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De escraw a liberto
Qw difícil ccinnobo
Governo do Estado do Rio Grande do Sul — 1988
Conselho Estadual de Desenvolvimento Cultural/CODEC
Instituto Estadual do Livro
De escrow a liberto
oro difícil caroiobo
instituto
Estaiiuaí
do Livro
Porto Alegre
1988
Pesquisa e textos
SandraJatahyPesavento (coord.),
LgiaKetzer Fagundes,
Lizete Oliveira Kummer e Maria Stephanou,
Departamento deHistória, Instituto deFilosofia e Ciências Humanas, Universidade Federal doRio Grande doSul.
Maria Angélica Zubarán Izu Sailer
e NairaVasconcellos,
Secretaria de Educação doEstado do Rio Grande doSul.
ImaraLuiza Schneider,
Maria Luiza Morsch
e Maria EuniceMaciel,
Museu Antropológico, Conselho Estadual de Desenvolvimento Cultural
Reproduções fotográficas
Joselito Luiz Araújo,
Museu Universitário, Universidade Federaldo RioGrandedo Sul.
Editoração
VeraRegina Morganti,
Instituto Estadual do Livro, Conselho Estadual de Desenvolvimento Cultural.
Capa, trabalho sobre a foto "Negros ex-esaavos trabalhadores dasdocas dePorto Alegre"
Gerson Candeloro
Planejamento gráfico
Gerson Candeloro
Companhia Riograndense de Artes Gráficas
Revisão
Suzana Kanter,
Instituto Estadualdo Livro, ConselhoEstadualde Desenvolvimento Cultural.
CDU 326(81)"1850/1888"
326(81=%)
323.118(81=%)
301.172.1(81 =%)
Catalogação elaborada pela Bi
blioteca Pública do Estado em
04.11.1988
Onegro na África 9
Aescravidão no Brasil 27
Os caminhos da abolição 65
Depois da abolição 97
APRESENTAÇÃO
Ao longo da segunda metade do século XIX, uma questão con
centrou as preocupações das elites brasileiras: encontrar novas formas»
de subordinação do trabalhador ao capital frente à desagregação da or
dem escravocrata. Processava-se no país a transição capitalista, impli
cando, por um lado, o assentamento das bases materiaisdo mundo ca
pitalista de produção e, por outro, a estruturação de um aparato
político-administrativo e também ideológico, para a legitimação da no
va ordem burguesa emergente.
Aquestão nuclear deste processo em curso foi a passagem da for
çade trabalho escravo para a força de trabalho assalariado, trânsito que
implicou a conformação de um mercado de trabalho livre e a elabora
ção de novas formasde dominação.
Trata-se, pois, de um longo processo, não concluído na data oficial
de 13 de maio de 1888, que extinguiu a escravidão no país. Suas ori
gens também não se situam no ano de 1850, quando o governo impe
rial proibiu o tráfico negreiro para o Brasil.
Hoje, decorridos cem anos da Lei Áurea, deparamo-nos com um
país no qual a presença dos negros descendentes de escravos é muito
significativa no conjunto da população, no sistema produtivo e nas ma
nifestações culturais e artísticas. Um dado, contudo, se impõe: a maior
parte da população negra nacional pertence às camadas mais baixas da
população.
Se a discriminação, o racismo e a segregação correspondem, por
assim dizer, a questões bastante atuais, é preciso repensar o passado
para conseguir entender nosso presente.
Com tcd preocupação em mente, propusemos este trabalho, que
buscou recompor a trajetória dos negros desde a África, antes da che
gada dos europeus. Examina-se o transporte deles para a América, a
fim de serem usados como escravos no Brasil por mais de 300 anos e
discutem-se os controversos caminhos da abolição do regime servil no
país e o difícil ingresso do negro na sociedade brasileira, depois de liber
to.
Este trabalho teve muitos autores e colaboradores e dele resulta
ram uma exposição, um catálogo e umtexto didático. Caberia agrade
cerde forma especial às instituições que cederam materiais, documen
tose fotos paraa concretização dessas tarefas. São elas: Museu Júlio de
Castilhos, Museu de Comunicação Social Hipólito José da Costa, Mu
seude Porto Alegre, Arquivo Histórico de Porto Alegre, Biblioteca Pú
blica do Estado do Rio Grande do Sul e Instituto Histórico e Geográfico
do Rio Grande do Sul.
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Triturando o milho
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Máscaras africanas
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Bracelete de marfim
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Produção de açúcar na Jamaica.
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"Negros de ganho". Gravura de H. Chamberlain.
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"Castigo no pelourinho". Gravura de Debreí.
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Fogia da fazenda de José de Campos Sslle$, em Ceropínas,
no dia 3 de Janeiro de 1873, um escravo com es signaes se
guintes :
Benedicto, idade 24 annos, pouco mais ou menos, altura re
gular, côr preta, rosto redondo, bonito de cara, bem feito de
corpo, boa dentadura, tem pouca barba, falia bem, é criouloda
cidade de S. Paulo; levou camisa e calca de algodão da fabrica
de S. Luiz de Itd, camisa de baeta azuf ainda nova, chapéo de
panno preto, já velho. O mesmo foi encontrado na estrada
que do Rio Claro segue para S. Carlos do Pinhal.
Quem o prender e entregar em Campinas ao seu senhor
será gratiflcado com a quantia de duzentos mil réis.
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Maria, preta crioula, escrava deAlexandre Vaz daSilva, condenada à prisão perpétua com trabalho pelo
Dr. Juiz de Direito respectivo em Santa Ana doLivramento, a 15 dejunho de1870 pelo crime de morte
napessoa do menor Antônio, filho deFlorisbelo Alves, no dia 19 deoutubro de1869...
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"Capital e Trabalho". Caricaturade Punch, 1843.
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Trapiche Maxwell, o prédio do Lloyd's, seucais emconstrução e armazéns. Rio de Janeiro, 1865-70
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continuação da minha viagem. Em uma conversação que tive com o dito tabelião e
sem que ele suspeitasse minhas intenções, soube que ali, em outro tempo, há três anos mais
ou menos, se tinha efetuado o desembarque de africanos. Nesse tempo, tinham parte nesse
tráfego o Coronel José Inácio da Silva Ourives, Joaquim Mendes Ribeiro e outros, cujo nome
ignorava. Declarou-me mais que os africanos passaram por caminhos desertos da serra e que
foram distribuídos por alguns pontos da campanha.e finalmente que foram apreendidos a um
João Matheos dez escravos e que ignorava o destino que tiveram. E, por último, me disse
mais o referido tabelião que se falava em um desembarque de africanos em Tramandaí, ou
próximo do rio Araranguá, além das divisas desta província e Santa Catarina.
r.uArico 3.9
PREÇO MÉOIO DOS ESCRAVOS 00 3E)<0 MASCULINO(13-21 ANOS
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laiArico 3.10
PREÇO MÉDIO DOS ESCRAVOS 00 SEXO MASCULINO (22-33ANOS)
SÃO ^AuLO i(4S-sr K.
TABELA 9
A umento Perda
Província liquido líquida Aumento Perda
Extremo Norte
Amazonr.r. 344
Pará 663
Maranhão 4.157
Nordeste
Piauí 2.725
Ceará 7.104
Rio Grande do Norte 1.876'
Paraíba 3.41«
Pernambuco 4.426
Alagoas 2.082
Sergipe 2.342
P-Via 4.041
28.008 28.008
Oeste c Sul
Centro-Sul
89.425 89.425
Brasil
SSo Pauto
1874 1880 1883 1890 1895 1900 1905 1910 1913 Anos
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Escravos fugidos
Fugiram em dias de Março do correotc anno,
da fazenda de José Fernando d'A.lnaeida Barroa
do raanicipio de Piracicaba, os escravos :
PantsleSo, alto, fulo, nariz afílado, boa den
tadura, bahiano, (alia macia, 30 anitos.
Fernando, prelo, baixo, corpulento, boa
dentadura, bahiano, 25 annos mais ou menos.
Estes escravos foram trazidos a esta provín
cia ha pouco tempo, pelo sr. Raphael Âscoli;
levaram alguma roupa fina e blusa de baeta
vermelha, e olTerece-se uma boa gratificação a
quem os prender e entregar a seu senhor ou
em S. Paulo ao sr. José Àlves de Sá Rocha.
3—3
IJbcrtos no poHamcnto
O que haveis de offerecer a esses entes degradados que vao surgir das senza
las para a liberdade ? O baptisino da instrucção.
O que reservareis para siister as forças productoras esmorecidas pela eman
cipação ? O ensino, esse agente invisível que, centuplicando a energia do braço
humano, é sem duvida a mais poderosa das machinas do trabalho.
Ninguém mais ignora que.da instrucção é que nascem os bons costumes, o
amor ao trabalho e todas as virtudes que fazem a felicidade das nações. Que os
povos contam seus progressos pela destruição das barreiras da ignorância, ou pe
los elementos novos que as conquistas do espirito olForecem ao desenvolvimento ila
civilisaçao.
'Vandalismo
Hontem á noute, tres praças do 7» da
guarda nacionãl, entre as quaes uma de
nome Affonso, na ponte do Menino Deus,
practicaram um acto verdadeiramente
vandalico.
Por motivo das obras da dita ponte a
companhia Carris tom, do lado de lá,
dous carros que couíiou á guarda, um
preto. Dormia o ini«liz quando o carro
foi assaltado pelos taes guardas que es
pancaram e feriram, com reflo o pobre
preto que recebeu mais do 20 golpes,
sendo grave o seu estado.
O factü foi levado ao conliocimonto do
dr. chefe de policia.
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Negro liberto.
105
DIA A DIA
E' raro qno píiMso um dia 8um qao >%
policia cheguü o couheciuiüiito de juais
uma occurroiicia dcsapradavol, um .i'*
tüutado qualquer, tendo por tlioatro a
nunca asaaz decantada Coionia Africana.
Roubos, assassinatos, estupros, facadas,
tudo se dá naqueile lugar maldito, va-
ITiacouto de quanto bandido ha poi esia
cidade, refugio de quanta baixa nieretiiz
por ahi rive.
Nâo passa um dia som que os joniaes
rogiatrem um novo crime para a
dos muitos que jà Ulo cólebre tornauui '.
a tal coionia e no emtanto até agora
se tomou uma medida enorgica no suii*
tido de acabar-se com aquelia cova d^.
Caco e assegurar-se a vida dos que p ji
alli transitam.
IDIA. A ;dia
Os jorriiiuH <l;i torr;i fjijo n.i
inadrufíada do lionfoin ajipnrocfn morfu,
enroKoIadu, o proto afi icaiio í inilliormc,
coin 120 aniios.
Coitado !
E.sta ha do tor sicio a oxclainação do
muita tíoiilo, ao lor a noticia sinj/oia,
som uin conimoiitaiio., da impronsa iu-
üigona, lâo A dospomlor so
bro os tumulos considorai^.õtjs pliiio-
«ophlcíwí Apenas*'m» .iwnal, yui
ponto do adiniracilo com o nogro volho
o isto mesmo indirectamonto, no íinal
da nota em ípie consigna íjue a Sama
Casa negiiia a sua porta ao infoli/. (pie
alii íòra bater tiritando dotVio.
.Sempre mcrocou isto o Ciuilhorine, o
que não é muito nos tompos que cor-
rom.
jübuiOy
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109
Negraliberta
111
Copeiro.
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Cozinheiro.
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"Chauffeur de família
"•irilliT t' Sf." "kV
Ex-escrava, empregada da família Ochotorena, Uruguaiana,
Descendentes de escravos, empregados no serviço doméstico.
Família Jacinto da Silveira, Dom Pedrito.
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Operários da Pabst, fábrica de espartilhos egravatas. Porto Alegre, 1916.
Operáriosda fábrica de móveisGerdau. Porto Alegre, 1916.
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Acendedores de lampiões.
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Carreteiros da Várzea.
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Vendedores ambulantes.
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Príncipe Custódio
135