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DIÁLOGO
HERMENÊUTICO
2009
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Covilhã, 2009
F ICHA T ÉCNICA
Título: Diálogo Hermenêutico
Autor: José António Domingues
Colecção: Artigos L USO S OFIA
Design da Capa: António Rodrigues Tomé
Composição & Paginação: José M. Silva Rosa
Universidade da Beira Interior
Covilhã, 2009
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Diálogo Hermenêutico∗
José António Domingues
Universidade da Beira Interior
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expressão para aquele lugar onde nos sentimos em casa, onde per-
tencemos e onde tudo é familiar” (H.G.-Gadamer, 1999, p.18).
A constituição de um comum encontra-se ligada ao conceito
de formação (Bildung), como um exceder de mim, fundando deste
modo um processo de realização da racionalidade mediante a rela-
cionalidade. Os preconceitos, próprios das diferenças e fronteiras
do humano temporal, e não os conceitos desencarnados, apresentam-
se como um efeito de uma consciência já sempre habitada pela re-
lação, podendo aí contrariar-se a redução a um ser isolado. Podem
permitir organizar a sua relação com a tradição do existir. Esta
formação admite uma outra relação, a que significa a abertura ao
universal (capax universi). No sentido geral de Gadamer a inte-
gração das relações históricas é conjugada com a aplicação con-
creta, logo a razão humana é articulada, é sempre ao mesmo tempo
sempre situada no limite de uma simbólica cultural e desloca-se
para outros horizontes de possibilidades simbólicas culturais estra-
nhas. Verifica-se de facto que a formação na sua estrutura pode
descrever-se segundo o modo misto ou dialogal. Desta forma im-
plica o outro no juízo do eu: a capacidade judicativa do eu é diri-
gida pelo outro, é estimulada, é a ele que submete o raciocínio, às
suas questões e às suas contestações.
As realizações interpretativas simbólicas e culturais tornam-se
num princípio essencial do diálogo. Será pois para Gadamer o diá-
logo, não o contrário, o mais importante facto da cultura. Todavia
o texto “A inaptidão ao diálogo” abre com os fenómenos técnicos
com que essa aptidão acaba: “Algo de brutal como um desalinho,
o de estar desalinhado, permanece ligado a todo o chamamento
telefónico, ainda que o interlocutor assegure vivamente que o cha-
mamento o regozija” (H.G.-Gadamer, 1995, p.167). Há um “nega-
tivo fotográfico” no diálogo telefónico, uma ineficácia que limita o
princípio da disponibilidade do ir e do voltar do eu e do outro. O
negativo fotográfico significa a regressão da capacidade de diálogo,
dado que a abertura do outro não é praticável, ela é, pelo contrá-
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lógos para o que é já érgon. “Porque vós os dois sois amigos, não
é verdade?” (Platão, 207c). O sentido da amizade, desde logo, não
está na realização, simplesmente, mas no sentido da realização. É
pouco claro que se suponha compreender o que seja a amizade de
uma forma que não seja distinguir a questão que ela responde: o
que é, de facto, ser amigo? Para Lísias: “Os amigos têm tudo em
comum, são semelhantes em tudo” (Ib.). É um comum, por conse-
guinte, a hipótese crucial de que parte o diálogo. Mas a natureza
do comum é uma ignorância de Lísias – com que é que o comum
articula? “Bem, então, poderemos vir a ser amigos de alguém,
ou alguém pode vir a amar-nos como um amigo naquelas coisas
nas quais nós somos bons sem razão nenhuma?” (210c) – é assim
que Lísias entende a amizade, articulada com o bem sem razão ne-
nhuma. Mas antes Sócrates tinha dito: “Então, é assim, meu caro
Lísias: naquelas coisas que nós realmente compreendemos alguma
coisa todos – Gregos e bárbaros, homens e mulheres – confiam em
nós, e aí nós agiremos como nós escolhermos, e no poder sobre os
outros” (Ib.). Sócrates apresenta a amizade como o saber do con-
ceito da amizade, sem o qual não se pode ter efectivamente o acto
que ela afecta. Os actos de amizade caem sob o efeito do lógos,
quer dizer, ela é primeiramente um lógos, de onde Lísias deriva a
sua prática. É da visão do lógos, que serve como antecedente, que
o érgon parte. Portanto, a amizade real é dele consequente e não
inversamente: é porque alguma coisa deriva uma coisa que uma
coisa é derivada. Logo, para desenrolar este érgon é preciso saber
a que se refere a amizade. “Se te tornares sábio, meu jovem, então
todos serão teus amigos, todos se sentirão próximos de ti, porque
tu serás prestável e bom” (210d). Assim o que suscita a amizade é,
para Sócrates, o fim do diálogo.
O contexto dialéctico dispõe pois de uma situação lógica-prática
da amizade que Gadamer explora ao longo da sua análise. Com
esta análise trata, igualmente, de reflectir sobre todo o exercício
dialéctico complexo de Lísias, que a Menexeno, sobretudo, parece
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