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ConJederagão do Equador òD DrcroNÁnro oo

provavelme nte
c arac t er e s grego s ou runo s. Alei tu ra romenrismo daquelas conjeccuras.
desse documento, também conhecido como Benigno de Carvalho e Cunha realizou uma
Relação ãe
Joao Cuimarães, despertou o derradeira expedição à serra do Sincorá, em
entusiasmo do cônego Benigno de Carvalho, Ì 8+5. Desta feita, incorporou âo seu roteiro
que entrou em contaro com o IHGB, propondo de viagem novas informações de populares,
organizar uma expedição com o inruiro de inclusive dados a respeiro de um ,,rpor,o
resgetar o suposto sítio. quilombo naquelas vizinhançar, -rrito
Financiado pelo Instituto, Benigno realizou temido pelos moradores da região. No
três incursões pelo inrerior baiano. Na último relatório, encaminhado ao presidenre
primeira, em I84I, dirigiu-se pâra a região da província da Bahia e publicado na revisca
que se estende entre os rios Paraguaçu e Una. do IHGB, apesâr de demonstrar um cerro
Aí chegando, idenrificou cerros indícios que desânimo, o cônego anunciava haver
lhe pareceram corresponder à descrição de descoberto a cidade abandonada, e solicitava
uma tromba, isto é, a estrada de montanha que mais recursos para poder prosseguir nas
levava à serra do Sincorá, onde se situaria a buscas. Curiosamente, a partir daí, cessou de
tal cidade. Conrudo, não pôde prosseguir na dar notícias, deixando no ar ume aura de
arriscada exploração, posto que conrraiu uma mistério que durante muito tempo alimentou
febre maligne que o deixou à beira da morre. rumores de que teria recebido ordens de seus
Refeiro dos problemas de saúde, parciu para superiores para evirar maiores investigações
uma nova viagem em 1844. Além do em torno do achado, por causa das evidências
patrocínio do Insriruro Histórico, recebeu o de minas de prata e de ourros minerais
auxílio do governo provincial. Reromou as preciosos. Ao que tudo indica, faleceu na Bahia,
investigações, confianre no depoimento de um por volca de t 8a8. (LG)
escravo, natural de Orobó, que afirmava
conhecer a localização precisa da cidade bst Remeter
abandonada. Apesar de ter perambulado pelo IHGB, Missões esrrangeiras, Museu Nacional,
sertão por quese um âno, suas buscas Nação, Pedro Lund, Viajantes
revelaram-se infrutíferas. Cabe acrescenrer
que, no Rio de Janeiro, a revista do Insrituto 9ç, Referências BibliográJicas
Histórico deu grande publicidade às ESTELLITA Jr., A. As minas do Sincorá. Rio de
eventurâs do erudito religioso. Seus relacos
Janeiro, Bonfim, I9l l; GIUCCI, G. Viajantes do
mereceram, inclusive, a acenção de um outro maravilhoso. São Paulo, Companhia das Letras,
renomado sócio do IHGB, o paleontólogo I992; GUIMARÃES, L. M. P. & HOLTEN, B.
dinamarquês Pedro Guilherme Lund, que "Desfazendo as ilusões: o Dr. Lund e a suposra
vivia e fazia pesquisas nas cercanias de Lagoa presençe escandinava na Terra de Sanm Cru.z".
Sanca (Minas Gerais). Tanto assim que LOCUS,Juìz de Fora, I (r)t )Z-44, rgg|;
Lund, interessado na reoria de que os LANGER, l. As cidades imaginárias do Brasil.
escandinavos reriam alcançado o Atlânrico sul Curitiba, Secreraria de Esrado da Cultura, Ippl.
na Antiguidade, traduziu e anorou dois
relatórios de campo do cônego e remeteu-os
para Copenhague, onde foram edicados no
Antiquarisk TidsskJtft, periódico da Real 5)D Confederação do Equador
Sociedade dos Antiquários do Norte (t8+l
r845). O arrebatamenro inicial do "
Em 25 de dezembro de I821, alguns dias
paleontólogo, enrretânro, não resisriu à falta depois da eleição da junra presidida por
de testemunhos mareriais. Aliás, ele mesmo Manuel Carvalho Pais de Andrade, anrigo
admitiria que se deixara seduzir pelo revolucionário de I8ÍT,circulou o primeiro
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Em janeiro de t821, a situação agravou-se.


Contrariando a decisão dos pernambucanos,
no lugar de Manuel de Carvalho, o imperador
nomeara Francisco Paes Barreto, o morgado
do Cabo, como presidence de província,
indicação rejeicada pelas assernbléias
populares que se formaram. Bloqueado o Porto
do Recife, entabularam-se negociações, mas a
notícia da outorga da Constituição acirrou os
ânimos, animados por um imaginário particular
em torno do brio pernambucano, que ali se
constituíra desde a expulsão dos holandeses em
meados do século XVII. De fato, alérn da
concepção autoritária que estabelecia quanto à
relação entre os quetro poderes, a Carca
preservava o centralismo português,
subrnetendo as províncias ao poder do Rio de
Janeiro e impedindo qualquer tipo de
colaboração entre elas, negando a prerrogativa
de os naturais da terra terem preferência na
ocupação dos cargos públicos e proibindo as
províncias de manterern força armada própria.
Nesse ambiente tenso, diante dos rutnores
sobre a parrida de uma expedição Portuguesa
contra o Brasil, D. Pedro I,
Acirna: A bandeira da República Pernarnbucatta de para proteger o Rio de Janeiro, ordenou a
t817. Detalhe do docurnento gue foi levado pelo retirada da esquadra que bloqueava o Porto
republicano Gonçalves da Cruz para os EUA. do Recife, deixando Pernambuco exPosto eos
(lnstituto Histórico e Geográfico Brasileiro) ataques lusitanos, o que foi incerpretado
como mais um ato absolutista, que em nada
se distinguia dos praticados pela antiga
rnetrópole.
número do Tlphis Pernambucano, editado pelo As palavras se inflarnaram ainda mais,
carmelita Joaquim do Amor Divino, o frei conclaman do o Tlphis Pernambucano'. "Eta,
Caneca. Nas páginas do periódico, a Pernambucanosl A nau da pátria está eÌn
indignação com o ato que fechara a perigo, cada um e seu posto, unamo-nos com
Assembléia Constituinte; sua atribuição à as províncias limítrofes. Escolharnos uln
facção portuguesa que cercâve D. Pedro e ao piloto, que mareie a nau ameaçada de
ministério que sucedera ao de José Bonifácio; iminente e desfechada tempestade;
o receio quanto ao restabelecimento do elejarnos um governo supremo, que nos
regime absolutista; e a defesa de urn conduza à salvação e à glória." O resultado
Império liberal que, sem quebrar os for a ConJederação do Equador, proclamada em 2
compromissos assumidos com o de julho de Í824. Conrando com a

Rio de Janeiro, reconhecesse arnpla participação dos proprietários da mata


autonomia parâ as províncias definem norte da província, ligados à produção
o clima vivido etn Pernarnbuco pouco antes da algodoeira, do núcleo comercial do
Confederação do Equador. Recife e de elementos urbanos das camadas
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Congressos Agrícolas r62
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populares, pretendia reunir a pernambuco as Independência à Confederação do Equador. Recrfe,


províncias do Ceará, da Paraíba, do Rio Conselho Estadual de Cultura, 1979; MELLO, E.
Grande do Norte e, possivelmente, do C. de (org.) . Frei Joaquim do Amor Divino Caneca.
Piauí e do Pará, sob a forma de um governo São Paulo, Editora )4, 2oOr; Aferida de
federarivo e republicano. A insurreição Nardso. Ensaio de histíria regional. São paulo, Senac,
n'ranifesrou acirrado sentiÌnenro antilusirano zool.
e ;ìutonomista, observando a inglesa Maria
Graham, em visita ao Recife na época, que
diariarnenre adquiriam força o espírito
republicano e um senrirnenro federalisra. Esre, gl1à Congressos Agrícolas
embora a província tivesse se engajado na
Independência e sido a primeira a socorrer a Os Congressos Agrícolas, realizados no
Bahia para expulser os porrugueses, brorava nordeste fluminense entre março e maio de
das queixas de que todos os rendimenros da I888, demonsrrem bem a perplexidade dos
província continuavan-Ì a ser "sugados" pela proprierários da região quando, após
corte e de que seus narurâis eram dernicidos libertarem seus es crevos, vlram ser aprovado
de maneira arbitrária. Portanto, como insiste no Parlamenro o projeto de abolição sem
Evaldo Cabral de Mello, ao conrrário da indenização ou regulamenração do trabalho
imagem criada pela hisroriografia dos libertos. Surpreendidos pela rapidez da
flurninense do Império, o cerne do mudança de conjunrura após a queda do
programa dos confederados não residia gabinere Cotegipe, a parrir de enrão
nulne solução seperarisra, que dividisse o favorável à libertação dos cativos, esses
Norte republicano do Sul rnonárquico fazendeiros, geralmente produtores de cana
- a ser adotada só em úlcimo caso e café, buscaram reunir-se para desenvolver
-, mes
nurna concepção fèderativa, que unisse o estratégias coletivas de concrole dos
Brasil conrra "a negra perfídia" da conjura libertos, sobrerudo a adoção de medidas
recolonizadora e absolurisra do imperador. comuns de organização da mão-de-obra.
A Confederação do Equador não resisriu, Com a participação de líderes abolicionistas
porérn, à violenta repressão das rropas locais, â preocupação fundamenral dessas
irnperiais, cornandadas por Francisco de reuniões era, segundo Hebe Matros, "evitar
Lima e Silva, que contaram com o apoio que o mercado de trabalho recém-
da região açucareira da mata sul. Inúmeros estabelecido incidisse desvantajosamente
rebeldes foram executados em novembro sobre os ex-senhores, buscando, para isto,
de t824, dentre eles, frei Caneca. (LBPN) uniforrnizar os procedimenros dos
lavradores ern relação eos novos
çSa Remeter trabalhadores, do ponro de visra da
Açucarocracia, Constituição, Frei Caneca, praieira, remuneração e das relações disciplinares".
Províncias, Revolução de t8t7 Esta não foi, porém, uma carefa fácil.
Convocado por lideranças de todos os
** Referências BibliográJicas partidos e conrando com e presença de
ANDRADE, M. C. de (org.). Confederação do abolicionisras históricos como Nilo
Equador. Recife, Massangana, t98B; BRITO, Peçanha, os presentes ao primeiro congresso
L. A gloriosa soraina do Prime iro lmpírio (Frei Caneca). agrícola, reunidos em I8 de rnarço de I88g,
São Paulo, Cia. Editora Nacional, t9l7; apesar de concordarem que somen[e a ação
CANECA, Frei. Acusaçao t deJesa. Org. e conjunta impediria a concorrência pela força
âpresenração de Socorro Ferraz. Recifè, UFPE, de trabalho, não conseguirarn chegar a urn
2OOO; LIMA Sobrinho, B. Pernambuca, àa consenso sobre a rnelhor forma de garantir a

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