Você está na página 1de 4

11/11/2016 Uma Igreja Ministerial ­ Vocação e Ministérios

Uma Igreja Ministerial ­ Vocação e


Ministérios
 
 

1º) Toda Igreja em estado missão 

Para ser autenticamente evangélica e continuar a missão de Cristo, a Igreja deve estar inteiramente voltada
para a missão, para o serviço. Para tanto ela há de ser toda ministerial, o que implica:

­ Fidelidade total a Cristo e, em Cristo, ao homem e à sua história.

­ Atitude de serviço humilde, como a de Cristo, que deve permear toda a atuação da Igreja e dos cristãos.

­ Que todos na Igreja são chamados a assumir um serviço, um ministério.

A Igreja é na sua essência missionária e a obra da evangelização é um dever fundamental do povo de Deus,
portanto, de todas as comunidades cristãs (AG 35­37). Esta permanente missionariedade da Igreja, do povo
de Deus, não deve ser compreendida só como "implantação da Igreja" (missões além fronteiras), mas como
"serviço ao mundo".

A distribuição dos serviços ou ministérios na Igreja constitui um teste fundamental e condição essencial de
sua fidelidade ao Evangelho e à sua missão evangelizadora.

2º) Todo batizado é responsável pela missão Igreja 

Um cristão dos primeiros tempos da Igreja, seja da época dos apóstolos e dos primeiros mártires, seja de
alguns séculos depois, ter­se­ia admirado de que alguém pudesse duvidar do fato, para ele evidente, de que
todos os cristãos são chamados a participar ativamente da missão da Igreja.

Séculos  depois,  na  Idade  Média,  o  leigo  vira  mero  e  silencioso  ouvinte;  torna­se  o  que  não  sabe  o  latim
(idioma oficial da Igreja), o inculto, o analfabeto, que não tem aceso à Bíblia. A missão ficou nas mãos  da
hierarquia e, parcialmente, dos religiosos e religiosas consagradas. Assim  nasceu  e  progrediu  a  distância
entre hierarquia e laicato, entre clero e povo.
Os leigos foram relegados a ser destinatários e não agentes da ação evangelizadora da Igreja.

Junto  com  esta  relegação,  referida  à  missão,  aconteceu  também  a  relegação  na  ordem  da  identidade  do
leigo.  O  Concílio  Vaticano  II  traz  uma  nova  compreensão  da  Igreja  recuperando  a  originalidade  perdida.
Assim,  na  Constituição  Dogmática,  sobre  a  Igreja  "Luz  dos  povos"  (Lumen  Gentium),  antes  de  falar  da
hierarquia (cap. Ill) e dos leigos (cap. IV), fala do povo de Deus (cap. II). É a Igreja na sua totalidade, naquilo
que  é  comum  a  todos  os  membros.  Ai  o  concílio  superou  a  distância  entre  hierarquia  e  laicato  e  a
desigualdade tão perniciosa.

A noção de povo de Deus exprime a profunda unidade, a comum dignidade e fundamental habilitação de
todos  os  membros  à  participação  na  vida  da  Igreja  e  à  co­responsabilidade  na  missão.  Assim,  quando  o
concílio fala da "atividade missionária da Igreja", diz:

"Como membros de Cristo vivo, a E/e incorporados e configurados pelo Batismo e também pe/a Confirmação
e  a  Eucaristia,  obrigados  se  acham  todos  os  fiéis  ao  dever  de  cooperar  na  expansão  e  dilatação  de  seu
corpo,  para  o  levarem  quanto  antes  à  plenitude  (...)  Convençam­se  por  isso  vivamente  todos  os  filhos  da
Igreja de sua responsabilidade para com o mundo... Empenhem­se com afinco na obra da evangelização "
(AG 36).

O Batismo e a Crisma conferem direitos e deveres na vida e missão da Igreja. O Batismo inserindo­nos no
mistério da comunhão trínitáría e a Crisma impulsionando­nos pelo dinamismo do Espírito Santo à missão.

3º) Doutrina do Concílio Vaticano II sobre a responsabilidade na missão  

A  doutrina  do  Concílio  Vaticano  II  sobre  a  responsabilidade  na  missão  dos  membros  da  Igreja  pode  ser
resumida assim:

1. Entre todos os batizados reina a verdadeira igualdade quanto à dignidade e à ação comum dos fiéis na
edificação do Corpo de Cristo (LG 32c).

2.    Todos os leigos são agora "irmãos" dos pastores (LG 32/ 37a). 

3. Absolutamente todos são chamados pelo Senhor para o incremento e a perene santificação da Igreja (LG
33a; AA 2a).

4. Todos participam na missão de todo povo cristão na Igreja e no mundo (LG 31­76). 

http://www.catequisar.com.br/texto/materia/especial/vocacao/10.htm 1/4
11/11/2016 Uma Igreja Ministerial ­ Vocação e Ministérios

5.   Todos têm parte ativa na vida e na ação da Igreja (AA 10a). 

6.   Pelo próprio Senhor todos são destinados ao apostolado (LG 33b).

7. A todos os leigos incumbe a missão de trabalhar para que o plano de salvação atinja sempre mais todos
os homens de todos os tempos e de todos os lugares (LG 33d).

8. Todos os batizados participam do ministério sacerdotal, profético e régio de Cristo (LG 31a; Aà2b; 10a). 

9. O eterno Sacerdote quer continuar seu testemunho e seu serviço também através dos leigos, concedendo­
lhes parte de seu ministério sacerdotal (LG 34a­b).

10. Jesus exerce seu profetismo mediante os leigos, e não só através da hierarquia, tendo­os constituído
testemunhas e ornado com a graça da palavra (LG 35a).

Os leigos têm parte ativa na ação eucarística, devendo eles oferecer­se a si mesmos e "não só pelas mãos
dos sacerdotes" (SC 48).

4º) Diversidade de carismas e ministérios... Em vista do bem comum e da missão da Igreja

Em função de suas necessidades internas e dos desafios da missão no mundo, a Igreja, dócil às indicações
de  Espírito  Santo,  vai  se  estruturando  e  organizando.  A  expressão  povo  de  Deus  evoca  a  variedade  de
carismas, serviços e ministérios que o Senhor reparte entre os fiéis em vista da vida e missão da Igreja.

O Espírito Santo santifica e conduz o povo de Deus, repartindo seus dons. O Concílio Vaticano II explicita que
as graças do Espírito Santo, mesmo as graças especiais, são distribuídas entre os fiéis de qualquer condição
(leigos, religiosos ou ministros ordenados), e acrescentando:

Por elas torna­os aptos e prontos a tomarem sobre si os vários trabalhos e funções, que contribuem para a
renovação  e  maior  incremento  da  Igreja,  segundo  estas  palavras:  "a  cada  um  é  dada  a  manifestação  do
Espírito para utilidade comum"(LG 12b).

Os carismas são toda graça ou dom do Espírito Santo, dados para utilidade do bem comum, que tendem a se
tornar ministérios, isto é, serviços ou funções. Todos os carismas, serviços e ministérios de que a Igreja é
dotada  pelo  Espírito  para  cumprir  a  sua  missão  se  complementam,  cooperam  uns  com  os  outros  e  se
integram, como os membros de um corpo. Em palavras de São Paulo:

"Há diversidade de dons, mas o Espírito é o mesmo; diversidade de ministérios, mas o Senhor é o mesmo;
diversos  modos  de  ação,  mas  o  mesmo  Deus  que  realiza  tudo  em  todos.  Cada  um  recebe  o  dom  de
manifestar o espírito para utilidade de /cotos "(1 Cor 12,4­7).

Ministério éum carisma, ou seja, um dom do alto, do Pai, pelo Filho, no Espirito, que torna seu portador apto a
desempenhar determinadas atividades, serviços em ordem à salvação (cf n° 84)

Só  pode  ser  considerado  ministério  o  carisma  que  na  comunidade  e  em  vista  da  missão  da  Igreja  e  no
mundo,  assume  a  força  de  serviço  bem  determinado,  envolvendo  um  conjunto  mais  ou  menos  amplo  de
funções,  que  responda  a  exigências  permanentes  da  comunidade  e  da  missão,  seja  assumindo  com
estabilidade,  comporte  verdadeira  responsabilidade  e  seja  acolhido  e  reconhecido  pela  comunidade
eclesial.

Tipos de ministérios: 

Ministérios reconhecidos: ligados a um serviço significativo para a comunidade, mas considerando não tão
permanente, podendo vir a desaparecer;

Ministérios confiados: conferidos por algum gesto litúrgico simples ou alguma forma canónica;

Ministérios instituídos: conferidos pela Igreja por rito chamado "instituição". 

Ministérios  ordenados  (apostólicos  ou  pastorais):  através  do  Sacramento  da  Ordem,  visam  constituir  os
ministros  da  unidade  da  Igreja  na  fé  e  na  caridade,  de  modo  que  a  Igreja  se  mantenha  na  tradição  dos
apóstolos e, através deles, fiéis a Jesus Cristo.

O  ministério  ordenado,  não  é,  pode­se  dizer,  a  síntese  dos  ministérios,  mas  o  ministério  da  sintese.  Seu
carisma específico é o da presidência da comunidade, da animação, coordenação e do discernimento final
dos carismas. 

Existem  ainda  os  chamados  ministérios  de  suplência.  porque  embora  sem  exercício  não  dependem  da
ordenação,  as  funções  neles  implicadas  são  historicamente  consideradas  próprias  e  típicas  do  ministério
ordenado. 

A questão aqui é complexa, pois se o ministro leigo pode assumir em algumas circunstâncias, por que não
pensar  numa  reorganização  criando  verdadeiros  e  próprios  ofícios  a  serem  conferidos  a  leigos  com
responsabilidade própria e não como suplência? Há também a questão do "ministério ad intra e ad extra, ou

http://www.catequisar.com.br/texto/materia/especial/vocacao/10.htm 2/4
11/11/2016 Uma Igreja Ministerial ­ Vocação e Ministérios
seja. "Igreja" e "mundo" e, conseqüentemente, "vida da Igreja" e 'missão da Igreja".

Importante,  também,  ressaltar  que  os  ministérios  não  se  limitam  a  determinadas  áreas.  Os  ministros  da
sagrada comunhão não são mais ministros que os catequistas ou que os agentes de Pastoral da Criança ou
da Pastoral Social. Aqui podemos distinguir serviço cristão e ministério. O ministério é um agir "eclesial", que
representa  e  empenha  publicamente  e  oficialmente  a  Igreja.  Os  "serviços"  cristãos  não  devem  chamar­se
ministérios, porque é uma ação comum na sociedade (cf. n° 91). 

Depois de deixar claro que os leigos são cristãos e que participam a pleno título da missão da Igreja, o Doe.
62  esclarece  que  a  peculiaridade  dos  leigos  é  a  "índole  secular",  ou  seja,  que  eles  são  chamados  a
evidenciar  a  "missão  no  mundo",  exercendo  seu  próprio  ofício  guiados  pelo  espírito,  a  modo  de  fermento,
contribuam para a santificação do mundo.

Com  todo  avanço  do  Concílio  Vaticano  II  na  compreensão  da  estrutura  social  da  Igreja  como  comunhão,
ainda  persiste  o  binómio  clássico  "hierarquia  e  laicato".  Daí  a  preocupação  de  vários  teólogos  proporem
pensar a estrutura social da Igreja em termos de "comunidade ­ carismas e ministérios". O termo comunidade
inclui tudo o que há de comum a todos os membros da Igreja; e a dupla "carismas e ministérios" inclui tudo o
que positivamente os distingue, (cf n° 105). 

A  partir  de  uma  eclesiologia  de  totalidade,  a  Igreja  toda  está  no  mundo  e  é  sacramento  de  salvação  no
mundo.  Cada  um,  porém,  realiza  a  missão  do  povo  cristão  na  Igreja  e  no  mundo  a  partir  dos  carismas
recebidos e, eventualmente, dos serviços e ministérios que exerce.

Textos para refletir: 
­ Lumen Gentium ­ Constituição Dogmática do Concílio Vaticano II 
­ Doe 62 CNBB ­ Missão e ministérios dos cristãos leigos e leigas
­ Doe 71 CNBB ­ Diretrizes da ação evangelizadora da Igreja no Brasil

Textos bíblicos: 
­At 2,1­6
­ 1 Cor 12, 8­11; 12, 29­30;  
1 Cor 14, 6­11;  
1 Cor 14, 13­17;
1 Cor 14,26
­Rom 12, 6­8;
­Ef 4, 7­13

 
 

http://www.catequisar.com.br/texto/materia/especial/vocacao/10.htm 3/4
11/11/2016 Uma Igreja Ministerial ­ Vocação e Ministérios

Curtir 628 mil pessoas curtiram isso.
Cadastre­se para ver do que
seus amigos gostam.

http://www.catequisar.com.br/texto/materia/especial/vocacao/10.htm 4/4

Você também pode gostar