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DIREITO PENAL IV

1. APLICAÇÃO DA PENA
2. CONCURSO DE CRIMES
3. SUSPENSÃO CONDICIONAL DA PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE –
SURSIS
4. LIVRAMENTO CONDICIONAL
5. EFEITOS DA CONDENAÇÃO
6. AÇÃO PENAL
7. PUNIBILIDADE
8. PRESCRIÇÃO

1. APLICAÇÃO DA PENA

INDIVIDUALIZAÇÃO LEGISLATIVA – ao elaborar o tipo penal incriminador, é o legislador o


primeiro a fixar os valores mínimo e máximo para a pena, bem como os regimes e
benefícios possíveis.

INDIVIDUALIZAÇÃO JUDICIAL – processo de concretização da pena feito elo juiz no


momento da sentença condenatória.

INDIVIDUALIZAÇÃO EXECUTÓRIA – processo de acompanhamento do cumprimento da


pena do condenado, conduzido pelo juiz da execução criminal, podendo ser alterado o
montante da pena, o regime de cumprimento e os benefícios concedidos.

FASE JUDICIAL:
É o método judicial de discricionariedade juridicamente vinculado, visando à
suficiência para prevenção e reprovação da infração penal.

FASES DO CÁLCULO DA PENA

1ª FASE: CIRCUNSTÂNCIAS JUDICIAIS (art. 59, caput, CP)

- CULPABILIDADE
- ANTECEDENTES
- CONDUTA SOCIAL
- PERSONALIDADE
- MOTIVOS DO CRIME
- CIRCUNSTÂNCIAS DO CRIME
- CONSEQUÊNCIAS DO CRIME
- COMPORTAMENTO DA VÍTIMA

Lembrete:
Antecedentes (condenação com trânsito em julgado, que não gera mais reincidência).
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SEGUNDA FASE: CIRCUNSTÂNCIAS LEGAIS AGRAVANTES E ATENUANTES – arts. 61 a 66


CP

- As AGRAVANTES estão previstas nos artigos 61 e 62 e as ATENUANTES nos arts.


65 e 66 CP. Circunstâncias legais genéricas porque estão na parte geral do Código, sendo
aplicáveis a todos os delitos. As agravantes são taxativas.

- AGRAVANTES APLICÁVEIS AOS CRIMES DOLOSOS: art. 61, II CP.


- Agravantes em concurso de pessoas: artigo 62, I a IV.

- ATENUANTES: art. 65 CP: As atenuantes genéricas necessariamente abrandam o


rigor da pena, mas as hipóteses da lei não são taxativas, porque o art. 66 CP permite ao juiz
a atenuação da pena em razão de circunstância relevante, ainda que não expressamente
prevista (chamadas de atenuantes inominadas).

Lembretes:

a) Confronto entre agravantes e atenuantes (art. 67 CP): são sugestões para garantir um
equilíbrio entre as agravantes e atenuantes. Porém, não é uma operação aritmética,
podendo o juiz valorar como entender mais apropriado o confronto, desde que o faça,
sempre, fundamentando a sua convicção.

b) São preponderantes: motivos determinantes do crime, personalidade do agente e


reincidência.

c) A análise da personalidade é fundamental para descobrir quais agravantes ou


atenuantes devem preponderar umas sobre as outras.

d) REINCIDÊNCIA: art. 61, I, e art. 63 CP. A condenação anterior não prevalece para fins de
reincidência depois de 5 anos da data do cumprimento da pena, computando-se nesse
prazo o período de prova do sursis ou do livramento condicional, se não tiver ocorrido
revogação do benefício. A reincidência só se prova por certidão judicial da sentença
condenatória transitada em julgado.

- Lembrete:

- Reincidência real: o sujeito pratica a nova infração após cumprir, total ou


parcialmente, a pena imposta em face do crime anterior.

- Reincidência ficta: existe com a simples condenação anterior (adotada no art. 63


do CP).

- A nossa legislação exige sentença transitada em julgado.


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TERCEIRA FASE: CAUSAS DE AUMENTO (MAJORANTES) E CAUSAS DE DIMINUIÇÃO


(MINORANTES)
- O juiz analisa as causas de aumento ou de diminuição, genéricas ou especiais, a
fim de determinar a pena definitiva.

2. CONCURSO DE CRIMES

- Ocorre concurso de crimes quando um ou vários agentes praticam dois ou mais


delitos, mediante unidade ou pluralidade de ações ou omissões.

Sistemas Doutrinários do Concurso de Crimes:

a) SISTEMA DE CÚMULO MATERIAL: as penas dos vários crimes devem ser somadas;

b) SISTEMA DA EXASPERAÇÃO DA PENA: aplica-se a pena do crime mais grave,


aumentada de uma determinada quantidade em decorrência dos demais crimes.

*O Código Penal adotou apenas dois destes sistemas, o do cúmulo material e da


exasperação da pena.

CONCURSO MATERIAL

- Conceito - artigo 69 do Código Penal, ocorre concurso material quando o agente,


mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não. Ex:
o sujeito pratica homicídio e para garantir a impunidade oculta o cadáver. Há concurso
material entre o homicídio (art. 121 CP) e ocultação de cadáver art. 211 CP).

- Requisitos - Para que haja concurso material de crimes, deve haver por parte do
agente uma pluralidade de conduta (mais de uma ação ou omissão) e ainda, uma
pluralidade de infrações penais como resultado das condutas.

- Espécies - “homogêneo” quando os crimes são idênticos e “heterogêneo”, quando


os crimes são diferentes.

- Aplicação da Pena - as penas privativas de liberdade correspondentes a todos os


crimes serão cumuladas, isto é, somadas aritmeticamente.

- Não se pode deixar de lado o limite máximo de cumprimento de pena privativa de


liberdade no Brasil, que é de trinta anos, conforme artigo 75 do Código Penal.

- Sendo aplicadas penas de reclusão e de detenção, executa-se primeiro as de


reclusão (art. 69, “caput”, parte final).
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CONCURSO FORMAL

- Ocorre quando o agente, ou os agentes, mediante uma única ação ou omissão,


pratica dois ou mais crimes. É o que verificamos no artigo 70. ‘caput’, do Código Penal. Sua
diferença para o concurso material está no fato de possuir uma única conduta. Ex: um
motorista de ônibus, conduzindo-o imprudentemente, perde o controle do coletivo e
colide contra outro automóvel provocando a morte de dez pessoas.

- Espécies - pode ser homogêneo e heterogêneo.

- O concurso formal também pode ser perfeito, também conhecido por próprio (art.
70, caput, 1ª parte) e imperfeito, também conhecido por impróprio (2ª parte).

- Aplicação da pena - Para o caso de CONCURSO FORMAL PERFEITO, a aplicação da


pena segue duas regras:

- se as penas cominadas para os diversos crimes forem idênticas, aplica-se uma


delas aumentada de um sexto até metade;

- se as penas cominadas para os diversos crimes não forem idênticas, aplica-se a


mais grave, aumentada de um sexto até metade.

- Já no CONCURSO FORMAL IMPERFEITO, a pena é cumulativa, como ocorre no


concurso material, pois aqui leva-se em conta a intenção do agente. Há desígnios
autônomos (= dolo direto).

- O parágrafo único do artigo 70 estabelece que a pena a ser aplicada no concurso


formal, não pode ser superior a que seria aplicada em caso de concurso material. Tal
dispositivo visa impedir injustiças e determinar o bem senso na dosagem da pena. Assim,
se num acidente automobilístico, houvesse um homicídio culposo e uma lesão corporal leve,
sem a inobservância do disposto no parágrafo em estudo, a pena a ser aplicada ficaria bem
acima do que se aplicaria no concurso material.

CRIME CONTINUADO

- Conforme o artigo 71 do C.P., diz-se continuado o crime quando o agente,


mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes da mesma espécie e,
pelas condições de tempo, lugar, maneira de execução e outras semelhantes, devem os
subsequentes ser havidos como continuação do primeiro. Ex: uma empregada doméstica
visando subtrair o faqueiro de sua patroa, decide furtar uma peça por dia, até ter em sua
casa o jogo completo.

- Requisitos do crime continuado:

Pluralidade de condutas = o agente deve praticar duas ou mais condutas, caso contrário
poderá haver, no máximo, concurso formal (de conduta única);
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Pluralidade de crimes de mesma espécie: são os crimes previstos no mesmo tipo penal,
que possuem os mesmos elementos descritivos, abrangendo as formas simples,
privilegiadas e qualificadas, tentadas ou consumadas;

Nexo da continuidade delitiva = a existência de nexo entre as diversas infrações penais


devem ser apurada pelas circunstâncias de tempo, lugar, modo de execução, dentre outras
semelhantes. Estas circunstâncias são apenas elementos fornecidos pela lei para orientar o
julgador na apuração da continuidade delitiva, não havendo a necessidade da presença de
todas, para a configuração da continuidade, desde que fique demonstrada pelas
semelhantes existentes. Adverte Cezar Roberto Bitencourt, que estas circunstâncias não
devem ser analisadas individualmente, mas no seu conjunto.

Condições de tempo = diz respeito ao aspecto cronológico, estabelecendo


determinada periodicidade entre as condutas delituosas.

Condições de lugar = diz respeito à conexão espacial dos crimes, ou seja, os crimes
devem ser praticados em uma determinada região ou localidade, não se admitindo a
continuidade quando as infrações sejam praticadas em locais distantes uns dos outros.

Modo de execução = diz respeito à forma, ao estilo, o “modus operandi” do


agente na prática das infrações.

Outras condições semelhantes = sob esta expressão, a lei faculta ao operador do Direito
a verificação de qualquer outra circunstância que possa apontar para a continuidade
delitiva.

Aplicação da pena no crime continuado:

- No caso do caput, existem duas regras estabelecidas: a) tratando-se de penas


idênticas, aplica-se uma só delas, aumentada de 1/6 a 2/3; b) tratando-se de penas
diferentes, aplica-se a mais grave, aumentada de 1/6 a 2/3.

- CRIME CONTINUADO QUALIFICADO:


- No tocante ao parágrafo único, aplica-se uma das penas se idênticas ou a mais
grave se diferentes, aumentada de 1/6 até o triplo. O parágrafo único trata de crimes que
lesam bens personalíssimos: vítimas diferentes (se for a mesma vítima, incidirá no caput do
art. 71 CP); crimes dolosos; emprego de violência e grave ameaça à pessoa.

ERRO NA EXECUÇÃO (aberratio ictus)

Significa que o agente, por acidente ou erro na utilização de meios executórios,


termina atingido pessoa diversa da pretendida. Responde (cfe. art. 73 CP), como se tivesse
acertado a pessoa desejada. Aproveitam-se todas condições e qualidades da vítima
potencial (art. 20 par. 3º CP, de uso recomendado para tal caso).

Lembretes:
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a) O art. 73 CP menciona ACIDENTE (infortúnio) ou erro no manejo dos


instrumentos de execução, podendo simbolizar tanto culpa como um incidente. Neste
último caso, é mais um resquício da responsabilidade penal objetiva, que merece
cuidadoso exame pelo juiz.

b) O erro na execução, cfe. art. 73 CP, abrange somente pessoas (troca-se uma por
outra, mas não envolve objetos, animais e outros).

RESULTADO DIVERSO DO PRETENDIDO (aberratio criminis)

O agente, por acidente ou equívoco no uso dos meios de execução, termina


atingindo coisa ou animal em lugar de pessoa. Pode também atingir pessoa, quando
intentava alcançar animal ou coisa. Nessas situações, não há um simples aproveitamento
de dolo, como se dá na figura do art. 73 CP, determinando que o autor responde como se
tivesse atingido a vítima desejada. Há profunda alteração do elemento subjetivo do crime.
O agente quer matar ser humano, erra o tipo, matando animal. Quer eliminar animal, erra
o disparo, matando ser humano. Diz o art. 74 CP: “o agente responde por culpa, se o fato é
previsto como crime culposo; se ocorrem ambos os resultados (o pretendido e o errado),
aplica-se o concurso formal”.

Exemplo 1:
A dispara contra B
C é atingido por erro na execução
A responde como se tivesse atingido B.

Exemplo 2:
A dispara contra B
B é atingido como desejado
C é atingido por erro na execução
A responde pelo crime contra B, em concurso formal pelo segundo resultado causado em
C.

Exemplo 3
A pretende matar B, sua esposa, erra o tiro e atinge C, letalmente, responde como se
tivesse praticado homicídio contra B, com a agravante de crime contra cônjuge.

3. SUSPENSÃO CONDICIONAL DA PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE – SURSIS

- Benefício que consiste na suspensão da execução da pena privativa de liberdade


por determinado tempo (chamado período de prova), durante o qual o condenado deve
sujeitar-se a algumas condições. Findo esse prazo sem que tenha sobrevindo causa de
revogação do benefício, será declarada a extinção da pena. A análise do cabimento do
sursis tem caráter residual, sendo precedida pela avaliação sobre a substituição por
restritiva de direitos, que, em tese, é mais benigna ao condenado (art. 77, III c/c art. 44 CP).
O sursis não se aplica às penas restritivas de direitos nem à multa (art. 80 CP).
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- REQUISITOS:
- quantidade da pena: até 2 anos
- não reincidência em crime doloso;
- circunstâncias judiciais favoráveis ao agente;
- impossibilidade da substituição da pena por restritivas de direito.

- SURSIS HUMANITÁRIO: agente maior de 70 anos, na data da sentença, ou


gravemente enfermo – sursis 4 a 6 anos – pena de até 4 anos.

- PERÍODO DE PROVA E CAUSAS DE REVOGAÇÃO: o período probatório da


suspensão condicional, em regra é de 2 a 4 anos, ou 4 a 6 anos.

- CAUSAS DE REVOGAÇÃO OBRIGATÓRIA: art. 81, I, II e III CP. CAUSAS


FACULTATIVAS DE REVOGAÇÃO: art. 81 § 1º CP. A revogação do sursis só pode ocorrer
mediante prévio procedimento judicial (vara de execuções), com garantia do devido
processo legal e ampla defesa do réu.

4. LIVRAMENTO CONDICIONAL

- Antecipação provisória da liberdade, a qual é concedida sob certas condições, ao


sentenciado que está cumprindo pena privativa de liberdade.

- REQUISITOS OBJETIVOS: natureza e quantidade da pena: condenação à PPL igual


ou superior a 2 anos; ter o agente cumprido parte da pena que lhe fora imposta. Quando o
apenado não for reincidente, basta o cumprimento de mais de 1/3 da pena. Sendo
reincidente mais da metade. Em se tratando de condenado por crime hediondo, prática de
tortura, tráfico ilícito de entorpecente, terrorismo, exige-se o cumprimento de mais de 2/3
da pena e que o réu não seja reincidente em crime dessa natureza; ter o sentenciado
reparado o dano causado pela infração penal, salvo impossibilidade de fazê-lo.

- REQUISITOS SUBJETIVOS: comportamento satisfatório durante a execução da


pena; bom desempenho do trabalho que lhe for atribuído; demonstrar aptidão para prover
a própria subsistência mediante trabalho honesto; demonstrar por suas condições pessoais
que não tornará a delinquir, desde que tenha sido condenado por crime doloso cometido
com violência ou grave ameaça à pessoa.

- DURAÇÃO DO LIVRAMENTO CONDICIONAL: é o tempo restante da PPL a ser


cumprida. Ex: condenado a 12 anos reclusão, obtém LC condicional ao atingir 5 anos de
cumprimento da pena, o tempo do benefício será 7 anos.

- REVOGAÇÃO DO LC: art. 86 CP – obrigatória e art. 87 CP – revogação facultativa.


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5. EFEITOS DA CONDENAÇÃO

- O efeito principal é submeter o condenado à execução da pena imposta e aos seus


efeitos secundários (reincidência, interrupção da prescrição, revogação do livramento
condicional, etc.), a sentença penal ainda produz outras consequências não penais (cíveis e
administrativas), chamadas de efeitos genéricos e específicos da condenação (arts. 91 e 92
do CP). Muitos destes efeitos extrapenais estão previstos em legislações especiais (ex. Lei
11.343/2006), motivo pelo qual o rol previsto no Código Penal é tão somente
exemplificativo.

- Os efeitos genéricos (art. 91, CP) incidem sobre todos os casos e não precisam
estar especificados na sentença (são automáticos).

- Já os efeitos específicos devem ser expressamente declarados na sentença (art.


92, §único do CP) e só ocorrem em casos particulares.

- EFEITOS GENÉRICOS (art. 91, CP):


- DEVER DE INDENIZAR
- CONFISCO DOS INSTRUMENTOS E PRODUTOS DO CRIME EM FAVOR DA UNIÃO.
- SUSPENSÃO DOS DIREITOS POLÍTICOS: A CF/88 em seu artigos 15, inc. III e art.
53, VI, prevê que a condenação penal transitada em julgado implicará na perda dos direitos
políticos enquanto durarem os efeitos da condenação.

- EFEITOS ESPECÍFICOS (Art. 92, parágrafo único CP)

- PERDA DE CARGO, FUNÇÃO PÚBLICA OU MANDATO ELETIVO. Ex: Crimes


previstos nos arts. 312 e 326 do CP.

- INCAPACIDADE PARA O EXERCÍCIO DO PODER FAMILIAR, TUTELA OU CURATELA -


Sempre que se trate de crime doloso punido com pena de reclusão praticado contra filho,
tutelado ou curatelado. Ao prever este efeito a sentença deverá justificar sua
necessidade/adequação fundamentadamente.

- INABILITAÇÃO PARA DIRIGIR VEÍCULO - Quando utilizado como meio para a


prática de crime doloso que somente será cancelado por meio de reabilitação criminal. No
caso de crime culposo caberá apenas a aplicação da pena restritiva de direito similar e
prevista no CTB.

6. AÇÃO PENAL – arts. 100 a 106 CP

- DA PERSECUÇÃO PENAL
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- Ação penal: é o direito de invocar-se o Poder Judiciário no sentido de aplicar o


direito penal objetivo; pode ser pública ou privada.

- Ação penal pública: é pública quando a titularidade da ação penal pertence ao


Estado, isto é, quando o direito de iniciá-la é do Estado; possui duas formas: ação penal
pública incondicionada e ação penal pública condicionada.

- Ação penal pública incondicionada: é incondicionada quando o seu exercício não


se subordina a qualquer requisito; significa que pode ser iniciada sem a manifestação de
vontade de qualquer pessoa.

- Ação penal pública condicionada: é condicionada quando o seu exercício depende


de preenchimento de requisitos; possui duas formas:
- condicionada à representação;
- condicionada à requisição do Ministro da Justiça; nos dois casos, a ação penal não
pode ser iniciada sem a representação ou a requisição ministerial.

- Ação penal privada: é privada quando a titularidade da ação penal pertence ao


particular, isto é, quando o direito de iniciá-la pertence à vítima ou seu representante legal;
possui duas formas:
- ação penal exclusivamente privada;
- ação penal privada subsidiária da pública; a primeira ocorre quando o CP
determina que a ação penal é exclusiva do ofendido ou de seu representante legal; na
segunda, embora a ação penal continue de natureza pública, permite-se que o particular a
inicie quando o titular não a propõe no prazo legal.

- Representação: é a manifestação de vontade do ofendido ou de seu


representante legal.

- Ação penal no concurso de crimes: quando há concurso formal entre um crime de


ação pública e outro de ação penal privada, o órgão do MP não pode oferecer denúncia em
relação aos dois; cada ação penal é promovida por seu titular, nos termos do art. 100,
caput, CP. O mesmo ocorre no concurso material e nos delitos conexos.

7. PUNIBILIDADE

- É a possibilidade de efetivação da pretensão individual e concreta na qual o direito


de punir se transforma com a prática do crime. Condição indispensável para a imposição da
pena.
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- EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE: art. 107 CP. A extinção da punibilidade é o


desaparecimento da pretensão punitiva ou executória do Estado em razão de causas
previstas em lei. Nessas hipóteses, embora já praticado o delito, resta inviabilizada a
aplicação ou a execução da sanção penal. Não há, portanto, extinção do crime, mas a
renúncia do Estado ao exercício do jus puniendi. Por isso, embora prejudicada a imposição
da pena, podem permanecer os demais efeitos civis e criminais da condenação.

- CAUSAS DE EXTINÇÃO:

- MORTE DO AGENTE: art. 5º XLV, CF, comprovada por certidão de óbito.

- ANISTIA, INDULTO COLETIVO, INDULTO INDIVIDUAL (graça), PERDÃO JUDICIAL.

ANISTIA INDULTO INDULTO PERDÃO


COLETIVO INDIVIDUAL OU JUDICIAL
GRAÇA
Concessão Congresso Presidente da Presidente da Juiz de Direito
Nacional República República ou Tribunal
Meio Lei Decreto Decreto Decisão,
sentença ou
acórdão
Abrangência Fatos Condenados Condenado Indiciado ou
considerados em número específico réu
criminosos - indeterminado
Volta-se a FATOS
não pessoas

Formas e Condicionada Condicionado Condicionado Incondicionado


condições ou ou ou e total
incondicionada incondicionado incondicionado
Geral ou parcial Total ou parcial Total ou parcial
Irrestrita ou
limitada

PARTICULARIDADES:

ANISTIA
a) Pode ocorrer antes de condenação definitiva (anistia própria) ou depois (anistia
imprópria).
b) Possui efeito ex tunc e agrega ação e condenação, bem como elimina registro na folha
de antecedentes.
c) Destina-se, principalmente, a crimes políticos.
d) Não cabe a crimes hediondos e equiparados a hediondo.
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INDULTO COLETIVO E INDULTO INDIVIDUAL (GRAÇA)


a) Podem ocorrer antes da condenação, desde que haja, pelo menos, trânsito em julgado
para a acusação, ou depois (forma mais comum).
b) Depende da vontade discricionária do Presidente da República, que ora o concede para
garantir um mero esvaziamento de cárceres, ora por entender ser instrumento de política
criminal para incentivar o bom comportamento dos condenados.
c) São vedados a crimes hediondos e equiparados. Há polêmica doutrinária quanto ao
indulto coletivo.

d) COMUTAÇÃO: ocorre quando perdoa ou desconta parte da pena total, ou nos casos de
substituir pena de maior gravidade por uma de maior gravidade por uma de menor
gravidade.

PERDÃO JUDICIAL
a) O Judiciário deve respeitar os requisitos impostos por lei para conceder o perdão.
Inexiste possibilidade de ampliação de clemência, por analogia.
b) O rol das hipóteses de perdão é extenso e há dispositivos tanto na parte especial
quanto na legislação penal especial.

ABOLITIO CIMINIS: retroatividade de lei que não mais considera o fato como crime.
Ocorre a retroatividade da lei mais benéfica. Ex: crimes de adultério, sedução.

DECADÊNCIA – perda do direito de ingressar com a ação privada ou de representação por


não ter sido exercido no prazo legal. Atinge o direito de punir do estado (indiretamente)
prazo 6 meses art 103 CP.

RENÚNCIA E PERDÃO:

FATO – ação privada (ex: 6 meses Prazo fatal para ingressar


crimes contra a honra) com a ação penal, sob
pena de decadência
RENÚNCIA

AÇÃO PENAL PRIVADA Sentença condenatória


(ex: crimes contra a com trânsito em julgado:
honra) limite para o perdão ser
concedido
PERDÃO
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- RENÚNCIA: é a desistência da propositura da ação penal privada, ocorre antes do


ajuizamento da ação penal. Não depende de aceitação do agente. Extingue a punibilidade
do ofensor. Forma: expressa (por termo ou petição) ou implícita (reconciliação com
ofensor).

- PERDÃO: é a desistência do prosseguimento da ação penal privada propriamente


dita. Deve ser aceito pelo querelado (ofensor). Se positiva a resposta, extingue-se a
punibilidade do agente. Forma: expressa (petição) ou implícita (reconciliação com ofensor).

- PEREMPÇÃO – sanção processual pela inércia do particular na condução da ação


penal privada, impedindo-o de prosseguir na demanda. Instituto aplicado somente à AÇÃO
PENAL PRIVADA EXCLUSIVA (não da subsidiária da pública). Art 60 CPP. Ex: o querelante
deixa de promover o andamento do processo durante trinta dias seguidos.
- RETRATAÇÃO: ato pelo qual o agente reconhece o erro que cometeu e o denuncia
à autoridade, retirando o que anteriormente havida dito. Pode ocorrer, por exemplo, nos
crimes de calúnia e difamação (art. 143 CP); falso testemunho art. 342, § 2º CP). Aceita-se
até o trânsito em julgado de sentença condenatória.

8. PRESCRIÇÃO

CONCEITO: do direito de punir (ou de executar a pena) do Estado, pelo decurso


do tempo, conforme prazos fixados em lei. Em prol da existência da prescrição,há várias
teorias: a) esquecimento: após o decurso de certo tempo, a lembrança do delito apaga-se
da memória da sociedade, não existindo razão para punir o agente; b) expiação moral: o
decurso do tempo provoca no agente a expectativa de ser preso, o que já lhe serve de
punição; c) emenda: o passar do tempo permite que o agente se recomponha, alterando
seu comportamento e não mais necessitando da pena para isso; d) dispersão das provas: o
decurso do tempo faz desaparecer as provas,o que torna a punição temerária, passível de
erro judiciário; e) psicológica: o criminoso, com o passar do tempo, transforma-se
interiormente,não mais fundamentando a aplicação da reprimenda.

CRIMES IMPRESCRITÍVEIS

Art 5º CF: Racismo (XLII); Ação de grupos armado, civis ou militares contra a
ordem constitucional e o estado democrático (XLIV).

ESPÉCIES DE PRESCRIÇAO

 PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA (da ação)

 PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO EXECUTÓRIA (da condenação)

1ª) PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA – art. 109 CP – ANTES de transitar em julgado


a sentença final. Acarreta a perda da pretensão punitiva. Fica extinta a própria pretensão
do Estado de obter uma decisão a respeito do fato apontado como criminoso. Não implica
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responsabilidade ou culpabilidade do agente, não lhe marca os antecedentes, nem gera


futura reincidência.

É regulada pelo MÁXIMO DA PENA PREVISTA (COMINADA) EM ABSTRATO para o crime e


verifica-se nos prazos dos incisos I a VI do art. 109 CP.

2ª) PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO EXECUTÓRIA - art. 110 CP - ocorre DEPOIS de transitar


em julgado a sentença condenatória (art. 110 caput) e produz a perda do direito de
EXECUÇAO da pena. Seus efeitos são diferentes, pois a pretensão punitiva foi declarada
procedente, e apenas não haverá o cumprimento da pena principal, persistindo as
conseque4ncias secundarias da condenação, inclusive eventual reincidência.

OPORTUNIDADE DE DECLARAÇÃO DA PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA – art. 61


CPP - é matéria de ordem pública. Pode ser decretada em qualquer fase do processo, de
ofício ou a requerimento das partes.

PRESCRIÇÃO DA PENA DE MULTA – 2 anos (art. 114 CP).

ART 119 – CONCURSO MATERIAL, FORMAL E CRIME CONTINUADO – ainda que constem
na denúncia, queixa, pronúncia ou sentença recorrível, não se computam a soma das penas
do concurso material nem os aumentos correspondentes ao concurso formal ou
continuidade delitiva.

TABELA DOS PRAZOS PRESCRICIONAIS

Penas (em abstrato ou em concreto) Prazo


Inferior a um ano 3 anos
1 a 2 anos 4 anos
Mais de 2 anos até 4 anos 8 anos
Mais de 4 anos até 8 anos 12 anos
Mais de 8 anos até 12 anos 16 anos
Superior a 12 anos 20 anos

Exceção 1: réu menor de 21 anos na data do fato ou maior de 70 anos na data da


sentença (art. 115 CP). – prazos prescricionais serão reduzidos de metade.
Exceção 2: réu reincidente no caso de prescrição da pretensão executória da pena (art.
110, caput, parte final e Súmula 220 STJ) - aumento de 1/3 no prazo prescricional.

Exemplos:
PRESCRIÇÃO EM ABSTRATO - art. 129, § 1º CP – reclusão de 1 a 5 anos – prescrição 12
anos – consuma-se a prescrição em 12 anos se não houver nenhuma causa interruptiva
neste período (art. 117 CP).
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PRESCRIÇÃO EM CONCRETO - art. 129, § 1º CP – reclusão de 1 a 5 anos. Pena aplicada na


sentença condenatória: 1 ano e 5 meses. Base de cálculo: é a pena aplicada, com trânsito
em julgado da decisão para o MP ou improvido seu recurso. Prazo da prescrição: 4 anos.

PRESCRIÇAO DAS PRD - Art 109, parágrafo único – os mesmos prazos previstos para a PPL
são aplicáveis às PRD.

PRESCRIÇÃO INTERCORRENTE (SUBSEQUENTE OU SUPERVENIENTE) – é o cômputo do


prazo prescricional entre a sentença condenatória, com trânsito em julgado para a
acusação, ou quando improvido seu recurso, levando em conta a pena em concreto, até o
trânsito em julgado para a defesa (art. 110 §1º CP).

TERMOS INICIAIS DA PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA (art. 111 CP)


a) do dia em que o delito se consumou;
b) no caso de tentativa, da data em que findou a atividade criminosa;
c) nos delitos permanentes, da data em que cessou a permanência;
d) nos delitos de bigamia e falsificação ou alteração de assento do registro civil, do dia em
que o fato se tornar conhecido.

TERMOS INICIAIS DA PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO EXECUTÓRIA (art. 112 CP)


a) da data em que transitar em julgado a decisão condenatória
O termo inicial será da data da denuncia ou queixa e não a data do recebimento dessas
peças

CAUSAS SUSPENSIVAS DA PRESCRIÇÃO

Na SUSPENSÃO DA PRESCRIÇÃO o tempo decorrido antes da causa é computado no


prazo.

Cessado o efeito da causa suspensiva, a prescrição recomeça a correr computando-se o


tempo decorrido antes dela.

CAUSAS INTERRUPTIVAS DA PRESCRIÇÃO

Na INTERRUPÇÃO DA PRESCRIÇÃO, o tempo decorrido antes da causa não é computado


no prazo, que começa a correr por inteiro. TODO O PRAZO COMEÇA A CORRER
NOVAMENTE DO DIA DA INTERRUPÇÃO.

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