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COLETIVO ABARRUA
Relato de Ações
Esse último mês não foi fácil. digo isso porque tudo que vem acontecendo nos afetou, atravessou. já sabíamos que outubro seria uma
grande “pancada”. com a aproximação das eleições, nossa vontade pela continuidade da democracia e os direitos de vida (mesmo que
estejamos perdendo em alguns pontos, ainda estamos aqui), nos levaram a aprofundar, juntamente com o nosso processo, a questão
de fazer algo para ajudar na luta resistência. afinal de contas nós como coletivo, sempre trouxemos a vontade de usar nossa arte como
algo que falasse sobre nossos tempos, nós dentro do caos.
fizemos nossa primeira pesquisa de campo. o Centro escolhido como ponta pé inicial, desse olhar para o outro. justamente nesse local
onde tudo acontece, onde pessoas vêm e vão num ritmo frenético/calmo. algumas em busca de algo, outras em busca de nada.
falamos no nosso projeto sobre esse movimento contínuo, que mesmo estando parado, o movimento ainda existe. está ali ativo. foram
vários mistos de sensações. naquele pedaço de chão, se sente alegria, tristeza, raiva, prazer e tantos outros sentimentos. tudo isso
dentro de uma grande bolha com suas subdivisões. onde são compartilhadas com outros que talvez nunca mais se veja ou com aquele
colega que está sempre ali com suas mercadorias, do seu lado. rivalidade? talvez exista. já que se trata de comércio, lucro. mas
também respeito, e até cumplicidade. como não se contagiar com as músicas (muito diferentes uma das outras) que embalam os dias
dessas tantas pessoas? como não se afetar pelo sorriso no rosto de quem está habitando aquele lugar, tomando sua cachaça e
dançando seu forró ou funk ou pagode? ao mesmo tempo que por ali vagam pelas calçadas falhas da praça, pessoas que se perderam,
de quem eram, de quem serão. é como se nesse lugar de passagem, elas estivessem permanentes. presas. talvez por não ter pra onde
ir. talvez por não conseguir não se perder. há uma grande vontade de ser escutado, não precisa ter resposta, apenas ouvido. apenas
atenção de quem passa.
a partir desse movimento que fizemos nesse lugar, misturado com o cenário político do Brasil, resolvemos unir o “útil ao agradável”.
estava na hora de fazer algo, então escolhemos por uma performance. onde um de nossos integrantes (Filipe Fernandes) estaria todo
coberto (da cabeça aos pés), com adesivos dos dois candidatos à presidência da República. o restante do coletivo estaria
comoobservador dessa ação, aproveitando para dialogar com as pessoas que estavam na praça, nas ruas. trocar uma ideia sobre esse
rapaz que perambulava com aquele “corpo político”. foram várias as trocas. ao mesmo tempo que aquele corpo chamava atenção,
despertava curiosidade, em certo momento ele já estava misturado ao todo e fazia parte daquela paisagem. tivemos apoio e negação.
mas na maioria dos casos, as pessoas estavam abertas a conversar,a trocar uma ideia sobre tudo aquilo.
Paralelo a essa vivência, nós estamos numa pesquisa de corpo (por enquanto dentro da sala de ensaio), a partir dos questionamos de
como nós nos sentíamos dentro da cidade? o que queríamos ser dentro desses espaço? quantas coisas cada pessoa pode ou aguenta
carregar? que caminhos nós fazemos para chegar e partir?
“dias e noites estranhas, geral sentiu. mais do que nunca nos faz ver que, sim, nós precisamos falar sobre nossos tempos.”
Encaminhamentos / Observações
Anexos
Responsável pelo Relatório
VINÍCIUS TEIXEIRA MARTINS