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A Polêmica em Torno do

Conceito de Estresse
Este trabalho procurou explicitar a polêmica que existe em torno do conceito
de estresse. Para isso, apresentamos dois pontos de vista: um a favor e outro
contra a utilização científica do termo. Verificamos que sua definição é ainda
um tanto imprecisa, o que não impede que alguns trabalhos sobre o estresse
desenvolvidos por profissionais sérios tenham apresentado bons resultados.

Julio Cesar O conceito de estresse tem sido amplamente desenvolvidos por profissionais sérios e
Filgueiras utilizado nos dias atuais, chegando mesmo a competentes. Além do interesse científico,
Acadêmico do último período tornar-se parte do senso comum. Podemos também cresceu o interesse econômico em
de psicologia da Universida-
observar que os meios de comunicação de
de Federal de Juiz de Fora. torno do estresse, que pode ser observado
Atualmente desenvolve um massa têm veiculado o conceito de forma
trabalho de final de curso tanto na indústria farmacêutica, que vem
indiscriminada, o que favorece uma certa
estudando os fatores fabricando numerosos produtos para combatê-
envolvidos no adoecimento confusão a respeito do verdadeiro significado
dos trabalhadores em uma lo, como nas companhias de seguro,
do termo. O estresse passou a ser responsável
indústria alimentícia. principalmente norte-americanas. Segundo
por quase todos os males que no:; afligem
Maria Isabel atualmente, principalmente em decorrência da pesquisas recentes (Robbins, 1993, apud
Steinherz Hippert vida moderna. Em vista disso, não é de se Doublet, 1998), o estresse está relacionado
Academica do último período espantar que tenha havido um crescimento às queixas de aproximadamente dois terços
de psicologia do Universida-
de Federal de Juiz de Fora. de terapêuticas e de programas voltados para das consultas médicas realizadas nos Estados
o controle do estresse. Muitos desses Unidos. Além disso, a ele é atribuído um
programas carecem de um embasamento elevado índice de absenteísmo e de licenças
teórico mais aprofundado, enquanto outros são médicas nas organizações.
Numa tentativa de situar o conceito de estresse não é uma tensão nervosa nem o resultado
nas pesquisas atuais, e não tendo a intenção específico da lesão. Além disso, não é nada
de esgotar assunto tão amplo, decidimos neste que cause uma reação de alarme (neste caso
trabalho apresentar sucintamente dois pontos tratar-se-ia do estressor, ou do agente do
de vista. O primeiro deles está relacionado a estresse), nem é um desequilíbrio da
autores brasileiros que trabalham com o homeostase. Assim, estresse é um estado
conceito, tanto na área clínica quanto na área manifesto por uma síndrome específica,
do trabalho, e às abordagens mente-corpo constituída por todas as alterações não
(Goleman e outros, 1997) que começam a ser específicas produzidas num sistema biológico.
difundidas nos meios acadêmicos. Em seguida, Segundo ele, esta é uma definição opera-
apresentaremos algumas críticas quanto à cional, que trata do que deve ser feito para se
utilização desse termo como um conceito produzir e reconhecer o estresse. Assim, o
científico, baseando-nos em autores da Escola termo só tem significação quando aplicado a
de Psicossomática de Paris, em Castiel (1994) um sistema biológico precisamente definido.
e em Doublet (1998). Na conclusão faremos
alguns comentários sobre-as possibilidades e Nesta obra, Selye tenta responder a várias
as limitações que podem ser depreendidas de críticas que na época já lhe eram endereçadas.
nossa breve exposição. Em vista disso, afirma que a aversão ao termo
é parte integrante da história do estresse, pois
Em Defesa do Conceito de Estresse nesse caso a rejeição do nome é uma das
conseqüências principais da incapacidade de
Hans Selye foi o primeiro estudioso que tentou abarcar o novo conceito.
definir estresse, atendo-se à sua dimensão
biológica. De acordo com este autor (1959), o Os autores brasileiros Júlio de Mello Filho e
estresse é um elemento inerente a toda Mauro Diniz Moreira (1992) discutem a
doença, que produz certas modificações na importância do estado emocional dos pacientes
estrutura e na composição química do corpo, na evolução de doenças infecciosas e
as quais podem ser observadas e mensuradas. neoplásicas. Eles definem estresse (físico,
O estresse é o estado que se manifesta através psicológico ou social) como um "termo que
da Síndrome Geral de Adaptação (SGA). Esta compreende um conjunto de reações e
compreende: dilatação do córtex da supra- estímulos que causam distúrbios no equilíbrio
renal, atrofia dos órgãos linfáticos e úlceras do organismo, freqüentemente com efeitos
gastro-intestinais, além de perda de peso e danosos." (op. cit, p. 121). Acrescentam que,
outras alterações. A SGA é um conjunto de embora Selye em 1936 tenha apresentado o
respostas não específicas a uma lesão e conceito de estresse biológico na Síndrome
desenvolve-se em três fases: 1) fase de alarme, Geral de Adaptação, posteriormente sua equipe
caracterizada por manifestações agudas; 2) fase estudou o estresse psicológico e atualmente
de resistência, quando as manifestações tem estudado o estresse social. Lazarus (apud
agudas desaparecem e; 3) fase de exaustão, Mello Filho e Moreira, op.cit), por sua vez,
quando há a volta das reações da primeira fase conceituou coping como um "conjunto de
e pode haver o colapso do organismo. Selye mecanismos de que o orga-nismo lança mão
afirma que o estresse pode ser encontrado em em reação aos agentes do estresse,
qualquer das fases, embora suas manifestações representando a forma como cada pessoa avalia
sejam diferentes ao longo do tempo. Além e lida com estas agressões." (p. 121).
disso, não é necessário que as três fases se
desenvolvam para haver o registro da síndrome,
Avelino Rodrigues e Ana Cristina Gasparini
uma vez que somente o estresse mais grave
apresentam num artigo de 1992 uma
leva à fase de exaustão e à morte.
perspectiva social em psicossomática. Neste
trabalho os autores afirmam que às vezes temos
Partindo do que o estresse não é, este autor a impressão de que o termo estresse tornou-
busca definir cientificamente o termo. Entre se uma panacéia. Percebe-se, assim, uma
várias considerações, esclarece que estresse preocupação com a definição de estresse, para
não se perder o caráter científico do estudo. tanto do meio externo (estímulos de ordem
Estes autores admitem que existem enormes física ou social, como o trabalho), quanto do
controvérsias sobre esse assunto. Citam interno (pensamentos, emoções, fantasias e
Vingerhoets e Marcelissen, que em 1988 sentimentos, como angústia, medo, alegria e
apontaram nove caminhos diferentes na tristeza).
conceituação do estresse. Entretanto não
consideram que esta diversidade constitua um O autor cita as três fases do estresse biológico
problema significativo e afirmam mesmo que especificadas por Selye na Síndrome Geral de
Adaptação e admite a participação do indivíduo
sob uma perspectiva democrática, é algo no aumento do estímulo estressor. Segundo
bastante positivo e até louvável, pois estes ele, a probabilidade de adoecimento vai
vértices não são excludentes entre si, ao depender do como este indivíduo avalia e
contrário, complementam-se e ajudam a enfrenta esse estímulo, bem como de sua
construir um conjunto organizado de vulnerabilidade orgânica.
conhecimentos, de uma aproximação holística
para a promoção de saúde. É aqui, por este Rodrigues afirma ainda que, no processo de
vértice da mais recente epistemologia, que se avaliação dos estímulos estressores, há uma
insere o discurso da modernidade em atividade mental que em parte é racional e
Psicossomática. (op. cit., p.93,94). em parte emocional, não necessariamente
consciente. Isso vai determinar o tipo de
enfrentamento, ou como o indivíduo
responderá a esses estímulos, considerando
seu repertório de experiências passadas.
Segundo o autor, os compromissos e as crenças
são fatores pessoais que influenciam nesse
processo de avaliação. Além desses, são
também importantes os componentes
situacionais dos estímulos, como o caráter de
novidade da situação, a previsibilidade do
acontecimento, sua intensidade, etc. O
enfrentamento é definido como a estratégia
ou conjunto de esforços de que o indivíduo
lança mão para dominar a situação estressante.

O autor faz a distinção do que seria uma boa


quantidade de estresse, o eustresse, que levaria
o indivíduo a ser mais produtivo e criativo nas
suas respostas adaptativas, e o que implicaria
numa quantidade inadequada de estresse, o
distresse, correspondendo a um excesso ou a
uma insuficiência deste estado, levando o
indivíduo a apresentar respostas inadequadas,
ou paralisando-o.

Em outra obra, Rodrigues (1997) traz uma Marilda Lipp (1984), dentro de uma abor-
definição de estresse como "uma relação dagem cognitivo-comportamental, define o
particular entre uma pessoa, seu ambiente e estresse como "uma reação psicológica, com
as circunstâncias às quais está submetida, que componentes emocionais físicos, mentais e
é avaliada pela pessoa como uma ameaça ou químicos, a determinados estímulos que
algo que exige dela mais que suas próprias irritam, amedrontam, excitam e/ou confundem
habilidades ou recursos e que põe em perigo a pessoa" (op. cit., p. 6). A autora distingue o
o seu bem-estar" (op. cit., p.24). Esta é uma nível de estresse excessivo ou insuficiente
visão biopsicossocial do estresse, que consi- (distresse), daquele que é necessário para o
dera os estímulos estressores provenientes bom desempenho da pessoa (eustresse). Ela
considera as características reais dos estímulos agentes estressores, sendo este um fator
e/ou a ação interpretativa que o sujeito dá aos decisivo para o aparecimento ou a evolução
mesmos na determinação do distresse ou do de doenças.
eustresse. As primeiras características
envolveriam um processo metabólico ou Os autores citam a "Escala de Agentes
sensorial sem a participação de mecanismos Estressores" estabelecida por Holmes e Rahe,
cerebrais interpretativos; a segunda seria incluindo tanto acontecimentos considerados
proveniente do componente aprendizagem, do
negativos, como morte do cônjuge e prisão,
repertório de condicionamento de respostas
quanto positivos, como nascimentos e
que a pessoa acumulou durante a vida.
casamentos. Ressaltam a qualidade comum

Dentro desta perspectiva de aprendizagem de


reações diante dos estressores, Lipp reco-
menda o tratamento comportamental do
estresse excessivo, que se dá em três frentes:
1) ajudando o cliente a desenvolver e imple-
mentar estratégias para modificar sua inter-
pretação dos estressores; 2) ajudando o cliente
no desenvolvimento e implementação de
táticas para a redução da reação psicofisiológica
excessiva; e 3) ajudando o cliente na
implementação de técnicas apropriadas de
expressão e utilização de respostas de estresse.
Na primeira etapa do tratamento, faz-se o
levantamento dos sintomas presentes (tipo,
intensidade e freqüência), incluindo neste
inventário sete sintomas físicos e sete mentais.
Na segunda, tem-se a discussão com o cliente
destes agentes de implicarem sempre numa
sobre o conceito de estresse, o da resposta de
estresse, e o da importância das idéias mudança de hábitos, de relação com as
irracionais. Na terceira e última etapa, o pessoas e com a auto-imagem, e na
tratamento propriamente dito consta do treino conseqüente adaptação do indivíduo a estas
de relaxamento, da modificação de mudanças. Inferem, daí, um possível
verbalizações inadequadas, da reestruturação movimento introspectivo do indivíduo a algum
de crenças irracionais, do desenvolvimento de conflito emocional não solucionado. Vê-se aqui
métodos de resolução de problemas, da claramente uma certa "interiorização" do
programação de atividades físicas adequadas esquema simplista estímulo-resposta, ao
ao t i p o de sintoma encontrado e da considerar a maneira subjetiva do indivíduo a
recomendação de uma dieta especial. "modular" a intensidade dos agentes estres-
sores.
Carl Simonton e colaboradores (1987), abor-
dam o conceito de estresse relacionando-o a Ainda que o plano de análise dessas pesquisas
estados emocionais provenientes da reação firme-se nos processos físico-químicos
pessoal dos indivíduos frente a mudanças decorrentes da reação ao estresse, alterando a
significativas em suas vidas. Citam pesquisas homeostase orgânica e predispondo às
sobre o câncer, nas quais indicam uma possível doenças, inclusive às infecto-contagiosas, os
ligação entre a quantidade de estresse e a autores dão uma grande importância ao
predisposição às neoplasias. Lembram que, para acúmulo dos produtos da reação ao estresse
o paciente canceroso, estas descobertas são (estresse crônico), sendo estes subjacentes às
muito importantes, pois o sistema imunológico características pessoais e à história de vida dos
é sensível ao estado emocional, e este pode indivíduos. A maneira como estes indivíduos
fortalecer ou suprimir aquele. Mas o que enfrentaram as situações estressantes,
realmente parece ser significativo, concluem, "traumáticas" na infância, in-fluenciaria um tipo
é a maneira como cada pessoa reage aos de resposta, nem sempre satisfatória, de lidar
com estas emoções na vida adulta, que estaria futuro desenvolvimento de um sistema de saúde
estreitamente vinculada às crenças formadas. verdadeiramente eficaz (op.cit., p. 29).

Dando continuidade a este enfoque, tem-se o Nesta perspectiva podemos incluir ainda o
que hoje está sendo d e n o m i n a d o de trabalho de Rossi (1994). Este autor faz uma
psiconeuroimunologia, como nos apresentam revisão do estresse e da SGA apresentados por
Goleman e outros (1997). Os autores desta Selye e, desta forma, defende a utilização do
linha investigativa consideram importante tanto conceito. Segundo Rossi, a primeira contri-
as reações endócrino-químicas a que o corpo buição original de Selye foi mostrar que,
está sujeito por conta das diversas emoções qualquer que seja a fonte do estresse biológico
que o indivíduo experimenta (secreção de intrometendo-se no organismo, ele reage com
catecolaminas, numa resposta simpática do o mesmo padrão de resposta para restaurar a
sistema nervoso autônomo, ou mesmo, um homeostase interna. Este autor propõe um
aumento do funcionamento parassimpático, entendimento mais amplo da teoria do
devido a uma perda na vida do indivíduo, estresse, que se distancie do ideal de predição
levando a uma depressão), quanto o papel que e controle característico das abordagens
a mente desempenha no surgimento e behavioristas supersimplificadas de estímulo-
administração destas emoções. Os autores resposta.
reconhecem a dificuldade de uma definição
unânime do conceito de estresse, porém aqui Rossi refere-se a Sapolsky, segundo o qual o
ele é acordado como sendo a reação que uma terceiro estágio de Selye (exaustão) não está
pessoa apresenta ao que lhe acontece, correto, porque o estresse crônico não leva o
existindo, contudo, uma relação indireta entre organismo a uma exaustão das moléculas
estresse e doença, visto que cada indivíduo mensageiras de ativação do estresse, tais como
reage de modo diferente aos fatores epinefrina e Cortisol. O que acontece de fato
estressores. é o contrário: é o excesso crônico dessas
substâncias ao longo do tempo que leva a uma
Pelletier (1997) afirma que fatores como sexo, eventual ruptura coletiva das partes do binômio
raça, personalidade, formação genética, além mente-corpo, chamada de resposta de estresse
de fatores sociais e psicológicos, podem estar ou psicossomática.
envolvidos no processo de morbidez frente a
estímulos estressores. Acrescenta que o Ele propõe uma Síndrome Geral de Adaptação
controle sobre os agentes estressores possui em dois estágios em vez de três. O primeiro
um importante efeito sobre a saúde. estágio seria caracterizado por uma resposta
adaptativa complexa de alarme e ativação,
enquanto a segunda fase seria constituída a
Como se vê, esta abordagem se insere no rol
partir das eventuais conseqüências desajustadas
das que procuram integrar mente-corpo,
da resposta de estresse prolongado, quando a
levando em conta os processos internos
ativação se tornasse crônica.
subjetivos, onde as linhas de tratamento vão
da meditação, passando por diversas técnicas
De acordo com Rossi, a síndrome de Selye
de relaxamento, de visualização e chegando
não teria um caráter tão inespecífico, porque
ao biofeedback, promovendo o "estado
hoje acredita-se que diferentes estressores,
reparador" do organismo, resultante da atuação
vivenciados pela mente-corpo, podem liberar
do sistema nervoso parassimpático. Pelletier
enfatiza a importância das pesquisas nesse diferentes combinações dos mensageiros
campo para que se possa esclarecer qual é o ativadores do estresse para serem enviados ao
papel de certos fatores difíceis de medir, como hipotálamo.
as crenças e os valores, na saúde do sujeito.
Afirma ainda que Críticas ao Conceito de Estresse

Embora esses assuntos possam parecer uma fútil A Escola de Psicossomática de Paris (EPP) vai dar
especulação filosófica, são cruciais para o bem- ênfase ao aspecto subjetivo do adoecer,
estar psicológico, para a saúde física e para o divergindo do enfoque das teses agressológicas.
Estas, como se baseiam no esquema estímulo- prática clínica, procurando compreender este
resposta, não consideram outras facetas do modelo de patologia somática não
adoecer fora das reações fisiológicas. Déjours correspondente à histeria. Tem-se, então, o
e colaboradores (1980), integrantes da EPP, desenvolvimento de conceitos fundamentais
argumentam que, nessas teses, não existem a esta escola, como a função de regulação
diferenças sutis entre as formas de adoecer, psicossomática que o aparelho psíquico e suas
deixando à diferença qualitativa dos estímulos funções possuem. O pensamento operatório
uma parcela desprezível neste processo - o e a depressão essencial são outros dois
nascimento de uma criança ou o luto pela perda conceitos centrais nesta linha de trabalho,
de um ente querido seriam encaradas nos correspondendo respectivamente a um
termos das reações endocrinológicas, que pensamento "desafetado", com uma preg¬
poderiam ser semelhantes deste ponto de nância do real em detrimento do fantasístico,
vista, mas não do sujeito que vivência estes do subjetivo, e uma depressão sem luto, sem
acontecimentos. objeto, correspondendo a uma sensação de
vazio representacional.
Com base na Psicanálise, esta escola vai
procurar nos sujeitos a diferença fundamental
que faz com que certos indivíduos sejam mais
propensos ao adoecer do que outros, embora
sujeitos às mesmas condições de vida ou história
familiar. Assim, determinados sujeitos
apresentariam uma maior resistência (não no
sentido psicanalítico do termo) quanto às
somatizações, no sentido do adoecimento, por
possuírem uma estrutura mental melhor
aparelhada para enfrentar os traumas - e não o
estresse - ainda que não estejam totalmente
imunes às doenças.

Talvez uma das diferenças fundamentais da


Escola de Paris em relação às teses agres¬
sológicas, além de seu embasamento teórico
mais compreensivista e hermenêutico, seja a
procura da não dicotomia do humano em ser É dentro de uma perspectiva ontogenética
psicológico e ser biológico. Ela faz uma análise evolutiva que Marty vai conceber o desen-
da dinâmica do sujeito, considerando-o como volvimento do ser humano, num contínuo
uma "unidade dúplice", como o é a luz, que especializar-se e diferenciar-se de órgãos e
tem duas naturezas, sendo constituída por funções, rumo a uma complexidade crescente.
ondas eletromagnéticas e ao mesmo tempo A gênese do psiquismo se coloca dentro desta
por partículas, os fótons. evolução, com o seu desenvolvimento pro-
gressivo a partir do nascimento do bebê, com
A origem destes estudos remonta a Freud, com a mãe fazendo-se de anteparo protetor para
a noção de neurose atual, em que certos os estímulos intrusos que chegam até ele,
sintomas físicos não têm uma correspondência externos ou internos, e ajudando-o a repre-
simbólica com conflitos sexuais infantis do sentá-los e nomeá-los adequadamente. É, pois,
sujeito (como ocorre na histeria), constituindo- da sintonia entre a acolhida pela mãe das
se por uma manifestação de uma angústia necessidades da criança e sua adequada res-
difusa, com fenômenos funcionais dispersos posta (elaborados pela função alfa da mãe, se
(cefaléias, vertigens, excitações cardio- quisermos colocar em termos bionianos) que
respiratórias,...) provenientes de uma estase pode depender a integridade da função mental
libidinal, de uma não resolução, ou de uma (Kreisler, 1978).
resolução insatisfatória de excitações sexuais
no presente (Volich, 1998). A partir disso, Desta forma, estes autores vão tirar a ênfase
Pierre Marty vai inaugurar uma nova teoria e do fator e x t e r n o , c o l o c a n d o o peso do
fenômeno na capacidade ou não de menta¬ lembram que desde que o conceito de estresse
lização do sujeito (defesas mais sofisticadas). foi definido por Selye em 1936, o seu signi-
Caso essas mentalizações não sejam ficado original tem sido tomado de maneiras
suficientes, deixariam às pulsões uma única via diversas. Originalmente corres-ponderia a uma
de resolução, arcaica quanto ao funcionamento: reação do organismo frente a agentes
o corpo. Neste caso, o conflito psíquico estressores externos que provocaria um
neurótico não chega realmente a ter palco, uma aumento do nível de exigência aos seus
vez que não há uma interiorização do que pode "recursos", afetando a sua capacidade de
estar ocorrendo com o indivíduo. equilibração interna. Com o continuar deste
estado, o organismo entraria em falência
Assim, o eixo central desta abordagem é o adaptativa e adoeceria. Hoje não se tem uma
ponto de vista econômico, uma vez que a clareza sobre o que realmente significa
quantidade de excitações endógenas (pulsão) estresse, sendo este referido muitas vezes a
que não chegam a ser representadas, deixaria um estado passageiro de cansaço ou tensão,
ou ainda, a um distúrbio obscuro e duradouro.
o sujeito num estado de aflição somática (não
Outras vezes tomam-se os agentes estressores
ansiosa, por não ter material mentalizado a ser
no lugar do estado produzido por estes. Citam
conflituado), o que também pode ser causado
ainda Debray (1984) que alerta para a possi-
por uma situação concreta à qual o sujeito não
bilidade do conceito ser tomado tanto no
pode responder adequadamente. Os autores
sentido do modelo agressológico (modelo
pontuam que em vista desta falha do indivíduo
médico), como no sentido da perda ou luto
em dar uma representação mental ao que lhe (modelo psicanalítico).
está acometendo, põe-se em curso um
processo de desorganização mais amplo,
As autoras acreditam que por trás desta
proveniente da pulsão de morte.
verdadeira profusão de significados pode estar
uma tentativa de enquadramento e o
Nesta abordagem, verificamos que o conceito conseqüente afastamento da história singular
de estresse não é adotado. De certa forma, destes sujeitos ou, ainda, uma forma de evitar
encontramos em seu lugar o conceito de trauma os conflitos presentes no campo da
psíquico, característico da dinâmica do sujeito psicossomática que se constituem entre a
frente à simbolização do real. formação médica e a formação psicanalítica.

De acordo com Castiel (1994), no campo das


pesquisas biomédicas e epidemiológicas, a
teoria do estresse se constitui num dos
referenciais explicativos para abordar o processo
saúde-doença. Segundo ele, o termo em inglês
stress, que vem da mecânica, já encerra
ambigüidades que não foram contornadas na
conceituação biológica. Em primeiro lugar, o
termo pode ser entendido como uma força
exercida sobre um corpo que tende a deformar-
se, ou como a intensidade dessa força. Pode
também ser entendido como uma tensão
mental ou física, a urgência ou a pressão que a
causa. Assim, observa-se que o mesmo termo
refere-se tanto à causa quanto ao efeito. O
Cunha e Almeida (1992), numa crítica ao estresse pode também ser indicativo da resposta
conceito de estresse apresentada no VIII biológica a estímulos perturbadores de uma
Congresso Brasileiro de Medicina Psicos- situação estável (situação de homeostase).
somática, colocam-se sob esta mesma pers- Neste trabalho, o autor procura mostrar a
pectiva psicanalítica, que considera o sujeito amplitude de uso do conceito de estresse,
como o eixo central de sua problemática, e independente das orientações teóricas de seus
não como uma máquina que responderia autores, e questiona se estes autores estariam
indistintamente a estímulos. As autoras se referindo à mesma coisa.
No plano metodológico, Castiel desenvolve confusão. O problema que parece ser central,
uma argumentação segundo a qual não há de acordo com Cox (apud Doublet, op. cit.) é
como discutir a relação entre o estresse e a o fato deste conceito ser familiar tanto para o
doença em termos genéricos, de forma que o leigo quanto para o profissional. Dessa forma,
máximo que podemos fazer é falar da relação quando usado num sentido mais amplo, é
entre formas específicas de estresse e doenças entendido por todos, o que não ocorre quando
específicas. Além disso, afirma que há é usado num sentido mais preciso. Doublet
problemas no que se refere à validade dos afirma que encontram-se vinte e oito
métodos de mensuração dos fatores de significados para o termo stress no dicionário
interesse, e que os mecanismos etiopa- Oxford Long English Dictionary. Entre eles, há
togênicos ainda não estão bem entendidos. uma definição psicológica e biológica, que
Questiona ainda se diferentes fatores psicos- descreve estresse como uma circunstância
sociais considerados estressores provocariam
patologias específicas distintas.

Segundo este autor, a teoria do estresse propõe


explicações com suporte neuro-humoral que
confundem o como de uma patogenia com o
porquê tal evento ocorreu com determinada
pessoa. Assim, para a teoria do estresse não
interessa a subjetividade do estressado; a
ênfase é no mensurável, t o r n a n d o a
experiência subjetiva muitas vezes acessória.

Por outro lado, Castiel afirma que a noção de


estresse é pertinente em situações extremas,
como guerras e catástrofes. Fora delas, o
conceito se tornaria controverso, e traria
dificuldades para as pesquisas biomédicas.
Afirma ainda que o conceito se ampliou de tal
forma que praticamente perdeu seu sentido,
tornando-se na verdade uma entidade
polissêmica.

A b o r d a n d o t a m b é m o aspecto desta
multiplicidade de sentidos e suas implicações,
o psicólogo Serge Doublet (1998) vem tratando
dos problemas relativos ao uso científico do
conceito de estresse em sua tese de
doutorado. Segundo este autor, são oferecidos
muitos pontos de vista sobre o que é estresse, adversa que perturba o funcionamento
muitas vezes contraditórios, resultando numa fisiológico de um indivíduo, mas também como
grande confusão. Neste trabalho, Doublet o estado perturbado que daí resulta. O termo
parte do princípio de que o estresse não é um estressor, por outro lado, parece não sofrer a
conceito legitimado. Segundo ele, conceitos mesma indefinição e é creditado a Hans Selye
como ansiedade, conflito, frustração, distúrbio em 1950.
emocional, alienação traumática e anomia, têm
sido descritos como estresse e grande parte De acordo com Doublet, Selye foi o primeiro
da confusão é devida à tentativa de se agrupar a conceituar estresse da forma que o
sob um só conceito ocorrências diversas e entendemos atualmente. A d m i t i n d o seu
complexas. Não havendo um acordo em torno conhecimento insuficiente da língua inglesa,
do que seja estresse, sua utilidade é discutida Selye afirmou que talvez strain pudesse ser um
enquanto conceito. termo mais apropriado que stress. Doublet
afirma que esta troca poderia ter nos poupado
Para este autor, as próprias definições de de grande parte da confusão atual em torno
estresse são uma fonte de discordância e de do conceito.
Duas das principais teorias são as de Holmes e problemas quanto ao propósito do corpo em
Rahe (1967), que enfatizam a importância dos manter um equilíbrio. Dessa forma, provar a
estímulos externos - estressores - e Lazarus causalidade de propósito, próprio das teorias
(1976), que enfatiza a importância da teleológicas, está fora do escopo da ciência
capacidade do indivíduo para lidar (cope) com que está assentada sobre a construção de
o estresse. Essas teorias são representativas das hipóteses testáveis, portanto passíveis de
controvérsias existentes. O mais perturbador refutação. Se o propósito do equilíbrio de um
disso tudo, segundo Doublet, é a utilização organismo (homeostase) não pode ser testado,
indiscriminada de certos aspectos das teorias provado ou refutado, porque é um propósito
que experts têm lançado mão em seus filosófico, então qualquer teoria científica que
programas para o controle do estresse. Esses se baseie em compensações e ajustes
programas introduzem também o aspecto fisiológicos decorrentes deste argumento são
motivador segundo o qual uma certa especulativas, inviabilizando as explicações daí
quantidade de estresse é desejável. A pergunta decorrentes.
que ainda não foi respondida é: qual é a
quantidade de estresse desejável? Este O autor critica também alguns aspectos

questionamento pode ser estendido às metodológicos dos estudos sobre estresse,


abordagens de Rodrigues e de Marilda Lipp, como a confiabilidade dos relatos retrospectivos
que aposta nesta quantidade não especificada dos pacientes sobre o início de suas doenças,
de estresse saudável. além do fato de ambos, pacientes e
pesquisador poderem estar se referindo a coisas
O autor afirma ainda que, sendo o conceito diferentes, dada a falta de definição do
de estresse proposto por Selye intrinse- conceito. Alguns dos pressupostos em que se
camente ligado à existência de uma baseiam os estudos sobre o estresse também
homeostase interna (termo cunhado por são discutidos, como a distinção entre estresse
Cannon referindo-se ao caráter compensatório físico e estresse psicológico, e o pressuposto
das respostas de fuga ou luta induzidas pelo relacionado à validade dos estímulos
sistema nervoso simpático), há alguns considerados estressores.
Conclusão gradualmente, mais por meio da força do hábito
que da lógica, que o termo estresse caiu em
Podemos perceber que muitas das críticas uso corrente, enquanto o próprio conceito se
apresentadas pelos autores na terceira parte converteu num popular assunto de pesquisa.
deste trabalho não têm uma resposta exata Verificamos assim que ele mesmo reconhecia
dos defensores da teoria do estresse. Estes, a relativa fragilidade de seus argumentos.
por sua vez, parecem adotar uma definição
que pode ser considerada precisa dentro do
contexto considerado. Entretanto, em se
tratando da saúde e do adoecimento do ser
humano, não podemos deixar de levar em
consideração a c o m p l e x i d a d e desses
processos, que envolvem não só as dimensões
observáveis, como também as dimensões
subjetivas dos indivíduos. Sendo o estresse
um processo com características gerais, como
o definiu Selye na Síndrome Geral de
Adaptação, entendemos que ele não deve ser
restrito às suas características observáveis e
mensuráveis. Entretanto, isso realmente traz
implicações científico-metodológicas.

Certamente não é à toa que o conceito ainda


persiste após todos esse anos, como bem
Podemos depreender de tudo isso que, de
lembrou Doublet. Se isso acontece, deve acordo com o enfoque adotado, teremos
haver algum mérito em sua utilização. Selye formas diferenciadas de entender e abordar o
justifica sua teoria afirmando que, em termos fenômeno. Assim, de uma base eminen-
científicos, uma teoria que não se ajuste temente cognitivo-comportamental, teremos
perfeitamente aos fatos observados é falha, um reducionismo que poderá deixar de lado
mas mesmo assim pode ser útil enquanto outra questões mais amplas da dinâmica simbólica
não for desenvolvida, de forma que uma teoria do sujeito frente a si e ao mundo, ao contrário
na verdade só é substituída por uma melhor. do que nos propõe a Escola de Psicossomática
Esse é o argumento da posição coerentista de de Paris. Entretanto, essas abordagens não
justificação das crenças. Talvez esta seja a deixam de ter um efeito terapêutico, digamos,
melhor forma de olharmos para a teoria do mais dinamizado, importante sobretudo nos
estresse. casos emergenciais e/ou situacionais em que
o f e n ô m e n o estresse se apresente.
Entendemos que o trabalho de Marilda Lipp
De acordo com Selye, o valor principal da SCA pode ser enquadrado nessa linha. Esse efeito
é justamente o de proporcionar uma base terapêutico é, no entanto, questionado pelos
comum que unifica todas as observações feitas profissionais que trabalham sob o vértice
sobre o fenômeno, até então aparentemente psicanalítico que vêem no sintoma o elo por
não relacionadas. A crítica que pode ser feita onde o sujeito se encontra enganchado, por
refere-se justamente à tentativa de abarcar onde ele se estrutura de alguma forma e,
vários fenômenos diferentes sob um único também, por onde este sujeito pode trabalhar
conceito, relacionando coisas que não psiquicamente a fim de tomar contato e ampliar
deveriam ser relacionadas. Isso seria uma o seu conhecimento em relação a si próprio,
forma de simplificação que obliteraria o abrindo novas possibilidades relacionais intra e
verdadeiro entendimento desses fenômenos. intersubjetivas. Os autores desta linha ainda
advertem sobre a possibilidade da volta do
Selye afirma que seus argumentos iniciais em sintoma, por não ter sido tocada a sua causa,
defesa de sua teoria, e portanto em defesa argumento que também não apresenta
do conceito de estresse, não convenciam suficientes estudos e pesquisas comprobatórias
muita gente. Segundo ele, foi apenas de sua validade.
Por outro lado, dentro da própria Escola Francesa podemos fazer dos resultados que os
de Psicossomática há produções que vão se pesquisadores nos oferecem? Por outro lado,
diferenciando umas das outras, mostrando que será que nada se salva, ou seja, será que o
este campo de investigação, embora dê muitos trabalho de tantos profissionais dedicados, que
sinais de êxito, está somente no início dos têm conseguido fazer alguma coisa para
trabalhos. O próprio Déjours (1993) nos diz melhorar a vida de algumas pessoas, não tem
em que sua posição se difere da dos valor algum?
psicanalistas do Instituto de Psicossomática de
Paris: é no que tange à atribuição de sentido Este tipo de discussão nos leva à complexidade
ou não sentido do sintoma somático. Isso nos do ser humano e à necessidade de uma
leva a pensar que o conceito de estresse não reflexão ético-filosófica que procure situar o
é usado, ou melhor, criticado da mesma forma pesquisador-cientista-profissional diante desta
pelos diversos autores desta escola. multiplicidade de sentidos e posições, numa
visão sempre multidisciplinar dos fenômenos
Assim, qual seria o valor das pesquisas que relacionados aos processos da doença e da
utilizam o conceito de estresse? Se este saúde.
conceito é um equívoco, qual é o uso que

Julio Cesar Filgueiras & Maria Isabel Steinherz Hippert


Rua Almirante Barroso, 163-Paineiras
Juiz de Fora - MG
e-mail:jcf@artnet.com.brmihipper@zaz.com.br
Recebido em 78/7 7/98 Aprovado em 2/10/99

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Médicas, p.119-51. Psicólogo.

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