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Capítulo

2
A Ortopedia Funcional na Prevenção
de Oclusopatias

Patrícia Valério, Phd


Sergio Polizio Terçarolli
Marcos Nadler Gribel

As Bases Fisiológicas da ma adequada se não houver a estimulação


funcional correta.2 Mas se o crescimento
Resposta Óssea à Estimulação ósseo é tão dependente da execução da
Funcional função com geração de cargas, como são
geradas essas cargas sobre o tecido ósseo?
Na escala filogenética, o osso surgiu Podemos afirmar que o tônus muscular
para proteger. Os organismos em desenvol- tanto no repouso quanto no movimento é o
vimento começaram a tomar um grau de principal gerador, tendo como coadjuvante
complexidade que exigiu da natureza um as pressões e tensões exercidas no tecido
mecanismo de enrijecimento dos envólucros ósseo por outras estruturas (p. ex., o cérebro
cartilaginosos que já não ofereciam proteção em crescimento, os seios paranasais inflados
suficiente. A solução foi a mineralização e, pelo ar, etc.).3,4 Precisamos compreender que,
com isso, o surgimento do primeiro tecido ao fazermos uma intervenção ortopédica
rígido.1 No entanto, a evolução prossegue e funcional, estamos, entre outros mecanis-
esse tecido rígido assume também a função mos, usando caminhos de estimulação
de sustentação e ancoragem, passando a neural que levarão a alterações no tônus
compor com os tecidos com que se relaciona muscular, que por sua vez gerará a estimu-
um sistema mecânico complexo. Esse siste- lação mecânica necessária para a indução
ma torna-se extremamente dependente das do crescimento e desenvolvimento ósseos
cargas à que é submetido, e o processo de desejados.5 Quais são estes caminhos? Onde
modelagem das estruturas rígidas passa a se processam estes estímulos neurais? No
ser responsivo às estimulações funcionais nosso organismo existem proprioceptores
que recebe. O binômio forma e função es- (especializações das terminações das fibras
tabelecido por Julius Wolff é a expressão nervosas sensitivas) em todo o corpo e estes
máxima dessa inter-relação. Não existe for- proprioceptores informam ao SNC (sistema

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mervoso central) tudo o que ocorre na pe- uma aferência proprioceptiva que desen-
riferia (input ou aferência propioceptiva). cadeará no SNC as respostas adaptativas
Essas mensagens são decodificadas em áreas motoras.12 Portanto, novamente, preci-
específicas do cérebro e geram uma resposta samos compreender que ao intervimos
motora (output ou eferência motora).6,7 No modificando funcionalmente a boca de
sistema estomatognático, existem regiões um indivíduo, criamos uma mudança de
muito importantes na geração desses inputs postura mandibular que será percebida
e efatizaremos aqui 4 delas. também pelos mecanoceptores da cáp-
sula articular e isso gerará uma resposta
• Periodonto: no ligamento periodontal, adaptativa motora.
acoplados às fibras do ligamento, exis- • Mecanoceptores da língua e mucosa:
tem proprioceptores com uma refinada igualmente relevantes, esses propriocep-
capacidade de percepção de estímulos. tores informam ao SNC volume, textura,
Esses proprioceptores são morfologica- dureza e outras características macros-
mente diferentes e apresentam limiar de cópicas de qualquer corpo que for intro-
excitabilidade e de adaptação diferencia- duzido na boca. Com alta discriminação
dos.8-10 Esses proprioceptores são capazes e grande capacidade de adaptação são
de discriminar estímulos ínfimos, como, usados, por exemplo, pelos bebês, para
por exemplo, a quantidade que uma reconhecer objetos e criar hábitos fun-
porção de arroz intrui um dente dentro cionais. A estimulação desses receptores
do alvéolo. Devido a essa capacidade, os gera input que decodificado no SNC leva
estímulos gerados pelo toque de acessó- à alteração de posição dos músculos da
rios metálicos ou o contato do acrílico língua, a uma resposta motora secretora
na coroa de um dente são percebidos das glândulas salivares maiores e meno-
de forma diferente, gerando aferências res, e à alteração de postura no conjunto
específicas, que por sua vez geram res- de músculos do sistema estomatognáti-
postas motoras diferentes.11 co.13-15 Portanto, quando fazemos uma
• Cápsula da ATM: o segundo grupo de intervenção ortopédica funcional (pista
proprioceptores importantes são os me- direta, degaste seletivo ou instalação de
canoceptores de cápsula. Semelhante aos um aparelho na boca de um paciente),
receptores do periodonto, a cápsula da desencadeamos uma série de fenômenos
articulação temporomandibular (ATM) motores autônomos, involuntários, que
possui mecanoceptores com limiar de ex- gerarão respostas adaptativas nesse sis-
citabilidade e adaptação diferentes e são tema estomatognático
capazes de perceber qualquer alteração • Fusos neuromusculares: esse quarto
de posição do côndilo dentro da arti- grupo de proprioceptores é também de
culação, gerando respostas adaptativas enorme relevância na geração de inputs
motoras. A diferença é que no caso des- para o SNC que levará a alterações im­
ses receptores não existe uma diferença portantíssimas no tônus muscular e no
morfológica, e sim uma diferença fun- recrutamento das fibras musculares que
cional. O “roçar” do côndilo nos tecidos serão acionadas após o processamento
capsulares é o estímulo necessário para desse input. Os fusos musculares são es-
excitar esses receptores, e a magnitude truturas presentes nos músculos esquelé-
desse estímulo será percebida por um ticos e que determinam os fenômenos de
dos tipos de mecanoceptores, criando contração e relaxamento, além de estabe-
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A Ortopedia Funcional na Prevenção de Oclusopatias

lecerem o tônus muscular. A densidade tive calcium channel), é ativada e esse canal
desses fusos em cada músculo é diferen- se abre permitindo a entrada de cálcio para
ciada e isso gera diferença no número de o meio intracelular. Esse afluxo de cálcio,
fibras solicitadas em resposta a um deter- que é um cátion, altera a polaridade dessa
minado estímulo em cada músculo em membrana e ativa outra proteína, que é um
particular. A força da gravidade puxando canal de cálcio sensitivo à voltagem (VGCC
a mandíbula para baixo é o principal es- – voltage gated calcium channel), fazendo com
timulador dos fusos musculares da mus- que ele também se abra e aumente mais
culatura do sistema estomatognático. No ainda a concentração de cálcio intracelular.
entanto, qualquer alteração na dimensão Essa alta concentração desencadeia uma
vertical e na relação transversal ou sa- série de cascatas bioquímicas nessa célula
gital mandíbula-maxila ativa os fusos e promove a transcrição de genes relacio-
musculares, levando à alteração na carga nados à diferenciação e proliferação ósseas
mecânica gerada por esses músculos na (Fig. 2.1).20
estrutura óssea.16-19 Quando, portanto, Também já é conhecido um mecanismo
fazemos uma intervenção ortopédica de percepção, mediado por outra proteína
funcional, geramos excitação de fusos de membrana. Nesse caso, essa proteína
neuromusculares de vários músculos e tem uma âncora extracelular que capta o
outputs de alteração da fisiologia desses sinal mecânico, e outra âncora intracelular
músculos. Os mecanismos que levam que altera a conformação do citoesqueleto,
a uma aferência proprioceptiva que levando à liberação de cálcio de comparti-
culminará com uma resposta motora mentos internos e consequente ativação de
são claramente definidos. Fica então a transcrição gênica (Fig. 2.2).21-23
pergunta: como essa carga gerada pelo Esse processo de diferenciação e prolife-
tônus muscular é percebida pelo sistema ração ósseas ocorre tanto no organismo em
ósseo e pode levar ao processo de remo- formação, indicando para as células-tronco
delação, crescimento e desenvolvimento que elas devem se transformar em osteoblas-
esperados? tos, quanto no organismo pronto, agindo no
constante processo de remodelação óssea a
O processo pelo qual uma carga gerada que estamos sujeitos frente às estimulações
na periferia é percebida pelo tecido ósseo funcionais.24 Várias citocinas e fatores estão
é chamado mecanotransdução. Isso significa envolvidos nesse processo. Dentre tantas,
a transformação de um sinal mecânico em podemos ressaltar o papel das BMP e pros-
sinal bioquímico ou elétrico.5 Mas qual é a traglandina, que muito precocemente na
base fisiológica desse processo? embriologia são expressas e determinam o­
As células que compõem o elenco celular de diferenciação osteoblástica (Fig. 2.3).24,25
do tecido ósseo possuem vários mecanismos É importante ressaltar que, num tecido
para detectar um sinal mecânico. Alguns ósseo já formado, o estímulo mecânico se
não são ainda muito bem compreendidos, propaga através da rede de conexão celular
mas outros já estão perfeitamente descritos de diversas maneiras e induz a diferenciação
e baseiam-se na capacidade da membrana de células-tronco em células osteogênicas
celular de ser estimulada. Toda vez que ela mesmo a distância do local onde a carga foi
sofre uma distensão, uma proteína dessa aplicada.26,27 Um dos mecanismos descritos
membrana, que constitui um canal de cálcio envolve a participação de estímulos hidráu-
sensitivo à distensão (SSCC – stretch sensi- licos no fluido extracelular percebidos pelos
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Fig. 2.1 – Representação esquemática do mecanismo de percepção de estímulo mecânico numa célula óssea
ou célula-tronco pluripotente.

Fig. 2.2 – Mecanismo de percepção do sinal mecânico envolvendo alteração no citoesqueleto.

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A Ortopedia Funcional na Prevenção de Oclusopatias

Condrócito

Função
Hormônios,
citocinas

Célula-tronco pluripotente
Adipócito

Osteoblasto

Fibroblasto

Fig. 2.3 – A estimulação funcional libera hormônios e citocinas, que induzem as células-tronco pluripotentes
a se diferenciarem em osteoblastos.

osteócitos.28 O papel das junções gap, que apresentam solução de continuidade (Fig.
são proteínas que ligam uma célula à outra, 2.5), gerando uma fenda semelhante a uma
permitindo a passagem de sinais entre elas fenda sináptica onde são liberados neuro-
e permitindo a amplificação de um sinal transmissores que se ligam a receptores na
de uma carga aplicada num determinado outra extremidade.
ponto, gerando um enorme campo respon- Células ósseas possuem maquinaria ne-
sivo a esse pequeno estímulo, também já foi cessária para produzir e armazenar neuro-
extensamente descrito.26-32 transmissores, e suas membranas possuem
Recentemente, um mecanismo que par- receptores específicos para esses neurotrans-
tilha fina similaridade com a transmissão missores.34 Dessa forma, a despolarização
sináptica do SNC abriu um novo cenário gerada na membrana por um sinal mecânico
para a compreensão da importância da gera liberação de neurotransmissores na
estimulação funcional adequada na reenge- fenda entre dois prolongamentos celulares,
nharia de um tecido ósseo.33 Células ósseas e esses neurotransmissores são captados
(osteoblastos e osteócitos) comportam-se pela célula seguinte gerando aumento de
como neurônios, captando, transduzindo cálcio intracelular e propagação desse sinal
e transmitindo sinais através de estruturas ao longo da rede de conexão celular óssea.
semelhantes a sinapses. Existem prolon- O principal neurotransmissor já descrito é
gamentos na rede de conexão celular que o glutamato (Fig. 2.6).35-37
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Fig. 2.4 – Uma carga mecânica (raio amarelo) imposta a uma membrana gera um sinal que será transmitido
pela rede de osteoblastos e osteócitos, passando através das junções GAP e gerando um grande campo res-
ponsivo a essa carga.

Fig. 2.5 – Microscopia eletrônica mostrando prolongamentos osteoblásticos com e sem solução de continui-
dade.

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A Ortopedia Funcional na Prevenção de Oclusopatias

Mecanismos similares aos que ocorrem no SNC


ocorrem na RCC do tecido ósseo e estão
envolvidos na transmissão do sinal mecânico

mato
G luta
Receptores

Maquinaria para fabricar e


empacotar glutamato e ou-
tros neurotransmissores

Fig. 2.6 – Prolongamentos das células ósseas funcionam como neurônios transmitindo sinal por despolarização
de membrana, gerando potencial de ação.

No entanto, a serotonina também tem próximo da força fisiológica for um


um papel relevante nos mecanismos de estímulo aplicado, mais efetiva será a
transdução de sinal mecânico pela rede de resposta. Além disso, a alternância de es-
conexão celular, funcionando, muitas vezes, tímulos induz a diferenciação celular.41
como um potencializador da reposta gluta- • A estimulação mecânica é fundamental
matérgica.38,39 para a liberação de fatores de crescimento
Com base no que está descrito na lite- e diferenciação no tecido conjuntivo, que
ratura, é possível compreender melhor as levarão a uma resposta remodeladora do
respostas osteogênicas frente à estimula- tecido ósseo.42
ção funcional observada na prática clínica • Seis horas após a aplicação de uma carga
diária. num determinado local, já existe no te-
• Com relação aos mecanismos descritos cido liberação de fatores de crescimento
de percepção do sinal mecânico pela capazes de gerar uma resposta remode-
membrana celular, já foi demonstrado ladora frente a essa estimulação.43
que quando os dois são ativados, há • Bebês prematuros submetidos à estimu-
maior efetividade da resposta. Portan- lação funcional que simula estimulação
to, um estímulo que gere perturbação fisiológica tem ganho de peso diário 4%
elétrica da membrana e distensão da maior e índice de mineralização óssea
mesma gerará mais efetividade na oste- 16% maior que os não estimulados.44
ogênese.40 • Forças leves induzem crescimento trans-
• Osteoblastos respondem diferentemente versal na maxila, sem ruptura da sutura
à tensão e compressão, e quanto mais palatina.45

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Nova Visão em Ortodontia e Ortopedia Funcional dos Maxilares

Considerando que o glutamato é o neu- senvolvimento adequado daquela estrutura.


rotransmissor mais bem estudado na fisio- Esse seria então o nível nobre de prevenção
logia óssea e tendo em vista que no SNC o onde se busca prover o indivíduo de toda
glutamato tem um papel fundamental em estimulação funcional necessária para que
mecanismos de memória e aprendizado, ele expresse crescimento e desenvolvimento
também é possível extrair da literatura adequados, mesmo que geneticamente es-
e transpor para a prática clínica o que se teja determinado um crescimento e desen-
segue. volvimento indesejáveis.
Células ósseas mantêm memória fun-
cional do estímulo mecânico a que foram
Parte 2
submetidas. Células derivadas de uma
área pouco estimulada (p. ex., calvária) têm Sergio Polizio Terçarolli
índice mitótico menor do que o das células
derivadas de áreas de área funcionalmente A Ortopedia Funcional dos Maxilares
ativa (p. ex., tíbia). (OFM) é a especialidade que diagnostica,
A acomodação é outro fenômeno pre- previne, controla e trata os problemas de
sente no SNC e verificado no tecido ósseo. crescimento e desenvolvimento que afetam
Áreas excitadas por estímulos não contínuos as arcadas dentárias e suas bases. Tem por
exibem resposta osteogênica muito maior objetivo remover as interferências indese-
que áreas submetidas a estímulos contí­ jáveis durante o crescimento e desenvol-
nuos, pois possibilita-se a reorganização do vimento, atuando diretamente no sistema
sistema após uma estimulação. Portanto, neuromuscular.48
forças intermitentes ou dinâmicas são infi- A prevenção das oclusopatias é desejo
nitamente melhores em termos fisiológicos unânime de quem trabalha com Ortodontia
que forças contínuas ou estáticas.31-37 e/ou Ortopedia Funcional. Para prevenir,
A resposta do tecido ósseo à estimulação é necessário conhecimento, é necessário
hormonal é potenciada pela estimulação antecipar-se. Quem sabe previne, quem sabe
funcional.38-41 menos trata e cura, quem não sabe, corta e
Recentes estudos indicam que o controle retira.48,50
genético do desenvolvimento ósseo é com- Quando se fala em prevenir, sabe-se que
pletamente afetado pela estimulação funcio- quanto mais cedo for o diagnóstico, melhor
nal, e as mudanças induzidas precocemente será o prognóstico.50 O período de dentição
previnem deficiências futuras.42-47 decídua, apesar de curto (entre os 3 e 6
Concluindo, pode-se afirmar que cargas anos), tem um papel muito importante no
mecânicas agindo sobre o tecido ósseo são desenvolvimento da oclusão e a ela deveria
convertidas em reações bioquímicas que po- ser dada mais importância no que tange ao
dem levar à expressão diferenciada de genes crescimento e desenvolvimento dos ma-
relacionados à osteogênese. Também está xilares. Atuando precocemente, podemos
bem descrito que células ósseas comporta- evitar que alterações nas estruturas ósseas,
mse como neurônios, exibindo capacidade musculares e nervosas se perpetuem nas
de memória e respondendo de forma dife- dentições mista e permanente.
renciada à ação hormonal, dependendo da Em 1993, Snodell e cols.51 publicaram um
história mecânica a que foram submetidas. artigo demonstrando a importância do cres-
Portanto, prover a um tecido ósseo uma cimento craniofacial até os 6 anos de idade.
história mecânica adequada propiciará o de- Em suas conclusões, afirmam que várias

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A Ortopedia Funcional na Prevenção de Oclusopatias

regiões da face de uma criança, apresentam no primeiro ano de vida, já há percentual


aos 6 anos de idade, cerca de 80% de suas significativo do crescimento facial presen-
dimensões transversais de adulto. te, entre 61 e 75%, para os parâmetros que
Segundo Nanda,52 o padrão de cresci- foram avaliados.
mento em cada forma facial é estabelecido Devemos pensar que, quando desco-
em idade muito precoce, bem antes da brimos uma má posição dentária aos 6 ou
erupção dos primeiros molares permanen- 12 anos de idade, faltaram estímulos de
tes e muito antes do surto de crescimento desenvolvimento há 6 ou 12 anos e que
pré-puberal. deveríamos ter aplicado uma terapêutica
Petrovic53 mostra o comparador periférico profilática bem antes.
como um determinante importante da quan- Quando se opta por um tratamento pre-
tidade e direção de crescimento da mandíbu- coce, deve-se ter conhecimento suficiente
la e maxila, sendo essa tão eficiente entre os 5 para identificar o menor desvio da norma-
e 7 anos de idade quanto na fase de aceleração lidade, agindo através de uma terapêutica
do surto pré-puberal de crescimento. que procure reestabelecer a correção de todo
Ricketts in Gribel54 afirma que “entre conjunto dos elementos constituintes da
os 3 e os 6 anos de idade” há um surto de oclusão, e não apenas dos dentes.
crescimento na face, quase linear, maior do Sabe-se que, a partir do nascimento, estí-
que aquele que acontece no “estirão” pré- mulos fisiológicos normais provenientes da
puberal. respiração nasal, amamentação no seio e da
O crescimento craniofacial em crianças mastigação de alimentos com mais consistên-
até os 6 anos de idade, do ponto de vista cia (mais duros, secos e fibrosos) propiciam o
qualitativo, é explicado por Gribel54 pela desenvolvimento adequado da boca.
grande capacidade plástica e flexível das Em contrapartida, estímulos não fisio-
suturas, além da alta capacidade de remo- lógicos, também chamados de paratípicos,
delação óssea nessa idade. Isso pode resultar como mamadeiras usadas de forma inade-
em um crescimento desarmonioso (quando quada, uso prolongado de chupeta, sucção
o estímulo for epigenético – mastigação digital, respiração bucal e etc.55-60 poderão
viciosa, mau uso da mamadeira, mau uso propiciar o desenvolvimento inadequado
da chupeta, deglutição “atípica”, imatura das arcadas dentárias.
ou adaptada, respiração bucal, alterações Conhecendo-se os Estágios de Desen-
posturais, etc.), mas também pode orientar volvimento,48 respeitando-se os Níveis de
ou reorientar o crescimento de uma forma Prevenção1 e aplicando-se os princípios da
harmoniosa se o estímulo for fisiológico. Se- Reabilitação Neuro-oclusal (RNO),61 pode‑se
gundo Gribel,54 “a mesma plasticidade que diagnosticar e intervir muito precocemente.
permite a deformação pela ação dos fatores Planas 61 preconiza a intervenção na
etiológicos epigenéticos, pode permitir que dentição decídua como prevenção de pro-
se “deforme uma deformação”, normalizan- blemas na dentição permanente e o faz,
do forma e função”. basicamente, de duas maneiras: através
Do ponto de vista quantitativo, Gribel54 de aparatologia (para o que ele chama de
afirma que o crescimento facial sagital é atrofia de terceiro grau) ou através de ajuste
muito importante até os 6 anos de idade, oclusal, seja por remoção (desgastes seleti-
estando cerca de 80% estabelecido já nesta vos segundo a sua RNO) ou por acréscimo
idade, quando comparado com dimensões e (pistas diretas Planas), seguidos de orien-
parâmetros específicos, em adultos. Ainda, tação mastigatória. Ambas as intervenções
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Nova Visão em Ortodontia e Ortopedia Funcional dos Maxilares

priorizam maior esfregamento oclusal e a Oliveira,67 estudando as mordidas cru-


mastigação bilateral e alternada, que resul- zadas funcionais em crianças e o uso de
tará em crescimento de ambas as arcadas, pistas diretas planas, afirmou que ajustes
tão necessário, segundo Van der Linden,62 oclusais que estimulam a normalização dos
para abrigar os dentes decíduos e os germes movimentos mandibulares chegam até a
dos dentes permanentes, já que eles serão impedir a instalação de mordidas cruzadas
distribuídos, no futuro, conforme o espaço unilaterais. Quando apenas o ajuste não é
disponível. O entendimento disso é baseado suficiente, a aplicação de pistas diretas pla-
nas Leis Planas de Desenvolvimento. nas facilita a obtenção de estímulos corretos
As más oclusões podem se desenvolver para o desenvolvimento das arcadas.
cedo e raramente se autocorrigem, portanto, A mordida cruzada é uma das atrofias
a dentição decídua, como já foi dito, é um mais fáceis de serem tratadas, se diagnosti-
excelente período para promover medidas cada precocemente e, quando não corrigida
preventivas e/ou intercepctadoras. precocemente, é a que mais dificuldade pode
O objetivo dos desgastes seletivos e das acarretar, pelo risco das distrofias ósseas de
pistas diretas, quando se atua na denti- base que serão irreversíveis.61
ção decídua, além de conseguir um plano Sabe-se que uma criança com mordida
oclusal63 paralelo ao plano de Camper, é cruzada unilateral, na maioria das vezes,
reorientar o crescimento e desenvolvimento mastiga apenas do lado cruzado48,61 (estí-
das arcadas de forma equilibrada, prepa- mulo paratípico anormal). Sabe-se, também,
rando a boca para a substituição natural que as curvas de erupção68 dos dentes per-
dos dentes. manentes sofrem influência da mastigação
As pistas diretas são porções de resi- e do desenvolvimento dos maxilares. Logo,
na fotopolimerizável, colocadas sobre os se a mastigação for unilateral, alterações de
dentes decíduos (exclusivamente), devem desenvolvimento do andar médio e inferior
ser “construídas” com inclinação, altura e da face com desvios na forma e consequen-
abrangência específicas, definidas através de temente na função poderão ocorrer, se não
diagnóstico, de tal maneira que provoquem houver correção precoce.
mudanças no posicionamento e na dinâmi- Com o auxílio dos desgastes seletivos se-
ca mandibulares, devolvendo as condições gundo a RNO e das Pistas Diretas, podemos
fisiológicas necessárias para que haja uma anular esse estímulo paratípico anormal,
retomada no desenvolvimento do sistema causado pela mastigação unilateral, inverten-
estomatognático, podem tanto ser confeccio- do o lado mastigatório, se assim convier, ou
nadas em laboratório, usando uma técnica transformando a mastigação unilateral em bi-
indireta para posteriormente ser cimentada lateral e alternada, evitando, assim, a criação
às superfícies oclusais, como também feitas de assimetrias morfológicas e de posição em
diretamente na boca.64,65 Sendo que a última crianças pequenas e permitindo um desen-
opção requer mais habilidade e experiência volvimento craniofacial mais simétrico.
do cirurgião-dentista. “O tratamento de uma mordida cruzada
O tratamento com pistas diretas é princi- unilateral funcional não envolve apenas a
palmente indicada para os casos de mordida correção do posicionamento dos dentes.
cruzada funcional posterior unilateral, pela Muitos aspectos como ATM (Fig. 2.7), mús-
sua alta eficiência e índice de sucesso, mas culos (Fig. 2.8), crescimento e desenvolvi-
também são muito úteis no tratamento de mento, mastigação e outras funções do siste-
outros tipos de más oclusões.64,66 ma estomatognático devem ser tratadas”.66
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A Ortopedia Funcional na Prevenção de Oclusopatias

Fig. 2.7 – Esquema da ação muscular em um paciente sem (à esquerda) e com mordida cruzada (à direita).

Fig. 2.8 – Esquema da situação da cabeça da mandíbula (côndilo) e do disco articular, no plano sagital, numa
mordida cruzada.

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Ramirez 69 explica e justifica assim o sucção, doenças sistêmicas, distúrbios endó-


mecanismo de fechamento da boca num crinos, enfermidades nasofaríngeas e função
paciente com mordida cruzada: quando a respiratória perturbada, tumores na região
mandíbula está em fechamento e o contato articular, interferências dentárias, migração
é quase alcançado entre os dentes opostos, dental e má nutrição.76-82
a atividade muscular é ajustada para posi- “Parece existir uma relação entre res-
cionar os dois côndilos (cabeça da mandí- piração deficiente, hábitos e atresias com
bula) concentricamente na fossa glenoide. mordidas cruzadas, além de doenças sub-
A mordida cruzada não permite uma po- sequentes no nível de côndilo, de músculos
sição adequada do côndilo no lado oposto, e crescimento assimétrico.”65
forçando o músculo temporal posterior De acordo com Silva Filho et al.,83 cerca
a se tornar mais ativo.70 Como resultado de 73,26% das crianças em fase de dentição
do desequilíbrio muscular, a mandíbula decídua possuem algum tipo de má oclusão.
torna-se maior do lado não cruzado em A prevalência de mordida cruzada posterior
relação ao lado cruzado.61,71 Além disso, o é apontada como significante por diversos
côndilo está posicionado mais para supe- autores: Carcerere84 (14,72%), Kutin,85 (7,7%),
rior e para posterior no lado cruzado, com Järvinen86 (14,3%), Thilander87 (9,6%).
um côndilo mais estreito e mais curto. 72 Para Myers e Cheney,88,89 com relação à
Em outras palavras, o côndilo no lado ATM frente à presença de mordida cruzada
não cruzado está localizado para a frente posterior, mostram que há assimetria condi-
e para baixo na fossa glenoide, enquanto lar antes da correção da mordida cruzada e
o côndilo no lado cruzado é posicionado simetria condilar após o tratamento.
para trás e para cima. Vis90 em seu estudo encontra um resulta-
As ATM adaptam-se aos deslocamen- do de apenas de 3,5% das crianças que apre-
tos da mandíbula através de crescimento sentam disfunção temporomandibular.
condilar e remodelação da superfície da Baseado no exposto, este capítulo tem
fossa.73,74 como objetivo demonstrar, através da
Um método muito interessante para apresentação de casos clínicos, a correção
avaliar a oclusão em crianças na fase de da mordida cruzada anterior e unilateral
dentições decídua e mista foi proposto por funcional, utilizando o ajuste oclusal por
Azevedo e cols.75 O objetivo desse trabalho acréscimo (pistas diretas) como uma das
foi avaliar a prevalência de alterações oclu- armas do arsenal ortopédico funcional na
sofuncionais em crianças entre 2 e 9 anos prevenção das oclusopatias.
de idade, e direcionado a ações em Saúde A paciente L.N., 3 anos e 8 meses de
Pública e em clínicas de formação acadê- idade, foi tratada em clínica particular. Na
mica. Como resultado, 95% das crianças anamnese, constatou-se otites repetitivas,
apresentaram algum tipo de oclusopatia, amamentação no peito por 4 meses, sem
sendo que 49,7% possuíam atrofia grau 3, histórico de quedas ou traumatismo. Nos
segundo os conceitos da RNO.61 exames físico e físico intrabucal, notou-se a
A mordida cruzada está relacionada a presença dos lábios entreabertos, respiração
diversas causas como: hereditariedade, bucal, dentição decídua, ausência de lesões
defeitos de desenvolvimento de origem des- cariosas e mordida cruzada unilateral fun-
conhecida, traumatismos, agentes físicos, cional direita, com desvio da linha média
tais como extração prematura ou retenção desviada para o lado esquerdo (Figs. 2.9 e
prolongada de dentes decíduos, hábitos de 2.10).
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A Ortopedia Funcional na Prevenção de Oclusopatias

Fig. 2.9 – Rosto da paciente no início do tratamento Fig. 2.10 – Oclusão da paciente no início do trata-
aos 3 anos e 8 meses de idade. mento aos 3 anos e 8 meses de idade. Observar a
mordida cruzada e o desvio da linha média para o
lado esquerdo.

No exame físico funcional, constatou-se mesial) e 73 (face mesiolingual) com uma


que o Ângulo Funcional Mastigatório Pla- ponta diamantada no 3053 Sorensen em for-
nas14 (AFMP) do lado esquerdo era menor mato de roda, com o intuito de melhorar o
que do lado direito, com predominância movimento de lateralidade do lado direito,
do lado esquerdo para mastigação. Após assim como diminuir um pouco o AFMP
o exame clínico funcional e a manipulação desse lado.
mandibular, constatou-se que a mordida O material restaurador selecionado para
cruzada era do tipo funcional. a confecção das pistas foi a resina composta
O conjunto de dados obtidos no exame Z 250 (3M), cor A3, do tipo micro-híbrida,
clínico (anamnese + exame físico + exame que na época da confecção das pistas era o
físico funcional), exames radiográfico e material que oferecia a melhor resistência
tomográfico, e fotografias intra e extrabu- à compressão e à fratura, além de permitir
cais serviram de base para o diagnóstico bom acabamento de superfície e polimento.
diferencial e posterior tratamento da pa- Usou-se o protocolo utilizado na época para
ciente através de pistas diretas, associadas pistas confeccionadas diretamente, ou seja:
ao ajuste oclusal por desgaste, segundo os
conceitos da RNO. • ácido fosfórico a 37% por 45 s (dentes
Alguns desses ajustes oclusais foram decíduos);
feitos previamente nos dentes 53 (vertente • aplicação de 1 camada do adesivo;
41
Nova Visão em Ortodontia e Ortopedia Funcional dos Maxilares

• fotopolimerização por 10 s; A paciente foi orientada a mastigar ali-


• aplicação de camadas da resina Z 250; mentos mais duros, secos e fibrosos do lado
fotopolimerização por 20 s cada camada direito, com retornos previstos, inicialmente,
(2,5 mm); uma vez ao mês e, depois, a cada 3 meses.
• acabamento e polimento. Ajustes nas pistas (acréscimo ou remoção)
foram feitos conforme a necessidade, com o
O acabamento inicial das pistas reali- intuito de manter inicialmente a mastigação
zadas sobre os dentes 63 e 73 foi realizado mais à direita, mas com o passar do tempo,
com pontas diamantadas, para acabamento bilateralmente equilibrada.
de resina no 1192F e 3118F em alta rotação As figuras 2.13 e 2.14 mostram a tomogra-
e, em seguida, com discos de lixa Sof-lex fia inicial, com a cabeça da mandíbula fora de
Pop-On 3M de granulações diversas, da sua posição adequada, caracterizando uma
mais abrasiva (3931 G) até a de polimento mordida cruzada unilateral funcional. As
(4931 SF). figuras 2.15 e 2.16 referem-se à tomografia 9
A checagem das pistas foi feita com papel meses depois, já com a cabeça da mandíbula
carbono Baush BK 01 200 µ, e o resultado reposicionada por meio da ação das pistas
na mesma sessão pode ser visto nas figuras diretas. As figuras 2.17 e 2.18 são do caso após
2.11 e 2.12. 2 anos e 6 meses de acompanhamento.

Fig. 2.11 – Rosto da paciente logo após a instalação Fig. 2.12 – Oclusão da paciente logo após a instala-
das pistas diretas. ção das pista diretas.

42
A Ortopedia Funcional na Prevenção de Oclusopatias

Fig. 2.13 – Tomografia cone beam antes da confecção das pistas diretas (corte axial). Observar que a cabeça
da mandíbula direita (em amarelo) está mais anteriorizada que a esquerda, confirmando uma mordida cruzada
unilateral esquerda funcional.

Fig. 2.14 – Tomografia cone beam (corte sagital) evidenciando a posição anteriorizada da mandíbula.

Fig. 2.15 – Tomografia cone beam (corte axial), 9 meses depois de instalada as pistas diretas. Observar que a
cabeça da mandíbula (em amarelo) do lado direito está devidamente posicionada.

Fig. 2.16 – Tomografia cone beam (corte sagital) evidenciando a posição normalizada da cabeça da mandíbula
direita.

43
Nova Visão em Ortodontia e Ortopedia Funcional dos Maxilares

Fig. 2.17 – Rosto da paciente, 2,5 anos após a con- Fig. 2.18 – Oclusão da paciente, 2,5 anos após a
fecção das pistas diretas. confecção das pistas diretas.

Já a mordida cruzada anterior, na den- tipo de má oclusão com as pistas diretas,


tição decídua, ocorre em 4 a 5% da popu- apesar de clinicamente os resultados serem
lação.91,92 Existem relatos de autocorreção muito satisfatórios. Alguns trabalhos fazem
desta má oclusão na literatura,93,74 mas se colagem de compósitos com inclinação de
isso não ocorrer espontaneamente, a discre- 45° em relação ao longo eixo dos incisivos,
pência maxilomandibular poderá se tornar relatando o procedimento como um método
pior com o crescimento.94 Na maioria das simples e eficaz para o tratamento da mor-
vezes, os tratamentos para a correção da dida cruzada dentária anterior.96-98
mordida cruzada anterior (aparelho de A maneira como podemos utilizar as
Hawley, Quad-helix, etc.) são aplicados nas pistas diretas, para o tratamento da mordi-
dentições mista e permanente, e não na den- da cruzada anterior, será descrita no caso
tição decídua. Mordida cruzada anterior é clínico que se segue.
de grande preocupação estética e funcional, O paciente G.S. foi tratado em clínica
por isso é facilmente detectada pelos pais, o particular aos 2 anos e 6 meses de idade,
que facilitaria ou propiciaria uma interven- anamnese sem histórico de otites e/ou ton-
ção bem precoce, ao menos em teoria. silites repetitivas, sem histórico de quedas
A intervenção na dentição decídua po­ ou traumatismos e a amamentação no peito
de e deve ser feita com as pistas diretas, foi mantida por 8 meses. Nos exames físico
assim que diagnosticada, evitando, dessa e físico intrabucal, notou-se a presença dos
maneira, futuros problemas estéticos e/ lábios fechados, respiração nasal, dentição
ou esqueléticos.95 Pouquíssimos trabalhos decídua, ausência de lesões cariosas, mordi-
científicos mostram a intervenção desse da cruzada anterior que englobava os dois

44
A Ortopedia Funcional na Prevenção de Oclusopatias

incisivos centrais superiores e o incisivo técnica direta (já descrita no caso anterior),
lateral superior esquerdo, uma mordida pois a cooperação do paciente, apesar da
cruzada de Brodie no segundo molar supe- pouca idade, foi excelente.
rior direito, desvio da linha média inferior As pistas foram ajustadas com papel
para a esquerda, e um perfil prognata (Figs. articular Baush BK 01 200 µ. O acabamento
2.19 a 2.21). inicial das pistas foi realizado com pontas
Após algumas sessões de condiciona- diamantadas para acabamento de resina nos
mento da criança, foram feitas pistas diretas 1192F e 3118F em alta rotação e, em seguida,
nos dois incisivos superiores com as devidas com discos de lixa Sof-lex Pop-On 3M de
orientações de inclinação (Figs. 2.22 e 2.23). granulações diversas, da mais abrasiva (3931
As pistas foram construídas por meio da G) até a de polimento (4931 SF).

Fig. 2.19 – Oclusão do paciente no início do tratamento aos 2 anos e Fig. 2.20 – Perfil prognata do pacien-
6 meses de idade. Observar a mordida cruzada anterior, cruzada de te no início do tratamento.
Brodie e desvio da linha média inferior para a esquerda.

Fig. 2.21 – Foto evidenciando a mor-


dida cruzada de Brodie no segundo
molar superior direito.

45
Nova Visão em Ortodontia e Ortopedia Funcional dos Maxilares

Fig. 2.22 – Pistas diretas colocadas Fig. 2.23 – Pistas diretas colocadas nos incisivos superiores (vista
nos incisivos centrais superiores frontal).
(vista lateral).

O paciente foi orientado a voltar a cada 7 pois de 30 dias de instaladas as pista diretas
dias para a checagem das pistas nos primei- no paciente.
ros 30 dias. O resultado após o período de As pistas diretas têm se mostrado uma
30 dias pode ser observado nas figuras 2.24 excelente opção de tratamento quando se
e 2.25, tanto no perfil do paciente quanto na pensa em prevenção de oclusopatias, já
oclusão. A partir daí foram marcadas sessões que através delas é possível reorientar o
mensais nas quais as pistas foram gradativa- crescimento, normalizar a dinâmica man-
mente removidas durante os 4 meses que se dibular e, portanto, reorganizar o sistema
sucederam. O resultado após 3 anos e 2 meses estomatognático. Sempre realizadas a
pode ser visto nas figuras 2.26 e 2.27. partir de um conhecimento teórico-prático
No link de internet,99 é possível ver os científico adequado e baseado num bom
filmes de abertura e fechamento, antes e de- diagnóstico.

Fig. 2.24 – Perfil do paciente, Fig. 2.25 – Oclusão do paciente, 30 dias após a confecção das pistas
30 dias após a confecção das diretas.
pistas diretas.

46
A Ortopedia Funcional na Prevenção de Oclusopatias

Fig. 2.26 – Perfil do paciente Fig. 2.27 – Oclusão do paciente aos 5 anos e 8 meses de idade.
aos 5 anos e 8 meses de idade.

Parte 3 correção das fraturas condilares, utilizando


estímulos e forças mastigatórias, prevenindo
Marcos Nadler Gribel assimetrias faciais.
O diagnóstico é a etapa fundamental. Si-
Fraturas condilares ocorrem em qualquer nais como desvio ou deflexão mandibular e
idade, em geral associadas a traumatismo da linha média dentária inferior na abertura,
no terço inferior da face. No entanto, o em geral para o lado da fratura, limitação de
diagnóstico pode ser difícil, caso não sejam abertura de boca, dor à palpação da região
utilizados os métodos apropriados. Segundo da ATM podem indicar uma avaliação mais
Jung,100 apenas 10% das fraturas condilares detalhada através de imagens radiográficas.
são diagnosticadas na infância. A Ortopedia A radiografia panorâmica se presta a este
Funcional dos Maxilares (OFM) parece ser tipo de diagnóstico, sendo bem superior
uma excelente alternativa para o tratamento quando comparada com as radiografias
das fraturas condilares, em especial na infân- de seios da face ou submentovértex. No
cia.100-103 O tratamento oportuno e imediato entanto, tomografias computadorizadas
parece prevenir as chances de instalação de (TC) podem fornecer muito mais informa-
assimetrias mandibulares e faciais severas. ção, quanto ao tipo de fratura e possíveis
A grande quantidade de crescimento na deslocamentos dos cotos ósseos.106 Espe-
infância54 somado à grande plasticidade de cialmente as TC de feixe cônico (TCFC),
todos os tecidos moles e duros fornece um por serem rápidas, confortáveis, precisas e
substrato excepcional para as correções das seguras, mostram-se como padrão-ouro no
fraturas condilares. diagnóstico das fraturas condilares, entre
As pistas diretas planas, associadas ou outras aplicações.106
não a outros recursos terapêuticos, podem No caso clínico, uma menina, no início de
ser recursos importantes no tratamento de dentição mista, sofreu uma queda na escola
fraturas condilares. As pistas diretas planas e um traumatismo no terço inferior da face.
Modificadas por Gribel (PDPMG)66,67,105 tam- Encaminhada a um Pronto Atendimento
bém podem contribuir para o tratamento e a Hospitalar, foram tomadas radiografias de
47
Nova Visão em Ortodontia e Ortopedia Funcional dos Maxilares

face (para seios faciais e submentovértex). O esquerda (condílio esquerdo ao Gnátio =


diagnóstico da equipe médica foi a de ausên- 88,89 mm) quando comparada com a dia-
cia de danos ou fraturas mandibulares. Os gonal mandibular direita (condílio direito
responsáveis pela criança decidiram enca- ao Gnátio = 99,38). Os ramos mandibulares
minhá-la a um cirurgião-dentista, no mesmo também se apresentaram assimétricos (con-
dia do acidente. Ao exame clínico, a menina dílio esquerdo ao gônio esquerdo = 30,97
demonstrou dificuldade mastigatória, li- e condílio direito ao gônio direito = 42,76
mitação de abertura de boca, com deflexão mm). Os corpos mandibulares apresenta-
mandibular à esquerda, dor à palpação na vam, entretanto, simetria (gônio esquerdo a
região da ATM esquerda. Imediatamente, foi gnátio = 69,82 mm e gônio direito a gnátio =
solicitada uma TCFC da face, com FOV es- 69,06 mm). Estes dados, entre outros, foram
tendido e Voxel 0,3 mm dentro do protocolo obtidos a partir das medições realizadas
recomendado para esta situação.106 Apesar (Protocolo COMPASS 3D)106 na TC de 20
do encaminhamento feito para TCFC, os res- de setembro de 2009.
ponsáveis optaram por submeter a paciente As figuras 2.39 e 2.40 mostram em
a uma TC Multi-slice (TCMS) em virtude maior detalhe as regiões das ATM. Além
do plano de saúde cobrir este (TCMS) e da fratura em “galho verde”, observam-se
não aquele (TCFC) tipo de exame. Ambos os espaços articulares muito alterados na
os tipos de tomografia oferecem imagens ATM esquerda.
adequadas para o diagnóstico de fraturas Uma vez diagnosticada a presença da
dos ossos da face. No entanto, a rapidez da fratura condilar, partimos para o planeja-
TCFC (10 a 20 segundos para a aquisição mento e a execução do tratamento. Medi-
de face completa), o conforto do exame camento analgésico e relaxante muscular
(paciente sentado confortavelmente), baixo são necessários para diminuir a sintoma-
nível de radiação ionizante (equivalente a tologia e o espasmo muscular associado à
duas radiografias panorâmicas, dez vezes fratura condilar. Dieta branda também está
menos do que as TCMS) não foram levados indicada nestes primeiros dias. O espasmo
em conta pelos responsáveis, apesar de toda muscular afeta também os músculos man-
a orientação fornecida aos mesmos. Como dibulares verticais. A limitação da abertura
o exame TCMS é mais demorado – cerca de e consequentemente a impossibilidade de
6 a 8 minutos de duração –, a paciente se moldagens das arcadas dentárias dificul-
moveu durante a aquisição e se observa na ta as ações iniciais. No entanto, três dias
região anterior da mandíbula uma descon- depois, o medicamento surtiu efeito e foi
tinuidade dos contornos, que a princípio possível proceder às moldagens.
poderia ser confundida com uma fratura nos Um aparelho funcional modelo SN1107
corpos mandibulares. Apesar deste artefato, foi planejado e instalado três dias depois,
o exame mostrou claramente uma fratura avançando o lado esquerdo – lado da fratura
condilar na região do colo, tipo “galho ver- – 3 mm mais do que o lado direito, que foi
de”, com deslocamento anteroinferomedial mantido em relação de Classe I de Angle. O
da cabeça da mandíbula esquerda (Figs. 2.28 objetivo desta mudança de postura é manter
a 2.38). Isto em geral acontece em virtude do a hemi-mandíbula esquerda mais adianta-
espasmo do feixe inferior do músculo pteri- da e estimulada. No entanto, os aparelhos
góideo lateral. Este deslocamento da cabeça funcionais são geralmente removíveis, e são
da mandíbula produziu uma diminuição de retirados em momentos importantíssimos:
cerca de 10,5 mm na diagonal mandibular durante a função mastigatória.
48
A Ortopedia Funcional na Prevenção de Oclusopatias

Fig. 2.28 – Reconstrução volumétrica frontal a partir de tomografia computadorizada helicoidal/multislice


(TCMS). Podem ser observados os planos de referência para as medições do protocolo COMPASS 3D. Os pon-
tos medianos da mandíbula ligeiramente desviados à esquerda do plano sagital mediano sugerem um ligeiro
desvio mandibular à esquerda.

Fig. 2.29 – Reconstrução volumétrica lateral direita a partir de tomografia computadorizada helicoidal/mul-
tislice.

49
Nova Visão em Ortodontia e Ortopedia Funcional dos Maxilares

Fig. 2.30 – Reconstrução volumétrica lateral esquerda a partir de tomografia computadorizada helicoidal/
multislice. Pode ser observada a fratura do côndilo esquerdo.

Figs. 2.31 a 2.35 – Reconstrução de superfície da mandíbula fraturada mostram de diferentes ângulos a fratura
condilar em “galho verde”, na região do colo da cabeça da mandíbula.

50
A Ortopedia Funcional na Prevenção de Oclusopatias

Fig. 2.32

Fig. 2.33

Fig. 2.34

Fig. 2.35

51
Nova Visão em Ortodontia e Ortopedia Funcional dos Maxilares

Fig. 2.36 – Reconstrução de superfície da mandíbula fraturada sobreposta à reformatação da TCMS em uma
hemitelerradiografia esquerda.

Fig. 2.37 – Reconstrução de superfície da mandíbula fraturada sobreposta à reconstrução volumétrica lateral
esquerda do crânio e face.

52
A Ortopedia Funcional na Prevenção de Oclusopatias

Fig. 2.38 – Reformatação da TCMS em vista panorâmica da face.

Fig. 2.39 – A avaliação em 3D da região da ATM direita mostra a cabeça da mandíbula íntegra. O espaço articular
posterior à cabeça da mandíbula mostra-se aumentado, sugerindo ligeiro desvio mandibular à esquerda.

53
Nova Visão em Ortodontia e Ortopedia Funcional dos Maxilares

Fig. 2.40 – Avaliação em 3D da região da ATM esquerda mostra a cabeça da mandíbula deslocada anteroin-
feromedialmente e o aspecto de “galho verde” da fratura.

Dois meses após o inicio do tratamento – ser retirado para mastigar – pudesse ser
– que envolveu também fisioterapia oral contornada. Isto foi possível a partir da ins-
com movimentos isocinéticos de abertura talação de uma Pista Direta Planas Modifica-
e fechamento da boca, mantendo a ponta da por Gribel no dente 63 (canino superior
da língua na papila incisiva, seis vezes ao esquerdo decíduo). A PDPMG66,67,105 dificulta
dia, por três minutos –, os sinais e sintomas os movimentos mandibulares para o lado
diminuíram de maneira acentuada. Foi so- ipsilateral, favorecendo a mastigação para
licitada uma TCFC para avaliar a redução o lado contralateral (Fig. 2.48). Ou seja, ins-
da fratura e a situação das ATM. talada a PDPMG no dente 63, a mastigação
As figuras 2.41 a 2.47 mostram as ATM passou a ser exercida, predominantemente,
depois de dois meses de tratamento. Ob- do lado direito. Os movimentos mandibula-
servou-se a redução da fratura, bem como res predominarão à direita, o que implica em
o início de um processo de crescimento e maior translação da cabeça da mandíbula do
remodelamento muito rápido na cabeça da lado esquerdo, maior atividade do músculo
mandíbula esquerda. pterigóideo lateral esquerdo, maior fluxo
A melhora acelerada e o processo de sanguíneo no coxim retrodiscal esquerdo e,
consolidação da fratura permitiu que a de- por isto, velocidade maior de crescimento e
ficiência importante do aparelho funcional remodelamento na região.108-10

54
A Ortopedia Funcional na Prevenção de Oclusopatias

Fig. 2.41

Fig. 2.42

Fig. 2.43

Figs. 2.41 a 2.45 – As imagens obtidas a partir de nova TC mostram a evolução 2 meses após o início do
tratamento. Observa-se a mudança significativa da cabeça da mandíbula esquerda por crescimento e remo-
delamento a curto prazo.

55
Nova Visão em Ortodontia e Ortopedia Funcional dos Maxilares

Fig. 2.44

Fig. 2.45

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A Ortopedia Funcional na Prevenção de Oclusopatias

Fig. 2.46 – A avaliação em 3D da região da ATM direita mostra a cabeça da mandíbula íntegra, 2 meses após
o início do tratamento. O espaço articular posterior à cabeça da mandíbula mostra-se aumentado, sugerindo
ligeiro desvio mandibular à esquerda.

Fig. 2.47 – A avaliação em 3D da região da ATM esquerda mostra uma mudança significativa da cabeça da
mandíbula esquerda por crescimento e remodelamento após 2 meses do início do tratamento.

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Nova Visão em Ortodontia e Ortopedia Funcional dos Maxilares

Fig. 2.48 – Pista direta planas modificada por Gribel instalada no dente 63.

Com o objetivo de aumentar ainda Aqui apenas as mandíbulas foram seg-


mais a estimulação da ATM esquerda, foi mentadas e renderizadas. Cada cor repre-
substituído o aparelho funcional modelo senta um dos exames realizados. À TC ini-
SN1 por um modelo SN11.48 Esta modifi- cial em – mandíbula laranja – se sobrepõem a
cação do aparelho funcional Pistas Indire- mandíbula azul (dois meses de tratamento),
tas Planas Simples (PIPS) bloqueia o mo- mandíbula amarela (um ano de tratamento)
vimento mandibular para o lado oposto e mandíbula verde (18 meses de tratamento).
àquele onde está posicionada a flange na As tabelas 2.1 e 2.2 mostram as medições
porção superior do aparelho. Portanto, o realizadas em novembro de 2009 e março de
SN11 foi construído com flange do lado 2012. A assimetria entre as diagonais man-
direito da PIPS. Vale realçar que este dis- dibulares detectada no exame inicial de 10,5
positivo é também removido durante a mm está reduzida agora a apenas 2,3 mm.
atividade mastigatória. A figura 2.49 mos- A simetria entre os planos oclusais à direita
tra a paciente com ótima abertura de boca, e esquerda, nos aspectos vertical, sagital e
sem desvios ou deflexões após estes 60 transversal foram mantidos, diminuindo as
dias de tratamento. chances de se estabelecer um crescimento
As figuras 2.50 a 2.54 mostram as so- assimétrico nos próximos anos.
breposições das TC realizadas até maio de As figuras 2.55 a 2.63 mostram a situação
2011. em marco de 2012.

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A Ortopedia Funcional na Prevenção de Oclusopatias

Fig. 2.49 – Abertura máxima de boca, 2 meses depois do início de tratamento, sem desvio ou deflexão.

Figs. 2.50 a 2.54 – Sobreposições das reconstruções de superfície da mandíbula em 4 momentos do trata-
mento.

59
Nova Visão em Ortodontia e Ortopedia Funcional dos Maxilares

Fig. 2.51

Fig. 2.52

60
A Ortopedia Funcional na Prevenção de Oclusopatias

Fig. 2.53

Fig. 2.54

61
Nova Visão em Ortodontia e Ortopedia Funcional dos Maxilares

Figs. 2.55 a 2.58 – Reconstruções volumétricas a partir de TC obtida em março de 2012. Observa-se a norma-
lização das dimensões mandibulares.

Fig. 2.56

62
A Ortopedia Funcional na Prevenção de Oclusopatias

Fig. 2.57

Fig. 2.58

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Nova Visão em Ortodontia e Ortopedia Funcional dos Maxilares

Fig. 2.59 – A avaliação em 3D da região da ATM direita mostra a cabeça da mandíbula íntegra, 2 anos e 5 meses
após o início do tratamento. Os espaços articulares estão normalizados.

Fig. 2.60 – A avaliação em 3D da região da ATM esquerda mostra a normalização da forma e contornos do
tubérculo articular e da fossa mandibular do osso temporal.

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A Ortopedia Funcional na Prevenção de Oclusopatias

Fig. 2.61 – Reformatação da TC em vista panorâmica, 2 anos e 5 meses após o início do tratamento.

Figs. 2.62 e 2.63 – Reformatação da TC em forma de hemitelerradiografias direita e esquerda, 2 anos e 5 meses
após o início do tratamento.

65
Nova Visão em Ortodontia e Ortopedia Funcional dos Maxilares

Fig. 2.63

A PDPMG será mantida até o final da mais variadas, o tratamento e a prevenção


erupção dos incisivos permanentes e tam- se justificam cada vez mais, visando a cor-
bém dos primeiros molares permanentes. reção ou diminuição da intensidade das
Com o final da erupção destes, dentes a más oclusões. As pistas diretas planas, des-
simetria dos planos oclusais será mantida gastes seletivos, aparelhos funcionais e as
com mais facilidade até a adolescência. pistas diretas planas modificadas por Gri-
Numa época onde cerca de ¾ da po- bel podem contribuir de maneira importan-
pulação infantil apresenta oclusopatias, as te nestes objetivos.

66
A Ortopedia Funcional na Prevenção de Oclusopatias

Tabela 2.1 – As medições tridimensionais (Protocolo COMPASS 3D) obtidas a partir da TC de novembro de
2009 mostram assimetria entre as hemimandíbulas. As diagonais mandibulares e os ramos mandibulares são
assimétricos em virtude do deslocamento da cabeça da mandíbula fraturada. Os planos oclusais são simétricos,
assim como os corpos mandibulares.

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Nova Visão em Ortodontia e Ortopedia Funcional dos Maxilares

Tabela 2.1 – Continuação.

68
A Ortopedia Funcional na Prevenção de Oclusopatias

Tabela 2.2 – As medições tridimensionais obtidas a partir da TC de março de 2012 mostram a redução signi-
ficativa da assimetria entre as hemimandíbulas, sendo mantida a simetria dos planos oclusais.

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Nova Visão em Ortodontia e Ortopedia Funcional dos Maxilares

Tabela 2.2 – Continuação.

70
A Ortopedia Funcional na Prevenção de Oclusopatias

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