir que sua ofensiva inicial tivesse um efeito potente, que até conseguiu cumprir
com seu objetivo, mas não por muito tempo. Logo após o ataque, as tropas sérvias e gregas já
começaram a avançar para expulsar os búlgaros de sua terra, ambos os lados brigaram de
forma equilibrada, sem muitos avanços dos beligerantes, até que novos países decidem entrar
na guerra.

No dia 11 de julho, a Romênia decidiu aproveitar a situação delicada que se encontravam seus
vizinhos e invadiu a Bulgária, a fim de conquistar mais territórios. Ademais, o Império
Otomano viu a oportunidade de recuperar seus territórios perdidos anteriormente na
Primeira Guerra Balcânica. Consequentemente, era perceptível que a nação búlgara estava a
caminho da derrota, com os romenos marchando para a capital Sófia, os turcos tomando as
terras ao sul e os sérvios e gregos lançando ataques sem parar. O fim dessa guerra estava
próximo.

Com o colapso das linhas de defesa búlgaras, o Tratado de Bucareste foi assinado, pondo um
fim nesse conflito. A Sérvia e a Grécia dividiram a Macedônia entre eles, a Romênia
conquistou alguns territórios ao norte, enquanto ao sul, o Império Otomano recuperou
algumas de suas antigas conquistas. Entretanto, mesmo com o fim do conflito e a criação de
um acordo, as tensões entre as nações não haviam diminuído, principalmente no que se trata
da influência da Áustria-Hungria na região, que estava ficando cada vez menor.

Esse conflito foi um elemento-chave no que se trata do começo da Primeira Guerra Mundial,
tendo em vista que a Guerra dos Balcãs marca o acirramento do Pan-eslavismo e do
revanchismo na região.

Corrida Armamentista

Como já explicitado acima, a Conferência de Berlim foi um grande marco para as populações
europeias, tendo em vista que era tudo que as mesmas precisavam para conquistar matéria-
prima e conseguir mercado consumidor, tendo em vista que as mesmas estavam no meio do
processo da Segunda Revolução Industrial. Países como a França, Alemanha, Itália, Áustria-
Hungria e Rússia viam suas economias ficarem cada vez mais fortes no contexto mundial,
fazendo com que elas começassem, entre si, uma disputa por recursos.

Além da existência da disputa por recursos naturais, existia também a questão da


superioridade militar. Alimentadas por um sentimento de revanchismo e de ufanismo, as
nações europeias queriam não só derrotar suas vizinhas no quesito financeiro, mas também,
no militar. Decorrente disso, é possível notar que, a partir do início do século XX, houve um
aumento nos gastos públicos nos setores de Exército e Marinha de todas as nações do
continente europeu, tendo em vista que tais investimentos e pesquisas no setor bélico
facilitavam o controle das colônias ultramarinas europeias.

Entre as nações principais, é necessário citar o caso do Império Alemão, que, por ter tido uma
unificação tardia, estava extremamente interessado em conquistar novos recursos. Tornando
uma nação, oficialmente, no final do século XIX, era o país um dos países que menos possuía
colônias ultramarinas e ainda estava alimentando sua indústria e suas forças armadas. Após
sua vitória na Guerra Franco-Prussiana, além de saído com um território extremamente
valioso, a Alsácia-Lorena, ainda conseguiu alavancar a moral nacionalista de toda sua
populção.

Estando no ápice de seu desenvolvimento, o Império Alemão ainda travou uma corrida
armamentista marítima contra a Inglaterra que, na época, era a nação mais forte no quesito
naval. Por causa disso, inúmeros navios de batalha foram criados pela Alemanha para
disputar o controle dos oceanos com os ingleses e, em caso de guerra futura, conseguir travar
uma batalha.

Ademais, a França, ao sair derrotada da Guerra Franco-Prussiana e ter perdido seus


territórios da Alsácia-Lorena, começou a aumentar seus investimentos bélicos, já com
pensamentos de começar, novamente, um conflito com a Alemanha e recuperar o que havia
perdido. Além disso, também focou em aumentar seu maquinário e sua capacidade de
produção, para deixar a economia francesa mais sólida.

Enquanto isso acontecia, a Inglaterra não via com bons olhos o desenvolvimento e
fortalecimento de nações como a Áustria-Hungria e Alemanha, já que as mesmas poderiam
oferecer algum tipo de perigo à soberania inglesa mais tarde. Por isso, os britânicos
investiram fortemente na marinha nacional, área onde se destacavam e, como já se
destacavam nessa área, deixaram sua soberania e seu poder de intimidação no topo. Essa
corrida armamentista também levou o Reino Unido a extrair recursos mais eficientemente de
suas colônias, já que as novas armas tornavam o seu poder de dominação imbatível
comparado com os povos nativos. Além disso, como já eram pioneiros na área das indústrias,
esse alavancamento na importação de recursos aumentou seu poder industrial, levando a
criação de muitos monopólios ao redor do globo, fomentando a economia global.

Porém, mesmo com a maior parte da Europa se industrializando e fortalecendo suas


economias, países como o Império Russo e o Otomano seguiam na direção contrária. Os
otomanos haviam se desgastado por inúmeros conflitos que participaram durante o século
XIX e os russos possuíam muito pouco de sua economia composta por indústrias, pois a nação
era majoritariamente agrícola e suas estrutura política ainda apresentava resquícios do
feudalismo, haja vista que os detentores do poder no país, o Czar incluso, se beneficiavam
dessa estrutura, e não estavam dispostos a abrir mão de deus privilégios. Por isso, essa corrida
tecnológica e armamentista no continente era de extremo interesse de ambos os impérios,
pois, era uma oportunidade de, em caso de guerra, conquistar mais recursos naturais e fazer
com que seus rivais perdessem espaço no mercado mundial.

O Começo dos alinhamentos entre países


Com a tensão na Europa se elevando a níveis extraordinários, as nações do citado continente
começaram a se organizar para um futuro conflito, que estava se tornando um futuro cada
vez mais provável. Por isso, as nações européias buscavam procurar outras que possuíam um
inimigo em comum, para que pudessem formar uma aliança, caso um conflito acontecesse.

Com isso em mente, a França e a Sérvia foram pioneiras nesse assunto, aliando-se, ambas,
com o Império Russo. Os franceses possuíam uma rivalidade e um sentimento de
revanchismo contra a Alemanha, já os russos temiam o desenvolvimento industrial alemão,
e o quanto tal nação poderia se tornar influente no contexto europeu. Enquanto isso, os
sérvios lutavam contra o poder de dominação dos austro-húngaros nos Balcãs e a Rússia
possuía diversos conflitos territoriais e disputas por zonas de influência para com a Áustria-
Hungria. Logo, devido a essa semelhança de inimigos, tais Estados começaram a se
aproximar ideologicamente.

De forma semelhante, a Inglaterra não via com bons olhos o desenvolvimento armamentista
alemão, ameaçando a soberania inglesa nos mares. Por isso, o Reino Unido também se
aproxima de países como França, mesmo que possuísse um longo histórico de guerras e
rivalidades com a mesma.

Seguindo esse caminho, o Império Alemão também decidiu seguir o caminho de seus vizinhos
europeus e começou a aproximar-se politicamente de outras nações. A principal e mais
notória é a Áustria-Hungria, tendo em vista que ambas as nações possuíam inúmeras
inimizades em comum, como visto anteriormente.

Outro caso importante é o alinhamento com o Império Otomano, que não possui razões clara
do porquê de sua aproximação com a Alemanha, mas há duas teorias, uma delas se baseia no
fato de que o Estado alemão era o único na Europa que não tinha interesse de ganhar uma
guerra contra os otomanos, Já a segunda, se sustenta no fato da Crise dos Balcãs, que
praticamente deixou essa região do mapa interinamente inimiga dos turcos, fazendo os
mesmos se alinharem com um país que também tinha muitos inimigos ali, a Áustria-
Hungria.

Charge que representa a aproximação entre a Alemanha e a Áustria-


Hungria

Assim, depois de apresentados todos esses fatos, é perceptível que a Europa havia se tornado
uma bomba prestes a explodir, era necessário um pequeno evento, algo que gerasse uma
polêmica grande, para que as nações começassem a guerrear entre si. Fato esse que veio a
acontecer em junho de 1914.

A Primeira Guerra Mundial

O Estopim

No início do ano de 1914, as nações europeias se viam cada vez mais próximas do começo de
um conflito mundial, e a tensão estava no ar, principalmente nos Balcãs. Assolada por duas
guerras e por inúmeras disputas territoriais e políticas, a região balcânica era a mais instável
de toda a Europa, por isso, o herdeiro do trono do Império Áustro-Hungaro, o Arquiduque
Francisco Ferdinando, decide visitar seus territórios da Bósnia e Herzegovina. A fim de fazer
uma inspeção militar em Sarajevo, capital da província, o nobre e sua esposa passeavam pelas
ruas da cidade acenando para as pessoas que ali viviam.

Consequentemente, ao ficar sabendo da notícia de que o herdeiro do trono do seu maior rival,
o Império Áustro-Hungaro, o Reino da Sérvia decidiu agir, convocando os membros da
sociedade secreta supracitada, os “Mãos Negras”. O plano era distribuir alguns membros da
sociedade na cidade, perto do caminho que o arquiduque seguiria daí, então, assassiná-lo.

Na primeira tentativa, uma bomba foi lançada na carruagem, que feriu algumas pessoas que
estavam passando, mas não chegou a atingir a carruagem. Enraivecido com a situação, o
arquiduque decide ir ao hospital visitar os feridos e, na volta da visita, ao entrar em uma rua
pequena, o herdeiro do trono foi de encontro ao estudante sérvio Gavrilo Princip.
Aproveitando a oportunidade, Gavrilo saca uma pistola e atira em Francisco Ferdinando e
sua esposa, matando-os.

Gavrilo Princip atirando em francisco Ferdinando Commons

O atentado foi visto pelo Império Áustro-Húngaro como uma oportunidade de humilhar seus
rivais sérvios, conquistando mais influência nos balcãs. Por isso, os austríacos decidem enviar
um ultimato impossível de ser aceito para a Sérvia que, claramente, iria recusar, criando uma
desculpa para iniciar uma guerra.

A criação oficial das alianças


Tendo em vista de que os requisitos que o ultimato cobrava eram impossíveis de serem
aceitos, a Sérvia rapidamente recusa seus termos, fazendo com que a Áustria-Húngria
mobilizasse suas tropas e começasse a bombardear a capital sérvia, Belgrado, com peças de
artilharia. Como consequência, a Rússia também se prepara para a guerra, já que os sérvios
eram aliados seus e um ataque desse calibre não seria tolerado.

Consequentemente, a Alemanha declara guerra aos russos, para ajudar seus aliados
austríacos. Logo após, a França entra no conflito contra a Alemanha para proteger a Rússia,
e assim, um grande efeito dominó foi causado, começando nos Balcãs e atingindo uma escala
continental, envolvendo toda a Europa. Dessa forma, o continente foi dividido entre duas
grandes alianças, cujos nomes e principais membros eram:

 Tríplice Aliança: também conhecidos como potências centrais, era composto pelo
Império Alemão, o Aústro-Húngaro, a Itália (que saiu da aliança em 1915), os
otomanos e os búlgaros
 Tríplice Entente: composta principalmente pela Grã-Bretanha, a França e a Rússia,
a aliança também foi se expandindo no decorrer da guerra, agregando países como os
EUA, o Japão e a Itália (após sua saída da Tríplice Aliança).

Dessa forma, o palco para a guerra estava pronto e as alianças estavam formadas. Era hora
das tropas começarem a marchar a caminho dos campos de batalha.

Guerra de movimento

Plano Schlieffen

Como uma das protagonistas dessa guerra e sendo uma nação que já se preparava a um tempo
para um conflito desse calibre, a Alemanha já possuía um plano para essa situação, o Plano
Schlieffen. Criado por Alfred von Schlieffen, a tática era acabar com a guerra o mais rápido
possível, tendo em vista que os alemães tinham inimigos nos lados oeste e leste de suas
fronteiras, com a França e a Rússia respectivamente, significando que estavam cercados, algo
que claramente, os deixava em desvantagem.

Para evitar que a guerra se estendesse demais e ter que lutar em duas frentes, o exército
alemão tinha que entrar na França e tomar Paris o mais rápido possível, para isso, era de
extrema importância flanquear o exército francês, que estava concentrado na região da
Alsácia-Lorena, e destruir sua força de batalha. Dessa forma, a Alemanha decide chegar ao
território francês atravessando a Bélgica, nação que se demonstrou neutra no conflito,
entretanto, foi invadida de toda forma. Essa foi um fator decisivo para os rumos das batalhas,
pois, foi por esse motivo, que o Reino Unido decidiu enviar tropas para ajudar a Tríplice
Entente, já que até então os britânicos estavam tentando se manter neutros, mas a forçada
entrada dos belgas no conflito fez com que a Inglaterra rompesse sua neutralidade.

O Plano Schlieffen conquistou resultados nas primeiras semanas da guerra, empurrando os


soldados franceses e britânicos para o interior da França, na cidade de Marne, porém, não
durou muito até que a Tríplice Entente começasse a revidar e conseguir frear o avanço
alemão.

Os avanços tecnológicos
Com o início do conflito e a aplicação do plano Schlieffen, as nações foram se adaptando à
realidade de uma guerra moderna, desenvolvendo novas tecnologias para avançar melhor nos
campos de batalha ou defender-se de um possível ataque. Por isso, esse conflito foi um divisor
de águas no quesito conflito moderno, pois, foi nesse período, que surgiram inúmeras
estratégias e instrumentos utilizados em combates até hoje.

Em princípio, é necessário citar o principal meio de ataque dos exércitos, seus soldados. A
começar pelos seus uniformes, muitos deles eram utilizados com o principal propósito de ter
prestígio, não possuindo vantagem concreta na batalha. Por exemplo, os uniformes franceses,
que eram azuis, fazendo com que os soldados da França fossem vistos com muito mais
facilidade, e os da Alemanha, que apresentavam uma espécie de chifre na ponta da cabeça,
algo que só fazia a roupa ficar mais cara de se adquirir. Essas vestimentas foram sendo
adaptadas no decorrer do conflito para melhor servir os soldados.

Ademais, o uso de aparelhos elétricos no campo, como o rádio, e a instalação de apetrechos


como lâmpadas e alarmes de incêndio em navios fez com que os conflitos fluissem mais
rapidamente. Tendo em vista que não era necessário esperar meses para que a ordem dos
capitães chegasse por cartas, e que menos soldados morriam por péssimas condições de vida
ou acidentes em embarcações.

Não obstante, a apropriação do avião para fins bélicos também foi um avanço tecnológico que
marcou esse conflito. Servindo para fazer o reconhecimento do território inimigo ou para
lançar um ataque aéreo, quando tais aeronaves eram equipadas com metralhadoras. O uso
da metralhadora em larga escala no meio terrestre também foi um fator decisivo nos
combates, pois uma arma que atira tão rápido como essa levava dezenas de soldados inimigos
à morte em um piscar de olhos.

Além de todas essas tecnologias, é necessário citar também o uso de tanques de guerra e de
gases tóxicos, tópicos esses que serão abordados mais tarde.

A Primeira Batalha do Marne

Em setembro de 1914, os alemães estavam a todo vapor com o Plano Schlieffen, invadindo
territórios e cruzando a Bélgica para conseguir chegar à França e, eventualmente, Paris e
finalizar a guerra na frente ocidental. Tendo em vista isso, os ingleses, que tinham tendências
a juntar-se aos combates ao lado da França, mas estavam neutros até agora, encontraram
uma boa justificativa para enviar soldados à parte continental da Europa, pois os mesmos
condenaram o ataque da Alemanha aos belgas. Sendo assim, foi criada a Força Expedicionária
Britânica (BEF - em inglês) para lutar ao lado dos franceses e russos, formando-se assim, a
Tríplice Entente.

Uma das primeiras missões da BEF era conter o avanço alemão no norte da França, já que a
travessia pela Bélgica tinha sido um sucesso. Dessa forma, soldados franceses e ingleses
uniram forças para contra-atacar o exército da Alemanha, que estava ganhando cada vez mais
territórios na região. Era de extrema importância para a Tríplice Entente que o contra-ataque
desse certo, pois, caso falhassem, o exército da França iria receber ataques pelo flanco,
tornando-os mais suscetíveis à destruição.

Por isso, as tropas da BEF foram enviadas para as proximidades da fronteira da Bélgica,
tentando de toda forma impedir o avanço alemão, tentativa essa que se mostrou uma falha,
pois cada vez os britânicos recuavam, cedendo território à Alemanha. Enquanto isso, o
exército francês buscava, de alguma forma, atacar os alemães na região da Alsácia-Lorena,
lugar esse, que, como já citado anteriormente, era extremamente disputado por ambas as
nações, consequentemente, sendo uma das localidades mais bem militarizadas de toda a
guerra.

Após a BEF começar a perder territórios demais para os alemães, o alto comando francês
ordena a retirada das tropas localizadas na Alsácia-Lorena e a reunião das mesmas com as
forças britânicas, para que assim, juntas, pudessem realizar um contra-ataque efetivo. Dessa
forma, as tropas se encontram a 48 quilômetros de Paris, perto do rio Marne, que, devido à
proximidade com a capital francesa, era de extrema importância a vitória da Tríplice Entente,
pois, caso fossem derrotados, corriam o risco de perder a França.

Assim, em 6 de setembro de 1914, as tropas da Tríplice Entente vão de encontro às tropas


alemãs, marcando o começo da Primeira Batalha do Marne. A batalha durou cerca de quatro
dias, onde, no dia 10 de setembro, os alemães começaram sua retirada, era uma vitória das
tropas francesas e inglesas. Um fator decisivo nessa vitória foi o fato de que os soldados da
Alemanha estarem exaustos, pois o plano original era apenas flanquear o inimigo, mas, como
o mesmo recuou até as proximidades de Paris, eles não viram outra opção a não ser continuar
seguindo em frente.

Essa vitória marcou um grande ganho estratégico das tropas francesas e da BEF, já que era a
primeira vez que os alemães haviam feito uma retirada tão grande dos soldados na frente
ocidental. Por outro lado, por mais que a Alemanha tivesse recuado bastante no território
francês, uma parte do norte ainda estava em seus domínios, região essa que possuía inúmeras
indústrias, dando uma vantagem à nação alemã.

Mapa mostrando o recuo das tropas alemãs após a batalha do Marne.


Após a Primeira Batalha do Marne, os alemães recuaram para um local próximo do
rio Aisne, onde lá se estabeleceram e começaram a criar trincheiras. Começando aí
a marca principal da Primeira Guerra Mundial, fazendo com que a maior parte dos
exércitos na frente ocidental começassem a cavar buracos e lá ficarem estacionados.

Guerra das trincheiras (1915-17)

Valas, túneis, caminhos abaixo da superfície do solo, onde, ao adentrar-se, não se conseguia
enxergar o fim. Essas eram as chamadas trincheiras, uma forma de combate que ficou
fortemente associada à Primeira Guerra Mundial. Isso deve-se ao fato de que,
principalmente, após a revolução no aprimoramento das armas de fogo e artilharia, o
combate em campo aberto não era mais uma opção. Num embate, onde projéteis vindos de
metralhadoras e bombardeamentos eram frequentemente utilizados, aquele que se encontra
bem protegido como defesa, definitivamente tem a vantagem com relação ao lado ofensivo.
Por isso, essa proteção poderia ser somente alcançada cavando a terra.

Mas, essa tática deu certo? Por mais que essas linhas de túneis tivessem uma intensa linha de
proteção, contendo até quatro linhas de resistência demasiada de tropas e densos
emaranhados de arame farpado, fortificações de concreto e barricadas para evitar o avanço
da infantaria inimiga, ambos os lados eram impedidos de se moverem, resultando na
estagnação desses. Os únicos assaltos e movimentações eram realizados entre as trincheiras,
território totalmente exposto e conhecido como “Terra de Ninguém”. Ainda que ataques bem-
sucedidos pareçam improváveis, não eram impossíveis, porém vinham com severas perdas.
Logo, encurralados é a palavra que descreve mais fielmente a situação desses exércitos.

Agora, coloquemo-nos para imaginar: “como era batalhar estagnado dentro dessas
trincheiras?”. As mortes causadas pelo fogo cruzado eram, sem dúvidas, as principais, pois
ferimentos devidos a fragmentos de projéteis e detritos também eram uma possibilidade
junto ao atingimento direto. No entanto, as trincheiras por si só carregavam seus riscos. Um
deles, eram as doenças devido principalmente à falta de higiene, convivência em lugares
superlotados e falta de acesso à roupas limpas. A febre das trincheiras, sendo a mais comum
delas, era espalhada através das fezes infectadas do piolho corporal Pediculus humanus
corporis. Estima-se que mais de um milhão de soldados foram infectados e sofreram de suas
dores de cabeça, erupções cutâneas e febres recorrentes – resultando em letargia por meses.
Além dessa, podemos citar também a gangrena gasosa, os parasitas intestinais e o pé de
trincheira, todas de alastrando pelo contato físico com os doentes e cadáveres, infecção das
rações e fontes de alimento, e condições extremas de frio e ‘sujeira’.

Ratos de trincheiras também infestavam esses buracos, estavam ao lado dos soldados em
meio a todo esse caos. Esses tinham responsabilidade tanto na propagação das doenças, como
na própria alimentação de rações e corpos em decomposição. Os ratos aterrorizaram muitos
mais soldados do que outros horrores que encontravam nas trincheiras.

Por fim, o impacto psicológico gerado pela vivência dentro das trincheiras era sem dúvida
muito comum que os soldados frequentemente sofriam de colapsos nervosos e mentais como
resultado do bombardeio constante e do ambiente claustrofóbico (Loughran). O impacto
disso se dava ao completo rendimento dos homens aos colapsos, podendo os levar a completa
imobilidade, incapazes até mesmo de realizar respostas humanas instintivas, como fugir ou
revidar.

Portanto, fica evidente o enorme impacto e relevância dessa forma de combate vigorado na
Primeira Guerra Mundial. Essas foram as vivências dentro das trincheiras, a seguir,
discutiremos um pouco sobre novas táticas criadas para tentar contornar a estagnação desse
conflito, assim como batalhas que prosseguiram.

Foto dos soldados nas trincheiras em meio a Primeira Guerra Mundial

Armas químicas
Desde 1899, quando a Conferência da Paz de Hauge tomou lugar na história, foi determinado
que todas as nações deveriam “abster-se do uso de projéteis que tenham por objeto a difusão
de gases asfixiantes ou deletérios”. Contudo, foi em menos de dois séculos, que esse acordo
foi violado pelas nações que guerreavam e não encontravam outra saída da inércia das
trincheiras.

Seria errôneo dizer, que durante esse ínterim, não foram utilizadas nenhum gás como arma.
Em agosto de 1914, a França utilizou contra a Alemanha, gás lacrimogêneo durante seu
conflito, assim como os britânicos e os próprios alemães tentaram manufatura-lá, mas
nenhum obteve muito êxito.

Porém, é em abril de 1915 que a “Guerra de Gás” começa a mostrar-se com elevado potencial,
e isso carregaria o andamento da guerra para outro rumo. O primeiro gás a mostrar esse
potencial foi o gás cloro, um gás asfixiante, com sua disseminação pelo vento. Ele foi
primeiramente elaborado pelos alemães e posteriormente utilizado e aprimorado pelos
britânicos.

Como consequência, máscaras e equipamentos de proteção começaram a ser desenvolvidas,


assim como a aceleração dos métodos de pesquisa para fazer novos gases.

O gás mostarda foi o que mais causou danos e representou os maiores avanços nessa nova
direção em que a guerra tomava. Era um gás vesicante, ou seja, suas características ácidas
causavam queimaduras e irritações na pele exposta, assim como danificava o sistema
respiratório, levava mais tempo para se dissipar que outros gases, além de ter sua
característica coloração amarelada.

Com o advento da “Guerra de Gás”, as nações foram forçadas a desenvolver novos métodos
eficazes de implantação e liberação desses gases. As formas mais utilizadas passaram a ser o
envio por meio de artilharias e os projetores, capazes de cobrir o alvo com uma nuvem de gás,
tudo isso com o objetivo de maximizar o elemento de surpresa e tentar cessar a guerra.
Liberação dos gases para serem levados pelo vento às tropas inimigas

Batalha de Ypres
Ypres, uma região localizada na Bélgica que se tornou um importantíssimo ponto de
transporte durante a movimentação simultânea da Alemanha e da Tríplice Aliança, após a
Guerra do Marne, para tentar envolver o flanco norte de seu oponente, a chamada “Corrida
ao Mar”.

Em setembro de 1914, ocorre a Primeira Batalha de Ypres, uma confusa e exaustiva briga com
pesada artilharia, extensas trincheiras e milhares de perdas. Porém, nosso foco está na
Segunda Batalha de Ypres, em abril de 1915, quando a guerra mudou de rumo devido ao mais
recente avanço científico: gases como forma de arma.

Assim, foi nesse momento em os crimes de guerra determinados pela Convenção do Hauge
foram colocadas em prática pela Alemanha, quando esta liberou o gás cloro dos cilindros de
armazenamento e permitiu que o vento levasse a nuvem em direção aos inimigos,
ultrapassando a “Terra de Ninguém” e pegando de surpresa as tropas da Aliança, as quais
sofreram grandes perdas devido a sua falta de proteção.

Posteriormente, essas novas tecnologias passaram a ser utilizadas, também, pelos Aliados,
que combinados à mudança estratégica dos britânicos em investir um avanço estreito,
coberto pelo apoio da artilharia, consolidaram esse novo espaço e repeliram o contra-ataque
alemão com fogo em massa. Isso, levou o exército da Entente sofrerem graves baixas, e logo
foram forçados a abandonar suas ocupações, dando vitória à Aliança.

Batalha de Verdun

Mais um ano se passou, e as nações continuavam a travar diversas batalhas, mas ainda
incapazes de avançar nas trincheiras. Foi então que, de fevereiro a dezembro de 1916, a
considerada mais longa e sangrenta batalha da Primeira Guerra Mundial foi travada. A
Batalha de Verdun.

Verdun, território localizado no nordeste da França, às margens do Rio Meuse, consistia num
ponto estratégico extremamente relevante devido às suas fortificações subterrâneas
construídas desde o século XVII, isolamento em três de seus lados e porque era um ponto de
bloqueio até a cidade de Paris.

Esse conflito pode ser dividido em duas partes: a ofensiva alemã e o contra-ataque francês.
Muitas vitórias foram alcançadas no início da batalha pela Alemanha, devido aos intensos
bombardeamentos combinados com as táticas de infantaria sobre as trincheiras francesas,
que foram desestabilizadas logo nas primeiras semanas.

Contudo, a França decide adotar uma nova tática, conhecida como sistema Noria, de
rotatividade das tropas nas trincheiras e fortes, com o objetivo de diminuir o cansaço dos
soldados. Essa estratégia foi responsável por garantir maior resistência do exército francês.
Contudo, o avanço continuava sendo impossível com os bombardeamentos e projéteis de gás
vindos do lado alemão. Centenas de milhares de corpos foram acumulados no campo de
batalha desse conflito e o cheiro de putrefação era insuportável enquanto os corpos estavam
ao lado dos soldados nas trincheiras ou eram trazidos de volta à superfície quando bombas
atingiam o solo.

A Batalha de Verdun teve como característica a incessante conquista e reconquista de


fortificações, tendo fim em dezembro, quando os alemães decidem recuar, dando vitória,
ainda que com inúmeras perdas, aos franceses.
Dezenas de soldados abatidos na Batalha de Verdun

Revolução Russa (saída da Rússia)

Um dos eventos mais marcantes do ano de 1917 foi a saída da Rússia da Primeira Guerra
Mundial. Mas, por quê? Em fevereiro do mesmo ano, a Rússia entrou num período
definitivamente decisivo para o caminho que tomaria no próximo século, ela entrava numa
revolução.

O sistema político czarista esteve presente na Rússia desde o século XVI, o czar assumindo
papel de Estado e governando de forma absoluta. Durante décadas, essa forma de governo
conservou-se, porém foi em meados do século XVII que sua ordem começou a rachar.

Em 1853, durante a Guerra da Criméia, o governo russo percebeu que não bastava ter uma
grande população e extensão territorial para ficar ao topo e em segurança às nações mundiais,
começou a perceber que seus meios de produção e Forças Armadas precisam ser
modernizados também. Assim, a escravidão foi abolida, investimentos foram feitos às
indústrias, a fronteira agrícola foi expandida e as exportações aumentaram. De fato, a Rússia
passou por um momento de intenso avanço na modernização da economia e do transporte,
porém havia um grande descontentamento crescendo paralelamente à isso.
A mão-de-obra principal era a camponesa, mas essa era a camada social que menos era
favorecida por esses avanços. Seu desagrado vinha da alta cobrança de impostos, suas terras
sendo transformadas em propriedades privadas e do desvio de recursos que deveriam ser
destinados à essa população agrária, para o processo de industrialização no país. E conforme
mais indústrias eram criadas, essa população descontente crescia.

Esse regime czarista sofreu ondas revolucionárias de influência marxista durante anos, por
conta da negligência aos camponeses e aos enormes gastos em guerras. Como na disputa
contra o Japão, na Guerra Russo-Japonesa, na qual a Rússia perdeu vergonhosamente. Por
conseguinte, em 1905, a revolução eclodiu. Esta, sujeita a greves, criação de “conselhos de
trabalhadores” (Sovietes), e protestos em frente ao palácio exigindo direito de
representatividade, voto universal e melhores condições de vida. Porém, a resposta do Czar a
esses protestos, não foi a mais amigável. O chamado “Domingo Sangrento” aconteceu, e o
povo foi executado pelo exército em frente ao palácio. Dessarte, devido à, ainda maior,
pressão exercida pela população, o governo czarista já mostrando fragilidade na falha
administração, tenta contornar a situação criando a Duma, uma espécie de Parlamento
censitário, que perdurou até 1917.

Após três anos do início da Primeira Guerra, em abril de 1917,a população russa colocou um
fim na situação e derrubou o Czar Nicolau II de seu governo. Quem assume então, é a Duma,
majoritariamente composta pela burguesia e Mencheviques – minoria dos revolucionários e
idealizadores do desenvolvimento primeiramente capitalista e posteriormente socialista.
Nesse governo provisório, as pessoas continuaram a passar fome e necessidades, pois o
Parlamento decide permanecer com a Rússia na grande guerra, dando espaço para que
posições contrárias ao governo atual se fortalecerem, como foi o caso do movimento
Bolchevique – maioria dos revolucionários e acreditavam na Ditadura Proletária, a Revolução
Socialista, imediata.

Lênin, que antes se encontrava exilado, recebe anistia junto a outros condenados políticos,
volta propondo as Teses de Abril. Sob o lema “Pão, Paz e Terra”, tinha como intenção as
seguintes propostas: reajuste do fornecimento interno de alimentos, saída imediata da Rússia
da guerra, reforma agrária, poder aos sovietes, e nacionalização dos bancos e empresas
estrangeiras. Enquanto isso, a Guarda Vermelha – exército bolchevique – passou a ser
formado por Trotsky. Assim como apoiadores do movimento somente cresciam em meio a
população.
Em outubro de 1917, o Exército Vermelho toma o Palácio e Lênin assume o poder,
consequentemente tirando a Rússia da guerra. Contudo, essa retirada veio com um alto preço,
estabelecido pela Alemanha, no pacto de paz de Brest-Litovsk. Esse, exigia a concessão dos
territórios da Finlândia, Polônia, Ucrânia, Bielorrússia e Países Bálticos, território que
continha 90% de suas minas de carvão e 50% de sua indústria. Ainda que considerada uma
perda vergonhosa, o acordo marcou a retirada da Rússia da Primeira Guerra Mundial.

Lênin tomando à frente do povo na Revolução Bolchevique em 1917

Chegada dos Estados Unidos


Desde 1914, os Estados Unidos permaneceram neutro com relação a grande guerra que
acontecia na Europa, por três anos decidiu não tomar nenhum lado. Apesar disso, não
significava que não tinha sua influência no conflito, tinha de fato, mas até 1917, era de forma
indireta. Durante esse tempo, os Estados Unidos eram provedores de armamentos e materiais
aos membros da Tríplice Aliança, estima-se que por estarem distantes da luta e terem o papel
de principal arsenal de seus aliados, seu crescimento chegou a 10% ao ano.

Contudo, foi devido à ofensiva submarina alemã – uma das maiores potências nesse âmbito
– que o país americano se envolveu diretamente com o conflito. Além de ter custado vidas
estadunidenses, o comércio também foi paralisado pelo medo de colocar seus navios em alto
mar. Desse modo, os Estados Unidos entraram na Primeira Guerra Mundial.

Fase final - Segunda Guerra de Movimento (1918)


Os Estados Unidos tiveram papel decisivo e determinante sobre a Primeira Guerra Mundial.
Após declarar guerra, foram meses de envio de artilharia, navios, aviões e milhões de soldados
à Europa para lutarem ao lado dos países Aliados.

Foi em julho de 1918, na Segunda Batalha do Marne, que a Alemanha deu sua última
importante ofensiva no território da França. Porém, foi fortemente contra-atacada pelos
Aliados, resultando na sua derrota.

Nos 100 próximos dias, os Aliados avançaram implacavelmente sobre os ataques da Entente.
Então, foi em outubro de 1918, que, em razão do novo governo republicano da Alemanha –
agora denominada República de Weimar – após a abdicação do imperador, um acordo de paz
e retaliação das tropas foi acordado entre as nações.

Conferência de Paris (1919) - Tratado de Versalhes

Por fim chegamos ao tema do nosso comitê: a Conferência de Paris e a assinatura do Tratado
de Versalhes. Em 2023, é de conhecimento geral o que aconteceu nessa conferência: a
Alemanha foi considerada a culpada pela guerra pelos países da Tríplice Aliança, o que
resultou na concessão de penalidades severas, como: perda territorial, militar e pagamento
de altas indenizações – acontecimento considerado vergonhoso à nação alemã e que
definitivamente será causas de muitos outros conflitos e controvérsias na história desse
século seguinte.
Representantes das nações mundiais reunidos na Conferência de Paris em 1919
CONCLUSÃO

Dessa forma, senhores delegados, vivenciamos até agora um dos maiores conflitos da história
da humanidade que, até para os dias de hoje, trouxe consequências. Vimos que o desfecho da
Primeira Guerra Mundial girou em torno da determinação de um culpado. Contudo, temos
um culpado? Precisamos de um? Por que, após um século de tratados de paz, o mundo todo
sucumbiu à violência num piscar de olhos? O que foi determinado nesse tratado, assim como
todos os acontecimentos desse período, influenciam a humanidade até hoje, como o
fortalecimento do socialismo, avanços tecnológicos e científicos desenvolvidos para guerras,
a criação da Liga das Nações – e posteriormente da ONU – tudo isso influencia a história
hodierna.

Nessa conferência, estarão nações que desejam manter a história, outras desejam mudá-la.
Pautas sociais como o Movimento Sionista, o Pan-africanismo e o Feminismo também
poderão surgir e exigir de vocês, que encontrem uma solução.

Devemos lembrá-los que nada disso aconteceu ainda, estamos prestes a entrar nessa reunião
e os senhores definitivamente têm o poder em suas mãos para alterar o curso dessa narrativa
e criar um futuro completamente diferente do qual vivemos hoje. Como mesas diretoras,
enxergamos que há dois desfechos para essa discussão: a história poderá ser mantida, ou
poderá ser reescrita. Não importa em quais delas chegaram, esperamos poder observar os
caminhos, processos e decisões que tomaram ao trabalharem juntos, ao delinear nossa
história. Usem esse poder com consciência e sabedoria.
ANEXOS

Anexo 1 - Modelo Programa de Ação

Conferência de Paz de Paris

Programa de Ação

Título do Programa de Ação

Objetivo principal do Programa de Ação

Autor: Seu nome + nome da sua representação

Preâmbulo

(Escreva uma lista de no mínimo três cláusulas preambulares que descrevam as motivações
para este Programa de Ação)

No uso legal de suas atribuições,

DECLARA

1º (...);

2º (...);

3º (...);

(...);

Salvador, 12 de julho de 2022

SEU NOME + NOME DA SUA REPRESENTAÇÃO


Anexo 1.2 - Exemplo de Programa de Ação

Conferência de Estocolmo

Programa de Ação

Pesquisa e educação: O caminho para a preservação do meio ambiente

Desenvolvimento e aplicação de cooperações


internacionais com o objetivo de compartilhar
conhecimentos e aprimorar as estratégias para a
preservação do meio ambiente.

Autor: João José, Delegado representante da Tanzânia.

Preâmbulo

A Conferência de Estocolmo,

Reunindo-se em Estocolmo de 15 à 16 de junho de 1972,

Considerando a necessidade de uma visão comum e princípios comuns para inspirar e guiar
os povos do mundo na preservação e valorização do ambiente humano,

No uso legal de suas atribuições,

DECLARA

1. É recomendado que:
a. Os Governos tomem medidas para providenciar trocas de visitações entre
pesquisadores e estudiosos das instituições públicas ou privadas de seus países;
b. Os Governos e o Secretário-Geral garantam a aceleração da troca de
informações sobre pesquisas passadas e em andamento, assim como a
experimentação e implementação de projetos abrangendo todos os aspectos da
vida humana e seus assentamentos, conduzidos pelas Nações Unidas ou por
entidades públicas e privadas;
2. Recomenda-se que os Governos e o Secretário-Geral dêem atenção urgente à formação
daqueles que são necessários para promover uma ação integrada no planejamento,
desenvolvimento e gestão de assentamentos humanos;
3. É recomendado que os Governos e o Secretário-Geral proporcionem oportunidades
iguais para todos, tanto por treinamento, como também garantindo o acesso a meios
e informações relevantes, para que possam influenciar seu ambiente por conta
própria;
4. Recomenda-se que as instituições regionais façam um balanço dos requisitos e
necessidades de suas regiões para a educação de habilidades ambientais e das
instalações disponíveis para atender a esses requisitos, facilitando então, o
fornecimento de treinamento apropriado dentro das regiões.

(...)

Salvador, 12 de julho de 2022

JOÃO JOSÉ, DELEGADO REPRESENTANTE DA TANZÂNIA


REFERÊNCIAS

2. De Melo, Tiago André Fontoura. Respondendo Às Ameaças: A Crise Da Anexação Da

Bósnia E Herzegovina (1908-1909) Entre a Áustria-Hungria E a Rússia Na Península


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