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Economia

Emprego e Renda

1. Conceito de Desemprego.

A definição do desemprego compreende alguns parâmetros que o definem. O


primeiro deles é a idade que se considera adequada para o trabalho, que é a partir
dos 16 anos, exceto estudantes em tempo integral, donas-de-casa ou aposentados.
Todos os trabalhadores identificados compõem a força de trabalho, ou população
economicamente ativa (PEA), que soma a parcela da população da economia que
tem condições de trabalhar em termos de idade e de capacidade física e mental,
estando eles empregados ou desempregados.
População economicamente ativa = Número de empregados + Número de
desempregados
A taxa de desemprego é o percentual da população economicamente ativa
que está desempregado.

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A taxa de participação da população adulta na PEA nos mostra o percentual
da população adulta total de uma economia que está na força de trabalho. Ela é
obtida através da seguinte fórmula:

Para fim de melhor ilustrar a situação da população de uma economia, temos


a seguinte ilustração:

A partir da ilustração acima, temos do primeiro retângulo que de toda a


população adulta caracterizam-se dois grupos: o grupo da PEA e o grupo que não
compõe mais a força de trabalho. O segundo retângulo subdivide a PEA em
desempregados e empregados.
A questão mais trabalhosa é como quantificar a PEA da economia. Há
diversos aspectos da população a serem considerados. A PEA contém os
trabalhadores jovens procurando pelo seu primeiro emprego, como os
recém-formados em universidades, trabalhadores mais velhos que deixaram a força
de trabalho anteriormente e que agora voltaram a procurar emprego. Mas como
obter a medida das preferências individuais de cada um destes trabalhadores com
respeito ao mercado de trabalho?
Há uma quantidade muito grande de pessoas entrando e saindo da PEA, o
que dificulta as estatísticas do desemprego, ou pelo menos apresentam margem de

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erro. Por causa desses problemas há metodologias distintas que estabelecem
estatísticas diversas para a obtenção dos números da PEA e do desemprego. Cada
uma delas é usada dependendo da finalidade da análise do mercado de trabalho
que se pretende. Além da metodologia do IBGE existem outros dois institutos
importantes no Brasil. São o SEADE e o DIEESE.
A economia informal é caracterizada pelo conjunto da produção do país que
não é declarada para a Receita Federal e nem para o sistema financeiro, ou seja,
que não interage com as instituições consideradas formais pela organização das leis
do país. E portanto os trabalhadores não registrados interagem na informalidade da
economia.
O problema da economia informal é que os governantes responsáveis pela
política econômica do país não têm como tratar no planejamento os números da
informalidade como parte que pode contemplar os recursos produtivos da economia.
Desta forma deixam de interagir com as finanças e o governo no âmbito da
arrecadação de impostos e na promoção do crescimento e do desenvolvimento
econômico.
Muitas das vezes observa-se a prática de operações ilegais na economia
informal, a exemplo do tráfico de entorpecentes, roubo e extermínio de automóveis,
contrabandos e assassinatos como forma de acerto de contas entre os envolvidos
em negociações em que não estejam envolvidas as instituições oficiais e a justiça
do país.
As estatísticas que envolvem os empregos formais não consideram os
trabalhadores não registrados, os quais são uma parcela da PEA. Estes não são
registrados em carteira ou como profissionais autônomos, o que torna difícil a
contabilização destes indivíduos como trabalhadores.
Especificamente para os trabalhadores informais existe a problemática deles
não serem amparados pela lei trabalhista, e portanto não terem os direitos dos
trabalhadores formais de férias remuneradas com 40% do valor do salário recebido
como adicional de férias, 13 º salário, licença maternidade e paternidade, nojo no
caso de falecimento de parentes do 1 º grau e previdência social (INSS).

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2. Tipos de Desemprego.

Taxa natural de desemprego​: é a primeira definição dentre os tipos de


desemprego, sendo a taxa normal de desemprego em torno da qual a taxa de
desemprego flutua. Por sua vez o desvio da taxa de desemprego em relação à taxa
natural é chamado ​desemprego cíclico​.
Desemprego friccional ou normal: é considerado como períodos de desemprego
relativamente curtos os quais o trabalhador aproveita para fazer cursos de
aperfeiçoamento em tempo de se recolocar com a nova qualificação profissional.
Resulta do processo de combinar trabalhadores com empregados, quando a
informação entre oferta e demanda torna-se simétrica para ambas as partes, ou
seja, os trabalhadores ofertando e os empregados demandando se identificam por
serem informados uns dos outros.

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Desemprego sazonal: ocorre em certos setores da economia como a agricultura,
hotelaria e comércio varejista. É limitado a certas épocas do ano por não haver
oferta homogênea de emprego durante o ano inteiro. Por exemplo, o período de
safra da cana-de-açúcar demanda os trabalhadores que se dispõem a trabalhar
temporariamente na colheita do produto agrícola. Outro exemplo é o período de
férias em locais turísticos que necessita trabalhadores especializados em receber
hóspedes em hotéis e restaurantes.
Desemprego estrutural ou tecnológico: o número de empregos disponíveis no
mercado de trabalho é insuficiente para dar ocupação a todas as pessoas que o
desejam. Ou seja, a quantidade de mão-de-obra ofertada supera a quantidade
demandada. Explica longos períodos de desemprego. Esta situação se configura
em decorrência do avanço tecnológico que altera a combinação dos fatores de
produção capital humano e capital físico. O aumento da mecanização e da
automação gera mudanças na tecnologia de produção e também os padrões de
demanda dos consumidores tornam obsoletas certas indústrias e profissões que
deixam de existir e são superadas por novas.
Uma observação importante a fazermos neste momento é que a economia
define o capital humano como um dos fatores de produção. Ao contarmos com a
definição do desemprego estrutural, temos que se o tipo de desemprego da
economia é predominantemente este, a economia do país sofre um problema
perigoso: muitas pessoas compõem a PEA (excesso de oferta de trabalho) e existe
a falta de oportunidade de interagirem no processo produtivo (escassez de
demanda de trabalho). O resultado? Menos empregos, um problema social, e
menos produção, menos valor agregado ao produto, menos renda e riqueza da
economia. Fica aqui a tarefa de refletirmos especificamente sobre o problema
estrutural do Brasil, que na atualidade não oferece o número adequado de
ocupações mediante o número de trabalhadores que ocupam a PEA.

3. Determinação do nível de emprego.

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A teoria clássica do final do século XIX, de cunho individualista e
microeconômico, considera o trabalho um fator de produção homogêneo e escasso,
ofertado pelas unidades familiares e demandado pelas empresas, sob condições de
concorrência perfeita. O comportamento racional dos agentes econômicos será
regulado, no caso dos indivíduos, pelo princípio da desutilidade marginal do trabalho
crescente, e do lado das empresas, pela lei dos rendimentos decrescentes. Ambos
os agentes são maximizadores, de utilidades e de lucros, respectivamente.
A demanda por mão-de-obra deriva da função de produção, que por sua vez
reflete a base tecnológica do conjunto das empresas da economia. Sendo que no
curto prazo o estoque de capital é constante, a produção dependerá unicamente da
quantidade de trabalho utilizada.Cada empresa poderá adquirir a quantidade de
trabalho desejada ao salário de mercado e vender sua produção ao preço
prevalecente.O princípio da maximização de lucros sob concorrência perfeita
estabelece que a firma atingirá o equilíbrio no ponto em que seu custo marginal
iguale a receita marginal ou preço.
Da mesma forma que as empresas, os trabalhadores também são agentes
econômicos racionais que visam maximizar utilidades e, tanto o tempo de lazer
como a disponibilidade de bens e serviços obtidos através da remuneração do
trabalho, proporcionam satisfação. Cada trabalhador individualmente terá que
decidir de acordo com suas preferências pessoais, a distribuição de seu tempo entre
trabalho e lazer. O trabalhador padrão somente estará disposto a trocar tempo de
lazer por trabalho, se as unidades adicionais de tempo de trabalho oferecerem
remuneração crescente.

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Dado o salário real de mercado, determinado endogenamente pela oferta e
demanda de trabalho, cada trabalhador fará sua escolha entre trabalho e lazer,
optando pela quantidade de horas/dia de trabalho que Ihe permita atingir a curva de
indiferença mais elevada. Dado o princípio da desutilidade marginal do trabalho
crescente, conclui-se que para que sejam ofertadas quantidades adicionais de
trabalho o salário real deverá aumentar. Portanto, aos salários observados no
mercado, a curva de oferta de trabalho é positivamente inclinada. É possível que a
salários extremamente elevados o “efeito renda” possa superar o usual trade-off
entre lazer e trabalho, invertendo a inclinação da curva.
Os princípios que regulam o mercado de trabalho e garantem seu equilíbrio
são, a perfeita flexibilidade de preços e salários, a total mobilidade da mão-de-obra
e o acesso imediato dos agentes às informações relevantes.A interseção das curvas
de oferta e demanda de trabalho agregadas determina o nível de emprego e salário
real capazes de obter o equilíbrio no mercado de trabalho, de modo que qualquer
desvio será automática e imediatamente corrigido.O salário real acima de “We”,
gerará um excesso de oferta de trabalho em relação à demanda, fazendo com que o
preço do trabalho diminua, e quando abaixo de “We”, ocorrerá o contrário. Portanto,
a flexibilidade de preços e salários, ao igualar a produtividade marginal do trabalho,
a desutilidade marginal do mesmo e o salário real, permite obter o pleno emprego,
Npe, que substituído na função de produção agregada de curto prazo, determina o
Produto de Pleno Emprego, “Ype”.

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O modelo marginalista ortodoxo é estático e se apóia em quatro princípios
básicos: a maximização de lucros; os rendimentos decrescentes; a desutilidade
marginal do trabalho e a demanda nominal agregada como variável exógena. O
modelo admite a existência de um vetor de preços capaz de obter o equilíbrio
macroeconômico ao satisfazer as equações de oferta e demanda dos mercados de
bens, monetário e de trabalho. Os preços são a única variável endógena e qualquer
desequilíbrio no mercado de trabalho deverá ser corrigido através da variação do
salário. O desemprego é o resultado de um preço equivocado, que é o salário
excessivamente elevado, e ocorrerá apenas durante os curtos períodos de ajuste do
mercado. Todos os trabalhadores dispostos a trabalhar em troca do salário de
mercado encontrarão emprego, sendo que à direita do ponto de equilíbrio, estariam
os que pretendem salários acima do valor de sua produtividade, e serão
considerados fora do mercado por livre opção

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Neste modelo macroeconômico de quatro equações com quatro incógnitas,
emprego, renda nominal, preços e salário nominal, a resolução se inicia no mercado
de trabalho, onde se define o nível de emprego de equilíbrio, que confrontado com a
função de produção de curto prazo, determina o produto real de pleno emprego,
independentemente dos preços, definindo o formato vertical da Oferta Agregada. No
mercado de bens a Oferta e a Demanda Agregada determinam o nível geral de
preços, de modo que variações na oferta exógena de moeda afetarão tão somente
os preços. Finalmente, o salário nominal correspondente ao salário real constante
determinado pelo equilíbrio no mercado de trabalho.
A análise clássica do mercado de trabalho tem importantes implicações
macroeconômicas: a derivação do produto do lado da oferta, independentemente do
nível de preços; o formato vertical da curva de oferta agregada; a negação da
existência do desemprego involuntário e o movimento sincronizado do salário real e
monetário. Sem o princípio dos rendimentos decrescentes, o equilíbrio micro ou
macroeconômico dependerá do comportamento da demanda, e o conceito de firma
representativa, maximizadora de lucros, deixa de existir. Com uma curva de custos
constantes, ou de oferta, horizontal, é possível obter situações de equilíbrio abaixo
do pleno emprego.
A análise neoclássica ou marginalista, de racionalidade microeconômica,
prevê que o desemprego é conseqüência de salários excessivamente elevados, e
que o próprio mercado se encarrega de corrigir os desequilíbrios temporários.
Imagina-se que o que é válido para a firma individual o será também para o conjunto
de toda a economia, porém trataremos de provar que neste caso não se aplica o
princípio da agregação. Para Keynes e Kalecki um erro fundamental dos
marginalistas é supor que a redução dos salários não afetará a demanda global,
pois a diminuição da demanda dos assalariados por bens de consumo agravará o
desemprego em vez de reduzi-lo. (Keynes 1936, cap.19).
Portanto, em condições de concorrência perfeita, a redução de salários
afetará principalmente os preços sem alterar a produção e o emprego. Já no caso
de preços relativamente rígidos, sob concorrência imperfeita, ocorrerá redistribuição

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de renda a favor de outros rendimentos, que não os salários, e o efeito final sobre o
emprego será o contrário do que imagina. Segundo Keynes, a teoria clássica
(neoclássica) é incapaz de obter qualquer conclusão sobre o efeito da redução dos
salários nominais sobre o nível de emprego, sendo inadequada para abordar os
determinantes do emprego (Keynes 1936, p.249).
A teoria neoclássica afirma que a oferta e a demanda de mão-de-obra
determinam o salário real e o nível de emprego, e aceito o princípio dos rendimentos
decrescentes na produção, de onde resulta a função de demanda por trabalho
negativamente inclinada, a condição necessária para o aumento do emprego será a
aceitação por parte dos trabalhadores de salários reais menores, o que deslocará a
curva de oferta de trabalho para baixo (à direita). Admitindo que o trade-off
renda-lazer dos trabalhadores define a posição desta curva, emprego e salário real
estão definidos. Se os trabalhadores rebaixarem suas exigências, o que equivale a
aceitar salários reais inferiores, o nível de emprego aumentará ao longo da curva de
demanda de trabalho.
A compreensão do mecanismo de ajuste microeconômico do emprego na
visão marginalista passa pela aceitação da variação conjunta do salário nominal e
real. Na ótica neoclássica o desemprego é o resultado de alguma restrição externa
no mercado de trabalho que impede o ajuste de salários e emprego no ponto de
equilíbrio. Se o salário real se situa por cima da produtividade marginal
correspondente ao equilíbrio do mercado, a demanda de trabalho se reduzirá até
restaurar o equilíbrio, Wo/Po = PmgNo, com o emprego abaixo do pleno emprego.
Keynes, mesmo sem desvincular claramente o emprego do salário, mostra que o
mesmo não depende do equilíbrio no mercado de trabalho, portanto prescinde da
endogeneidade da taxa natural de salários, que na sua opinião é exógena
(constante no curto prazo). O autor inverte o sentido da causalidade clássica entre
produto e emprego, pois é a renda (produto) que gera o emprego e não o contrário.
Segundo o novo referencial teórico renda e emprego, tudo o demais constante,
dependem da propensão marginal a consumir (PmgC), da eficiência marginal do

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capital e da taxa de juros, que numa economia simplificada condicionam a demanda
efetiva.
Vivendo em uma época de desemprego generalizado, Keynes fez do tema o
objeto central da Teoria Geral. Em sua opinião, a escassez de empregos tinha
origem na redução do gasto privado, consumo e sobretudo investimento, e na
excessiva preferência pela liquidez, decorrentes da deterioração das perspectivas
de lucro, associadas ao pessimismo generalizado nos negócios, num processo
cumulativo perverso.
Defensor do papel regulador do Estado, Keynes rejeita explicitamente o
credo liberal, defendendo a intervenção direta sobre os fatores capazes de expandir
a demanda agregada e, indiretamente, sobre aqueles que podem melhorar o estado
de confiança dos negócios. Propôs a adoção de políticas fiscais e monetárias
expansionistas, capazes de reativar a demanda e, conseqüentemente, o emprego, e
confrontando a ortodoxia da época, negou veementemente que a redução nominal
dos salários tivesse qualquer efeito positivo sobre o nível de emprego, sendo que o
mais provável seria justamente o contrário (Keynes,1936).

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O desemprego clássico está associado a salários reais excessivamente
elevados. Admitindo que a curva de demanda por trabalho, negativamente inclinada,
representa o equilíbrio da firma, pois em cada ponto da mesma o PmgN = W/p. Está
estabelecido o dogma básico, isto é, o tradeoff entre o salário real e o nível de
emprego, derivado dos pressupostos do modelo. Qualquer valor do salário real que
exceda o determinado pelo equilíbrio entre a oferta e a demanda de trabalho, W/p
(graf.8a), provocará um excesso de oferta de trabalho em relação à demanda
gerando desemprego do tipo clássico, (N*-N’).
Keynes supõe que por razões histórico-institucionais como a ação dos
sindicatos, as leis do salário mínimo ou a existência de contratos coletivos de
trabalho, o valor dos salários nominais deva ser considerado constante, ou mais
propriamente, uma variável exógena. Assim, uma vez estabelecido o “customary
money wage”, Wo, a curva de oferta de trabalho é horizontal até um determinado

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nível de emprego, N1, a partir do qual se torna crescente (graf. 8b). A interseção da
demanda agregada por trabalho com a sua oferta no tramo horizontal, determina o
nível de emprego corrente No. A distância (N1-No) constitui o “desemprego
involuntário”, ou keynesiano, compreendendo a parcela da PEA, que apesar de
aceitar o salário comumente pago, não encontra os postos de trabalho desejados. É
desta forma que Patinkin (1949) expõe o conceito de desemprego involuntário para
a seguir considerá-lo como uma mera artificialidade. No gráfico 8b o ponto A
corresponde ao nível de emprego definido pelas curvas de oferta e demanda de
trabalho keynesianas, ao passo que o B, resulta do comportamento das funções
walrasianas. Note-se que a controvérsia atinge apenas a curva Ns, o que tem
levado os críticos de Keynes a acusá-lo de ter desconsiderado o lado da oferta da
economia.

4. ​Lei de Okun.

A existência de uma relação empírica negativa entre mudança nas taxas de


desemprego e produção foi proposta por Arthur Okun, em 1962. Okun (1962)
identificou a relação entre o comportamento do PIB e desemprego, no período em
que foi economista sênior do CEA (Council of Economic Advisers), no governo do
presidente Kennedy (1961-1963).
Okun (1962) sugeriu que variações do produto causariam alterações na taxa
de desemprego, contrariando o sentido da causalidade, no qual se acreditava até

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então. Ou seja, o crescimento do produto determinaria aumentos nos níveis de
emprego, uma vez que as empresas deveriam contratar mais trabalhadores para
aumentos na produção.
A lei de Okun apoia-se basicamente nos pressupostos de que para cada
economia em particular há uma taxa normal de crescimento. Existe uma relação
indireta entre PIB e desemprego, já que um aumento no PIB acima de sua taxa
normal de crescimento causaria uma redução no desemprego. Essa relação varia
em função de cada economia em particular. A Equação, que representa a lei de
Okun, pode ser representada da seguinte forma:

𝑈𝑡​ − ​𝑈𝑡​−1 = − ​𝛽​ ​𝑔𝑦𝑡​ − ​𝑔𝑦​.

Em que ​𝑈𝑡 é a taxa de desemprego no período t, ​𝑈𝑡​−1 é a taxa de


desemprego no período (t-1), ​𝛽 é um parâmetro positivo, ​𝑔𝑦𝑡 é o PIB real e ​𝑔𝑦 é o
PIB potencial. Se ​𝑔𝑦𝑡 > ​𝑔𝑦​, ​𝑈𝑡 < ​𝑈𝑡​−1 e o desemprego cairá e se ​𝑔𝑦𝑡 < ​𝑔𝑦​,​𝑈𝑡 > ​𝑈𝑡​−1 e
o desemprego subirá.
Okun (1970) definiu o valor de um coeficiente que dá a taxa de variação real
do PIB para dada variação na taxa de desemprego. O foco desta contribuição está
na possibilidade de se estimar o PIB potencial da economia. Como consequência, o
desemprego foi visto como variável exógena e o PIB real como variável dependente.
Okun (1970) encontrou para os Estados Unidos um coeficiente, k = 3, o que quer
dizer que para uma queda de um ponto percentual na taxa de desemprego, tem-se
um aumento de 3% no PIB. Desde então, um grande número de estudos empíricos
estimou o coeficiente de Okun para os países industrializados. A partir deste
coeficiente é possível calcular o limite do desemprego, bem como a taxa real de
crescimento da economia, necessária para combater o desemprego.

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5. ​Distribuição e causas da distribuíção de renda no
Brasil.

O Índice de Gini, criado pelo matemático italiano Conrado Gini, é um


instrumento para medir o grau de concentração de renda em determinado grupo.
Ele aponta a diferença entre os rendimentos dos mais pobres e dos mais ricos.
Numericamente, varia de zero a um (alguns apresentam de zero a cem). O valor
zero representa a situação de igualdade, ou seja, todos têm a mesma renda. O valor
um (ou cem) está no extremo oposto, isto é, uma só pessoa detém toda a riqueza.
Desde 1960 a economia brasileira apresenta uma elevada concentração de
renda com um índice de Gini de 0,50 e com a renda média dos 10% mais ricos
sendo quase 14 vezes maior que a renda dos 40% mais pobres da população. Essa
já alta concentração de renda se agrava ainda mais durante a década de 1960, de
modo que em 1970 o índice de Gini se elevou para 0,57 e a razão entre a renda dos
10% mais ricos e os 40% mais pobres aumentou para 18,6. Também é possível
notar que os oito décimos inferiores passaram a se apropriar de uma parcela da
renda menor do que em 1960. Com isso, fica explícito como o crescimento pelo qual
o país passou no período, que acarretou um crescimento na renda média de 25%
(média de 2,2% ao ano), se deu de forma desigual, com os dois decis mais ricos
acumulando muito mais renda que os mais pobres.
Os representantes do governo sustentavam a tese de que a concentração de
renda registrada era um fruto natural do desenvolvimento econômico brasileiro, no
qual a passagem do setor rural para o setor urbano acabava induzindo um aumento
da desigualdade de renda. Além do mais, chamava-se atenção para o fato de que o
desenvolvimento econômico brasileiro por direcionar a economia para os setores
mais intensivos em capital demandariam trabalhadores qualificados, cuja oferta era
muito baixa, devido ao baixo nível de escolaridade da população brasileira à época.
Assim, acreditava-se que conforme fosse sendo qualificada a mão de obra

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brasileira, reduzir-se-ia o diferencial de salários entre trabalhadores qualificados e
não qualificados, o que faria com que a concentração de renda se atenuasse.
Os autores que discordavam do governo, atribuem a elevação da
desigualdade de renda no período ao impacto dessas políticas estabilizadoras no
salário real dos trabalhadores e ao baixo dinamismo da economia registrado em
alguns anos dessa década. Em relação ao impacto nos salários reais dos
trabalhadores, cumpre informar que este decorreu principalmente do PAEG, que
estabeleceu uma mudança da regra de cálculo para reajuste dos salários, válida
inicialmente apenas para a administração pública e, a partir de 1966, também
passou a valer para a iniciativa privada e também reajustou uma série de preços de
tarifas públicas, o que também contribuiu para reduzir o poder de compra dos
salários.
O mecanismo de reajuste dos salários do PAEG previa a correção dos
salários pela média do salário real praticada no biênio anterior acrescida de um
aumento da produtividade, equivalente a dois terços da taxa de crescimento da
produtividade calculada pelo governo de forma conservadora, e também adicionada
da metade da inflação prevista pelo governo para o ano seguinte. Cumpre informar
que essa forma de cálculo era desfavorável aos trabalhadores, pois a correção pela
média do salário real e não pelo pico implicava uma gradativa redução do salário
real, e também pelo fato de a inflação prevista pelo governo ser, ano após ano,
inferior à inflação efetivamente ocorrida. O resultado dessas políticas de
estabilização foi a desvalorização do salário mínimo real em mais de 30% ao longo
da década de 60, segundo dados do IPEA. A distribuição de renda no período
parece ter sido especialmente impactada pela desvalorização do salário mínimo.
O processo de agravamento da concentração de renda prosseguiu na
década de 1970. Deve-se ter em mente que neste período a economia brasileira
registrou as maiores taxas de crescimento da sua história, de modo que a renda
média cresceu 97% entre 1970 e 1980, o que representa uma média anual de 7%.
Pode-se perceber que este progresso econômico continuou a se distribuir
desigualmente, com o índice de Gini se 0 100 200 300 400 500 600 700 800 900

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1940 1943 1946 1949 1952 1955 1958 1961 1964 1967 1970 1973 1976 1979 1982
1985 1988 1991 1994 1997 2000 2003 2006 2009 45 elevando dois pontos para
0,59 e com a razão entre a renda média dos 10% mais ricos sendo quase 20 vezes
maior do que a dos 40% mais pobres. Percebe-se também que os únicos décimos
que aumentaram sua parcela de renda apropriada foram os dois decis mais ricos, os
demais ou mantiveram sua parcela estável ou esta se reduziu.
A partir da década de 1970, inicia a serem disponibilizadas as estatísticas
concernentes à distribuição funcional da renda. Durante a primeira metade da
década, houve um grande aumento da participação da remuneração do capital na
renda, passando de 50% para 57% da renda nacional disponível bruta, enquanto
que os trabalhadores viram a parcela apropriada pelos salários diminuírem em cerca
de 2% como proporção da renda. Já ao longo da segunda metade da década, os
salários recuperaram a sua participação no total da renda, 46 passando a apropriar
mais de 35% desta, enquanto que a parcela do excedente operacional bruto se
manteve praticamente estável.
Possivelmente, essa virada da remuneração dos empregados na metade da
década de 1970 decorreu das revisões da política salarial8 praticada até então, que
teve o intuito de amenizar a desvalorização real dos salários, bem como a distensão
política, que permitiu a volta dos movimentos sindicais. Desse modo, observa-se,
pelos dados do IPEA, que o salário mínimo se manteve praticamente estável em
termos reais a partir de 1974 até o fim da década, tendo apresentado uma
valorização real em torno de 5% entre janeiro de 1974 e janeiro de 1980.
Em suma, pode-se dizer que uma explicação estrutural de bastante
relevância para compreender essa piora na distribuição de renda observada nas
duas décadas até então estudadas reside no fato de que, neste período, a
economia brasileira estava passando por um processo intenso de industrialização,
de modo que a produtividade do trabalho se elevava bastante na atividade
industrial, ao mesmo tempo em que a atividade agrícola se encontrava estagnada
com baixíssima produtividade. Assim, havia uma grande desigualdade
campo-cidade. Além disso, essas décadas foram marcadas pela desvalorização do

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salário mínimo, repressão sindical, correção parcial dos salários e elevação do
preço dos alimentos e das tarifas públicas. Também cabe destacar que o
arrefecimento no ritmo de concentração de renda verificado na década de 1970 em
relação ao da década de 1960, se deve à constituição de uma base sindical, com
inédita capacidade de mobilização, e a uma pequena elevação do salário mínimo
real na segunda metade dos anos 1970.
Nota-se que a distribuição de renda continuou piorando ao longo da década
de 1980. O índice de Gini se elevou de 0,58 para 0,62 e a razão entre a renda dos
10% mais ricos e dos 40% mais pobres aumentou de 21,5 para 26,7, ambos os
indicadores entre 1981 e 1990. Percebe-se que não somente houve uma queda da
apropriação da renda pelos oito décimos mais pobre, mas também houve uma
queda da renda média dos quatro decis inferiores. Assim, conclui-se que ocorreu
uma piora real de renda para os mais pobres. É importante ter em mente que o
Brasil enfrentou graves problemas econômicos nessa década, como a crise da
dívida e a aceleração inflacionária. Este último problema reconhecidamente afeta de
maneira mais contundente às camadas mais pobres da sociedade, que não
possuem ativos financeiros para amenizar a corrosão do poder de compra da sua
renda. O baixo crescimento econômico registrado nesta década, com uma média de
taxa de crescimento econômico de 1,7% ao ano entre 1981 e 1989, ajuda a explicar
a piora na desigualdade, já que dele decorre uma deterioração do mercado de
trabalho e uma estagnação e declínio dos rendimentos reais.
Apesar de uma expressiva piora na distribuição pessoal da renda na década
de 1980, observa-se uma melhora na distribuição funcional da renda. Isto porque a
remuneração dos empregados se elevou na apropriação da renda nacional
disponível bruta, passando de cerca de 35% em 1980 para cerca de 40% em 1985 e
em torno de 46% em 1990, quando a parcela dos salários na renda se torna
superior ao excedente operacional bruto, que vinha em trajetória decrescente desde
1980. Uma possível explicação para tal fato reside na redemocratização ocorrida no
período, que acaba por completo com a repressão aos movimentos sindicais, e a
política salarial do Plano Cruzado em 1986, que pode ter favorecido a remuneração

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dos empregados ao estabelecer um mecanismo de reajuste automático dos salários
à inflação toda vez que ela acumulasse 20% e também ao conceder, a título de
abono, um aumento de 8% para todos os salários e um aumento de 16% do salário
mínimo. De qualquer modo, o salário mínimo apresentou uma desvalorização real
entre o início de 1980 e 1990 de cerca de 27%, segundo dados do IPEA.
Analisando a década de 1990, finalmente pode-se observar uma melhora na
distribuição de renda brasileira, ainda que tímida. O índice de Gini cai 3 pontos no
período entre 1990 e 2002, passando para 0,59, e a razão entre a renda dos 10%
mais ricos e 40% mais pobres reduz para 22,4. É interessante notar que, ao
contrário das décadas anteriores, há uma maior apropriação da renda pelos
décimos mais baixos nos anos 1990, enquanto que os dois décimos superiores têm
sua participação na renda diminuída. Desse modo, pode-se dizer que o crescimento
da renda média nesse período (31%, média anual de 2,7%) foi distribuído de forma
a favorecer mais que proporcionalmente os mais pobres, reduzindo a desigualdade
de renda no país. Possivelmente, a principal causa dessa melhora distributiva no
Brasil na década de 1990 é a estabilização dos preços, promovida pelo Plano Real
em 1994. Como foi visto acima, a alta inflação tinha um efeito mais perverso para os
mais pobres, e o fim desta resultou em uma elevação do salário mínimo real.
Curiosamente quando se analisa a distribuição funcional da renda na década
de 1990, observa-se que o excedente operacional bruto volta a se apropriar de uma
parcela mais elevada da renda nacional disponível bruta, tendo trajetória crescente
ao longo da década, enquanto que a remuneração dos empregados apresenta uma
trajetória de queda em sua apropriação da renda. Um dos possíveis motivos que
podem ter levado a esse resultado foi a abertura comercial e financeira ocorrida na
década de 1990, juntamente com as políticas de estabilização monetária, que ao
mesmo tempo em que beneficiava os mais pobres ao por fim ao período de alta
inflação, também beneficiava a remuneração do capital ao se por em prática uma
política de elevadas taxas de juros com o objetivo de conter a inflação. Ademais,
chama-se atenção ao fato de que a abertura comercial e as privatizações ocorridas
no período acabaram levando a uma deterioração do mercado de trabalho

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brasileiro. Tal fato fica visível quando se observa que a taxa de desemprego nas
regiões metropolitanas passou de 5,7% em janeiro de 1991 para 8,3% em janeiro de
2000, de acordo com a Pesquisa Mensal do Emprego do IBGE, e se nota o aumento
o mercado de trabalho informal, na medida em que o percentual de pessoas
empregadas sem carteira de trabalho assinada passou de 24% em 1992 para 29%
em 1999, de acordo com a PNAD também do IBGE.
Durante a primeira década dos anos 2000, observou-se uma significativa
melhora na distribuição de renda do Brasil. O índice de Gini apresentou uma queda
de 5 pontos, passando de 0,59 em 2002 para 0,54 em 2009. Os 10% mais ricos
passaram a ter uma renda média cerca de 17 vezes maior do que os 40% mais
pobres. Ambos os índices voltaram aproximadamente aos níveis da década de
1960. Também registrou-se uma maior apropriação da renda pelos oito decis mais
pobres. Outro fato interessante a se notar é que o crescimento da renda média
domiciliar per capita neste período foi monotonicamente maior para os décimos
mais pobres da distribuição de renda brasileira.
Pode-se dizer que a retomada do crescimento econômico mais vigoroso
juntamente com a realização de políticas públicas pró distribuição de renda foram os
fatores que mais ajudaram a explicar essa relevante melhora na distribuição de
renda brasileira. O crescimento econômico entre 2002 e 2009 apresentou uma
média anual de 3,5%, contra uma média de 1,7% da década anterior. Se tomarmos
apenas o intervalo entre 2004 e 2008, a média de crescimento econômico anual foi
de 4,8%. O mercado de trabalho se expandiu, fazendo com que a taxa de ocupação
passasse de 87% em maio de 2002 para 92,4% em março de 201011. Essa
expansão do mercado de trabalho se deu com o simultâneo aumento da
formalização do trabalho, pois o percentual de empregados com carteira assinada
passou de 54% em 2002 para cerca de 60% em 2009, segundo dados da
PNAD/IBGE. Cabe destacar que o crescimento econômico nesta década de forma
ancorada no estímulo ao mercado doméstico, no qual as políticas públicas
específicas cumpriram um papel crucial.

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Entre as políticas públicas específicas, destacam-se a significativa elevação
do salário mínimo real e as políticas de transferência de renda. Ressalta-se que
entre setembro de 2002 e setembro de 2009 o salário mínimo brasileiro apresentou
uma elevação real de 47%. Apesar de estarmos vivenciando uma época de robusta
valorização do salário mínimo, em 2011 a economia brasileira volta a ter um salário
mínimo real no patamar que dos anos 1940, sendo ainda inferior ao patamar dos
anos 1950 e 60. Assim, pode-se concluir que esta política de valorização do salário
mínimo é desejável, pois está finalmente compensando as perdas reais do salário
mínimo ao longo de todas essas décadas.
Cabe ainda ressaltar que além de ser o patamar mínimo de remuneração do
trabalho formal, o salário mínimo também possui forte influência na remuneração da
população como um todo devido a um grande percentual de aposentados e
pensionistas cujos ganhos mensais acompanham o salário mínimo e também
devido a benefícios sociais que seguem o valor do salário mínimo, como o Benefício
por Prestação Continuada (BPC).
As políticas de transferência de renda ganharam força com o Governo Lula
(2003-2010), principalmente com o Programa Bolsa Família. O objetivo deste
programa é retirar as famílias da condição de extrema pobreza. Para isto, o
Programa Bolsa Família concede benefícios a famílias com renda familiar per capita
inferior a uma determinada faixa (atualmente a faixa é de R$70), desde que a
família atenda às condicionalidades, que vão desde o compromisso de se manter os
filhos na escola até estar com a carteira de vacinação em dia. Atualmente, são
beneficiadas mais de 13 milhões de famílias e o valor do benefício varia entre R$70
e R$306, a depender da quantidade de filhos na família.
Também, pode-se perceber a melhora na desigualdade social brasileira na
última década pela análise da distribuição funcional da renda. A remuneração aos
empregados teve a sua participação no PIB brasileiro majorada em 4% entre 2002 e
2009, chegando ao patamar de 44%, enquanto que o rendimento misto bruto
(rendimento dos autônomos) teve uma queda de 3% no mesmo período e o
excedente operacional bruto se elevou até 2004 e deste ano em diante apresentou

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uma queda contínua. Os impostos líquidos se mantiveram razoavelmente estáveis
durante o período estudado. Uma explicação bastante coerente para a maior
parcela da remuneração aos empregados é o aumento do ritmo de crescimento do
salário mínimo real a partir de 2005.
Relatório da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico
(OCDE) aponta que o Brasil mostrou sinais promissores de redução das
desigualdades sociais. O documento destaca que a partir dos anos 2000, houve
uma queda generalizada da desigualdade na América Latina e particularmente no
Brasil.
A ampliação do acesso à educação e o aumento no salário mínimo resultou,
no Brasil e em outros países analisados, na redução da desigualdade de renda no
trabalho. A diferença salarial entre postos que exigem maior e menor qualificação
diminuiu. Além disso, a ampliação dos programas de transferência de renda, como o
Bolsa Família, por exemplo, contribuíram para promover maior redistribuição de
renda e, consequentemente, mais desenvolvimento.
Para reduzir a distância entre ricos e pobres e ampliar o crescimento, o
relatório recomenda a promoção de mais igualdade entre homens e mulheres,
ampliação do acesso a melhores empregos, mais investimentos em educação e
formação e redistribuição de recursos, por meio de transferências de renda. Sugere,
ainda, que as economias emergentes avancem nas medidas de formalização da
mão de obra e simplificação do sistema tributário. Citou a implantação do Simples
Nacional, pelo Brasil, como exemplo de sucesso.
De acordo com o estudo, o Brasil conta com um coeficiente de Gini – índice
usado para medir a desigualdade de renda de uma nação – de 0,56, menor que os
0,60 apresentados na década de 90. Quanto mais próximo de 1, mais desigual é o
país e quanto mais próximo de 0, menos desigual.
Desigualdade aumentou nos países ricos.

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