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O artigo recupera as razões históricas para o surgimento da categoria dos fundos de pasto. Nele,
são utilizados dados secundários recolhidos de relatórios governamentais e obtidos em entre-
vistas com técnicos, agentes pastorais e comunidades pastoris. Os fundos de pasto eram apenas
áreas não-cercadas de Caatinga, utilizadas para pastoreio comunal. Esse padrão de ocupação,
que se desenvolveu em todo o semiárido nordestino, foi progressivamente usurpado em um
processo similar aos enclosures ingleses. Na Bahia, com os avanços do capital sobre essas áreas,
a partir da década de 1970, houve articulações regionais e apoios institucionais que estimula-
ram resistências diversas. Assim, “Fundo de Pasto” passou a designar não só as áreas, mas os
grupos sociais que as defendiam por delas depender. O termo Fundo de Pasto, antes regional,
generalizou-se por todo o estado, principalmente após sua citação na constituição baiana. Os
vínculos familiares dessas comunidades também concorreram para a resistência dessa forma
de ocupação.
PALAVRAS-CHAVE: fundos de pasto, enclosures, grilagem, terras comunais, caatinga.
Neste artigo, busca-se compreender os pro- exemplo de outros grupos sociais que vivem nas
cessos históricos que ensejaram o desenvolvimen- suas “dobras” e “intervalos”.
to, no sertão baiano, de um conjunto de aproxima- A tendência mundial ao desaparecimento
damente 20.000 famílias, distribuídas por 500 co- de sistemas comunais, iniciada no século XIII com
munidades, que vivem do pastoreio comunal. Tra- os enclosures ingleses, coincide com o avanço da
ta-se da categoria dos Fundos de Pasto (FP). A his- mercantilização da terra e do trabalho (Polanyi,
tória matricial dos FP refere-se ao longo período entre 2000). A cobiça de grileiros e latifúndios sobre áre-
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le do Estado sobre essas terras, o desinteresse eco- BRASIL PLANTATION S.A.: marcas no campo
nômico por elas e seu relativo isolamento geográfi- e sertão brasileiros
co são aspectos que favoreceram seu desenvolvi-
mento. No sertão, essas condições perduraram sem Na formação histórica das condições
alterações bruscas e exógenas até as décadas de socioeconômicas brasileiras, os processos de ocu-
1970 e 1980, quando o cercamento de grandes áre- pação foram organizados pelo mercado externo e
as criou choques com os usos costumeiros. A par- não por projetos endógenos. Assim, o espaço tor-
tir daí, atos mais ou menos isolados de resistência nou-se tão somente o local de produção para ex-
comunitária e o “reconhecimento” desses usos portação, independentemente dos custos
costumeiros por parte de uma fração do Estado ambientais e sociais.
criaram as condições que transformaram um pa- Há, no Brasil, uma submissão histórica do
drão de ocupação e uso da terra em uma nova ca- projeto de país aos interesses dos países centrais.
tegoria social. A formação social ocorre em função da acumula-
Existem poucos estudos históricos sobre os ção comercial europeia (Wanderley, 1979a). A for-
FP. Há diversas teorias sobre a sua origem. Ou- mação do Brasil como empreendimento econômi-
vem-se várias versões: “sempre houve os FP”, “os co da Europa estabeleceu a classe dos que estão
FP é coisa nova”, “têm origem portuguesa”, “isso aqui a negócio, senhores de terras, e a dos que
de criar solto é coisa que vem dos índios”. Há, estão como insumo do negócio, trabalhadores que
também, pistas mais precisas como: “os FP daqui servem aos objetivos dos primeiros. Os que che-
eram todos área da Casa da Torre”. As versões e garam (ou estão) no Brasil a negócio são aventurei-
razões para a sua existência serão aqui discutidas. ros (Holanda, 1978) que, de fato, assumem poucos
Por que surgiu e persiste o fundo de pasto? Adici- riscos, pois estão “subterraneamente” sustentados
onou-se a essa pergunta um conjunto articulado pelo forte “fio da rede mercantil que devora o mun-
de relações compreensivas: do” (Faoro, 1997, p.105). Repetem, em ciclos, pa-
§ as comunidades nasceram a partir dos currais drões comerciais subordinados (Prado Jr., 1989).
das Casas da Torre e da Ponte; A ideia do país como empreendimento co-
§ há razões econômicas, fundiárias, ambientais e mercial está explícita na expressão “A empresa
culturais para a persistência dessas comunida- Brasil”, de Ribeiro (1995). A sociedade se origi-
des, combinadas às relações de parentesco e nou e se organizou em função do negócio do açú-
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compadrio como elementos facilitadores; e car. A coletividade instalada é expressão desse ne-
§ desde 1980, a persistência dos FP está associada gócio (Prado Jr., 1989). Não foi a colonização que
à organização política, à articulação com institui- empreendeu a exploração canavieira, mas sim a
ções, ao apoio governamental e ao seu reconhe- empresa canavieira que deu origem à colonização.
cimento legal. Interesses “alienígenas” prevalecem e ori-
A pesquisa, desenvolvida entre 2006 e 2007, entam a exploração primária da terra para atender
fundamentou-se na busca por dados secundários à “vocação oceânica” do Brasil colônia, exportan-
contidos nos relatórios das instituições estatais, do sua riqueza em favor dos interesses da Europa
em entrevistas com técnicos que participaram do (Castro, 1967, p.265). A prática de servirem-se da
projeto Fundo de Pasto, com agentes pastorais e terra como usufrutuários (Holanda, 1978), o senti-
com as comunidades de FP. Orientou-se pela re- mento de não-pertencimento dos empreendedo-
dução sociológica de Guerreiro Ramos, na qual a res em relação ao Brasil e os deslocamentos huma-
busca pelas conexões de sentido da realidade so- nos internos pela sobrevivência acabaram por se
cial não pode, de modo algum, ser tratada como tornar aspectos constitutivos do país.
um conjunto de fatos desconexos (Ramos, 1965). O interesse reside em compreender que,
durante tais ciclos, principalmente ao final de cada
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um deles, se desenvolveram ideias, formas de vida do como a primeira razão histórica da concentra-
e de produção distintas, opostas e ou complemen- ção de terras e da falta de controle sobre terras
tares aos projetos hegemônicos. Formas diversas públicas (Drummond, 1999).
de vida, de produção e de pensamento surgiram Há crônicos descontrole e desconhecimen-
nas entrelinhas dos canaviais, nas ruas dos cafe- to de todos os governos do Brasil, do império aos
zais, nos currais dos sertões, nas hortas, nos dias de hoje, de suas terras, as chamadas terras
mocambos, nas roças de subsistência, nos públicas (1999). A Coroa ignorava a maior parte
quilombos, nas fronteiras agrícolas, nos seringais, das terras mantidas sob seu domínio. Por outro
nos babaçuais, nas “Gerais”, e também ficaram nas lado, abdicava de qualquer controle sobre elas, na
entrelinhas da história oficial. medida em que cedia a súditos de posses, em tro-
ca de contribuições anuais, imensas áreas e todo o
poder fiscal, militar, judiciário e político exigido
CONCENTRAÇÃO, DEGRADAÇÃO E DESCON- para administrá-las. Com a falta de recursos da
TROLE DE TERRAS Coroa, a forma de exercer o seu poder e de garantir
a sua parte no negócio se fundava nesse sistema
A grande propriedade é o corolário da ex- de concessões (Faoro, 1997).
ploração em larga escala (Prado Jr., 1989) que, por O papel desempenhado pelos senhores de
sua vez, é um desdobramento da “Empresa Bra- terras, a crescente dependência da coroa em rela-
sil”. Nos 300 anos de colônia, o Brasil se funda- ção a eles e a hipertrofia de suas funções e poderes
mentou, principalmente, na grande propriedade têm como uma das suas consequências a
fundiária, na monocultura de exportação e no tra- postergação da reforma agrária (Burstyn, 1990). As
balho escravo (Freyre, 1994; Szmrecsányi, 1990). doações de terras chegaram a unidades de até 100
A coroa portuguesa transferiu para o Brasil, léguas quadradas, com diversas delas sendo feitas
em 1534, o mesmo regime jurídico da repartição a um mesmo requerente (Faoro, 1997). A liberali-
fundiária em sesmarias, instituído em 1375 no rei- dade desse processo foi tamanha, que, em 1822,
nado de D. Fernando I. Seu objetivo era promover já não havia porções de terra para distribuir nas
o cultivo e o povoamento das terras incultas ou regiões próximas à costa, principalmente no Su-
retomadas dos árabes que ocuparam a península deste e Nordeste do país (1997). Esse fato, associ-
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edade fundiária (Wanderley, 1979b), o que, entre- grande proporção de terras no Brasil nas quais o
tanto, não ocorre em virtude da reacomodação do campesinato se reproduz. Na Bahia, Oliveira (2007)
sistema em suas práticas de privilegiar os “bem- estima 22 milhões de hectares de terras devolutas,
nascidos”. A lei, que visava a modificar as rela- 39% dos 56,7 milhões de hectares do estado, qua-
ções com a terra e incentivar a produtividade, tor- se o dobro da média nacional.
nou-se um simples retrocesso fundiário.
Sem gerar o impacto econômico necessário
à transformação dos latifúndios, ela reduziu a pos- OCUPAÇÃO DO NORDESTE
sibilidade do acesso popular à terra. A Lei de Ter-
ras institucionalizou a ilegitimidade da posse as- A faixa litorânea, de terras úmidas e férteis
sociada ao trabalho e à ocupação. Só eram reco- (Zona da Mata), presente em todos os estados nor-
nhecidas as propriedades que tivessem registros destinos, penetrando em média 80 km do litoral,
paroquiais (Decreto Imperial n.1318, de 30/01/ foi a área ocupada pelas plantações, pelos enge-
1854), “embrião capaz de separar o senhor da ter- nhos e pelas suas casas-grandes e senzalas.
ra, do mero pretendente ao usucapião” (Faoro, A introdução da cana-de-açúcar no Nordes-
1997, p.408-409). A noção de propriedade man- te data de 1526, e a paisagem nordestina está im-
tém o significado associado à proximidade com o pregnada dessa história de “paixão do coloniza-
poder e torna ainda mais distante a ação do Estado dor” pelo açúcar (Castro, 1967). Em 1584, já havia
na democratização do acesso à terra. A terra per- na região 166 engenhos e, em 1852, apenas na pro-
manece como simples elemento da natureza, e a víncia de Pernambuco havia 642 dessas unidades
propriedade fundiária é abolida em sua expressão de produção (Wanderley, 1979a).
econômica (Wanderley, 1979b, p.37-38). As práticas agrícolas dos grandes engenhos
As constituições nunca conferiram grande do Nordeste eram pouco eficientes, um dos fato-
poder ao Estado para desapropriar terras priva- res de sua decadência. Em um ensaio de 1834,
das, fato que contribuiu para a impossibilidade de Miguel Calmon Almeida alertava que os engenhos
se enfrentar sua concentração. baianos estavam em decadência e que a indústria
Ainda no século XXI, chama atenção a gran- ruiria pela baixa qualidade do produto, escassez
de quantidade de terras devolutas. Nessas áreas, de mão de obra, competição internacional e falta
geralmente vivem posseiros e outros povos, muitas de combustível (Pádua, 2002).
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vezes em tensão com outros grupos interessados na A produtividade dos engenhos das Antilhas
sua ocupação. São territórios da desconstrução e e do Sul dos EUA era de 350 a 400 arrobas de açúcar
reconstrução do campesinato, nos quais surge um por enxada/ano, enquanto, na Bahia, ficava entre 100
padrão camponês de ocupação. e 120 arrobas. No século XVIII, ocorre uma baixa de
As terras devolutas, indígenas e em unida- preços, da ordem de 50%, causada pela competição
des de conservação representam 47,12% das ter- oferecida pela produção das Antilhas holandesas
ras disponíveis, cifra pouco inferior aos 49,45% (Galeano, 1994) e Cuba. A renda média per capita
dos imóveis particulares. Das propriedades com teria caído de 30 libras ouro em 1600 para 3 libras
menos de 200 hectares, consideradas como de “agri- ouro em 1800 (Faoro, 1997). Esse cenário se agravou
cultura familiar”, 64,4% estão nas regiões Norte, entre 1840 e 1880, com o avanço do derivado de
Nordeste e Centro-Oeste, nas quais se encontra uma beterraba, que passou de 8 a 48% do açúcar consu-
“grande diversidade de formas de reprodução do mido no mundo (Wanderley, 1979a).
campesinato” (Carvalho, 2005, p.68-69). Ainda que Outro fator determinante para a decadência
muitas dessas pequenas propriedades sejam orga- dos engenhos foi a interrupção do tráfico negreiro
nizadas como empresas familiares (principalmen- (Lei Eusébio de Queiroz) e a transferência de es-
te nas regiões Sul e Sudeste), o fato é que há uma cravos para as regiões auríferas de Minas Gerais e
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para as regiões cafeeiras. As rebeliões de escravos ros e de bois de serviço. Foi sempre uma econo-
mia pobre e dependente (Ribeiro, 1995, p.307).
foram outro motivo de decadência. “Morre o açúcar,
destruído pelo peso de sua principal força, o escra- Ainda que, na Bahia, agreste e cerrado tam-
vo” (Faoro, 1997, p.417). No final do século XIX, o bém tenham sido afetados por essa expansão pecu-
Recôncavo Baiano encontrava-se em franca decadên- ária, foi na caatinga que ela se firmou. Apesar de
cia (Pádua, 2002). Para relacionar esse processo de algumas semelhanças, uma diferença crucial entre
ascensão e queda da agroindústria canavieira ao as ocupações do agreste e da caatinga foi o forte e
surgimento das comunidades pastoris, é preciso com- permanente contato do agreste com os engenhos,
preender a face sertaneja desse período. enquanto que, nos sertões (caatinga), a pecuária se
desenvolveu de modo relativamente independente
e isolado. A dependência da ocupação em relação à
OCUPAÇÃO DO SERTÃO pecuária é exemplificada na frase de Andrade (1973,
p.46) sobre o sertão: “O gado cria o homem aí, em
Há poucos registros históricos do processo lugar de o homem criar o gado”.
de ocupação do interior nordestino. Antonil (1982) A Carta Régia de 1701, segundo Cunha
dedica menos de 5% do texto à pecuária na caatin- (2002), teria sido uma medida supletiva desse iso-
ga. Entretanto, apesar da centralidade econômica lamento imposto pela distância. Punia severamen-
do açúcar, a vastidão dos sertões e a sua ocupação te comunicações e qualquer troca comercial daque-
associada à pecuária permitem dizer que há dois las partes dos sertões com as regiões ao sul. Visa-
nordestes, o agrário e o pastoril (Freyre, 1961). va a reforçar a relação de subordinação desses ser-
A criação de gado sempre foi uma atividade tões aos senhores habitantes da faixa atlântica.
econômica subsidiária à cana-de-açúcar (Andrade, Os vaqueiros eram homens dos senhores.
1973). A pecuária, em um primeiro momento da Lideravam alguns poucos ajudantes (em algumas
exploração açucareira, foi vizinha aos engenhos, regiões chamados de “fábricas”) para cuidar da fa-
mas, com o tempo, foi adentrando pelo agreste e, zenda. Entre vaqueiros e “fábricas”, havia forte
finalmente, pelo sertão. O impulso em direção ao hierarquia. Aspecto similar à maior parte dos sis-
interior nordestino teve por base a pecuária, che- temas pastoris conhecidos no mundo (Ribeiro,
gando ao sertão principalmente nas regiões tribu- 1995).
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to econômico movido por interesses exógenos (Pra- balho, com as diárias mal pagas que o camponês
do Jr., 1989; Holanda, 1978; Freyre, 1994; Ribeiro, vende, sazonalmente, nas safras das grandes fa-
1995) passou por inúmeros ciclos, ao fim dos quais zendas de sua região ou mesmo migrando.
sempre restava uma massa de gente que a eles “ade- Subconsumo, jornadas ampliadas, trabalho gratuito
rira” (livre ou forçosamente) como insumo da pro- da família são estratégias que viabilizam a repro-
dução. Esta massa dá origem aos grupos sociais do dução social desse campesinato que se torna, as-
campo. Há processos de criação do campesinato, sim, semiproletarizado (Cotrim, 1991).
pois, ao mesmo tempo em que o capital o destrói No Nordeste, o termo camponês tem duas
em um lugar, o recria em outro (Fernandes, 2001). acepções. Uma que inclui os assalariados rurais e
As mudanças e avanços do capitalismo no campo outra, mais restrita, que se refere àqueles que não
sempre deixam espaços, dobras e intervalos nos foram totalmente expropriados dos seus meios de
quais famílias continuam ou passam a viver, pou- produção (Andrade, 1989). A gênese do sertanejo
co participando do sistema econômico. se ajusta a essa segunda acepção do campesinato
Em um primeiro momento, quando da as- nordestino que, em algumas regiões, manteve a
censão de um ciclo econômico, grandes proprietá- posse da terra em comunidades pastoris, nas quais
rios engolem pequenos e empurram posseiros para se incluem os Fundos de Pasto.
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O semiárido nordestino é o contexto de for- tões, além, é claro, dos pequenos cercados dos ro-
mação do sertanejo, povo associado ao pastoreio çados dos vaqueiros. Entretanto, desde aquelas dé-
do gado trazido de Cabo Verde e que foi desenvol- cadas, o advento do arame farpado tem facilitado a
vendo vestimentas, culinária, modos de vida, or- prática dos grandes fazendeiros de cercar as melho-
ganização familiar, estrutura de poder, visão de res áreas para formar as “mangas” para o seu gado.
mundo e religiosidade típicos (Abreu, 1963; Durante os séculos XVIII e XIX, a decadên-
Andrade, 1973; Cunha, 2002). A interiorização da cia dos engenhos esvaziou progressivamente a eco-
pecuária pelo sertão gerou uma verdadeira “civili- nomia do sertão. Os senhores de currais, diferen-
zação do couro” (Abreu, 1963). temente dos senhores de engenhos, não moravam
A relativa liberdade desses vaqueiros, ain- em suas terras. O vazio econômico reforçou o iso-
da que em regime de servidão, diferia em muito lamento dos currais dos sertões entre o século XIX
das condições dos engenhos. Provavelmente, se- e a segunda metade do século XX. O fracionamento
gundo Ribeiro (1995), ela atraiu brancos pobres e das grandes sesmarias das Casas da Torre e da Ponte
índios mestiços vindos das faixas litorâneas. Jun- iniciou-se no final no século XVIII (Cotrim, 1991).
to ou próximos aos vaqueiros, havia também al- O período entre 1830 e 1844 é marcado pela rápi-
guns poucos rendeiros, gente livre, sem acesso à da comercialização das terras das sesmarias da Casa
terra, que criava seus animais nas propriedades da Ponte, justificada pelos altos custos de manu-
de outros (Dantas, 2002). Eram grupos de dez a tenção da família, que passara a viver na Inglater-
doze homens, índios, mestiços, escravos em fuga, ra. O desmanche da Casa da Torre iniciou-se ain-
foragidos da justiça, aventureiros procurando “li- da na segunda metade do século XVIII, com as
berdade e desafogo” (Prado Jr., 1989 p.45). vendas feitas pela viúva do Capitão Garcia D’Ávila
Pereira para diferentes compradores (Dantas, 2002).
Assim como não eram rigorosos os limites
APOSSAMENTO COLETIVO E PASTORIL DAS entre as duas casas e entre as sesmarias, as escri-
TERRAS DEVOLUTAS DO SERTÃO turas que decorreram de sua dispersão são igual-
mente imprecisas. Essas áreas eram vendidas em
E o sertão é um vale fértil. É um pomar vastíssimo, termos de contos de réis e os formais de partilhas
sem dono. (Cunha, 2002, p.43). Abriram-se des-
de o alvorecer do século 17, nos sertões valiam frações de contos de réis. São essas refe-
abusivamente sesmados, enormíssimos campos,
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gueiros, quilombolas e ribeirinhos, são ignoradas nos são criados em sistema extensivo, sem limites
nos processos de regularização fundiária (Benatti, de áreas de estabelecimentos. Freyre (1961, p.80)
2005). A preocupação com as peculiaridades das parece descrever um Fundo de Pasto: “a cabra do
comunidades pastoris compôs a justificativa do nordestino, criada como é, sem a mínima vigilân-
primeiro projeto de regularização fundiária volta- cia, num território onde as cercas não são feitas
do para elas (CAR, 1982). para dividir terrenos, mas unicamente para res-
De um modo geral, esses apossamentos co- guardo dos cercados ou pequenas plantações”.
letivos enfrentam sérias ameaças à sua reprodu- Uma descrição feita por Andrade (1973) sobre o
ção. Tratando-se de áreas marginais para a agricul- modo de vida sertaneja coincide com o padrão de
tura capitalista, muitas vezes a grilagem de terras ocupação atual das comunidades pastoris do ser-
tem fins meramente especulativos. No trato do tão da Bahia:
problema fundiário do sertão, ainda que, em algu-
mas regiões, a agricultura irrigada tenha tomado As grandes distâncias e as dificuldades de co-
municação fizeram com que aí se desenvolvesse
áreas com perspectiva moderna e capitalista, pre- uma civilização que procurava retirar do pró-
domina a especulação de terras. prio meio o máximo, a fim de atender às suas
necessidades. [...] Lavouras de ciclo vegetativo
curto – feijão, fava, milho, etc. – eram confinadas
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tal e, assim, não individualizaram suas terras. neses pobres, portugueses, indígenas ou negros.
§ Razão da falta de ordenamento fundiário: a im- Todos eles, camponeses pobres, independente-
possibilidade de reconhecimento, regularização mente de qualquer influência cultural direta, nun-
e titulação da propriedade familiar, seja pela com- ca tiveram propriedade privada de terras e não
pra e venda de terras ou pelo reconhecimento conseguiram superar essa condição.
estatal da posse, induziu a sua não-discrimina-
ção individualizada Após a decadência dos cur-
rais (1750-1850), os vaqueiros e posseiros não CONFLITOS E RESISTÊNCIA AOS
se fizeram donos, mas apenas usufrutuários da ENCLOSURES
terra e, portanto, sem direito à apropriação indi-
vidual. Essa hipótese é reforçada pela ideia de Houve a consolidação de algumas formas
que, além da dificuldade, havia um grau de de ocupação camponesa, tanto por um gap da ação
desinformação sobre direitos, o que induziu a do Estado quanto pela decadência econômica das
apropriação coletiva das terras (Cotrim, 1991); e duas “Casas”: da Torre e da Ponte. A partir do
§ Razão clânica (sociocultural): o relativo isolamento final do século XIX, começa, em escala mundial, o
das famílias de vaqueiros acarretou uma ocupa- avanço do cercamento de terras com a tecnologia
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do arame farpado, o que impactou fortemente as do de Pasto e das organizações associadas referem-
Américas (Razac, 2000). A difusão do arame contri- se ao “Projeto Sertanejo” (década de 1980) e a ou-
buiu para maior apropriação de terras e recursos tros programas do governo da Bahia como proces-
naturais, levando ao fim de sistemas pastoris co- sos de apoio e financiamento para aquisição e
munitários que levavam nomes como “solta”, “lar- cercamento (grilagem) de terras. O aumento da
ga” ou “largueza” (Carvalho, 2005). Esse avanço vulnerabilidade das populações locais e de sua
sobre terras comunais ocorre em todas as regiões consequente desterritorialização decorre também
em que elas persistiram, como nas terras dos dessas ações de governo (Oliveira; Rothman, 2007).
“geraizeiros” do Jequitinhonha, das chapadas do A partir do final da década de 1970, as co-
Espinhaço, no Piauí, nas terras chamadas “solta munidades pastoris estavam sendo impedidas de
larga”, no Mato Grosso, no vale do Guaporé, em criar ovinos e caprinos, base de sua atividade eco-
Rondônia, nos babaçuais e carnaubais de Piauí e nômica e de subsistência, em virtude da crescente
Maranhão (Andrade, 1989; Galizoni, 2000; Carva- apropriação privada da terra, apoiada por leis
lho, 2005). Trata-se de um fenômeno comparável municipais da mesma época, denominadas popu-
ao processo dos enclosures ingleses, quando a larmente de “lei do pé alto” ou “lei dos quatro
mercantilização das terras e do trabalho impulsiona fios”. Elas favoreciam a ocupação de terras por gran-
um avanço sobre as áreas comunais (Polanyi, 2000). des pecuaristas de gado de corte, criado em regime
A “modernização” da pecuária, iniciada nos extensivo, em detrimento da ocupação vigente, no
anos 1920, deflagrou o avanço sobre as áreas ocu- regime de “bode solto”, característico dos Fundos
padas por posseiros do sertão e seu cercamento. de Pasto.
Grande parte dos conflitos agrários envolvendo os A Lei municipal de 4 de maio de 1981 de
Fundos de Pastos surgiu por influência do Estado Paulo Afonso impunha ameaças que se somavam
como agente planejador do território (Alcântara; a outras enfrentadas pelos caprinocultores comu-
Germani, 2004). A partir de 1950, a política de nitários:
integração do interior do governo de Otávio
Art. 1º. A criação de caprinos e ovinos no muni-
Mangabeira (1948-1951) reforçou a pecuarização e cípio deverá ser em área cercada e os rebanhos
a concentração de terras (Freitas; Rocha; Mello, guardados e vigiados com cuidado preciso a fim
de evitar prejuízos em propriedades alheias.
1984). Na década de 1970, a pecuária ganha novo Art. 2º. Aos agricultores e pecuaristas fica assegu-
rado o direito de construírem cercas para a prote-
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muitas regiões, Fundo de Pasto sempre foi a ex- zada para o pastoreio comunitário, com a criação
pressão utilizada para designar o pastoreio comu- “solta” na caatinga, e para o desenvolvimento de
nitário, embora fosse ignorada em várias outras. A atividades extrativas.” (PDRI-Nordeste, 1982, p.48).
expressão se origina no fato de os animais se afas- Uma política de regularização fundiária que
tarem das pequenas áreas individuais, próximas desconheça as peculiaridades e aspirações dessas
às casas, e se embrenharem no interior da caatin- comunidades traria “sérios transtornos à sobrevi-
ga, em amplas e distantes áreas coletivas: os fun- vência das mesmas” (CAR, 1982). A preocupação
dos de pasto. Não havia denominação comum, com essas formas regionais típicas de ocupação
identidade ou organização política dessas comu- justificou o Projeto Fundo de Pasto. Financiado
nidades antes dos conflitos. Foi o avanço das lu- pelo Banco Interamericano para a Reconstrução e
tas que levou à adoção desse nome comum: Fun- o Desenvolvimento (BIRD) e pelo Banco Mundial,
do de Pasto. Em algumas regiões, o nome Fundo visava a identificar áreas comunitárias de pastoreio,
de Pasto é corrente e imemorial. Declara-se existir estudar viabilidade econômica e jurídica e contro-
desde o começo do mundo, ou que existe desde lar as tensões sociais.
antes do tempo dos avós. Ou então que “Fundo Os relatórios produzidos no âmbito do Pro-
de Pasto, com a gente criando solto, todo mundo jeto Fundo de Pasto são, invariavelmente, favorá-
junto, nasceu com o mundo.” (SEPLANTEC/CAR, veis à manutenção dessas áreas comuns. Os re-
1983). Em outras, a denominação é apontada como presentantes do governo baiano, quando identifi-
bem recente. “A gente veio descobrir o que era cam o contexto, demonstram perceber uma urgên-
Fundo de Pasto quando se organizou. [...]. Se or- cia na ação governamental.
ganizou por causa dos conflitos com mineradoras, Assim, a resistência comunitária e a abertu-
latifundiários. [...] A discussão tem só 30 anos”, ra do governo baiano culminaram no reconheci-
declara um representante dos Fundos de Pasto. A mento e na regulamentação de áreas individuais e
depender do grupo, a discussão é ainda mais re- coletivas, situando oficialmente os Fundos de Pas-
cente: “Esta conversa de Fundo de Pasto é nova, a tos como personagem jurídico de legalização de
gente aqui só falava em criar solto; foi de uns 15 terras de comunidades pastoris.
anos pra cá que vieram com esse nome”. Um importante passo na resistência das
A atuação em favor dos Fundos de Pastos comunidades pastoris e consolidação da categoria
por parte de instituições do governo começou no dos Fundos de Pastos foi o artigo 178 da Consti-
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início dos anos 1980. O projeto Programa de De- tuição baiana de 1989, que reconhecia a existência
senvolvimento Rural Integrado (PDRI-Nordeste) re- de formas de uso comunitário da terra. Várias ins-
fere-se aos Fundos de Pastos como áreas de pastoreio tituições, como a Comissão Pastoral da Terra (CPT),
comunitário e de atividades extrativas, asseveran- declaram que as suas ações em defesa dos Fundos
do a sua importância para sobrevivência em uma de Pastos se fortaleceram a partir desse artigo da
região pobre. Registra também o posicionamento dos Constituição.
grupos de famílias que reclamam a posse das áreas Ao reconhecer que tais ocupações são ca-
e aponta a tendência à sua “extinção” em função racterizadas por uma “atipicidade”, mesmo no Pro-
dos cercamentos com fins especulativos, da des- jeto, já ficava claro que havia necessidade de uma
truição da flora nativa e da carvoagem. “saída legal não-convencional” para o processo de
Os primeiros relatos técnicos descreviam es- sua regularização. Essa saída foi encontrada na re-
sas áreas da seguinte maneira: “a caprinovinocultura gularização coletiva por meio de uma sociedade
[...] é explorada de forma comunitária nos chama- civil, sem fins lucrativos, à qual estivessem filiados
dos FP, onde um grupo de famílias reclama a pos- todos os interessados.
se de uma área mais ou menos delimitada, sem O primeiro passo do Projeto Fundo de Pas-
cercas [...].” e “sendo a grande parte da área utili- to era ao identificar e medir as áreas, discriminar
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política das comunidades em outras escalas (regi- ALMEIDA, Alfredo Wagner Berno de. Pluralidade de ato-
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KEYWORDS: backs of pasture enclosures, land grabbing, M OTS- CLÉS : Fonds de Pâturages, enclos, clôture,
communal lands, caatinga. accaparement de terres, terres communales, caatinga.
CADERNO CRH, Salvador, v. 23, n. 59, p. 385-400, Maio/Ago. 2010
Luiz Antonio Ferraro Júnior - Doutor em Desenvolvimento Sustentável pela Universidade de Brasília.
Professor adjunto da Universidade Estadual de Feira de Santana. Sua publicação importante mais recen-
te é Managing the remaining commons: challenges to sustainability in the Brazilian Northeast. Working
papers (Harvard University. Center for International Development. Online), v. 28, p.1-23, 2008;
Environmental education and degraded areas restoration: public policies commited to diversity. In:
Ricardo Ribeiro Rodrigues; Sebastião Venâncio Martins; Sérgius Gandolfi. (Org.). High diversity forest
restoration in degraded areas: methods and projects in Brazil. New York: Nova Science Publishers Inc.,
2007, escrita em parceria com SORRENTINO, M.; SILVA, M. M. R.
Marcel Bursztyn - Doutor em Desenvolvimento Econômico e Social e em Economia. Pós-doutor em
Políticas Públicas. Professor associado da Universidade de Brasília, junto ao Departamento de Sociologia
e ao Centro de Desenvolvimento Sustentável. Senior Research Fellow na Kennedy School of Government
– Sustainability Science Program, Harvard University (2007-2008), com bolsas Harvard, Fulbright e
Capes. Última publicação: Fonseca, I.F. e Bursztyn, M. 2009. A banalização da sustentabilidade: refle-
xões sobre governança ambiental em escala local. In: Revista Sociedade e Estado 24(1):17-46. http://
www.scielo.br /pdf/se/v24n1/a03v24n1.pdf
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