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GP para A ADM PÚBLICA - HÉLIO PDF
GP para A ADM PÚBLICA - HÉLIO PDF
GESTÃO DE PESSOAS NA
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
CONTRIBUIÇÕES PARA A
GESTÃO DE PESSOAS NA
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
ORGANIZAÇÃO DE
HÉLIO JANNY TEIXEIRA
IVANI MARIA BASSOTTI
THIAGO SOUZA SANTOS
Copyright © 2013 dos autores
Copyright © 2013 FIA
Governador: Geraldo Alckmin
Secretário de Gestão Pública: Davi Zaia
Unidade Central de Recursos Humanos: Coordenadora: Ivani Maria Bassotti
Edição :
Organização: Hélio Janny Teixeira, Ivani Maria Bassotti e Thiago Souza Santos
Coordenação editorial, produção e edição: Ab Aeterno Produção Editorial
Revisão: Camile Mendrot e Tatiane Ivo
Projeto gráfico e diagramação: Rawiski Comunicação
Vários autores.
Bibliografia.
ISBN 978-85-88377-07-3
13-01249 CDD-354.81
Davi Zaia
Secretário de Gestão Pública
| SUMÁRIO |
1 Governo do Estado de São Paulo. (26 de outubro de 2012). Programa de Reestruturação e Ajuste
Fiscal do Estado de São Paulo. Disponível em: Secretaria da Fazenda — Governo do Estado de São
Paulo: <http://www.fazenda.sp.gov.br/operacoes_credito/ajuste_fiscal/PAF_2012-2014.PDF>.
Acesso em: 5 de janeiro de 2013.
INTRODUÇÃO | 13 |
Proporção Proporção
PODER EXECUTIVO de servidores de gastos
Administração direta 83,9% 74,7%
AJUSTES NECESSÁRIOS
Em 1995, iniciou-se um pesado programa de ajuste fiscal.
Até o ano de 2003, as despesas com pessoal ficaram acima ou no
limite prudencial previsto pela Lei de Responsabilidade Fiscal
(Lei Complementar nº 101, de 4/05/2000). Somente em 2004, o
estado de São Paulo conseguiu cumprir a meta fiscal e ficar abaixo
do referido limite. Um dado relevante a ser observado é que, de
2003 a 2011, a flutuação no número total de servidores não foi
significativa. O total, considerando ativos, inativos e pensionistas,
cresceu 5% nesse período; se considerarmos apenas os ativos, o
aumento é de 2%, o que significa que a maior contribuição para
o aumento global foi o crescimento da proporção de inativos e
pensionistas, como podemos observar no Gráfico I.1.
1.200.000
Total de servidores
1.000.000
800.000
600.000
400.000
200.000
-
2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011
Total Ativo
105.000
100.000
95.000
90.000
85.000
80.000
75.000
70.000
65.000
60.000
55.000
50.000
45.000
40.000
35.000
30.000
25.000
20.000
15.000
10.000
5.000
0
2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011
Orçamento
Despesa de pessoal
[...]
3) Buscar maior eficiência das organizações públi-
cas, melhorando o nível de despesa com pessoal,
que no campo da gestão de recursos humanos
compreende:
I - planejamento da força de trabalho, compatibilizan-
do os quadros de pessoal às estruturas organizacionais;
II - reestruturação das classes e carreiras com carac-
terísticas abrangentes e generalistas, inclusive com
amplitude que se alcance o final em no mínimo
25 anos, e ascensão funcional por mérito e por
competências;
III - ampliação da sistemática de remuneração do
Poder Executivo voltada à gestão de resultados;
IV - revisão da legislação que rege vantagens pecu-
niárias específicas e que sejam incompatíveis com as
normas constitucionais, com o mercado de trabalho
e/ou com a LRF, a exemplo do adicional de insalu-
bridade e do adicional noturno;
V - extinção de cargos e funções-atividades vagos
e/ou considerados não adequados às novas funções
do Estado;
VI - implantar ferramenta que possibilite a con-
solidação das leis que regem o servidor público
estadual, com vistas à edição do novo estatuto do
servidor público estadual;
VII - expansão do processo de certificação ocupa-
cional, por meio de avaliação e desenvolvimento
dos conhecimentos e habilidades básicas, inerentes
| 18 | CONTRIBUIÇÕES PARA A GESTÃO DE PESSOAS NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
PALAVRA FINAL
Boa leitura!
Coerência Horizontal
VISÃO SISTÊMICA E GESTÃO DE PESSOAS | 39 |
COERÊNCIA VERTICAL
Mesarovic, Macko & Takahara (1970) partem da ideia de que a
organização consiste numa família de unidades interativas e hierar-
quizadas de tomada de decisão. Uma questão crítica é a forma de
coordenação dessas unidades, elevando-se a coerência das decisões.
Deve-se compreender como uma caixa ou nível de decisão determina
as decisões do nível inferior, e assim por diante, e também que tipo de
informação retorna de baixo para cima, conforme ilustra a Figura 1.2.
Nível 2 Tático
Nível 3 Operacional
Escalão 1
Escalão 2
Processos
COERÊNCIA HORIZONTAL
A coerência horizontal envolve ajuste entre as partes que intera-
gem trocando recursos e informações em grandes cadeias de clien-
tes/fornecedores internos e externos, conforme ilustração seguinte
(Figura 1.3).
CLIENTE / CLIENTE /
FORNECEDOR CLIENTE
FORNECEDOR FORNECEDOR
EXTERNO EXTERNO
INTERNO INTERNO
Forma? Frequência?
São coerentes
Frequência? com a capacidade
do processador?
São coerentes
com a capacidade Atendem o
do processador? usuário?
VISÃO SISTÊMICA E GESTÃO DE PESSOAS | 41 |
ESTRATÉGIA
CONTEXTO
INTERNO AMBIENTE
GESTÃO DE Enquadramento legal
Estrutura RECURSOS
Cultura Mercado de trabalho
Outros HUMANOS
PESSOAS
RESULTADOS
ESTRATÉGIA
PLANIFICAÇÃO
PROCESSAMENTO
BREVE HISTÓRICO
O Instituto de Assistência Médica ao Servidor Público Estadual
(Iamspe) é “[...] uma entidade autárquica autônoma, sem fins lu-
crativos, com personalidade jurídica e patrimônio próprios. Atual-
mente, está vinculado à Secretaria de Gestão Pública do Estado de
São Paulo”. (Iamspe, 2009, p. 8) Sua finalidade é “Prestar assistência
médica e hospitalar, de elevado padrão, aos seus contribuintes e
beneficiários.” (Iamspe, 2009, p. 8)
Criado como departamento em 1952 (Departamento de
Assistência Médica ao Servidor Público do Estado de São Pau-
lo — Damspe), inaugurou, em 1961, o Hospital do Servidor
Público Estadual (HSPE), tendo-o sob sua responsabilidade até
os dias de hoje. Em 1966, desliga-se do Instituto de Previdência
do Estado de São Paulo (Ipesp), recebendo sua denominação
atual de Iamspe.
Apenas recentemente, em 2008, o instituto é transferido da
Secretaria de Saúde para a Secretaria de Gestão Pública.
O que ser percebe, pelas origens do Iamspe, mas ainda mais na
interação com seus servidores e no contato com o próprio servidor
estadual, é a identificação do instituto com a atividade médica
em si, muito mais do que com um plano de assistência à saúde
em sentido amplo. A força da imagem do Hospital do Servidor, a
excelência dos serviços prestados desde sua fundação (hoje já um
| 52 | CONTRIBUIÇÕES PARA A GESTÃO DE PESSOAS NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
DESTAQUES DO PLANEJAMENTO
ESTRATÉGICO 2008-2010
As declarações estratégicas apresentadas no Planejamento Es-
tratégico 2008-2010 (Iamspe, 2009, p. 9; 18-19) do instituto são
as seguintes:
MISSÃO:
Atuar na promoção da saúde, prevenção de doenças, assistência
e reabilitação dos doentes, garantir o acesso à rede de serviços,
própria ou contratada, por meio da gestão dos recursos, do ensino,
da pesquisa e do aprimoramento, contribuindo para a melhoria da
qualidade de vida dos seus contribuintes e beneficiários.
VISÃO:
Ser reconhecido [...] por oferecer aos seus contribuintes e benefi-
ciários maior cobertura no atendimento com excelência de serviços,
e também como:
VISÃO SISTÊMICA E GESTÃO DE PESSOAS | 53 |
OS 12 OBJETIVOS ESTRATÉGICOS:
Sustentabilidade (a)
1. Promover a sustentabilidade orçamentária e financeira do
Iamspe.
2. Garantir a melhor relação custo/benefício para o usuário.
3. Adotar princípios modernos de governança corporativa.
Sistema de saúde (b)
4. Implantar e consolidar sistema baseado na prevenção das
doenças e na promoção da saúde, equilibrado quanto à prestação
de serviços médico/hospitalares.
5. Atingir sinistralidade menor ou igual a 75%.
6. Descentralizar a prestação de serviços médico/hospitalares.
Qualidade (c)
7. Adotar os critérios de equidade e integralidade na prestação
dos serviços.
8. Instituir eficiente rede de parcerias.
9. Agregar efetivo valor aos usuários.
| 54 | CONTRIBUIÇÕES PARA A GESTÃO DE PESSOAS NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Processos (d)
10. Racionalizar e desburocratizar os processos de atendimento
e de prestação dos serviços.
11. Revisar e adequar os processos de trabalho administrativo.
12. Adequar e ampliar as ações referentes à tecnologia da informação.
DECISÕES SETORIAIS/ORGANIZACIONAIS
• Missão/Visão • Equilíbrio financeiro
• O que fazer vs. O que contratar • Ampliação de rede credenciada
• Como fazer e como contratar • Fortalecimento da gestão de parcerias
• Políticas, objetivos e projetos estratégicos
1.7 REFERÊNCIAS
2.1 INTRODUÇÃO
COMPETÊNCIA
A competência pode ser atribuída a diferentes atores. De um
lado, temos a organização com um conjunto de competências que
lhe são próprias. Essas competências são oriundas da gênese e do
processo de desenvolvimento da organização e são concretizadas
no seu patrimônio de conhecimentos, o qual estabelece as vanta-
gens competitivas da instituição no contexto em que ela se insere.
GESTÃO DE PESSOAS ARTICULADA POR MEIO DE COMPETÊNCIAS | 69 |
PADRÕES DE COMPLEXIDADE
O conceito de complexidade nos permite avaliar o nível da
entrega das pessoas. O conceito de competência não é suficiente
para explicar toda a realidade organizacional, por isso relacionamos
a esse conceito o de complexidade. O entendimento da comple-
xidade fornece uma visão do indivíduo em sua relação dinâmica
com a organização. Esse é um aspecto importante para responder
às críticas e limitações apontadas por autores como Zarifian (2001)
sobre o uso do conceito de competência atrelado à ideia de pos-
to de trabalho ou cargo. No mais, por meio da complexidade é
possível perceber o desenvolvimento da pessoa na organização e
estabelecer as bases para sua valorização.
O conceito de complexidade começou a ser utilizado por Ja-
ques (1994) na década de 1950, que quando procurava entender
as relações organizacionais, e por Dalton e Thompson (1986), na
década de 1970, que buscavam compreender o processo de desen-
volvimento das pessoas nas organizações. Verificamos que, desde a
publicação dos trabalhos pioneiros, as organizações apropriaram-se
progressivamente do conceito em suas iniciativas para aprimorar
os sistemas de gestão de pessoas.
As organizações foram enfrentando dificuldades crescentes para
distinguir e valorizar as pessoas com base em cargos, em função de
novas propostas de organização do trabalho. Por exemplo, até bem
| 72 | CONTRIBUIÇÕES PARA A GESTÃO DE PESSOAS NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
ESPAÇO OCUPACIONAL
O terceiro conceito é decorrente da correlação existente entre
complexidade e entrega. Ao considerarmos que uma pessoa agrega
mais valor à medida que assume responsabilidades e atribuições mais
complexas, concluímos que não é necessário promovê-la para que
possa agregar ainda mais valor. O indivíduo pode ampliar o nível
de complexidade de suas atribuições e responsabilidades sem mudar
de cargo ou posição na organização. Vamos chamar esse processo
de ampliação do espaço ocupacional. Esta acontece em função de
duas variáveis: as necessidades das organizações e a competência da
pessoa em atendê-las, conforme a Figura 2.1:
Necessidades
da organização
ESPAÇO
OCUPACIONAL
NA
Competências ORGANIZACÃO
individuais
e coletivas
2.6 REFERÊNCIAS
AMBIENTE ORGANIZACIONAL
CARACTERÍSTICAS
INDIVIDUAIS COMPORTAMENTO RESULTADOS
NO CARGO ORGANIZACIONAIS
• Inteligência
• Atitudes • Função (habilidade, • Maximização de lucros
• Conhecimento motivação, oportunidades) • Eficiência organizacional
• Temperamento
• Preferências
• Expectativas
(3)
Influências da
organização
A ORGANIZAÇÃO DEVE
PROPORCIONAR
• Informação
• Poder
• Responsabilidade
• Recursos
• Recompensas
DESENVOLVIMENTO
ORGANIZACIONAL
O GESTOR DEVE
DESENVOLVER
HABILIDADES
• Interpessoais
• Gerenciais
• Técnicas
3.4 REFERÊNCIAS
ROBERTO CODA
Doutor e livre-docente em Administração pela
FEA-USP e professor da mesma instituição.
4.1 INTRODUÇÃO
Diferenças individuais
Bowditch (1992) entende que a personalidade é a principal de-
terminante das diferenças individuais. A personalidade refere-se
aos padrões relativamente consistentes e duradouros de percepção,
| 120 | CONTRIBUIÇÕES PARA A GESTÃO DE PESSOAS NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Motivação
Como há ampla gama de teorias motivacionais, desde as clás-
sicas como, por exemplo, a teoria das necessidades de Maslow, até
as contemporâneas, como a da expectância de Vroom (ROBBINS,
2010), serão expostas a seguir somente aquelas que dão suporte ao
presente trabalho, priorizando-se aquelas que enfatizam aspectos
intrínsecos do processo motivacional.
Seja por meio do senso comum, seja intuitivamente, cada pes-
soa possui sua própria concepção do que seja motivação, fazendo
com que o conceito pareça simples. Porém, o assunto é complexo,
discutido em diversas teorias, sendo que nenhuma delas apresenta
respostas definitivas sobre o que fazer para motivar pessoas. Entende-
-se motivação como um estado interior que induz o indivíduo a
assumir determinado tipo de comportamento (SPECTOR, 2002).
Está ligada à intensidade, pois se refere ao esforço que cada indivíduo
realiza para cumprir uma tarefa e à persistência, pois diz respeito ao
seu compromisso em não abandonar determinado comportamento.
Aplicando o conceito de motivação ao trabalho, Robbins (2010,
p. 196) a define como “[...] Processo responsável pela intensidade,
direção e persistência dos esforços de uma pessoa para o alcance de
determinada meta”.
| 122 | CONTRIBUIÇÕES PARA A GESTÃO DE PESSOAS NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Consegue o que é considerado de valor via troca com outras pessoas e tende
a enfatizar os relacionamentos como o único modo de receber coisas e
COLABORADOR eventos positivos, assim como obter sucesso. Mostra desejo de participar de
equipes como forma de autodesenvolvimento pessoal e profissional.
Orientado para pessoas e para a qualidade do processo de trabalho. Gosta de
ajudar os outros a encontrar soluções para os problemas existentes.
Questões de pesquisa
O contexto e a fundamentação teórica apresentados permitem
o estabelecimento das questões de pesquisa deste trabalho, a seguir
identificadas.
QP1 - Há estilo(s) de mobilização (EM) predominante(s) entre os
profissionais da área de gestão de pessoas (RH)?
QP2 - Há diferenças de estilo(s) de mobilização predominante(s)
entre os profissionais da área de gestão de pessoas (RH) que atuam em
organizações de natureza pública e aqueles que exercem suas atividades
em organizações privadas?
ESTILOS COMPORTAMENTAIS DOS PROFISSIONAIS ........................
DA ÁREA DE GESTÃO DE PESSOAS | 131 |
4.4 METODOLOGIA
ETAPAS
A. Formação e análise da amostra setor público
Foram utilizados os dados coletados de 321 profissionais da
área de gestão de pessoas (RH) da Secretaria Municipal de Saúde
da Prefeitura da Cidade de São Paulo (SMS-SP) e de diferentes
secretarias de estado também em São Paulo. Os resultados do diag-
nóstico de orientações motivacionais desses profissionais pertencem
ao banco de dados do Diagnóstico M.A.R.E., sob responsabilidade
do Prof. Dr. Roberto Coda. A coleta foi realizada em programas de
desenvolvimento profissional executados pelo referido professor no
período de 2009 a 2012.
| 132 | CONTRIBUIÇÕES PARA A GESTÃO DE PESSOAS NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
Colaborador 56 14%
Competidor 29 07%
Conquistador 49 12%
Especialista 50 12%
Mantenedor 88 22%
Realizador 34 08%
Colaborador 54 17%
Competidor 19 06%
Conquistador 31 10%
Especialista 34 11%
Mantenedor 70 22%
Negociador 92 29%
Realizador 21 07%
Colaborador 02 02%
Competidor 10 11%
Conquistador 18 21%
Especialista 16 18%
Mantenedor 18 21%
Negociador 10 11%
Realizador 13 15%
Total 87 100%
Colaborador 17% 2%
Competidor 6% 11%
Realizador 7% 15%
4.7 REFERÊNCIAS
1 Este capítulo é uma versão reduzida e modificada do artigo Relações de Trabalho e Gestão
Pública no Brasil Contemporâneo, publicado na Revista do Departamento de Direito do Trabalho e da
Seguridade Social da Faculdade de Direito da USP (v.2, n. 3, jan./jun. 2007)..
RELAÇÕES DE TRABALHO E GESTÃO PÚBLICA........ ... .........
NO BRASIL CONTEMPORÂNEO | 153 |
Isso, porém, não significa que não haja exploração direta do trabalho
pelo Estado. A exploração ocorre na esfera da reprodução do capital, ou
seja, nos processos de serviços e administração voltados à reprodução
social e política do conjunto da sociedade de classes. A taxa de explora-
ção do trabalho no Estado envolve a quantidade de salário em relação
à jornada de trabalho e às condições necessárias de vida em sociedade,
mas não é realizada para produzir, e sim reproduzir o capital.
A questão dos salários informa sobre o padrão de vida dos assa-
lariados. Assim, as políticas de contenção dos gastos públicos para
enfrentar as crises dos Estados capitalistas submetem os funcionários
públicos a permanentes arrochos salariais e deteriorações das suas
condições de trabalho. Qualquer proposta atual sobre um sistema
de relações de trabalho para o setor público depende do encaminha-
mento dessas questões da defasagem e das perdas salariais históricas
e da melhoria das condições gerais de trabalho.
Na condição de assalariado, o trabalhador do setor público, no
caso brasileiro, encontra-se atualmente em três regimes diferentes: 1)
servidor estatutário, sujeito a um regime que significa, na verdade,
“parte do Estado” ou “ocupante de cargo público” — trata-se de
um assalariado possuidor de um cargo com direitos especiais que
reflete em sua identidade, ora visto como servidor público, ora como
trabalhador assalariado; 2) os assalariados ou empregados públicos
que são contratados no regime de mercado ou sob a legislação traba-
lhista, adquirindo a condição de ocupante de emprego público, que,
dependendo da interpretação, pode reivindicar direitos especiais; e
3) servidores ou assalariados temporários e eventuais, que formam
o elo fraco da categoria do Estado porque são trabalhadores que
exercem funções sem vínculos a cargos ou emprego público e sem
qualquer segurança ou estabilidade.
RELAÇÕES DE TRABALHO E GESTÃO PÚBLICA........ ... .........
NO BRASIL CONTEMPORÂNEO | 161 |
Com isso, fica consignado que o setor público, por meio dos
dirigentes eleitos e agentes da “modernização”, necessita reestruturar
| 178 | CONTRIBUIÇÕES PARA A GESTÃO DE PESSOAS NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
5.5 REFERÊNCIAS
6.1 INTRODUÇÃO
ATIVIDADES EXCLUSIVAS
Regulamentação Fiscal, Fomento,
Segurança Pública, Seguridade
Social Básica
SERVIÇOS NÃO-EXCLUSIVOS
Universidades, Hospitais, Publicização
Centros de Pesquisa, Museus
PRODUÇÃO PARA
O MERCADO Privatização
Empresas Estatais
INCERTEZA
ESPECIFICIDADE
DOS ATIVOS
BAIXA MÉDIA ALTA
Contrato ou Contrato ou
MÉDIA Contrato
Integração Vertical Integração Vertical
Contrato ou Contrato ou
ALTA Contrato
Integração Vertical Integração Vertical
AMBIENTE
INSTITUCIONAL
• Aparanto Legal
• Tradição
• Cultura
FORMAS
CARACTERÍSTICAS RESULTANTES DE
BÁSICAS DAS GOVERNANÇA
CONTRATOS
TRANSAÇÕES MINIMIZADORAS DE
CUSTOS DE
• Especificidade TRANSAÇÃO
• Risco
• Frequência
PRESSUPOSTOS
COMPORTAMENTAIS
• Oportunismo
• Racionalidade Limitada
(3)
A confusão em matéria organizatória apresenta repercussões prá-
ticas imediatas, pois (a) estimula demandas judiciais, (b) engendra
indefinição de limites de agir dos órgãos e entidades públicas; (c)
promove atrasos no processo decisório da administração; (d) inibe
os administradores a adotarem iniciativas criativas de gestão, com
receio da responsabilização posterior; (e) acrescenta custos desneces-
sários no desenvolvimento de serviços públicos e sociais da maior
significação pública. (CUNHA Jr, 2011, p. 5).
(4)
O Plano Diretor da Reforma do Aparelho de Estado (PDRAE),
de 1995 (BRASIL, 1995), parte de algumas perguntas básicas: 1)
Qual a missão desta entidade? 2) O Estado deve se encarregar dessa
missão e das respectivas atividades envolvidas? 3) Quais podem
ser eliminadas? 4) Quais devem ser transferidas da União, para os
estados ou para os municípios? 5) E quais podem ser transferidas
para o setor público não estatal? 6) Ou então para o setor privado?
Não parece possível responder a essas perguntas para o Estado ou o
governo como um todo, em qualquer dos níveis ou poderes. Mas,
dada uma organização específica, com autonomia administrativa
suficiente para tal, parece bastante razoável ao menos refletir sobre
essas questões na definição de suas estratégias e estrutura.
(5)
Mas resta a insegurança jurídica para os gestores, sem dúvida.
Normalmente, a autorização legal dando autonomia a um órgão
ou empresa pública para praticar atos de gestão administrativa e
empresarial começa com a fatídica expressão: “Ressalvados os casos
previstos em lei...” Qual a segurança jurídica dos gestores? Pouca
ou nenhuma. Assim, autonomia especial eventualmente dada às
CONTRATUALIZAÇÃO E GESTÃO DE PESSOAS............................
NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA | 223 |
6.6 REFERÊNCIAS
Terceirização e gestão
de pessoas no setor público
7.7 BIBLIOGRAFIA
8.1 INTRODUÇÃO
8.6 REFERÊNCIAS
9.1 INTRODUÇÃO
11 Berheim, B.; Whiston, M. (1986) Common Agency. Econometrica 54(4), 923-42, como
citado por Burgess e Ratto (2003).
| 286 | CONTRIBUIÇÕES PARA A GESTÃO DE PESSOAS NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
O EFEITO CROWDING-OUT14
Diversos autores têm buscado compreender o problema do efeito
crowding-out. Osterloh e Frey (2002) sintetizam argumentos teóricos
e resultados de pesquisas empíricas sobre o assunto. Duas visões
existem a respeito desse efeito.
Segundo a perspectiva da teoria da avaliação cognitiva, o
referido efeito faz que a motivação intrínseca seja substituída
pela intervenção externa, o que é percebido como uma restrição
à autonomia do indivíduo. Este não mais se sente responsável
por determinada atividade, já que ela está sendo “controlada”
e incentivada pelo dinheiro, pela premiação variável. A tarefa
passa a ser orientada não mais pelo prazer, mas pelo dinheiro. O
indivíduo passa, então, a atribuir a responsabilidade do trabalho
para quem está pagando por ele, isentando a si próprio de investir
energia em sua realização.
Já a teoria dos contratos psicológicos argumenta que cada relação de
trabalho inclui um aspecto extrinsecamente motivado (dinheiro) e
um aspecto relacional entre as duas partes. Caso a parte relacional
do contrato seja quebrada, a boa-fé recíproca é colocada em xeque.
Evidências empíricas demonstram que, quando isso ocorre, as partes
no contrato percebem que a realização da tarefa foi transformada
numa simples relação comercial. Por exemplo, quando um super-
visor cumprimenta um empregado por um grande esforço com um
presente simbólico (flores, por exemplo), a motivação intrínseca
desse empregado tende a aumentar porque ele sente que seu esforço
é valorizado. Entretanto, se por algum motivo, o indivíduo percebe
que o gesto do superior serve somente a um objetivo instrumental,
sua motivação intrínseca é afetada negativamente. As flores passam a
16 Uma série de autores confirma essa afirmação: Ingraham, P. W. (1993). Of pigs in pokes
and policy diffusion – Another look at pay-for-performance. Public Administration Review 53:348-
-56, Kellough, J. E.; Haoran, L. (1993). The paradox of merit pay in the public sector: Persistence of a
problematic procedure. Review of Public Personnel Administration 13 (2): 45-64 e Moon, M J. (2000).
Organizational commitment revisited in new public management: Motivation, organizational culture,
sector, and managerial level. Public Performance & Management Review 24, 177-94.
17 ara mais informações sobre esse argumento, ver: François, P. (2000). Public service
motivation‘ as an argument for government provision. Journal of Public Economics 78:275-99, Frank,
S. A.; Gregory, L. 2004. Government employees — Working hard or hardly working? American Review
of Public Administration 34:36-51, e Grand, J. (2006). Motivation, agency, and public policy: Of knights
and knaves, pawns and queens. Oxford: Oxford University Press.
| 294 | CONTRIBUIÇÕES PARA A GESTÃO DE PESSOAS NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
18 Buelens, M.; van der Broeck, H. (2007) An analysis of differences in work motivation
between public and private organizations. Public Administration Review 67: 65-74.
REMUNERAÇÃO VARIÁVEL POR DESEMPENHO NO SETOR PÚBLICO | 295 |
20 van Dooren, W. (2008) Performance indicators: wolf in sheep‘s clothing?, mimeo, como
citado em Pacheco (2009).
| 302 | CONTRIBUIÇÕES PARA A GESTÃO DE PESSOAS NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
9.8 REFERÊNCIAS
ADORINDA LAMANA
Psicóloga e Pedagoga com especialização em
Administração Hospitalar pela Faculdade de Saúde
Pública da USP e Gestão da Atenção à Saúde pela
Fundação Dom Cabral (FDC). Diretora de Gestão
de Pessoas do Instituto da Criança (ICr).
250
200
150
100
50
0
1921
1924
1927
1930
1933
1936
1939
1942
1945
1948
1951
1954
1957
1960
1963
1966
1969
1972
1975
1978
1981
1984
1987
1990
1993
1996
1999
2002
2005
2008
2011
Fonte: Dados brutos da SEADE (Fundação Estadual de Análise de Dados); elaboração dos autores.
$ 17,80 $ 19,40
$ 17,80 $ 19,40
$ 6,40 $ 7,60
$ 3,90 $ 4,30
$ 6,40 $ 7,60
SUS média e alta Saúde $ 3,90SUS
$ 4,30
complexidade suplementar estratégicos
SUS média e alta Saúde SUS
complexidade suplementar estratégicos
Fonte: Dados brutos do ICr (2010, p. 16); elaboração dos autores.
Composição das receitas do ICr (2010)
Gráfico 10.3 Composição
Composiçãodas
dasreceitas
receitasdedoICr
ICr(2010)
(2010)
Saúde
suplementar
Saúde
$ 7,60
suplementar
24%
$ 7,60
24%
SUS
$ 23,70
SUS
76%
$ 23,70
76%
INOVAÇÕES NO ICR
O Instituto da Criança é submetido ao orçamento público do
Estado de São Paulo, com todas as decorrências legais e burocráticas
para aquisição de equipamentos, manejo de cargos e salários e políti-
cas de progressão de carreira que decorrem dessa submissão. Em que
pesem essas limitações (quando se compara com instituições privadas
semelhantes em escopo), o ICr tem consistentemente desenvolvido e
adotado inovações de grande impacto para seus pacientes, familiares
e acompanhantes, entre as quais podemos destacar:
• Assistência ao paciente com abordagem de equipe multidisci-
plinar formada por assistentes sociais, educadores, enfermeiros,
fisioterapeutas, médicos, nutricionistas, psicólogos e terapeutas
ocupacionais.
• Pioneirismo em projetos de humanização do atendimento
médico, com destaque para o projeto Mãe Acompanhante (que
viria a ser adotado como lei alguns anos depois).
• Instituição de serviço de camareira no processo de trabalho
da área de Hotelaria dentro dos hospitais públicos.
• Transplante de fígado intervivos em crianças.
• Prescrição eletrônica completa, incluindo dieta e dosagem de
medicamentos conforme peculiaridades do paciente.
• Modelo de gestão por competências.
• Instituição do Programa de Diagnóstico Amigo da Criança,
que utiliza micrométodos nos procedimentos diagnósticos com
crianças. O programa, cujo mote é: “Mais raciocínio clínico,
menos exames complementares”, abrange desde procedimentos
do time de linha de frente até o desenvolvimento e utilização
de equipamentos especiais. Os pilares do desenvolvido foram
os seguintes:
| 330 | CONTRIBUIÇÕES PARA A GESTÃO DE PESSOAS NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
»» Mãe acompanhante.
»» Método mãe-canguru.
»» Nutrição - Uma Tarde Especial.
»» Oficina de culinária, de dobradura e de artesanato.
»» Ouvidoria.
»» Pet Smile.
»» Posso ajudar.
»» Projeto CRIARTE.
»» Recreação na sala de espera do ambulatório.
»» Sala de descanso para acompanhantes.
»» Sessão pipoca (ITACI).
»» Teatro de fantoches.
»» Uso de vídeo game para assistência à fisioterapia.
»» Uso de brinquedos para orientação sobre procedimentos
de enfermagem.
• Para os colaboradores:
»» Assistência médica.
»» Avaliação física.
»» Blitz postural.
»» Boletim perfeito (reconhecimento de profissionais de
destaque da enfermaria).
»» Caminhada.
»» Comemoração dos aniversariantes do mês.
»» Confraternização de final de ano.
»» Dia feliz (folga no aniversário do colaborador).
»» Exposição de fotos (Projeto Flashes do ICr).
»» Festas temáticas.
»» Flexibilização de horário para facilitar frequência em
cursos de qualificação.
| 338 | CONTRIBUIÇÕES PARA A GESTÃO DE PESSOAS NA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
»» Ginástica laboral.
»» Grêmio recreativo.
»» Jornal da Nutrição.
»» Momento homenagem.
»» Prata da casa.
»» Programa de Calorias Inteligentes.
»» Programa de integração para novos colaboradores.
»» Programa de qualidade de vida.
»» Programa Saia da Rotina.
»» Projeto Mãos que cuidam (convênio com massoterapeutas
que atendem on site).
»» Projeto Speak English.
»» Projeto Viva Leve.
»» Yoga no ICr.
Foram realizadas 118 atividades de humanização durante 2010,
divididas por público e área temática da forma como apresentada
nos gráficos a seguir.
118
44 47
27
Arte e cultura
13% Gestão
Fest. e EV. comemorativos
38% Ambiência
22%
Educação permanente
Acolhimento
7% Outro
14% 4%
2%
10.5 REFERÊNCIAS