Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
NET
Sociologia
Organizacional
SOCIOLOGIA ORGANIZACONAL 2
SUMÁRIO
Comparação entre as Teorias Organizacionais Clássicas
2.1 – Relação entre as teorias:
2.1.1 – Fayolismo e Taylorismo – Princípios da Administração Científica
2.2 – Fator Humano e Desempenho
2.2.1‐ A Revolução da Administração de W.Edwards Deming.
SOCIOLOGIA ORGANIZACONAL 3
2‐ COMPARAÇÃO ENTRE AS TEORIAS ORGANIZACIONAIS CLÁSSICAS
2.1‐ RELAÇÃO ENTRE AS TEORIAS
Temos,no decorrer de nossas aulas, apontado para o fato de que as
idéias (teorias científicas) não surgem ao acaso, mas são o produto de um
contexto histórico e cultural que propiciam a sua formulação.Nesse sentido,as
teorias administrativas modernas surgidas, no início do século XX, com os
trabalhos de TAYLOR E FAYOL apresentam um forte caráter político,pois elas
constituem a expressão ideológica de práticas sociais de controle e de
dominação no âmbito não só das organizações mas, também,da sociedade que
as produziu.
A ação do nível político no capitalismo tem duas vertentes que incidem
sobre dois grandes campos sociais distintos:
A primeira vertente incide sobre o campo de extorsão da mais‐ valia e
dos conflitos que daí advém,atuando portanto no campo da relação entre as
classes.A segunda incide sobre o campo da distribuição/apropriação da mais‐
valia e da regulação das disputas a este nível,além da coordenação do processo
econômico global. Atua,portanto,no campo das relações intraclasses
capitalistas.
Esse processo envolveu três inversões básicas:
SOCIOLOGIA ORGANIZACONAL 4
● A primeira inversão já está inscrita na nova divisão do trabalho na
manufatura.Esta divisão não decorre mais de uma hierarquia dos
produtores,mas das características do produto.
“Sendo ao mesmo tempo processo de trabalho e processo de criar mais‐
valia,toda produção capitalista se caracteriza pelo instrumental de trabalho empregar o
trabalhador e não o trabalhador empregar o instrumental de trabalho. Mas esta inversão
só se torna realidade técnica e palpável com a maquinaria”
(Karl Marx,O Capital,p.483)
“A separação entre as forças intelectuais do processo de produção e o trabalho
manual e a transformação destas em poderes de domínio do capital sobre no trabalho se
tornam uma realidade consumada (...) na grande indústria fundamentada na
maquinaria”. (Karl.Marx,O Capital,p.484).
Não se pode considerar,como o faz Marx, que esta separação se dê de
forma radical,já que todo trabalho manual tem um componente intelectual e
vice‐versa. A cisão parece situar‐se entre a administração e organização do
trabalho,de um lado, e,de outro, a execução do trabalho.
inclui aspectos que vão além do conhecimento técnico do posto e até mesmo do
processo de trabalho.
Além disso, essa cisão,se já está inscrita enquanto possibilidade com a
introdução da máquina no processo produtivo,ela só vai tornar‐se uma
realidade efetiva e generalizada a partir de uma reorganização profunda
do campo prático da administração / organização do processo produtivo.Essa
reorganização só se deu com a institucionalização da prática tecnogestorial no
interior das unidades produtivas,configurando‐se o campo da administração /
organização do trabalho enquanto um campo prático específico, passível de ser
diferenciado tanto do campo de atuação da burguesia, quanto do proletariado.
Esta reorganização já havia se iniciado nas primeiras décadas do século
XIX, quando os industriais começaram a recorrer ao auxílio de técnicos
especializados, na sua maior parte engenheiros.
A formação dos quadros gestoriais teve início nessa época, quando foram
criadas várias escolas encarregadas da formação de engenheiros para a
indústria.
A primeira escola de administração de empresas surgiu em Paris, na
França, no ano de 1820. O mesmo processo se repetiu na Alemanha, Inglaterra
e nos Estados Unidos,países onde a industrialização se encontrava em estágio
avançado.
Foram esses administradores que, no início do século XX, junto com
especialistas da área militar,deram origem às primeiras teorias administrativas
numa base absolutamente gestorial. Taylor e Fayol formaram‐se neste
ambiente racionalizador de orientação pragmática, que caracterizou esse
período.
concebido,com o principal objeto de análise ‐ , no âmbito desses outros pólos
de poder,inscritos no interior das próprias empresas e instituições, e nas suas
inter‐relações,temos as teorias administrativas.
Procuraremos a seguir,verificar como no decorrer do século XX as duas
vertentes foram sistematizadas,projetadas e elaboradas pelas duas principais
teorias administrativas.
FREDERICK WINSLOW TAYLOR
(TEORIA CLÁSSICA ADMINISTRATIVA ‐1903)
Taylor iniciou suas experiências e estudos pelo trabalho do operário e, mais
tarde,generalizou as suas conclusões para a Administração Geral:Sua teoria seguiu um
caminho de baixo para cima e das partes para o todo. A sua contribuição a Teoria da
Administração costuma ser dividida pelos estudiosos em dois períodos. O primeiro
refere‐se ao da publicação de Shop Management (Administração de Oficinas)
publicado em 1903. O segundo refere‐se ao da publicação de sua segunda obra
Princípios da Administração Científica , publicado em 1911.
PRIMEIRO PERÍODO
1.O objetivo de uma boa Administração era pagar salários altos e ter custos
unitários de produção.
3.‐Os empregados tinham de ser cientificamente colocados em serviços ou
postos em que os materiais e as condições de trabalho fossem cientificamente
selecionados,para que as normas pudessem ser cumpridas.
5.‐Uma atmosfera de íntima e cordial cooperação teria de ser cultivada entre a
Administração e os trabalhadores, para garantir a continuidade desse ambiente
psicológico que possibilitasse a aplicação dos outros princípios por ele
mencionados.
SEGUNDO PERÍODO
acompanhada de uma estruturação geral da empresa e tornasse coerente a
aplicação dos seus princípios.
Taylor destaca três causas determinantes da vadiagem no trabalho, que são:
1.1‐O erro que vem de época imemorial e quase universalmente disseminado
entre os trabalhadores, de que o maior rendimento do homem e da máquina
terá como resultante o desemprego de grande número de operários;
1.2‐O sistema defeituoso da Administração, comumente em uso,que força os
operários à ociosidade no trabalho, a fim de melhor proteger os seus interesses;
3‐Falta de uniformidade das técnicas ou métodos de trabalho.De acordo com
Taylor, a implantação da Administração Científica deve ser gradual e obedecer
a um certo período de tempo, para evitar alterações bruscas que causem
descontentamento por parte dos empregados e prejuízos aos patrões.Essa
SOCIOLOGIA ORGANIZACONAL 8
implantação requer um período de quatro a cinco anos para um progresso
efetivo.
A ADMINISTRAÇÃO COMO CIÊNCIA
Para Taylor.os elementos da Administração Científica são:
1‐Estudo de tempo e padrões de produção;
2‐.Supervisão funcional;
3‐.Padronização de ferramentas e instrumentos;
4‐.Planejamento das tarefas;
5‐O princípio da exceção;
6‐A utilização da régua de cálculo e instrumentos para economizar tempo;
7‐Fichas de instruções de serviço;
8‐ A idéia de tarefa, associada a prêmios de produção pela sua execução
eficiente;
10‐Sistema de delineamento da rotina de trabalho.
ORGANIZAÇÃO RACIONAL DO TRABALHO
A tentativa de substituir métodos empíricos e rudimentares pelos métodos
científicos em todos os ofícios recebeu o nome de Organização Racional do
Trabalho(ORT).Para Taylor, o operário não tem capacidade, nem formação,
nem meios para analisar cientificamente o seu trabalho e estabelecer
racionalmente qual o método ou processo mais eficiente. Geralmente, o
supervisor comum deixava ao arbítrio de cada operário a escolha do método ou
processo para executar o seu trabalho,para encorajar sua iniciativa. Porém, com
a Administração Cientifica ocorre uma repartição de responsabilidades: a
administração (gerência) fica com o planejamento (estudo minucioso do
trabalho do operário e o estabelecimento do método de trabalho) e a supervisão
(assistência contínua ao trabalhador durante a produção), e o trabalhador fica
com a execução do trabalho, pura e simplesmente.
SOCIOLOGIA ORGANIZACONAL 9
Apesar das limitações da contribuição de Taylor ao dedicar sua
atenção inteiramente para a fábrica (eficiência ao nível de supervisão e às
economias obtidas através de estudos de tempos e de movimentos), os
princípios de sua teoria continuam influindo principalmente na Estrutura das
Organizações (Divisão do Trabalho,Amplitude do Controle,
Departamentalização, Linha de Assessoria e Unidade de Comando).Seus
estudos foram fundamentais para a Escola Clássica de Administração,pois
estabeleceram a base para a Administração Científica.
A Administração Científica tinha diversos defeitos, dentre eles pode‐se
citar: o mecanicismo de sua abordagem (teoria da máquina), a superescalização
que robotiza o operário,a visão microscópica do homem tomando isoladamente
e como parte da maquinaria industrial, a ausência de qualquer comprovação
científica de suas afirmações e princípios, a abordagem incompleta envolvendo
apenas a organização formal,a limitação do campo de aplicação à fábrica,
omitindo o restante da vida de uma empresa,a abordagem eminentemente
prescritiva e normativa e tipicamente de sistema fechado.Mesmo assim, essas
limitações e restrições não apagam o fato de que Administração Científica foi o
primeiro passo concreto da Administração rumo a uma teoria administrativa
Foi Taylor que implantou diversos conceitos que até hoje o utilizamos na
Administração .
SOCIOLOGIA ORGANIZACONAL 10
HENRI FAYOL
(TEORIA CLÁSSICA ADMINISTRATIVA – 1916)
Na teoria de Henri Fayol, exposta na obra Industrial and General
Administration, destaca‐se a sua preocupação quanto ao papel desempenhado
pelos Recursos Humanos na Administração.
Sob o aspecto estrutural, a obra está divida em duas partes:
► a primeira, discorre sobre a necessidade e a possibilidade de ensino
administrativo, apresentando uma definição de Administração,em que destaca
a importância relativa das diversas capacidades que constituem o valor do
pessoal das empresas delineando métodos através dos quais, esta necessidade
seja identificada e o ensino administrativo seja idealizado.
►A segunda parte,trata dos princípios gerais da Administração sob o
prisma de que todos os agentes de uma empresa participam, mais ou menos,
dos processos administrativos. Além de abordar outros aspectos da
Administração tais como:previsão,organização,comando,coordenação e
controle.
Fayol desenvolveu sua teoria com base em sua grande experiência
industrial. O seu mérito reside em haver aplicado à sua teoria o método
científico. Até então,a administração dos negócios se dava em bases
empíricas,isto é, práticas. Cada chefe dirigia à sua maneira,sem preocupar‐se
em saber se haviam leis que regiam a matéria. Fayol percebeu que havia
necessidade de introduzir o método experimental,isto é, observar,recolher,
classificar e interpretar os fatos. Instituir experiências. Impor regras.
O princípio básico do fayolismo pode ser sintetizado na afirmativa
segundo a qual, em todo tipo de empresa,a capacidade essencial dos grandes
chefes é uma capacidade administrativa.
“Minha doutrina administrativa... tem por objetivo facilitar a gerência de empresas,
sejam industriais, militares ou de qualquer índole. Seus princípios,suas regras e seus
processos devem,pois, corresponder tanto às necessidades do Exército,como às da
indústria...
A administração não é nem um privilégio nem uma carga pessoal do chefe ou dos
diretores da empresa; é uma função que se reparte,como as outras funções especiais,
entre a cabeça e os membros do corpo social”.1
SOCIOLOGIA ORGANIZACONAL 11
PRINCÍPIOS GERAIS DA ADMINISTRAÇÃO PARA FAYOL.
Para Fayol os princípios que norteavam a administração eram: a divisão
do trabalho, a autoridade, a responsabilidade, a disciplina, a unidade de mando, a
convergência de esforços,a estabilidade de pessoal e a remuneração adequada às
capacidades.
São três os aspectos essenciais do pensamento de Fayol:
• A Administração ou Management é um método geral.
• A Administração diz respeito ao governo das organizações.
• A Administração repousa sobre o conceito de sistema.
Provavelmente, em fins do século XIX, quando Fayol elaborou sua
doutrina essas questões não eram tão evidentes,porém a Administração iria,no
século seguinte mostrar‐se fundamental para o desenvolvimento
econômico,especialmente nos países do capitalismo central. Nesta obra, Fayol
esboça as orientações para sua doutrina administrativa:
►Importância da previsão: sistema de previsão – anual,de longo
prazo,mensal,especial – fundido e harmonizado num programa geral.
►Preocupação em combater a burocratização: favorecer as relações face
a face: “Sempre que possível,as relações devem ser verbais.Com isso ganha‐se
rapidez,clareza e harmonia”.evitar a multiplicação dos escalões intermediários;
lutar contra a irresponsabilidade da hierarquia e dos dirigentes;”Sem
estabilidade do pessoal dirigente não pode haver bom programa em
andamento”;e mais: “Não se concebe autoridade sem responsabilidade,isto é,
sem uma sanção – recompensa ou penalidade – que acompanhe o exercício do
poder”,
►Pragmatismo: “A divisão do trabalho tem limites que a experiência,
acompanhada de espírito propenso a efetuar medições, ensina a não transpor”.
►Necessidade de recorrer a controllers de gestão e fórmulas de controle
rápidas,para prevenir “contra surpresas desagradáveis que poderiam
degenerar‐se em catástrofes”.
As críticas que hoje se faz a teoria desenvolvida por Fayol se devem a
importantes lapsos existentes em seu esboço e também pela submissão ao
espírito da época (a crença generalizada nas virtudes do
SOCIOLOGIA ORGANIZACONAL 12
Fayol parte da proposição de que toda empresa pode ser dividida em
seis grupos de funções:
1‐Funções Técnicas, relacionadas com a produção de bens ou de serviços da
empresa;
2‐.Funções Comerciais, relacionadas com a compra, venda e permutação.
3‐Funções Financeiras, relacionadas com a procura e gerência de capitais
4‐Funções de Segurança, relacionadas com a proteção e preservação de bens
5‐Funções Contábeis, relacionadas com os inventários,registros,balanços,custos
e estatísticas.
SOCIOLOGIA ORGANIZACONAL 13
FUNÇÕES ADMINISTRATIVAS
2.Organização: proporciona todas as coisas úteis ao funcionamento da empresa.
5.Controle: Consiste na verificação para certificar se todas as coisas acorrem em
conformidade com o plano adotado, as instruções transmitidas e os princípios
estabelecidos. O objetivo é localizar as fraquezas e erros no sentido de retificá‐
los e prevenir a ocorrência.
PRINCÍPIOS GERAIS DE ADMINISTRAÇÃO PARA FAYOL
1.Divisão do trabalho: consiste na especialização das tarefas e das pessoas para
aumentar a eficiência.
2.Autoridade e responsabilidade: autoridade é o direito de dar ordens e o poder
de esperar obediência, responsabilidade é uma conseqüência natural da
autoridade.Ambas devem estar equilibradas entre si.
4.Unidade de comando: cada empregado deve receber ordens de apenas um
superior.É o princípio da autoridade única.
5.Unidade de direção: uma cabeça é um plano para cada grupo de atividades
que tenham o mesmo objetivo.
7.Remuneração do pessoal: deve haver justa e garantida satisfação para os
empregados e para a organização em termos de retribuição.
SOCIOLOGIA ORGANIZACONAL 14
9.Cadeia escalar: é a linha de autoridade que vai do escalão mais alto ao mais
baixo.É o princípio de comando.
10.Ordem: um lugar para cada coisa e cada coisa em seu lugar.É a ordem
material e humana.
11.Eqüidade: amabilidade e justiça para alcançar a lealdade do pessoal.
12.Estabilidade e duração (num cargo) do pessoal: a rotação tem um impacto
negativo sobre a eficiência da organização. Quanto mais tempo uma pessoa
permanecer num cargo tanto melhor.
13.Iniciativa: a capacidade de visualizar um plano e assegurar seu sucesso.
14.Espírito de equipe: harmonia e união entre as pessoas são grandes forças
para a organização.A Teoria Clássica concebe a organização em termos de
estrutura,forma e disposição das partes que a constituem, além do inter‐
relacionamento entre as partes.Restringe‐se apenas aos aspectos da
organização formal.Para a Teoria Clássica, os aspectos organizacionais são
analisados de cima para baixo (da direção para execução) e do todo para as
partes (da síntese para análise),exatamente ao contrário da abordagem da
Administração Científica.
Para Fayol as funções da empresa são seis, dentre estas, a função
Administrativa engloba as funções universais da Administração que são:
prever, organizar, comandar, coordenar e controlar.Essas funções também se
estendem às outras cinco esferas como uma técnica para estruturar a empresa.
SOCIOLOGIA ORGANIZACONAL 15
2.2 – FATOR HUMANO E DESEMPENHO
A ADMINISTRAÇÃO NA TEORIA E NA PRÁTICA SEGUNDO
PETER DRUCKER: uma introdução.
“Transformar a informação em conhecimento e este em ação efetiva é a
função específica do administrador e da administração.”
ʺO trabalho de um administrador deve basear‐se em uma tarefa a ser
cumprida para atingir os objetivos da empresa... o administrador deve ser
comandado e controlado pelo objetivo do desempenho, não por seu chefe.ʺ
ʺA essência da administração é o ser humano. Seu objetivo é tornar as
pessoas capazes do desempenho em conjunto, tornar suas forças eficazes e suas
fraquezas irrelevantes, Isso é a organização, e a administração é o fator
determinante.ʺ
“A administração existe em função dos resultados da instituição. Tem
de começar com os resultados pretendidos e de organizar os recursos da
instituição de modo que atinja esses resultados. É o órgão que faz com que a
instituição – empresa, universidade, hospital, abrigo para mulheres vítimas da
violência doméstica – seja capaz de produzir resultados fora dela própria.”
PETER DRUCKER
Nascido em 1909 em Viena, detentor de um pensamento lógico
infalível, considerado, sem dúvida, o maior pensador e teórico da área de
administração. Suas teorias, métodos e conselhos são aplicados e estudados
tanto por altos executivos como aspirantes a gerentes.
Para DRUCKER (2001) a administração é prática como a medicina, a
advocacia e a engenharia, apoiando‐se sobre uma teoria, que precisa ter o rigor
científico. Essa prática consiste em aplicação, focando‐se no específico, no caso
singular e exige experiência e intuição. É necessário ter conhecimentos
científicos e teóricos consistentes, assim como ter o “olho clínico”. Devemos
saber “por que fazer”, “ o que fazer” e “como fazer”.
A prática da administração exige o conhecimento da organização
inteira, permitindo a compreensão dos reflexos que as decisões e ações dos
administradores têm sobre toda a organização. As organizações são regidas por
SOCIOLOGIA ORGANIZACONAL 16
econômico do Japão e o relativo atraso da Índia é explicado, em grande parte,
porque os administradores japoneses conseguiram transplantar conceitos
administrativos importantes para seu próprio solo cultural e fazê‐los crescer.
3‐•Toda empresa requer compromisso com metas comuns e valores
compartilhados. Sem esse compromisso não há empresa, há somente uma
turba. A empresa tem de ter objetivos simples, claros e unificantes. A missão da
empresa tem de ser suficientemente clara e grande para promover uma visão
comum. As metas que a incorporam devem ser claras, públicas e
constantemente reafirmadas. A primeira tarefa da administração é pensar,
estabelecer e exemplificar esses objetivos, valores e metas.
4‐•A administração deve também capacitar a empresa e cada um de
seus componentes a crescer e se desenvolver à medida que mudem
necessidades e oportunidades. Toda empresa é uma instituição de aprendizado
e de ensino. Treinamento e desenvolvimento precisam ser instituídos em todos
os níveis da sua estrutura – treinamento e desenvolvimento incessantes.
5‐•Toda empresa é composta de pessoas com diferentes capacidades e
conhecimento, que desempenham muitos tipos diferentes de trabalho. Deve
estar ancorada na comunicação e na responsabilidade individual. Todos os
componentes devem pensar sobre o que pretendem alcançar – e garantir que
seus associados conheçam e entendam essa meta. Todos têm de considerar o
que devem aos outros – e garantir que esses outros entendam. E todos têm de
pensar naquilo que eles, por sua vez, precisam dos outros – e garantir que os
outros saibam o que se espera deles.
6‐•Nem o nível de produção nem a “linha de resultados” são, por si
sós, uma medição adequada do desempenho da administração e da empresa.
Posição no mercado, inovação, produtividade, desenvolvimento do pessoal,
qualidade, resultados financeiros, todos são cruciais ao desempenho de uma
organização e à sua sobrevivência. Também as instituições não‐lucrativas
precisam de medições em algumas áreas específicas às suas missões. Tanto
quanto um ser humano, uma organização também necessita de diversas
medições para avaliar sua saúde e seu desempenho. O desempenho tem de estar
entranhado na empresa e na sua administração; precisa ser medido – ou ao
menos julgado – além de ser continuamente melhorado.
7-•Finalmente, a única e mais importante coisa a lembrar sobre qualquer
empresa é que os resultados existem apenas no exterior. O resultado de uma empresa é
um cliente satisfeito. O resultado de um hospital é um paciente curado. O resultado de
uma escola é um aluno que aprendeu alguma coisa e a coloca em funcionamento dez
anos mais tarde. Dentro de uma empresa só há custos.
A administração para DRUCKER (2001) é considerada como uma “arte
liberal”.
SOCIOLOGIA ORGANIZACONAL 18
É “arte” porque, como vimos, é prática e aplicação e é “liberal” porque
trata dos fundamentos do conhecimento, auto‐conhecimento, sabedoria e
liderança. As origens do conhecimento e das percepções estão nas ciências
humanas e sociais, nas ciências físicas e na ética, que devem estar focados sobre
a eficiência e os resultados das organizações.
AS TAREFAS DA ADMINISTRAÇÃO
As instituições privadas ou públicas, com ou sem fins lucrativos, não
existem por conta própria, mas para satisfazer uma necessidade exclusiva da
sociedade, da comunidade ou do indivíduo. Existem para cumprir uma
finalidade social definida. Não são fins em si, são meios para que as
necessidades sejam atendidas.
Assim, a administração é o órgão da instituição que, como tal, só pode
ser descrito e definido por sua função e contribuição, devendo cumprir as
seguintes tarefas:
1‐atingir a finalidade e a missão específicas da instituição, seja uma
empresa comercial, hospital ou uma universidade;
2‐tornar o trabalho produtivo e transformar o trabalhador em
realizador;
3‐administrar os impactos sociais e as responsabilidades sociais.
“Nos negócios humanos – políticos, sociais, econômicos e empresariais – é
inútil prever o futuro, para não falar em olhar para 75 anos à frente. Mas é possível – e
útil – identificar eventos importantes que já aconteceram, de forma irrevogável, e que
portanto, terão efeitos previsíveis nas duas próximas décadas”. Em outras palavras, é
possível identificar e se preparar para o futuro que já aconteceu.
“O fator dominante para os negócios nas duas próximas décadas – com exceção
de guerra, peste ou colisão com um cometa – não será economia ou tecnologia. Será a
demografia. O fator chave para os negócios não será a superpopulação do mundo, da
qual temos sido alertados nestes últimos 40 anos. Será a subpopulação dos países
desenvolvidos – o Japão, os países europeus e os Estados Unidos.” (Peter Drucker, 2001)
SOCIOLOGIA ORGANIZACONAL 19
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
BERNARDES,C. Sociologia Aplicada à Administração.São Paulo: Pioneira,1996.
DRUCKER, Peter Ferdinand.Fator Humano e Desempenho.São Paulo:Pioneira,1981.
DRUCKER, Peter Ferdinand. A profissão de administrador. São Paulo: Pioneira
Thomson Learning, 2001.
DRUCKER, Peter Ferdinand. O melhor de Peter Drucker: a administração. São
Paulo:Nobel, 2001.
OLIVEIRA,Silvio Luiz de. Sociologia das Organizações: Uma análise do Homem e das
Empresas no Ambiente Competitivo. São Paulo:Pioneira,2002.
EXERCÍCIOS.
I ‐Assinale com (V) verdadeiro ou (F) falso:
1‐( ) Os conceitos e técnicas administrativas são aplicados há séculos, mesmo
que inconscientemente
2‐( ) Um marco importante na evolução da Administração foi a Revolução
Industrial, no século XVIII; até então, a Administração era principalmente
empírica
3‐( ) Taylor é um dos pais da administração científica, tendo estudado a alta
administração da empresa
4‐( ) Fayol preocupou‐se com o operário, a maximização de sua eficiência
( ) Taylor destacou‐se pelo estudo de tempos e movimentos, racionalização do
trabalho e pregava o uso do “operário sem cabeça (operário padrão)”, isto é,
do operário só era esperado o trabalho físico, mão‐de‐obra, não o era
necessário pensar
6‐( ) As teorias apresentados por Fayol e Taylor são complementares
SOCIOLOGIA ORGANIZACONAL 20
7‐( ) Fayol propôs 6 funções básicas para uma empresa, sejam elas: técnica,
comercial, financeira, ambiental, contábil e administrativa
9‐( ) Fayol analisou a empresa de “cima para baixo”, enquanto que Taylor a fez
de forma inversa
10‐( ) A escola clássica da administração procurou adequar ao homem, as
máquinas.
12‐( ) O objetivo principal de toda empresa é o lucro
13‐( )As teorias científicas são influenciadas pelo momento que as produzem.
14‐( )A construção de uma teoria científica está, estritamente, relacionada à
formação acadêmica do seu formulador.
15‐( )A formulação de uma teoria científica é a expressão da prática
GABARITO DO MÓDULO II
1-F, 2-V, 3-V, 4-F, 5-V, 6-V, 7-V, 8-V , 9-F, 10-F, 11-V, 12-F 13-F, 14-V, 15-F, 16-F