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BIBLIOGRAFIA: Durkheim, Émile (2004), “O que é um facto social” e “Regras relativas à

observação dos factos sociais”. As regras do método sociológico. Lisboa: Editorial


Presença. 37-47; 49-77.

TEMA DO TEXTO: Os factos sociais e respectivas regras de observação.

PROBLEMÁTICA

Para se tornar numa ciência a Sociologia deve obedecer a duas regras: ter um
objecto de estudo específico e utilizar um método científico. Só com estas regras é que a
Sociologia pode ser constituída como uma disciplina verdadeiramente científica. A maior
preocupação de Durkheim é a de definir com precisão o objecto, o método e as aplicações
desta ciência. Para tal apresenta o conceito de facto social, explicita as suas
características e, por fim, informa como se deverá proceder para a observação desses
mesmos factos.

PRINCIPAIS CONCEITOS

Facto Social

“Maneira de agir, de pensar e de sentir exterior ao indivíduo e dotada de um poder coercivo


em virtude do qual se lhe impõe”. (2004:39).

PRINCIPAIS IDEIAS E PROPOSIÇÕES

O objecto de estudo da Sociologia são os factos sociais e estes apresentam duas


características: a coerção e a exterioridade.

Coerção

O facto social impõe-se ao homem com um poder coercivo. Em primeiro lugar


porque o desrespeito das regras da vida social pode conduzir a sanções por parte da
sociedade. Esta força não deixa margens para opção de escolha. A coerção manifesta-se,
por exemplo, quando um indivíduo adopta um determinado idioma, quando recebe um
certo tipo de educação em casa ou quando está sujeito a um código de leis específico;
depois porque o respeito por estas regras condiciona frequentemente o sucesso das
acções que se empreendem. Se o carácter coercivo do facto social permanece muitas
vezes disfarçado, é porque as regras da vida social têm geralmente sido interiorizadas
pelos indivíduos no decurso do processo de socialização.

Exterioridade

O facto social é exterior ao homem porque preexiste ao indivíduo quando nasce,


perdurando após a morte. Portanto os factos sociais existem e actuam sobre os indivíduos,
cuja vontade própria não depende de uma adesão consciente.

Regras relativas à observação dos factos sociais

O método de análise preconizado por Durkheim pretende ser objectivo: é necessário


considerar os factos sociais como coisas. Durkheim define coisa como “tudo o que é dado,
tudo o que se oferece, ou antes, se impõe à observação” (2004:60). Torna-se necessário
adoptar, a respeito do facto social, a atitude mental do cientista quando observa um
objecto exterior. Por exemplo, “o que nos é dado não é a ideia que os homens têm do
valor, pois ela é inacessível: são os valores que se trocam realmente no decurso das
relações económicas. Não é uma ou outra concepção do ideal moral: é o conjunto das
regras que determinam efectivamente o comportamento (...)” (2004:60). Assim sendo, ao
tratarmos os factos sociais como coisas, estaremos nos confrontando com a sua própria
natureza.

Este método de análise pressupõe três corolários. O primeiro diz-nos que temos de
afastar sistematicamente as pré-noções e definir rigorosamente os fenómenos estudados,
ou seja, “é, portanto, necessário que o sociólogo, quer no momento em que determina o
objecto das suas pesquisas, quer no decurso das suas demonstrações, se abstenha
resolutamente de empregar esses conceitos formados fora da ciência e em função de
necessidades que nada têm de científico” (2004:64). Durkheim acrescenta ainda que se o
sociólogo sentir necessidade de usar essas categorias empíricas, que o faça com
consciência do seu pouco valor, para não lhes atribuir na sua doutrina um papel que não
merecem.

O segundo corolário diz que o sociólogo nunca deve tomar como objecto de
investigação senão um grupo de fenómenos previamente definidos por certas
características exteriores que lhes sejam comuns, e deve incluir na mesma investigação
todos os que correspondam a esta definição. Durkheim refere-se ao crime como sendo um
acto generalizado, pois nas sociedades todos os crimes acarretam consequências
desagradáveis e, por isso, são penalizados mas, “não é, decerto, a pena que faz o crime,
mas é através dela que o crime se nos revela exteriormente e é dela que teremos de partir
se quisermos chegar a compreendê-lo” (2004:73).

O terceiro e último corolário explica que “quando, portanto, o sociólogo empreende a


exploração de uma qualquer ordem de factos sociais, deve esforçar-se por considerá-los
sob um ângulo em que eles se apresentem isolados das suas manifestações individuais”
(2004:76). Para se empreender isto é necessário que o objecto de estudo seja o mais
objectivo possível. Durkheim afirma que “a condição de toda a objectividade é a existência
de um ponto de referência, constante e idêntico, ao qual a representação pode ser
comparada e que permite eliminar tudo o que ela tem de variável, logo, de subjectivo”
(2004:75).

PRINCIPAIS CONCLUSÕES

Conclui-se que toda a explicação científica exige que o pesquisador mantenha uma
certa distância e tenha neutralidade em relação aos factos, pois os seus valores e
sentimentos pessoais poderão distorcer a realidade dos factos. Os factos deverão ser
encarados como “coisas” para garantir o sucesso da Sociologia e para se identificar um
facto social torna-se necessário que o cientista saiba separar aqueles que apresentam
características exteriores comuns em relação àqueles cujos acontecimentos são gerais e
repetitivos.

QUESTÕES EM ABERTO
Trabalho elaborado por:

Pedro Henrique Soares Correia 20072931 (Sociologia)


Adriana Chis 20103058

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