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HISTÓRIA DO METODISMO no POV 2019.

EMENTA: Proporcionar Aos Alunos Um Conhecimento Panorâmico Da História Do


Metodismo Na Inglaterra, Estados Unidos E Brasil. Abordando Eventos Referenciais, E
O Desenvolvimento Da Igreja Metodista No Brasil.

TEMAS DAS AULAS:

Aula 1 – Metodismo na Inglaterra

Aula 2 – Metodismo Estados Unidos

Aula 3 – Metodismo no Brasil

O Metodismo na Inglaterra. Movimento e Igreja.

Principais líderes do Movimento:

JOHN WESLEY

John Wesley (1703-1791) nasceu em Epworth, na Inglaterra, no dia 17 de junho de 1703.


Filho de um sacerdote anglicano foi o décimo quinto filho de uma família de dezenove
irmãos. Estudou durante seis anos na escola de Charterhouse, em Londres. Em 1720 foi
para a Christ Church College, em Oxford. Em 1726 foi eleito membro da Lincoln College.
Foi ordenado diácono para o Ministério Anglicano, e passou a acompanhar seu pai na
direção da Igreja Anglicana.

CHARLES WESLEY
Charles Wesley (1707-88) era o irmão mais novo de John Wesley. Charles também foi
ordenado na Igreja Anglicana. Charles é principalmente lembrado e amado pelos seus
hinos - escreveu mais de 7.000. Foi o maior escritor Inglês de hinos de todos os tempos.
O que muita gente desconhece é que Charles Wesley teve sua experiência de novo
nascimento três dias antes da famosa Experiência do Coração Aquecido, vivenciada por
seu irmão John Wesley em 24 de Maio de 1738 na Rua Aldersgate.1
GEORGE WHITEFIELD(1714-1770)

George Whitefield, conhecido como o "príncipe dos pregadores ao ar livre", nasceu em


Gloucester, no ano de 1714. Era de origem humilde, sua mãe, viúva, era dona de uma
taberna, todavia, pesar de sua família não ser convertida ao Evangelho, Whitefield
assiduamente lia a Bíblia, prática que segundo alguns historiadores se deve a influência
de alguns clientes que passavam pela estalagem. Fervoroso em oração, segundo seus
biógrafos, chegava a ficar, aproximadamente, oito horas por dia em devoção a Deus. Em
sua juventude, para sobreviver, trabalhou como garçom em bares noturnos. Desde cedo
demonstrou talento para a oratória, e aos 22 anos, foi admitido às Santas Ordens pelo
Bispo Benson de Gloucester, no Domingo da Santíssima Trindade, em 1736. Em Oxford,
fez parte do Clube Santo, e mais tarde foi o primeiro metodista a pregar ao ar livre, vindo
a influenciar John Wesley na adoção de tal prática, em 1739, em Bristol. Whitefield se
tornou um contundente calvinista, e isso o levou a se separar de John Wesley, em 1741,
pois Wesley defendia ardorosamente o arminianismo, chegando até mesmo a, em 1778,
criar a Revista Arminiana, cujo propósito principal era combater o Calvinismo. O cisma
se consumou quando a Igreja Metodista Calvinista Gaulesa fundada por Whitefield se
tornou uma Igreja Presbiteriana. Apesar dessa ruptura teológica ambos os pregadores
continuaram amigos. George se tornou o líder dos Metodistas Calvinistas, grupo que só
existe no País de Gales. O ministério evangelístico de Whitefield atingiu toda a Grã-
Bretanha, os Estados Unidos e Irlanda. É atribuído ao ele a pregação de mais de 18.000

1
Em 21 de maio, ocorre a conversão evangélica de Charles Wesley. Enfermo, com pleurisia, e em crise
espiritual, Charles encontra-se na casa de John Bray a quem descreve como “um mecânico pobre e
ignorante, que nada conhece a não ser Cristo; embora, por conhecê-lo, conhece e discerne todas as coisas”.
Nesse singelo ambiente, a leitura do comentário de Lutero aos Gálatas o instrui sobre o viver pela fé. Na
noite anterior, ouvira provavelmente a voz da irmã de Bray, dizendo: “em nome de Jesus de Nazaré, levanta
e crê, e você será curado de todas as suas enfermidades”. Na manhã seguinte, domingo de Pentecostes,
escreveu: “Eu agora me encontrava em paz com Deus e me regozijava na esperança do amor de Cristo”,
três dias antes da mais bem conhecida experiência de John Wesley. Nessa ocasião, compõe o seu primeiro
hino: “De onde minha alma errante começará?” (Where shall my wondering soul begin?). (EDITEO, 2007,
p. 21-29)
sermões. Na América, em 1770, aos 65 anos de idade, já muito doente, Whitefield
ministrou durante duas horas para uma multidão que o esperava em Exeter, Inglaterra. Na
mesma noite, partiu para a cidade de Newburysport, a fim de hospedar-se na casa do
pastor local. Durante a madrugada, falou ainda com alguns colegas por cerca de 30
minutos e subiu as escadas para o seu dormitório. Lá, morreu, pregando a Palavra de
salvação até o último minuto de vida ao seu companheiro de quarto. John Wesley realizou
o oficio fúnebre de George, e a ele se referiu como sendo um grande servo de Deus.

A INGLATERRA DO SÉCULO XVIII

Frieza espiritual somada ao formalismo, a Igreja da Inglaterra não investia em trabalho


missionário, as pessoas não iam mais as igrejas, o entusiasmo pela religião se tornou raro.
Foco especial em discussões teológicas sem praticidade, sem preocupação com as
necessidades do povo. Os vícios dominavam a alta sociedade, aliado ao baixíssimo nível
moral e a pobreza. Entre os anos 1714-1750 os impostos triplicaram na Inglaterra. Crimes
eram corriqueiros e praticados ao ar livre. Um bom filme indicado para conhecer esta
época é “Tempos Modernos” com Charles Chaplin. Segundo, Lockmann, a respeito da
condição social: “Deve-se dizer algo da nação inglesa em tempos de Wesley. As
descrições são severas; era um país rude, onde a maldade e a impiedade condenavam a
maioria da população à mais vergonhosa miséria” (LOCKMANN, 2003. p.48.) Ainda
sobre o contexto social e o descaso dos mais ricos para com os pobres Buyers descreve
que,

“Havia a classe dos abastados e ricos que não se importavam com


os operários e negociantes. Não se importavam com os pobres e
ignorantes, não porque se julgassem melhores, mas porque eram
indiferentes ao bem-estar dos seus semelhantes. Portanto, havia
gente perecendo diante dos seus olhos, e eles não se importavam
com isso. Não sentiam qualquer responsabilidade em promover a
alegria dos seus semelhantes menos favorecidos. Estavam no caso
do rico da parábola do rico e de Lázaro.” (BUYERS, 1945. p.13.)

Além da total apatia da parte dos mais abastados para com os pobres havia também um
alto índice de pessoas desempregadas, a imoralidade era decorrente, jogatinas, rinha de
brigas de galo, pessoas caídas, e que passavam a noite dormindo pelas calçadas das ruas.
O consumo de bebida alcoolica era altíssimo e em consequência disso o alcoolismo
vicejava como praga. “Nesse tempo, ano de 1736, uma em cada seis casas de Londres era
uma taberna” (LILIÈVRE, 1997. p.32.) Mateo Lilièvre escreve que:

O vício de embriaguês era notório no meio da classe popular. Meio


século depois de ter sido introduzido o gim, os ingleses consumiam
mais de 30 milhões de litros por ano. Nos cartazes à entrada das
tabernas, as pessoas eram convidadas a entrar e embebedar-se por
duas moedas e a beber até cair no chão por quatro; e recebiam
gratuitamente a palha para dormirem...10

É em um contexto como acima citado que o Metodismo surge como um movimento expontaneo
de renovação dentro da Igreja da Inglatera.
METODISMO – DO MOVIMENTO A IGREJA

A Igreja Metodista oriunda do Anglicanismo, hoje presente em praticamente em todo o


mundo, nasceu e se firmou como Igreja a partir de um movimento avivalista na Inglaterra
do século XVIII. Nossa meta é abordarmos os principais fatos do metodismo em seu
berço, a Inglaterra. Ao falarmos dos primórdios do Metodismo Inglês, somos levados ao
uso do plural, “origens”, pois historiadores do Movimento e hoje Igreja, apontam três
momentos que são tidos como seus geradores. Tal tarefa não é fácil, pois o próprio Wesley
“sempre deu ênfase à espontaneidade de suas origens e à imprevisibilidade de seu
desenvolvimento.” (Heitzenrater, 2006, p.33) Significa que o Metodismo não foi
planejado por seus supracitados principais protagonistas humanos, eles não buscavam
uma estratégia de renovação do cristianismo anglicano. Para Wesley, “Deus levantou um
povo chamado metodista para um propósito que era especifico e apropriado, mas de um
modo que não era necessariamente previsível ou predeterminado”. (Ibden) O movimento,
cujas maiores lideranças conhecidas são os clérigos anglicanos, John Wesley, Charles
Wesley e George Whitefield; nasceu a partir da universidade de Oxford, na Inglaterra.

O CLUBE SANTO – PRIMEIRA ORIGEM – (1725-1739)

Historiadores, a exemplo de Richard Heitzenrater, apontam o primeiro surgimento do


Movimento a partir do “Clube Santo”, no ano de 1729. O Clube Santo era constituído
por um grupo de estudantes cristãos que passaram a se reunir regularmente para fazer
orações, leituras, visitas e estudos. John Wesley falando sobre a origem do Clube Santo,
registra: “Em novembro de 1729, data em que fui residir em Oxford, meu irmão, outros
dois jovens cavalheiros e eu fizemos um acordo de nos reunirmos três ou quatro vezes
por semana. Nos domingos à noite, líamos sobre teologia, e nas outras noites, os clássicos
gregos e latinos” [Cf. J. Wesley, Obras de Wesley, Tomo V] O grupo variava entre 10 a
15 membros, com um máximo de 25.
Sabemos que Wesley exerceu a liderança do Clube Santo, todavia, não há consenso sobre
ter sido ele o fundador. Tudo indica que seu irmão, Charles Wesley, fora o fundador,
tendo Wesley se juntado a eles mais tarde, em seu retorno a Oxford, onde havia estado
em 1720, após ter saído da Escola Charterhouse em Londres:

“Meu primeiro ano no colégio, eu perdi em diversões; o próximo eu


me dediquei ao estudo. A diligência me conduziu para o pensamento
sério. Eu participava do Sacramento semanalmente e persuadi dois
ou três jovens estudantes a me acompanharem, e observarem o
método de estudo prescrito pelos estatutos da Universidade. Isso me
valeu o inocente apelido de metodista”. Tal foi a origem do Clube
Santo. (EDITEO, 2007, p. 34)
Segundo o supracitado Charles Wesley foi o “primeiro Metodista”. O nome “Clube
Santo” não fora escolhido pelos seus componentes quem assim, ironicamente os batizou,
foram os demais alunos de Oxford, que pejorativamente aplicavam tais termos aos irmãos
Wesley e demais seguidores. Anos mais tarde, na obra intitulada “Breve História do
Metodismo”, John Wesley escreve o seguinte relato onde cita mais informações e mais
membros do que viria a se tornar o “Clube Santo”2.

"Em Novembro de 1729, quatro jovens cavalheiros de Oxford — Sr.


John Wesley, membro do Lincoln College; Sr. Charles Wesley,
estudante da Igreja de Cristo; Sr. Morgan, homem do povo, da Igreja
de Cristo; e o Sr, Kirkham, do College Merton —, começaram a
passar algumas tardes da semana, lendo, principalmente, o
Testamento Grego. No ano seguinte, dois ou três dos alunos do Sr.
John Wesley desejaram a liberdade de se encontrarem com eles; e,
logo depois, um dos alunos de Charles Wesley. Foi em 1732, que o
Sr. Ingham, do Queen’s College, e Sr. Broughton, de Exeter, foram
somados ao número deles. A esses, em Abril, juntaram-se o Sr.
Clayton, de Brazen-nose, com dois ou três de seus alunos. Por volta
da mesma época, o Sr. James Hervey foi permitido encontrar-se com
eles; e em 1735, o Sr. Whitfield". (GREEN, 2005, p. 52, 53)

2
Aliás, Clube Santo não foi o único termo aplicado a eles, Heitzenrater afirma que “o apelido logo fora
substuido, ou intercalado, com outros tais como: Clube Religioso, Traças da Bíblia, Homens da
Superrogação.” (HEITZENRATER, 2007, p. 41)
O acima exposto traz pontos que, acrescentados a outras atividades, se tornarão
características do Movimento, e mais tarde, Igreja Metodista, a piedade vital
fundamentada nas Escrituras e que se manifesta em atos, em obras de misericórdias na
vida social. Foi sob a influência de Willian Morgan que o grupo passou a realizar
atividades como visitas aos condenados na Prisão do Castelo. Morgan já era alguém
amplamente envolvido com uma série de atividades voltadas para o auxílio aos
necessitados, ações tais como: “ensinando as crianças órfãs, cuidando dos pobres e
idosos, visitando prisões. Os irmãos Wesley acompanharam Morgan à velha fortaleza do
Castelo na tarde de 24 de agosto e ficaram tão satisfeitos com a experiência com os
prisioneiros que concordaram em voltar lá pelo menos uma vez por semana.”
(HEITZENRATER, 2007, p. 34). Morgan foi o principal responsável por incorporar as
práticas do grupo ações sociais, sob sua liderança “não demorou muito e os metodistas
estavam passando muitas horas por semana com os pobres e necessitados da cidade.”
HEITZENRATER, 2007, p. 40) Segundo Heitzenrater, “essas atividades razoavelmente
inócuas representam a primeira manifestação do que se tornaria o metodismo em
Oxford.” (HEITZENRATER, 2007, p. 34)
Wesley e seus companheiros não usavam nenhum nome para seu grupo. Na realidade,
Wesley tinha resistência a adotar qualquer nomenclatura. Todavia, a forma metódica com
que, na ausência de Morgan, ele organizou o grupo,

fez com que eles recebessem o nome de “Metodistas”. Assim como “Clube Santo” e
outras alcunhas, o termo Metodistas, também surge baseado nas atividade regulares do
grupo. Segundo Heitzenrater, um certo John Bingham, anunciou: “Um novo grupo de
metodistas surgiu entre nós”. (HEITZENRATER, 2007, p. 45). A designação estava mais
ligada a pessoa de Wesley, talvez por ser ele o mais metódico de todos os Metodistas.
John Clayton, de Oxford, escrevendo a Wesley, em agosto de 1732, assim declara: “Agora
que você se foi, nós perdemos em grande parte o honorável apelido de metodistas”.
Coube, mais tarde, a um jornal londrino, tornar o nome popular por meio de uma carta
crítica, onde a partir de então “o termo “metodista” se tornaria amplamente conhecido
como o rotulo do movimento wesleyano em Oxford.” (Opus cit, 2007, p. 46).

II. O SEGUNDO SURGIMENTO DO METODISMO – GEÓRGIA


O segundo surgimento do Metodismo é apontado como tendo ocorrido em Geórgia.

No ano de 1735, os irmãos Wesley partiram para o Novo Mundo, América, com o
objetivo de levar o evangelho aos indígenas. Eles não estavam sozinhos, a bordo do navio
estavam também, Benjamim Ingham, um estudante de Oxford e Charles Delamotte, o
filho de um magistrado de Londres, que também faziam parte do Clube Santo. A colônia
norte-americana, Georgia, havia sido fundada três anos antes.

O ESTADO ESPIRITUAL DE WESLEY

Neste período, antes, durante e após a sua ida para Georgia, Wesley vivenciava incertezas
espirituais. Apesar de todo rigorismo vivenciado no Clube Santo, (o qual foi apontado
como sendo a causa da morte de Morgan em 1732), Wesley não havia alcançado a paz
em seu espirito. Em carta escrita a John Burton, ele disse que “havia visto o motivo de
seu “encargo piedoso” como o “desejo de fazer o bem para as almas dos outros e, em
consequência disso, para a sua própria”. [...] “Meu principal motivo... é a esperança de
salvar minha própria alma”. (HEITZENRATER, 2007, p. 58) . Envolto

PONTOS MARCANTES DA VIAGEM

Durante a viagem para a Geórgia ocorreram dois eventos que são fundamentais na
trajetória ministerial e espiritual de John Wesley. As tempestades que quase levaram o
navio ao naufrágio e o contato com os Morávios (HARRISON, 1937). Diante das
tempestades Wesley foi tomado por seu medo da morte. Inseguro em relação a sua
salvação, ele bradou: “Oh! Quão puro de coração deve ser aquele que tem como se
regozijar-se em apresentar-se diante de Deus sem aviso prévio.” (HEITZENRATER,
2007, p. 59) Sobre as tempestades Heitzenrater escreve que

OS MORAVIANOS

A atitude de alguns passageiros durante a tempestade a bordo do "Simmonds", tocou


profundamente em John Wesley, esses passageiros eram Morávios3, um grupo de
alemães. Enquanto os passageiros ingleses gritavam de medo; os alemães continuavam

3
Morávios - A data de 13 de Agosto de 1727 é geralmente reconhecida como a do renascimento da Igreja
Moraviana, também conhecida por Igreja dos "Irmãos Morávios". Sob a orientação espiritual do Conde
Nicolau Zinzendorf (1700-1760), profundamente influenciado pelo "pietismo" alemão, estabeleceu a sua
sede em Herrnhut onde criou todo um governo e disciplina próprias. A sua paixão por Cristo fez desta
Igreja um baluartedo zelo missionário.
calmamente a cantar initerruptamente os salmos. Diante de tanta calmaria em meio a
tempestade, John perguntou-lhes: "As vossas mulheres e os vossos filhos não tiveram
medo?". "Não, as nossas mulheres e crianças não têm medo de morrer". (Jornal, 25-26 de
Janeiro de 1736). Essa espiritualidade que demonstra segurança mesmo frente a face da
morte impactou Wesley, e quando chegaram a terra, Spangenberg, um dos líderes
Morávios, perguntou a John:

"Você conhece Jesus Cristo?" Esta pergunta perturbou-o durante os


dois anos seguintes. De regresso a Inglaterra, John Wesley procurou
o pregador Morávio, Peter Böhler, que lhe deu o célebre conselho:
"Pregue a fé até conseguir tê-la; e depois, porque já a tem, pregará a
fé". (Jornal, 4 de Março de1738)

Essa experiência com os Irmãos Morávios transformou profundamente as concepções e


ações religiosas de Wesley, sob o impacto dela ele registrou em seu Diário: “Este foi o dia
mais glorioso que eu já vi”. (HEITZENRATER, 2007, p. 59)

”No dia 06 de fevereiro de 1736, Wesley chegou a Geórgia, ainda sob o impacto do que
viu e ouviu dos Morávios, todavia, seus planos de evangelizar os nativos foram frustrados
e ele passou então a se dedicar aos colonos, que durante esse tempo estavam sem um
guia espiritual, iniciando assim a rotina de cultos, batismos, orações públicas e Santa Ceia
aos domingos (JOY, 1996). Todavia, o rigorismo de Wesley logo lhe criou problemas entre
os colonos brancos, “[...] poucos meses depois, a popularidade da qual os jovens
missionários gozavam no princípio foi transformada em destacada oposição” (LELIÈVRE,
1997, p. 59). Outro fator complicador foi o seu envolvimento com Sofia Hopkey, sobrinha
do chefe político local a quem segundo Joy (1996, p. 43) chegou a ministrar lições de
francês, o envolvimento entre ambos foi tamanho, que a família da moça não esperava
menos que um casamento. Entretanto, Wesley temia que um enlace pudesse prejudicar
sua dedicação ao evangelho, encerrando assim sua história com a Srta. Hopkey a qual se
casou em seguida com um colono local. O desfecho desse evento foi, segundo Joy (1996,
p. 44), com Williamson movendo ação judicial contra Wesley, por difamar sua esposa ao
recusar ministrar a Santa Ceia a ela. Ao perceber que não haveria chances de provar sua
inocência, uma vez que, o jurado estava em peso instigado pelo tio de Sofia, Wesley volta
à Inglaterra em uma fuga no meio da noite, encerrando com esse fracasso sua primeira
campanha missionária. Wesley ficou menos de dois anos em Savannah, na Geórgia,
todavia, as experiências ali vivenciadas, principalmente no caminho até lá, foram bastante
importante para ele, mais tarde ele denominou tal período como sendo “o segundo
surgimento do metodismo.” (HEITZENRATER, 2007, p. 59)
Em seu retorno para a Inglaterra John Wesley vivenciou uma crise emocional e
religiosa. O fracasso na Geórgia afetou suas concepções teológicas e sua fé,
principalmente em relação à sua percepção sobre salvação. Podemos identificar essa
crise emocional e religiosa enfrentada por Wesley em relatos de seu diário. No diário,
Wesley afirmava que, apesar dos seus esforços em converter os outros, não se sentia
salvo, chegando à conclusão de que se encontrava destituído da glória de Deus
(WESLEY, 2009).

OLIVEIRA LOCKMANN, Paulo Tarso. Wesley e os Pobres. In: Caminhando: 300 anos
de Wesley. Ano VIII, no12, 2o Semestre de 2003. p.48.

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