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Trabalho de Filosofia e

História

Heráclito

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Trabalho de história e filosofia

Alunos: Luiz Guilherme, Jeferson, Carla, Micaela, Jade e Letícia


Tema: Heráclito
Professores: Alexandre e José
Data:

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Sumário:

A história ..................................................................................................................... 04

O pensamento de
Heráclito ......................................................................................... 05

A doutrina dos
contrários ............................................................................................ 06

O Deus e a
alma ............................................................................................................07

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A história

Heráclito, considerado um dos filósofos pré-socráticos mais importantes, nasceu em


Éfeso, região da Jônia, por volta de 540 a.C., tornou-se conhecido como o ‘pai da
dialética’, pois abordava a questão do devir – o vir a ser, as mutações. Avesso à vida em
sociedade, de natureza triste e arrogante, era chamado de ‘Obscuro’, por rejeitar a vida
pública, desconsiderar a arte, a filosofia e a religião, bem como por ter escrito uma obra
– “Sobre a Natureza” – considerada pouco inteligível em seu estilo. Depois de algum
tempo, radicalizou sua filosofia de vida e passou a viver isolado nas montanhas.

Apesar de tudo, ele expressou com intensidade a questão da singularidade constante do


Homem em vista da diversidade e da mutação dos objetos efêmeros. Ele comprovou a
realidade do ‘Logos’, uma lei geral que governa todos os eventos de natureza privada e
é o alicerce da ordem universal, de uma harmonia constituída por oposições internas.
Seus ensinamentos são polêmicos até hoje. De sua produção filosófica restaram os
aforismos – sentenças que em poucas palavras revelam uma regra ou um princípio de
longo alcance -, reproduzidos ao longo dos séculos pelos mais variados escritores. Eles
foram produzidos por Heráclito em um estilo próprio dos oráculos.

Segundo Heráclito, o fluxo permanente define a harmonia universal. Tudo se move,


nada se fixa na imutabilidade. Ele costumava repetir uma frase que se tornou célebre –
ninguém pode entrar duas vezes no mesmo rio, pois quando nele se entra novamente,
não se encontra as mesmas águas, e o próprio ser já se modificou. Assim, tudo é regido
pela dialética, a tensão e o revezamento dos opostos. Portanto, o real é sempre fruto da
mudança, ou seja, do combate entre os contrários. Para este filósofo, a dialética pode ser
exterior – um raciocínio de dentro para fora – e imanente do objeto – quando se foca na
observação atenta do ser. Heráclito entende este processo dialético como um princípio.

Deste conflito entre os opostos é que nasce a concórdia, a harmonia. Isto permite que o
Ser seja uno ao mesmo tempo em que se encontra mergulhado nas constantes mutações
do contexto que o envolve. Ele ainda afirma que os contrários ocupam perfeitamente o
mesmo espaço, simultaneamente, como o início e o final de uma esfera. Partindo destes
postulados, Heráclito estabeleceu uma ‘arché’, ou seja, uma origem de tudo que há – o
fogo, para ele o elemento primordial entre os outros que constituem o universo: água,
terra, ar. Sob seu ponto de vista, esta substância transmuta-se em tudo que existe, assim
como tudo nela se transforma – percebe-se, assim, um fluxo constante de mutação.

Embora tudo pareça obscuro em Heráclito, ele foi com certeza um filósofo notável e
acalentou em seu intelecto incomum profundas reflexões. Ele mergulhou na
compreensão da essência do ser e de tudo que existe, e possivelmente foi um homem
além de seu tempo. Talvez por isso se sentisse tão deslocado entre seus
contemporâneos.

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O pensamento de Heráclito

Os filósofos de Mileto (Tales, Anaximandro, Anaxímenes, entre outros) haviam


percebido o dinamismo das mudanças que ocorrem naphysis, como o nascimento, o
crescimento e a morte, mas não chegaram a problematizar a questão.

Heráclito, inserido no contexto pré-socrático, parte do princípio de que tudo é


movimento, e que nada pode permanecer estático - Panta reiou "tudo flui", "tudo se
move", exceto o próprio movimento.

Mas este é apenas um pressuposto de uma doutrina que vai mais além. O devir, a
mudança que acontece em todas as coisas é sempre uma alternância entre contrários:
coisas quentes esfriam, coisas frias esquentam; coisas úmidas secam, coisas secas
umedecem etc. A realidade acontece, então, não em uma das alternativas, posto que
ambas são apenas parte de uma mesma realidade, mas sim na mudança ou, como ele
chama, na guerra entre os opostos. Esta guerra é a realidade, aquilo que podemos dizer
que é. "A doença faz da saúde algo agradável e bom"; ou seja, se não houvesse a
doença, não haveria por que valorizar-se a saúde, por exemplo. Ele ainda considera que,
nessa harmonia, os opostos coincidem da mesma forma que o princípio e o fim, em um
círculo; ou a descida e a subida, em um caminho, pois o mesmo caminho é de descida e
de subida; o quente é o mesmo que o frio, pois o frio é o quente quando muda (ou, dito
de outra forma, o quente é o frio depois de mudar, e o frio, o quente depois de mudar,
como se ambos, quente e frio, fossem "versões" diferentes da mesma coisa).

Panta rei os potamós , traduzido como "Tudo flui como um rio" é o célebre aforisma no
qual a tradição filosófica subsequente identificou sinteticamente o pensamento de
Heráclito com o tema do devir, em contraposição à filosofia do ser própria de
Parmênides.

Mas, na realidade, o famoso moto panta rei não é atestado nos fragmentos conhecidos
da obra de Heráclito, e pode ser atribuído ao seu discípulo Crátilo, que desenvolveu o
pensamento do mestre, radicalizando-o. A fórmula léxica panta rei será cunhada e
utilizada pela primeira vez somente por Simplício, em seu comentário à Physica
Auscultatio, 1313, 11. A expressão deriva de um fragmento do tratado Sobre a natureza:
Não se pode percorrer duas vezes o mesmo rio e não se pode tocar duas vezes uma
substância mortal no mesmo estado; por causa da impetuosidade e da velocidade da
mutação, esta se dispersa e se recolhe, vem e vai.
— 91 Diels - Kranz
Tudo é considerado como um grande fluxo perene no qual nada permanece a mesma
coisa pois tudo se transforma e está em contínua mutação. Por isso, Heráclito identifica

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a forma do Ser no Devir pelo qual todas as coisas são sujeitas ao tempo e à sua relativa
transformação.

Heráclito sustenta que só a mudança e o movimento são reais, e que a identidade das
coisas iguais a si mesmas é ilusória: para Heráclito tudo flui (panta rei).

O panta rei é uma consequência de polemos (guerra, conflito), que reina sobre tudo. Em
consequência, Heráclito de Éfeso não é o filósofo do "tudo flui" mas do "tudo flui
enquanto resultado da tensão contínua dos opostos em luta".

A doutrina dos contrários

Polemos é pai de todas as coisas, de todas, de todas, rei.

A doutrina da unidade dos contrários é talvez o aspecto mais original do pensamento


filosófico de Heráclito. A lei secreta do mundo reside na relação de interdependência
entre dois conceitos opostos, em luta permanente; mas, ao mesmo tempo, um não pode
existir sem o outro. Nada existiria se não existisse, ao mesmo tempo, o seu oposto.
Assim, por exemplo, uma subida pode ser pensada como uma descida por quem está na
parte de cima. Entre os contrários se cria uma espécie de luta constitutiva
do logos indiviso.

Nessa dualidade, que na superfície é uma guerra (polemos), mas no fundo é harmonia
entre os contrários, Heráclito viu aquilo que definia como o logos, a lei universal da
Natureza.

E é a própria doutrina dos contrários que faz de Heráclito o fundador de


uma lógica "antidialética", fundada na lei estética do devir da realidade. Antidialética
porque tese e antítese (ser e não ser) são uma síntese contraditória e permanente na
realidade, que só assim pode vir a ser, através dos seus dois aspectos existenciais ("no
mesmo rio, entramos e não entramos"; "somos e não somos"); oposta à lógica
aristotélica porque oposta ao seu princípio da não-contradição e do terceiro excluído.

A teoria de Heráclito é alternativa à ontologia de Parmênides, o filósofo da unidade e da


identidade do Ser, que ensina que é a contínua mudança a principal característica do não
ser.

A partir de seus pressupostos - panta rei e a guerra entre os contrários -, Heráclito


definiu uma arché, um princípio que está em todas as coisas desde a sua origem: o fogo.
Para ele, "todas as coisas são uma troca do fogo, e o fogo, uma troca de todas as coisas,
assim como o ouro é uma troca de todas as mercadorias e todas as mercadorias são uma

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troca do ouro"; ou seja, todas as coisas transformam-se em fogo, e o fogo transforma-se
em todas as coisas.
O Deus e a alma

Dentro do pensamento de Heráclito, Deus não tinha a aparência de um homem nem


de outro animal qualquer. Deus não era nem criador, nem onipotente.
Heráclito limitava-se a identificá-lo com os opostos, os quais persistem
apesar de suas mudanças e assim são capazes de compreender sua própria
unidade.
"O Deus é dia-noite, inverno-verão, guerra-paz, saciedade-fome; mas se
alterna como o fogo, quando se mistura a incensos, e se denomina segundo
o gosto de cada um."
Nesse argumento, podemos ver que Heráclito considerava as diversas
divindades da mitologia grega, que eram adoradas pelos homens de seu
tempo, como sendo apenas fogo misturado a diferentes tipos de incensos.
E a alma consiste apenas de mais uma rarefação do fogo e sofre as mesmas
mudanças que todas as outras coisas também experimentam; e a morte traz
a completa extinção da alma.
"Para almas é morte tornar-se água, e para água é morte tornar-se terra, e
de terra nasce água, e de água alma."
Novamente aqui, nesse raciocínio, vemos Heráclito descrever seus caminhos
"para baixo" e "para cima".

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