A natureza da igreja (2) apostolicidade, ou seja, a crença de que as doutrinas
da igreja estão fundamentadas nos ensinamentos dos
Texto: Hebreus 3.1-6
Introdução
O pastor e teólogo Peter Wagner, pai da terceira onda
pentecostal, (neopentecostalismo) foi quem introduziu
o termo “apostolo” como função que estabelece certa
hierarquia dentro das igrejas, chamadas apostólicas
na atualidade.
Nesse sentido, o uso do termo “apóstolo” nas igrejas
evangélicas atuais parece querer enfatizar a
peculiaridade/superioridade do ministério de
determinado líder em detrimento de todos os outros
que se intitulam, pastores ou reverendos. A questão
que queremos discutir nesta lição é sobre a
legitimidade do termo pelos lideres atuais. Há
fundamentação bíblica para o uso desta nomenclatura
pelos lideres evangélicos, ainda hoje?
1) Biblicamente, quem é o apóstolo?
A palavra “apóstolo” de origem grega significa
“enviado” para uma missão especifica. No NT o termo
aparece 79 vezes.
É natural que relacionemos o termo “apóstolo” aos
doze discípulos de Jesus, pois teologicamente 12 é
um numero significativo na bíblia por estar relacionado
as 12 tribos de Israel. Culturalmente estamos
condicionalmente influenciados pela imagem
ultima ceia com Jesus ao centro e os 12 ao seu redor.
Mas será que a Bíblia nos apresenta apenas 12
apóstolos? Vejamos! Com a morte de Judas, Matias
tomou assento entre os doze (At 1.15-26). Como um
nascido fora do tempo, Paulo, também foi chamado
para o apostolado (1Co 15.8-10). Juntamente com
Paulo, Barnabé foi chamado de apóstolo (At 14.14) e
em Romanos Andrônico e Júnias também recebem o
titulo de apóstolos (Rm 16.7).
De qualquer modo, biblicamente, a defesa da igreja
protestante ao longo do tempo é que apóstolos são
aqueles que foram testemunhas oculares de Cristo e
que por intermédio dos quais, Deus estabeleceu a sua
igreja.
2) A apostolicidade da igreja historicamente
entendida
A apostolicidade da igreja é endossada por meio dos
seus credos elaborados e definidos em diferentes
períodos da historia da igreja a partir dos seus
diferentes concílios. O credo apostólico, por exemplo,
é uma afirmação de fé da igreja cristã que define sua
apóstolos.
Certo teólogo escreveu que “a igreja pode ser una,
santa e católica, apenas se for apostólica”. Com esta
afirmação ele assevera que ser igreja apostólica é
reconhecer que a mensagem e a missão dos
apóstolos, devem ser as de toda a igreja.
Ser igreja apostólica é ser orientada pelos
ensinamentos dos apóstolos e não crer em uma
sucessão apostólica que deve prevalecer até os
nossos dias.
3) Há apóstolos hoje?
A noção de hierarquia clerical dói rejeitada pelos
reformadores, ainda mais, porque eles defendiam o
sacerdócio universal de todos os crentes.
Nesse sentido, na perspectiva protestante, ninguém
deve se apropriar do termo apóstolo, para o uso,
conforme utilizado por aqueles que foram
contemporâneos a Jesus e responsáveis por
compartilhar sua mensagem nas igrejas que ajudaram
a estabelecer.
É verdade que numa licença poética, o termo apóstolo
é utilizado para se referir a algumas pessoas que
foram desbravadoras no anuncio do evangelho em
algumas regiões. Por exemplo, o historiador Rev. Eber
Lima, assim se refere ao Rev. Jonas Dias Martins, ao
chamá-lo de apostolo dos pés vermelhos, referencia
da
ao seu trabalho pioneiro no norte do Paraná.
O uso que muitos fazer do termo hoje, tem o objetivo
claro de enaltecer a sua função e demonstrar certo
poder que por sua vez requer respeito dos demais.
Conclusão
A natureza da igreja da igreja repousa nestes
fundamentos: a) sua unicidade, ou seja, sua união
apesar da diversidade de pessoas; b) sua santidade,
garantida pelo sacrifício de Cristo, e não pelo esforço
humano; c) sua catolicidade, que aponta para a sua
universalidade, pois é composta por pessoas de todas
as tribos, raças e nações e; d) sua apostolicidade, pois
está firmada sob os fundamentos estabelecidos por
aqueles que foram testemunhas oculares da
ressurreição de Cristo e Dele aprenderam e
transmitiram os valores que devem nortear a igreja
toda.
Ao compreendermos a natureza da igreja, temos a
responsabilidade de perseverarmos para que em sua
essência a igreja continue sendo aquilo para a qual foi
estabelecida.