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Capítulo I HISTORIA CONSTIRUCIONAL

Periodificaçao da história constitucional portuguesa

Podemos separar 2 grandes períodos históricos, o anterior e o posterior a 1415, admitindo 2


subperíodos, nomeadamente o que termina e que começa em 1820.

A 1ª grande divisão a estabelecer é entre:

Era anterior: antigo regime, absolutismo ou período pré liberal

Era posterior á rutura provocada pela revolução liberal de 1820 e pela CRP de 1822: era das
constituições escritas, constitucionalismo moderno ou era constitucional.

 Era constitucional
o Critério politico-constitucional

A nossa história divide-se em 3 períodos:

1. O período do constitucionalismo liberal e parlamentar;


2. O período do constitucionalismo antiliberal, antidemocrático, antiparlamentar e anti
partidário;
3. Período do constitucionalismo para-democrático e democrático;

o Período do constitucionalismo liberal

Quanto á duração

Tem início com a revolução liberal de 1820 e o seu termo com o golpe de estado de 1926, e
comporta várias fases:

1. Instauração do liberalismo: 1820-1851, (CRP1822,1826,1838)


2. Estabilização constitucional dos sistemas, formalizada com a primeira revisão da carta
consitucional:1852-1890;
3. Crise da monarquia constitucional: 1890-1910;
4. I República: 1910-1926, passível de divisão em 4 fases 1910-1911, 1911-1917, 19174-1918
e 1918-1926.

 Traços marcantes

Vigora o estado liberal de direito, o regime político encaminha-se no sentido de democratização


(sem sufrágio universal, mas com sufrágio censitário);

Sistema de governo parlamentar;

Sistemas de partidos oscila entre o estado sem partidos, o bipartidismo e o multipartidismo,


perfeito na fase da crise da monarquia, e de partido dominante depois de 1911.

o Período do constitucionalismo antiliberal


Tem o seu início em 1826 e prolonga-se ate ao golpe de estado de 25 abril 1974, abrange a fase
da ditadura militar e a fase de vigência da CRP de 1933, ainda que a mesma tenha sido objeto
de sucessivas revisões constitucionais (1935-1938, 1945, 1951, 1959 e 1971)

 Traços marcantes

O estado é intervencionista, o regime político é autoritário, o sistema de governo é autoritário


com a concentração de poderes no chanceler, vigorando um sistema com partido único ou de
partido liderante ainda que a CRP não reconheça na prática a liberdade de associação partidária.

o Período do constitucionalismo para-democrático

De 1974 ate aos nossos dias e compreende as seguintes fases:

1. Fase pós-revolucionária de interregno constitucional 1974-1976;


2. Fase da vigência da versão originaria da CRP de 1976;
3. Fase da consolidação da democracia constitucional (1982- )

 Traços marcantes

O estado é intervencionista, o regime político é democrático, o sistema de governo é misto e


existe um multipartidarismo de partido dominante, com uma impressionante estabilidade do
sistema de partidos ao longo de mais de 40 anos e uma apoteose do estado de partidos.

3.2 Elementos do período pré liberal

Três aspectos:

1. A história constitucional Portuguesa começou no século 12.

Segundo Paulo otero os principais momentos político constitucionais anteriores 1820 são:

A) a proclamação e o reconhecimento da independência de Portugal;

B) a edificação do estado;

C) a deposição de Dom Sancho I pelo Papa, por não garantir a justiça e a segurança do reino;

D) a reunião das Cortes de Leiria;

E) o tratado de Alcanizes, firmado por Dom Dinis e Fernando IV de leão e Castela;

F) sucessao de Dom Fernando as cortes de Coimbra, marcando de novo momento democrático,


com a inversão do fundamento do poder Real, que vem de Deus através do povo, podendo
das Cortes afastar um titular ou exercer o direito de escolher o novo monarca;

G) a decisão política da expansão ultramarina;

H) a aprovação do regimento do reino pelas cortes de Torres Novas, entendem ter sido a nossa
primeira constituição escrita;

I) o estabelecimento da Inquisição;

j) Sucessão do Cardeal Rei Dom Henrique e as cortes de Tomar;


k) Restauraçao da independencia e aclamação de Dom João IV;

l) A deposição de Dom Afonso VI;

m) A questão do novo código discutindo-se então se devia ou não existir uma constituição
escrita;

n) A deslocaçãoda família real para o Brasil com a criação do Reino do Brasil;

o) A súplica de constituição.

2. Identificação das normas que informavam essa Constituição histórica e material portuguesa
e das correspondentes Fontes constitucionais.

Paulo otero: revelam influência na constituição de 1976 os seguintes princípios:

- a ideia de limitação do Poder dos governantes;

- a Regidificação do processo de modificação das normas constitucionais;

- a existência de Matérias reservadas ou dependentes de intervenção das cortes;

- o predomínio ou centralidade da vida política pelo órgão de topo do poder executivo.

3. O movimento de ideias

O movimento de ideias que está na base do constitucionalismo das revoluções despontara em


Portugal a partir da década de 80 o século XVIII, onde o reformismo juisracionalista se afirma
como cultura política dominante, o que vem a ter ampla comprovação no debate travado em
1789 entre Melo freire e Antônio dos Santos.

3.3 A era constitucional: as diversas constituições escritas

3.2.1 são seis constituições:

- a constituição de 1822;

- a carta constitucional de 1826;

- a constituição de 1838;

- a constituição de 1911;

- a constituição de 1933

- a constituição de 1976;

3.3.2 Periodos de vigência


a) A constituição de 1822 teve uma vigência teórica de 7 meses entre 1823 e 1824, e uma
vivência fictícia entre 1836 e 1838;
b) A carta constitucional de 1826 teve três vigências, no total de 72 anos:
- 1826 e 1828;
- entre 1834 e 18 36;
- 1842 e 1910.
a) A constituição de 1838 4 anos: 1838 e 1842;
b) Constituição de 1911 14 anos, com intervalo entre 1917 e 1918;
c) A constituição de 1933 41 anos, até 1974;
d) A constituição de 1976 mais de 41 anos de vigência de constituição de 1933.

3.3.3 forma de exercício do poder constituinte

Todas as constituições salvo a carta constitucional de 1826, brotam diretamente revoluções,


forma de exercício do poder constituinte: é diferente em cada uma delas:

1. Constituição de 1822 elaborada e aprovada por uma assembleia constituinte ( cortes Gerais
extraordinárias e constituintes), tendo o rei sido obrigado aceitar E jurar a constituição sem ter
nela nenhuma participação;

2. A carta constitucional de 1826 é redigido e outorgada por Dom Pedro IV, resultado por
conseguinte o exercício monocrático do poder constituinte;

3. A constituição de 1838 é elaborada de novo uma assembleia constituinte, recebendo a


sanção da Rainha, sendo Por isso mesmo um exemplo de constituição Pacticia;

4. A constituição de 1911 preparada por uma Assembleia Nacional Constituinte, Num contexto
de concentração de poderes e da existência de um único partido, resultando Por tudo isso do
exercício de um poder constituinte autoritário;

5. A constituição de 1933 é preparada pelo ver no e submetido a plebiscito Popular;

6. A constituição de 1976 é elaborada por uma assembleia constituinte eleita pela primeira
vez, por sufrágio direto e universal, condicionada pela bipolaridade das respectivas
Determinantes de genéticas e depois pela turbulência e radicalização do processo
revolucionário.

4. Constituição histórica, constituição de escrita e constituição Real

4.1 Distinção entre os conceitos de constituição histórica, Constituição escrita e constituição


Real

4.1.1 Conceitos

Constituiçao histórica:

Por constituição histórica podemos entender a constituição material, sempre que não esteja
associada a uma Constituição formal como sucede com a constituição britânica, a constituição
Portuguesa anterior a 1820, como podemos entender o conjunto de valores, princípios e
instituições fundamentais que apresentem em continuidade jurídica efetiva num ordenamento
concreto e situado, independentemente dos textos e das próprias vicissitudes.
4.1.2 Constituição escrita: corresponde a Constituição formal.

4.1.3 Constituição Real

Constituição Real corresponde ao conjunto das normas da constituição de um estado que são
efetivamente aplicadas e tomadas como parâmetro da ação poderes públicos e como paramos
de uma garantia efetiva dos direitos dos cidadãos, verificação que, , se Depende do exercício da
jurisdição constitucional, não dispensa outras verificações sobretudo no âmbito da actividade
política, normalmente isenta de controlo jurisdicional.

4.1.4 Distinção dos conceitos

 A constituição histórica é consuetudinária não se decreta, não está formalizada e


definisse pelo conteúdo das respectivas normas;
 Constituição escrita e documental, é um ato com autor e data, envolve uma forma e
define-se pela sua força;
 Constituição Real envolve todas as fontes relevantes escritas e não escritas revelasse
na prática ver para além das formas e define-se pela efetividade das normas.

 Relevância das constituições


A relevância da Constituição histórica pode dizer-se na preponderância e na dualidade do
executivo no sistema português no significado do poder concelhio ou municipal na tendência a
especificação de garantias concretas de direitos.
Relevância da Constituição Real: projeta-se por exemplo levantadas sobre os correspondentes
tópicos, postas como as seguintes:

1. Existiu realmente o órgão governo durante todo o constitucionalismo liberal?

Apesar da prescrição dos partidos na constituição de 1933 a união nacional era um partido
político por que cumpria de facto os fins e as funções dos partidos;

etc..

4.2 A normatividade limitada das nossas constituições escritas

Segundo Lopes praça: a constituição de 1822 não era viável, por muitas razões:

1. Da Ofensa feita ao rei e da falta de educação do país;

João Colaço: diz que constituição de 1820 em que tudo era tão radical tão radical que antes de
ano e meio estava restaurado o regime absoluto;
Manuel de Lucena: a constituição de 1976 tal como a de 1933 estava cheia de normas para não
cumprir;
Maria Amaral Não hesitou em declarar que a Constituição semântica de 33 se saldava no
ritualismo constitucional vazio de sentido e conteúdo.
Não é difícil comprovar a normatividade limitada das nossas constituições escritas. Basta para o
efeito contá-las observar o número e extensão das revisões constitucionais de que foram alvo
ou enumerar toda a série de vicissitudes de que padeceram, para não falar de constituições tão
perfeitas que praticamente não vigoraram, como a de 1838, o das que aprovadas por uma
única força política tiveram afinal uma vigência a normal e atribulada, como a constituição de
1911.

Alguns fatos também podem mostrar a tese:

1. Em certas ocasiões, entrou em vigor uma nova Constituição sem sequer substituirem os
titulares dos cargos, se deu em 1838, com o presidente do ministério;

2. Durante o Estado Novo, depois de 1936 nem sequer se Procedeu á exoneraçao formal de
Salazar por ocasião das eleições presidenciais;

3. Até 1926 os governos ganhavam sempre as eleições;

4. De 1926 a 1974 o governo ganhou sempre Todas eleições com a particularidade de não haver
agora nenhum lugar a Atribuir a as oposições;

5. Nas eleições para a Assembleia Nacional Constituinte em 1911, no onde houvesse apenas
uma lista não foi preciso de votar ou seja 40% dos círculos, os deputados não foram eleitos,
mas apenas designadospelo partido Republicano;

6. Na primeira legislatura não chegou sequer a haver eleições para o congresso, tendo a
Assembleia constituinte adotado a resolução de dividir em Câmara dos deputados e senado ,
razão pela qual as eleições gerais na primeira república apenas tiveram lugar em 1915, já com o
regime de desceibilizado e em ruínas.

4.3 A extraordinária permeabilidade factual das constituições escritas.

4.3.1 3 ideias essenciais:

3 ideias essenciais decorrem da leitura da carta constitucional, segundo Paulo otero:

1. De que o rei possuía completa centralidade no Sistema de governo Pois além de ser o titular
exclusivo do poder moderador era também titular do poder executivo;

2. A de que as cortes concentravam em si o exercício da competência Legislativa;

3. A não existência de qualquer norma que consagrasse a responsabilidade política dos


ministros junto das Cortes.

Como se passaram as coisas na prática na constituição real ?

1. O rei sem qualquer autorização para o efeito começou a confiar a uma personalidade o
encargo de formar o ministério, formalizada posteriormente por lei, que passou a funcionar
como intermediário entre o rei e ministros E entre o rei e as cortes;

2. O governo passou a carecer tambem da confiança política das Cortes passando o Sistema de
governo a envolver uma vertente parlamentar;

3. O Executivo passou a exercer poderes legislativos quebrando a competência exclusiva das


Cortes através de leis de Delegação Legislativa não previstas no texto da carta e através dos
chamados decretos ditatoriais que, apesar de ratificar leis através de um Bill de indemnidade,
eram frontalmente Contrários ao texto constitucional.
4.3.2 João Colaço

Para João Colaço 3 outras ideias resultavam da medida constitucional do estado português na
constituição de 1911:

1. O parlamento tem um exclusivo do poder legislativo;


2. A constituição assenta na supremacia do parlamento sobre o Executivo;
3. O presidente da república foi apenas tolerado não chegando a ser um agulheiro.
Ocorre Então a resistência dos fatos contra a lei escrita e Eis o que sucede:

1. Vives em regime de decretos com força de lei;


2. todos Voltam os olhos para os paços do governo, porque o parlamento em tudo se intromete
e nada faz;
3. Continuando o parlamento ausente, o presidente da república foi obrigado destacar-se, até
vir a receber o poder de dissolução, .
Uma função que nascerá da revolta dos factos contra o sistema legal.

1. Apesar do constitucional do presidente da república o centro de toda a organização política,


a verdade é que era no presidente do conselho que estava o centro de todo o sistema
governativo;
2. Ainda que Constituição dissesse que o presidente do concelho que Escolhia o candidato a
presidente da república e um fazia eleger;
3. Apesar de o texto constitucional só conferir ao governo competência legislativa ao e em casos
de urgência necessidade pública, verifica-se que a prática, vinda da ditadura militar, fez do
governo um órgão legislativo normal.

4.3.2 Paulo otero quanto à Constituição de 1933:

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