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Boletim Informativo do MNCR, Ano 18 - Nº 1, JANEIRO - MARÇO, 2019

Nesta edição:

1. KROTON E A FORMAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA

2. 20 ANOS DA LEI 9696/1998, O QUE TEMOS A COMEMORAR?
3. RELATO SOBRE O MOVIMENTO MOBILIZA CREF

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KROTON E A FORMAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA
Ao analisar os microdados do Censo da
Educação Superior de 2017, verificamos que
das 332.801 matrículas em cursos de Educação
Física 95.969 (28,8%) estavam concentradas
em 43 (3,3%) cursos da modalidade de Ensino a
Distância (EaD).
Ao pormenorizar e desagregar os dados
O quadro é agravado quando vislumbra-
mos que a maior parte dos estudantes têm de
pagar sua formação. No âmbito da licenciatu-
ra presencial, 64,6% (498) dos cursos e 71,1%
(79.181) das matrículas, estavam na esfera pri-
vada. Na licenciatura EaD, 56,7% (17) dos cur-
sos e 96,9% (72.141) das matrículas eram pri-
vadas. No bacharelado presencial, 86,6% (510)
dos cursos e 86,9% (109.064) das matrículas
eram privados. Na EaD, 100% (13) dos cursos e
das matrículas (21.471) eram privadas (Tabela 2).
Dentre os cursos ofertados pela iniciativa
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Artur Gomes de Souza
Mariano Moura Melgarejo
vimos que dos cursos de Educação Física no
Brasil, em 2017, 697 (53,7%) eram de licencia-
tura. O formato EaD concentrou 30 (4%) cursos
e 74.498 (40,1%) das matrículas na licenciatura
e 13 (2,2%) e 21.471 (14,6%) no bacharelado
(Tabela 1).
privada há a diferenciação proposta na Lei de Di-
retrizes e Bases da Educação Nacional (BRASIL,
1996) que as dividiu em particulares (com fins lu-
crativos) e confessionais, filantrópicas ou comu-
nitárias (sem fins lucrativos). Muito embora pos-
samos questionar a possibilidade de haver uma
instituição privada sem fins lucrativos, é sabido
que há diferenças dessas com as particulares,
principalmente após a entrada dessas institui-
ções na bolsa de valores na segunda metade
da década de 2000 (SEKI; SOUZA; EVANGELIS-
TA, 2017).
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Na Educação Física, as Instituições de En- trículas quando somamos licenciatura e bacha-

sino Superior (IES) particulares comandam a relado, conforme verificado nos Gráficos 1 e 2.
formação, pois detém 65.842 (49,8%) das ma-

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O grupo Kroton, por meio de aquisições
de Instituições de Ensino Superior1 em vários
estados do país, tornou-se um conglomerado
de ensino presencial e a distância e, portan-
to, como demonstrado nos dados, dominou
61.369 (33%) das matrículas em Educação Físi-
ca na licenciatura em 2017. Um de seus cursos
concentrou 50.470 matrículas2, número deve-
1 Histórico do Grupo Kroton: Fez parceria com empresa
Norte Americana (Apollo International); Aquisições: IUNI
Educacional (UNIC – Universidade de Cuiabá; FAMA;
Unime – União Metropolitana de Educação e Cultura); Fa-
culdade Atenas Maranhense (São Luís e Imperatriz - MA);
Faculdade União (Ponta Grossa - PR); UNOPAR; Centro
Universário Cândido Rondon (Unirondon); Uniasselvi
(vendeu para os Grupos Carlyle e Vinci Partners no final
de 2015 em virtude da aquisição da Anhanguera); Anha-
guera. que vem a onerar, já aqueles em término de
2 O curso, da UNIVERSIDADE PITÁGORAS UNOPAR,
foi criado em 17/02/2014 e tem como mantenedora a
EDITORA E DISTRIBUIDORA EDUCACIONAL S/A,
do grupo Kroton.
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ras superior às 34.123 em IES públicas (31.766
presencial e 2.357 EaD).
Não temos ainda um levantamento do
quanto o Conselho Federal de Educação Físi-
ca (CONFEF) e os Conselhos Regionais de Edu-
cação Física (CREF) participaram e participam
desse abocanhamento dos rendimentos pre-
sentes e futuros dos formandos e formados
em Educação Física. Desde a formação são
expropriados em suas finanças via pagamen-
to de mensalidade e, ainda posteriormente a
conclusão do curso, muitos tem ainda que qui-
tar o financiamento estudantil e somando-se a
isto pagar a anuidade do CREF no valor de R$
603,07 (CREF3/SC, 2017).
Podemos ainda ressaltar outras ações
suas formações, como o que fez o CREF11 do
Mato Grosso, que em 2013 realizou uma apro-

ximação junto ao grupo empresarial Kroton
para definição conjunta de planos, o que em
nossa percepção seria a presente e futura sub-
tração de fundos de vida econômica dos traba-
lhadores da Educação Física. Segundo o CREF11
(2013) “ficou acordado a proposta de a Seccio-
nal-MT realizar o registro dos futuros forman-
dos das IES, e assim proporcionar a entrega da
CIP no ato da colação de grau”. Ou seja, arre-
banham novos credenciados que nem sequer
receberam seu diploma, muitos dos quais não
trabalharão nas áreas cercadas pelo sistema
CONFEF/CREF.
Diante disto podemos entender que a
sede por mais e mais receita leva o CREF a pro-
mover ações conjuntas com empresas do ramo
particular de Educação à arrebatar os forman-
dos em Educação Física.
REFERÊNCIAS
BRASIL. INEP. Microdados do Censo da Educa-
ção Superior 2017. Brasília, 2017.
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BRASIL. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de
1996. Estabelece as diretrizes e bases da edu-
cação nacional. Brasília, 1996.
CREF11. Conselheiros de MT se reúnem com
coordenador de curso de EF. 19/11/2013.
Disponível em: <http://www.cref11.org.br/
not_ler.asp?codcat=1&codigo=530>. Acesso
em 8 jan. 2019.
CREF3/SC. Resolução n° 0137/2017/CREF3/SC.
2017. Disponível em: <https://www.crefsc.org.
br/principal/wp-content/uploads/2016/02/
RES.CREF-0137-2017-Anuidades-2018-1.pdf>.
Acesso em: 8 jan. 2019.
SEKI, A. K.; SOUZA, A. G.; EVANGELISTA, O.. “A
formação docente superior: hegemonia do ca-
pital no Brasil.” Revista Retratos da Escola, vol.
11, no 21, Brasília, pp. 447-467, 2017. Dispo-
nível em: <http://retratosdaescola.emnuvens.
com.br/rde/article/viewFile/812/pdf>. Acesso
em: 8 jan. 2019.

20 ANOS DA LEI 9696/1998, O QUE TEMOS A COMEMORAR?
No ano de 2018, a lei de regulamentação da pro-
fissão e o Sistema CONFEF/CREFs “comemoraram” 20
anos da sua criação. A reflexão que fica é: o que a re-
gulamentação da profissão trouxe de positivo aos Pro-
fessores de Educação Física e aos demais trabalhadores
de diferentes manifestações culturais?
Trazemos aqui, a lei que regulamenta a profis-
são na íntegra com algumas reflexões acerca da mes-
ma.
Art. 1º O exercício das atividades de Educação Física e a
designação de Profissional de Educação Física é prerro-
gativa dos profissionais regularmente registrados nos
Conselhos Regionais de Educação Física. torizadas ou reconhecidas, que serão convocadas pela
Art. 2º Apenas serão inscritos nos quadros dos Conse-
lhos Regionais de Educação Física os seguintes profis-
sionais:
I - os possuidores de diploma obtido em curso de
Educação Física, oficialmente autorizado ou reconhe-
cido;
II - os possuidores de diploma em Educação Física
expedido por instituição de ensino superior estrangei-
ra, revalidado na forma da legislação em vigor;
III - os que, até a data do início da vigência des-
ta Lei, tenham comprovadamente exercido atividades
próprias dos Profissionais de Educação Física, nos ter-
mos a serem estabelecidos pelo Conselho Federal de
Educação Física.
Nestes dois primeiros artigos, a lei dispõe sobre
quem pode ou não se inscrever nos Conselhos Regio-
nais de Educação Física, dando ao CONFEF plenos po-
deres quanto aos trabalhadores de diferentes manifes-
tações culturais que já atuavam antes da lei, poderem
ou não seguir desenvolvendo suas atividades.
Art. 3º Compete ao Profissional de Educação Física co-
ordenar, planejar, programar, supervisionar, dinamizar,
dirigir, organizar, avaliar e executar trabalhos, progra-
mas, planos e projetos, bem como prestar serviços de
auditoria, consultoria e assessoria, realizar treinamen-
tos especializados, participar de equipes multidiscipli-
nares e interdisciplinares e elaborar informes técnicos,
científicos e pedagógicos, todos nas áreas de ativida-
des físicas e do desporto.
Aqui trata-se sobre as competências do “Profis-
sional” de Educação Física, reduzido a algumas linhas
mal explicadas e extremamente simplista sobre o que
cabe ao Professor de Educação Física, transparece ain-
5
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Adriano França
da, uma lógica empreendedora, típico do profissional
requerido pelo mercado.
Art. 4º São criados o Conselho Federal e os Conselhos
Regionais de Educação Física.
Art. 5º Os primeiros membros efetivos e suplentes do
Conselho Federal de Educação Física serão eleitos para
um mandato tampão de dois anos, em reunião das as-
sociações representativas de Profissionais de Educação
Física, criadas nos termos da Constituição Federal, com
personalidade jurídica própria, e das instituições supe-
riores de ensino de Educação Física, oficialmente au-
Federação Brasileira das Associações dos Profissionais
de Educação Física - FBAPEF, no prazo de até noventa
dias após a promulgação desta Lei.
Art. 6º Esta Lei entra em vigor na data de sua publica-
ção.
Nos três artigos restantes, trata sobre a criação
do CONFEF/CREFs e a designação dos primeiros mem-
bros efetivos, é importante lembrar que essa estrutura
não é mudada desde então, visto que o atual presiden-
te do CONFEF, Jorge Steinhilber, está ocupando o cargo
desde a criação do Sistema. Percebemos então que a
lei que regulamenta a profissão do Profissional de Edu-
cação Física, “conquista” tão comemorada pelo CON-
FEF, se resume a míseros 5 artigos, que eles garantem
fazer a diferença na valorização dos profissionais por
todo o país.
O que visualizamos na prática é uma persegui-
ção deste Sistema aos professores da Educação Básica,
obrigando-os a serem os únicos professores registra-
dos em Conselho Profissional, instaurando uma frag-
mentação da classe de professores. Vemos o prejuízo
gerado todo inicio de ano aos professores que atuam
nos segmentos não-escolares, com uma anuidade que
não se materializa em mudanças significativas em suas
realidades, visto que, na maioria dos Estados, esses
professores estão desassistidos no que tange a regula-
mentação de jornada de trabalho e condições salariais.
Os trabalhadores de diferentes manifestações cultu-
rais/esportivas são assediados em seus locais de tra-
balho, impedidos de atuarem e sob ameaça de serem
detidos por atuação ilegal.
A constatação de que este Sistema não atende
aos interesses da classe trabalhadora é o primeiro pas-
so para questionar a sua existência!

RELATO SOBRE O MOVIMENTO MOBILIZA CREF
No dia 25 de janeiro fui a manifestação
do movimento Mobiliza Cref, no vão do Masp
aqui em São Paulo. Esta articulação vinha ocor-
rendo por meio do facebook, com um chama-
do aos professores e professoras de Educação
Física, para se discutir assuntos referentes aos
conselhos.
Havia em torno de 15 professores no to-
tal e, portanto, tornou-se um bate-papo para
um início de proposição de discussão. Aprovei-
tei o momento para falar sobre MNCR e as nos-
sas pautas de discussão.
Infelizmente ainda há inserido em mui-
tos professores a ideia da necessidade de se
disputar internamente os conselhos, também
a necessidade de explicação dos mesmos em
relação aos valores de anuidade arrecadados
(inclusive com abaixo assinado realizado hoje
para este fim), transparência nos processos de
eleição, dentre outras.
Os discursos ainda se pautam por meio
dos jargões, Profissional de Educação Físi-
ca, somos da área da Saúde, portanto, pro-
movemos saúde, sem o Cref quem irá defen-
der o Profissional de Educação Física, etc.
ACESSE NOSSAS REDES SOCIAIS E
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MNCR
Edivan Ribeiro Soares
Pautei algumas coisas, tais como: a ne-
cessidade de se discutir mecanismos de ações
que versem sobre a revogação da Lei 9696/98 e
não a disputa interna dos conselhos por pleito
eleitoral; o papel e a atuação do MNCR desde
o início das discussões para a criação dos con-
selhos; o papel dos sindicatos, com suas ações
jurídicas na tentativa de assegurar aos profes-
sores e professoras a não obrigatoriedade de
pagamento da anuidade; o discurso falacioso
dos conselhos sobre a fiscalização para asse-
gurar a garantia de atendimento com profissio-
nais habilitados; a possibilidade/necessidade
de aproximação com parlamentares de esquer-
da e/ou do campo progressista.
Um dos professores citou um início de
contato com o Deputado Estadual do PSOL,
Carlos Giannazi e outros parlamentares desta
legenda.
Por fim, ficou decidido a manutenção de
contato, por meio de lista dos participantes
dessa conversa de hoje, para futuras proposi-
ções.
A luta continua!