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DIREITO PROCESSUAL PENAL1

SISTEMAS PROCESSUAIS

a) SISTEMA INQUISITIVO (ou Inquisitório): As funções de Acusar, Defender e Julgar estão


concentradas em uma só pessoa, o Juiz Inquisidor. Este sistema, ao permitir que o Juiz produza
prova antes da instrução penal, acarreta um grande problema: a quebra da parcialidade. Além disso,
o processo é sigiloso (não é necessária publicidade) e não há contraditório, ficando o acusado
como mero objeto de Investigação e não como Sujeito de Direitos. O Juiz Inquisidor é dotado de
ampla iniciativa probatória, tendo a liberdade para determinar de ofício a colheita de provas, seja no curso
das investigações, seja no curso do processo penal, independentemente de sua proposição pela acusa-
ção ou pelo acusado. A Gestão das Provas estava concentrada, assim, nas mãos do Juiz, que, a partir da
prova do fato e tomando como parâmetro a Lei, podia chegar à conclusão que desejasse. Um dos meios
de prova mais comum desse sistema era a tortura, visando à obtenção da confissão, que era então
considerada a rainha das provas.

b) SISTEMA ACUSATÓRIO (SISTEMA BRASILEIRO): As principais características deste sistema são:


(I) a separação entre os órgãos de Acusação, Defesa e Julgamento, criando-se um processo de
partes; (II) liberdade de defesa e igualdade de posição das partes (o acusado é Sujeito de Direitos);
(III) a vigência do contraditório; (IV) o processo caracteriza-se, assim, como legítimo Actum Trium Perso-
narum; (Art. 129, I, da CF – “São funções institucionais do Ministério Público: I – promover, privativamente,
a ação penal pública, na forma da lei”). A partir do momento que a CF entrega ao Ministério Público a
função de acusador, quer afastar completamente do Juiz qualquer atividade acusatória. No Brasil adota-
mos o Sistema Acusatório.

#ATENÇÃO: O doutrinador Geraldo Prado, prega que num Sistema Acusatório Puro, o Juiz não
pode produzir prova de ofício em nenhuma fase, ou seja, nem na fase de Investigação Preliminar e
nem na fase processual. Mas a Doutrina Majoritária (Eugênio Pacelli, Gustavo Badaró) entende que o
Juiz pode produzir prova de ofício, desde que seja apenas na fase processual. Na Fase Investigatória
Preliminar, o Juiz só deve agir quando provocado e desde que sua atuação seja necessária para
salvaguardar direitos e garantias fundamentais do investigado.

» Atualmente, ainda existe uma circunstância que revela atuação de um Juiz Inquisidor:

Art. 156, I, do CPP. A prova da alegação incumbe a quem a fizer, sendo, porém, facultado ao juiz,

1 Por Tiago Pozza

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de ofício: (...).

I – ordenar, mesmo antes de iniciada a ação penal, a produção antecipada de provas, consideradas
urgentes e relevantes, observando a necessidade, adequação e proporcionalidade da medida.

» Por outro lado, o Art. 212, do CPP, reflete com primazia o que esperamos do Magistrado quanto à
gestão da prova no processo penal.

Art. 212. As perguntas serão formuladas pelas partes diretamente à testemunha, não admitindo o
juiz aquelas que puderem induzir a resposta, não tiverem relação com a causa ou importarem na
repetição de outra já respondida.

Parágrafo único. Sobre os pontos não esclarecidos, o juiz poderá complementar a inquirição.

É o chamado Exame Direto e Cruzado. O Juiz atuando de maneira residual, complementar.

» Cumpre registrar, ainda, que no Sistema Acusatório o Princípio da Verdade Real é substituído pelo
Princípio da Busca da Verdade, devendo a prova ser produzida com fiel observância ao contradi-
tório e à ampla defesa.

c) SISTEMA MISTO (Sistema Francês): Há uma primeira fase Inquisitiva presidida por um Juiz e
uma segunda fase Acusatória, respeitando-se o devido processo legal.

PRINCÍPIO DO CONTRADITÓRIO:

A parte adversa deve estar ciente da existên-


A) DIREITO À INFORMAÇÃO: cia da demanda ou dos argumentos da parte
contrária;
Possibilidade de a parte oferecer reação, mani-
B) DIREITO DE PARTICIPAÇÃO: festação ou contrariedade à pretensão da parte
contrária.

C) DIREITO E OBRIGATORIEDADE DE ASSISTÊNCIA “Nenhum acusado, ainda que ausente ou foragi-


TÉCNICA DE UM DEFENSOR (ART. 261, CPP): do, será processado e julgado sem defensor”.

#DEOLHONASÚMULA:

Súmula 707 do STF: Constitui nulidade a falta de intimação do denunciado para oferecer contrarra-
zões ao recurso interposto da rejeição da denúncia, não a suprindo a nomeação de defensor dativo.

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PRINCÍPIO DA AMPLA DEFESA: inclui a defesa técnica (exercida por um profissional da advoca-
cia, dotado de capacidade postulatória, seja ele advogado constituído, nomeado ou defensor público) e
autodefesa (aquela exercida pelo próprio acusado, em momentos cruciais do processo).

#DEOLHONASÚMULA:

Súmula 522 - STJ: A conduta de atribuir-se falsa identidade perante autoridade policial é típica,
ainda que em situação de alegada autodefesa.

PRINCÍPIO DO NEMO TENETUR SE DETEGERE: o preso será informado de seus direitos, entre os
quais o de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a assistência da família e de advogado. O direito ao
silêncio é uma decorrência do nemo tenetur se detegere, segundo o qual ninguém é obrigado a produzir
prova contra si mesmo.

DA PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA (OU NÃO CULPABILIDADE): com o advento da CF/88, passou


a constar de forma expressa no texto constitucional (LVII do art. 5º). Antes, apenas era previsto de forma
implícita. Conforme Renato Brasileiro, consiste no direito de não ser declarado culpado senão median-
te sentença transitada em julgado, ao término do devido processo legal, em que o acusado tenha se
utilizado de todos os meios de prova pertinentes para sua defesa (ampla defesa) e para a destruição da
credibilidade das provas apresentadas pela acusação (contraditório).

PRINCÍPIO DA BUSCA DA VERDADE: superando o dogma da verdade real, tem prevalecido na


doutrina mais moderna que o princípio que vigora no direito penal não é o da verdade material ou real,
mas sim o da busca da verdade. Busca-se a maior exatidão possível na reconstituição do fato controverso,
entretanto sem a pretensão de se chegar a uma verdade real, mas sim a uma aproximação da realidade.

#SELIGANOSINÔNIMO: o princípio da busca da verdade é também chamado de princípio da livre


investigação da prova no interior do pedido; princípio da imparcialidade do juiz na direção e apre-
ciação da prova; princípio da investigação; princípio inquisitivo; ou princípio da investigação judicial
da prova.

APLICAÇÃO DA LEI PENAL

• Lei Processual no Tempo:

a) Norma Genuinamente Processual: É aquela que cuida de procedimentos, atos processuais,


técnicas do processo. Ex.: Extinção do Protesto por Novo Júri pela Lei nº 11.689/2008. Para a norma

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genuinamente processual, o critério a ser aplicado é o do Art. 2º do CPP (Tempus Regit Actum), ou seja,
aplicação imediata:

Art. 2º A lei processual penal aplicar-se-á desde logo, sem prejuízo da validade dos atos realizados
sob a vigência da lei anterior.

b) Norma Processual Material (Mista): É espécie de norma que contempla simultaneamente


normas de direito processual penal e norma de direito penal, por isso também é chamada de mista. De
acordo com a doutrina, é aquela que abriga naturezas diversas, de caráter penal e de caráter processual
penal. Normas penais são aquelas que cuidam do crime, da pena, da medida de segurança, dos efeitos
da condenação e do direito de punir do Estado (Ex.: causas extintivas de punibilidade). De sua vez, normas
processuais penais são aquelas que versam sobre o processo desde o seu início até o final da execução ou
extinção da punibilidade. Assim, se um dispositivo legal, embora inserido em lei processual, versa sobre
regra penal, de direito material, a ele serão aplicáveis os princípios que regem a lei penal, de ultratividade
e retroatividade da lei mais benigna. Portanto, quando estivermos diante de uma norma processual mate-
rial (mista), o critério a ser aplicado é o do Direito Penal (Irretroatividade da Lei Gravosa + Ultratividade
da Lei Benéfica).

Normas Processuais Heterotópicas: De acordo com a doutrina de Norberto Avena “Há deter-
minadas regras que, não obstante previstas em diplomas processuais penais, possuem conteú-
do material, devendo, pois, retroagir para beneficiar o acusado. Outras, no entanto, inseridas em
leis materiais, são dotadas de conteúdo processual, a elas sendo aplicável o critério da aplicação
imediata (‘tempus regit actum’). E aí que surge o fenômeno denominado de Heterotopia, ou seja,
situação em que, apesar de o conteúdo da norma conferir-lhe uma determinada natureza, encon-
tra-se ela prevista em diploma de natureza distinta.” Ou seja, é uma norma que foi mal colocada.
É uma norma de essência processual inserida no Código Penal (ou na parte penal da legislação
especial), ou uma norma de essência material inserida no Código de Processo Penal (ou na parte
processual da legislação especial).

ATENÇÃO: Tais normas não se confundem com as normas processuais materiais (mista). Enquan-
to a Heterotópica possui uma determinada natureza (material ou processual), em que pese estar
incorporada a diploma de caráter distinto, a norma processual mista ou híbrida apresenta Dupla
Natureza, vale dizer, material em uma determinada parte e processual em outra. Como exemplo
de disposições Heterotópicas, pode ser citado o Direito ao Silêncio assegurado ao acusado em seu
interrogatório, o qual, apesar de previsto no CPP (Art. 186), possui caráter nitidamente assecura-
tório de direitos (material), assim como as Normas Gerais que trataram da Competência da Justiça

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Federal, que, conquanto previstas no Art. 109 da CF/88, que é um diploma material, são dotadas de
natureza evidentemente processual.

• Lei Processual no Espaço:

Enquanto à lei penal se aplica o princípio da territorialidade (CP, art. 5o) e da extraterritorialidade
(CP, art. 7o), o CPP adota o princípio da territorialidade ou da lex fori – porque a atividade jurisdicional é
um dos aspectos da soberania nacional, logo, não pode ser exercida além das fronteiras do respectivo
Estado – Art. 1o, CPP.

Gozam de imunidade diplomática: Chefes de governo estrangeiro ou de Estado estrangeiro, suas


famílias e membros das comitivas, embaixadores e suas famílias, funcionários estrangeiros do corpo diplo-
mático e suas famílias, assim como funcionários de organizações internacionais em serviço (ONU, OEA,
etc.) – têm a prerrogativa de responder no seu país de origem pelo delito praticado no Brasil (Convenção
de Viena sobre Relações Diplomáticas, aprovada pelo Decreto Legislativo 103/1964, e promulgada pelo
Decreto nº 56.435, de 08/06/1965).

Assim, em razão de tratados ou convenções que o Brasil haja firmado, ou mesmo em virtude de
regras de Direito Internacional, a lei processual deixa de ser aplicada aos crimes praticados por tais agen-
tes no território nacional.

INQUÉRITO POLICIAL

» O Inquérito Policial continua sendo o principal instrumento de que se vale o Estado para investiga-
ção de infrações penais, no entanto, atualmente, se reconhece a importância de outros instrumentos
investigatórios (Ex.: Procedimento de Investigação Criminal – PIC – presidido pelo MP; Investigação
Criminal Defensiva pelo Defensor; Investigações realizadas pelo COAF, etc.).

» Características: Escrito; instrumental; dispensável; sigiloso; inquisitorial; informativo; indisponível;


discricionário.

» Por ser um procedimento administrativo, NÃO HÁ LITISPENDÊNCIA EM SEDE DE IP.

» O IP é UNIDIRECIONAL (o único objeto do IP é apurar fatos e encaminhar os resultados à apreciação


do MP) e SISTEMÁTICO (as peças devem ser juntadas aos autos obedecendo a uma sequência lógica
de modo a facilitar a compreensão dos fatos lá organizados como um todo).

» O IP NÃO SE SUJEITA À DECLARAÇÃO DE NULIDADE. Isto porque, despindo-se a sua confecção de


formalidades sacramentais (a lei não estabelece um procedimento específico para sua feitura), não

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pode, evidentemente, padecer de vícios que o nulifiquem. Isto não significa, obviamente, que uma
determinada prova produzida no IP não possa vir a ser considerada nula no curso do processo crimi-
nal. Nessa hipótese, porém, a prova é que será nula e não o IP no bojo do qual ela foi realizada.

» Os vícios do inquérito não contaminam o processo, sendo incabível a anulação de processo penal
em razão de suposta irregularidade verificada em inquérito policial (Info 824 - STF).

» Indiciamento: é ato privativo da autoridade policial, segundo sua análise técnico-jurídica do fato, não
podendo o juiz determinar que o Delegado de Polícia faça o indiciamento de alguém. Para Aury
Lopes Jr., indiciar significa direcionar o inquérito, as investigações à determinada pessoa. Agora não
é mais “possível” que ela seja a responsável, mas sim “provável”. Segundo o autor, indiciar nada mais
é do que atribuir a alguém a prática de um fato delituoso, saindo-se de um juízo de possibilidade
para um juízo de probabilidade, mais robusto. É (a probabilidade) o que o Jacinto Coutinho chama
de verossimilhança.

» Não podem ser indiciados: a) Magistrados (art. 33, parágrafo único, da LC 35/79); b) Membros do
Ministério Público (art. 18, parágrafo único, da LC 75/73 e art. 40, parágrafo único, da Lei nº 8.625/93).

» Do despacho que indeferir o requerimento de abertura de inquérito caberá recurso para o chefe de
Polícia.

» Súmula Vinculante nº 14: É direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos
elementos de prova que, já documentados em procedimento investigatório realizado por órgão com
competência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do direito de defesa.

» A suspeição de autoridade policial NÃO é motivo de nulidade do processo, pois o inquérito é mera
peça informativa.

# CUIDADO (Lei 12.850/2013 – Organizações Criminosas): Em regra, a lógica é que o Advogado


não precise de autorização judicial para acessar os autos do Inquérito Policial. Mas, a Lei das Orga-
nizações Criminosas, em seu Art. 23, parágrafo único, determinou que nesse tipo de investigação
(versando sobre Organização Criminosa), se faz NECESSÁRIA AUTORIZAÇÃO JUDICIAL para
acessar os Autos do IP.

Art. 23. O sigilo da investigação poderá ser decretado pela Autoridade Judicial competente,
para garantia da celeridade e da eficácia das diligências investigatórias, assegurando-se ao defen-
sor, no interesse do representado, amplo acesso aos elementos de prova que digam respeito ao
exercício do direito de defesa, devidamente Precedido de AUTORIZAÇÃO JUDICIAL, ressalvados
os referentes às diligências em andamento.

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Parágrafo Único. Determinado o depoimento do investigado, seu defensor terá assegurada a prévia
vista dos autos, ainda que classificados como sigilosos, no prazo mínimo de 3 DIAS que antecedem
ao ato, podendo ser ampliado, a critério da autoridade responsável pela investigação.

» Elementos de Informação são aqueles colhidos na fase investigatória, que é fase inquisitiva, sem
a participação das partes, ou seja, não há contraditório, nem ampla defesa (nem mesmo diante
das mudanças produzidas pela Lei nº 13.245/2016). Prestam-se à decretação de Medidas Cautela-
res e à Formação da Opinio Delicti (por isso mesmo jamais podem, isoladamente, ser usados para
fundamentar uma condenação, de acordo com a inteligência do Art. 155 do CPP – “O juiz formará
sua convicção pela livre apreciação da prova produzida em contraditório judicial, não poden-
do fundamentar sua decisão exclusivamente nos elementos informativos colhidos na investigação,
ressalvadas as provas cautelares, não repetíveis e antecipadas.” e Art. 5º, LV, da CF – “aos litigan-
tes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório
e a ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes”).

» Provas: têm seu regime jurídico ligado ao contraditório judicial, eis que produzidas na fase judi-
cial perante o sistema acusatório, que é o sistema processual penal adotado no Brasil. São aquelas
produzidas com a participação do acusador e do acusado, e mediante a direta e constante supervi-
são do julgador (com o advento da Lei nº 11.719/08, adota-se o princípio da identidade física do Juiz
– Art. 399, § 2º, do CPP – “O juiz que presidiu a instrução deverá proferir a sentença”).

Existem, porém, certos Elementos de Informação produzidos durante o inquérito policial e que se
caracterizam como Provas, podendo, assim, ser tranquilamente levados em conta pelo Juiz para conde-
nar. São eles: as Provas Antecipadas, Cautelares e Não Repetíveis. Em relação a estas duas últimas, o
Contraditório é Diferido (adiado para a fase judicial).

» Elementos migratórios: são extraídos do inquérito e levados ao processo, podendo ser validamen-
te valorado em eventual sentença condenatória. Quais são os elementos migratórios? - PROVAS
IRREPETÍVEIS: são aquelas provas de iminente perecimento que não tem como ser refeitas na fase
processual (a evidência do fato desaparece depois), Exemplo: constatação de embriaguez ao volante;
ADVERTÊNCIA! O Delegado, em regra, autorizará a confecção da prova irrepetível.

PROVAS CAUTELARES: a cautelaridade é justificada pela necessidade e urgência e, normalmen-


te, contam com a intervenção judicial. Exemplo: interceptação telefônica. Detalhe: quem conduz toda a
prova é a polícia e de forma inquisitiva.

As provas cautelares e irrepetíveis são colhidas de maneira inquisitiva e, quando levadas ao proces-
so, se submetem ao contraditório e a ampla defesa de forma diferida ou postergada.

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PRAZOS DO INQUÉRITO

HIPÓTESE RÉU PRESO RÉU SOLTO


Estadual 10 dias 30 dias
Federal 15 + 15 dias 30 dias
Militar 20 dias 40 + 20 dias
Drogas 30 + 30 dias 90 + 90 dias
Economia Popular 10 dias 10 dias
Eleitoral 10 dias 30 dias
Prisão temporária decretada em
IPL relativo a crimes hediondos e 30 + 30 Não se aplica
equiparados.

Para evitar dúvida, cabe fazer um esclarecimento em relação à tabela supracitada. Quando se fala
em Estadual e Federal é em relação a inquéritos que tramitam na JE ou na JF. Então, para saber o prazo
não levem em consideração se é PF ou PC, mas sim se o crime investigado no inquérito é de competência
da JF ou da JE.

#DICA: lembrem-se que a PF trabalha com inquéritos (IPLs) perante à JE e JF. Então, se liguem no
crime (se é de competência da JF ou da JE), para saber o prazo do IPL.

» Arquivamento: é afeto ao juiz, após requerimento fundamentado do MP, sendo vedada, ao delegado,
sua promoção (art. 17 CPP). Instaurado pela autoridade policial não pode ser por ela arquivado, ainda
que não fique apurado quem foi o autor do delito. O arquivamento é, portanto, um ato complexo,
que envolve prévio requerimento formulado pelo MP e posterior decisão do juízo competente.

» Arquivamento implícito: ocorre quando MP deixar de incluir na denúncia algum fato investigado ou
algum suspeito, sem expressa justificação (prática rechaçada pela jurisprudência).

» Arquivamento indireto: ocorre quando o MP não oferece a denúncia por considerar o juízo incompe-
tente. A decisão judicial de arquivamento do inquérito policial com fundamento na atipicidade do fato
praticado produz coisa julgada material, impedindo-se a reabertura das investigações preliminares
mesmo diante do surgimento de novas provas.

MOTIVO DO ARQUIVAMENTO É POSSÍVEL DESARQUIVAR?


SIM
1) Insuficiência de provas
(Súmula 524 - STF)
2) Ausência de pressuposto processual ou de
SIM
condição da ação penal

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3) Falta de justa causa para a ação penal (não há


indícios de autoria ou prova da materialidade) SIM
4) Atipicidade (fato narrado não é crime) NÃO
5) Existência manifesta de causa excludente de STJ: NÃO (Resp 791471/RJ)
ilicitude STF: SIM (HC 125101/SP)
6) Existência manifesta de causa excludente de NÃO
culpabilidade (Posição doutrinária)
NÃO
7) Existência manifesta de causa extintiva da puni- (STJ HC 307.562/RS)
bilidade (STF Pet 3943)
Exceção: Certidão de óbito falsa

» A decisão judicial que determina o arquivamento do inquérito policial é, em regra, irrecorrível, embo-
ra caiba recurso de ofício no caso de crime contra a economia popular.

» Não cabe uso de MS pela vítima para tentar impedir o arquivamento do inquérito policial.

PROCESSO – AÇÃO PENAL – AÇÃO CIVIL EX DELITO

ESPÉCIE DE AÇÃO PENAL PRINCÍPIO APLICÁVEL


AÇÃO PENAL PRIVADA Princípio da oportunidade
AÇÃO PÚBLICA INCONDICIONADA Princípio da obrigatoriedade
Princípio da oportunidade, em relação ao ofendi-
AÇÃO PÚBLICA CONDICIONADA À REPRE- do.
SENTAÇÃO Princípio da obrigatoriedade, em relação ao
órgão acusador.
Princípio da discricionariedade regrada: a lei
AÇÃO PENAL NO JUIZADO ESPECIAL CRIMI- prevê a possibilidade de transação penal, que
NAL impede o oferecimento da ação penal, se
cumpridos os requisitos.

OUTRAS ESPÉCIES DE AÇÃO PENAL


AÇÃO DE PREVENÇÃO PENAL Busca a aplicação de uma medida de segurança;
Processo judicial judicialiforme (apesar de ainda estar previsto no
AÇÃO PENAL EX OFFICIO
art. 26 do CPP, não se aplica mais) e HC de ofício;

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Casos em que, havendo inércia por parte do órgão ministerial


AÇÃO PENAL PÚBLICA SUBSI- inicialmente incumbido de promover a ação penal, outro órgão
DIÁRIA DA PÚBLICA oficial seria então incumbido dessa missão. Exemplo: artigo 2º,
§ 2º, do DL 201/67 e artigo 27 da lei 7.492/86;
Aquela em que o MP assume a ação privada subsidiária da
AÇÃO PENAL INDIRETA
pública;
Crimes primariamente processados mediante ação penal priva-
AÇÃO PENAL SECUNDÁRIA da e, secundariamente, por ação penal pública. Exemplo: crime
contra honra do funcionário público (súmula 714/STF);
Existem duas vertentes:
1) propositura da ação penal privada pelo MP, nos casos em que
vislumbre interesse público;
AÇÃO PENAL ADESIVA
2) nos casos de conexão ou continência entre um delito que desafia
ação penal pública e outro de ação penal privada. Trata-se de um
litisconsórcio facultativo entre MP e ofendido nos crimes conexos.
Habeas corpus e ação de crime de responsabilidade. Em verdade,
AÇÃO PENAL POPULAR
não se trata de ações penais propriamente ditas.

CONDIÇÃO DE PROCEDIBILIDADE CONDIÇÃO OBJETIVA DE


(CONDIÇÃO DA AÇÃO) PUNIBILIDADE
Ligada ao direito processual Ligada ao direito material

São condições necessárias ao regular exercício do direito de ação.


Podem ser genéricas ou específicas

Condição exigida pelo legislador


CONDIÇÕES ESPECÍFICAS: para que o fato se torne puní-
(nem toda ação vel, e que está fora do injusto
CONDIÇÕES GENÉRICAS:
penal tem que ter) culpável. Chama-se objetiva
(toda ação penal tem que ter)
REPRESENTAÇÃO DO OFEN- porque independe do dolo ou
POSSIBILIDADE JURÍDICA DO
DIDO. da culpa do agente. Encontra-
PEDIDO
REQUISIÇÃO DO MINISTRO -se entre o preceito primário
LEGITIMIDADE AD CAUSAM
DA JUSTIÇA. e secundário da norma penal
INTERESSE EM AGIR (UNA
LAUDO PRELIMINAR NO incriminadora, condicionando a
= Utilidade, Necessidade e
CASO DE ENVOLVER ENTOR- existência da pretensão punitiva
Adequação da via eleita.
PECENTES. do Estado.
JUSTA CAUSA (lastro proba-
ENTRADA DO AGENTE NO
tório mínimo necessário ao
TERRITÓRIO NACIONAL (no
ajuizamento da ação)
caso de extraterritorialidade
da lei penal).

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Se a ausência for verificada no início do processo - rejeição da


Se não ocorre o implemento da
peça acusatória
condição, não há fundamento
Se a ausência for verificada durante o processo - aplica o CPC de
de direito para o ajuizamento
maneira subsidiária e gera a extinção do processo sem julgamento
de uma ação penal
do mérito.
Decisão fará coisa julgada
Só vai haver formação de coisa julgada formal.
formal e material.

#SELIGA Justa Causa DUPLICADA: A expressão justa causa duplicada deve ser usada quando
se fala no Crime de Lavagem de Capitais (Lei nº 9.613/1998). Quando se oferece uma denúncia
contra alguém imputando Crime de Lavagem de Capitais, não basta demonstrar a ocultação ou
dissimulação de valores, sendo preciso também demonstrar que aqueles bens lavados (objeto da
lavagem) seriam produtos diretos ou indiretos de uma infração penal antecedente.

#CUIDADO Para o crime de furto a Ação Penal é sempre Pública Incondicionada? Não!

Art. 182 – somente se procede mediante representação, se o crime previsto neste título é cometido
em prejuízo:

I – do cônjuge desquitado ou judicialmente separado;

II – de irmão, legítimo ou ilegítimo;

III – de tio ou sobrinho, com quem o agente coabita.

Art. 183 – Não se aplica o disposto nos dois artigos anteriores:

I – se o crime é de roubo ou de extorsão, ou, em geral, quando haja emprego de grave ameaça ou
violência à pessoa;

II – ao estranho que participa do crime.

III – se o crime é praticado contra pessoa com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos.”

AÇÕES PENAIS PRIVADAS E CAUSAS DE EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE:


É A perda do direito de ação penal ou de representação em razão de seu não
DECADÊNCIA exercício no prazo legal.
Prazo legal: Em regra, 6 meses a contar do conhecimento da autoria do fato.
RENÚNCIA AO É o ato unilateral (não depende de aceitação) e voluntário por meio do qual a
DIREITO DE pessoa legitimada ao exercício da ação penal privada abdica do seu direito de
QUEIXA queixa, antes do início do processo.

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É o ato bilateral (demanda aceitação) por meio do qual, no curso do proces-


PERDÃO DO
so penal, o querelante resolve não prosseguir com a demanda, perdoando o
OFENDIDO
acusado.
É a perda do direito de prosseguir no exercício da ação penal privada em virtu-
de da negligência do querelante, com a consequente extinção da punibilidade.
Hipóteses (art. 60 do CPP):
 I - quando, iniciada esta, o querelante deixar de promover o andamento do
processo durante 30 dias seguidos;
II - quando, falecendo o querelante, ou sobrevindo sua incapacidade, não compa-
PEREMPÇÃO recer em juízo, para prosseguir no processo, dentro do prazo de 60 (sessenta) dias,
qualquer das pessoas a quem couber fazê-lo, ressalvado o disposto no art. 36;
III - quando o querelante deixar de comparecer, sem motivo justificado, a qualquer
ato do processo a que deva estar presente, ou deixar de formular o pedido de
condenação nas alegações finais;
IV - quando, sendo o querelante pessoa jurídica, esta se extinguir sem deixar
sucessor.

#NÃOOCONFUNDA

A regra geral do CPP permite a retratação da representação até o oferecimento da denúncia,


na Lei Maria da Penha é possível se retratar até o recebimento da denúncia e apenas em juízo.

Art. 25. A representação será irretratável, depois de oferecida a denúncia.

Art. 16 da Lei 11.340/06: Nas ações penais públicas condicionadas à representação da ofendida de
que trata esta Lei, só será admitida a renúncia à representação perante o juiz, em audiência espe-
cialmente designada com tal finalidade, antes do recebimento da denúncia e ouvido o Ministério
Público.

#SELIGANASSÚMULAS

SÚMULA 594 DO STF: Os direitos de queixa e de representação podem ser exercidos, indepen-
dentemente, pelo ofendido ou por seu representante legal.

SÚMULA 714 DO STF: É concorrente a legitimidade do ofendido, mediante queixa e do Ministério


Público, condicionada à representação do ofendido, para a ação penal por crime contra a honra de
servidor público em razão do exercício de suas funções; sem representação, não há procedibilidade
da ação penal.

SÚMULA 542 DO STJ:A ação penal relativa ao crime de lesão corporal resultante de violência
doméstica contra a mulher é pública incondicionada.

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SÚMULA 608-STF: No crime de estupro, praticado mediante violência real, a ação penal é pública
incondicionada.

#DEOLHONAJURIS A Súmula 608 do STF permanece válida mesmo após o advento da Lei
nº 12.015/2009. Assim, em caso de estupro praticado mediante violência real, a ação penal
é pública incondicionada. STF. 1ª Turma. HC 125360/RJ, rel. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac.
Min. Alexandre de Moraes, julgado em 27/2/2018 (Info 892).

AÇÃO CIVIL EX DELICTO


Trata-se da ação que busca à reparação do dano que a suposta infração penal
CONCEITO
pode ter causado à determinada pessoa.
A vítima, seu representante legal ou sucessores, independentemente da sentença
AÇÃO CIVIL EX
penal, irão buscar na esfera cível a reparação do dano decorrente do fato deli-
DELITO PROPRIA-
tuoso (art. 64, CPP). Nesse caso, poderá o juiz suspender o curso da ação civil até
MENTE DITA
que transite em julgado a sentença penal com o patamar mínimo indenizatório.
AÇÃO DE EXECU- A vítima, seu representante legal ou sucessores, vão executar a sentença penal
ÇÃO EX DELICTO transitada em julgado (art. 63, CPP c/c art. 387, IV, CPP c/c art. 91, I, CP).
As instâncias são independentes (art. 2º, CF). Contudo, a própria sentença penal
INDEPENDÊNCIA
já pode servir de título executivo judicial para o cível, nos casos em que o juiz já
DAS INSTÂNCIAS
atribui um valor indenizatório mínimo (art. 63, parágrafo único, CPP).
a absolvição do acusado na esfera penal não influencia a decisão do juiz na esfe-
EFEITOS CIVIS
ra cível, salvo quando ficar comprovado que ele não foi o autor (ou partícipe) da
DA ABSOLVIÇÃO
infração penal ou que o fato efetivamente não ocorreu (art. 66, CPP c/c art. 386,
PENAL
CPP c/c art. 935, CC).
A Lei n° 11.719/2008 modificou o art. 387, IV do CPP, determinando que na
sentença penal condenatória o juiz deverá fixar o valor mínimo para reparação
dos danos. De acordo com a doutrina e a jurisprudência, podem ser fixados tanto
valores à título de DANOS MATERIAIS quanto DANOS MORAIS, mas deve haver
pedido expresso do Ministério Público ou do ofendido.
INDENIZAÇÃO #DEOLHONAJURIS - INFO 588 STJ O juiz, ao proferir sentença penal condena-
FIXADA NA tória, no momento de fixar o valor mínimo para a reparação dos danos causados
SENTENÇA. pela infração (art. 387, IV, do CPP), pode, sentindo-se apto diante de um caso
concreto, quantificar, ao menos o mínimo, o valor do dano moral sofrido pela
vítima, desde que fundamente essa opção. Isso porque o art. 387, IV, não limi-
ta a indenização apenas aos danos materiais e a legislação penal deve sempre
priorizar o ressarcimento da vítima em relação a todos os prejuízos sofridos. STJ,
julgado em 9/8/2016 (Info 588).

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De acordo com o art. 68 do CPP, a legitimidade para a ação civil ex delicto,


em caso de vítima pobre, seria do Ministério Público. Discutiu-se se tal previ-
são legal continuaria válida em razão da atribuição constitucional da Defensoria
Pública para atuar em prol dos hipossuficientes. Para o STF, o art. 68 é dota-
do de uma inconstitucionalidade progressiva ou inconstitucionalidade imperfei-
ta (#DEOLHONOSSINÔNIMOS) – um dia será inconstitucional. “Norma ainda
constitucional” ou “norma em trânsito da constitucionalidade para a inconstitu-
LEGITIMIDADE cionalidade”. Nas comarcas em que não houver Defensoria Pública, o MP pode
EM CASO DE pleitear em juízo, a reparação do dano em favor de vítima pobre. STF RE 135328
VÍTIMA POBRE #AJUDAMARCINHO - INFO 588 STJ O juiz, ao proferir sentença penal conde-
natória, no momento de fixar o valor mínimo para a reparação dos danos causa-
dos pela infração (art. 387, IV, do CPP), pode, sentindo-se apto diante de um
caso concreto, quantificar, ao menos o mínimo, o valor do dano moral sofrido
pela vítima, desde que fundamente essa opção. Isso porque o art. 387, IV, não
limita a indenização apenas aos danos materiais e a legislação penal deve sempre
priorizar o ressarcimento da vítima em relação a todos os prejuízos sofridos. STJ,
julgado em 9/8/2016 (Info 588).

JURISDIÇÃO E COMPETÊNCIA

ESPÉCIES DE COMPETÊNCIA
RATIONE MATE- É aquela que leva em consideração a natureza da infração penal (art. 69, III,
RIAE CPP). Ex. Justiça Militar, Justiça Eleitoral, Tribunal do Júri.
RATIONE É aquela que leva em consideração os casos de foro por prerrogativa de
FUNCIONAE função.
Será fixada seja pelo lugar da infração, seja pelo domicílio ou seja pela residência
RATIONE LOCI
do réu (art. 69, I e II, CPP).
É a distribuição feita pela lei entre diversos juízes da mesma instância ou de
instâncias diversas para, em um mesmo processo, praticar determinados atos.
COMPETÊNCIA
Ex. No Tribunal do Júri compete ao juiz sumariante exercer a competência na
FUNCIONAL
1ª fase (iudiciumaccusationis) e ao Juiz Presidente do Tribunal do Júri exercer a
competência na 2ª fase (iudicium causae).

COMPETÊNCIA ABSOLUTA COMPETÊNCIA RELATIVA


Regra de competência criada com base no inte- Regra de competência criada com base no inte-
resse público. resse das partes.
Não pode ser modificada (competência impror- Pode ser modificada (competência prorrogável
rogável ou imodificável) ou modificável)

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É causa de nulidade relativa:


É causa de nulidade absoluta:
a) deve ser arguida no momento oportuno, sob
a) pode ser arguida a qualquer tempo;
pena de preclusão;
b) o prejuízo é presumido.
b) o prejuízo deve ser comprovado.
Pode ser reconhecida ex officio pelo magis-
Pode ser reconhecida ex officio pelo magistra-
trado, enquanto não esgotada sua jurisdição
do, porém até o início da instrução processual.
pela prolação da sentença.
Pode ser arguida por meio de exceção de Pode ser arguida por meio de exceção de
incompetência. incompetência.
ratione loci, competência por distribuição,
ratione materiae, ratione funcionae e compe-
competência por prevenção, conexão e conti-
tência funcional.
nência.

TEORIA DO RESULTADO: A competência será, de regra, determinada pelo lugar em que se consu-
mar a infração, ou, no caso de tentativa, pelo lugar em que for praticado o último ato de execução. Não
sendo conhecido o lugar da infração, a competência regular-se-á pelo domicílio ou residência do réu.

#EXCEÇÕES

No JECRIM aplica-se a teoria da atividade (a competência será do lugar da ação ou omissão). Por
sua vez, na ação penal privada, a competência será do lugar da infração ou do domicílio do réu
(foros concorrentes). Também há a exceção nos casos de crime contra vida, em que a competên-
cia será determinada pela teoria da ATIVIDADE. Assim, no caso de crimes contra a vida (dolosos
ou culposos), se os atos de execução ocorreram em um lugar e a consumação se deu em outro, a
competência para julgar o fato será do local onde foi praticada a conduta (local da execução).

CONEXÃO: Casos de concurso de pessoas (conexão intersubjetiva); infrações praticadas para faci-
litar ou ocultar outras (conexão objetiva ou teleológica); prova de uma infração influir na prova de outra
(conexão instrumental ou probatória). Gera unidade de processo e julgamento.

CONTINÊNCIA: Casos de pessoas acusadas pela mesma infração (continência por cumulação
subjetiva) e casos de concurso formal de delitos, aberratio ictus e aberratio criminis com duplo resultado
(continência por cumulação objetiva). Gera unidade de processo e julgamento.

#SELIGA

» Competência em crime continuado e em crime permanente: prevenção.

» Competência em casos de conexão e continência: crime mais grave  maior número de infrações 
prevenção.

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» Súmula 235 STJ: a conexão não determina a reunião dos processos, se um deles já foi julgado.

SEPARAÇÃO FACULTATIVA DOS PROCESSOS: Quando as infrações tiverem sido praticadas em


circunstâncias de tempo ou de lugar diferentes, ou, quando pelo excessivo número de acusados e para
não lhes prolongar a prisão provisória, ou por outro motivo relevante, o juiz reputar conveniente a sepa-
ração.

SEPARAÇÃO OBRIGATÓRIA DOS PROCESSOS: Se houver concurso entre a jurisdição comum e


a militar; se houver concurso entre a jurisdição comum e o juízo de menores (ECA); se sobrevier doença
mental em relação a um corréu; se houver corréu foragido; se não houver número mínimo de jurados no
tribunal do júri (estouro de urna).

INFRAÇÕES OCORRIDAS EM NAVIOS OU AERONAVES: Serão julgadas pela Justiça Federal. Para
que o crime seja de competência da Justiça Federal, é necessário que o navio seja uma “embarcação
de grande porte”. Logo, se o delito for cometido a bordo de um pequeno barco, lancha, veleiro etc., a
competência será da Justiça Estadual.

» Viagens nacionais (competência do lugar em que o avião ou navio parar primeiro após a consumação
do crime);

» Viagens Internacionais (competência do local de saída ou do de chegada).

#COLANARETINA

• Navios e aeronaves de natureza pública: integram o Brasil independentemente de onde estejam.

• Navios e aeronaves de natura privada: a) bandeira brasileira (quando estiverem transitando


território nacional e alto mar); b) bandeira estrangeira (apenas quando estiverem transitando o
território nacional).

COMPETÊNCIA MATERIAL EM RAZÃO DA PESSOA (RATIONE PERSONAE): foro por prerroga-


tiva de função.

#BORADETABELA?

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TABELA FORO PRIVILEGIADO


CF EXECUTIVO LEGISLATIVO JUDICIÁRIO OUTRAS
1. Presidente
2. Vice-Presiden-
te Membros dos 1. MPU (PGR);
3. Ministros de Tribunais Superio- 2. TCU;
Estado. res: 3. Comandante
1. Senadores
STF 4. Chefe da AGU 1. STF das forças arma-
2. Deputados
(Art. 102 da CF) 5. Chefe da Casa 2. STJ das;
Federais
Civil 3. TST 4. Chefes em
6. Controlador 4. TSE missão diplomá-
Geral da União 5. STM tica permanente.
7. Presidente do
BACEN
1. MPU (membros
que atuam no
Tribunal – chama-
Membros dos:
STJ dos de procura-
Governadores Ninguém. Tribunais Esta-
(Art. 101 da CF) dores regionais);
duais e Federais
2. Os conselheiros
do Tribunal de
contas do Estado;
Todos os
Prefeitos (Art. 29, Deputados Esta- Juízes Estaduais membros do MP
TJ
X, CF) duais de 1º Grau Estadual (Promo-
tor/Procurador).

TRF Prefeitos (Súmula Deputados Esta- Juízes Federais Membros do


(Art. 108 da CF) 702–STF) duais de 1º Grau MPU (1º Grau)

» Juiz estadual que praticar crime federal: julgado no TJ.

» Renúncia ao mandato na iminência do julgamento caracteriza abuso do direito de defesa, e será


desconsiderada para efeito do deslocamento da competência (STF).

» A competência do TJ e do TRF é excepcionada pela competência do TRE para julgamento dos crimes
eleitorais. O mesmo não ocorre com o STF e com o STJ, que aglutinam competência para julgar infra-
ções eleitorais.

» O julgamento de contravenções penais será sempre da justiça estadual. A única exceção diz respeito
aos réus que possuem foro por prerrogativa na JF. Assim, alguém que tenha foro por prerrogativa de
função no TRF, caso pratique alguma contravenção, será julgado no TRF e não ao TJ.

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» Foro por prerrogativa X deslocamento: as autoridades com foro por prerrogativa no TJ ou no TRF,
ao praticarem crime fora do Estado ou da região, serão julgadas no seu tribunal de origem.

» Foro por prerrogativa X Júri: autoridades com foro por prerrogativa na CF não vão a júri, pois serão
julgadas no seu Tribunal de origem. O mesmo não ocorre quando o privilégio é estabelecido apenas
na Constituição Estadual (Súmula 721 - STF).

#OLHAOGANCHO: o Júri prevalece sobre os demais órgãos, julgando os crimes dolosos contra a
vida e todas as infrações comuns eventualmente conexas.

» Justiça Especial prevalece sobre a comum. Exceção: justiça militar. Não se aplicam as regras de
conexão e continência (caso de separação obrigatória de processos).

» Órgãos da mesma justiça e de mesma hierarquia concorrendo:

1ª) prevalece o juiz que atua no local da consumação do crime mais grave (o que vale é a pena em
abstrato);

2ª) se os crimes têm a mesma gravidade, prevalece o juiz que atua no local da consumação do
maior número de infrações;

3ª) por sua vez, se os delitos têm a mesma gravidade e a mesma quantidade por comarca, preva-
lece o juiz prevento.

» Reunidos os processos (os de competência comum e os de pequeno potencial ofensivo), o juiz


competente para atuar no julgamento do crime comum deve zelar pela aplicação dos institutos da
transação penal e da composição dos danos civis ao crime de pequeno potencial ofensivo.

» Estelionato: competência no caso em que o prejuízo ocorreu em local diferente da obtenção da


vantagem. O crime se consuma no momento da obtenção da vantagem indevida, ou seja, no instante
em que o valor é depositado (“cai”) na conta corrente do autor do delito, passando, portanto, à sua
disponibilidade.

#SURRADESÚMULAS #TATUANAMEMÓRIA.

COMPETÊNCIA ESTADUAL:

Súmula 38-STJ: Compete a Justiça Estadual Comum, na vigência da Constituição de 1988, o proces-
so por contravenção penal, ainda que praticada em detrimento de bens, serviços ou interesse da
União ou de suas entidades.

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Súmula 73-STJ: A utilização de papel moeda grosseiramente falsificado configura, em tese, o crime
de estelionato, da competência da Justiça Estadual.

Súmula 104-STJ: Compete à Justiça Estadual o processo e julgamento dos crimes de falsificação e
uso de documento falso relativo a estabelecimento particular de ensino.

Súmula 107-STJ: Compete à Justiça Comum Estadual processar e julgar crime de estelionato prati-
cado mediante falsificação das guias de recolhimento das contribuições previdenciárias, quando
não ocorrente lesão à autarquia federal.

Súmula 140-STJ: Compete à Justiça Comum Estadual processar e julgar crime em que o indígena
figure como autor ou vítima.

Súmula 546-STJ: A competência para processar e julgar o crime de uso de documento falso é
firmada em razão da entidade ou órgão ao qual foi apresentado o documento público, não impor-
tando a qualificação do órgão expedidor.

Súmula 522-STF: Salvo ocorrência de tráfico para o exterior, quando, então, a competência será
da Justiça Federal, compete à justiça dos estados o processo e julgamento dos crimes relativos a
entorpecentes.

Súmula 498-STF: Compete a justiça dos estados, em ambas as instâncias, o processo e o julgamen-
to dos crimes contra a economia popular.

COMPETÊNCIA FEDERAL:

Súmula 122-STJ: Compete à Justiça Federal o processo e julgamento unificado dos crimes conexos
de competência federal e estadual, não se aplicando a regra do art. 78, lI, “a”, do Código de Proces-
so Penal.

Súmula 147-STJ: Compete à Justiça Federal processar e julgar os crimes praticados contra funcio-
nário público federal, quando relacionados com o exercício da função.

Súmula 200-STJ: O juízo federal competente para processar e julgar acusado de crime de uso de
passaporte falso é o do lugar onde o delito se consumou.

Súmula 208-STJ: Compete à justiça federal processar e julgar prefeito municipal por desvio de
verba sujeita a prestação de contas perante órgão federal.

Súmula 209-STJ: Compete à justiça estadual processar e julgar prefeito por desvio de verba trans-
ferida e incorporada ao patrimônio municipal.

Súmula 528-STJ: Compete ao juiz federal do local da apreensão da droga remetida do exterior

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pela via postal processar e julgar o crime de tráfico internacional.

Súmula vinculante 36: Compete à Justiça Federal comum processar e julgar civil denunciado pelos
crimes de falsificação e de uso de documento falso quando se tratar de falsificação da Caderneta
de Inscrição e Registro (CIR) ou de Carteira de Habilitação de Amador (CHA), ainda que expedidas
pela Marinha do Brasil.

QUESTÕES E PROCESSOS INCIDENTES

QUESTÃO PREJUDICIAL HETEROGÊNEA


QUESTÃO PREJUDICIAL OBRIGATÓRIA QUESTÃO PREJUDICIAL FACULTATIVA
Decisão que envolva questão diversa do estado civil
Decisão que envolva estado civil das pessoas.
das pessoas.
Suspensão facultativa do processo: juiz poderá
suspender o curso da ação penal.
Suspensão obrigatória do processo: juiz
#ATENÇÃO O juiz marcará o prazo da suspen-
suspenderá a ação penal até que no juízo cível
são, que poderá ser razoavelmente prorrogado, se a
a controvérsia seja dirimida por sentença com
demora não for imputável à parte. Expirado o prazo,
trânsito em julgado, sem prejuízo de inquirição
sem que o juiz cível tenha proferido decisão, o juiz
de testemunhas e de outras provas de natureza
criminal fará prosseguir o processo, retomando sua
urgente (art. 92, CPP);
competência para resolver, de fato e de direito, toda
a matéria da acusação ou da defesa.
Recurso da decisão que denegar a suspensão do processo: Irrecorrível (art. 93, §2º,CPP).
Recurso da decisão que conceder a suspensão: RESE (art. 582, XVI, CPP).

EXCEÇÕES
Se relaciona com a imparcialidade do juiz.
Só poderá ser arguida até a sentença.
SUSPEIÇÃO Salvo quando superveniente, deverá ser a primeira exceção alegada.
#ATENÇÃO Aplica-se a exceção de suspeição ao membro do MP, aos serven-
tuários e aos auxiliares da Justiça e aos Jurados, mas NÃO a autoridade policial.
Se aplica apenas para os casos de incompetência relativa.
INCOMPETÊNCIA
Pode ser oposta verbalmente ou por escrito, no prazo da defesa.
DE JUÍZO
Segue o mesmo procedimento da exceção de suspeição.
Para o caso de duplicidade de demandas idênticas (identidade de partes, fatos
LITISPENDÊNCIA
imputados e pedidos) tramitando simultaneamente.

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Defeitos em relação às partes da ação.


Legitimidade ad causam = É a situação prevista em lei que permite a um
determinado sujeito propor a demanda judicial e a outro ocupar o polo passivo
da demanda. #SELIGANOEXEMPLO: Haverá ilegitimidade ativa ad causam se
ILEGITIMIDADE DE
o MP propor ação penal em crime de natureza privada.
PARTE
Legitimidade ad processum = Se relaciona com a capacidade de estar em
juízo, tida como pressuposto processual de validade. #SELIGANOEXEMPLO:
Haverá ilegitimidade ad processum se o ofendido menor de 18 anos oferecer
queixa-crime sem representante legal.
Duplicidade de demandas idênticas (identidade de partes, fatos imputados e
COISA JULGADA
pedidos), tendo uma delas já transitado em julgado.

#ATENÇÃO As exceções podem ser Peremptórias ou Dilatórias.

Peremptórias: Se julgadas procedente, extinguem o processo. Ex: litispendência e coisa julgada.

Dilatórias: Se julgadas procedentes, retardam o curso do processo. Ex: suspeição e incompetência.

#SELIGA A ilegitimidade ad causam será sempre peremptória e a ilegitimidade ad processum será


dilatória ou peremptória, a depender do vício ser ou não sandado.

O juiz, o órgão do Ministério Público, os serventuários ou funcionários de


justiça e os peritos ou intérpretes abster-se-ão de servir no processo, quan-
INCOMPATIBILIDADES do houver incompatibilidade ou impedimento legal.
E IMPEDIMENTOS Se não se der a abstenção, a incompatibilidade ou impedimento poderá ser
arguido pelas partes, seguindo-se o processo estabelecido para a exceção
de suspeição.
-Conflito positivo: duas ou mais autoridades judiciárias se consideram
competentes para conhecer do mesmo fato criminoso.
-Conflito negativo: duas ou mais autoridades judiciárias se consideram
CONFLITO DE JURISDI- incompetentes para conhecer do mesmo fato criminoso.
ÇÃO -Também haverá conflito quando entre as autoridades judiciárias surgir
controvérsia sobre unidade de juízo, junção ou separação de processos.
-Poderá ser arguido junto ao Tribunal competente pela parte interessada,
MP ou qualquer dos juízes ou tribunais envolvidos na causa.
RESTITUIÇÃO DE Deverá ser instaurado o incidente quando houver dúvida sobre o direito
COISAS APREENDIDAS daquele que pede a restituição de coisa apreendida.

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Tem natureza patrimonial e buscam assegurar os efeitos patrimoniais da


condenação, tais como, a reparação do dano, pena de multa, pagamento
das despesas processuais. Modalidades:
-SEQUESTRO: para tornar indisponíveis bens imóveis. Para bens adquiri-
dos com o proveito da ação penal, em nome do investigado/acusado ou
de terceiros.
-HIPOTECA LEGAL: direito real de garantia que também recai sobre bens
imóveis. Sobre o patrimônio do investigado/acusado adquirido de forma
MEDIDAS ASSECURA-
lícita ou ilícita.
TÓRIAS
-ARRESTO PREVENTIVO: É medida pré cautelar que busca tornar os bens
do indiciado indisponíveis enquanto tramita o pedido de hipoteca legal.
-ARRESTO: semelhante à hipoteca legal, mas se aplica para bens móveis.
Apenas para bens adquiridos de forma lícita.
-ALIENAÇÃO ANTECIPADA: Aplica-se a todas as modalidades de medi-
das assecuratórias, visando a preservação do valor dos bens sempre que
estiverem sujeitos a deterioração ou depreciação ou houver dificuldade
para a sua manutenção.
INCIDENTE DE FALSI- Tem por objetivo verificar a autenticidade de documento inserido no proces-
DADE DOCUMENTAL so. #NÃOCAIANESSA Não é possível durante a investigação.
Quando houver dúvidas sobre a capacidade mental do investigado/acusa-
INCIDENTE DE INSA- do.
NIDADE MENTAL #ATENÇÃO Se instaurado no curso do IP não haverá suspensão. Mas no
curso do processo, acarreta suspensão, se sobreveio à infração.

#INFORMATIVOS #COLANARETINA

Indeferimento do pedido de incidente de falsidade formulado anos após a prova ter sido
juntada e depois da sentença condenatória. Não há nulidade na decisão que indefere pedido
de incidente de falsidade referente à prova juntada aos autos há mais de 10 anos e contra a qual a
defesa se insurge somente após a prolação da sentença penal condenatória, uma vez que a preten-
são está preclusa. STJ. 5ª Turma.RHC 79834-RJ, Rel. Min. Felix Fischer, julgado em 07/11/2017 (Info
615).

Se o acusado se recusa a participar do incidente, não pode ser obrigado a fazer o exame.
O incidente de insanidade mental é prova pericial constituída em favor da defesa. Logo, não é possí-
vel determiná-lo compulsoriamente na hipótese em que a defesa se oponha à sua realização. STF.
2ª Turma. HC 133.078/RJ, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 6/9/2016 (Info 838)

Ilegitimidade do corréu para ajuizar medida cautelar de sequestro de bens dos demais
corréus. João, Pedro e Tiago foram denunciados pela prática de sonegação fiscal (art. 1º, I, da Lei nº
8.137/90). O Ministério Público requereu ao juiz e foi autorizado o sequestro dos bens somente do

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réu João, com base no Decreto-Lei 3.240?41: Art. 1º Ficam sujeitos a sequestro os bens de pessoa
indiciada por crime de que resulta prejuízo para a fazenda pública, ou por crime definido no Livro II,
Títulos V, VI e VII da Consolidação das Leis Penais desde que dele resulte locupletamento ilícito para
o indiciado. João, inconformado pelo fato de que apenas os seus bens foram atingidos pela decisão,
impetrou mandado de segurança pedindo que os bens dos outros réus (Pedro e Tiago) também
fossem sequestrados. Alegou que a medida constritiva deveria ter recaído sobre os bens de todos
os acusados, sob pena de ofensa aos princípios da isonomia e da proporcionalidade. O mandado
de segurança terá êxito? NÃO. O corréu — partícipe ou coautor — que teve seus bens seques-
trados no âmbito de denúncia por crime de que resulta prejuízo para a Fazenda Pública (DL
3.240/41) não tem legitimidade para postular a extensão da constrição aos demais corréus,
mesmo que o Ministério Público tenha pedido a medida cautelar de sequestro de bens
somente em relação àquele. STJ. 6ª Turma. RMS 48619-RS, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura,
julgado em 15/9/2015 (Info 570).

Será necessária a procuração se o Defensor Público for praticar algum dos atos para os quais
a lei exige poderes especiais. O art. 98 do CPP prevê que, para ser proposta exceção de suspei-
ção do juiz, o defensor precisa de procuração com poderes especiais. O Defensor Público que faz a
defesa do réu precisará de procuração com poderes especiais para arguir a suspeição do juiz? SIM.
É exigível procuração com poderes especiais para que seja oposta exceção de suspeição por
réu representado pela Defensoria Pública, mesmo que o acusado esteja ausente do distrito
da culpa. STJ. 6ª Turma. REsp 1431043-MG, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em
16/4/2015 (Info 560).

DAS PROVAS

» Interrogatório do réu: Meio de prova x meio de defesa (STF).

» Momento do interrogatório: Julgamento do HC 127900/AM, em 3/3/2016 (Info 816), o STF decidiu que
a realização do interrogatório ao final da instrução criminal, conforme o art. 400 do CPP, é aplicável
no âmbito de processo penal militar.

A realização do interrogatório ao final da instrução criminal, prevista no art. 400 do CPP, na redação
dada pela Lei nº 11.719/2008, também se aplica às ações penais em trâmite na Justiça Militar, em detri-
mento do art. 302 do Decreto-Lei nº 1.002/69. Em relação à Lei de Drogas, não se manifestou de forma
expressa, mas apenas em obter dictum, no sentido de que o interrogatório deveria ser feito apenas ao
final da instrução.

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#CUIDADO: na prova vocês devem observar se o enunciado se reporta ao dispositivo legal ou ao


entendimento jurisprudencial.

» Exame do corpo de delito: pode ser suprido pela prova testemunhal, mas não pela confissão.

#NOVIDADELEGISLATIVA – Lei 13.721/2018.

Art. 158.  Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o exame de corpo de delito, direto
ou indireto, não podendo supri-lo a confissão do acusado.

Parágrafo único. Dar-se-á prioridade à realização do exame de corpo de delito quando se tratar de


crime que envolva:

I - violência doméstica e familiar contra mulher;

II - violência contra criança, adolescente, idoso ou pessoa com deficiência.

» Interrogatório por videoconferência:

a) Prevenir risco à segurança pública (suspeita que integre organização criminosa ou que possa
fugir);

b) Viabilizar a participação do réu no ato quando houver dificuldade de comparecimento ao juízo


(enfermidade ou circunstância pessoal);

c) Impedir influência do réu no ânimo da testemunha ou vítima, desde que não seja possível colher
o depoimento destas por videoconferência;

d) Responder à gravíssima questão de ordem pública.

#ATENÇÃO:

PROVAS CAUTELARES: são aquelas provas que correm o risco de desaparecer em razão do tempo.
Nesses casos, coleta-se cautelarmente a prova, mas o contraditório será postergado para a instru-
ção probatória. Em regra, dependem de autorização judicial. Exemplo: interceptação telefônica
autorizada no curso da investigação.

PROVAS NÃO REPETÍVEIS: É aquela prova que não pode ser novamente produzida, devido ao
desaparecimento, destruição ou perecimento. Exemplo: perícia realizada na vítima de uma lesão
corporal leve que tende a desaparecer em poucos dias. Aqui, o contraditório também será diferido/
postergado.

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PROVAS ANTECIPADAS: São produzidas com observância ao contraditório, perante o magistrado,


porém em momento distinto daquele que previsto pela lei, inclusive na fase investigatória. Exemplo:
depoimento ad perpetuam rei memoriam (art. 225, CPP) e a produção de provas prevista no art.
366, do CPP.

SISTEMAS DE VALORAÇÃO DA PROVA: sistema da prova tarifada (resquícios no CPP – certidão


de óbito para comprovar a morte); sistema da íntima convicção (tribunal do júri); sistema do livre
convencimento motivado (regra geral).

PROVA ILÍCITA: aquela que viola garantia consagrada em norma constitucional ou legal. Pode ser
utilizada para absolver, mas não para condenar. Devem ser desentranhadas do processo.

#OLHAOGANCHO Teorias diferentes que tratam das provas ilícitas:

Teoria da exclusão da ilicitude da prova: Preceitua que devem ser aplicadas as excludentes de
ilicitude catalogadas no art. 23 do CP, para justificar a conduta de quem produz a prova ilícita.

Doutrina da visão aberta: Também se configura como exceção da regra da exclusão da prova
ilícita. É legítima a apreensão de elementos probatórios quando, a despeito de não se tratar da
finalidade prevista no mandado de busca e apreensão, o objeto da apreensão é encontrado à plena
vista do agente policial. Deve ocorrer de maneira casual.

Teoria dos vícios sanados, da tinta diluída, do nexo causal atenuado ou limitação da mancha
purgada (purged taint): não se aplica a teoria da prova ilícita por derivação se o nexo causal entre
a prova primária e a secundária for atenuado em virtude do decurso do tempo, de circunstâncias
supervenientes na cadeia probatória, da menor relevância da ilegalidade ou da vontade de um dos
envolvidos em colaborar com a persecução criminal. Nesse caso, apesar de já ter havido a conta-
minação de um determinado meio de prova em face da ilicitude ou ilegalidade da situação que o
gerou, um acontecimento futuro expurga, afasta, elide esse vício, permitindo-se, assim, o aproveita-
mento da prova inicialmente contaminada.

Exceções da boa-fé (good faith exception): Preconiza que “a vedação às provas ilícitas visa inibir,
dissuadir, e desestimular violações aos direitos fundamentais, não seria possível dizer que a prova
seria ilícita quando, com base em um mandado de busca e apreensão ilegal expedido por um juiz
neutro e imparcial, mas posteriormente considerado como não fundado em indícios necessários
para sua expedição, o agente, desconhecendo tal ilicitude e havendo motivos razoáveis para acre-
ditar na sua validade, obtém provas decorrentes do cumprimento do mandado, tendo convicção de
que agia dentro da legalidade”.

Teoria da proporcionalidade (balancing test): Por esta teoria, deverá o magistrado realizar um

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juízo de ponderação entre os diversos valores assegurados pela Constituição, tendo em conta a
intensidade e a quantidade da violação ao direito fundamental e o dano que poderá advir caso a
prova não seja admitida. No entanto, referida teoria não tem sido utilizada pelos tribunais para afas-
tar a ilicitude por derivação. A doutrina e a jurisprudência somente admitem a aplicação do princípio
da proporcionalidade para permitir a utilização da prova ilícita em benefício do acusado.

#CUIDADO: quando o art. 157, §2º, CP, faz menção à fonte independente, quis, na verdade, trazer
o conceito da limitação da descoberta inevitável.

#MAISGANCHOS

Súmula 455 - STJ: a decisão que determina a produção antecipada de provas com base no artigo
366 do CPP deve ser concretamente fundamentada, não a justificando unicamente o mero decurso
do tempo.

O que é prova típica? É aquele que procedimento está previsto na legislação.

O que é prova anômala? É a prova típica utilizada para fim diverso que a legislação lhe traz, com
características de outra prova típica. Sendo assim, existe um meio e um procedimento para esta
prova, o que não é respeitado, sendo utilizado outro meio para a sua realização. Exemplo de Renato
Brasileiro: Juiz não utiliza da carta precatória e pede para um oficial de justiça entrar em contato
com uma testemunha por telefone.

O que é prova irritual? É a que não observa o procedimento legal (existe procedimento previsto
em lei para a prova, mas ele não é observado). Conforme Brasileiro a prova irritual é “a típica colhida
sem a observância do modelo previsto em lei. Como essa prova irritual é produzida sem obediência
ao modelo legal previsto em lei, trata-se de prova ilegítima, passível de declaração de nulidade”.

Prova crítica é sinônimo para a prova pericial.

Prova fora da terra é aquela produzida perante juízo distinto daquele em que se processou o feito,
como acontece no caso de carta rogatória ou precatória.

» Busca e Apreensão: embora esteja inserida no CPP como meio de prova, sua natureza jurídica é de
meio de obtenção de prova.

Em regra, documento em poder do advogado do réu não pode ser apreendido, salvo:

• Quando o documento é o corpo de delito do crime praticado pelo cliente (art. 243, §2º, CPP). Ex.:
escritura falsa;

• Quando o advogado é participante do crime, deixando, portanto, de ser (só) advogado (o advogado

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é o investigado ou um dos investigados).

#ATENÇÃO #SAINDODOFORNO

Info 640 do STJ – É impossível aplicar a analogia entre o instituto da interceptação telefônica e o
espelhamento, por meio do Whatsapp Web, das conversas realizadas pelo aplicativo Whatsapp.

SUJEITOS DO PROCESSO

IMPEDIMENTO SUSPEIÇÃO
I - se for amigo íntimo ou inimigo capital de
I - Tiver funcionado seu cônjuge ou parente, qualquer deles;
consanguíneo ou afim, em linha reta ou cola- II - se ele, seu cônjuge, ascendente ou descen-
teral até o terceiro grau, inclusive, como defen- dente, estiver respondendo a processo por
sor ou advogado, órgão do Ministério Público, fato análogo, sobre cujo caráter criminoso haja
autoridade policial, auxiliar da justiça ou perito; controvérsia;
II - Ele próprio houver desempenhado qualquer III - se ele, seu cônjuge, ou parente, consan-
dessas funções ou servido como testemunha; güíneo, ou afim, até o terceiro grau, inclusive,
III - tiver funcionado como juiz de outra instân- sustentar demanda ou responder a processo
cia, pronunciando-se, de fato ou de direito, sobre que tenha de ser julgado por qualquer das
a questão; partes;
IV  -  Ele próprio ou seu cônjuge ou parente, IV - se tiver aconselhado qualquer das partes;
consanguíneo ou afim em linha reta ou cola- V - se for credor ou devedor, tutor ou curador,
teral até o terceiro grau, inclusive, for parte ou de qualquer das partes;
diretamente interessado no feito. Vl - se for sócio, acionista ou administrador de
sociedade interessada no processo.
Rol taxativo. Presunção absoluta de parcialidade. Presunção relativa de parcialidade.

#ATENÇÃO A suspeição ou o impedimento em decorrência de parentesco por afinidade, em


regra, cessa com a dissolução do casamento. EXCEÇÕES:

a) Se do casamento resultar filhos, o impedimento ou suspeição não se extingue em nenhuma


hipótese.

b) o impedimento ou suspeição permanece em relação a sogros, genros, cunhados, padrasto


e enteado.

ASSISTENTE DE ACUSAÇÃO:
Trata-se da figura do ofendido, seu representante legal ou seus sucessores, que
CONCEITO: poderão atuar na ação penal pública como assistentes do Ministério Público. O
requerente deve estar assistido por profissional habilitado ou Defensor Público.

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Apenas durante o processo, entre o recebimento da denúncia e o trânsito em


MOMENTO:
julgado.
MINISTÉRIO
Deve ser ouvido previamente.
PÚBLICO:
RECURSO DA DECI- Irrecorrível.
SÃO QUE DEFERE #ATENÇÃO A doutrina defende o cabimento de Mandado de Segurança
OU INDEFERE: quando há indeferimento.
CORRÉU: Não pode atuar como assistente de acusação em relação aos demais corréus.
-Propor meios de prova
-Requerer perguntas às testemunhas
-Aditar os articulados
-Participar do debate oral e arrazoar os recursos interpostos pelo Ministério
Público ou por ele próprio.
PODERES:
-Requerer a prisão preventiva do acusado
- Apelar da sentença de mérito (mesmo com a única finalidade de majorar
a pena).
- Recorrer da sentença de impronúncia, nos processos do Tribunal do Júri
- Recorrer da sentença que julga extinta a punibilidade

PRISÕES E MEDIDAS CAUTELARES

CARACTERÍSTICAS DAS MEDIDAS CAUTELARES PESSOAIS


Em regra, as medidas cautelares são determinadas pelo Poder Judiciário.
JURISDICIONALIDADE Exceção: fiança arbitrada pela autoridade policial às infrações cuja pena
máxima não supere quatro anos.
Devem vigorar apenas pelo período necessário para atender a situação
PROVISORIEDADE
que justificou sua imposição.
Relacionado à provisoriedade, o juiz pode revogar a medida cautelar se
REVOGABILIDADE
verificar a falta de motivos para que subsista.
Por implicarem em restrições às garantias e liberdades individuais e em
respeito ao Princípio da Presunção de Inocência devem ser aplicadas em
EXCEPCIONALIDADE
situações emergenciais, que configurem perigo à sociedade, ao processo
ou à execução penal.
Assim como pode revogar a medida, o juiz pode entender que alguma
SUBSTITUTIVIDADE outra se mostra mais adequada ao caso concreto e promover a substitui-
ção.
CUMULATIVIDADE Assegura a possibilidade de aplicação isolada ou cumulativa.

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ESPÉCIES DE FLAGRANTE (ART. 302, CPP)

FLAGRANTE PRÓPRIO Aquele em que o agente está cometendo a infração penal ou que acaba de
OU REAL: cometê-la;
FLAGRANTE IMPRÓ- Aquele em que o agente é perseguido, logo após, pela autoridade, pelo
PRIO, IRREAL OU ofendido ou por qualquer pessoa, em situação que faça presumir ser autor
QUASE FLAGRANTE: da infração;
FLAGRANTE PRESUMI-
Aquele em que o agente é encontrado, logo depois, com instrumentos,
DO, FICTO OU ASSIMI-
armas, objetos ou papéis que façam presumir ser ele autor da infração;
LADO:

CRIAÇÕES DOUTRINÁRIAS E JURISPRUDENCIAIS

Um agente provocador induz terceiro à prática do delito, adotando precau-


A) FLAGRANTE ções para que o crime não se consume. Também chamado de delito puta-
PREPARADO OU tivo por obra do agente provocador ou crime de ensaio. Configura crime
PROVOCADO: impossível (Súmula 145/STF: não há crime, quando a preparação do flagran-
te pela polícia torna impossível a sua consumação).
É considerado legal e encontra previsão na lei das organizações criminosas
B) FLAGRANTE e lei de drogas.
RETARDADO OU Exemplo: ação controlada (retardamento da intervenção policial, que deve
DIFERIDO: se dar no momento mais oportuno sob o ponto de vista da colheita de
provas);
A autoridade policial limita-se a aguardar o momento da prática do delito.
C)FLAGRANTE
A diferença entre o flagrante esperado e o preparado é que no preparado
ESPERADO:
há o agente provocador. É considerado legal;

D) FLAGRANTE
Cria provas de um delito inexistente. É ilegal.
FORJADO OU URDIDO:

FORMALIDADES DO FLAGRANTE

» Comunicar à família, ao juiz e ao MP;

» Em 24h enviar os autos ao juiz, entregar a nota de culpa e encaminhar cópia do auto à Defensoria
(caso não tenha advogado).

De acordo com o princípio da homogeneidade, corolário da proporcionalidade, mostra-se ilegítima


a prisão provisória quando a medida for mais gravosa que a própria sanção a ser aplicada na hipótese de
eventual condenação.

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PECULIARIDADES EM RELAÇÃO A DETERMINADOS SUJEITOS


O adolescente é passível de apreensão em flagrante de ato
MENORES DE 18 ANOS infracional, caso em que será apresentado imediatamente à
autoridade policial.
Apenas pode ser preso pela prática de crime comum após
PRESIDENTE DA REPÚBLICA sentença condenatória, razão pelo qual não está sujeito à
prisão em flagrante (art. 86, parágrafo 6 da CF/88).
Prevalece que não se estende a governadores a prerroga-
tiva do artigo 86, parágrafo 6 da CF/88 diante do silêncio
GOVERNADOR eloquente da CF que, deliberadamente, não quis permitir essa
exclusiva imunidade presidencial a outras autoridades. Não há
que se falar em princípio da simetria constitucional nesse caso.
#ATENÇÃO Tanto os magistrados (art. 33, II, da LOMAN) quanto
os membros do Ministério Público (art. 40, III, da LONMP e art.
18, II, d, LC 75/93) somente podem ser presos em flagrante
MAGISTRADOS E MEMBROS DO pela prática de crime inafiançável. Além disso, mesmo nesses
MINISTÉRIO PÚBLICO casos, o auto de prisão em flagrante não é presidido pela auto-
ridade policial, mas sim, no caso dos juízes, pelo Presidente do
Tribunal a que vinculado e, no caso dos membros do MP, pelo
Procurador-Geral de Justiça.
Admite-se a prisão em flagrante de crime inafiançável,
impondo-se nas vinte e quatro horas seguintes, o encaminha-
MEMBROS DO CONGRESSO
mento dos autos à respectiva Casa Legislativa, para que, pelo
NACIONAL
voto da maioria de seus membros, resolva sobre a prisão (art.
53, parágrafo 2 da CF/88).
Possuem imunidade diplomática, razão pelo qual não estão
DIPLOMATAS ESTRANGEIROS
sujeitos à prisão em flagrante.
AGENTE QUE PRESTA SOCORRO
Não está sujeito à prisão em flagrante por força do artigo
À VÍTIMA APÓS ACIDENTE DE
301 do CTB.
TRÂNSITO
INDIVÍDUO QUE SE APRESENTA Inexistindo flagrante por apresentação, não se impõe a prisão
ESPONTANEAMENTE À AUTORI- em flagrante ao indivíduo que se apresenta de modo espontâ-
DADE neo.
Segundo o Estatuto da Advocacia, o advogado somente pode-
rá ser preso em flagrante, por motivo de exercício da profissão,
em caso de crime inafiançável. A contrario sensu, flagrado o
ADVOGADOS advogado na prática de crime afiançável por motivos estra-
nhos ao exercício da advocacia, nada impede a prisão em
flagrante, ressalvando-se, apenas, a necessidade de comunica-
ção expressa á seccional da OAB.

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Não está sujeito à prisão em flagrante e nem se exigirá fiança


AUTOR DE INFRAÇÃO DE MENOR se, após a lavratura do termo, for imediatamente encaminhado
POTENCIAL OFENSIVO ao juizado ou assumir o compromisso de a ele comparecer (art.
69, parágrafo único, da Lei 9.099/95)
Não se imporá prisão em flagrante, devendo o autor do fato ser
INDIVÍDUO FLAGRADO NA
imediatamente encaminhado ao juízo competente ou, na falta
POSSE DE DROGAS PARA
deste, assumir o compromisso de a ele comparecer, lavrando-
CONSUMO PESSOAL (ART. 28 DA
-se termo circunstanciado e providenciando-se as requisições
LEI 11.343/06)
dos exames e perícias necessários.
Eleitor tem imunidade nos cinco dias anteriores e até quarenta
e oito horas depois do encerramento da eleição, salvo hipó-
ELEITOR, ANTES E DEPOIS DO
tese de flagrante delito (de crime afiançável ou inafiançável)
PLEITO
ou sentença criminal condenatória por crime inafiançável, ou
ainda, por desrespeito a salvo-conduto.

PRISÃO TEMPORÁRIA: só pode ser determinada no inquérito policial e pelo prazo de 5 dias,
podendo ser prorrogada por mais 5 dias. Nos crimes hediondos, o prazo é de 30 + 30.

#ATENÇÃO! Requisitos da temporária:

a) Ser imprescindível para as investigações;

b) Réu não possuir residência fixa ou não fornecer elementos para sua identificação;

c) Haver fundadas razões de autoria ou participação nos seguintes crimes: homicídio doloso,
sequestro ou cárcere privado, roubo, extorsão, extorsão mediante sequestro, estupro, atentado
violento ao pudor, rapto violento, epidemia com resultado morte, envenenamento de água potá-
vel ou substância alimentícia ou medicinal qualificado pela morte, quadrilha ou bando (associação
criminosa), genocídio, tráfico de drogas, crime contra o sistema financeiro, crimes previstos na Lei
de Terrorismo.

PRISÃO PREVENTIVA (ART. 311 E SEGUINTES): Visa à garantia da ordem pública, garantia da
ordem econômica, instrução do processo penal ou aplicação da lei penal. Só pode ser decretada em
crimes dolosos com pena superior a 4 anos, reincidentes dolosos (qualquer pena), descumprimentos de
medida de protetiva de urgência (violência doméstica) ou quando não se identificar civilmente.

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PRISÃO PREVENTIVA
GARANTIA DA ORDEM PÚBLICA: Apesar de não existir consenso doutrinário,
é utilizada para evitar que o agente continue delinquindo no transcorrer da
persecução criminal.
#OBS: A repercussão social ou a gravidade do fato, por si só, não justificam a
privação cautelar.
CONVENIÊNCIA DA INSTRUÇÃO CRIMINAL: Impede que o agente influen-
cie a produção probatória, destruindo provas, ameaçando testemunhas, etc.
GARANTIA DE APLICAÇÃO DA LEI PENAL: Evita-se a fuga do agente, impe-
dindo o sumiço do autor quando houver demonstração fundada da possibili-
FUNDAMENTOS
dade de fuga.
(Art. 312 CPP)
GARANTIA DA ORDEM ECONÔMICA: Evita-se que o agente continue a
praticar novas infrações afetando a ordem econômica. É mais específica que a
garantia da ordem pública.
DESCUMPRIMENTO DE QUALQUER DAS OBRIGAÇÕES IMPOSTAS POR
FORÇA DE OUTRAS MEDIDAS CAUTELARES: Se o agente descumpriu a
medida, pode indicar que a cautelar diversa da prisão não se revela adequa-
da ou suficiente ao caso, admitindo-se a sua substituição ou cumulação com
outra, ou em último caso, a decretação da preventiva, desde que o delito prati-
cado comporte a medida.
CRIMES DOLOSOS punidos com pena privativa de liberdade máxima SUPE-
RIOR A 4 (QUATRO) ANOS.
Se tiver sido condenado por outro crime doloso, em sentença transitada em
julgado (REINCIDENTE).

REQUISITOS (ART. Se o crime envolver VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR contra a mulher,


313 do CPP) criança, adolescente, idoso, enfermo ou pessoa com deficiência, para GARAN-
TIR A EXECUÇÃO DAS MEDIDAS PROTETIVAS DE URGÊNCIA.
Houver DÚVIDA SOBRE A IDENTIDADE CIVIL DA PESSOA ou quando esta
não fornecer elementos suficientes para esclarecê-la, devendo o preso ser colo-
cado imediatamente em liberdade após a identificação, salvo se outra hipótese
recomendar a manutenção da medida.

Relaxamento da prisão Revogação da prisão cautelar Liberdade provisória


Incide nas hipóteses de prisão Incide nas hipóteses de prisão Incide nas hipóteses de prisão
ilegal legal legal
Cabível em face de toda e qual- Cabível em face da prisão Por força da lei de 2011, passou
quer espécie de prisão, desde temporária e da prisão preven- a ser cabível em face de qual-
que ilegal. tiva. quer prisão.

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É medida de contracautela e
Não se trata de medida cautelar, Não se trata de medida cautelar, também de medida cautelar
mas sim de medida de urgência mas sim de medida de urgência autônoma, que pode ser apli-
baseada no poder de polícia da baseada no poder de polícia da cada com a imposição de uma
autoridade judiciária. autoridade judiciária. ou mais das medidas cautelares
diversas da prisão (art. 321).
Acarreta a restituição de liber-
dade plena. No entanto, na Acarreta a restituição de liber-
hipótese do relaxamento, dade plena. Todavia, presentes
Acarreta a restituição da liber-
presentes FUMUS + PERICU- FUMUS + PERICULUM, é possí-
dade com vinculação.
LUM, é possível a imposição de vel a imposição de medidas
medidas cautelares, inclusive as cautelares diversas da prisão.
prisões preventiva e temporária.
Há dispositivos legais de duvi-
dosa constitucionalidade que
vedam a liberdade provisória,
Cabível em relação a todos os Cabível em relação a todos os com ou sem fiança, em relação
crimes. crimes. a alguns delitos, o que, todavia,
não impede a aplicação das
medidas cautelares diversas da
prisão.
Só pode ser decretada pela A competência recai sobre
Pode ser concedida tanto pela
autoridade judicial (há quem quem decretou a medida. Logo,
autoridade policial (art. 322),
defenda que o Delegado se impetrado diretamente HC,
como pelo juiz.
também pode). há supressão de instância.

#BORAFIXAR

• Juiz não pode conceder de ofício: prisão temporária e prisão preventiva e cautelares diferen-
tes da prisão durante o inquérito.

• Cautelares diversas da prisão: sempre concedidas pelo juiz, salvo a fiança, que pode ser arbi-
trada pelo delegado quando a pena máxima do crime for de até 4 anos.

• Atos infracionais pretéritos podem ser utilizados como fundamento para decretação ou manu-
tenção da prisão preventiva, desde que haja gravidade específica do ato infracional, o tempo
decorrido entre o referido ato e o crime seja razoável (não excessivo) e haja comprovação da
efetiva ocorrência do ato infracional (STJ, Info 585).

• A fuga do distrito da culpa é fundamentação idônea a justificar o decreto da custódia preventiva


para a conveniência da instrução criminal e como garantia da aplicação da lei penal.

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• As condições pessoais favoráveis não garantem a revogação da prisão preventiva quando há


nos autos elementos hábeis a recomendar a manutenção da custódia.

• A substituição da prisão preventiva pela domiciliar exige comprovação de doença grave, que
acarrete extrema debilidade, e a impossibilidade de se prestar a devida assistência médica no
estabelecimento penal.

• As medidas cautelares diversas da prisão, ainda que mais benéficas, implicam em restrições de
direitos individuais, sendo necessária fundamentação para sua imposição.

• A prisão preventiva não é legítima nos casos em que a sanção abstratamente prevista ou impos-
ta na sentença condenatória recorrível não resulte em constrição pessoal, por força do princípio
da homogeneidade.

• Os fatos que justificam a prisão preventiva devem ser contemporâneos à decisão que a decreta.

• A alusão genérica sobre a gravidade do delito, o clamor público ou a comoção social não cons-
tituem fundamentação idônea a autorizar a prisão preventiva.

• Havendo déficit de vagas, deverá determinar-se: (i) a saída antecipada de sentenciado no regime
com falta de vagas; (ii) a liberdade eletronicamente monitorada ao sentenciado que sai ante-
cipadamente ou é posto em prisão domiciliar por falta de vagas; (iii) o cumprimento de penas
restritivas de direito e/ou estudo ao sentenciado que progride ao regime aberto; d) até que
sejam estruturadas as medidas alternativas propostas, poderá ser deferida a prisão domiciliar ao
sentenciado (Info 825 - STF).

PRISÃO DOMICILIAR: é um tipo especial de prisão que substitui a preventiva quando estão presen-
tes os requisitos dos arts. 312 e 313, mas, por alguma particularidade do acusado, ele não pode se subme-
ter ao gravame do cárcere.

#NOVIDADELEGISLATIVA: Lei nº 13.257/2016 (Marco Legal da Primeira Infância)

Poderá o juiz substituir a prisão preventiva pela domiciliar quando o agente for:

I - maior de 80 (oitenta) anos;

II - extremamente debilitado por motivo de doença grave;

III - imprescindível aos cuidados especiais de pessoa menor de 06 (seis) anos de idade ou com defi-
ciência;

IV - gestante;

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V - mulher com filho de até 12 (doze) anos de idade incompletos;

VI - homem, caso seja o único responsável pelos cuidados do filho de até 12 (doze) anos de idade
incompletos.

#NOVIDADELEGISLATIVA: Lei nº 13.769/2018.

Art. 318-A.  A prisão preventiva imposta à mulher gestante ou que for mãe ou responsável por
crianças ou pessoas com deficiência será substituída por prisão domiciliar, desde que:

I - não tenha cometido crime com violência ou grave ameaça a pessoa;

II - não tenha cometido o crime contra seu filho ou dependente.

Art. 318-B.  A substituição de que tratam os arts. 318 e 318-A poderá ser efetuada sem prejuízo da
aplicação concomitante das medidas alternativas previstas no art. 319 deste Código.

#ATENÇÃO:

Situações excepcionais podem impedir prisão domiciliar para mães mesmo após alterações
do CPP

A Quinta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidiu que o juiz pode negar a conversão da
prisão preventiva em domiciliar para gestantes ou mães de filhos pequenos ou com deficiência caso
entenda que está diante de uma situação excepcional, conforme admitido pelo Supremo Tribunal
Federal (STF) no Habeas Corpus 143.641.

Os ministros entenderam que o indeferimento do benefício em tais situações excepcionais é possí-


vel mesmo após a entrada em vigor da Lei 13.769, de 18 de dezembro de 2018, que alterou o Códi-
go de Processo Penal (CPP) e fixou apenas duas ressalvas ao regime de prisão domiciliar.

A decisão da Quinta Turma foi tomada no julgamento dos HCs 426.526 e 470.549, nos quais a
defesa alegava que as pacientes teriam direito à prisão domiciliar prevista no artigo 318, V, do CPP.

No primeiro caso, de relatoria do ministro Joel Ilan Paciornik, houve pedido de vista do ministro
Reynaldo Soares da Fonseca, que, em concordância com o relator, negou o pedido. Já no segundo
processo, de relatoria do ministro Reynaldo, a turma concedeu a ordem de ofício para que a ré
passe ao regime domiciliar.

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CITAÇÕES E INTIMAÇÕES – ATOS PROCESSUAIS E ATOS JUDICIAIS

#DEOLHONAJURIS #INFORMATIVOS

Súmula 455 do STJ: A decisão que determina a produção antecipada de provas com base no
artigo 366 do CPP deve ser concretamente fundamentada, não a justificando unicamente o mero
decurso do tempo.

Súmula 415 do STJ: O período de suspensão do prazo prescricional é regulado pelo máximo da
pena cominada.

Citação por hora certa é constitucional. É constitucional a citação com hora certa no âmbito do
processo penal. STF. Plenário. RE 635145/RS, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o acórdão Min.
Luiz Fux, julgado em 1º/8/2016 (repercussão geral) (Info 833).

Produção antecipada de provas e oitiva de testemunhas policiais. Existe um argumento no


sentido de que se as testemunhas forem policiais, deverá haver autorizada a sua oitiva como prova
antecipada, considerando que os policiais lidam diariamente com inúmeras ocorrências e, se houves-
se o decurso do tempo, eles iriam esquecer dos fatos. Esse argumento é aceito pela jurisprudência?
A oitiva das testemunhas que são policiais é considerada como prova urgente para os fins do art.
366 do CPP? * 1ª corrente: SIM. É justificável a antecipação da colheita da prova testemunhal com
arrimo no art. 366 do CPP nas hipóteses em que as testemunhas são policiais. O atuar constante no
combate à criminalidade expõe o agente da segurança pública a inúmeras situações conflituosas
com o ordenamento jurídico, sendo certo que as peculiaridades de cada uma acabam se perdendo
em sua memória, seja pela frequência com que ocorrem, ou pela própria similitude dos fatos, sem
que isso configure violação à garantia da ampla defesa do acusado. STJ. 3ª Seção. RHC 64.086-DF,
Rel. Min. Nefi Cordeiro, Rel. para acórdão Min. Rogério Schietti Cruz, julgado em 23/11/2016 (Info
595). * 2ª corrente: NÃO. Não serve como justificativa a alegação de que as testemunhas são poli-
ciais responsáveis pela prisão, cuja própria atividade contribui por si só, para o esquecimento das
circunstâncias que cercam a apuração da suposta autoria de cada infração penal: STF. 2ª Turma. HC
130038/DF, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 3/11/2015 (Info 806).

Nulidade da intimação por edital de réu preso. Preso o réu durante o curso do prazo da inti-
mação por edital da sentença condenatória, essa intimação fica prejudicada e deve ser efetuada
pessoalmente. Se o réu está preso durante o prazo do edital, ele deverá ser intimado pessoalmente
da sentença condenatória, na forma do art. 392, I, CPP, restando prejudicada a intimação editalícia.
STJ. 6ª Turma. RHC 45584/PR, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 3/5/2016 (Info 583)

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EMENDATIO LIBELLI (ART. 383, CPP) MUTATIO LIBELLI (ART. 384, CPP)
Não há alteração em relação ao fato delituoso,
limitando-se o juiz a modificar a classificação Durante o curso da instrução processual, surge
formulada na peça acusatória, ainda que tenha uma elementar ou circunstância não contida
que aplicar pena mais grave, em razão de even- na peça acusatória.
tuais equívocos existentes na inicial acusatória
Deve o MP aditar a peça acusatória, ouvindo-se a
Juiz pode realizar de ofício. defesa no prazo de 5 dias. Haverá novo interro-
gatório e oitiva de no máximo 3 testemunhas.
É cabível na 2ª instância. Não é cabível na 2ª instância (Súmula 453 STF).

PROCEDIMENTOS

PROCEDIMENTO ORDINÁRIO

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TRIBUNAL DO JÚRI

PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DO TRIBUNAL DO JÚRI


Plenitude de Defesa.
Sigilo das Votações.
Soberania dos Vereditos.
Competência para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida.

1ª Fase – Iudicium Accusationis ou Sumário da Culpa

Decisão Hipóteses Recurso Cabível


O juiz não se convencer da:
Impronúncia - Materialidade do fato;
Apelação (art. 416 do CPP)
(art. 414 CPP) - Existência de indícios suficientes de autoria ou partici-
pação.

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I – provada a inexistência do fato;


II – provado não ser ele autor ou partícipe do fato;
Absolvição III – o fato não constituir infração penal;
Sumária (art. IV – demonstrada causa de isenção de pena ou de exclu- Apelação (art. 416 do CPP)
415 CPP) são do crime (EXCETO INIMPUTABILIDADE por doen-
ça mental ou desenvolvimento mental incompleto ou
retardado, quando esta não for a única tese defensiva).
Desclassifica- RESE (Doutrina e Jurispru-
Decisão através da qual o Juiz singular desclassifica o
ção (art. 419 dência, interpretação do
CPP) delito para outro que não seja doloso contra a vida.
art. 581, II do CPP )
Convencido da materialidade do fato e da existência de
indícios suficientes de autoria ou de participação.
#OLHAOGANCHO: Na pronúncia vigora o princípio do RESE (Art. 581, inc. IV, do
Pronúncia
in dubio pro societate, assim, na dúvida quanto à exis- CPP).
tência do crime ou em relação à autoria ou participação,
deve o juiz pronunciar o acusado.

DESAFORAMENTO
Deslocamento da competência territorial de uma comarca para outra, a fim de
que nesta seja realizado o Julgamento pelo Tribunal do Júri. O desaforamento
CONCEITO:
deverá ser para outra comarca da mesma região, onde não existam os motivos,
preferindo-se as mais próximas.
Interesse de ordem pública.
Dúvida sobre a imparcialidade do júri.

HIPÓTESES: Falta de segurança pessoal do acusado.


Quando o julgamento não for realizado no prazo de 6 (seis) meses, conta-
do da preclusão da decisão de pronúncia, desde que comprovado o exces-
so de serviço e evidenciado que a demora não foi provocada pela Defesa.
Ministério Público;
Assistente da acusação;
LEGITIMADOS: Querelante;
Acusado;
Representação do juízo competente.
Após o trânsito em julgado da decisão de pronúncia.
#IMPORTANTE É possível o desaforamento após o julgamento pelos jurados se
MOMENTO:
somadas duas condições: 1) houver nulidade da decisão e 2) o fato tiver ocorrido
durante ou após a realização do julgamento (art. 427, §4° do CPP).

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Possibilidade de, após ter sido determinado o desaforamento, retornar o proces-
so ao juízo de origem. Em regra, não é admitido pelos Regimentos Internos dos
REAFORAMENTO:
Tribunais. Mas não há óbice a novo desaforamento, caso surjam motivos na
comarca para a qual o julgamento foi transferido.
Não há previsão legal, mas a jurisprudência tem admitido a utilização de habeas
RECURSOS:
corpus em favor do acusado.
Pedido formulado com base no art. 428, § 2°, do CPP:  “Não havendo excesso
de serviço ou existência de processos aguardando julgamento em quantidade
que ultrapasse a possibilidade de apreciação pelo Tribunal do Júri, nas reuniões
ACELERAÇÃO DO periódicas previstas para o exercício, o acusado poderá requerer ao Tribunal
JULGAMENTO: que determine a imediata realização do julgamento.”
#ATENÇÃO apesar de a redação legal mencionar apenas o acusado, a doutrina
entende que o Ministério Público, o querelante e o assistente também podem
requerer.

2ª Fase – Iudicium Causae

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 #SELIGANASSÚMULAS

SÚMULA 713 DO STF: o efeito devolutivo da apelação contra decisões do júri é adstrito aos
fundamentos da sua interposição.

SÚMULA 712 DO STF: É nula a decisão que determina o desaforamento de processo da


competência do júri sem audiência da defesa.

SÚMULA VINCULANTE 45:A competência constitucional do Tribunal do Júri prevalece sobre


o foro por prerrogativa de função estabelecido exclusivamente pela Constituição Estadual.

SÚMULA 603 DO STF:A competência para o processo e julgamento de latrocínio é do juiz


singular e não do tribunal do júri.

SÚMULA 206 DO STF:É nulo o julgamento ulterior pelo júri com a participação de jurado
que funcionou em julgamento anterior do mesmo processo.

PRAZOS

Art. 798. Todos os prazos correrão em cartório e serão contínuos e peremptórios, não se inter-
rompendo por férias, domingo ou dia feriado.

§ 1o Não se computará no prazo o dia do começo, incluindo-se, porém, o do vencimento.

§ 2o A terminação dos prazos será certificada nos autos pelo escrivão; será, porém, considerado
findo o prazo, ainda que omitida aquela formalidade, se feita a prova do dia em que começou a
correr.

§ 3o O prazo que terminar em domingo ou dia feriado considerar-se-á prorrogado até o dia útil
imediato.

§ 4o Não correrão os prazos, se houver impedimento do juiz, força maior, ou obstáculo judicial
oposto pela parte contrária.

§ 5o Salvo os casos expressos, os prazos correrão:

a) da intimação;

b) da audiência ou sessão em que for proferida a decisão, se a ela estiver presente a parte;

c) do dia em que a parte manifestar nos autos ciência inequívoca da sentença ou despacho.

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#ATENÇÃO #DEOLHONAJURIS

O prazo dos embargos de declaração no processo penal ordinário é de 2 dias. Em matéria


penal, o prazo para a oposição dos embargos de declaração é de 2 dias, de acordo com o art. 619
do CPP. Não se aplica CPC/2015 uma vez que o prazo no processo penal possui disciplina própria.
STJ. Corte Especial. EDcl no AgRg no RE no AgRg no AREsp 759.484/PE, Rel. Min. Humberto
Martins, julgado em 01/08/2017.

Prazo do agravo regimental no STJ: 5 dias corridos. O prazo para interposição de agravo regi-
mental, em processo penal, é de 5 dias, de acordo com os arts. 39 da Lei nº 8.038/90 e 258 do
RISTJ, os quais, mesmo após a entrada em vigor do CPC/2015, continuam sendo contados em dias
corridos, nos termos do art. 798 do CPP STJ. 6ª Turma. AgInt no AREsp 943.297/ES, Rel. Min.
Rogerio Schietti Cruz, julgado em 27/06/2017.

NULIDADES

» Os atos decisórios praticados por um juiz relativamente incompetente serão declarados nulos, toda-
via, os atos instrutórios, os atos de prova, podem ser aproveitados perante o juízo competente (art.
567, CPP). Já se a nulidade é ocasionada pela incompetência absoluta, nenhum ato será aproveitado
perante o juízo competente.

» Não haverá nulidade quando a defesa não apresenta alegações finais no rito do júri na fase anterior à
pronúncia, pois constitui faculdade a apresentação dessas alegações, já que a defesa pode, estrategi-
camente, reservar para plenário suas argumentações para não adiantar a tese defensiva que pretende
utilizar.

Súmula 523 - STF: no processo penal, a falta da defesa constitui nulidade absoluta, mas a sua defi-
ciência só o anulará se houver prova de prejuízo para o réu.

RECURSOS EM GERAL

PRINCÍPIOS
O recurso está inserido na estratégia processual da parte. Se a parte
entende que a decisão representa a justa medida, não tem o dever
PRINCÍPIO DA VOLUN-
funcional de recorrer, podendo se conformar com ela, mesmo que lhe
TARIEDADE
seja desfavorável. O recurso é pautado pela estratégia da parte, que só
recorrerá se lhe for conveniente (art. 574, CPP).

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PRINCÍPIO DA
UNIRECORRIBILIDADE
Para cada decisão judicial caberá, em regra, apenas um recurso.
(UNICIDADE OU
SINGULARIDADE)
Por ele, um recurso inadequado pode ser conhecido como o recurso
correto em homenagem à instrumentalidade das formas (art. 579, CPP).
Requisitos (boa-fé, recurso errado no prazo do recurso certo e dúvida
objetiva):
- Ausência de má-fé: para o STF, a má-fé será presumida quando o recur-
PRINCÍPO DA
so apresentado goza de mais prazo do que o recurso correto, e o recor-
FUNGIBILIDADE
rente se beneficiou do excesso.
- Ausência de erro grosseiro: para o STJ, é necessário que exista dúvida
objetiva quanto ao recurso cabível naquela hipótese (REsp 611.877). Se
não houver nenhuma divergência doutrinária ou jurisprudencial é tido
como erro grosseiro
Para a decisão ser impugnável, deve haver previsão legal disciplinando
a ferramenta disponível. Do contrário, a decisão não será recorrível. Por
ele, os recursos da esfera penal estão taxativamente previstos em lei, não
havendo recurso inominado ou de improviso. Esse princípio também é
conhecido como princípio da legalidade recursal.
#NÃOCONFUDA #SELIGANAJURIS Recursos. As hipóteses de cabi-
mento de recurso em sentido estrito trazidas pelo art. 581 do CPP são: -
exaustivas (taxativas); - admitem interpretação extensiva; - não admitem
PRINCÍPIO DA interpretação analógica. A decisão do juiz que revoga a medida cautelar
TAXATIVIDADE diversa da prisão de comparecimento periódico em juízo (art. 319, I, do
CPP) pode ser impugnada por meio de RESE? SIM, com base na inte-
pretação extensiva do art. 581, V. O inciso V expressamente permite
RESE contra a decisão do juiz que revogar prisão preventiva. Esta
decisão é similar ao ato de revogar medida cautelar diversa da prisão.
Logo, permite-se a interpretação extensiva neste caso. Em suma: é cabí-
vel recurso em sentido estrito contra decisão que revoga medida cautelar
diversa da prisão. STJ. 6ª Turma. REsp 1628262/RS, Rel. Min. Sebastião
Reis Júnior, julgado em 13/12/2016 (Info 596)
Segundo Noberto Avena, a ferramenta impugnativa correta e adequada
ao caso pode ser conhecida como se fosse outra, ainda mais propícia,
cabendo ao Tribunal promover a convolação (exemplo: convolar a revisão
PRINCÍPIO DA
criminal apresentada para combater sentença nula transitada em julgado
CONVOLAÇÃO
no habeas corpus, já que este tramita em rito sumaríssimo e comporta a
concessão de liminar). EX.: intempestivo o RO, deve ser recebido como
HC substitutivo.
Por ele, o Tribunal incompetente para o qual foi endereçado o recurso,
PRINCÍPIO DA
pode reapontar o recurso e encaminhá-lo ao órgão competente. Esse
CONVERSÃO
fenômeno é chamado de itinerância recursal.

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No Processo Penal, uma forma de intimidar o recurso da defesa seria


PRINCÍPIO DA NON
o temor de que o Tribunal piorasse a situação do réu. Por ele, quan-
REFORMATIO IN
do o Tribunal julga recurso defensivo, a situação do réu não poderá ser
PEJUS (PRINCÍPIO
piorada. Para a exasperação da situação do imputado é necessário que
DA PROIBIÇÃO DA
o Tribunal dê provimento a recurso da acusação. Nem mesmo em se
REFORMA PIOR)
tratando de erro material (STF: HC 83.545/SP; STJ: HC 163.851/RS).
PRINCÍPIO DA Julgando recurso acusatório, o Tribunal está autorizado a julgar extra
REFORMATIO IN petita, podendo melhorar a situação do réu, mesmo que esse não seja
MELLIUS (PRINCÍPIO o objeto do recurso. Para Luís Flávio Gomes, pode o Tribunal melhorar
DA REFORMA PARA a situação do réu, julgando recurso acusatório, mesmo que, para tanto,
MELHOR) decida extra petita.
Por ele o recorrente apresentará as suas razões recursais, de forma que a
parte contrária terá condição de apresentar as suas contrarrazões (dialé-
PRINCÍPIO DA
tica), respeitando-se o princípio do contraditório. Através dele também
DIALETICIDADE:
haverá a fixação dos limites de atuação do Tribunal na apreciação do
recurso.
Por ele, o recorrente poderá complementar as razões recursais quando a
PRINCÍPIO DA
decisão impugnada foi alterada pelo próprio juiz, em virtude dos seguin-
COMPLEMENTARIDADE
tes fatores (a complementação só pode versar sobre o que foi alterado):
OU
- Provimento de embargos declaratórios apresentados pela parte contrá-
COMPLEMENTARIEDADE
ria. - Correção ex officio de erros formais ou materiais na decisão.
PRINCÍPIO DO DUPLO tem como fundamentos a falibilidade humana e a esperança de que o
GRAU DE JURISDIÇÃO erro possa ser corrigido; o inconformismo natural do homem.

PRAZO RECURSO
CARTA TESTEMUNHÁVEL (art. 640, CPP).
48 HORAS #ATENÇÃO Para contagem em horas, deve constar da certidão de intimação o horário
da providência; caso contrário, o prazo será de dois dias.
2 DIAS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO (art. 619, CPP), inclusive no STJ (art. 263, RISTJ).
APELAÇÃO (art. 593, CPP)
RESE (art. 586, CPP)
AGRAVOS, inclusive de EXECUÇÃO (Súmulas 699 e 700 do STF),
5 DIAS
CORREIÇÃO PARCIAL
RECURSO ORDINÁRIO CONSTITUCIONAL
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NOS JUIZADOS ESPECIAIS E NO STF
APELAÇÃO nos Juizados Especiais (Art. 82, Lei 9.099/95)
10 DIAS
EMBARGOS DE NULIDADE e EMBARGOS INFRINGENTES (art. 609, p. único, CPP).

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RECURSO ESPECIAL
RECURSO EXTRAORDINÁRIO
15 DIAS
APELAÇÃO SUPLETIVA DA VÍTIMA não habilitada como assistente de acusação (art.
598, p. u, CPP)
RESE contra lista de jurados (art. 586, p. único, c/c art. 585, XVI, CPP).
20 DIAS OBS: Art. 426, §1º, CPP – “reclamação”: para alguns, teria revogado tacitamente o RESE
contra lista de jurados

#ATENÇÃO #DEOLHONAJURIS

É cabível recurso em sentido estrito para impugnar decisão que indefere produção anteci-
pada de prova, nas hipóteses do art. 366 do CPP. STJ. 3ª Seção. EREsp 1.630.121-RN, Rel. Min.
Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 28/11/2018 (Info 640).

Julgamento por amostragem. O § 5º do art. 1.035 do CPC/2015 preconiza: § 5º Reconhecida a


repercussão geral, o relator no Supremo Tribunal Federal determinará a suspensão do processa-
mento de todos os processos pendentes, individuais ou coletivos, que versem sobre a questão e
tramitem no território nacional. O STF fixou as seguintes conclusões a respeito desse dispositivo: a) a
suspensão prevista nesse § 5º não é uma consequência automática e necessária do reconhecimento
da repercussão geral. Em outras palavras, ela não acontece sempre. O Ministro Relator do recurso
extraordinário paradigma tem discricionariedade para determiná-la ou modulá-la; b) a possibilida-
de de sobrestamento se aplica aos processos de natureza penal. Isso significa que, reconhecida a
repercussão geral em um recurso extraordinário que trata sobre matéria penal, o Ministro Relator
poderá determinar o sobrestamento de todos os processos criminais pendentes que versem sobre
a matéria; c) se for determinado o sobrestamento de processos de natureza penal, haverá, automa-
ticamente, a suspensão da prescrição da pretensão punitiva relativa aos crimes que forem objeto
das ações penais sobrestadas. Isso com base em uma interpretação conforme a Constituição do
art. 116, I, do Código Penal; d) em nenhuma hipótese, o sobrestamento de processos penais deter-
minado com fundamento no art. 1.035, § 5º, do CPC abrangerá inquéritos policiais ou procedimen-
tos investigatórios conduzidos pelo Ministério Público; e) em nenhuma hipótese, o sobrestamento
de processos penais determinado com fundamento no art. 1.035, § 5º, do CPC abrangerá ações
penais em que haja réu preso provisoriamente; f ) em qualquer caso de sobrestamento de ação
penal determinado com fundamento no art. 1.035, § 5º, do CPC, poderá o juízo de piso, no curso
da suspensão, proceder, conforme a necessidade, à produção de provas de natureza urgente. STF.
Plenário. RE 966.177 RG/RS, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 7/6/2017 (Info 868).

Recurso adesivo. Impossibilidade. Em matéria criminal, não deve ser conhecido recurso especial

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adesivo interposto pelo Ministério Público veiculando pedido em desfavor do réu. STJ. 6ª Turma.
REsp 1.595.636-RN, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 2/5/2017 (Info 605)

A revisão da dosimetria da pena em recurso especial é admissível apenas diante de ilegali-


dade flagrante. Em regra, não cabe, no recurso especial, a revisão da dosimetria da pena estabe-
lecida pelas instâncias ordinárias. Exceção: o STJ admite a mudança da pena no recurso especial em
casos excepcionais quando ficar constatada ilegalidade flagrante, ou seja, quando houver manifesta
violação dos critérios dos arts. 59 e 68, do Código Penal. STJ. 5ª Turma. AgRg no AREsp 711.268/CE,
Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 13/12/2016. STJ. 6ª Turma. AgRg no AREsp 301.889/MG, Rel. Min.
Nefi Cordeiro, julgado em 13/12/2016.

Não é possível a execução provisória da pena se ainda estão pendentes embargos de decla-
ração. Não é possível a execução provisória da pena se foram opostos embargos de declaração
contra o acórdão condenatório proferido pelo Tribunal de 2ª instância e este recurso ainda não
foi julgado. A execução da pena depois da prolação de acórdão em segundo grau de jurisdição e
antes do trânsito em julgado da condenação não é automática quando a decisão ainda é passível
de integração pelo Tribunal de Justiça. STJ. 6ª Turma. HC 366907-PR, Rel. Min. Rogério Schietti Cruz,
julgado em 6/12/2016 (Info 595).

Sentença de absolvição sumária e vedação de análise do mérito da ação penal em apelação.


No julgamento de apelação interposta pelo Ministério Público contra sentença de absolvição sumá-
ria, o Tribunal não poderá analisar o mérito da ação penal para condenar o réu. Isso viola os princí-
pios do juiz natural, do devido processo legal, da ampla defesa e do duplo grau de jurisdição. Neste
caso, entendendo que não era hipótese de absolvição sumária, o Tribunal deverá dar provimento
ao recurso para determinar o retorno dos autos ao juízo de primeiro grau, a fim de que o processo
prossiga normalmente, com a realização da instrução e demais atos processuais, até a prolação de
nova sentença pelo magistrado. STJ. 6ª Turma. HC 260188-AC, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em
8/3/2016 (Info 579).

É proibido que o Tribunal, em recurso exclusivo da defesa, corrija equívoco aritmético come-
tido pelo juiz na sentença e aumente a pena. No âmbito de recurso exclusivo da defesa, o Tribu-
nal não pode agravar a reprimenda imposta ao condenado, ainda que reconheça equívoco aritmé-
tico ocorrido no somatório das penas aplicadas. Configura inegável reformatio in pejus a correção
de erro material no julgamento da apelação — ainda que para sanar evidente equívoco ocorrido na
sentença condenatória — que importa em aumento das penas, sem que tenha havido recurso do
Ministério Público nesse sentido. Assim, se o juiz cometeu um erro na sentença ao somar as penas,
mas o Ministério Público não recorreu contra isso, não é possível que o Tribunal corrija de ofício em
prejuízo do réu. STJ. 6ª Turma. HC 250455-RJ, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 17/12/2015 (Info

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576).

#SELIGANASSÚMULAS

Súmula 604 do STJ: Mandado de segurança não se presta para atribuir efeito suspensivo a recurso
criminal interposto pelo Ministério Público.

Súmula 431-STF: É nulo o julgamento de recurso criminal, na segunda instância, sem prévia intima-
ção, ou publicação da pauta, salvo em habeas corpus.

Súmula 705-STF: A renúncia do réu ao direito de apelação, manifestada sem a assistência do


defensor, não impede o conhecimento da apelação por este interposta.

Súmula 709-STF: Salvo quando nula a decisão de primeiro grau, o acórdão que provê o recurso
contra a rejeição da denúncia vale, desde logo, pelo recebimento dela.

Súmula 347-STJ: O conhecimento de recurso de apelação do réu independe de sua prisão.

REVISÃO CRIMINAL
Trata-se de uma ação autônoma de impugnação, de competência originária dos
Tribunais (ou da Turma Recursal no caso dos Juizados), por meio da qual a pessoa
CONCEITO: condenada requer ao Tribunal que reveja a decisão que a condenou (e que
já transitou em julgado), sob o argumento de que ocorreu erro judiciário (art. 621,
CPP).
I - quando a sentença condenatória for contrária ao texto expresso da lei penal ou
à evidência dos autos;
HIPÓTESES II - quando a sentença condenatória se fundar em depoimentos, exames ou docu-
LEGAIS: mentos comprovadamente falsos;
III - quando, após a sentença, se descobrirem novas provas de inocência do conde-
nado ou de circunstância que determine ou autorize diminuição especial da pena.
Réu ou seu procurador e, em caso de morte, seu cônjuge/ascendente/descenden-
LEGITIMADOS: te/irmão.
#ATENÇÃO MP não é legitimado, somente a defesa.
A revisão poderá ser requerida em qualquer tempo, antes da extinção da
PRAZO:
pena ou após.
A doutrina admite revisão criminal em face da sentença absolutória impró-
pria, já que, a despeito de não se tratar de sentença condenatória (como exige o
art. 621 do CPP), trata-se de sentença com efeitos, por vezes, mais graves que os
ABSOLVIÇÃO
de uma sentença condenatória, pois se aplica medida de segurança ao “absolvi-
IMPRÓPRIA:
do”. Assim, aquele que foi absolvido mediante sentença absolutória imprópria tem
interesse de agir para o manejo da revisão criminal, pois eventual decisão favorá-
vel trará algum benefício ao requerente.

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A revisão criminal se presta às hipóteses taxativas do art. 626 do CPP: "Julgan-


RESULTADO: do procedente a revisão, o tribunal poderá alterar a classificação da infração,
absolver o réu, modificar a pena ou anular o processo".

#FICAADICA: O STJ decidiu que o Tribunal pode, a qualquer momento e de ofício, desconstruir
acórdão de revisão criminal que, de maneira fraudulenta, tenha absolvido o réu, quando, na verdade, o
posicionamento que prevaleceu na sessão de julgamento foi pelo indeferimento do pleito revisional.

HABEAS CORPUS

» Dosimetria da pena e negativa de autoria não são aferíveis por meio de HC, em razão das restrições
ao exame fático e probatório.

Súmula 395 - STF: Não se conhece de recurso de habeas corpus cujo objeto seja resolver sobre o
ônus das custas, por não estar mais em causa a liberdade de locomoção.

Súmula 606 - STF: Não cabe habeas corpus originário para o Tribunal Pleno de decisão de turma,
ou do plenário, proferida em habeas corpus ou no respectivo recurso.

Súmula 693 - STF: Não cabe habeas corpus contra decisão condenatória a pena de multa, ou rela-
tivo a processo em curso por infração penal a que a pena pecuniária seja a única cominada.

Súmula 695 - STF: Não cabe habeas corpus quando já extinta a pena privativa de liberdade.

Súmula 208 - STF: O assistente do Ministério Público não pode recorrer, extraordinariamente, de
decisão concessiva de “habeas corpus”.

» O habeas corpus não é meio processual adequado para o apenado obter autorização de visita de sua
companheira no estabelecimento prisional (Info 827 - STF).

» Pena de suspensão do direito de dirigir veículo automotor: não cabe Habeas Corpus (INFO 550 - STJ).

» Não cabe HC para se discutir se houve dolo eventual ou culpa consciente em homicídio praticado na
direção de veículo automotor (Info 826 - STF).

» Pessoa sem ter capacidade postulatória que impetra um HC e este é negado, poderá ingressar com
recurso contra a decisão? Info 747 – STF:

• 1ª Turma do STF: SIM;

• 2ª Turma do STF e STJ: NÃO.

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#CONSOLIDAÇÃODEENTENDIMENTO: NÃO é cabível habeas corpus em face de decisão mono-


crática proferida por Ministro do STF. STF. Plenário. HC 105959/DF, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red.
p/ o acórdão Min. Edson Fachin, julgado em 17/2/2016 (Info 814).

EXECUÇÃO PENAL

CLASSIFICAÇÃO DO PRESO (Lei 13.167/2015) #INOVAÇÃOLEGISLATIVA


PRESOS PROVISÓRIOS PRESOS CONDENADOS
Os presos condenados definitivamente ficarão
separados de acordo com os seguintes critérios:
Os presos provisórios ficarão separados de acor- I - condenados pela prática de crimes hediondos
do com os seguintes critérios: ou equiparados;
I - acusados pela prática de crimes hediondos ou II - reincidentes condenados pela prática de
equiparados; crimes cometidos com violência ou grave ameaça
II - acusados pela prática de crimes cometidos à pessoa;
com violência ou grave ameaça à pessoa; III - primários condenados pela prática de crimes
III - acusados pela prática de outros crimes ou cometidos com violência ou grave ameaça à
contravenções diversos dos apontados nos incisos pessoa;
I e II. IV - demais condenados pela prática de outros
crimes ou contravenções em situação diversa das
previstas nos incisos I, II e III.

#ATENÇÃO #NÃOCONFUNDA

EXAME DE CLASSIFICAÇÃO EXAME CRIMINOLÓGICO


Realizado quando ingressa no sistema. Realizado durante a execução.
Amplo e genérico. Específico.
Orienta o modo de cumprimento da pena, Busca construir prognóstico de periculosidade,
norte da ressocialização. partindo do binômio delito-deliquente.
Envolve aspectos relacionados com a persona- Envolve a parte psicológica e psiquiátrica ates-
lidade do condenado, seus antecedentes, sua tando a maturidade e disciplina do reeducando, sua
vida familiar e social, sua capacidade laborativa. capacidade de suportar frustrações.
Feito pela comissão técnica de classificação. - É um prognóstico criminológico.

#SELIGA: O exame criminológico e o exame de classificação também não se confundem com a


identificação do perfil genético previsto no artigo 9-A da LEP, que serve para guardar dados
que podem, no futuro, subsidiar eventual investigação, seja pela Polícia Civil ou pela Polícia Federal.
Requisitos: autor de crime doloso, praticado com violência de natureza grave contra a pessoa ou

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delito hediondo.

#AJUDAMARCINHO #COLANARETINA

CONSEQUÊNCIAS DA FALTA GRAVE


ATRAPALHA NÃO INTERFERE
PROGRESSÃO: interrompe o prazo para a
progressão de regime. LIVRAMENTO CONDICIONAL: não interrompe
o prazo para obtenção de livramento condicional
REGRESSÃO: acarreta a regressão de regime.
(Súmula 441-STJ).
SAÍDAS: revogação das saídas temporárias. INDULTO E COMUTAÇÃO DE PENA: não inter-
fere no tempo necessário à concessão de indul-
REMIÇÃO: perda de até 1/3 do tempo remido.
to e comutação da pena, salvo se o requisito for
SANÇÕES DISCIPLINARES: pode sujeitar o expressamente previsto no decreto presidencial
condenado ao RDD; acarretar suspensão ou restri- (Súmula 535 – STJ).
ção de direitos e isolamento.

#SELIGA A prática de falta grave interrompe o prazo para a concessão da saída temporária
e para o trabalho externo?

O tema é polêmico, estando o STJ dividido:

SIM. 5ª Turma do STJ. HC 374086/DF, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 20/06/2017.
NÃO. 6ª Turma do STJ. AgRg no REsp 1549712/DF, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 17/10/2017.

#DEOLHONAJURIS Inobservância do perímetro rastreado pelo monitoramento eletrônico não


configura falta grave. A não observância do perímetro estabelecido para monitoramento de tornozeleira
eletrônica configura mero descumprimento de condição obrigatória que autoriza a aplicação de sanção
disciplinar, mas não configura, mesmo em tese, a prática de falta grave. Não confundir: • Apenado que
rompe a tornozeleira eletrônica ou mantém a bateria sem carga suficiente: falta grave. • Apenado que
descumpre o perímetro estabelecido para tornozeleira eletrônica: não configura a prática de falta grave.
STJ. 6ª Turma. REsp 1519802-SP, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 10/11/2016 (Info 595).

PRESCRIÇÃO DE FALTA GRAVE: Apesar do silêncio da LEP, o STF entende que, por analogia, deve
ser aplicado o prazo prescricional penal mínimo de 3 anos (art. 109, VI do CP).

AUTORIZAÇÕES DE SAÍDA
SAÍDA TEMPORÁRIA PERMISSÃO DE SAÍDA
Cunho ressocializador Cunho humanitário

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Concedida por ato motivado do Juiz da execu-


ção, ouvidos o Ministério Público e a administra-
ção penitenciaria e dependerá da satisfação dos
seguintes requisitos:
I - comportamento adequado; Concedida pelo diretor do estabelecimento onde
II - cumprimento mínimo de 1/6 (um sexto) da se encontra o preso.
pena, se o condenado for primário, e 1/4 (um
quarto), se reincidente;
III - compatibilidade do benefício com os objetivos
da pena.
A autorização será́ concedida por prazo não
Não há prazo determinado, pois está vinculada à
superior a 7 (sete) dias, podendo ser renovada por
finalidade, mediante vigilância direta.
mais 4 (quatro) vezes durante o ano.
Regime fechado ou semiaberto e os presos provi-
Regime semiaberto.
sórios.
I - visita à família;
II - frequência a curso supletivo profissionalizante,
I - falecimento ou doença grave do cônjuge,
bem como de instrução do 2o grau ou superior,
companheira, ascendente, descendente ou irmão;
na Comarca do Juízo da Execução;
II - necessidade de tratamento médico.
III - participação em atividades que concorram
para o retorno ao convívio social.

REMIÇÃO DE PENA
REMIÇÃO PELO TRABALHO REMIÇÃO PELO ESTUDO
Pode ser aplicada ao condenado que cumpra pena
Somente é aplicada se o condenado cumpre
em regime fechado, semiaberto, aberto ou, ainda,
pena em regime fechado ou semiaberto.
que esteja em livramento condicional.
Abatimento de 1 dia de pena a cada 12 horas de
estudo, dividas em pelo menos 3 dias.
Abatimento de 1 dia de pena a cada 3 dias O tempo a remir será acrescido de 1/3 no caso de
de trabalho. conclusão do ensino fundamental, médio ou supe-
rior durante o cumprimento da pena (art. 126, §3°
da LEP).

#DEOLHONAJURIS #INFORMATIVOS

É possível a remição pela participação em coral musical. O reeducando tem direito à remição
de sua pena pela atividade musical realizada em coral. STJ. 6ª Turma.REsp 1666637-ES, Rel. Min.
Sebastião Reis Júnior, julgado em 26/09/2017 (Info 613)

Trabalho cumprido em jornada inferior ao mínimo legal pode ser aproveitado para fins de

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remição caso tenha sido uma determinação da direção do presídio. Segundo o art. 30 da LEP,
a jornada diária de trabalho do apenado deve ser de, no mínimo, 6 horas e, no máximo, 8 horas.
Apesar disso, se um condenado, por determinação da direção do presídio, trabalha 4 horas diárias
(menos do que prevê a Lei), este período deverá ser computado para fins de remição de pena.
Como esse trabalho do preso foi feito por orientação ou estipulação da direção do presídio, isso
gerou uma legítima expectativa de que ele fosse aproveitado, não sendo possível que seja despre-
zado, sob pena de ofensa aos princípios da segurança jurídica e da proteção da confiança. Vale
ressaltar, mais uma vez, o trabalho era cumprido com essa jornada por conta da determinação do
presídio e não por um ato de insubmissão ou de indisciplina do preso. STF. 2ª Turma. RHC 136509/
MG, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 4/4/2017 (Info 860).

PROGRESSÃO DE REGIME LIVRAMENTO CONDICIONAL


Visa a reinserção gradativa do sentenciado ao
Forma de liberdade antecipada para crimes em
convívio social, através do sistema progressivo,
que a pena privativa de liberdade seja igual ou
passando de um regime mais rigoroso para um
superior a dois anos.
menos rigoroso.
Requisito Objetivo:
1/6 : Crimes comuns e Crimes hediondos come-
tidos antes da vigência da Lei n° 11.464/2007 (SV
Requisitos Objetivos:
26)
1/3: Crimes comuns - primário
2/5: Crimes hediondos – primário
1/2: Crimes comuns - reincidente
3/5: Crimes hediondos – reincidente
2/3: Crimes hediondos – primário
#ATENÇÃO: Nos crimes contra a administra-
Não se admite para o reincidente em crime
ção pública em que decorra prejuízo ou enrique-
hediondo.
cimento ilícito, impõe-se, como condição para a
-Tenha reparado o dano, salvo efetiva impos-
progressão de regime, a reparação integral do
sibilidade de fazê-lo.
dano causado ou a devolução do produto do
ilícito praticado, com os acréscimos legais, nos
termos do artigo 33, §4o, do Código Penal.
Requisitos Subjetivos:
Comprovado comportamento satisfatório
durante a execução da pena, bom desempenho
no trabalho que lhe foi atribuído e aptidão para
prover à própria subsistência mediante trabalho
Requisito Subjetivo: honesto. 
Bom comportamento carcerário. #ATENÇÃO Para o condenado por crime dolo-
so, cometido com violência ou grave ameaça à
pessoa, a concessão do livramento ficará também
subordinada à constatação de condições
pessoais que façam presumir que o liberado não
voltará a delinquir.

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A prática de falta grave interrompe o prazo para A prática de falta grave NÃO interrompe o prazo
progressão de regime. para o Livramento Condicional (Súmula 441 – STJ0

#DEOLHONAJURIS #INFORMATIVOS

O indulto da pena privativa de liberdade não alcança a pena de multa se o condenado


parcelou este valor para ter direito à progressão de regime. O indulto da pena privativa de
liberdade não alcança a pena de multa que tenha sido objeto de parcelamento espontaneamente
assumido pelo sentenciado. O acordo de pagamento parcelado da sanção pecuniária deve ser
rigorosamente cumprido sob pena de descumprimento de decisão judicial, violação ao princípio
da isonomia e da boa-fé objetiva. STF. Plenário. EP 11 IndCom-AgR/DF, rel. Min. Roberto Barroso,
julgado em 8/11/2017 (Info 884).

Data da prisão preventiva como marco inicial do tempo para a progressão de regime. Se o
condenado estava preso preventivamente, a data da prisão preventiva deve ser considerada como
termo inicial para fins de obtenção de progressão de regime e demais benefícios da execução penal,
desde que não ocorra condenação posterior por outro crime apta a configurar falta grave. STF. 1ª
Turma. RHC 142463/MG, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 12/9/2017 (Info 877).

Condenado tem direito à progressão a partir da data em que preenche requisitos legais.
A data-base para subsequente progressão de regime é aquela em que o reeducando preencheu
os requisitos do art. 112 da LEP e não aquela em que o Juízo das Execuções deferiu o benefício. A
decisão do Juízo das Execuções que defere a progressão de regime é declaratória (e não consti-
tutiva). Algumas vezes, o reeducando preenche os requisitos em uma data, mas a decisão acaba
demorando meses para ser proferida. Não se pode desconsiderar, em prejuízo do reeducando, o
período em que permaneceu cumprindo pena enquanto o Judiciário analisava seu requerimento
de progressão. STF. 2ª Turma. HC 115254, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 15/12/2015. STJ. 6ª
Turma. HC 369774/RS, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 22/11/2016 (Info 595).

A decisão que indefere o pedido do condenado para ser dispensado do uso da tornoze-
leira eletrônica deverá apontar a necessidade da medida no caso concreto. A manutenção
de monitoramento por meio de tornozeleira eletrônica sem fundamentação concreta evidencia
constrangimento ilegal ao apenado. No caso concreto, o condenado pediu para ser dispensado do
uso da tornozeleira alegando que estava sendo vítima de preconceito no trabalho e faculdade e
que sempre apresentou ótimo comportamento carcerário. O juiz indeferiu o pedido sem enfrentar
o caso concreto, alegando simplesmente, de forma genérica, que o monitoramente eletrônico é a
melhor forma de fiscalização do trabalho externo. Essa decisão não está adequadamente motivada
porque não apontou a necessidade concreta da medida. STJ. 6ª Turma. HC 351273-CE, Rel. Min. Nefi

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Cordeiro, julgado em 2/2/2017 (Info 597).

Se a defesa ainda não foi intimada do acórdão condenatório, não é possível se iniciar a
execução provisória da pena. Pedro foi condenado a uma pena de 8 anos de reclusão e o TJ
manteve a condenação. O Ministério Público foi intimado do acórdão e requereu que o Tribunal
determinasse imediatamente a prisão do condenado, dando início à execução provisória da pena.
Vale ressaltar, no entanto, que a Defensoria Pública ainda não foi intimada do acórdão. Diante deste
caso, o TJ poderá determinar a imediata prisão do condenado, mesmo antes da intimação da defesa
acerca do acórdão? NÃO. Se ainda não houve a intimação da Defensoria Pública acerca do acór-
dão condenatório, mostra-se ilegal a imediata expedição de mandado de prisão em desfavor do
condenado. Como a Defensoria Pública ainda não foi intimada, não se encerrou a jurisdição em 2ª
instância, considerando que é possível que interponha embargos de declaração, por exemplo. STJ.
5ª Turma. HC 371870-SP, Rel. Min. Felix Fischer, julgado em 13/12/2016 (Info 597).

#DIVRGÊNCIA É possível a execução provisória de penas restritivas de direito? • SIM. A execu-


ção provisória de pena restritiva de direitos imposta em condenação de segunda instância, ainda
que pendente o efetivo trânsito em julgado do processo, não ofende o princípio constitucional da
presunção de inocência. STF. 1ª Turma. HC 141978 AgR, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 23/06/2017.
• NÃO. Não é possível a execução da pena restritiva de direitos antes do trânsito em julgado da
condenação. STJ. 3ª Seção. EREsp 1.619.087-SC, Rel. para acórdão Min. Jorge Mussi, julgado em
14/6/2017 (Info 609).

#SELIGANASSÚMULAS

Súmula 192/STJ: Compete ao Juízo das Execuções Penais do Estado a execução das penas impos-
tas a sentenciados pela Justiça Federal, Militar ou Eleitoral, quando recolhidos a estabelecimentos
sujeitos à administração estadual.

Súmula 439/STJ: Admite-se o exame criminológico pelas peculiaridades do caso, desde que em
decisão motivada.

Súmula 491/STJ: É inadmissível a chamada progressão per saltum de regime prisional.

Súmula 493/STJ: inadmissível a fixação de pena substitutiva (art. 44 do CP) como condição especial
ao regime aberto.

Súmula 520/STJ: O benefício de saída temporária no âmbito da execução penal é ato jurisdicional
insuscetível de delegação à autoridade administrativa do estabelecimento prisional.

Súmula 526/STJ: O reconhecimento de falta grave decorrente do cometimento de fato definido

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como crime doloso no cumprimento da pena prescinde do trânsito em julgado de sentença penal
condenatória no processo penal instaurado para apuração do fato.

Súmula 533/STJ: Para o reconhecimento da prática de falta disciplinar no âmbito da execução


penal, é imprescindível a instauração de procedimento administrativo pelo diretor do estabele-
cimento prisional, assegurado o direito de defesa, a ser realizado por advogado constituído ou
defensor público nomeado.

Súmula Vinculante 9: O disposto no artigo 127 da Lei nº 7.210/1984 (Lei de Execução Penal) foi
recebido pela ordem constitucional vigente, e não se lhe aplica o limite temporal previsto no caput
do artigo 58.

#APOSTACICLOS Súmula Vinculante 56: A falta de estabelecimento penal adequado não auto-
riza a manutenção do condenado em regime prisional mais gravoso, devendo-se observar, nessa
hipótese, os parâmetros fixados no RE 641.320/RS.

DÉFICIT DE VAGAS NO ESTABELECIMENTO ADEQUADO E PARÂMETROS ADOTADOS NO RE


641.320/RS (PARTE FINAL DA SV).

O que fazer em caso de déficit de vagas no estabelecimento adequado? Havendo “déficit” de vagas,
deve ser determinada:

1) a saída antecipada de sentenciado no regime com falta de vagas;

2) a liberdade eletronicamente monitorada ao sentenciado que sai antecipadamente ou é posto em


prisão domiciliar por falta de vagas;

3) o cumprimento de penas restritivas de direito e/ou estudo ao sentenciado que progrida ao regi-
me aberto.

Súmula 700/STF: É de cinco dias o prazo para interposição de agravo contra decisão do juiz da
execução penal.

Súmula 715/STF: A pena unificada para atender ao limite de trinta anos de cumprimento, determi-
nado pelo art. 75 do Código Penal, não é considerada para a concessão de outros benefícios, como
o livramento condicional ou regime mais favorável de execução.

Súmula 716/STF: Admite-se a progressão de regime de cumprimento da pena ou a aplicação


imediata de regime menos severo nela determinada, antes do trânsito em julgado da sentença
condenatória.

Súmula 717/STF: Não impede a progressão de regime de execução da pena, fixada em sentença
não transitada em julgado, o fato de o réu se encontrar em prisão especial.

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DIREITO CONSTITUCIONAL2
O Direito Constitucional, para ser conceituado, precisa que sejam interligados três sentidos, o cien-
tífico, o objetivo e o subjetivo.

O sentido científico, segundo José Afonso da Silva, conceitua como sendo o ramo do direito
público que expõe, interpreta e sistematiza os princípios e normas fundamentais do Estado. No sentido
objetivo, segundo Uadi Bulos, é o conjunto de normas supremas, encarregadas de organizar a estru-
tura do Estado e delimitar as relações de poder. Por fim, no sentido subjetivo, é a posição jurídica de
vantagem que deve reconhecer a alguém, em virtude da incidência concreta de normas integrantes do
direito constitucional objetivo. Essa é a acepção do termo quando se afirma que alguém tem o direito
constitucional de ir e vir.

O objeto de estudo do Direito Constitucional é tudo o que foi constitucionalizado por quem elabo-
rou a constituição, assim, são todas as normas material e formalmente constitucionais. Assim, em sentido
científico, estuda de forma sistematizada os ordenamentos constitucionais, em especial as que tratam da
forma e da organização do Estado, da divisão dos poderes, dos direitos e garantias fundamentais e das
finalidades básicas que devem direcionar a atuação estatal, enquanto em sentido objetivo, o objeto de
estudo do Direito Constitucional é a produção e a organização das normas que estabelecem, integram
ou modificam o ordenamento constitucional, independentemente de seu conteúdo (constituição formal),
bem como das normas que disciplinam qualquer matéria que interesse ao Direito Constitucional, inde-
pendentemente de sua fonte normativa (constituição material).

Por fim, a natureza do Direito Constitucional, pode ser conceituada em sentido científico e sentido
normativo. No sentido científico, é ramo do direito público, já que cuida de relações jurídicas que envol-
vem a figura do Estado. Nos casos de adoção de constituições prolixas, como ocorre no Brasil, ocorre
a constitucionalização do direito privado, que se materializa através da disciplina constitucional de insti-
tutos do direito privado, da interpretação conforme a constituição de disposições normativas referentes
ao direito privado e de teorias e decisões que defendem a eficácia horizontal (tema abordado mais à
frente) dos direitos fundamentais no âmbito das relações privadas. Já no sentido normativo, a natureza
dos preceitos constitucionais, apresentam características como a supremacia constitucional, que pode ser
material ou formal, maior abertura semântica, politicidade e transversalidade.

• TEORIA DA CONSTITUIÇÃO

A Constituição é o objeto de estudo do Direito Constitucional. Trata-se da lei fundamental e supre-


ma de um Estado, criada pela vontade soberana do povo. Determina a organização político-jurídica do

2 Por Tiago Pozza

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Estado, limita o poder estatal e estabelece direitos fundamentais. 

São componentes da Constituição:  

a. Preâmbulo: quanto à natureza jurídica do preâmbulo, são três teses existentes:

• TESE DA IRRELEVÂNCIA JURÍDICA: o preâmbulo está no ÂMBITO DA POLÍTICA, portanto, não possui
relevância jurídica;

• TESE DA PLENA EFICÁCIA: o preâmbulo tem a mesma eficácia jurídica das normas constitucionais;

• TESE DA RELEVÂNCIA JURÍDICA INDIRETA: o preâmbulo faz parte das características jurídicas da Cons-
tituição Federal, entretanto, não deve ser confundido com as demais normas jurídicas desta.

O STF, no julgamento da ADI 2.076, julgada em 2002, adotou a tese da irrelevância jurídica e decidiu
que o preâmbulo não tem força normativa, sendo, portanto, mero vetor interpretativo. Por tal motivo, o
preâmbulo não serve de parâmetro para controle de constitucionalidade.  

b. Corpo: é composto pelos artigos 1º a 250.

c. ADCT: são os Atos das Disposições Constitucionais Transitórias, composto por normas de eficá-


cia exaurível. Destina-se a realizar a transição do regime constitucional anterior para o atual. Trata-se de
norma que se enquadra como elemento formal de aplicabilidade. 

José Afonso da Silva, traz ainda a classificação dos elementos da Constituição: 

a. Elementos Orgânicos: normas que regulam a estrutura do Estado e do Poder. Exemplo: Título
III – Da Organização do Estado. 

b. Elementos Limitativos: normas que estabelecem direitos e garantias fundamentais, limitando a


atuação do Poder Estatal. Exemplo: Título II – Dos Direitos e Garantias Fundamentais. 

c. Elementos Sócio-Ideológicos: normas relativas a direitos sociais; compromisso estatal com o


bem estar social. Exemplo: Capítulo II do Título II – Dos Direitos Sociais. 

d. Elementos de Estabilização Constitucional: normas que se destinam a prover solução de


conflitos constitucionais. Buscam a defesa da Constituição, do Estado e das instituições democráticas.
Exemplo: Intervenção (arts. 34 a 36). 

e. Elementos Formais de Aplicabilidade: são normas que contêm regras de aplicação da Cons-
tituição, como as constantes no ADCT e a norma que estabelece a aplicabilidade imediata dos direitos e
garantias fundamentais. 

• FONTES FORMAIS

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Fontes de direito, em sentido amplo, são quaisquer atos ou fatos que produzam normas jurídicas
(conceito material). Em sentido estrito, somente os atos ou fatos que estejam autorizados a produzir
normas jurídicas (conceito formal). Assim, no Direito Constitucional, fontes formais são os atos ou fatos
que são autorizados a produzir normas constitucionais, de acordo com o sistema constitucional vigente.

Há ainda, as fontes diretas, que são as previstas e reguladas no âmbito do próprio ordenamento,
e as fontes indiretas, aquelas disciplinadas por outras ordens jurídicas, mas recepcionadas, incorporadas
ou aplicadas pelo ordenamento constitucional, como as normas de direito internacional que podem ser
incorporadas com status de emenda constitucional e o caput do artigo 34 do ADCT, que recepcionou,
ainda que transitoriamente, parte do sistema tributário da ordem constitucional anterior.

Assim, são fontes diretas e formais a própria Constituição Federal, as emendas constitucionais e
as emendas constitucionais de revisão. Existem as fontes diretas e informais, que são as convenções
constitucionais, os costumes constitucionais e as mutações constitucionais. E, por fim, as fontes indiretas
e formais, representadas pelos tratados internacionais sobre direitos humanos, desde que incorporados
de acordo com o procedimento do § 3°, do artigo 5°, da Constituição Federal.

• CLASSIFICAÇÃO DAS CONSTITUIÇÕES

Material: Conjunto de normas, escritas ou costumeiras, relacionadas com


temas considerados essenciais às funções que a Constituição deve desem-
penhar. O importante é o conteúdo delas, e não a fonte normativa em que
Quanto ao
veiculadas.
Conteúdo
Formal: Conjunto de normas que, independentemente do conteúdo, consi-
deram-se inseridas em ato escrito no qual se encontram os padrões norma-
tivos dotados de hierarquia jurídica superior.
Escrita/dogmática: formalizada em um texto escrito.
Quanto à Forma
Não escrita/histórica: não há texto único centralizado.
Flexível: é alterada da mesma forma que as leis inferiores.
Semirrígida: uma parte é flexível e outra é rígida.
Quanto à Estabili- Rígida: a alteração é mais difícil do que as leis inferiores.
dade Super-rígidas: uma parte é rígida e outra é imutável (DE ACORDO COM ALEXAN-
DRE DE MORAES, A BRASILEIRA É SUPER RÍGIDA).
Imutáveis: todo o texto é imutável.
Outorgada: imposta pelo detentor do poder.
Promulgada: elaborada com ampla participação popular.
Cesarista (Bonapartista): o soberano edital o texto e, posteriormente, o submete
Quanto à Origem
a um referendo popular.
Pactuada (dualista): elaborada através de um pacto feito realizado entre os
detentores do poder político.
Quanto à Volunta- Heterônoma é aquela que é imposta por outro país.
riedade Autônoma: elaborada pelo próprio país.

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Sintética/concisa: apenas definem os princípios gerais da organização do Esta-


Quanto à Exten-
do.
são
Analítica/prolixa: trata de muitos temas.

OUTRAS CLASSIFCAÇÕES: Dirigente: traça metas; Normativa: sai do papel; Nominal: não
consegue sair do papel; Semântica: legitima o status quo injusto; Ortodoxa: comprometida com
uma ideologia específica; Compromissária (pluralista): contempla várias ideologias; Dúctil: não
impõe um modelo de vida, mas apenas assegura as condições para o exercício do projeto de vida
de cada pessoa; Balanço: visa reger o ordenamento por um determinado tempo.

#OLHAOGANCHO – Há que se considerar, ainda, a classificação da Constituição como Constitui-


ção Garantia e Constituição Dirigente. A primeira, também chamada de Constituição-quadro,
estatutária ou orgânica, funciona como um estatuto organizatório ou instrumento de governo, defi-
nindo competências e regulando processos. Elas estabelecem princípios democráticos, republica-
nos, pluralistas e de Estado, buscando a garantia de liberdades e de direitos individuais e coletivos
através da limitação do poder do Estado. Já a segunda, define finalidades e programas com o intuito
de ordenar as ações futuras da política estatal.

MÉTODOS DE INTERPRETAÇÃO
Tópico-proble- Hermenêutico- Científico-es-
Hermenêutico Normativo-es-
mático (Theodor -concretizador piritual (Rudolf
Clássico truturante
Viehweg) (Konrad Hesse) Smend)
Não há iden-
Critérios clássicos: tidade entre
A análise da CF
gramatical, Parte-se de um texto e norma,
Parte-se da CF deve levar em
histórico, problema concre- que compreen-
para o problema conta também a
sistemático, to para a norma de também um
realidade social
teleológico pedaço da reali-
dade social

PRINCÍPIOS DE INTERPRETAÇÃO CONSTITUCIONAL


UNIDADE DA O texto constitucional deve ser interpretado como um todo, de modo a
CONSTITUIÇÃO evitar contradições entre suas normas.
EFEITO
Na solução dos problemas jurídico aos critérios que unidade política.
INTEGRADOR
MÁXIMA Deve-se atribuir à norma constitucional o sentido que confira a ela maior
EFETIVIDADE eficácia, mais efetividade social.

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Na interpretação constitucional, o órgão a um resultado que subverta ou pertur-


JUSTEZA
be o esquema organizatório funcional estabelecido pelo constituinte.
Decorre da unidade da constituição. Os bens jurídicos tutelados pelo texto cons-
HARMONIZAÇÃO
titucional devem coexistir predomínio, em abstrato, de uns sobre outros.
FORÇA
Deve-se dar prevalência aos pontos de vista que contribuem para a máxima
NORMATIVA DA
eficácia e aplicabilidade do texto constitucional.
CONSTITUIÇÃO
INTERPRETAÇÃO
Se a norma admite mais de um significado, deve-se dar preferência à
CONFORME A
interpretação compatível com o conteúdo da constituição.
CONSTITUIÇÃO

#APROFUNDANDO #INTERPRETAÇÃOCONFORME

Esse princípio, criado pela jurisprudência alemã, se aplica à interpretação das normas infraconstitu-
cionais (e não da Constituição propriamente dita!). Trata-se de técnica interpretativa cujo objetivo
é preservar a validade das normas, evitando que sejam declaradas inconstitucionais. Ao invés de
se declarar a norma inconstitucional, o Tribunal busca dar-lhe uma interpretação que a conduza à
constitucionalidade.

Essa técnica somente deverá ser usado diante de normas polissêmicas, plurissignificativas (normas
com várias interpretações possíveis). Assim, no caso de normas com várias interpretações possíveis,
deve-se priorizar aquela que lhes compatibilize o sentido com o conteúdo constitucional. A partir
deste princípio, tem-se que a regra é a manutenção da validade da lei, e não a declaração de sua
inconstitucionalidade. Isso, desde que, obviamente, a interpretação dada à norma não contrarie sua
literalidade ou sentido, a fim de harmonizá-la com a Constituição.

“A interpretação conforme é uma técnica de eliminação de uma interpretação desconforme. O


saque desse modo especial da interpretação não é feito para conformar um dispositivo subcons-
titucional aos termos da Constituição Positiva. Absolutamente! Ele é feito para descartar aquela
particularizada interpretação que, incidindo sobre um dado texto normativo de menor hierarquia
impositiva, torna esse texto desconforme à Constituição. Logo, trata-se de uma técnica de controle
de constitucionalidade que só pode começar ali onde a interpretação do texto normativo inferior
termina.” (STF, ADPF 54-QO,27.04.2005).

Outro ponto importante é que a interpretação conforme não pode deturpar o sentido originário
das leis ou atos normativos. Não é possível ao intérprete “salvar” uma lei inconstitucional, dando-
-lhe uma significação “contra legem”. A interpretação conforme a Constituição tem como limite a
razoabilidade, não podendo ser usada como ferramenta para tornar o juiz um legislador, ferindo

62 CICLOS RETA FINAL TJ/PR | @CICLOSR3


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o princípio da separação dos Poderes. Veja o que o Supremo decidiu a respeito: “Por isso, se a
única interpretação possível contrariar o sentido inequívoco que o Poder Legislativo lhe pretendeu
dar, não se pode aplicar o princípio da interpretação conforme a Constituição, que implicaria, em
verdade, criação de norma jurídica, o que é privativo do legislador positivo” (STF, Repr. 1.417-7, em
09.12.1987).

A interpretação conforme pode ser de dois tipos: com ou sem redução do texto.

a) Interpretação conforme com redução do texto: Nesse caso, a parte viciada é considerada incons-
titucional, tendo sua eficácia suspensa. Como exemplo, tem-se que na ADI 1.127-8, o STF suspendeu
liminarmente a expressão “ou desacato”, presente no art. 7º,§ 7º, do Estatuto da OAB.

b) Interpretação conforme sem redução do texto: Nesse caso, exclui-se ou se atribui à norma um
sentido, de modo a torná-la compatível com a Constituição. Pode ser concessiva (quando se conce-
de à norma uma interpretação que lhe preserve a constitucionalidade) ou excludente (quando se
exclua uma interpretação que poderia torná-la inconstitucional).

APLICABILIDADE DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS

São de aplicação direta e imediata, independem de uma lei para produzirem


EFICÁCIA
seus efeitos. Desde a sua promulgação estão aptas para produzir todos os seus
PLENA
efeitos, independentemente de qualquer norma integrativa infraconstitucional.
Assim como as plenas são de eficácia direta e imediata. No entanto, podem ter
EFICÁCIA sua abrangência reduzida por uma norma infraconstitucional, por uma norma da
CONTIDA própria CF, ou por preceitos ético-jurídicos, como a moral e o bom costume (#SELI-
GANOTERMO: “normas de contenção”).
São de aplicação mediata ou indireta, pois há necessidade de uma lei para mediar
sua aplicação. Se não houver a lei, não produz efeitos. Mesmo com a sua promulga-
ção, não está apta para produzir todos os seus efeitos, necessitando de regulamenta-
EFICÁCIA LIMI-
ção infraconstitucional para ter eficácia. Há duas espécies de normas limitadas:
TADA
1. Limitada de princípio institutivo ou organizativo.
2. Limitada programática: Se reveste em forma de promessas ou programas que
visam atingir fins sociais. Característica principal da Constituição Dirigente.

#DICADOCOACH – Maria Helena Diniz, quanto as cláusulas pétreas, as denomina de absolutas ou


supereficazes.

» Pela eficácia direta se tem a possibilidade de se extrair uma regra do núcleo essencial do princípio,

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permitindo a subsunção.

» Pela eficácia interpretativa entende-se que as normas jurídicas devem ter seu sentido e alcance
determinados de maneira que melhor realize a dignidade humana, que servirá como critério de
ponderação na hipótese de colisão de normas.

» A eficácia negativa, de caráter geral ou particular, paralisa ou neutraliza a incidência de regra jurídica
que seja incompatível com a dignidade humana.

» Não há um método de interpretação pré-determinado para cada caso concreto.

CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE

A constatação da inequívoca hierarquia normativa entre as normas constitucionais e as demais,


justifica a realização do controle de constitucionalidade.

Inconstitucionalidade Formal ou Nomodinâmica – vício afeta o ato inconstitucional decorre da


inobservância de algum rito do processo legislativo constitucionalmente fixado ou da incompetência do
órgão que o editou.

Inconstitucionalidade Material ou Normoestática – o conteúdo da norma é contrário ao conteú-


do constitucional. Deriva daquelas situações em que há incongruência entre o previsto na lei e aquilo que
dispõe o texto constitucional.

Parâmetro – o preâmbulo não é considerado parâmetro, porque não é norma jurídica. Quan-
to à parte permanente, todas as normas que a integram, independentemente de seu conteúdo, serão
consideradas parâmetro, não importa se são originárias, derivadas ou mesmo decorrentes de tratados e
convenções internacionais de direitos humanos pelo rito especial do art. 5 º, § 3º, CF.

No que tange à parte transitória, expressa no ADCT, pode-se dizer que suas normas também são
consideradas parâmetro para o controle, enquanto ainda tiveram eficácia. Se a eficácia já se exauriu não
servem mais como normas de referência.

No controle difuso de constitucionalidade permite-se também a fiscalização dos atos emanados do


poder Público perante norma constitucional que já tenha sido revogada, sendo unicamente necessário
verificar se essa norma constitucional estava em vigor no momento da criação do ato.

Momento do Controle – poderá ser preventivo atinge a norma ainda em fase de elaboração, no
curso do trâmite legislativo, recaindo sobre projetos de lei e propostas de emenda constitucional) ou
repressivo (o processo legislativo já está finalizado. Alcança as espécies normativas já prontas e acabadas,
que estejam produzindo seus efeitos).

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ESPÉCIES DE INCONSTITUCIONALIDADE
POR AÇÃO Ocorre quando um ato estatal viola preceitos constitucionais.
Ocorre quando um poder do Estado deixa de fazer algo que a constituição
determina. Não basta a inexistência de lei sobre determinada matéria para que
se verifique uma inconstitucionalidade por omissão. Devem estar presentes
dois requisitos:
I - Dever constitucional de legislar.
POR OMISSÃO
II - Mora legislativa (elemento temporal): decurso de um tempo para que a
norma seja produzida. Existem hipóteses em que o próprio texto
constitucional fixa o prazo para a edição da norma. Do contrário, caberá ao
Poder Judiciário definir qual o prazo razoável, conforme a complexidade de
cada caso concreto.
Divide-se em:
- Procedimental (ou propriamente dita): não são observadas as normas
constitucionais sobre processo legislativo. Pode ser subjetiva (vício de inicia-
tiva) ou objetiva (demais regras do processo legislativo). Exemplo: ausência
de retorno à Casa iniciadora após alterações substanciais operadas pela Casa
revisora.
FORMAL (OU
- Orgânica: vício de competência. Exemplo: lei estadual que dispõe sobre
NOMODINÂMICA)
matéria de competência federal.
- Por violação aos pressupostos objetivos do ato: violação de pressupostos
definidos na constituição como elementos determinantes de competência para
órgãos legislativos no exercício da função legiferante. É o caso, por exemplo,
das medidas provisórias, que têm por pressupostos objetivos a relevância e a
urgência.
MATERIAL (OU Incompatibilidade substantiva, ou seja, de conteúdo, entre normas constitucio-
NOMOESTÁTICA) nais e infraconstitucionais.
ORIGINÁRIA Congênita à norma, que já nasce inconstitucional.
A norma nasce constitucional, mas vai se tornando inconstitucional em momen-
to posterior.
#SELIGANADIFERENÇA
Mutação constitucional: Acontece quando o resultado da interpretação se alte-
ra no decorrer do tempo. O texto normativo permanece inalterado, porém
o resultado da interpretação (norma) passa a ser diferente do anteriormente
adotado.
SUPERVENIENTE
Inconstitucionalidade progressiva: São situações intermediárias entre a inconsti-
tucionalidade absoluta e constitucionalidade plena, nas quais as circunstâncias
fáticas justificam a manutenção da norma durante um determinado período
de tempo.
Não recepção: no Brasil quando há a incompatibilidade entre uma lei anterior
à CF e algum dos seus dispositivos, fala-se em não recepção e não em incons-
titucionalidade.
TOTAL A inconstitucionalidade atinge todo o ato normativo.

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A inconstitucionalidade recai sobre parte do ato, podendo ser até mesmo


fração de artigo, parágrafo, inciso ou alínea.
PARCIAL #OLHAOGANCHO #NÃOCONFUNDA: o veto do Poder Executivo, ao final do
processo legislativo, deve recair sobre o texto integral de artigo, parágrafo,
inciso ou alínea (art. 66, §2o, CF).
Desconformidade entre leis ou outros atos normativos primários e a Constitui-
DIRETA
ção.
O vício não decorre da violação direta da Constituição, mas sim de outro ato
normativo no qual encontra fundamento. Exemplo: decreto que extrapola os
limites da lei por ele regulamentada, ainda que isso tenha causado também, de
certa forma, a violação de determinada norma constitucional. A jurisprudência
do STF tem tratado essas hipóteses como mera ilegalidade, e não inconstitu-
INDIRETA (OU
cionalidade.
REFLEXA)
#NÃOCONFUNDA: não se trata aqui da inconstitucionalidade derivada (ou
consequente), em que a declaração de inconstitucionalidade da norma regu-
lamentada (primária) acaba por ensejar automaticamente o reconhecimento
da invalidade das normas regulamentadoras (secundárias) que em função dela
foram expedidas.
A aplicação de uma lei pode ser inconstitucional em determinado caso concre-
CIRCUNSTANCIAL to, embora seja ela formalmente constitucional. A lei, em tese, permanece
constitucional.
CHAPADA,
Expressões utilizadas pelo Supremo Tribunal Federal para referir-se a hipóteses
ENLOUQUECIDA
de flagrante e evidente inconstitucionalidade.
OU DESVAIRADA

Quanto ao número de órgãos competentes para a realização do controle – poderá ser difuso
ou concentrado.

#SELIGANATABELA:

CONTROLE DIFUSO DE CONSTITUCIONALIDADE

Também conhecido como controle incidental ou concreto. É exercido diante de


ocorrências fáticas a serem solucionadas pelo Poder Judiciário no desempenho
comum de sua típica função jurisdicional, na qual se controla a constitucionalidade
de modo incidental.
CONCEITO
O juízo de verificação da compatibilidade da norma com o texto constitucional não
é a questão principal, mas tão somente uma questão prejudicial.
A finalidade é proteger o direito subjetivo afetado pela norma que se pretende
impugnar.
Qualquer juiz ou tribunal do poder judiciário possui competência para verificar
COMPETÊNCIA a legitimidade constitucional dos atos estatais, não havendo nenhuma restrição
quanto ao tipo de processo.

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É ampla e abrange as partes, em qualquer demanda; eventuais terceiros interve-


nientes, o Ministério Público; órgão jurisdicional, de ofício.
Nos Tribunais, o processo de controle de constitucionalidade difuso deverá obser-
LEGITIMIDADE
var a “cláusula de reserva de jurisdição”, que determina que somente pelo voto da
maioria absoluta de seus membros ou dos membros do órgão especial é que a
inconstitucionalidade da lei ou ato normativo poderá ser declarada.
Objeto – é válido manejar essa via de controle para verificar a compatibilidade com
a Constituição de qualquer ato emanado dos Poderes Públicos, não importando
a esfera federativa que produziu, tampouco se sua natureza é de ato normati-
vo ou não, primário ou secundário. Igualmente não é relevante se o ato anterior
ou posterior à norma constitucional parâmetro, isto é, pré ou pós-constitucional.
OBJETO E
Também não é obstáculo a realização do controle difuso ter sido o ato revogado
PARÂMETRO
ou estar com seus efeitos exauridos.
Parâmetro – o controle difuso permite a fiscalização dos atos emanados do Poder
Público perante qualquer norma constitucional, ainda que ela já tenha sido revoga-
da, sendo unicamente necessário verificar se essa norma constitucional estava em
vigor no momento da criação do ato.
A sentença que profere a inconstitucionalidade tem efeito declaratório e retroage
à data da edição da norma, ou seja, é ex tunc.
No entanto, é possível que haja a modulação dos efeitos temporais, excepcional-
mente, se o STF, concluir que deva prevalecer a segurança jurídica ou algum inte-
EFEITOS DA resse social marcante. No caso, poderá a Corte manipular os efeitos temporais da
DECISÃO decisão de modo que a declaração de inconstitucionalidade não retroaja, mas sim
valha do trânsito em julgado da decisão em diante ou a partir de outro momento
que a Corte venha a fixar.
A decisão prolatada no controle difuso opera efeitos inter partes, não atingindo
terceiros que não participaram daquela específica relação processual.
Até o presente ano, o papel do Senado era suspender a norma declarada inconsti-
tucional no controle difuso, produzindo, portanto, efeito erga omnes.
ATENÇÃO: alteração jurisprudencial – houve uma mutação constitucional do art.
52, X, CF. Agora, quando o STF declara uma norma inconstitucional no controle
difuso, a decisão já tem efeito vinculante e erga omnes.
O STF comunica o Senado com o objetivo que referida casa legislativa dê publici-
ATUAÇÃO DO
dade daquilo que foi decidido.
SENADO
É possível afirmar a adoção da teoria da Abstrativização do Controle Difuso.
#OLHAOGANCHO – Houve mudança de posicionamento do STF (Novembro de
2017) sobre a adoção da teoria da transcendência dos motivos determinantes
e abstrativização do controle difuso (Foi nessa decisão que houve mutação
constitucional do art. 52, X, da CF/88). Assim, a leitura do Informativo 866 STF
é obrigatória.

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#SELIGANATABELA:

CONTROLE CONCENTRADO DE CONSTITUCIONALIDADE

É realizada em abstrato, pela via principal, ou seja, a questão de constitucionalida-


de configura o pedido principal da ação, sendo que a Corte analisa, em tese, se há
CONCEITO
ou não contrariedade à Constituição.
Poderá ocorrer mediante uma das seguintes ações: ADI, ADC, ADO ou ADPF.
COMPETÊNCIA STF
Será legitimado ativo: Mesa da Câmara, mesa do Senado, Mesa da Assembleia
Legislativa ou Câmara Legislativa do DF; Governador do Estado ou do DF; Procura-
LEGITIMIDADE dor Geral da República; Presidente da República; Conselho Federal da OAB; parti-
do político com representação no Congresso Nacional; confederação sindical; enti-
dade de classe de âmbito nacional.
OBJETO:
EM ADI – leis e atos normativos federais ou estaduais, editadas após a constituição.
As leis do DF editadas no exercício da competência legislativa estadual podem ser
objeto de ADI.
EM ADC – leis e demais atos normativos federais.
EM ADO – normas constitucionais de eficácia limitada não regulamentada.
EM ADPF – direito pré-constitucional, direito municipal, controvérsia sobre direito
OBJETO E
pós constitucional já revogado ou cujos efeitos já se exauriram e de decisões judi-
PARÂMETRO
ciais construídas a partir de interpretações violadoras de preceitos fundamentais.
PARÂMETRO:
EM ADI, ADC, ADO– normas constitucionais de referência para a realização da
análise de compatibilidade são todas aquelas que constam do documento cons-
titucional. Tratando-se de norma do ADCT, desde que não exaurida sua eficácia.
EM ADPF - o parâmetro é mais restrito, pois tutela os preceitos fundamentais, ou
seja, para a defesa de somente alguns dispositivos constitucionais.
DEFINITIVA:
EM ADI e ADC - Produzirá eficácia contra todos e efeito ex tunc (retroativo). O STF
poderá optar pela modulação temporal dos efeitos, em virtude de razão de segu-
rança jurídica ou excepcional interesse social.
EM ADO – notificar o legislador ou órgão administrativo que incorre em mora,
para que o responsável adote as medidas necessárias à concretização do texto
constitucional.
MEDIDA CAUTELAR:
EFEITO DA
EM ADI e ADPF - Produzirá eficácia contra todos e efeito ex nunc (não retroativo).
DECISÃO
EM ADC - Produzirá eficácia contra todos e efeito ex nunc (não retroativo). Também
produzirá a suspensão do julgamento dos processo que envolvam a aplicação da
lei ou do ato normativo objeto da ação até seu julgamento definitivo, que deverá
ocorrer em 180 dias, sob pena de perda de sua eficácia.
EM ADO – poderá consistir na suspensão da aplicação da lei ou do ato normativo
questionado, no caso de omissão parcial, bem como na suspensão de processos
judicias ou de procedimento administrativos ou ainda em outra providência a ser
fixada pelo Tribunal.

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#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA:

O que acontece se a lei impugnada por meio de ADI é alterada antes do julgamento da ação? Neste
caso, o autor da ADI deverá aditar a petição inicial demonstrando que a nova redação do disposi-
tivo impugnado apresenta o mesmo vício de inconstitucionalidade que existia na redação original.
A revogação, ou substancial alteração, do complexo normativo impõe ao autor o ônus de apre-
sentar eventual pedido de aditamento, caso considere subsistir a inconstitucionalidade na norma
que promoveu a alteração ou revogação. Se o autor não fizer isso, o STF não irá conhecer da ADI,
julgando prejudicado o pedido em razão da perda superveniente do objeto.

#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA:

É possível que seja celebrado um acordo no bojo de uma arguição de descumprimento de preceito
fundamental (ADPF)? SIM. É possível a celebração de acordo num processo de índole objetiva, como
a ADPF, desde que fique demonstrado que há no feito um conflito intersubjetivo subjacente (implíci-
to), que comporta solução por meio de autocomposição. Vale ressaltar que, na homologação deste
acordo, o STF não irá chancelar ou legitimar nenhuma das teses jurídicas defendidas pelas partes
no processo. O STF irá apenas homologar as disposições patrimoniais que forem combinadas e que
estiverem dentro do âmbito da disponibilidade das partes. A homologação estará apenas resolven-
do um incidente processual, com vistas a conferir maior efetividade à prestação jurisdicional.

• CLÁUSULA DE RESERVA DE PLENÁRIO (FULL BENCH)

A Cláusula do Full-Bench ou Cláusula de Reserva de Plenário diz respeito ao controle de constitu-


cionalidade difuso realizado pelos Tribunais de Justiça/ Tribunal Regional Federal e pelo Superior Tribunal
de Justiça. Prevê a Constituição Federal de 1988: “Art. 97. Somente pelo voto da maioria absoluta de seus
membros ou dos membros do respectivo órgão especial poderão os tribunais declarar a inconstitucionali-
dade de lei ou ato normativo do Poder Público”.

#SELIGANASÚMULA:

A Súmula Vinculante 10 trata sobre o tema: Viola a cláusula de reserva de plenário (CF, artigo 97) a
decisão de órgão fracionário de tribunal que, embora não declare expressamente a inconstitucionali-
dade de lei ou ato normativo do Poder Público, afasta sua incidência, no todo ou em parte.

#ATENÇÃO! #NÃOVAIMAISERRAR Exceções:

• Declaração de constitucionalidade: A reserva do plenário é necessária somente para a declara-


ção de inconstitucionalidade das normas. Considerando a presunção de constitucionalidade, a

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decisão do órgão fracionário que mantém a lei em questão constitucional dispensa o quórum
qualificado.

• Declaração de não recepção (normas anteriores à constituição): Trata-se da não recepção, que
não se confunde com a inconstitucionalidade. Por isso, nesses casos, o órgão fracionário menor
declarará que a lei ou ato normativo foram revogados ou não recepcionados pela nova ordem
constitucional.
• Interpretação conforme a constituição: Nesses casos não se trata de forma de interpretação,
mas técnica de controle de constitucionalidade. Além disso, há o reconhecimento de que a lei é
constitucional, direcionando sua interpretação para que se torne compatível com a carta magna.
Portanto, dispensa-se a cláusula de reserva de plenário.
• Existência de pronunciamento do plenário ou da corte especial do tribunal, bem como do
plenário do Supremo Tribunal Federal sobre a questão (art. 949, parágrafo único do novo CPC).
Ocorre através do Incidente de Arguição de Inconstitucionalidade.

• Juizados Especiais: o entendimento no sentido da ausência de Repercussão Geral no Recurso


Extraordinário nº 868.457/SC, ocasião em que o STF decidiu pela não aplicação da reserva de
plenário aos Juizados Especiais por entender que não se trata de órgãos que funcionem no
regime de Plenário ou de Órgão Especial (STF, RE 868457, Rel. Min. Teori Zavascki – RIP- , DJ
27/04/2015, pp. 7-8).

• Atos normativos de efeitos concretos: Não viola o art. 97 da CF/88 nem a SV 10 a decisão de
órgão fracionário do Tribunal que declara inconstitucional decreto legislativo que se refira a uma
situação individual e concreta. Isso porque o que se sujeita ao princípio da reserva de plenário
é a lei ou o ato normativo. Se o decreto legislativo tinha um destinatário específico e referia-se
a uma dada situação individual e concreta, exaurindo-se no momento de sua promulgação, ele
não pode ser considerado como ato normativo, mas sim como ato de efeitos concretos. STF. 2ª
Turma. Rcl 18165 AgR/RR, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 18/10/2016 (Info 844).

• Não viola a Súmula Vinculante 10, nem a regra do art. 97 da CF/88, a decisão do órgão fracioná-
rio do Tribunal que deixa de aplicar a norma infraconstitucional por entender não haver subsun-
ção aos fatos ou, ainda, que a incidência normativa seja resolvida mediante a sua mesma inter-
pretação, sem potencial ofensa direta à Constituição. Além disso, a reclamação constitucional
fundada em afronta à SV 10 não pode ser usada como sucedâneo (substituto) de recurso ou de
ação própria que analise a constitucionalidade de normas que foram objeto de interpretação
idônea e legítima pelas autoridades jurídicas competentes. STF. 1ª Turma. Rcl 24284/SP, rel. Min.
Edson Fachin, julgado em 22/11/2016 (Info 848).

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• Nulidade de ato administrativo: não é ato normativo, ainda que, entre outros fundamentos,
sustente (mencione) a inconstitucionalidade de lei estadual. (Info 546, STJ).

PODER CONSTITUINTE

Poder Constituinte Originário é o poder responsável pela elaboração da Constituição, norma


jurídica superior que inicia a ordem jurídica e lhe confere fundamento de validade.

Para os jusnaturalista este poder é de direito, pois eles admitem a existência de um direito natural
prévio ao direito positivo.

Para os juspositivistas, os quais preconizam não haver direito antes de se aferir a existência de um
Estado, o poder constituinte é anterior ao próprio direito, logo é um poder de fato, metajurídico, não
integrando o mundo jurídico nem possuindo natureza jurídica.

A titularidade do Poder Constituinte Originário pertence ao povo.

O poder constituinte originário pode ser dividido em: (i) fundacional – é aquele que produz a primei-
ra Constituição de um Estado; (ii) pós fundacional – parte de uma ruptura institucional de ordem vigente
para elaborar a nova Constituição que sucederá a anterior, revogando integralmente a precedente.

Características do Poder Constituinte Originário:

#SELIGANATABELA:

A Constituição é a base do ordenamento jurídico.


INICIAL #DEOLHONOGANCHO: não é possível a alegação da existência de “direito
adquirido” perante a nova Constituição.
Não se submete ao regramento posto pelo direito precedente, sendo possui-
dor de ampla liberdade de conformação da nova ordem jurídica.
#DEOLHONOGANCHO: a ausência de limites deve ser tratada com certas
reservas, pois é indiscutível a existência de alguns limites, tais como os geográ-
ILIMITADO ficos e territoriais. Também é possível considerar como limite as circunstâncias
sociais e políticas que lhe dão causa,, pois o poder constituinte é a expressão
da vontade política soberana do povo, não pode ser entendido sem obser-
vância dos valores éticos, religiosos e culturais pelo povo partilhados e motiva-
dores de suas ações.
Não se submete a qualquer regra ou procedimento formal pré-fixado pelo
INCONDICIONADO
ordenamento jurídico que o precede.
É capaz de definir o conteúdo que será implantado na nova Constituição, bem
AUTÔNOMO
como sua estrutura e os termos de seu estabelecimento.

71 CICLOS RETA FINAL TJ/PR | @CICLOSR3


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Não se esgota quando da conclusão da constituição; ele permanece em situa-


PERMANENTE ção de latência, sendo ativado o “momento constituinte” de necessária ruptura
com a ondem estabelecida se apresentar novamente.

PODER CONSTITUINTE DERIVADO DECORRENTE: é a capacidade conferido pelo poder originá-


rio aos Estados-membros para elaborarem suas próprias Constituições.

O poder constituinte derivado decorrente é perceptível no Distrito Federal, mas não nos Municípios,
pois a lei orgânica do DF, assim como ocorre com as Constituições estaduais, é um documento que só
está submetido à Constituição da República. Os municípios são formatados por documentos condicio-
nados simultaneamente à constituição estadual e à Constituição Federal, isto é, se sujeitam à uma dupla
subordinação, o que tornaria eventual poder decorrente do município em um poder de terceiro grau.

PODER CONSTITUINTE DERIVADO REFORMADOR: tem a função de alterar formalmente a


Constituição Federal, exercendo a importante tarefa de ajustar o texto constitucional aos novos ambien-
tes formatados pela dinâmica social. Tanto o poder constituinte derivado decorrente como o reformador
possuem as seguintes características:

• poder de direito (possui natureza jurídica):

• limitado (suas ações são pautadas pelos limites inseridos na Constituição);

• condicionado (suas atribuições estão diretamente vinculadas ao que determina previamente a Cons-
tituição);

• secundário.

PODER LEGISLATIVO

CPI FEDERAL (ART. 58, §3°, CF) – A CPI pode investigar o Chefe do Executivo, pessoas físicas ou
jurídicas, órgão ou instituições ligadas à gestão da coisa pública ou que, de alguma forma, tenham que
prestar conta sobre dinheiro, bens ou valores públicos. É uma comissão TEMPORÁRIA do Congresso
Nacional. Logo, não pode investigar o que extravase as competências do Congresso.

REQUISITOS PARA CRIAÇÃO DE CPI


» 1/3 dos membros da Câmara dos Deputados ou Senado Federal

» Investigar fato determinado.

» Prazo certo de duração.

72 CICLOS RETA FINAL TJ/PR | @CICLOSR3


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#CUIDADO: pode ser que um fato guarde relação com interesse nacional e estadual. Não há
problema nesse caso de instauração de CPI federal e CPI estadual. O que não pode acontecer é CPI
federal ser criada para investigar fatos de exclusivo interesse do Estado.

“Fatos conexos inicialmente desconhecidos e revelados durante a investigação também podem ser
investigados, desde que haja um aditamento do requerimento de criação da CPI”.

PODERES DA CPI
Poderes de investigação próprios de autoridade judicial, além dos previstos nos regimentos internos.

1. Quebra dos sigilos bancário, fiscal, telefônico e de dados (STF, MS 25668).

2. Busca e apreensão de documentos e equipamentos, respeitados a inviolabilidade do


domicílio.

3. Determinar a condução coercitiva de testemunhas ou indiciados.

4. Determinar a realização de exames periciais.

LIMITES AOS PODERES DA CPI


1. Cláusula da reserva de jurisdição. Ex.: interceptação telefônica.

2. Direito de Não-Incriminação (art. 5°, LXIII, da CF)

3. Sigilo Profissional (art. 5°, LIV, da CF)

4. Não pode formular acusações, punir delitos e nem adotar medidas acautelatórias, tais
como indisponibilidade de bens (MS 23480), proibição de ausentar-se do país, arresto, sequestro e hipo-
teca judiciária.

Autonomia Federativa: A CPI federal PODE investigar autoridade estadual caso haja investigação
de interesse nacional e não exclusivamente estadual.

CPI ESTADUAL
» A CPI estadual tem poderes simétricos à CPI federal.

» O STJ decidiu no AgR na Pet 1611: “CPIs estaduais não tem competência para investigar autori-
dades com prerrogativa de foro em órgãos do judiciário federal”.

73 CICLOS RETA FINAL TJ/PR | @CICLOSR3


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CPI MUNICIPAL
Deve haver previsão expressa na Constituição Estadual, Lei Orgânica do Município, etc. Além
disso: fato determinado, prazo certo e quórum. Prevalece no âmbito doutrinário que “por não haver
órgão judicial no município, a CPI municipal não pode ter poderes de investigação próprios de autoridade
judicial”.

GARANTIAS DO PODER LEGISLATIVO


Visam assegurar aos parlamentares a liberdade necessária para que desempenhem suas
funções. Atualmente o STF tem o entendimento de que o afastamento do parlamentar suspende as
imunidades material e formal, mas não afasta a prerrogativa de foro.

Art. 53, § 8º. As imunidades de Deputados ou Senadores subsistirão durante o estado de sítio, só
podendo ser suspensas mediante o voto de dois terços dos membros da Casa respectiva, nos casos
de atos praticados fora do recinto do Congresso Nacional, que sejam incompatíveis com a execu-
ção da medida.

Suplentes: não possuem as garantias (imunidades e prerrogativa de foro) conferidas aos parlamen-
tares.

SENADORES E DEPUTADOS FEDERAIS


» Foro por Prerrogativa de Função (art. 53, §1° e art. 102, I, “b”, da CF).

Art. 53, § 1º Os Deputados e Senadores, desde a expedição do diploma, serão submetidos a julga-
mento perante o Supremo Tribunal Federal.

Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, caben-
do-lhe:

I - Processar e julgar, originariamente:

b) nas infrações penais comuns, o Presidente da República, o Vice-Presidente, os membros do Congres-


so Nacional, seus próprios Ministros e o Procurador-Geral da República.

#ATENÇÃO: Em improbidade administrativa não há foro por prerrogativa de função.

#IMPORTANTE: o art. 102, I, “b”, da CF prevalece sobre a regra do tribunal do júri insculpida no art.
5°, XXXVIII.

74 CICLOS RETA FINAL TJ/PR | @CICLOSR3


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#ATENÇÃO – REDUÇÃO TELEOLÓGICA DO FORO POR PRERROGATIVA

As normas da Constituição de 1988 que estabelecem as hipóteses de foro por prerrogativa de


função devem ser interpretadas restritivamente, aplicando-se apenas aos crimes que tenham sido
praticados durante o exercício do cargo e em razão dele. Assim, por exemplo, se o crime foi prati-
cado antes de o indivíduo ser diplomado como Deputado Federal, não se justifica a competência
do STF, devendo ele ser julgado pela 1ª instância mesmo ocupando o cargo de parlamentar federal.
Além disso, mesmo que o crime tenha sido cometido após a investidura no mandato, se o delito
não apresentar relação direta com as funções exercidas, também não haverá foro privilegiado. Foi
fixada, portanto, a seguinte tese: O foro por prerrogativa de função aplica-se apenas aos crimes
cometidos durante o exercício do cargo e relacionados às funções desempenhadas. STF. Plenário.
AP 937 QO/RJ, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 03/05/2018.

Após o final da instrução processual, com a publicação do despacho de intimação para apresenta-
ção de alegações finais, a competência para processar e julgar ações penais não será mais afetada
em razão de o agente público vir a ocupar outro cargo ou deixar o cargo que ocupava, qualquer
que seja o motivo. STF. Plenário. AP 937 QO/RJ, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 03/05/2018.

» Imunidades materiais (freedom of speech)

Art. 53. Os Deputados e Senadores são invioláveis, civil e penalmente, por quaisquer de suas opiniões,
palavras e votos.

Quando proferidas fora do Congresso, o STF exige que a manifestação tenha conexão com
o exercício do mandato.

A imunidade material tem natureza jurídica de excludente de tipicidade (STF, INQ 2273 e PET
4934).

» Imunidade Formal/Incoercibilidade pessoal relativa

Art. 53, § 2º, CF. Desde a expedição do diploma, os membros do Congresso Nacional não poderão
ser presos, salvo em flagrante de crime inafiançável. Nesse caso, os autos serão remetidos dentro
de vinte e quatro horas à Casa respectiva, para que, pelo voto da maioria de seus membros, resolva
sobre a prisão.

A imunidade formal não abrange só a imunidade processual, mas também a questão prisional.

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• OBS¹. Súmula 245 a aplicação apenas a imunidade formal

Súmula 245 STF. A imunidade parlamentar não se estende ao corréu sem essa prerrogativa.

A súmula 245, apesar de tratar “imunidade parlamentar”, essa súmula atinge apenas a imunidade
formal. Isso porque a palavra “réu” só tem sentido no âmbito da imunidade formal, já que a imuni-
dade material não leva parlamentar, em regra, a ser réu em processo judicial.

A imunidade formal obsta a prisão cautelar do parlamentar, salvo em flagrante de crime inafiançá-
vel. A proibição de prisão não alcança a prisão no caso de condenação definitiva transitada
em julgado.

• OBS². Não é mais necessária a autorização da Câmara ou Senado para que o parlamentar seja proces-
sado e julgado. Atualmente, o PGR oferece denúncia perante o STF, que dará ciência à Casa do respec-
tivo parlamentar, que, por iniciativa de partido político nela representado e pelo voto da maioria abso-
luta de seus membros poderá até a decisão final sustar o andamento da ação.

PROCESSO LEGISLATIVO
O art. 62 da CF/88 prevê que o Presidente da República somente poderá editar medidas provisórias
em caso de relevância e urgência. A definição do que seja relevante e urgente para fins de edição de
medidas provisórias consiste, em regra, em um juízo político (escolha política/discricionária) de compe-
tência do Presidente da República, controlado pelo Congresso Nacional.

Desse modo, salvo em caso de notório abuso, o Poder Judiciário não deve se imiscuir na análise
dos requisitos da MP. No caso de MP que trate sobre situação tipicamente financeira e tributária, deve
prevalecer, em regra, o juízo do administrador público, não devendo o STF declarar a norma inconstitu-
cional por afronta ao art. 62 da CF/88. STF. Plenário. ADI 1055/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em
15/12/2016 (Info 851).

PODER JUDICIÁRIO

É importante que percebamos algo muito importante para concursos: não cabe ao STF conhecer
o mandado de segurança, nem o habeas data, nem o habeas corpus, quando o coator for Ministro de
Estado (ou Comandantes de Força), embora conheça do habeas corpus paciente deles. Acontece que o
habeas corpus coator, bem como o mandado de segurança e habeas data contra atos de Ministros está
no âmbito da Competência do STJ (CF, art. 105, I, b e c). Desta forma, em se tratando de Ministros de
Estado (e Comandantes de Força):

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• Falou em “paciente” = Competência do STF.

• Falou em coator (contra atos) = Competência do STJ.

Caso a questão fale de “recurso ordinário” = sempre deverá envolver coisas ou pessoas (físicas ou
jurídicas) – tais como remédios constitucionais, crimes ou demais conflitos. Caso a questão fale de “recur-
so extraordinário” (sempre ao STF) ou “recurso especial” (STJ), ela deverá falar em leis ou atos normativos.

Quando falar em conflito de “competência” = conflito entre órgãos do Judiciário:

• Se envolver tribunais superiores- Competente é o STF.

• Se envolver tribunais de segundo grau - Competente é o STJ.

Quando falar em conflitos de “atribuições” = conflito entre autoridades administrativas X autoridade


judiciárias de entes diversos. Neste caso, o competente é o STJ.

Quando falarmos de recursos envolvendo conflitos com a lei federal, temos:

• Conflito “ato” local X Lei Federal = R. Esp. no STJ.

• Conflito “lei” local x Lei Federal = Conflito federativo = R.Ex no Supremo.

SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL


Vale ressaltar a leitura do artigo 102, da Constituição Federal:

Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, caben-
do-lhe:

I - processar e julgar, originariamente:

a) a ação direta de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo federal ou estadual e a ação decla-
ratória de constitucionalidade de lei ou ato normativo federal;

b) nas infrações penais comuns, o Presidente da República, o Vice-Presidente, os membros


do Congresso Nacional, seus próprios Ministros e o Procurador-Geral da República;

c) nas infrações penais comuns e nos crimes de responsabilidade, os Ministros de Estado e os


Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, ressalvado o disposto no art. 52, I, os
membros dos Tribunais Superiores, os do Tribunal de Contas da União e os chefes de missão diplo-
mática de caráter permanente;

d) o habeas corpus, sendo paciente qualquer das pessoas referidas nas alíneas anteriores; o manda-

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do de segurança e o habeas data contra atos do Presidente da República, das Mesas da Câmara dos
Deputados e do Senado Federal, do Tribunal de Contas da União, do Procurador-Geral da República
e do próprio Supremo Tribunal Federal;

e) o litígio entre Estado estrangeiro ou organismo internacional e a União, o Estado, o Distri-


to Federal ou o Território;

f) as causas e os conflitos entre a União e os Estados, a União e o Distrito Federal, ou entre


uns e outros, inclusive as respectivas entidades da administração indireta;

g) a extradição solicitada por Estado estrangeiro;

h) Revogado.

i) o habeas corpus, quando o coator for Tribunal Superior ou quando o coator ou o paciente for
autoridade ou funcionário cujos atos estejam sujeitos diretamente à jurisdição do Supremo Tribunal
Federal, ou se trate de crime sujeito à mesma jurisdição em uma única instância;

j) a revisão criminal e a ação rescisória de seus julgados;

l) a reclamação para a preservação de sua competência e garantia da autoridade de suas decisões;

m) a execução de sentença nas causas de sua competência originária, facultada a delegação de


atribuições para a prática de atos processuais;

n) a ação em que todos os membros da magistratura sejam direta ou indiretamente interessados, e


aquela em que mais da metade dos membros do tribunal de origem estejam impedidos ou sejam
direta ou indiretamente interessados;

o) os conflitos de competência entre o Superior Tribunal de Justiça e quaisquer tribunais, entre Tribu-
nais Superiores, ou entre estes e qualquer outro tribunal;

p) o pedido de medida cautelar das ações diretas de inconstitucionalidade;

q) o mandado de injunção, quando a elaboração da norma regulamentadora for atribuição do


Presidente da República, do Congresso Nacional, da Câmara dos Deputados, do Senado Federal,
das Mesas de uma dessas Casas Legislativas, do Tribunal de Contas da União, de um dos Tribunais
Superiores, ou do próprio Supremo Tribunal Federal;

r) as ações contra o Conselho Nacional de Justiça e contra o Conselho Nacional do Ministé-


rio Público;

II - julgar, em recurso ordinário:

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a) o habeas corpus, o mandado de segurança, o habeas data e o mandado de injunção decididos


em única instância pelos Tribunais Superiores, se denegatória a decisão;

b) o crime político;

III - julgar, mediante recurso extraordinário, as causas decididas em única ou última instância,
quando a decisão recorrida:

a) contrariar dispositivo desta Constituição;

b) declarar a inconstitucionalidade de tratado ou lei federal;

c) julgar válida lei ou ato de governo local contestado em face desta Constituição.

d) julgar válida lei local contestada em face de lei federal.

§ 1.º A arguição de descumprimento de preceito fundamental, decorrente desta Constituição, será


apreciada pelo Supremo Tribunal Federal, na forma da lei.

§ 2º As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal, nas ações diretas
de inconstitucionalidade e nas ações declaratórias de constitucionalidade produzirão eficácia contra
todos e efeito vinculante, relativamente aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração
pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal.

§ 3º No recurso extraordinário o recorrente deverá demonstrar a repercussão geral das questões


constitucionais discutidas no caso, nos termos da lei, a fim de que o Tribunal examine a admissão do
recurso, somente podendo recusá-lo pela manifestação de dois terços de seus membros.

SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA


Da mesma forma, vale a leitura do artigo 105, da Constituição Federal, que traz as competências do
Superior Tribunal de Justiça:

Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça:

I - processar e julgar, originariamente:

a) nos crimes comuns, os Governadores dos Estados e do Distrito Federal, e, nestes e nos de
responsabilidade, os desembargadores dos Tribunais de Justiça dos Estados e do Distrito Federal,
os membros dos Tribunais de Contas dos Estados e do Distrito Federal, os dos Tribunais Regionais
Federais, dos Tribunais Regionais Eleitorais e do Trabalho, os membros dos Conselhos ou Tribunais
de Contas dos Municípios e os do Ministério Público da União que oficiem perante tribunais;

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b) os mandados de segurança e os habeas data contra ato de Ministro de Estado, dos Comandan-


tes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica ou do próprio Tribunal;

c) os habeas corpus, quando o coator ou paciente for qualquer das pessoas mencionadas na alínea
“a”, ou quando o coator for tribunal sujeito à sua jurisdição, Ministro de Estado ou Comandante da
Marinha, do Exército ou da Aeronáutica, ressalvada a competência da Justiça Eleitoral;

d) os conflitos de competência entre quaisquer tribunais, ressalvado o disposto no art. 102, I, “o”,
bem como entre tribunal e juízes a ele não vinculados e entre juízes vinculados a tribunais diversos;

e) as revisões criminais e as ações rescisórias de seus julgados;

f ) a reclamação para a preservação de sua competência e garantia da autoridade de suas decisões;

g) os conflitos de atribuições entre autoridades administrativas e judiciárias da União, ou entre auto-


ridades judiciárias de um Estado e administrativas de outro ou do Distrito Federal, ou entre as deste
e da União;

h) o mandado de injunção, quando a elaboração da norma regulamentadora for atribuição de


órgão, entidade ou autoridade federal, da administração direta ou indireta, excetuados os casos de
competência do Supremo Tribunal Federal e dos órgãos da Justiça Militar, da Justiça Eleitoral, da
Justiça do Trabalho e da Justiça Federal;

i) a homologação de sentenças estrangeiras e a concessão de exequatur às cartas rogatórias;

II - julgar, em recurso ordinário:

a) os habeas corpus decididos em única ou última instância pelos Tribunais Regionais Federais


ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios, quando a decisão for denegatória;

b) os mandados de segurança decididos em única instância pelos Tribunais Regionais Federais


ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios, quando denegatória a decisão;

c) as causas em que forem partes Estado estrangeiro ou organismo internacional, de um


lado, e, do outro, Município ou pessoa residente ou domiciliada no País;

III - julgar, em recurso especial, as causas decididas, em única ou última instância, pelos Tribunais
Regionais Federais ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios, quando a decisão
recorrida:

a) contrariar tratado ou lei federal, ou negar-lhes vigência;

b) julgar válido ato de governo local contestado em face de lei federal;

80 CICLOS RETA FINAL TJ/PR | @CICLOSR3


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c) der a lei federal interpretação divergente da que lhe haja atribuído outro tribunal.

Parágrafo único. Funcionarão junto ao Superior Tribunal de Justiça:

I - a Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de Magistrados, cabendo-lhe, dentre outras


funções, regulamentar os cursos oficiais para o ingresso e promoção na carreira;

II - o Conselho da Justiça Federal, cabendo-lhe exercer, na forma da lei, a supervisão administrativa


e orçamentária da Justiça Federal de primeiro e segundo graus, como órgão central do sistema e
com poderes correicionais, cujas decisões terão caráter vinculante.

CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA - CNJ


Art. 103-B. O Conselho Nacional de Justiça compõe-se de 15 (quinze) membros com mandato de 2
(dois) anos, admitida 1 (uma) recondução, sendo: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 61, de
2009)
I - o Presidente do Supremo Tribunal Federal; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 61, de
2009)
II um Ministro do Superior Tribunal de Justiça, indicado pelo respectivo tribunal; (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 45, de 2004)
III um Ministro do Tribunal Superior do Trabalho, indicado pelo respectivo tribunal; (Incluído pela Emen-
da Constitucional nº 45, de 2004)
IV um desembargador de Tribunal de Justiça, indicado pelo Supremo Tribunal Federal; (Incluído pela
Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
V um juiz estadual, indicado pelo Supremo Tribunal Federal; (Incluído pela Emenda Constitucional nº
45, de 2004)
VI um juiz de Tribunal Regional Federal, indicado pelo Superior Tribunal de Justiça; (Incluído pela Emen-
da Constitucional nº 45, de 2004)
VII um juiz federal, indicado pelo Superior Tribunal de Justiça; (Incluído pela Emenda Constitucional nº
45, de 2004)
VIII um juiz de Tribunal Regional do Trabalho, indicado pelo Tribunal Superior do Trabalho; (Incluído pela
Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
IX um juiz do trabalho, indicado pelo Tribunal Superior do Trabalho; (Incluído pela Emenda Constitucio-
nal nº 45, de 2004)
X um membro do Ministério Público da União, indicado pelo Procurador-Geral da República; (Incluído
pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
XI um membro do Ministério Público estadual, escolhido pelo Procurador-Geral da República dentre os
nomes indicados pelo órgão competente de cada instituição estadual; (Incluído pela Emenda Consti-
tucional

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nº 45, de 2004)
XII dois advogados, indicados pelo Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil; (Incluído pela
Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
XIII dois cidadãos, de notável saber jurídico e reputação ilibada, indicados um pela Câmara dos Depu-
tados e outro pelo Senado Federal. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
§ 1º O Conselho será presidido pelo Presidente do Supremo Tribunal Federal e, nas suas ausências e
impedimentos, pelo Vice-Presidente do Supremo Tribunal Federal. (Redação dada pela Emenda Cons-
titucional nº 61, de 2009)
§ 2º Os demais membros do Conselho serão nomeados pelo Presidente da República, depois de apro-
vada a escolha pela maioria absoluta do Senado Federal. (Redação dada pela Emenda Constitucional
nº 61, de 2009)
§ 3º Não efetuadas, no prazo legal, as indicações previstas neste artigo, caberá a escolha ao Supremo
Tribunal Federal.

SÚMULA VINCULANTE
Art. 103-A. O Supremo Tribunal Federal poderá, de ofício ou por provocação, mediante decisão de dois
terços dos seus membros, após reiteradas decisões sobre matéria constitucional, aprovar súmula que,
a partir de sua publicação na imprensa oficial, terá efeito vinculante em relação aos demais órgãos do
Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal,
bem como proceder à sua revisão ou cancelamento, na forma estabelecida em lei. (Incluído pela Emen-
da Constitucional nº 45, de 2004)
§ 1º A súmula terá por objetivo a validade, a interpretação e a eficácia de normas determinadas, acer-
ca das quais haja controvérsia atual entre órgãos judiciários ou entre esses e a administração pública
que acarrete grave insegurança jurídica e relevante multiplicação de processos sobre questão idêntica.
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
§ 2º Sem prejuízo do que vier a ser estabelecido em lei, a aprovação, revisão ou cancelamento de
súmula poderá ser provocada por aqueles que podem propor a ação direta de inconstitucionalidade.
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
§ 3º Do ato administrativo ou decisão judicial que contrariar a súmula aplicável ou que indevidamente
a aplicar, caberá reclamação ao Supremo Tribunal Federal que, julgando-a procedente, anulará o ato
administrativo ou cassará a decisão judicial reclamada, e determinará que outra seja proferida com ou
sem a aplicação da súmula, conforme o caso. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)

#SELIGNAJURIS

O prazo de 1 ano previsto no art. 103-B, § 4º, V da CF/88 incide apenas para revisões de
PADs, não se aplicando para atuação originária do CNJ. A competência originária do CNJ para
a apuração disciplinar, ao contrário da revisional, não se sujeita ao parâmetro temporal previsto
no art. 103-B, § 4º, V da CF/88. STF. 2ª Turma. MS 34685 AgR/RR, rel. Min. Dias Toffoli, julgado em

82 CICLOS RETA FINAL TJ/PR | @CICLOSR3


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28/11/2017 (Info 886).

CNJ não pode examinar controvérsia que está submetida à apreciação do Poder Judiciário.
Não cabe ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ), cujas atribuições são exclusivamente administrati-
vas, o controle de controvérsia que está submetida à apreciação do Poder Judiciário. STF. 1ª Turma.
MS 28845/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 21/11/2017 (Info 885).

CNJ, no exercício de controle administrativo, pode deixar de aplicar lei inconstitucional.


CNJ pode determinar que Tribunal de Justiça exonere servidores nomeados sem concurso público
para cargos em comissão que não se amoldam às atribuições de direção, chefia e assessoramento,
contrariando o art. 37, V, da CF/88. Esta decisão do CNJ não configura controle de constituciona-
lidade, sendo exercício de controle da validade dos atos administrativos do Poder Judiciário. STF.
Plenário. Pet 4656/PB, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 19/12/2016 (Info 851).

Análise da constitucionalidade de resolução que permite reeleição para cargos de direção


no TJ. É inconstitucional norma do Tribunal de Justiça que permite a reeleição de desembargadores
para cargos de direção após o intervalo de dois mandatos. Esta previsão viola o art. 93, caput, da
CF/88, segundo o qual a regulamentação da matéria afeta à elegibilidade para os órgãos diretivos
dos tribunais está reservada a lei complementar de iniciativa do Supremo Tribunal Federal. Além
disso, esta norma afronta o tratamento que foi dado à matéria pelo art. 102 da LOMAN (LC 35/79),
que regulamenta o art. 93 da CF/88. STF. Plenário. ADI 5310/RJ, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em
14/12/2016 (Info 851).

Dever do Poder Executivo de efetuar os repasses de duodécimo na forma do art. 168 da


CF/88. A lei orçamentária anual do Estado do Rio de Janeiro foi aprovada e nela previsto o orça-
mento do Poder Judiciário. Ocorre que o Poder Executivo estadual não estava cumprindo seu dever
de repassar os recursos correspondentes às dotações orçamentárias do Poder Judiciário em duodé-
cimos. Diante disso, o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro impetrou mandado de segurança, com
pedido de tutela de urgência, contra o ato omissivo do Governador do Estado do Rio de Janeiro
no atraso do repasse dos referidos recursos. O Governador argumentou que o Estado passa por
uma crise muito grave e que no ano de 2016 houve um déficit orçamentário de 19,6% em relação
ao orçamento que foi previsto na Lei orçamentária anual. O STF deferiu parcialmente a medida
liminar, assegurando-se ao Poder Judiciário do Estado do Rio de Janeiro o direito de receber, até
o dia 20 de cada mês, em duodécimos, os recursos correspondentes às dotações orçamentárias,
sendo, contudo, facultado ao Poder Executivo fazer um desconto de 19,6% da Receita Corrente
Líquida prevista na LOA. A crise do Estado e a queda na arrecadação não justificam que o Poder
Executivo deixe de repassar o duodécimo ao Poder Judiciário. No entanto, deve ser autorizado que
o Executivo diminua os valores a serem entregues ao TJ de forma proporcional à redução que houve

83 CICLOS RETA FINAL TJ/PR | @CICLOSR3


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na arrecadação inicialmente prevista pela Lei Orçamentária Anual. Não faz sentido que, diante de
uma situação de déficit orçamentário (a realização do orçamento foi muito inferior ao previsto), o
Poder Executivo reduza seu orçamento e o Poder Judiciário continue com seu duodécimo calculado
com base na previsão da receita que não foi a verificada na prática. Havendo frustração de receita,
o ônus deve ser compartilhado de forma isonômica entre todos os Poderes. Em suma, a base de
cálculo dos duodécimos deve observar o valor real de efetivo desempenho orçamentário e não
o valor fictício previsto na lei orçamentária. STF. 1ª Turma. MS 34483-MC/RJ, Rel. Min. Dias Toffoli,
julgado em 22/11/2016 (Info 848).

FUNÇÕES ESSENCIAIS À JUSTIÇA

#SELIGANAJURIS

Termo inicial da ação civil para a perda do cargo de membro do MP. Na hipótese de membro
de Ministério Público Estadual praticar falta administrativa também prevista na lei penal como crime,
o prazo prescricional da ação civil para a aplicação da pena administrativa de perda do cargo
somente tem início com o trânsito em julgado da sentença condenatória na órbita penal. STJ. 2ª
Turma.REsp 1535222-MA, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 28/3/2017 (Info 601).

O PGJ somente pode ser reconduzido uma única vez. É inconstitucional dispositivo de CE que
permita a recondução ao cargo de Procurador-Geral de Justiça sem limite de mandatos. Essa previ-
são contraria o art. 128, § 3º da CF/88, que autoriza uma única recondução. STF. Plenário. ADI 3077/
SE, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 16/11/2016 (Info 847).

Conflito de atribuições envolvendo MPE e MPF deve ser dirimido pelo PGR. Compete ao PGR,
na condição de órgão nacional do Ministério Público, dirimir conflitos de atribuições entre membros
do MPF e de Ministérios Públicos estaduais. STF. Plenário. ACO 924/PR, Rel. Min. Luiz Fux, julgado
em 19/5/2016 (Info 826).

Para que a DPE atue no STJ, é necessário que possua escritório de representação em Brasília.
A Defensoria Pública Estadual pode atuar no STJ, no entanto, para isso, é necessário que possua
escritório de representação em Brasília. Se a Defensoria Pública estadual não tiver representação
na capital federal, as intimações das decisões do STJ nos processos de interesse da DPE serão feitas
para a DPU. Assim, enquanto os Estados, mediante lei específica, não organizarem suas Defensorias
Públicas para atuarem continuamente nesta Capital Federal, inclusive com sede própria, o acompa-
nhamento dos processos no STJ constitui prerrogativa da DPU. A DPU foi estruturada sob o pálio
dos princípios da unidade e da indivisibilidade para dar suporte às Defensorias Públicas estaduais

84 CICLOS RETA FINAL TJ/PR | @CICLOSR3


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e fazer as vezes daquelas de Estados-Membros longínquos, que não podem exercer o múnus a
cada recurso endereçado aos tribunais superiores. STJ. 6ª Turma. AgRg no HC 378.088/SC, Rel. Min.
Sebastião Reis Júnior, julgado em 06/12/2016. STF. 1ª Turma. HC 118294/AP, rel. orig. Min. Marco
Aurélio, red. p/ o ac. Min. Roberto Barroso, julgado em 7/3/2017 (Info 856).

10 Poder Executivo: princípios constitucionais da Administração Pública; presidencialismo e


parlamentarismo; organização e estrutura do Poder Executivo; eleição e mandato do Chefe
do Executivo; perda do mandato: hipóteses e consequências; responsabilidade do Chefe do
Executivo; Estado de sítio e Estado de defesa; Medida Provisória: natureza, efeitos, conteúdo
e limites; competência política, executiva e regulamentar.

FORMAS DE GOVERNO

MONARQUIA REPÚBLICA

1. Irresponsabilidade política do governante. 1. Há responsabilização política do governante.


2. Hereditariedade. 2. Eletividade: voto.
3. Vitaliciedade. 3. Temporariedade.

SISTEMAS DE GOVERNO

PRESIDENCIALISMO PARLAMENTARISMO SEMIPRESIDENCIALISMO

1. Reunião do Chefe 1. Há dualidade do Poder


1. Há divisão do Poder Executivo. O Chefe
de Estado e Chefe Executivo. O Chefe de
de Estado é o Monarca ou Presidente da
de Governo em uma Estado é sempre o
República. O Chefe de Governo é o Primeiro
mesma pessoa. Presidente da Repúbli-
Ministro.
2. Prazo fixo de ca. Exerce importantes
2. Não existe prazo fixo para exercício do
mandato. funções políticas, bem
poder pelo Primeiro Ministro, escolhido pelo
como escolhe o Primei-
Parlamento.
3. Independência em ro Ministro, sendo este
3. Responsabilização do Primeiro Ministro
relação ao Parlamento. apenas aprovado pelo
perante o Parlamento.
* “Recall”. Parlamento.
“Moção de desconfiança”.

Sobre as Atribuições do Presidente da República, a leitura do Artigo 84, da Constituição Federal é


obrigatória:

Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República:

85 CICLOS RETA FINAL TJ/PR | @CICLOSR3


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I - nomear e exonerar os Ministros de Estado;

II - exercer, com o auxílio dos Ministros de Estado, a direção superior da administração federal;

III - iniciar o processo legislativo, na forma e nos casos previstos nesta Constituição;

IV - sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem como expedir decretos e regulamentos para
sua fiel execução;

V - vetar projetos de lei, total ou parcialmente;

VI – dispor, mediante decreto, sobre:

a) organização e funcionamento da administração federal, quando não implicar aumento de despe-


sa nem criação ou extinção de órgãos públicos;

b) extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos;

VII - manter relações com Estados estrangeiros e acreditar seus representantes diplomáticos;

VIII - celebrar tratados, convenções e atos internacionais, sujeitos a referendo do Congresso Nacio-
nal;

IX - decretar o estado de defesa e o estado de sítio;

X - decretar e executar a intervenção federal;

XI - remeter mensagem e plano de governo ao Congresso Nacional por ocasião da abertura da


sessão legislativa, expondo a situação do País e solicitando as providências que julgar necessárias;

XII - conceder indulto e comutar penas, com audiência, se necessário, dos órgãos instituídos em lei;

XIII - exercer o comando supremo das Forças Armadas, nomear os Comandantes da Marinha, do
Exército e da Aeronáutica, promover seus oficiais-generais e nomeá-los para os cargos que lhes são
privativos;

XIV - nomear, após aprovação pelo Senado Federal, os Ministros do Supremo Tribunal Federal e
dos Tribunais Superiores, os Governadores de Territórios, o Procurador-Geral da República, o presi-
dente e os diretores do banco central e outros servidores, quando determinado em lei;

XV - nomear, observado o disposto no art. 73, os Ministros do Tribunal de Contas da União;

XVI - nomear os magistrados, nos casos previstos nesta Constituição, e o Advogado-Geral da União;

XVII - nomear membros do Conselho da República, nos termos do art. 89, VII;

86 CICLOS RETA FINAL TJ/PR | @CICLOSR3


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XVIII - convocar e presidir o Conselho da República e o Conselho de Defesa Nacional;

XIX - declarar guerra, no caso de agressão estrangeira, autorizado pelo Congresso Nacional ou
referendado por ele, quando ocorrida no intervalo das sessões legislativas, e, nas mesmas condi-
ções, decretar, total ou parcialmente, a mobilização nacional;

XX - celebrar a paz, autorizado ou com o referendo do Congresso Nacional;

XXI - conferir condecorações e distinções honoríficas;

XXII - permitir, nos casos previstos em lei complementar, que forças estrangeiras transitem pelo terri-
tório nacional ou nele permaneçam temporariamente;

XXIII - enviar ao Congresso Nacional o plano plurianual, o projeto de lei de diretrizes orçamentárias
e as propostas de orçamento previstos nesta Constituição;

XXIV - prestar, anualmente, ao Congresso Nacional, dentro de sessenta dias após a abertura da
sessão legislativa, as contas referentes ao exercício anterior;

XXV - prover e extinguir os cargos públicos federais, na forma da lei;

XXVI - editar medidas provisórias com força de lei, nos termos do art. 62;

XXVII - exercer outras atribuições previstas nesta Constituição.

Parágrafo único. O Presidente da República poderá delegar as atribuições mencionadas nos inci-
sos VI, XII e XXV, primeira parte, aos Ministros de Estado, ao Procurador-Geral da República ou ao
Advogado-Geral da União, que observarão os limites traçados nas respectivas delegações.

ESTRUTURA FEDERATIVA BRASILEIRA

FEDERAÇÃO CONFEDERAÇÃO
Estado Pessoa jurídica de Direito Público
Unidos pela Constituição Unidos por tratado internacional
Membros são dotados de autonomia Membros são dotados de soberania
Veda o direito de secessão Permite o direito de secessão
Decisões dos órgãos centrais são obrigatórios
para todos os membros, desde que observados
Membros possuem o direito de nulificação
os limites da competência constitucionalmente
estabelecida

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Atividades relacionadas a assuntos internos e Atividades voltadas especialmente aos negócios


externos externos
Cidadãos possuem a nacionalidade do Estado
Cidadãos são nacionais dos respectivos Estados
Federal
Congresso Confederal é o único órgão comum
Poder Central é dividido em Legislativo, Executivo
a todos os Estados (Cada Estado possui o seu
e Judiciário
próprio Poder Executivo e Judiciário)

ESTADO FEDERAL
- Descentralização político-administrativa fixada pela constituição
Características
- Participação das vontades parciais na vontade geral
Essenciais
- Auto-organização dos Estados-membros
Requisitos - Rigidez constitucional
para manu- - Imutabilidade da formal federativa
tenção - Controle de constitucionalidade

REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL


Forma de Estado FEDERAÇÃO
Forma de governo REPÚBLICA
Sistema de governo PRESIDENCIALISTA
Regime de governo DEMOCRÁTICO

MODELOS DE FEDERALISMO
QUANTO À ORIGEM
CENTRÍPETO/AGREGA- é aquele no qual antes havia um modelo descentralizado e, com o pacto
ÇÃO federal, ocorre a centralização. Ex.: EUA.
CENTRÍFUGO/SEGRE- antes havia mais centralização, mas o federalismo impõe a descentralização
GAÇÃO para os entes autônomos. Ex.: Brasil.
QUANTO AO NÚMERO DE ENTES
BIDIMENSIONAL há apenas dois entes. Ex.: Apenas União e Estados.
há três entes. Ex.: União, Estados e Municípios.
TRIDIMENSIONAL Brasil é um dos únicos países que atribui aos Municípios a condição de ente
federal.
QUANTO À DISTRIBUIÇÃO DOS PODERES
o regime de todos os entes iguais é idêntico.
SIMÉTRICO No Brasil é assim. As competências do Estado de MG são as mesmas do
Estado de SP.

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entidades da federação iguais possuem regimes diferentes.


Obs.: No Brasil, Lenza diz que há ERRO DE SIMETRIA, pois a CF tratou os
ASSIMÉTRICO
Estados de modo tão igual que acabou desconsiderando as dessemelhan-
ças existentes entre eles.
DEMAIS ESPÉCIES
FEDERALISMO DUAL há extrema e severa divisão entre os entes.
FEDERALISMO COOPE-
mais flexível e permite a interpenetração entre os entes políticos.
RATIVO
FEDERALISMO ORGÂ- os Estados são organismos de um todo maior, que é o poder central fomen-
NICO ta o autoritarismo.
em nome da integração nacional, há a prevalência do Poder Central. É fede-
FEDERALISMO DE INTE-
ralismo apenas formal, em tudo se aproximando ao Estado unitário descen-
GRAÇÃO
tralizado administrativamente.

AUTONOMIA DOS ENTES FEDERATIVOS


Os entes se organizam por suas próprias constituições estaduais ou leis
orgânicas. Deve ser observado o princípio da simetria e, assim, o processo
Auto-organização
de reforma da CE deve, obrigatoriamente, observar os requisitos estabele-
cidos na CF.
Exercem, por seus próprios poderes legislativos, as competências legislati-
Autolegislação
vas que são de sua alçada.
Elegerão seus próprios governantes e deputados, e organizarão suas
Autogoverno próprias justiças (exceto os Municípios), inclusive com sistema de controle
de constitucionalidade das leis estaduais e municipais.
Autoadministração Organizarão suas administrações, seus serviços públicos e seus servidores.

MODELOS DE REPARTIÇÃO DE COMPETÊNCIAS

MODELO CLÁSSICO: União exerce a competência expressa e os Estados a residual.

MODELO MODERNO: verificado após a 1ª guerra mundial. A CF prevê não apenas a competência
exclusiva da União, mas também a comum e concorrente dos Estados.

MODELO HORIZONTAL: não há relação de subordinação entre os entes que legislam. Predomina
no BRASIL.

MODELO VERTICAL: há divisão na competência. É o que ocorre no Brasil com a competência


CONCORRENTE, na qual as normas gerais são de atribuição da União, cabendo aos Estados apenas
a regulamentação específica.

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COMPETÊNCIAS LEGISLATIVAS
Atribuída a uma entidade federada com exclusão de todas as demais, SEM
Exclusivas1
possibilidade de delegação.
Da união (artigo 22 e parágrafo único). Pode ser delegada aos Estados para
Privativas
legislarem sobre determinada matéria, por meio de Lei complementar.
Atribuída a mais de um ente federado com atuação em níveis distintos.
Os municípios estão excluídos, cabem somente a União, Estados e Distrito Federal,
que poderão legislar concorrentemente sobre os assuntos constantes no artigo 24,
mas, NÃO há superposição. §§ 1º a 4º: À união competem às normas gerais; os
Concorrentes Estados têm competência suplementar; se a União não emitir as normas gerais, os
Estados poderão exercer a competência plena sobre o assunto; se após o exercício
da competência plena dos Estados, surgir, supervenientemente, regulamentação
sobre normas gerais da União, a norma dos Estados terá a eficácia suspensa (não é
revogação nem invalidez, no que contradizer a União, não existindo repristinação).
Conferida a determinado ente para complementar as normas gerais dispostas
por outro ou para suprir a ausência dessas normas gerais. Artigo 24, § 2º trata
Suplementares
da competência LEGISLATIVA SUPLEMENTAR DOS ESTADOS e o art. 30, II fala da
competência LEGISLATIVA SUPLEMENTAR DOS MUNICÍPIOS

#SELIGANAJURIS #COLANARETINA

Alteração dos limites de um Município exige plebiscito. Para que sejam alterados os limites
territoriais de um Município é necessária a realização de consulta prévia, mediante plebiscito, às
populações dos Municípios envolvidos, nos termos do art. 18, § 4º da CF/88. STF. Plenário. ADI 2921/
RJ, rel. orig. Min. Ayres Britto, red. p/ o ac. Min. Dias Toffoli, julgado em 9/8/2017 (Info 872).

É necessária a edição de LC federal para que possam ser criados novos municípios. Para a
criação de novos Municípios, o art. 18, § 4º, da CF/88 exige a edição de uma Lei Complementar
Federal estabelecendo o procedimento e o período no qual os Municípios poderão ser criados,
incorporados, fundidos ou desmembrados. Como atualmente não existe essa LC, as leis estaduais
que forem editadas criando novos Municípios serão inconstitucionais por violarem a exigência do §
4º do art. 18. STF. Plenário. ADI 4992/RO, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 11/9/2014 (Info 758).

Estado que deixou de pagar precatórios e intervenção federal. O descumprimento voluntário


e intencional de decisão transitada em julgado configura pressuposto indispensável ao acolhimento
do pedido de intervenção federal. Para que seja decretada a intervenção federal em um Estado-
-membro que tenha deixado de pagar precatórios é necessário que fique comprovado que esse
descumprimento é voluntário e intencional. Se ficar demonstrado que o ente não pagou por difi-
culdades financeiras não há intervenção. STF. Plenário. IF 5101/RS, IF 5105/RS, IF 5106/RS, IF 5114/RS,

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rel. Min. Cezar Peluso, julgado em 28/3/2012.

Súmula vinculante 2-STF: É inconstitucional a lei ou ato normativo estadual ou distrital que disponha
sobre sistemas de consórcios e sorteios, inclusive bingos e loterias.

Súmula vinculante 38-STF: É competente o Município para fixar o horário de funcionamento de


estabelecimento comercial.

Súmula vinculante 39-STF: Compete privativamente à União legislar sobre vencimentos dos membros
das polícias civil e militar do Distrito Federal.

Súmula vinculante 46-STF: A definição dos crimes de responsabilidade e o estabelecimento das


respectivas normas de processo e julgamento são da competência legislativa privativa da União.

Súmula 419-STF: Os municípios têm competência para regular o horário do comércio local, desde
que não infrinjam leis estaduais ou federais válidas.

Súmula 19-STJ: A fixação do horário bancário, para atendimento ao público, é da competência da


União.

DIREITOS E GARANTIAIS INDIVIDUAIS

DIREITOS FUNDAMENTAIS
Na Constituição Federal, os direitos e garantias fundamentais estão insertas no Título II, e são dividi-
dos em direitos e garantias individuais e coletivos (capítulo I), direitos sociais (capítulo II), direitos nacionais
(capítulo III), direitos políticos (capítulo IV) e partidos políticos (capítulo V). Ressalve-se que a maior parte
dos direitos coletivos está inserida no capítulo dos direitos sociais.

DIREITO X GARANTIA: Diz-se que direito é uma faculdade de agir, exercer, fazer ou deixar de fazer
algo, uma liberdade positiva. As garantias não se referem às ações, mas sim às proteções que as pessoas
possuem frente ao Estado ou mesmo frente às demais pessoas. Diz-se que as garantias são proteções
para que se possa exercer um direito.

CARACTERÍSTICAS DOS DIREITOS


São históricos porque que foram conquistados ao longo
HISTORICIDADE E MUTABILIDADE
dos tempos.
INALIENABILIDADE São intransferíveis e inegociáveis

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Podem ser invocados independentemente de lapso temporal,


IMPRESCRITIBILIDADE
eles não prescrevem com o tempo.
Podem até não estar sendo exercidos, mas não poderão ser
IRRENUNCIABILIDADE
renunciados.
UNIVERSALIDADE São aplicáveis a todos, sem distinção.
Os direitos fundamentais não são absolutos, são relativos,
pois existem limites ao seu exercício. Este limite pode ser
RELATIVIDADE OU LIMITABILIDADE de ordem constitucional (decretação de Estado de Sítio ou de
Defesa) ou encontrar-se no dever de respeitar o direito da outra
pessoa.

Os direitos fundamentais formam um conjunto que deve ser


INDIVISIBILIDADE, CONCORRÊNCIA
garantido como um todo, e não de forma parcial. Um direito
E COMPLEMENTARIDADE
não excluiu o outro, eles são complementares, se somam.

TEORIA ABSOLUTA X TEORIA RELATIVA


De acordo com a teoria absoluta, o conteúdo essencial é uma parte do conteúdo total do direi-
to fundamental. Seria um núcleo duro do conteúdo total que seria intransponível pelo legislador. Esse
conteúdo essencial é absoluto! Não pode ser relativizado.

#RESUMINDO: O conteúdo essencial de um direito fundamental é uma parte do seu conteúdo


total. Consiste no chamado “núcleo duro”, o qual é considerado absoluto e intransponível. Apenas
a outra parte (periférica do Direito: tudo aquilo que sobra após a retirada do núcleo duro) estaria
disponível para a regulamentação legislativa.

A segunda teoria é a relativa (é incompatível com a classificação de JAS de eficácia limitada, contida
e plena). Essa teoria defende a necessidade de justificar as restrições aos direitos fundamentais mediante
o recurso ao princípio da proporcionalidade. Não existiria um limite intransponível, a priori. É preciso
antes analisar a medida à luz do princípio da proporcionalidade. Se a medida estatal for proporcional,
não atingiu o conteúdo essencial. Por outro lado, se se concluiu que foi desproporcional, é porque
atingiu o conteúdo essencial naquele caso.

#ATENÇÃO: Pela teoria relativa, o conteúdo essencial não pode ser definido abstratamente, deven-
do ser analisado no caso concreto por meio do princípio da proporcionalidade.

Em algum momento pode haver suspensão de direitos fundamentais? SIM, nos casos de estado de

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sítio e estado de defesa.

#CUIDADO: A dignidade não é um direito absoluto. Isso porque, além de partir da premissa de que
nenhum direito possui essa característica (e, de fato, não existe direito absoluto!), a dignidade não é
sequer um direito, mas sim uma qualidade de todo e qualquer ser humano.

JELLINEK – TEORIA DOS STATUS – MULTIFUNCIONALIDADE DOS DIREITOS


FUNDAMENTAIS

É aquele em que se encontra o indivíduo detentor de deveres perante o Esta-


STATUS PASSIVO do. É um estado de subordinação em relação ao Estado. Aqui o indivíduo é
meramente detentor de deveres.

O indivíduo possui competências para influenciar a formação da vontade estatal.


STATUS ATIVO
Ex. Direitos políticos por meio do voto.

STATUS NEGA- É aquele em que há um espaço de liberdade diante das possíveis ingerências. Ocor-
TIVO re a abstenção estatal.

É aquele em que o indivíduo tem o direito de exigir do Estado determinadas pres-


STATUS POSITI-
tações positivas. Neste status, sente-se a necessidade de o Estado suprir desigual-
VO
dades fáticas, mediante a sua intervenção nas relações jurídicas.

EFICÁCIA DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS


Quando os direitos fundamentais surgiram
eles tinham apenas a eficácia vertical, pois
o indivíduo está subordinado ao Estado e
por esses direitos protegerem os indivíduos
EFICÁCIA VERTICAL
contra os arbítrios do Estado, fala-se dessa
eficácia vertical. Consiste na aplicação dos
direitos fundamentais às relações entre parti-
culares e o Estado. É a eficácia clássica.
Com o desenvolvimento dos direitos fundamen-
tais, percebeu-se que a opressão e a violência
HORIZONTAL/EFICÁCIA EXTERNA/EFICÁCIA
contra o indivíduo vêm também de entidades
PRIVADA/EFICÁCIA EM RELAÇÃO A TERCEIROS
privadas. Consiste na aplicação dos direitos
fundamentais às relações entre particulares.

93 CICLOS RETA FINAL TJ/PR | @CICLOSR3


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Trata-se de classificação bastante recente. Consis-


te na aplicação dos direitos fundamentais à rela-
EFICÁCIA DIAGONAL ção entre particulares, nas quais existe um dese-
quilíbrio fático, a exemplo da relação trabalhista e
consumerista.

#CAIEMPROVA: Art. 5º § 1º - As normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais têm apli-
cação imediata. Isso não quer dizer que as normas ali sejam todas de eficácia plena. Na verdade,
trata-se apenas um apelo para que se busque efetivamente aplicá-las e assim não sejam frustrados
os anseios da sociedade.

TRATADOS E CONVENÇÕES INTERNACIONAIS SOBRE DIREITOS HUMANOS: A EC 45/04 abriu


a possibilidade de ampliar a relação dos direitos fundamentais de status constitucional através da aprova-
ção de tratados internacionais pelo mesmo rito de emendas constitucionais.

• Regra é que os tratados internacionais são equivalentes às leis ordinárias.

• Exceção: Quando tratarem de direitos humanos:

a) Vão estar equiparados às Emendas Constitucionais caso versem sobre direitos humanos e o
decreto legislativo relativo a ele seja aprovado pelo mesmo rito exigido para as emendas à Cons-
tituição.

b) Ainda que não aprovados pelo rito das Emendas, se versarem sobre direitos humanos, o STF
entende que possuem “SUPRALEGALIDADE” podendo revogar leis anteriores e devendo ser observados
pelas leis futuras. É assim, por exemplo, que vigora em nosso ordenamento o “Pacto de San Jose da Costa
Rica” - status acima das leis e abaixo da Constituição.

DIREITOS INDIVIDUAIS
DESTINATÁRIOS: brasileiros (pessoas físicas e jurídicas de direito público e privado); estrangeiros
residentes no Brasil.

• Obs. 1: numa interpretação literal, os estrangeiros não residentes não poderiam invocar os direitos
individuais, MAS sendo a dignidade uma qualidade intrínseca a todo ser humano, independen-
temente de sua nacionalidade, não se pode negar o exercício de um direito fundamental a um
indivíduo pelo simples fato dele não residir no país.

• Obs. 2: são a todos assegurados, independentemente do pagamento de taxas: a) o direito de


petição aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder; b) a

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obtenção de certidões em repartições públicas, para defesa de direitos e esclarecimento de situações


de interesse pessoal;

• Obs. 3: contraditório, ampla defesa e devido processo legal podem ser invocados por pessoas
jurídicas de direito público.

• Obs. 4: São gratuitos para os reconhecidamente pobres, na forma da lei:

a) o registro civil de nascimento;

b) a certidão de óbito,

c) habilitação, registro e primeira certidão de casamento civil.

• Obs. 5: São gratuitas para qualquer pessoa as ações de “habeas-corpus” e “habeas-data”, e,


na forma da lei, os atos necessários ao exercício da cidadania. Também é gratuita para qualquer
pessoa a celebração do casamento civil.

• Obs. 6: Assistência gratuita aos filhos e dependentes desde o nascimento até 05 (cinco) anos de idade
em creches e pré-escolas.

DIREITO À VIDA
» Bem jurídico protegido: vida humana em seu sentido biológico. Dupla acepção:

Negativa: Consiste no direito a permanecer vivo.

Positiva: Consiste no direito de exigir do Estado prestações para proteção do direito à vida, assim
como para uma existência digna.

» Inviolabilidade: protege o direito contra a violação por parte de terceiros.

» Irrenunciabilidade: protege o direito contra o seu próprio titular.

» RESTRIÇÕES À INVIOLABILIDADE DO DIREITO À VIDA: Pena de morte no caso de guerra decla-


rada (art. 5º, XLVII, CF), aborto necessário/terapêutico, aborto sentimental (art. 128, CP), aborto de
anencéfalos (ADPF 54).

DIREITO À IGUALDADE
IGUALDADE PERANTE A LEI É a igualdade na aplicação da lei.
IGUALDADE NA LEI Elaboração das leis.

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É a igualdade real, vai além da igualdade formal. A busca da igualda-


IGUALDADE MATERIAL de material acontece quando são tratadas desigualmente as pessoas
que estejam em situações desiguais.

#ATENÇÃO: ações afirmativas consistem em políticas públicas ou programas privados, em geral


de caráter temporário, desenvolvidos para reduzir desigualdades decorrentes de discriminações ou de
hipossuficiência, por meio da concessão de algum tipo de vantagem compensatória dessas condições.

#SELIGANASÚMULA: Súmula nº 683 – STF: o limite de idade para a inscrição em concurso público
só se legitima em face do art. 7º, XXX, da Constituição, quando possa ser justificado pela natureza das
atribuições do cargo a ser preenchido.

DIREITOS DE LIBERDADE
» Liberdade de consciência, de crença e de culto (art. 5ª, VI).

» Assegura a plena liberdade de culto e as suas liturgias, bem como o direito de não acreditar ou
professar nenhuma fé, devendo o Estado respeito ao ateísmo.

» A liberdade de consciência é a mais ampla. Consiste na adesão de certos valores espirituais indepen-
dentemente de qualquer conotação religiosa.

» Serviço militar obrigatório: uma pessoa pode alegar motivos religiosos para se eximir desta obrigação
legal, mas deverá cumprir uma prestação alternativa. A objeção de consciência deve ser baseada em
convicções seriamente arraigadas e que causem um grave tormento moral.

» Dever de neutralidade do Estado (art. 19, CF).

» Com o advento da República, o Estado brasileiro passou a ser laico.

DIREITOS À PRIVACIDADE (GÊNERO)


» Vida privada, intimidade, honra e imagem (espécies).

» SITUAÇÕES ESPECIAIS:

a) Interceptação ambiental: em regra, só haverá ilicitude quando:

i) houver violação de expectativa de privacidade;

ii) Houver violação de confiança decorrente de relações interpessoais ou profissionais.

b) Gravação clandestina:

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Em regra, não é ilícita. Haverá ilicitude, quando:

i) Não houver justa causa. Ex: divulga cena sexual com o parceiro.

ii) Houver violação de causa legal específica de sigilo ou de reserva de conversação.

c) Quebra de sigilo: bancário, fiscal, telefônico e de dados informáticos.

Dentre as autoridades com legitimidade para determinar a quebra destes sigilos estão:

i) Juiz;

ii) CPI.

d) Interceptação das comunicações (art. 5º, XII): é inviolável o sigilo da correspondência e das
comunicações telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem
judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução
processual penal.

QUEBRA DO SIGILO BANCÁRIO


Os órgãos poderão requerer informações bancárias diretamente das instituições financeiras?
POLÍCIA NÃO (depende de autorização judicial).
NÃO (depende de autorização judicial) (STJ HC 160.646/SP, Dje 19/09/2011). Excep-
MP cionalmente, poderá determinar a quebra para fins de proteção do patrimônio
público (MS 21.729).
RECEITA
SIM. Nova posição do STF.
FEDERAL
TCU NÃO (depende de autorização judicial) (STF. MS 22934/DF, DJe de 9/5/2012)
CPI SIM (seja ela federal ou estadual/distrital). Prevalece que CPI municipal não pode.

» Requisitos para interceptação das comunicações telefônicas:

i) ordem judicial;

ii) na forma que a lei estabelecer (Lei nº 9296/96);

iii) para fins de INVESTIGAÇÃO CRIMINAL OU INSTRUÇÃO PROCESSUAL.

» Nem CPI pode determinar quebra de interceptação das comunicações telefônicas.

Além da interceptação telefônica, a violação de domicílio (art. 5º, XI) a prisão por mandado
e o sigilo imposto a processo judicial (MS 27.483) envolvem matérias de reserva de jurisdição.

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É possível utilização da interceptação telefônica para PAD.

A 3ª Turma do STJ, no HC 203.405, admitiu, excepcionalmente, a possibilidade de se determi-


nar interceptação telefônica para fins civis, quando não haja outra medida que resguarde os
direitos ameaçados e quando o caso envolver indícios de conduta criminosa.

INVIOLABILIDADE DE DOMICÍLIO
» Flagrante delito, desastre ou para prestar socorro: dia ou noite, sem necessidade de autorização
judicial.

» O conceito de casa deve ser interpretado de uma forma bastante ampla, de modo a compreender
espaços privados, não abertos ao público, onde alguém exerce atividade profissional.

STF: admitiu invasão durante a noite de escritório de advocacia para que fosse feito intercepta-
ção ambiental (INQ 2424), em conformidade com o princípio da proporcionalidade.

DIREITO DE PROPRIEDADE
» Desapropriação-sanção: urbana - títulos da dívida pública (art. 182, §4º, III, CF) e rural – títulos da
dívida agrária (art. 184, CF).

» Art. 243, CF/88. As propriedades rurais e urbanas de qualquer região do País onde forem localizadas
culturas ilegais de plantas psicotrópicas ou a exploração de trabalho escravo na forma da lei serão
expropriadas e destinadas à reforma agrária e a programas de habitação popular, sem qualquer inde-
nização ao proprietário e sem prejuízo de outras sanções previstas em lei, observado, no que couber, o
disposto no art. 5º. Em RE, o STF entendeu que o confisco é das glebas como um todo e não apenas
da parte em que é feita a plantação dos psicotrópicos.

» Obs.: Art. 184, §5º, CF “são isentas de impostos federais, estaduais e municipais as ações de transferên-
cia de imóveis desapropriados para fins de reforma agrária”.

» Obs.: art. 185, CF: “São insuscetíveis de desapropriação para fins de reforma agrária: i) a pequena
e média propriedade rural, assim definida em lei; desde que seu proprietário não possua outra; ii) a
propriedade produtiva”.

DIREITO DE REUNIÃO
» Requisitos: seja pacífica; sem armas; não frustre outra reunião anteriormente convocada para o local;
avise a autoridade competente. Dispensa autorização, basta simples aviso.

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» A ofensa a este direito deverá ser tutelada por meio de Mandado de Segurança e não habeas corpus.

DIREITO DE ASSOCIAÇÃO
» Para fins LÍCITOS, sendo vedada a paramilitar;

» É vedada a interferência estatal em seu funcionamento e nem mesmo precisa-se de autorização


para criá-las;

» Ninguém pode ser compelido a associar-se ou permanecer associado;

» Paralisação compulsória (independente da vontade dos sócios) das atividades:

» Para que tenham suas atividades SUSPENSAS: só por decisão judicial (“simples”)

» Para serem DISSOLVIDAS: só por decisão judicial TRANSITADA EM JULGADO

» Podem, desde que EXPRESSAMENTE autorizadas, representar seus associados: Judicialmente ou


Extrajudicialmente.

Alguns trechos que geram pegadinhas de prova:

• É livre a manifestação do pensamento, sendo VEDADO O ANONIMATO;

#DEOLHONAJURIS: Segundo o STF, não é possível a utilização da denúncia anônima como ato
formal de instauração do procedimento investigatório, quando isoladamente consideradas, já que
as peças futuras não poderiam, em regra, ser incorporadas formalmente ao processo. Nada impe-
de, porém, que o Poder Público seja provocado pela delação anônima e, com isso, adote medidas
informais para que se apure a possível ocorrência da ilicitude pena.

• É assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, ALÉM DA INDENIZAÇÃO por


dano material, moral ou à imagem (Logo, um não afasta o outro);

#DEOLHONAJURIS: No entendimento do STF, se alguém fizer uso indevido da imagem de alguém,


a simples exposição desta imagem já gera o direito de indenizar, ainda que isso não tenha gerado
nenhuma ofensa à sua reputação.

• É livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, INDEPENDEN-


TEMENTE DE CENSURA OU LICENÇA;

• É assegurado a todos o acesso à informação e RESGUARDADO O SIGILO DA FONTE, quando


necessário ao exercício profissional (este princípio não vai de encontro à vedação do anonima-
to visto anteriormente, apenas se resguarda a origem e a forma que tal pessoa, não anônima,

99 CICLOS RETA FINAL TJ/PR | @CICLOSR3


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conseguiu a informação)

#DEOLHONAJURIS #AJUDAMARCINHO

• INVIOLABILIDADE DE DOMICÍLIO: A entrada forçada em domicílio sem mandado judicial só é


lícita, mesmo em período noturno, quando amparada em fundadas razões, devidamente justi-
ficadas “a posteriori”, que indiquem que dentro da casa ocorre situação de flagrante delito, sob
pena de responsabilidade disciplinar, civil e penal do agente ou da autoridade, e de nulidade dos
atos praticados. STF. Plenário. RE 603616/RO, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 4 e 5/11/2015
(repercussão geral) (Info 806).

• QUEBRA DE SIGILO: As autoridades e os agentes fiscais tributários da União, dos Estados, do


Distrito Federal e dos Municípios podem requisitar diretamente das instituições financeiras infor-
mações sobre as movimentações bancárias dos contribuintes. Esta possibilidade encontra-se
prevista no art. 6º da LC 105/2001, que foi considerada constitucional pelo STF. Isso porque esta
previsão não se caracteriza como “quebra” de sigilo bancário, ocorrendo apenas a “transferência
de sigilo” dos bancos ao Fisco.

DIREITOS COLETIVOS

NACIONALIDADE
Nacionalidade é o vínculo jurídico-político que liga o indivíduo a um determinado Estado, tornan-
do-o um componente do povo.

#SELIGANATABELA #COLANARETINA:

Agrupamento humano homogêneo cujos membros são possuidores das


NAÇÃO mesmas tradições, costumes e ideias coletivos, partilhando, também, laços
invisíveis, como a consciência coletiva e o sentimento de comunidade.
Conjunto de nacionais que compõem o elemento humano de um determina-
NACIONALIDADE
do Estado.
Representa a totalidade de indivíduos que habitam determinado território,
POPULAÇÃO ainda que ali se achem temporariamente, independentemente da nacionali-
dade.
Deriva de um conflito negativo de nacionalidade, no qual não há nenhum Esta-
APÁTRIDA
do interessado em proclamar o indivíduo como seu nacional.
São aqueles que, quando do nascimento, se enquadram nos critérios conces-
POLIPÁTRIDA
sivos de nacionalidade originária de mais de um Estado.

100 CICLOS RETA FINAL TJ/PR | @CICLOSR3


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Indivíduo que possui vínculo jurídico-político com Estado Nacional diverso da


ESTRANGEIRO
República Federativa do Brasil.
É o nacional (nato ou naturalizado) no gozo dos direitos políticos e participante
CIDADÃO
da vida do Estado.

A nacionalidade pode ser primária ou secundária. Nacionalidade primária, também conhecida


como originária é aquela resultante de um fato natural, qual seja, o nascimento, podendo ser estabelecida
por meio de critérios sanguíneos, territoriais ou misto. Nacionalidade secundária é aquela resultante de
um ato voluntário, manifestado após o nascimento.

Será considerado brasileiro nato o indivíduo nascido em território nacional,


independentemente da nacionalidade de seus antecedentes.
Foi adotado o critério territorial.
#OLHONOGANCHO: não será considerado brasileiro nato, embora tenha
nascido em território nacional, filho de ambos pais estrangeiros e qualquer um
deles, ou ambos, estava no Brasil a serviço do país de origem.
Será considerada brasileira a criança nascida no estrangeiro, filho de pai ou
mãe brasileiros, sendo que qualquer deles ou ambos, estava no exterior a
serviço da República Federativa do Brasil.
Foi adotado o critério sanguíneo + territorial.
Será considerada brasileira, a criança, filha de pai ou mãe brasileiro, que é
registrado em repartição brasileira competente.
Foi adotado o critério sanguíneo + o registro em repartição competente.
Será considerada brasileira a criança, filha de pai ou mãe brasileira, que nascer
o estrangeiro, mas depois vem a residir na República Federativa do Brasil e
NACIONALIDADE
opta, após a tingir a maioridade, pela nacionalidade brasileira.
PRIMÁRIA
Foi adotado o critério sanguíneo + o residencial + opção confirmativa.
#OLHONOGANCHO: a opção confirmativa configura-se ato personalíssimo
e somente pode ser praticada após a maioridade, devendo ser feita em juízo,
em processo de jurisdição voluntária, perante a justiça federal.
ATENÇÃO: a Lei de Migração revogou, por completo, o Estatuto do Estrangei-
ro.
Naturalização Ordinária depende do preenchimento dos seguintes requisi-
tos:
Capacidade civil, segundo a lei brasileira;
Ser registrado como permanente no Brasil;
Residência contínua no território nacional, pelo prazo mínimo de quatro anos,
imediatamente anteriores ao pedido de naturalização;
Ler e escrever a língua portuguesa, considerando as condições do naturaliza-
do;
Exercício de profissão ou posse de bens suficientes para a manutenção própria
e à da família;
Bom procedimento;

101 CICLOS RETA FINAL TJ/PR | @CICLOSR3


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NFPSS

Inexistência de denúncia, pronúncia ou condenação no Brasil ou exterior por


crime doloso, a que seja condenada pena de prisão, abstratamente considera-
da, superior a um ano;
Boa saúde (requisito dispensado ao estrangeiro que reside no Brasil há mais
de dois anos).
#OLHONOGANCHO: para ocorrer a naturalização ordinária, é necessário que
o estrangeiro tenha residência no Brasil pelo prazo mínimo de 4 anos. A Lei
prevê, contudo, que esse prazo mínimo poderá ser reduzido para 1 ano, se
o naturalizando: II - tiver filho brasileiro; III - tiver cônjuge ou companheiro
brasileiro e não estiver dele separado legalmente ou de fato no momento
de concessão da naturalização; IV - tiver prestado ou puder prestar serviço
relevante ao Brasil; ou V - tiver destacada capacidade profissional, científica ou
artística que recomende a redução.
Naturalização Extraordinária - A naturalização extraordinária será concedida
a pessoa de qualquer nacionalidade fixada no Brasil há mais de 15 (quinze)
NACIONALIDADE anos ininterruptos e sem condenação penal, desde que requeira a nacionali-
SECUNDÁRIA dade brasileira.
Os requisitos para a naturalização extraordinária não sofreram alterações com
a Lei de Migração, e nem poderiam, tendo em vista que decorrem de manda-
mento constitucional, conforme o art. 12, inciso II, b, da CF/88.
Vale lembrar a doutrina majoritária entende que a concessão da naturaliza-
ção extraordinária é ato vinculado. Nesse mesmo sentido, o STF entende que
quando a CF diz “desde que requeiram”, significa que se a pessoa cumprir os 2
requisitos, basta requerer para ter o direito.
Naturalização Especial - A naturalização especial poderá ser concedida ao
estrangeiro que se encontre em pelo menos uma das situações elencadas no
art. 68. Observem:
a) Seja cônjuge ou companheiro, há mais de 5 (cinco) anos, de integrante do
Serviço Exterior Brasileiro em atividade ou de pessoa a serviço do Estado brasi-
leiro no exterior; ou
b) Seja ou tenha sido empregado em missão diplomática ou em repartição
consular do Brasil por mais de 10 (dez) anos ininterruptos.

QUASE NACIONALIDADE – Se houver reciprocidade em favor de brasileiros residentes em Portu-


gal, os portugueses que aqui residam terão tratamento jurídico similar ao dispensado ao brasileiro natu-
ralizado, sem precisarem, para isso, de se submeterem a qualquer procedimento de naturalização.

A perda da nacionalidade somente poderá ocorrer em duas hipóteses previstas na Constituição


Federal: (1) perda-punição, sendo declarada a perda da nacionalidade do brasileiro que tiver cance-
lada sua naturalização, por sentença judicial, em virtude de atividade nociva ao interesse nacional; (2)
perda-mudança, ocorre quando o indivíduo, voluntariamente, adquirir outra nacionalidade. Não haverá
a perda acaso haja o recebimento de nacionalidade primeira por Estado estrangeiro, ou seja, fruto de

102 CICLOS RETA FINAL TJ/PR | @CICLOSR3


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imposição do Estado estrangeiro no qual o brasileiro reside, como condição para que ele possa perma-
necer no território ou para exercer os direitos civis.

DIREITOS POLÍTICOS

Quanto aos direitos políticos, vale relembrar que a CF VEDA a cassação de direitos políticos e
prevê apenas duas formas de privação dos direitos políticos (PERDA e SUSPENSÃO): 

A perda e a suspensão dos direitos políticos somente se dará nos casos de: 

I. Cancelamento da naturalização por sentença transitada em julgado; (PERDA).

Em virtude de atividade nociva ao interesse nacional. 

OBS.: Também há previsão, na CF, de perda da nacionalidade do brasileiro nato, o que, por óbvio,
também acarreta a perda dos direitos políticos. 

II. Recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou prestação alternativa; (PERDA).

Serão privados dos direitos políticos até que cumpram a obrigação (Ex.: função de jurados, serviço
militar). Obs. Há quem defenda se tratar de uma hipótese de suspensão. 

III. Incapacidade civil absoluta; (SUSPENSÃO).

Lembre-se das mudanças recentes realizadas no CC pela Convenção e Estatuto da Pessoa com
Deficiência. Agora, somente são absolutamente incapazes aqueles menores de 16 anos. 

IV. Condenação criminal transitada em julgado, enquanto durarem seus efeitos; (SUSPEN-


SÃO).

Efeito automático da sentença, ou seja, NÃO precisa vir expresso no dispositivo.  

Não importa a natureza ou montante da pena e abarca também condenações relativas a CONTRA-
VENÇÕES. 

NÃO são atingidos em caso de transação penal ou sursis processual (fala em “condenação”!). 


Cessa com o cumprimento ou a extinção da pena, INDEPENDENDO de reabilitação ou prova de
reparação de danos (Súmula 9 do TSE). 

V. Improbidade administrativa, nos termos do art. 37, § 4º. (SUSPENSÃO).

Diferentemente do que ocorre na condenação criminal, deve vir EXPRESSO na sentença.   Neces-


sário o trânsito em julgado. 

103 CICLOS RETA FINAL TJ/PR | @CICLOSR3


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A perda ou a suspensão de direitos políticos acarreta várias consequências jurídicas, como:  

• O cancelamento do alistamento e a exclusão do corpo de eleitores;

• O cancelamento da filiação partidária (LOPP, art. 22, II);

• A perda de mandato eletivo;

• A perda de cargo ou função pública;

• A impossibilidade de se ajuizar ação popular;

• O impedimento para votar ou ser votado;

• O impedimento para exercer a iniciativa popular.

Ademais, vale a pena reler o seguinte julgado sobre direitos políticos: 

#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA: Info 802 do STF: As hipóteses de inelegibilidade previstas no


art. 14, § 7º, da CF, inclusive quanto ao prazo de seis meses, são aplicáveis às eleições suplementa-
res. STF. Plenário. RE 843455/DF, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 7/10/2015 (repercussão geral). 

Art. 14, §7º, CF. São inelegíveis, no território de jurisdição do titular, o cônjuge e os parentes consan-
guíneos ou afins, até o segundo grau ou por adoção, do Presidente da República, de Governador
de Estado ou Território, do Distrito Federal, de Prefeito ou de quem os haja substituído dentro dos
seis meses anteriores ao pleito, salvo se já titular de mandato eletivo e candidato à reeleição

AÇÕES CONSTITUCIONAIS

HABEAS CORPUS

MOTIVO Violência ou coação da liberdade de locomoção.

Qualquer pessoa (habeas corpus poderá ser


impetrado por qualquer pessoa, em seu favor ou
QUEM PODE USAR
de outrem, bem como pelo Ministério Públi-
co).

Qualquer um que use de ilegalidade ou abuso de


QUEM PODE SOFRER A AÇÃO
poder.

104 CICLOS RETA FINAL TJ/PR | @CICLOSR3


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NFPSS

Preventivo (caso haja ameaça de sofrer a coação);


MODOS DE HC
Repressivo (caso esteja sofrendo a coação).

(LXXVII) são gratuitas as ações de “habeas-cor-


CUSTAS
pus”.

#SELIGANASSÚMULAS
» STF – Súmula nº 693: Não cabe HC contra decisão condenatória a pena de multa, ou relativo a
processo em que a pena pecuniária seja a única cominada. (Isso porque Habeas Corpus é para discu-
tir a liberdade de alguém. Não serve para discutir multa e penas em dinheiro).

» STF – Súmula nº 695: Não cabe habeas corpus quando já extinta a pena privativa de liberdade. (Se
a pena que privava a pessoa da liberdade já foi extinta. Para que se quer um habeas corpus?).

» STF - Súmula nº 606: Não cabe impetração de “habeas corpus” para o plenário contra decisão cole-
giada de qualquer das Turmas (ou do próprio Pleno) do STF, ainda que resultante do julgamento de
outros processos de “habeas corpus” ou proferida em sede de recursos em geral, inclusive aqueles
de natureza penal.

» CF, Art. 142 § 2º: Não caberá habeas corpus em relação a punições disciplinares militares. Embora a
CF expresse que não cabe HC contra punições disciplinares, o STF tem flexibilizado a situação quando
a punição privativa de liberdade foi imposta de forma ilegal.

» É cabível habeas corpus inclusive quando a liberdade de locomoção puder ser afetada indiretamente,
por exemplo, contra a quebra de sigilo bancário, caso dela possa resultar processo penal que leve à
sentença de prisão.

» Diferentemente do Mandado de Segurança que só pode ser impetrado quando alguém estiver se
valendo de sua prerrogativa de “direito público”, o habeas corpus pode ser impetrado contra qualquer
pessoa que estiver coagindo alguém de sua liberdade de locomoção.

MANDADO DE SEGURANÇA

MOTIVO Proteger direito líquido e certo, não amparado por HC ou HD.

QUEM PODE Qualquer pessoa (PF, PJ ou até mesmo órgão público – independente ou autôno-
USAR mo) seja na forma preventiva ou repressiva.

105 CICLOS RETA FINAL TJ/PR | @CICLOSR3


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Autoridade pública ou agente de PJ no exercício de atribuições do poder público


que use de ilegalidade ou abuso de poder. Segundo a lei 12016/09, equiparam-se
QUEM PODE às autoridades: os representantes ou órgãos de partidos políticos; os administra-
SOFRER A AÇÃO dores de entidades autárquicas; os dirigentes de pessoas jurídicas ou as pessoas
naturais no exercício de atribuições do poder público, somente no que disser
respeito a essas atribuições

Individual: Impetrado em nome de uma única pessoa;


Coletivo: Impetrado por:
a) Partido político com representação no CN;
MODOS DE MS b) Organização sindical;
c) Entidade de classe; ou
d) Associação, desde que esta esteja legalmente constituída e em funcionamento
há pelo menos um ano.

Segundo a lei 12.016/09, não cabe mandado de segurança contra:


• Os atos de gestão comercial praticados pelos administradores de empresas públicas, de sociedade de
economia mista e de concessionárias de serviço público.

• Ato do qual caiba recurso administrativo com efeito suspensivo, independentemente de caução;

• Decisão judicial da qual caiba recurso com efeito suspensivo;

• Decisão judicial transitada em julgado.

#SELIGANASSÚMULAS
» STF – Súmula nº 625: Controvérsia sobre matéria de direito não impede a concessão de mandado
de segurança (veja que a matéria de fato alegada deve ser incontroversa, líquida e certa. Porém, nada
impede que o direito em que este fato esteja se baseando seja controverso, complexo, por exemplo,
uma lei que esteja sendo objeto de impugnação).

» STF – Súmula nº 429: A existência de recurso administrativo com efeito suspensivo não impede o
uso do mandado de segurança contra omissão da autoridade (a palavra principal desta súmula é a
“omissão”, ou seja, de que adiantaria um recurso suspensivo se a autoridade não está agindo e sim se
omitindo em agir?).

» STF – Súmula nº 266: Não cabe mandado de segurança contra lei em tese. (Não se pode usar o
MS para impugnar diretamente uma lei, pois isto é privativo da ação direta de inconstitucionalidade)

» STF – Súmula nº 267: Não cabe mandado de segurança contra ato judicial passível de recursos ou
correição.

106 CICLOS RETA FINAL TJ/PR | @CICLOSR3


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» STF - Súmula nº 268: Não cabe mandado de segurança contra decisão judicial com trânsito em
julgado.

» STF - Súmula nº 629: A impetração de mandado de segurança coletivo por entidade de classe em
favor dos associados independe da autorização destes (veja que diferentemente do que ocorre
na representação processual, em se tratando de MS coletivo - substituição processual -, basta auto-
rização genérica, o que se dá com o simples ato de filiação, prescindindo-se que a entidade esteja
expressamente autorizada para tal).

» STF - Súmula nº 630: A entidade de classe tem legitimação para o mandado de segurança ainda
quando a pretensão veiculada interesse apenas a uma parte da respectiva categoria.

Prazo: O direito de requerer mandado de segurança extinguir-se-á decorridos 120 dias (prazo
decadencial) contados da ciência, pelo interessado, do ato impugnado. Obs.: Este prazo de 120 dias não
se aplica, obviamente, ao MS preventivo, pois se a lesão ainda nem ocorreu, como poderíamos começar
a contagem do prazo?

#SELIGANASSÚMULAS #MAISSÚMULASPRAVOCÊS

» STF – Súmula nº 430: Pedido de reconsideração na via administrativa não interrompe o prazo para
o mandado de segurança.

» STF – Súmula nº 623: É constitucional a lei que fixa o prazo de decadência para a impetração de
mandado de segurança (120 dias).

» STF – Súmula nº 624: Não compete ao STF conhecer originariamente o mandado se segurança
contra atos de outros tribunais (a competência para apreciar o mandado de segurança contra atos e
omissões de tribunais é do próprio tribunal).

HABEAS DATA

HD será concedido para assegurar o conhecimento de informações relativas


à pessoa do impetrante, constantes de registros ou bancos de dados de enti-
DEFINIÇÃO
dades governamentais ou de caráter público, e para a retificação de dados,
quando não se prefira fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou administrativo.
A competência para o julgamento de HD
COMPETÊNCIA É definida com base na hierarquia funcional do agente público, isto é, tendo
por parâmetro a autoridade ou entidade impetrada.

107 CICLOS RETA FINAL TJ/PR | @CICLOSR3


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ATIVA - Poderá ser impetrado por qualquer pessoa, tanto natural quanto jurí-
dica, seja nacional ou estrangeira, para ter acesso às informações a seu respei-
to.
O caráter personalíssimo da ação, que culmina na conclusão de que o HD será
LEGITIMIDADE
sempre impetrado para o acesso, retificação ou anotação de informação rela-
tiva à pessoa do próprio impetrante e não de terceiros.
PASSIVA – entidades governamentais ou particulares que tenham caráter
público.

AÇÃO POPULAR

Qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anular
ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe,
à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e
cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e
DEFINIÇÃO do ônus da sucumbência.
É uma ação que viabiliza ao cidadão o controle da legalidade dos atos admi-
nistrativos e impede a lesividade. Consiste, portanto, na possibilidade de qual-
quer membro da coletividade, com maior ou menor amplitude, invocar a tutela
jurisdicional no intuito de preservar os interesses coletivos.
Juiz de primeiro grau (Justiça Estadual ou Federal) de acordo com as regras
COMPETÊNCIA
ordinárias de definição de competência.
ATIVA – pertence ao cidadão, indivíduo dotado de capacidade eleitoral ativa e
que esteja em dia com suas obrigações eleitorais.
PASSIVA – será proposta em face das pessoas jurídicas de direito público,
cujo patrimônio se procura proteger, bem como suas entidades autárquicas e
LEGITIMIDADE
qualquer outras pessoas jurídicas que sejam subvencionadas pelos cofres; dos
responsáveis pelo ato lesivo, vale dizer, autoridades diretamente responsáveis
pelo ato que está sendo impugnado, administradores e demais funcionários;
beneficiários diretos do ato ou contrato lesivo.
A natureza da decisão, quando for declarada a procedência do pedido, é
dúplice: será desconstitutiva ou constitutiva negativa.
Os efeitos da sentença são:
Invalidação do ato lesivo ao patrimônio público;
DECISÃO Condenação das autoridades, dos administradores, dos funcionários e dos
beneficiários, que arcarão com o ressarcimento dos danos e das perdas;
Condenação das autoridades, dos administradores, dos funcionários e dos
beneficiários em custas e ônus de sucumbência;
Efeito erga omnes.

108 CICLOS RETA FINAL TJ/PR | @CICLOSR3


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DIREITO EMPRESARIAL 3
TEORIA DOS ATOS DE COMÉRCIO TEORIA DA EMPRESA

Adotada pelo Código Comercial de 1850 Adotada pelo Código Civil de 2002

Atos de comércio/comerciante Empresa/ empresário

ELEMENTOS PARA CARACTERIZAÇÃO DO EMPRESÁRIO (Art. 966 do CC):

Profissionalmente.

Atividade Econômica.

Organizada.

Para produção ou circulação de bens e serviços.

NÃO SE SUJEITAM AO REGIME EMPRESARIAL

Profissionais intelectuais (natureza científica, literária ou artística). Exceção: quando o exer-


cício da profissão constitui elemento de empresa.

Exercente de atividade rural. Exceção: quando optar pelo registro na Junta Comercial

Cooperativas

VEDAÇÕES AO EXERCÍCIO DE EMPRESA

Os que não estão no pleno gozo da ca- Os legalmente impedidos


pacidade civil (exceção: CONTINUAÇÃO
do exercício de atividade empresarial por in- a) Art. 1011, §1º do CC: condenados a certos
capaz, mediante autorização judicial – art. crimes relacionados na norma;
974 do CPC) b) Art. 117, X da Lei 8112/90: servidores públicos
#ATENÇÃO CONTINUAÇÃO DA EMPRESA federais;
POR INCAPAZ: O incapaz não pode ini- c) Art. 36, I da LC 35/79 – LOMAN: magistrados;
ciar atividade empresária, apenas continuar d) Art. 44, III da Lei 8625/93: membros do
aquela já existe nos casos de incapacidade Ministério Público;
superveniente ou quando receber a ativi- e) Art. 29 da Lei 6880/80: militares
dade por herança.
#SELIGA O incapaz pode ser sócio desde #ATENÇÃO: Estão legalmente impedidos para o
que não seja o administrador, que o capital exercício de empresa, mas podem ser sócios ou
esteja integralizado e que ele esteja assistido/ quotistas, desde que não exerçam funções de
representado. gerência ou administração.

3 Por Eloise Barreto (@eloisebarreto)

109 CICLOS RETA FINAL TJ/PR | @CICLOSR3


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REGISTRO

OBRIGATÓRIO FACULTATIVO

Empresários em geral Empresário Rural

Não tem natureza constitutiva Natureza constitutiva

Consequências da ausência de registro:


- Não pode pedir a falência de outrem;
Consequências da ausência de registro: Faz com
- Não pode pleitear recuperação judicial
que o exercente de atividade rural não se sujeite
própria;
ao regime empresarial.
- Não pode participar de licitação;
- Não vai obter certidão negativa de débito.

#SELIGANOSENUNCIADOS

Enunciado CJF/CIVIL 198: A inscrição do empresário na Junta Comercial não é requisito para
a sua caracterização, admitindo-se o exercício da empresa sem tal providência. O empresário
irregular reúne os requisitos do art. 966, sujeitando-se às normas do Código Civil e da legislação
comercial, salvo naquilo em que forem incompatíveis com a sua condição ou diante de expressa
disposição em contrário”.

Enunciado CJF/CIVIL 200: É possível a qualquer empresário individual, em situação regular, soli-
citar seu enquadramento como microempresário ou empresário de pequeno porte, observadas as
exigências e restrições legais

Enunciado CJF/CIVIL 201: O empresário rural e a sociedade empresária rural, inscritos no registro
público de empresas mercantis, estão sujeitos à falência e podem requerer concordata.

Enunciado CJF/CIVIL 202: O registro do empresário ou sociedade rural na Junta Comercial é


facultativo e de natureza constitutiva, sujeitando-o ao regime jurídico empresarial. É inaplicável
esse regime ao empresário ou sociedade rural que não exercer tal opção.

EIRELI – EMPRESA INDIVIDUAL DE RESPONSABILIDADE LIMITADA

É uma nova pessoa jurídica de direito privado constituída por um único


titular, que responde limitadamente pelo resultado da empresa. A ideia do
CONCEITO
legislador, ao criar a EIRELI, foi permitir que uma única pessoa pudesse exercer a
empresa com responsabilidade limitada. EIRELI NÃO É SOCIEDADE!

110 CICLOS RETA FINAL TJ/PR | @CICLOSR3


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A lei exige capital mínimo (igual ou superior a 100 vezes o valor do maior
CAPITAL MÍNI-
MO salário mínimo vigente no país) para a sua constituição, que deverá ser devid-
amente integralizado.

NOME EMPRE-
Firma ou Denominação.
SARIAL

LIMITAÇÃO A pessoa natural somente poderá figurar em uma única EIRELI.

#SELIGANOSENUNCIADOS

Enunciado CJF/COMERCIAL 3: A Empresa Individual de Responsabilidade Limitada – EIRELI não


é sociedade unipessoal, mas um novo ente, distinto da pessoa do empresário e da sociedade
empresária.

Enunciado CJF/COMERCIAL 4: Uma vez subscrito e efetivamente integralizado, o capital da


empresa individual de responsabilidade limitada não sofrerá nenhuma influência decorrente de
ulteriores alterações no salário mínimo.

Enunciado CJF/CIVIL 470: O patrimônio da empresa individual de responsabilidade limitada


responderá pelas dívidas da pessoa jurídica, não se confundindo com o patrimônio da pessoa
natural que a constitui, sem prejuízo da aplicação do instituto da desconsideração da personalidade
jurídica.

Enunciado CJF/CIVIL 473: A imagem, o nome ou a voz não podem ser utilizados para a integrali-
zação do capital da EIRELI.

NOME EMPRESARIAL

FIRMA DENOMINAÇÃO

Deve conter o nome civil do empresário ou


Deve designar o objeto da empresa e pode ad-
dos sócios da sociedade empresária e pode
otar nome civil ou qualquer outra expressão.
conter ramos de atividade

Serve de assinatura do empresário. Não serve de assinatura do empresário.

Contrata assinando com o nome civil do repre-


Contrata assinando o nome empresarial.
sentante.

111 CICLOS RETA FINAL TJ/PR | @CICLOSR3


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Empresário Individual
FIRMA Sociedade em nome coletivo
Sociedade em comandita simples

DENOMINAÇÃO Sociedade Anônima

Sociedade Limitada
FIRMA OU DENOMINAÇÃO Sociedade em comandita por ações.
EIRELI

EXIBIÇÃO DE LIVROS

PARCIAL INTEGRAL

Pode ser determinada de ofício ou a requeri- Só pode ser determinada pelo juiz a requeri-
mento da parte interessada. mento da parte interessada.

Cabível somente em algumas ações relati-


vas a, por exemplo: Comunhão ou sociedade;
Liquidação de sociedade; Sucessão por morte
Cabível em qualquer ação judicial.
de sócio; Administração ou gestão à conta de
outrem; Falência; quando e como determinar a
lei.

ESTABELECIMENTO

Trata-se de todo o conjunto de bens, materiais ou imateriais, que o em-


presário utiliza no exercício da sua atividade.
CONCEITO
Bens corpóreos: Mercadorias, instalações, equipamentos, veículos etc.
Bens incorpóreos: Marcas, patentes, direitos e ponto.

A doutrina considera o estabelecimento empresarial uma universalidade de


NATUREZA fato, uma vez que os elementos que o compõem formam uma coisa unitária
JURÍDICA exclusivamente em razão da destinação que o empresário lhes dá, e não em
virtude de disposição legal.

É o contrato oneroso de transferência do estabelecimento empresarial. É


condição de eficácia perante terceiros o registro do contrato de trespasse na
Junta Comercial e sua posterior publicação.
TRESPASSE #NÃOESQUEÇA: O empresário que quer vender o estabelecimento deve con-
servar bens suficientes para pagar todas as suas dívidas perante os credores, ou
deverá obter o consentimento destes (expresso ou tácito), sob pena de ineficácia.
#OLHAOGANCHO O trespasse irregular pode ensejar pedido de falência.

112 CICLOS RETA FINAL TJ/PR | @CICLOSR3


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O adquirente do estabelecimento responde pelo pagamento dos débitos an-


teriores à transferência, desde que regularmente contabilizados. O devedor
primitivo continua solidariamente responsável pelo prazo de um ano, a partir,
quanto aos créditos vencidos, da publicação, e, quanto aos outros, da data do
vencimento.
SUCESSÃO EM- #ATENÇÃO: Essa previsão legal de sucessão obrigacional só se aplica às dívidas
PRESARIAL negociais do empresário. Não se aplica às dívidas tributárias e trabalhistas.
#OLHAOGANCHO #SELIGANASÚMULA SÚMULA 554 DO STJ: Na hipótese
de sucessão empresarial, a responsabilidade da sucessora abrange não ape-
nas os tributos devidos pela sucedida, mas também as multas moratórias
ou punitivas referentes a fatos geradores ocorridos até a data da sucessão.

CLÁUSULA DE Não havendo autorização expressa, o alienante do estabelecimento não pode


NÃO CON- fazer concorrência ao adquirente pelo prazo de cinco anos, contados da trans-
CORRÊNCIA ferência.

#DEOLHONAJURIS É válida a cláusula contratual de não concorrência, desde que limitada espacial
e temporalmente. Isso porque esse tipo de cláusula protege a concorrência e os efeitos danosos
decorrentes de potencial desvio de clientela, sendo esses valores jurídicos reconhecidos constitu-
cionalmente. Assim, quando a relação estabelecida entre as partes for eminentemente comercial, a
cláusula que estabeleça dever de abstenção de contratação com sociedade empresária concorrente
pode sim irradiar efeitos após a extinção do contrato, desde que por um prazo certo e em determi-
nado lugar específico (limitada temporária e espacialmente). STJ. 3ª Turma. REsp 1.203.109-MG, Rel.
Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 6/5/2015 (Info 561).

#ATENÇÃO Não é possível cláusula de não concorrência com prazo INDETERMINADO.

#LEISECANAVEIA – Artigos indispensáveis do Código Civil:

Art. 966. Considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada
para a produção ou a circulação de bens ou de serviços.

Parágrafo único. Não se considera empresário quem exerce profissão intelectual, de natureza cien-
tífica, literária ou artística, ainda com o concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício
da profissão constituir elemento de empresa.

Art. 970. A lei assegurará tratamento favorecido, diferenciado e simplificado ao empresário rural e ao
pequeno empresário, quanto à inscrição e aos efeitos daí decorrentes.

113 CICLOS RETA FINAL TJ/PR | @CICLOSR3


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Art. 971. O empresário, cuja atividade rural constitua sua principal profissão, pode, observadas as
formalidades de que tratam o art. 968 e seus parágrafos, requerer inscrição no Registro Público de
Empresas Mercantis da respectiva sede, caso em que, depois de inscrito, ficará equiparado, para todos
os efeitos, ao empresário sujeito a registro.

Art. 972. Podem exercer a atividade de empresário os que estiverem em pleno gozo da capacidade
civil e não forem legalmente impedidos.

Art. 973. A pessoa legalmente impedida de exercer atividade própria de empresário, se a exercer,
responderá pelas obrigações contraídas.

Art. 974. Poderá o incapaz, por meio de representante ou devidamente assistido, continuar a
empresa antes exercida por ele enquanto capaz, por seus pais ou pelo autor de herança.

Art. 1.142. Considera-se estabelecimento todo complexo de bens organizado, para exercício da
empresa, por empresário, ou por sociedade empresária.

Art. 1.143. Pode o estabelecimento ser objeto unitário de direitos e de negócios jurídicos, translativos
ou constitutivos, que sejam compatíveis com a sua natureza.

Art. 1.144. O contrato que tenha por objeto a alienação, o usufruto ou arrendamento do estabeleci-
mento, só produzirá efeitos quanto a terceiros depois de averbado à margem da inscrição do empre-
sário, ou da sociedade empresária, no Registro Público de Empresas Mercantis, e de publicado na
imprensa oficial.

Art. 1.145. Se ao alienante não restarem bens suficientes para solver o seu passivo, a eficácia da
alienação do estabelecimento depende do pagamento de todos os credores, ou do consentimento
destes, de modo expresso ou tácito, em trinta dias a partir de sua notificação.

Art. 1.146. O adquirente do estabelecimento responde pelo pagamento dos débitos anteriores à trans-
ferência, desde que regularmente contabilizados, continuando o devedor primitivo solidariamente
obrigado pelo prazo de um ano, a partir, quanto aos créditos vencidos, da publicação, e, quanto aos
outros, da data do vencimento.

Art. 1.147. Não havendo autorização expressa, o alienante do estabelecimento não pode fazer concor-
rência ao adquirente, nos cinco anos subsequentes à transferência.

Parágrafo único. No caso de arrendamento ou usufruto do estabelecimento, a proibição prevista


neste artigo persistirá durante o prazo do contrato.

Art. 1.148. Salvo disposição em contrário, a transferência importa a sub-rogação do adquirente nos
contratos estipulados para exploração do estabelecimento, se não tiverem caráter pessoal, podendo

114 CICLOS RETA FINAL TJ/PR | @CICLOSR3


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os terceiros rescindir o contrato em noventa dias a contar da publicação da transferência, se ocorrer


justa causa, ressalvada, neste caso, a responsabilidade do alienante.

Art. 1.149. A cessão dos créditos referentes ao estabelecimento transferido produzirá efeito em rela-
ção aos respectivos devedores, desde o momento da publicação da transferência, mas o devedor
ficará exonerado se de boa-fé pagar ao cedente.

PROPRIEDADE INDUSTRIAL

PATENTE REGISTRO

MODELO DE DESENHO IN-


INVENÇÃO MARCA
UTILIDADE DUSTRIAL

20 anos 15 anos
DURAÇÃO 10 anos 10 anos
(Mín. 10 anos) (Mín. 7 anos)

Prorrogável sem
Prorrogável por limite
PRORROGAÇÃO Não admite até 3 períodos (Requer 1 ano
de 5 anos cada antes do térmi-
no)

Cabe licença compulsória (não é pacífica a possibilidade


LICENÇA Não admite
de licença compulsória do desenho industrial)

• Novidade; • Novidade
• Novidade;
• Originali- relativa;
• Atividade inventiva;
REQUISITOS dade; • Não colidên-
• Aplicação industrial;
• Licitude. cia;
• Licitude.
• Licitude.

Marca notória (art. 126) Alto renome (art. 125)

Não precisa de registro para ser protegida Precisa ser registrado

Só tem proteção no ramo de atividade Tem proteção em todos os ramos de atividade

Precisa ter reconhecimento internacional Reconhecimento no país

Tem proteção em todos os países que assinaram


Só tem proteção no território nacional.
o acordo da convenção da União de Paris.

Exceção ao Princípio da Territorialidade (STJ) Exceção ao Princípio da Especificidade (STJ)

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#SELIGANAJURIS #DIZERODIREITO

Para arquivamento de pedido ou extinção de patente por falta de pagamento da retribuição


anual prevista no art. 84 da Lei nº 9.279/96, exige-se notificação prévia do respectivo deposi-
tante ou titular. Obs: retribuição anual é um valor que deve ser pago anualmente ao INPI pelo fato
de o indivíduo ter pedido ou já ser titular de uma patente. STJ. 3ª Turma. REsp 1669131-RJ, Rel. Min.
Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 27/6/2017 (Info 608).

O termo inicial da pretensão de ressarcimento nas hipóteses de plágio se dá quando o autor


originário tem comprovada ciência da lesão a seu direito subjetivo e de sua extensão, não
servindo a data da publicação da obra plagiária, por si só, como presunção de conhecimento do
dano. STJ. 3ª Turma. REsp 1645746-BA, Rel. Min. Ricardo Villas BôasCueva, julgado em 6/6/2017
(Info 609).

Em ação de nulidade de registro de marca, a que o INPI não deu causa nem ofereceu resistência,
não cabe condenação do instituto em honorários advocatícios sucumbenciais. STJ. 3ª Turma. REsp
1378699-PR, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 7/6/2016 (Info 585).

A pretensão de abstenção de uso de marca nasce para seu titular com a violação do direito
de utilização exclusiva. No caso concreto, o titular da marca havia autorizado que terceiro a utili-
zasse até determinada data. A pretensão inibitória nasceu a partir do momento em que este terceiro
desrespeitou a data assinalada como termo final de vigência da autorização. STJ. 3ª Turma. REsp
1.631.874SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 25/10/2016 (Info 593)

Trade dress ou conjunto-imagem consiste no conjunto de elementos distintivos que caracterizam


um produto, um serviço ou um estabelecimento comercial fazendo com que o mercado consu-
midor os identifique. A caracterização de concorrência desleal por confusão, apta a ensejar
a proteção ao conjunto imagem (trade dress) de bens e produtos, é questão fática a ser
examinada por meio de perícia técnica. Ainda que se esteja diante de uma notória seme-
lhança entre os dois produtos, é indispensável analisar se esta similitude é aceitável do
ponto de vista legal ou se estamos diante de um ato abusivo, usurpador de conjunto-imagem
alheio e passível de confundir o consumidor. Ex: a empresa líder do mercado ajuizou ação contra a
ré (empresa nova) afirmando que esta passou a utilizar embalagem copiando as cores e o design da
autora. Será necessária perícia. STJ. 3ª Turma. REsp 1.353.451-MG, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze,
julgado em 19/09/2017 (Info 612)

#APOSTACICLOS #SAINDODOFORNO

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É necessária a produção de prova técnica para se concluir que houve concorrência desleal decor-
rente da utilização indevida do conjunto-imagem (trade dress) de produto da empresa concorrente.

Assim, o indeferimento da perícia que havia sido oportunamente requerida para tal fim caracteriza
cerceamento de defesa.

STJ. 4ª Turma. REsp 1778910/SP, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, julgado em 06/12/2018.

Marcas fracas ou evocativas, que constituem expressão de uso comum, de pouca originalidade,
atraem a mitigação da regra de exclusividade decorrente do registro, admitindo-se a sua
utilização por terceiros de boa-fé. O monopólio de um nome ou sinal genérico em benefício de
um comerciante implicaria uma exclusividade inadmissível, a favorecer a detenção e o exercício do
comércio de forma única, com prejuízo não apenas à concorrência empresarial — impedindo os
demais industriais do ramo de divulgarem a fabricação de produtos semelhantes através de expres-
sões de conhecimento comum, obrigando-os à busca de nomes alternativos estranhos ao domínio
público — mas sobretudo ao mercado em geral, que teria dificuldades para identificar produtos
similares aos do detentor da marca. STJ. 3ª Turma. REsp 1315621-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado
em 4/6/2013 (Info 526).

 Direito Societário:

#ANOTEAÍ: O critério de identificação da sociedade empresária, no direito brasileiro, é o modo


de exploração do objeto social. Se houver exploração com empresarialidade, haverá sociedade
empresária.

Empresarialidade é a presença dos elementos que definem o empresário, que estão descritos lá
no artigo 966 do Código Civil (exercício profissional de atividade econômica organizada, para a produção
ou a circulação de bens ou de serviços). Exceções: as sociedades por ações (sociedade anônima ou em
comandita por ações) sempre serão empresárias e as cooperativas nunca serão empresárias, ainda que
apresentem características de empresarialidade. Trata-se de um critério legal (art. 982, Código Civil).

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Exploram atividade econômica não empresarial. Exemplo: profissionais


intelectuais.
OBS: Independente de seu objeto, considera-se simples a cooperativa.
SOCIEDADES SIM- #ATENÇÃO A sociedade simples não ganhou previsão de tipo societário
PLES específico, mas pode se organizar sob a forma de um dos tipos de
sociedade empresária (sociedade em nome coletivo, sociedade em co-
mandita simples ou sociedade limitada), com exceção das sociedades por
ações, em razão da regra do artigo 982, parágrafo único, do CC/02.

Exploram atividade empresarial, ou seja, exercem profissionalmente ativ-


idade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou
SOCIEDADES EM-
serviços.
PRESÁRIAS
OBS: Independente de seu objeto, considera-se empresária a sociedade
por ações.

PRINCIPAIS CLASSIFICAÇÃOES DAS SOCIEDADES

Responsabilidade ilimitada: sócios respondem ilimitadamente pelas


obrigações sociais, ou seja, esgotado o patrimônio da sociedade, os cre-
dores podem executar todo o restante da dívida social no patrimônio dos
sócios. ex. sociedade em nome coletivo;
QUANTO À RE-
Responsabilidade limitada: patrimônio pessoal, em princípio, não pode
SPONSABILIDADE
ser executado para a satisfação de débitos sociais. Sendo possível executar
DOS SÓCIOS
o patrimônio pessoal, eventualmente, haverá um limite de responsabili-
dade. ex. sociedade anônima e limitada;

Responsabilidade mista: ex: sociedade em comandita simples e comandi-


ta por ações.

Contratuais: Constituídas por um contrato social e dissolvidas segundo


as regras do CC/02. Exemplo: sociedade limitada, sociedade em nome co-
letivo e sociedade em comandita simples. Máxima autonomia da vonta-
QUANTO AO REGIME de dos sócios.
DE CONSTITUIÇÃO E
DISSOLUÇÃO Institucionais: Constituídas por um ato institucional ou estatutário e dis-
solvidas segundo as regras da Lei 6.404/1976. Exemplo: sociedade anônima
e sociedade em comandita por ações. Mínima autonomia da vontade
dos sócios.

118 CICLOS RETA FINAL TJ/PR | @CICLOSR3


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De pessoas (intuitu personae): a figura do sócio é muito importante,


existe um vínculo psicológico que une os sócios (affectio societatis) e
a entrada de estranhos ao quadro social depende do consentimento dos
QUANTO À COM- demais sócios. Exemplo: sociedade em nome coletivo, sociedade em co-
POSIÇÃO OU ÀS mandita simples (quanto ao sócio comanditado), sociedade limitada (salvo
CONDIÇÕES DE previsão em sentido contrário no contrato social).
ALIENAÇÃO DA
PARTICIPAÇÃO SOCI- De capital: o que importa é tão somente o capital investido pelo
ETÁRIA sócio, a entrada de pessoas estranhas independe do consentimento
dos demais sócios. Exemplo: sociedade em comandita simples (quanto
ao sócio comanditário), sociedade em comandita por ações e sociedade
anônima.

SOCIEDADES NÃO PERSONIFICADAS Sociedade em comum


(Não possuem registro) Sociedade em conta de participação

Sociedade limitada
Sociedade anônima
SOCIEDADES PERSONIFICADAS
Sociedade em nome coletivo
(Possuem registro)
Sociedade em comandita simples
Sociedade em comandita por ações

SOCIEDADES NÃO PERSONIFICADAS

É a que conhecemos tradicionalmente com os nomes de sociedade


irregular ou sociedade de fato. Trata-se da sociedade que ainda não
SOCIEDADE EM CO-
inscreveu seus atos constitutivos no órgão de registro competente. Por
MUM
não possuírem registro, também não possuem personalidade jurídica,
logo, a responsabilidade dos sócios é ilimitada.

A sociedade em conta de participação é o que a doutrina chama


de sociedade secreta. Ela apresenta duas categorias distintas de
sócios: o sócio ostensivo e os sócios participantes (também chama-
SOCIEDADE EM CONTA dos de sócios ocultos). A conta de participação é uma “sociedade” que
DE PARTICIPAÇÃO só existe internamente, ou seja, entre os sócios. Externamente, isto é,
perante terceiros, só aparece o sócio ostensivo, o qual exerce, em seu
nome individual, a atividade empresarial, e responde sozinho pelas
obrigações contraídas.

#NÃOCONFUNDA: O fato de a sociedade não ser personificada apenas significa que ela não possui
registro. Essa classificação não diz respeito ao objeto social da sociedade. Assim, embora as sociedades
não personificadas estejam disciplinadas na parte do Código Civil dedicada às sociedades empresárias,
podem eventualmente ser sociedades simples.

119 CICLOS RETA FINAL TJ/PR | @CICLOSR3


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EFEITOS DA PERSONALIZAÇÃO (Registro):

a) Titularidade negocial: aptidão para realizar negócios jurídicos. Ex. assinar contrato de franquia,
empréstimo, leasing.
b) Titularidade processual: pode estar tanto no polo ativo quanto passivo. Ex. ajuizar execução,
sofrer ação de dissolução de sociedade.
c) Autonomia patrimonial: ela tem patrimônio distinto do patrimônio dos sócios.

DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA:

Art. 50, CC. Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade, ou
pela confusão patrimonial, pode o juiz decidir, a requerimento da parte, ou do Ministério Público quando
lhe couber intervir no processo, que os efeitos de certas e determinadas relações de obrigações sejam esten-
didos aos bens particulares dos administradores ou sócios da pessoa jurídica.

#SELIGA: nesse caso, o juiz NÃO PODE decidir de ofício!

TEORIA MAIOR TEORIA MENOR

No Direito do Consumidor e no Direito Am-


O Direito Civil brasileiro adotou a chamada
biental, adotou-se a teoria menor da descon-
teoria maior da desconsideração. Isso porque
sideração. Isso porque, para que haja a descon-
o art. 50 exige, além da insolvência, que se
sideração da personalidade jurídica nas relações
prove o desvio de finalidade (teoria maior sub-
jurídicas envolvendo consumo ou responsabili-
jetiva) ou a confusão patrimonial (teoria maior
dade civil ambiental, basta provar a insolvên-
objetiva).
cia da pessoa jurídica.

Deve-se provar:
1) Insolvência;
Deve-se provar apenas a insolvência.
2) Abuso da personalidade (desvio de finalidade
ou confusão patrimonial).

Art. 4º da Lei n.º 9.605/98 (Lei Ambiental).


Art.50 do CC
Art. 28, § 5º do CDC.

#ATENÇÃO O NCPC trouxe procedimento próprio para a Desconsideração da Personalidade


Jurídica (art. 133 a 137), além de prever a DESCONSIDERAÇÃO INVERSA que é quando o patrimô-
nio da empresa poderia ser atingido por dívidas do sócio.

CONCEITOS IMPORTANTES

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ato pelo qual o sócio se compromete a transferir determinado montante


SUBSCRIÇÃO
para compor o capital social da sociedade.

INTEGRALIZAÇÃO é o efetivo ato de transferência patrimonial do sócio para a sociedade.

aquele que está em mora com a sociedade. Ou seja, é o sócio que ainda não
integralizou sua parte no capital social.
#SELIGA Opções para o sócio remisso:
SÓCIO REMISSO
a) Purgar a mora e indenizar a sociedade pelos danos emergentes da mora;
b) Sujeitar-se à cobrança judicial;
c) Exclusão da sociedade.

#OLHAOGANCHO É possível a integralização por meio da prestação de serviços? Em regra,


não. Apenas a sociedade simples pura é que admite esse tipo de operação.

OPERAÇÕES SOCIETÁRIAS

Ocorre quando há mudança de tipo societário, ou seja, de uma S/A para


TRANSFORMAÇÃO LTDA ou vice-versa, independentemente, de dissolução e liquidação de um
tipo para outro;

Ocorre quando duas ou mais sociedades se unem, as quais se extinguem,


FUSÃO para formar uma NOVA sociedade, que lhes sucederá em todos os direit-
os e obrigações;

Uma ou mais sociedades são absorvidas por outra, que lhe sucede em
INCORPORAÇÃO
todos os direitos e obrigações. As sociedades absorvidas extinguem-se;

É a operação pela qual a companhia transfere parcela do seu patrimônio


para uma ou mais sociedades, constituídas para esse fim ou já existentes,
CISÃO
extinguindo-se a companhia cindida, se houver a transferência de todo o seu
patrimônio (total), ou dividindo-se o seu capital (parcial).

SOCIEDADE LIMITADA

Deve ser escrito porque os sócios deverão levá-lo a registro no órgão com-
CONTRATO SOCIAL
petente antes do início das atividades.

Sociedade limitada EMPRESÁRIA = Junta Comercial.


REGISTRO Sociedade limitada SIMPLES = Cartório de Registro Civil das Pessoas
Jurídicas.

Firma ou denominação.
NOME EMPRESAR-
#ATENÇÃO deve trazer a expressão “limitada” ou “ltda”, sob pena de
IAL
acarretar na responsabilidade solidária e ilimitada dos administradores.

121 CICLOS RETA FINAL TJ/PR | @CICLOSR3


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Pessoas físicas ou jurídicas.


#SELIGA O incapaz pode ser quotista de sociedade limitada, bastando que
SÓCIOS o capital social esteja totalmente integralizado e que ele não exerça po-
deres de administração. O impedido, da mesma forma, também pode ser
quotista, bastando que não exerça poderes de administração.

A responsabilidade pessoal dos sócios na sociedade limitada é sempre sub-


sidiária e varia conforme esteja o capital social total ou parcialmente integral-
izado. Com relação à parcela não integralizada do capital social, importante
destacar que os sócios são solidariamente responsáveis.
#RESUMINDO:
CAPITAL SOCIAL TOTALMENTE INTEGRALIZADO: Sócios não deverão re-
RESPONSABILI- sponder com seu patrimônio pessoal pelas dívidas da sociedade.
DADE DOS SÓCIOS CAPITAL SOCIAL NÃO TOTALMENTE INTEGRALIZADO: Sócios responderão
com seu patrimônio pessoal até o montante que faltar para a integralização
solidariamente.
#NAOCONFUNDA #OLHAOGANCHO:
Se o capital social está totalmente integralizado, o patrimônio pessoal dos
sócios apenas será atingido em situações excepcionais, como no caso de
desconsideração da personalidade jurídica.

É expressamente vedada a estipulação contratual que exclua qualquer


sócio de participar dos lucros e das perdas. Se o contrato social for om-
LUCROS E PERDAS
isso quanto à forma de distribuição, aplica-se o artigo 1.007 do Código Civil,
distribuindo na proporção das respectivas quotas.

DIREITO DE RE- Quando houver modificação do contrato, fusão da sociedade, incorpo-


TIRADA OU DE ração de outro ou dela por outra, o sócio que dissentiu tem o direito de
RECESSO retirar-se da sociedade nos trinta dias seguintes à reunião.

O Código Civil autoriza que pessoas estranhas ao quadro social admin-


istrem a sociedade, independente de expressa permissão contratual, des-
de que atendido o quórum exigido conforme esteja ou não o capital social
integralizado:
#SELIGANATABELA
Capital social não Aprovação de todos os
ADMIISTRAÇÃO integralizado sócios
Administrador não sócio
Capital social Aprovação de, no mínimo,
integralizado 2/3 dos sócios
Designação em ato
Mais da metade do capital
Administrador sócio separado do contrato
social
social

122 CICLOS RETA FINAL TJ/PR | @CICLOSR3


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Como regra, a exclusão do sócio faltoso deve se dar judicialmente, medi-


ante apreciação da justa causa. Entretanto, o Código Civil de 2002 admite a
exclusão extrajudicial por justa causa do sócio minoritário, desde que o
contrato social expressamente contenha essa previsão.
#RESUMINDO
EXCLUSÃO DE Simples alteração contratual desde que o contrato social permita e
SÓCIO MINORITÁ-
que haja deliberação em assembleia
OU
RIO
Decisão judicial caso o contrato social não permita a exclusão do
sócio
MAJORITÁ-
Apenas judicialmente
RIO

DELIBERAÇÕES SOCIAIS – SOCIEDADE LIMITADA

Sócios titulares com ¾ do capital social votante (mais 3


1ª CHAMADA
QUORUM DE INSTA- publicações de avisos com antecedência de oito dias)
LAÇÃO 2ª CHAMA- Qualquer número de sócios (mais 3 publicações de
DA avisos com antecedência de 5 dias)

REGRA GER-
Maioria absoluta
AL

-Designação de administrador em ato separado do


contrato social;
-Destituição de administrador sócio que tenha sido
MAIS DA
designado em ato separado do contrato social;
METADE DO
-Destituição de administrador não sócio;
CAPITAL SO-
-Expulsão de sócio minoritário (caso permitido no con-
QUORUM DE CIAL
trato social);
VOTAÇÃO -Dissolução da sociedade contratada por prazo inde-
terminado.

-Modificação do contrato social (salvo quanto às


3/4 DO CAP- matérias sujeitas a quórum diverso);
ITAL SOCIAL -Aprovação da incorporação, fusão, dissolução ou
levantamento da liquidação.

2/3 DO CAP- -Designação de administrador não sócio (desde que o


ITAL SOCIAL capital esteja totalmente integralizado).

123 CICLOS RETA FINAL TJ/PR | @CICLOSR3


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-Destituição de sócio nomeado no contrato social


(desde que não haja previsão de quórum diverso no
UNANIMI- contrato social);
DADE -Designação de administrador não sócio (se o capital
não estiver totalmente integralizado);
-Dissolução da sociedade com prazo determinado.

SOCIEDADE ANÔNIMA

São espécies de sociedades estatutárias, também chamadas de “instituciona-


is”. Constituem-se, assim, por meio de um estatuto social e seu capital está divi-
CONCEITO
dido em frações denominadas ações. Cada sócio é titular de determinado número
de ações, sendo chamado de acionista.

Apenas DENOMINAÇÃO, integrada pelas expressões "sociedade anônima" ou


NOME EM- "companhia", por extenso ou abreviadamente. Pode constar da denominação o
PRESARIAL nome do fundador, acionista, ou pessoa que haja concorrido para o bom êxito da
formação da empresa.

Aquela que negocia seus valores mobiliários no mercado de


capitais (formado pela bolsa de valores e pelo Mercado de bal-
ABERTA
cão). Para tanto, é necessária uma prévia autorização e regis-
TIPOS DE S/A tro perante a Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

Aquelas que não negociam seus valores mobiliários no mercado


FECHADA
de capitais

São bens móveis que representam frações em que está dividido o


AÇÕES capital social, concedendo ao seu titular um complexo de direitos
e deveres. São indivisíveis em relação à companhia.

São valores mobiliários que conferem a seus titulares direito de


DEBÊN-
crédito contra a companhia, nas condições constantes da escri-
TURES
tura de emissão e, se houver, do certificado.
VALORES
MOBILIÁRI- São valores mobiliários que conferem ao titular, nas condições
BÔNUS
OS constantes do certificado, o direito de preferência para sub-
DE SUB-
screver novas ações por ocasião do aumento do capital social
SCRIÇÃO
autorizado no estatuto, antes de qualquer outro.

São espécies de notas promissórias e servem para a captação de


NOTAS
recursos no mercado de capital, sendo restituídos aos investi-
ROMISSÓRIAS
dores em curto prazo.

124 CICLOS RETA FINAL TJ/PR | @CICLOSR3


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PARTES São títulos negociáveis, sem valor nominal e estranhos ao cap-


BENEFI- ital social. São emitidos para captar recursos ou remunerar
CIÁRIAS serviço prestado.

ASSEM-
Caráter exclusivamente deliberativo que reúne todos os acionis-
BLEIA-GER-
tas (com ou sem direito a voto).
AL

CONSELHO
Caráter deliberativo e com vistas a agilizar as decisões da Cia.
DE ADMIN-
(mínimo 3 membros, acionistas ou não).
ÓRGÃOS ISTRAÇÃO
SOCIAIS Órgão de representação legal da S/A e execução das deliber-
DIRETORIA ações da assembleia-geral ou do Conselho de Administração
(mínimo 2 membros, acionistas ou não).

Órgão colegiado de fiscalização dos órgãos de administração


CONSELHO
(existência obrigatória e funcionamento facultativo; mínimo de 3 e
FISCAL
máximo de 5 membros, acionistas ou não).

#DEOLHONAJURIS

SOCIEDADE ANÔNIMA. Dissolução parcial da sociedade anônima que não está gerando lucros. É
possível que sociedade anônima de capital fechado, ainda que não formada por grupos familiares,
seja dissolvida parcialmente quando, a despeito de não atingir seu fim – consubstanciado no auferi-
mento de lucros e na distribuição de dividendos aos acionistas –, restar configurada a viabilidade da
continuação dos negócios da companhia. STJ. 3ª Turma. REsp 1.321.263-PR, Rel. Min. Moura Ribeiro,
julgado em 6/12/2016 (Info 595)

DISSOLUÇÃO PARCIAL DA SOCIEDADE. Momento em que se considera dissolvida a sociedade


empresária para fins de apuração de haveres. Na hipótese em que o sócio de sociedade limitada
constituída por tempo indeterminado exerce o direito de retirada por meio de inequívoca e incon-
troversa notificação aos demais sócios, a data-base para apuração de haveres é o termo final do
prazo de 60 dias, estabelecido pelo art. 1.029 do CC/02. STJ. 3ª Turma. REsp 1.602.240-MG, Rel. Min.
Marco Aurélio Bellizze, julgado em 6/12/2016 (Info 595)

SOCIEDADE. Não faz jus ao recebimento de dividendos o sócio que manteve essa condição duran-
te o exercício financeiro sobre o qual é apurado o lucro, mas se desliga da empresa, por alienação
de suas ações, em data anterior ao ato de declaração do benefício. Fundamento jurídico: art. 205 da
Lei nº 6.404/76. Ex: o indivíduo possuía 40 mil ações ordinárias da sociedade anônima. Em fev/2015,
ele vendeu suas ações. Em abril/2015, a S.A. realizou Assembleia Geral Ordinária e deliberou pagar

125 CICLOS RETA FINAL TJ/PR | @CICLOSR3


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aos acionistas da companhia os dividendos apurados no ano anterior (2014). Este indivíduo não terá
direito ao pagamento porque na data do ato de declaração do dividendo (data da Assem-
bleia), ele já não mais fazia parte do quadro de acionistas da Companhia. STJ. 4ª Turma. REsp
1.326.281-RS, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 3/8/2017 (Info 610)

#SELIGANOENUNCIADO

Enunciado CJF/COMERCIAL 19: Não se aplica o Código de Defesa do Consumidor às relações


entre sócios/acionistas ou entre eles e a sociedade.

LIGAÇÕES SOCIETÁRIAS

São coligadas as sociedades nas quais a investidora tenha influência significativa.


SOCIEDADES Considera-se que há influência significativa quando a investidora detém ou
COLIGADAS exerce o poder de participar nas decisões das políticas financeira ou opera-
(Lei das S.A., art. cional da investida, sem controlá-la.
243) É presumida influência significativa quando a investidora for titular de 20% (vinte
por cento) ou mais do capital votante da investida, sem controlá-la.

SOCIEDADE
Considera-se controlada a sociedade na qual a controladora, diretamente ou
CONTROLADO-
através de outras controladas, é titular de direitos de sócio que lhe assegurem,
RA
de modo permanente, preponderância nas deliberações sociais e o poder de
(Lei das S.A., art.
eleger a maioria dos administradores.
243, §2º)

A sociedade subsidiária integral é um caso excepcional de sociedade “uni-


pessoal” admitido em nosso ordenamento jurídico, uma espécie de sociedade
SUBSIDIÁRIA
anônima que tem como único sócio uma sociedade brasileira (art. 251, § 2.º, da
INTEGRAL
LSA).
(Lei das S.A., art.
#CUIDADO: Em nosso ordenamento jurídico, a pluralidade de sócios é pres-
251)
suposto de existência de uma sociedade (art. 981 do Código Civil). A subsidiária
integral é exceção à pluralidade.

A sociedade controladora e suas controladas podem constituir grupo de so-


ciedades, mediante convenção pela qual se obriguem a combinar recursos ou
esforços para a realização dos respectivos objetos, ou a participar de atividades
GRUPOS SOCI- ou empreendimentos comuns (LSA, art. 265).
ETÁRIOS A sociedade controladora, ou de comando do grupo, deve ser brasileira, e exer-
cer, direta ou indiretamente, e de modo permanente, o controle das sociedades
filiadas, como titular de direitos de sócio ou acionista, ou mediante acordo com
outros sócios ou acionistas (LSA, art. 265, §1º).

126 CICLOS RETA FINAL TJ/PR | @CICLOSR3


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As companhias e quaisquer outras sociedades, sob o mesmo controle ou não,


podem constituir consórcio para executar determinado empreendimento (LSA,
art. 278).
CONSÓRCIOS
O consórcio não tem personalidade jurídica e as consorciadas somente se obri-
gam nas condições previstas no respectivo contrato, respondendo cada uma
por suas obrigações, sem presunção de solidariedade (LSA, art. 278, §1º). Toda-
via, possuem capacidade negocial e judiciária.

• TÍTULOS DE CRÉDITO

CONCEITO LEGAL: O título de crédito, documento necessário ao exercício do direito literal e


autônomo nele contido, somente produz efeito quando preencha os requisitos da lei.

PRINCÍPIOS DOS TÍTULOS DE CRÉDITO

CARTULARIDADE LITERALIDADE AUTONOMIA

Pressupõe que o direito de


As relações jurídico-cambiais
crédito mencionado na cár-
são autônomas e indepen-
tula não existe sem ela, não
dentes entre si. Assim, o vício
pode ser transmitido sem a sua
em uma das relações não
tradição e não pode ser exigi-
atinge as demais obrigações
do sem a sua apresentação.
assumidas no título.
#ATENÇÃO: em função do
Deste princípio decorrem dois
princípio da cartularidade, a
Esse princípio traduz a ideia subprincípios:
ação de execução desses títu-
de que só terá validade para -Subprincípio da abstração:
los depende da apresentação
o direito cambiário, aquilo que com a circulação, o título se
do documento original.
está literalmente escrito no desvincula da relação que lhe
#EXCEÇÃO: STJ – Duplicata
título. deu origem;
virtual (agora regulamentada
-Subprincípio da inoponibil-
pela Lei 13.775/2018, publicada
idade das exceções pessoais
em 21/12/2018).
ao terceiro de boa-fé: Para
#SELIGANOTERMO DES-
o credor primitivo é possível
MATERIALIZAÇÃO OU LIQ-
apresentar a exceção pessoal,
UEFAÇÃO DOS TÍTULOS DE
mas não pode para o terceiro
CRÉDITO: crescente criação de
de boa-fé.
títulos de crédito magnéticos.

PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DOS TÍTULOS DE CRÉDITO

Negociabilidade

127 CICLOS RETA FINAL TJ/PR | @CICLOSR3


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Bens Móveis

Executividade

Obrigação Quesível

Solidariedade

#OLHAOGANCHO

SOLIDARIEDADE CIVIL SOLIDARIEDADE CAMBIÁRIA

Não há autonomia nas relações jurídicas. Há autonomia nas relações jurídicas.

Os vícios existentes na relação se estendem a


Os vícios existentes não se estendem a todos.
todos.

Nem todos os devedores terão direito de re-


Todos os devedores terão direito de regresso.
gresso.

TÍTULOS DE CRÉDITO TÍPICOS TÍTULOS DE CRÉDITO ATÍPICOS

Criados pela vontade dos próprios particu-


Criados por uma legislação específica, que lares segundo seus interesses. Isso é permitido,
os regulamenta. Exs: letra de câmbio, nota desde que não violem as regras do Código Civil.
promissória, cheque, duplicata, cédulas e notas Como não são regulados por uma legislação
de crédito. específica, devem obedecer às normas do CC
que tratam sobre títulos de crédito.

CLASSIFICAÇÕES:

Ao portador: circula pela mera tradição; identificação do credor não é feita


de forma expressa, possuidor é considerado titular do crédito (cheque até R$
100,00);
QUANTO À Nominal à ordem: identifica expressamente o titular e se transfere mediante
FORMA DE endosso e tradição (a regra geral para letra de câmbio, nota promissória,
TRANSFERÊN- cheque e duplicata);
CIA OU CIRCU- Nominal não à ordem: também identifica expressamente, mas a circulação se
LAÇÃO dá por cessão civil de crédito e tradição;
Nominativos: emitido em favor de pessoa determinada, de modo que a trans-
ferência depende de termo no referido registro, assinado pelo emitente e pelo
adquirente do título.

128 CICLOS RETA FINAL TJ/PR | @CICLOSR3


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Modelo livre: não se sujeita a formalidade específica (letra de câmbio e nota


QUANTO AO promissória);
MODELO Modelo vinculado: se submete a padronização fixada em lei, só produzindo
efeitos se preenchidas as formalidades legais (cheque e duplicata).

QUANTO À Ordem de pagamento: letra de câmbio, cheque e duplicata;


ESTRUTURA Promessa de pagamento: nota promissória

Título causal: somente pode ser emitido nas hipóteses em que a lei autoriza
QUANTO ÀS
essa emissão (duplicata);
HIPÓTESES DE
Título abstrato: emissão não está condicionada a nenhuma causa preestabele-
EMISSÃO
cida em lei (cheque e nota promissória)

ENDOSSO

O endosso é o ato cambiário mediante o qual o credor do título de crédito


(endossante) transmite seus direitos a outrem (endossatário). É ato cam-
biário, posto que põe o título em circulação.
CONCEITO #SAIBAADIFERENÇA:
(a) Títulos à ordem  são aqueles transferidos por endosso (a cláusula “à
ordem” é implícita);
(b) Títulos não à ordem  só podem ser transferidos por cessão civil.

(a) transfere a titularidade do crédito;


EFEITOS (b) responsabiliza o endossante, passando este a ser codevedor do título (se
o devedor principal não pagar, o endossatário poderá cobrar do endossante).

(i) Endosso branco: O endosso em branco é aquele que não identifica o seu
beneficiário, chamado de endossatário. Nesse caso, simplesmente o endos-
sante assina no verso do título, sem identificar a quem está endossando, o que
ENDOSSO acaba, na prática, permitindo que o título circule ao portador, ou seja, pela
BRANCO mera tradição da cártula.
x (ii) Endosso preto: é aquele que identifica expressamente a quem está
ENDOSSO PRE- sendo transferida a titularidade do crédito, ou seja, o endossatário. Assim,
TO só poderá circular novamente por meio de um novo endosso, que poderá ser
em branco ou em preto. Nesse caso, pois, o endossatário, ao recolocar o título
em circulação, assumirá a responsabilidade pelo adimplemento da dívida, uma
vez que deverá praticar novo endosso.

129 CICLOS RETA FINAL TJ/PR | @CICLOSR3


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O endosso impróprio compreende duas modalidades distintas:


(a) endosso-caução (endosso-pignoratício)  caracteriza-se quando o en-
dossante transmite o título como forma de garantia de uma dívida contraí-
da perante o endossatário.
(b) endosso-mandato (endosso-procuração)  Por meio dele, o endos-
ENDOSSO sante confere poderes ao endossatário – por exemplo, uma instituição
IMPRÓPRIO financeira – para agir como seu legítimo representante, exercendo em nome
daquele os direitos constantes do título, podendo cobrá-lo, protestá-lo, ex-
ecutá-lo etc.
Súmula 476 do STJ: O endossatário de título de crédito por endosso-manda-
to só responde por danos decorrentes de protesto indevido se extrapolar os
poderes de mandatário.

Esse endosso feito após o protesto ou após o prazo para a realização do


protesto é chamado pela doutrina de endosso póstumo ou endosso tardio,
ENDOSSO expressões que denotam, claramente, que tal endosso foi levado a efeito tarde
PÓSTUMO demais. Nesse caso, portanto, como a norma acima transcrita deixa claro,
o endosso não produz os efeitos normais de um endosso, valendo tão so-
mente como uma mera cessão civil de crédito.

ENDOSSO CESSÃO CIVIL


O endossante responde pela existência do O cedente responde somente pela
crédito e pela solvência do devedor existência do crédito.
Para se defender, o devedor não poderá arguir
matérias atinentes à sua relação jurídica com Para se defender, o devedor poderá
ENDOSSO o endossatário (subprincípios da autonomia arguir matérias atinentes à sua relação
X e inoponibilidade das exceções pessoais aos jurídica com o cessionário.
CESSÃO CIVIL terceiros de boa-fé.)
#MUITAATENÇÃO #CÓDIGOCIVIL
Art. 914. Ressalvada cláusula expressa em contrário, constante do endosso,
NÃO RESPONDE O ENDOSSANTE PELO CUMPRIMENTO DA PRESTAÇÃO
constante do título. #GRIFO NOSSO.
O CC inverte a regra da LUG (lei uniforme de Genebra), de modo que o en-
dossante não responde pelo pagamento.

AVAL

Ato cambiário pelo qual um terceiro (o avalista) se responsabiliza pelo pagamento


da obrigação constante do título.
CONCEITO #OLHAAPEGADINHA:
- A LUG admite o AVAL PARCIAL.
- O CC (art. 897) NÃO ADMITE O AVAL PARCIAL.

130 CICLOS RETA FINAL TJ/PR | @CICLOSR3


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O local apropriado para a realização do aval é o anverso do título, caso em que


basta a simples assinatura do avalista. Nada impede, todavia, que o aval seja
LOCAL
feito no verso da cártula, bastando para tanto, além da assinatura, a expressa
menção de que se trata de aval.

O aval também pode ser feito em branco, hipótese em que não identifica o
PRETO avalizado, ou em preto, caso em que o avalizado é expressamente indicado.
x Quando o aval é em branco, presume-se que foi dado em favor de alguém: no
BRANCO caso da letra de câmbio, presume-se em favor do sacador; nos demais títulos,
em favor do emitente ou subscritor.

Há três diferenças básicas:


(a) A primeira delas é decorrente da submissão do aval ao PRINCÍPIO DA AU-
TONOMIA, inerente aos títulos de crédito. O aval, por ser um instituto do regime
jurídico cambial, constitui uma obrigação autônoma em relação à dívida assumida
pelo avalizado. Assim, se a obrigação do avalizado, eventualmente, for atingida por
algum vício, este não se transmite para a obrigação do avalista. Na fiança o mes-
mo não ocorre: ela, como obrigação acessória, leva a mesma sorte da obrigação
principal a que está relacionada.
(b) Outra distinção relevante entre o aval e a fiança diz respeito ao BENEFÍCIO DE
ORDEM, presente nesta e ausente naquele. De fato, o aval não admite o chama-
do benefício de ordem, razão pela qual o avalista pode ser acionado juntamente
com o avalizado. Na fiança, todavia, o benefício de ordem assegura ao fiador
AVAL a prerrogativa de somente ser acionado após o afiançado. A responsabilidade
x do fiador é, portanto, subsidiária.
FIANÇA (c) O aval deve ser prestado no próprio título, em obediência ao PRINCÍPIO DA
LITERALIDADE; já a fiança pode ser prestada em instrumento separado.
#RESUMINDO
Aval Fiança
Só pode se dar nos títulos de crédito Só pode se dar em contrato
É AUTÔNOMO
(OBS: Em razão dessa autonomia, ainda que
É ACESSÓRIO
o avalizado tenha uma falência, incapacidade
ou morte, o avalista continua responsável).
Não tem benefício de ordem (relação de Se NÃO houver renúncia à opção (estipulação
corresponsabilidade). expressa) tem benefício de ordem.

SÚMULA 26 DO STJ: O avalista do título de crédito vinculado a contrato de mútuo também respon-
de pelas obrigações pactuadas, quando no contrato figurar como devedor solidário.

SÚMULA 189 DO STF: Avais em branco e superpostos consideram-se simultâneos e não


sucessivos.

131 CICLOS RETA FINAL TJ/PR | @CICLOSR3


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#DEOLHONAJURIS: Se uma pessoa vai dar o seu aval, ela precisará da concordância do seu cônju-
ge? Exige-se outorga uxória ou marital (concordância do cônjuge) para que a pessoa seja avalista?

• Leis que regem os títulos de crédito: NÃO. Não há previsão exigindo.

• Código Civil: SIM. Exige-se autorização do cônjuge, nos termos do art. 1.647, III.

Essa norma exige uma interpretação razoável e restritiva, sob pena de descaracterizar o aval como
instituto cambiário. Diante disso, o STJ afirmou que esse art. 1.647, III, do CC somente é aplica-
do para os títulos de créditos inominados, considerando que eles são regidos pelo Código
Civil. Por outro lado, os títulos de créditos nominados (típicos), que são regidos por leis
especiais, não precisam obedecer a essa regra do art. 1.647, III, do CC. Em suma, o aval dado
aos títulos de créditos nominados (típicos) prescinde de outorga uxória ou marital. Exemplos
de títulos de créditos nominados: letra de câmbio, nota promissória, cheque, duplicata, cédulas e
notas de crédito. STJ. 3ª Turma. REsp 1.526.560-MG, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado
em 16/3/2017 (Info 604). STJ. 4ª Turma. REsp 1.633.399-SP, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em
10/11/2016.

PROTESTO

Ato formal pelo qual se atesta um fato relevante para a relação cambial. Esse fato
CONCEITO relevante pode ser (i) a falta de aceite do título, (ii) a falta de devolução do título ou
(iii) a falta de pagamento do título.

NECESSÁRIO
x NECESSÁRIO: Contra os coobrigados e endossantes.
FACULTATI- FACULTATIVO: Contra o devedor principal e seu avalista.
VO

Medida processual muito comum é a cautelar de sustação de protesto. É preciso


destacar, porém, que ela só é cabível enquanto o protesto ainda não foi lavra-
do. Após a sua lavratura, o máximo que se pode determinar é a sustação dos seus
SUSTAÇÃO
efeitos, mas, nesse caso, o protesto permanece incólume e continuará registrado
nos assentamentos do cartório em que foi lavrado, até que seja feito o seu can-
celamento.

132 CICLOS RETA FINAL TJ/PR | @CICLOSR3


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Quanto ao local do PROTESTO, em regra, ele ocorrerá no local do pagamento,


e na sua ausência será no domicílio do devedor ou de qualquer deles em sendo
vários devedores.
CASOS ESPECÍFICOS:
LOCAL Letra de Câmbio Duplicata Nota Promissória Cheque
Deverá ser
Lugar de pagamento
protestada no local Lugar do Lugar do
ou domicílio do
indicado para aceite pagamento. pagamento.
emitente.
ou pagamento.

SÚMULA 475 DO STJ: Responde pelos danos decorrentes de protesto indevido o endossatário
que recebe por endosso translativo título de crédito contendo vício formal extrínseco ou intrínseco,
ficando ressalvado seu direito de regresso contra os endossantes e avalistas.

#SAINDODOFORNO #APOSTACICLOS

Não há como impor tacitamente ao credor o dever de enviar, sem provocação, o documento hábil
ao cancelamento do legítimo protesto. O credor tem o inequívoco dever de fornecer o documento
hábil ao cancelamento do protesto, mas para isso precisa ser previamente provocado. Assim, se o
devedor paga ao banco um título de crédito que estava protestado, o banco deverá fornecer uma
carta de anuência com a qual o devedor poderá cancelar o protesto. No entanto, o credor não tem
o dever de fornecer este documento automaticamente. É necessário que haja um requerimento
(um pedido) daquele que pagou. STJ. 4ª Turma. REsp 1.346.584-PR, Rel. Min. Luis Felipe Salomão,
julgado em 09/10/2018 (Info 638).

O protesto irregular de cheque prescrito não caracteriza abalo de crédito apto a ensejar danos
morais ao devedor, se ainda remanescer ao credor vias alternativas para a cobrança da dívida
consubstanciada no título. STJ. 3ª Turma. REsp 1677772-RJ, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em
14/11/2017 (Info 616).

LETRA DE CÂMBIO

É um título de crédito que se estrutura como ORDEM DE PAGAMENTO, razão


pela qual, ao ser emitida, dá origem a três situações jurídicas distintas:
ESTRUTURA
a) a do sacador, que emite a ordem;
DO TÍTULO
b) a do sacado, a quem a ordem é destinada;
c) a do tomador, que é o beneficiário da ordem.

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Aceite é o ato pelo qual o sacado assume obrigação cambial e se torna o


ACEITE devedor principal da letra (aceitante). O aceite, na letra de câmbio, é FACULTA-
TIVO, porém irretratável.

(a) Dia certo: é a que vence em data preestabelecida pelo sacador, logicamente
posterior à data do saque.
(b) À vista: é aquela que tem seu vencimento no dia da apresentação do
título ao sacado. Não há a prefixação de uma data específica, portanto.
(c) A certo termo da vista: é a que vence após um determinado prazo, es-
VENCIMENTO
tipulado pelo sacador quando de sua emissão, que começa a correr a partir da
vista (aceite) do título.
(d) A certo termo da data: também vence após um determinado prazo estipu-
lado pelo sacador, mas que começa a correr não a partir do aceite, mas a partir
da própria emissão (saque) do título.

Pagável no exterior  No dia do vencimento ou nos dois dias úteis se-


DATA PARA O guintes.
PAGAMENTO Pagável no Brasil  No dia do vencimento ou, recaindo em dia não útil, no
primeiro dia útil seguinte.

NOTA PROMISSÓRIA

Trata-se de uma promessa de pagamento, razão pela qual sua emissão dá


origem a duas situações jurídicas distintas:
ESTRUTURA DO a) a do sacador ou promitente (chamado na Lei Uniforme de subscritor), que
TÍTULO emite a nota e promete pagar determinada quantia a alguém;
b) e a do tomador, em favor de quem a nota é emitida e que receberá a im-
portância prometida.

ACEITE A nota promissória NÃO ADMITE ACEITE!

LEGISLAÇÃO Aplicam-se às notas promissórias as normas previstas para a letra de câmbio


APLICÁVEL em relação ao endosso, aval e vencimento.

CHEQUE

O cheque é ordem de pagamento à vista emitida contra um banco em


razão de fundos que a pessoa (emitente) tem naquela instituição financeira. É,
ESTRUTURA DO
como visto, um título de modelo vinculado, uma vez que só é cheque aquele
TÍTULO
documento emitido pelo banco, em talonário específico, com uma numeração
própria.

134 CICLOS RETA FINAL TJ/PR | @CICLOSR3


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(a) Lei do Cheque prevê, em seu art. 39, que o banco tem a obrigação legal
de verificar a regularidade da cadeia de endossos;
(b) Quando possuírem valor não superior a R$ 100,00 (cem reais), podem ser
emitidos ao portador. Cheques acima desse valor, todavia, deverão ser emiti-
dos nominalmente;
CURIOSIDADES
(c) Embora seja uma ordem de pagamento à vista, popularizou-se bastante
no Brasil a emissão de cheque para ser pago em data futura (cheque pré ou
pós-datado). Por ser o cheque uma ordem de pagamento à vista, se apresen-
tado o título, o banco é obrigado a pagar. No entanto, aquele que apresen-
tou o cheque, nessas condições, será civilmente responsabilizado.

(a) Cheque cruzado: ao ser feito o cruzamento o cheque só pode ser pago a
um banco ou a um cliente do banco, mediante crédito em conta, o que evita,
consequentemente, o seu desconto na boca do caixa;
(b) Cheque visado: aquele em que o banco confirma, mediante assinatu-
ra no verso do título, a existência de fundos suficientes para pagamento do
MODALIDADES valor mencionado. Ao visar o cheque, o banco garante que ele tem fundos e
DE CHEQUES assegura o seu pagamento durante o prazo de apresentação. Com o visto, o
banco se obriga a reservar a quantia constante do cheque durante o período
de apresentação;
(c) Cheque administrativo: é aquele emitido por um banco contra ele mes-
mo, para ser liquidado em uma de suas agências. O banco, portanto, é ao
mesmo tempo emitente e sacado.

Art. 35 O emitente do cheque pagável no Brasil pode revogá-lo, mercê de


contraordem dada por aviso epistolar, ou por via judicial ou extrajudicial, com
as razões motivadoras do ato. Parágrafo único - A revogação ou contraordem
só produz efeito depois de expirado o prazo de apresentação e, não sendo
promovida, pode o sacado pagar o cheque até que decorra o prazo de pre-
scrição, nos termos do art. 59 desta Lei.
SUSTAÇÃO DO
Art. 36 Mesmo durante o prazo de apresentação, o emitente e o portador
CHEQUE
legitimado podem fazer sustar o pagamento, manifestando ao sacado,
por escrito, oposição fundada em relevante razão de direito.
§ 1º A oposição do emitente e a revogação ou contraordem se excluem recip-
rocamente.
§ 2º Não cabe ao sacado julgar da relevância da razão invocada pelo oponen-
te.

Trata-se do prazo dentro do qual o emitente deverá levar o cheque para paga-
PRAZO DE mento junto à instituição financeira sacada.
APRESENTAÇÃO “da mesma praça” - prazo de apresentação de 30 dias.
“de praças diferentes” - prazo de apresentação será de 60 dias.

135 CICLOS RETA FINAL TJ/PR | @CICLOSR3


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Art. 59 Prescrevem em 6 (SEIS) MESES, contados da expiração do prazo de


apresentação, a ação que o art. 47 desta Lei assegura ao portador.
PRESCRIÇÃO Parágrafo único - A ação de regresso de um obrigado ao pagamento do
cheque contra outro prescreve em 6 (seis) meses, contados do dia em que o
obrigado pagou o cheque ou do dia em que foi demandado.

É uma forma de cobrança do cheque prescrito.


Art. 61 A ação de enriquecimento contra o emitente ou outros obrigados, que
AÇÃO DE LOCU-
se locupletaram injustamente com o não-pagamento do cheque, PRESCREVE
PLETAMENTO
EM 2 (DOIS) ANOS, contados do dia em que se consumar a prescrição prevista
no art. 59 e seu parágrafo desta Lei.

SÚMULA 600 DO STF: Cabe ação executiva contra o emitente e seus avalistas, ainda que não
apresentado o cheque ao sacado no prazo legal, desde que não prescrita a ação cambiária.

SÚMULA 299 DO STJ: É admissível a ação monitória fundada em cheque prescrito.

SÚMULA 503 DO STJ: O prazo para ajuizamento de ação monitória em face do emitente de
cheque sem força executiva é quinquenal, a contar do dia seguinte à data de emissão estampada
na cártula.

SÚMULA 531 DO STJ: Em ação monitória fundada em cheque prescrito ajuizada contra o emitente,
é dispensável a menção ao negócio jurídico subjacente à emissão da cártula.

SÚMULA 370 DO STJ: Caracteriza dano moral a apresentação antecipada de cheque pré-da-
tado.

Em qualquer ação utilizada pelo portador para cobrança de cheque, a correção monetária incide a
partir da data de emissão estampada na cártula, e os juros de mora a contar da primeira apresenta-
ção à instituição financeira sacada ou câmara de compensação. STJ. 2ª Seção. REsp 1556834-SP, Rel.
Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 22/6/2016 (recurso repetitivo) (Info 587).

Sempre será possível, no prazo para a execução cambial, o protesto cambiário de cheque
com a indicação do emitente como devedor. STJ. 2ª Seção. REsp 1423464-SC, Rel. Min. Luis Feli-
pe Salomão, julgado em 27/4/2016 (recurso repetitivo) (Info 584).

O banco sacado não é parte legítima para figurar no polo passivo de ação ajuizada com
o objetivo de reparar os prejuízos decorrentes da devolução de cheque sem provisão de
fundos emitido por correntista. Ex: João emitiu um cheque em favor de Paulo. Este foi até o
banco tentar sacar a quantia, mas o cheque foi recusado por falta de fundos. Paulo ajuizou ação de
indenização contra o banco alegando que houve má prestação do serviço bancário. Isso porque
a instituição financeira deveria ser mais cautelosa e diligente ao fornecer talonário de cheques aos

136 CICLOS RETA FINAL TJ/PR | @CICLOSR3


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seus clientes, verificando se são bons pagadores, se possuem renda suficiente, se já têm conta há
muito tempo etc. Tal pedido não encontra amparo na jurisprudência do STJ. STJ. 4ª Turma. REsp
1509178-SC, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, julgado em 20/10/2015 (Info 574).

#DEOLHONAJURIS: O cheque pós-datado amplia o prazo de apresentação?

1) Pós-datação regular (efetivada no campo referente à data de emissão): SIM. A pactuação


da pós-datação de cheque, para que seja hábil a ampliar o prazo de apresentação à instituição
financeira sacada, deve espelhar a data de emissão estampada no campo específico da cártula. O
ordenamento jurídico confere segurança e eficácia à pós-datação regular (efetivada no campo refe-
rente à data de emissão). STJ. 2a Seção. REsp 1.423.464-SC, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado
em 27/4/2016 (recurso repetitivo) (Info 584).

2) Pós-datação extracartular (feita em campo diverso do campo específico): NÃO. A pós-da-


tação extracartular do cheque não modifica o prazo de apresentação nem o prazo de prescrição do
título. A pós-datação extracartular tem existência jurídica, mas apenas com natureza obrigacional
entre as partes (Súmula 370). Esta pactuação extracartular, contudo, é ineficaz em relação à conta-
gem do prazo de apresentação e, por conseguinte, não tem o condão de operar o efeito de ampliar
o prazo de apresentação do cheque. STJ. 4a Turma. REsp 1.124.709-TO, Rel. Min. Luis Felipe Salomão,
julgado em 18/6/2013 (Info 528).

DUPLICATA

A duplicata é título causal, ou seja, só pode ser emitida para documentar deter-
ESTRUTURA minadas relações jurídicas preestabelecidas pela sua lei de regência, quais sejam:
DO TÍTULO (i) uma compra e venda mercantil, ou
(ii) um contrato de prestação de serviço.

(a) A duplicata só pode ser emitida com dia certo ou à vista;


CARAC- (b) É título estruturado como ordem de pagamento;
TERÍSTICAS (c) O ACEITE É OBRIGATÓRIO;
(d) a duplicata é título de crédito emitido pelo próprio credor (vendedor).

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Emitida a duplicata, ela deverá então ser enviada para o devedor (compra-
dor), para que este efetue o aceite e a devolva. Caso ele recuse o aceite, terá
que justificar tal ato. O devedor (comprador) se obriga ao pagamento desse
título independentemente de aceitá-lo expressamente. Daí porque se diz que o
aceite, na duplicata, pode ser expresso (ordinário) ou presumido (por presunção).
A grande diferença entre o aceite expresso e o aceite presumido se manifesta na
execução da duplicata. Com efeito, a duplicata aceita expressamente, como
é título de crédito perfeito e acabado, pode ser executada sem a exigência
de maiores formalidades. Basta a apresentação do título. No entanto, a
execução da duplicata aceita por presunção segue regra diferente. Além da
apresentação do título, são necessários o protesto (mesmo que a execução
se dirija contra o devedor principal) e o comprovante de entrega das mer-
cadorias.
#SAINDODOFORNO #APOSTACICLOS
A duplicata mercantil, apesar de causal no momento da emissão, com o aceite e
PROCEDI- a circulação adquire abstração e autonomia, desvinculando-se do negócio jurídi-
MENTO co subjacente, impedindo a oposição de exceções pessoais a terceiros endos-
satários de boa-fé, como a ausência ou a interrupção da prestação de serviços
ou a entrega das mercadorias.
STJ. 2ª Seção. EREsp 1.439.749-RS, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, julgado em
28/11/2018 (Info 640).
A existência de cláusula compromissória não afeta a executividade do título de
crédito inadimplido e não impede a deflagração do procedimento falimentar,
fundamentado no art. 94, I, da Lei nº 11.101/2005.
Caso concreto: o contrato entre as empresas “A” e “B” continha uma cláusula
compromissória. Com base nesse contrato, a empresa “A” forneceu mercadorias
para a empresa “B”. A empresa “B” não pagou a duplicata referente a essa venda.
Diante disso, a empresa “A” poderá ingressar com execução individual ou, então,
pedir a falência da empresa “B” sem precisar instaurar o procedimento arbitral.
Havendo título executivo, o direito do credor só pode ser garantido por meio do
juízo estatal, já que o árbitro não possui poderes de natureza executiva.
STJ. 4ª Turma. REsp 1733685-SP, Rel. Min. Raul Araújo, julgado em 06/11/2018
(Info 637).

→ FALÊNCIA
- A lei 11.101/2005 é considerada híbrida, por possuir normas de caráter material e processual.
INCIDÊNCIA DA LEI 11.101/2005

EMPRESÁRIO INDIVIDUAL

SOCIEDADE EMPRESÁRIA

138 CICLOS RETA FINAL TJ/PR | @CICLOSR3


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EIRELI

#ATENÇÃO: estão totalmente excluídas da incidência da Lei 11.101/2005 das sociedades de econo-
mia mista e as empresas públicas, por expressa previsão legal.

FALÊNCIA

Trata-se de execução especial, na qual todos os credores deverão ser re-


unidos em um único processo, para a execução conjunta do devedor. Em
vez de se submeter a uma execução individual, o devedor insolvente deverá
CONCEITO
se submeter a uma execução concursal, em obediência ao princípio da par
conditio creditorum, segundo o qual deve ser dado aos credores tratamen-
to isonômico.

PRINCÍPIO DA Essa atividade (empresa) pode continuar sob a respons-


PRESERVAÇÃO abilidade de outro empresário (empresário individual ou
DA EMPRESA sociedade empresária).

PRINCÍPIOS evitando-se a desvalorização e a deterioração, con-


PRINCÍPIO
segue-se fazer com que no momento da venda esta seja
DA MAXIMI-
feita por um preço justo, o que em última análise interes-
ZAÇÃO DOS
sa aos credores da massa, visto que o dinheiro arrecada-
ATIVOS
do será usado para o pagamento de seus créditos.

PRESSUPOS-
TO MATERIAL Devedor empresário
SUBJETIVO

PRESSUPOSTOS PRESSUPOS-
DA FALÊNCIA TO MATERIAL Insolvência ( jurídica ou presumida) do devedor
OBJETIVO

PRESSUPOSTO
Sentença declaratória de falência (natureza constitutiva)
FORMAL

FASE PRÉ-FALI- início: com o pedido de falência


MENTAR término: sentença declaratória de falência.

PROCEDIMENTO FASE FALIMEN- início: sentença declaratória de falência.


TAR término: sentença de encerramento

REABILITAÇÃO início: sentença de extinção das obrigações do falido

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I – empresa pública e sociedade de economia mista (a lei não distingue entre


prestadora de serviço público ou exploradora de atividade econômica).
II – instituição financeira pública ou privada, cooperativa de crédito, consór-
NÃO ESTÃO SU-
cio, entidade de previdência complementar, sociedade operadora de plano
JEITOS A FALÊN-
de assistência à saúde, sociedade seguradora, sociedade de capitalização e
CIA
outras entidades legalmente equiparadas às anteriores.
#ATENÇÃO tais agentes possuem leis específicas para tratar da sua insolvên-
cia.

Art. 97. Podem requerer a falência do devedor:


I – o próprio devedor, na forma do disposto nos arts. 105 a 107 desta Lei;
II – o cônjuge sobrevivente, qualquer herdeiro do devedor ou o inven-
tariante;
SUJEITO ATIVO III – o cotista ou o acionista do devedor na forma da lei ou do ato constitu-
tivo da sociedade;
IV – qualquer credor.
#SELIGA Enunciado 56: A Fazenda Pública não possui legitimidade ou
interesse de agir para requerer a falência do devedor empresário.

O juízo do local do principal estabelecimento do devedor ou da filial de


empresa que tenha sede fora do Brasil.
#SELIGA: conceito de principal estabelecimento está ligado ao aspecto
COMPETÊNCIA
econômico: local onde o devedor concentra o maior volume de negócios,
o que nem sempre coincide com o local da sede ou centro administrativo.
Trata-se de competência absoluta.

-Ações não reguladas pela Lei 11.101/05 em que a massa falida atue no polo
ativo da relação processual, individualmente ou em litisconsórcio.
EXCEÇÕES AO -Ações que demandam quantia ilíquida
JUÍZO UNIVERSAL -Demandas em curso na Justiça do Trabalho
DA FALÊNCIA -Execuções fiscais
-Ações em que a União ou algum ente público federal sejam partes ou inter-
essados

Quatro opções diante do pedido de falência:


-pode apresentar contestação;
RESPOSTAS DO
-fazer o depósito elisivo;
DEVEDOR:
-contestar e realizar o depósito elisivo;
-pedir a recuperação judicial.

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A elisão da falência é feita com o depósito em juízo do valor da dívida


reclamada no pedido falimentar, devidamente corrigido e acrescido de
juros e honorários advocatícios.
DEPÓSITO ELI- #PRESTAATENÇÃO Pela literalidade da lei, não cabe elisão da falência nos
SIVO casos dos atos de falência descritos no inciso III do art. 94 da Lei, mas apenas
nos casos de impontualidade injustificada e execução frustrada. Entretanto,
a doutrina e jurisprudência tendem a admitir o depósito elisivo em qualquer
caso.

RECURSO Sentença que decreta a Falência = Agravo de Instrumento


CABÍVEL Sentença que julga improcedente a Falência = Apelação

É um lapso temporal. Os atos praticados dentro desse intervalo de tem-


po, serão investigados, por meio de uma auditoria. E se, por acaso, o
devedor praticar atos expressamente previstos no art. 129 (são as hipóteses
TERMO LEGAL
de ação revocatória) da Lei, o juiz irá a declarar a ineficácia desses atos. O
DA FALÊNCIA OU
termo legal da falência não pode retroagir por mais de noventa dias
PERÍODO SUS-
contado do pedido de falência (no caso de atos de falência), do pedido
PEITO / CINZEN-
de recuperação judicial (no caso de convolação em falência) ou do pri-
TO:
meiro protesto por falta de pagamento (no caso de falência por impontuali-
dade injustificada ou execução fracassada), excluindo-se, para esta finalidade,
os protestos que tenham sido cancelados.

Falência dos sócios de responsabilidade ilimitada;


Apuração de eventual responsabilidade pessoal dos
sócios de responsabilidade limitada;
Inabilitação empresarial;
Perda do direito de administração dos seus bens e da
EM RELAÇÃO disponibilidade sobre eles (formação da massa falida
À PESSOA DO objetiva);
EFEITOS DA DEVEDOR Não pode ausentar-se do lugar da falência sem autor-
FALÊNCIA ização do juiz;
Comparecimento a todos os atos da falência;
Suspensão do direito ao sigilo à correspondência e ao
livre exercício da profissão;
Dever de colaboração com a administração da falência.

EM RELAÇÃO Formação da massa falida objetiva (arrecadação de todos


AOS BENS DO os bens do devedor, exceto os absolutamente impen-
DEVEDOR horáveis).

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Suspensão do exercício do direito de retenção (sobre os


bens sujeitos à arrecadação), de retirada ou recebimen-
to do valor de quotas ou ações por parte dos sócios da
sociedade falida;
Vencimento antecipado das dívidas do devedor e dos
sócios ilimitada e solidariamente responsáveis (com aba-
EM
timento proporcional dos juros e conversão de todos os
RELAÇÃO ÀS
créditos em moeda estrangeira para a moeda do país);
OBRIGAÇÕES
Limitação à compensação de dívidas do devedor até o
DO DEVEDOR
dia da decretação da falência;
Inexigibilidade de juros vencidos, previstos em lei ou em
contrato, se o ativo apurado não bastar para o paga-
mento dos credores subordinados;
Continuidade dos contratos que puderem ser cumpridos
e que possam reduzir ou evitar o aumento do passivo.

EM RELAÇÃO
Formação da massa falida subjetiva (procedimento de
AOS CRE-
verificação e habilitação dos créditos).
DORES DO
Instauração do juízo universal da falência.
FALIDO

EM RELAÇÃO
AOS ATOS DO Fixação do termo legal da falência (ineficácia dos atos).
FALIDO

-Pagamento de todos os créditos;


-Pagamento, depois de realizado todo o ativo, de mais de 50% (cinquenta
por cento) dos créditos quirografários, sendo facultado ao falido o depósi-
to da quantia necessária para atingir essa porcentagem se para tanto
não bastou a integral liquidação do ativo;
EXTINÇÃO DAS
-Decurso do prazo de 5 (cinco) anos, contado do encerramento da falência,
OBRIGAÇÕES DO
se o falido não tiver sido condenado por prática de crime previsto nesta Lei;
DEVEDOR FALIDO
-Decurso do prazo de 10 (dez) anos, contado do encerramento da falência,
se o falido tiver sido condenado por prática de crime previsto nesta Lei.
-Verificada a prescrição ou extintas as obrigações nos termos desta Lei,
o sócio de responsabilidade ilimitada também poderá requerer que seja
declarada por sentença a extinção de suas obrigações na falência.

ATOS OBJETIVAMENTE INEFICAZES ATOS SUBJETIVAMENTE INEFICAZES

Art. 129 da Lei 11.101/95 Art. 130 da Lei 11.101/05

Rol taxativo Rol não taxativo

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só terão reconhecida sua ineficácia se restar


reconhecimento da ineficácia independe da provada a intenção de prejudicar os credores,
demonstração de fraude do devedor ou de o conluio fraudulento entre o devedor e o ter-
conluio com o terceiro com quem ele contratou. ceiro que contratou com ele e o real prejuízo da
massa.

Pode ser declarada de ofício Não pode ser declarada de ofício

Pode ser declarada de modo incidental Depende de ação revocatória

#SELIGA: A legitimidade para propositura da ação revocatória é concorrente entre o adminis-


trador judicial, qualquer credor e o Ministério Público. Além disso, o prazo para propositura é de
três anos contados da decretação de falência. Se o juiz julga a ação revocatória procedente, as partes
retornarão ao estado anterior, e o contratante de boa-fé terá direito à restituição dos bens ou
valores entregues ao devedor (art. 136).

Remunerações devidas ao administrador judicial e seus auxiliares, e créditos


derivados da legislação do trabalho ou decorrentes de acidentes de trabalho relati-
vos a serviços prestados após a decretação da falência;

Quantias fornecidas à massa pelos credores;

CRÉDITOS Despesas com arrecadação, administração, realização do ativo e distribuição do


EXTRACON- seu produto, bem como custas do processo de falência;
CURSAIS Custas judiciais relativas às ações e execuções em que a massa falida tenha sido
vencida;

Obrigações resultantes de atos jurídicos válidos praticados durante a recuperação


judicial, nos termos do art. 67 desta Lei, ou após a decretação da falência, e tribu-
tos relativos a fatos geradores ocorridos após a decretação da falência, respeitada
a ordem estabelecida no art. 83 desta Lei.

Os créditos derivados da legislação do trabalho, limitados a 150 (cento e


cinquenta) salários-mínimos por credor, e os decorrentes de acidentes de tra-
CRÉDITOS balho (sem limitação de valor);
CONCUR-
Créditos com garantia real até o limite do valor do bem gravado;
SAIS
Créditos tributários, independentemente da sua natureza e tempo de constitu-
ição, excetuadas as multas tributárias;

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Créditos com privilégio especial, a saber:


a) os previstos no art. 964 do Código Civil;
b) os assim definidos em outras leis civis e comerciais, salvo disposição contrária
desta Lei;
c) aqueles a cujos titulares a lei confira o direito de retenção sobre a coisa dada em
garantia;
d) aqueles em favor dos microempreendedores individuais e das microempresas
e empresas de pequeno porte de que trata a Lei Complementar no 123, de 14 de
dezembro de 2006

Créditos com privilégio geral, a saber:


a) os previstos no art. 965 do Código Civil;
b) os previstos no parágrafo único do art. 67 desta Lei;
c) os assim definidos em outras leis civis e comerciais, salvo disposição contrária
desta Lei;

Créditos quirografários, a saber:


a) aqueles não previstos nos demais incisos deste artigo;
b) os saldos dos créditos não cobertos pelo produto da alienação dos bens vincu-
lados ao seu pagamento;
c) os saldos dos créditos derivados da legislação do trabalho que excederem o
limite estabelecido no inciso I do caput deste artigo;

As multas contratuais e as penas pecuniárias por infração das leis penais ou admin-
istrativas, inclusive as multas tributárias;

Créditos subordinados, a saber:


a) os assim previstos em lei ou em contrato;
b) os créditos dos sócios e dos administradores sem vínculo empregatício.

RECUPERAÇÃO JUDICIAL

A recuperação judicial tem por objetivo viabilizar a superação da situação


de crise econômico-financeira do devedor, a fim de permitir a manutenção
CONCEITO da fonte produtora do emprego dos trabalhadores e dos interesses dos cre-
dores, promovendo, assim, a preservação da empresa, sua função social e o
estímulo à atividade econômica.

AUTOR DO PE-
Somente EMPRESÁRIOS
DIDO

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Art. 48. Poderá requerer recuperação judicial o devedor que, no momento


do pedido, exerça regularmente suas atividades há mais de 2 (dois) anos e
que atenda aos seguintes requisitos, cumulativamente:
I –não ser falido e, se o foi, estejam declaradas extintas, por sentença transit-
ada em julgado, as responsabilidades daí decorrentes;
REQUISITOS MA- II –não ter, há menos de 5 (cinco) anos, obtido concessão de recuperação
TERIAIS PARA O judicial;
PEDIDO III - não ter, há menos de 5 (cinco) anos, obtido concessão de recuperação
judicial com base no plano especial de que trata a Seção V deste Capítulo;
(Redação dada pela Lei Complementar nº 147, de 2014)
IV – não ter sido condenado ou não ter, como administrador ou sócio
controlador, pessoa condenada por qualquer dos crimes previstos nesta
Lei.

Inicia-se com o pedido de recuperação e vai até o


POSTULAÇÃO
despacho de processamento;

PROCESSAMEN- Vai do despacho de processamento até a decisão con-


FASES
TO cessiva;

Da decisão concessiva até o encerramento da recuper-


EXECUÇÃO
ação judicial.

Publicada a decisão que defere o processamento do pedido de recuperação,


APRESENTAÇÃO o devedor terá prazo de 60 dias para apresentar ao juízo o seu plano de
DO PLANO DE recuperação. Qualquer credor poderá manifestar ao juiz sua objeção ao
RECUPERAÇÃO plano de recuperação judicial no prazo de 30 (trinta) dias contado da publi-
cação da relação de credores.

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COM CONSENTIMENTO DOS CREDORES:


Se os credores consentirem com o plano do devedor, sem a apresentação de
qualquer objeção, ou se eles aprovarem o plano, com ou sem alterações, na
assembleia geral, caberá apenas ao devedor providenciar a apresentação de
certidões negativas de débitos tributários, nos termos previstos pela legislação
tributária.

SEM CONSENTIMENTO DOS CREDORES:


Art. 58. § 1º O juiz poderá conceder a recuperação judicial com base em
plano que não obteve aprovação na forma do art. 45 desta Lei, desde que,
CONCESSÃO DA na mesma assembleia, tenha obtido, de forma cumulativa: #ATENÇÃO
RECUPERAÇÃO I – o voto favorável de credores que representem mais da metade do valor de
todos os créditos presentes à assembleia, independentemente de classes;
II – a aprovação de 2 (duas) das classes de credores nos termos do art. 45
desta Lei ou, caso haja somente 2 (duas) classes com credores votantes, a
aprovação de pelo menos 1 (uma) delas;
III – na classe que o houver rejeitado, o voto favorável de mais de 1/3 (um
terço) dos credores, computados na forma dos §§ 1º e 2º do art. 45 desta Lei.
§2º A recuperação judicial somente poderá ser concedida com base no § 1º
deste artigo se o plano não implicar tratamento diferenciado entre os credores
da classe que o houver rejeitado.

O objetivo do processo de recuperação judicial é propiciar ao devedor as


condições necessárias à superação de sua crise econômico-financeira. As me-
ENCERRAMENTO
didas propostas no plano, pois, devem ser levadas a cabo para que surtam os
efeitos esperados e permitam que a empresa continue em atividade.

CONVOLAÇÃO DA RECUPERAÇÃO JUDICIAL EM FALÊNCIA

O devedor permanecerá em recuperação judicial até que se cumpram todas as obrigações


previstas no plano que se vencerem ATÉ 2 (DOIS) ANOS depois da concessão da recuperação
judicial.

Durante esse período, o descumprimento de qualquer obrigação prevista no plano acarretará


a convolação da recuperação em falência.

Além disso, o juiz decretará a falência durante o processo de recuperação judicial:


I – por deliberação da assembleia-geral de credores, na forma do art. 42 desta Lei;
II – pela não apresentação, pelo devedor, do plano de recuperação no prazo do art. 53 desta Lei;
III – quando houver sido rejeitado o plano de recuperação, nos termos do § 4º do art. 56 desta Lei;
IV – por descumprimento de qualquer obrigação assumida no plano de recuperação, na forma do §
1º do art. 61 desta Lei.

#DEOLHONAJURIS #AJUDAMARCINHO

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#SAINDODOFORNO #APOSTACICLOS

FALÊNCIA E RECUPERAÇÃO JUDICIAL. É cabível a interposição de agravo de instrumen-


to contra decisões interlocutórias em processo falimentar e recuperacional, ainda que não haja
previsão específica de recurso na Lei nº 11.101/2005 (LREF). Fundamento: interpretação extensiva
do art. 1.015, parágrafo único, do CPC/2015. STJ. 4ª Turma. REsp 1722866-MT, Rel. Min. Luis Felipe
Salomão, julgado em 25/09/2018 (Info 635).

RECUPERAÇÃO JUDICIAL. A Lei nº 11.101/2005, embora tenha excluído expressamente dos efeitos
da recuperação judicial o crédito de titular da posição de proprietário fiduciário de bens imóveis ou
móveis, acentuou que os “bens de capital”, objeto de garantia fiduciária, essenciais ao desenvolvi-
mento da atividade empresarial, permanecem na posse da recuperanda durante o stay period. A
conceituação de “bem de capital”, referido na parte final do § 3º do art. 49 da LRF, há de ser objetiva.
Assim, “bem de capital” é o bem corpóreo (móvel ou imóvel) utilizado no processo produ-
tivo da empresa recuperanda e que não seja perecível nem consumível. STJ. 3ª Turma. REsp
1758746-GO, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 25/09/2018 (Info 634).

FALÊNCIA. É imprescindível a publicação na imprensa oficial do edital previsto no art. 7º, § 2º, da
Lei nº 11.101/2005. Assim, a Lei não permite que a publicação seja feita exclusivamente no
jornal. Fundamento: art. 191 da Lei de Falência. A leitura do caput do art. 191 revela que as publi-
cações devem ser sempre feitas na imprensa oficial, devendo ser, preferencialmente, feitas também
mediante publicação em jornal ou revista de circulação se as possibilidades financeiras do devedor
ou da massa falida assim comportarem. Obs: o art. 7º, § 2º trata sobre o edital contendo a relação
feita pelo administrador judicial dos credores do falido. STJ. 3ª Turma. REsp 1758777-PR, Rel. Min.
Nancy Andrighi, julgado em 11/09/2018 (Info 633).

Não é cabível a restituição de quantia em dinheiro que se encontra depositada em conta corrente
de banco falido, em razão de contrato de trust. STJ. 3ª Turma. REsp 1438142-SP, Rel. Min. Paulo de
Tarso Sanseverino, julgado em 15/05/2018 (Info 631).

A ação de compensação por danos morais movida contra empresa em recuperação judicial
não deve permanecer suspensa até o trânsito em julgado da decisão final proferida no processo
de soerguimento. STJ. 3ª Turma. REsp 1710750-DF, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 15/05/2018
(Info 627).

O crédito derivado de fato ocorrido em momento anterior àquele em que requerida a recupera-
ção judicial deve sujeitar-se ao plano de soerguimento da sociedade devedora. STJ. 3ª Turma. REsp
1.727.771-RS, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 15/05/2018 (Info 626).

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Mesmo não havendo previsão expressa na Lei nº 11.101/2005, deve ser reconhecida a incidência
da norma do art. 191 do CPC/1973 (art. 229 do CPC/2015) para a prática de atos processuais pelos
credores habilitados no processo falimentar quando representados por diferentes procuradores.
Assim, se no processo de falência uma decisão desagradar aos credores e eles decidirem recorrer,
terão prazo em dobro caso possuam diferentes procuradores, de escritórios de advocacia distintos.
Em outras palavras, aplica-se aos credores da sociedade falida o prazo em dobro do art. 229 do
CPC/2015. STJ. 3ª Turma. REsp 1634850/RJ, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 20/03/2018.

A competência para processar e julgar demandas cíveis com pedidos ilíquidos contra massa falida,
quando em litisconsórcio passivo com pessoa jurídica de direito público, é do juízo cível no qual
for proposta a ação de conhecimento, competente para julgar ações contra a Fazenda Pública, de
acordo as respectivas normas de organização judiciária. STJ. 1ª Seção. REsp 1643856-SP, Rel. Min. Og
Fernandes, julgado em 13/12/2017 (recurso repetitivo) (Info 617).

FALÊNCIA. O autor do pedido de falência não precisa demonstrar que existem indícios da
insolvência ou da insuficiência patrimonial do devedor, bastando que a situação se enqua-
dre em uma das hipóteses do art. 94 da Lei nº 11.101/2005. Assim, independentemente de indí-
cios ou provas de insuficiência patrimonial, é possível a decretação da quebra do devedor que não
paga, sem relevante razão de direito, no vencimento, obrigação líquida materializada em título ou
títulos executivos protestados cuja soma ultrapasse o equivalente a 40 (quarenta) salários-mínimos
na data do pedido de falência (art. 94, I, da Lei nº 11.101/2005). STJ. 3ª Turma. REsp 1.532.154-SC, Rel.
Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 18/10/2016 (Info 596).

RECUPERAÇÃO JUDICIAL. Depois de ter sido deferido o processamento da recuperação judicial,


todas as ações e execuções contra o devedor que está em recuperação judicial ficam suspensas,
excetuadas as que demandarem quantia ilíquida (§ 1º do art. 6º da Lei nº 11.101/2005) e as execuções
fiscais (§ 7º). Além de as ações e execuções contra o devedor em recuperação ficarem suspen-
sas, o destino do patrimônio da sociedade em processo de recuperação judicial não poderá
ser atingido por decisões prolatadas por juízo diverso daquele onde tramita o processo de
reerguimento, sob pena de violação ao princípio maior da preservação da atividade empre-
sarial. Em outras palavras, qualquer decisão que afete os bens da empresa em recuperação deverá
ser tomada pelo juízo onde tramita a recuperação. O juízo onde tramita o processo de recupera-
ção judicial é o competente para decidir sobre o destino dos bens e valores objeto de execuções
singulares movidas contra a recuperanda, ainda que se trate de crédito decorrente de relação de
consumo. Ex: João comprou uma geladeira em uma loja. O produto apresentou vício e o consumi-
dor propôs, no Juizado Especial, ação de indenização contra o fornecedor. O juiz julgou o pedido
procedente, condenando a empresa a pagar R$ 10 mil. Como não houve pagamento espontâneo,

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o magistrado determinou a penhora online da quantia. Ocorre que, em março de 2017, antes que o
dinheiro penhorado fosse transferido para João, o Juízo da Vara Cível deferiu a recuperação judicial
da referida loja. Como já foi deferida a recuperação judicial, a competência para decidir sobre o
patrimônio do devedor passa a ser do juízo da recuperação judicial. STJ. 3ª Turma. REsp 1.630.702-
RJ, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 2/02/2017 (Info 598).

DIREITO FALIMENTAR. Nos processos de falência ajuizados anteriormente à vigência da Lei nº


11.101/2005, a decretação da extinção das obrigações do falido prescinde da apresentação de prova
da quitação de tributos. STJ. 3ª Turma. REsp 1.426.422-RJ, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em
28/3/2017 (Info 601). Existe divergência se, na vigência da Lei nº 11.101/2005, a quitação dos
tributos é condição para a extinção das obrigações do falido. A Min. Nancy Andrighi sustenta
que sim. Em provas objetivas, fique atento porque pode ser cobrada a redação literal do art.
191 do CTN, devendo essa alternativa ser assinalada como correta: “Art. 191. A extinção das
obrigações do falido requer prova de quitação de todos os tributos.

RECUPERAÇÃO JUDICIAL. Os créditos trabalhistas litigiosos referentes a serviços prestados pelo


trabalhador à empresa antes da recuperação judicial deverão estar sujeitos a ela, mesmo que no
momento do pedido tais créditos não estivessem consolidados? SIM. A partir do momento em
que o empregado trabalha, ele se torna credor de seu empregador, tendo direito ao recebi-
mento das verbas trabalhistas. Esse crédito existe independentemente de decisão judicial. Se
o empregador não paga e o empregado ingressa com reclamação trabalhista, a sentença apenas
reconhecerá (declarará) a existência do direito do trabalhador, condenando o patrão a pagar. Não é
a sentença, contudo, que constitui o direito, mas apenas o declara. Isso significa que, se este crédito
foi constituído em momento anterior ao pedido de recuperação judicial, deverá se submeter aos
seus efeitos. Desse modo, se as verbas trabalhistas estão relacionadas com serviços prestados pelo
empregado em momento anterior ao pedido de recuperação judicial, tais verbas também estarão
sujeitas a esse procedimento, mesmo que a sentença trabalhista tenha sido prolatada somente
depois do deferimento da recuperação. A consolidação do crédito trabalhista (ainda que inexi-
gível e ilíquido) não depende de provimento judicial que o declare — e muito menos do
transcurso de seu trânsito em julgado —, para efeito de sua sujeição aos efeitos da recupe-
ração judicial. STJ. 3ª Turma. REsp 1.634.046-RS, Rel. Min. Nancy Andrighi, Rel. para acórdão Min.
Marco Aurélio Bellizze, julgado em 25/4/2017 (Info 604).

FALÊNCIA. EXTINÇÃO DAS OBRIGAÇÕES. A extinção das obrigações do falido, em decorrên-


cia da aplicação do art. 135, III, do Decreto Lei nº 7.661/45 (art. 158, III, da Lei nº 11.101/2005), não
extingue nem impede o prosseguimento de execução ajuizada contra avalista e devedor
solidário. STJ. 4ª Turma. REsp 1.104.632-PR, Rel. Min. Raul Araújo, julgado em 20/4/2017 (Info 605).

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RECUPERAÇÃO JUDICIAL. Os bondholders – detentores de títulos de dívida emitidos por socie-


dades em recuperação judicial e representados por agente fiduciário – têm assegurados o direito
de voto nas deliberações sobre o plano de soerguimento. STJ. 3ª Turma. REsp 1.670.096-RJ, Rel. Min.
Nancy Andrighi, julgado em 20/6/2017 (Info 607).

FALÊNCIA. A Lei de Falências afirma que o credor terá direito de receber seu crédito do falido com
juros e correção monetária que são calculados até a “data da decretação da falência”. Quando a lei
fala em “decretação da falência” deve-se considerar a data em ela foi prolatada (não importando
quando ocorreu a sua publicação). Assim, no processo de falência, a incidência de juros e correção
monetária sobre os créditos habilitados deve ocorrer até a decretação da quebra, entendida como
a data da prolação da sentença (e não sua publicação). STJ. 3ª Turma. REsp 1.660.198-SP, Rel. Min.
Nancy Andrighi, julgado em 3/8/2017 (Info 609)

RECUPERAÇÃO JUDICIAL. O credor deverá apresentar ao administrador judicial da falência o


valor do seu crédito, atualizado com juros e correção monetária. Vale ressaltar que o termo final
da incidência dos juros e correção monetária é a data do pedido de recuperação judicial, nos
termos do art. 9º, II, da Lei nº 11.101/2005. Assim, mesmo que a sentença condenatória transitada
em julgado tenha determinado que os juros e correção monetária iriam incidir até a data do efetivo
pagamento, quando este crédito for habilitado na recuperação judicial ele será atualizado até a data
do pedido de recuperação judicial. Segundo o STJ decidiu, isso não ofende a coisa julgada. Nesse
sentido: Não ofende a coisa julgada a decisão de habilitação de crédito que limita a incidência de
juros de mora e correção monetária, delineados em sentença condenatória de reparação civil, até a
data do pedido de recuperação judicial. STJ. 3ª Turma. REsp 1.662.793-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi,
julgado em 8/8/2017 (Info 610).

RECUPERAÇÃO JUDICIAL. O fato de a empresa se encontrar em recuperação judicial não


obsta a homologação de sentença arbitral estrangeira. No caso, empresa brasileira foi conde-
nada, em sentença arbitral proferida na Suíça, a pagar determinada quantia a empresa estrangei-
ra. A credora pediu a homologação desta sentença no STJ. A empresa brasileira encontra-se em
processo de recuperação judicial no Brasil. Isso, contudo, não impede que o STJ homologue esta
sentença estrangeira. Depois, a credora terá que habilitar este crédito no juízo da recuperação. STJ.
Corte Especial. SEC 14.408-EX, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 21/6/2017 (Info 610)

#SELIGANASSÚMULAS

-Súmula 248-STJ: Comprovada a prestação dos serviços, a duplicata não aceita, mas protesta-
da, é título hábil para instruir pedido de falência.

-Súmula 361-STJ: A notificação do protesto, para requerimento de falência da empresa devedora,

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exige a identificação da pessoa que a recebeu.

-Súmula 29-STJ: No pagamento em juízo para elidir falência, são devidos correção monetária,
juros e honorários de advogado.

-Súmula 581-STJ: A recuperação judicial do devedor principal não impede o prosseguimento das
ações e execuções ajuizadas contra terceiros devedores solidários ou coobrigados em geral, por
garantia cambial, real ou fidejussória.

Súmula 480-STJ: O juízo da recuperação judicial não é competente para decidir sobre a constrição
de bens não abrangidos pelo plano de recuperação da empresa.

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DIREITO TRIBUTÁRIO 4
→ Princípio da Legalidade

#DEOLHONAJURIS

Princípio da legalidade tributária e lei que delega a fixação do valor da taxa para ato infrale-
gal, desde que respeitados os parâmetros máximos. Não viola a legalidade tributária a lei
que, prescrevendo o teto, possibilita o ato normativo infralegal fixar o valor de taxa em proporção
razoável com os custos da atuação estatal, valor esse que não pode ser atualizado por ato do
próprio conselho de fiscalização em percentual superior aos índices de correção monetária legal-
mente previstos. STF. Plenário. RE 838284/SC, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 19/10/2016 (reper-
cussão geral) (Info 842 e 844).

NÃO APLICAÇÃO DO P. DA LEGALIDADE EXCEÇÕES AO P. DA LEGALIDADE


(NÃO INSTITUEM OU AUMENTAM TRIBUTO) (AUMENTAM TRIBUTO)

Atualização monetária da base de cálculo II, IE, IPI e IOF

Prazo para recolhimento do tributo –


Súmula Vinculante 50: norma legal que altera o Reduzir ou Restabelecer as alíquotas do CIDE
prazo de recolhimento da obrigação tributária combustível
não se sujeita ao princípio da anterioridade.

Obrigações Acessórias ICMS monofásico incidente sobre combustíveis

#SELIGA

É possível a criação ou majoração de tributos por MP, salvo aqueles que exigem Lei Comple-
mentar. Os Estados também podem, desde que prevejam a figura da MP em suas Constituições.

Para decorar as hipóteses de exigência de lei complementar lembre-se da palavra CEGI:


Contribuições residuais
Empréstimos compulsórios
Grandes fortunas
Impostos residuais
A União, mediante lei complementar, poderá instituir empréstimos compulsórios: I - para atender
a despesas extraordinárias, decorrentes de calamidade pública, de guerra externa ou sua iminência; II - no
caso de investimento público de caráter urgente e de relevante interesse nacional, observada a anterio-

4 Por Eloise Barreto (@eloisebarreto)

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ridade anual. Obs.: NÃO HÁ previsão constitucional para a instituição de empréstimos compulsórios no
caso de conjuntura que exija a absorção temporária de poder aquisitivo, como há no CTN. #NÃOCAIA-
NESSA

Cabe à União, por meio de lei complementar, criar o imposto sobre grandes fortunas. É facultado
ao Poder Executivo alterar as alíquotas do II, IE, IPI e IOF. IPVA terá alíquotas mínimas fixadas pelo Senado
Federal. À exceção do ICMS, II e IE, nenhum outro IMPOSTO poderá incidir sobre operações relativas
a energia elétrica, serviços de telecomunicações, derivados de petróleo, combustíveis e minerais do país.

→ Princípio da Anterioridade
Lembre-se de que o marco inicial é a data da publicação da lei (e não da vigência). Enquanto
o princípio da irretroatividade representa uma proteção a fatos ocorridos antes da vigência da lei
(passado), o princípio da anterioridade protege fatos futuros. É um princípio que se fundamenta no
valor segurança jurídica.

Regra da anterioridade nonagesimal e lei de conversão da MP. Nos casos em que a majoração
de alíquota tenha sido estabelecida somente na lei de conversão, o termo inicial da contagem é a data da
conversão da medida provisória em lei. STF. Plenário. RE 568503/RS, rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em
12/2/2014 (repercussão geral) (Info 735).

#PEGADINHA: Para a cobrança de impostos (salvo II, IE, IOF, IPI e IEG) no ano é necessário que haja
conversão em lei até o último dia do exercício anterior. A restrição não se aplica em outras espécies
tributárias.

APLICA SÓ ANTERIORIDADE APLICA SÓ ANTERIORIDADE NÃO TEM ANTERIORIDADE


ANUAL NONAGESIMAL NENHUMA

IR
IPI II
IPVA e IPTU
ICMS combustíveis IE
(alteração da base de cálculo)
CIDE combustíveis IOF
Obs: para alterar base de cál-
Contribuições Seguridade IEG
culo IPVA IPTU tem que obser-
Social EMPRÉSTIMO COMPULSÓRIO
var noventena.
GUERRA

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- “Utilizar tributo com efeito de confisco” é usar a tributação para se apropriar do


patrimônio do particular sem a respectiva indenização. Aplica-se também às multas
tributárias.
- O legislador, ao se utilizar do poder de tributar que a Constituição lhe confere, deve
fazê-lo de forma razoável e moderada, sem que a tributação tenha por efeito impedir
o exercício de atividades lícitas pelo contribuinte, dificultar o suprimento de suas ne-
cessidades vitais básicas ou comprometer seu direito a uma existência digna.
- Deve ser avaliada tomando por base:
VEDAÇÃO a totalidade da carga tributária (todos os tributos exigidos por uma mesma pessoa
AO CON- política);
FISCO o efeito cumulativo das múltiplas incidências tributárias estabelecidas pela mesma
entidade estatal;
de modo a verificar se afetam substancialmente, de maneira irrazoável, o patrimônio
e/ou rendimentos do contribuinte. (STF, ADC-MC 8/DF).
Súmula 667-STF: Viola a garantia constitucional de acesso à jurisdição a taxa judi-
ciária calculada sem limite sobre o valor da causa.
De acordo com o STF, “o valor da obrigação principal deve funcionar como limitador
da norma sancionatória, de modo que a abusividade se revela nas multas arbitradas
acima do montante de 100%” (AI 838.302-AgR).

NÃO LIM- Vedado o estabelecimento de limitações ao tráfego de pessoas ou bens, por meio
ITAÇÃO
AO de tributos interestaduais ou intermunicipais, ressalvada a cobrança de pedágio
TRÁFEGO pela utilização de vias conservadas pelo Poder Público (pedágio não tem natureza
DE PES- tributária – é TARIFA).
SOAS OU - o ICMS interestadual incide sobre operações que destinam a outro Estado determi-
BENS nados bens e/ou serviços.

É vedado à União instituir tributo que não seja uniforme em todo


o território nacional ou que implique distinção ou preferência em
Unifor- relação a Estado, ao Distrito Federal ou a Município, em detrimento
midade
geográfica de outro, admitida a concessão de incentivos fiscais destinados a
Princípios promover o equilíbrio do desenvolvimento socioeconômico entre as
Aplicáveis diferentes regiões do País.
apenas à
União É vedado à União tributar a renda das obrigações da dívida públi-
Isonomia na ca dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, bem como a
tributação remuneração e os proventos dos respectivos agentes públicos, em
da renda níveis superiores aos que fixar para suas obrigações e para seus
agentes.

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É vedado à União instituir isenções de tributos da competência


dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios. A proibição não
Vedação a impede a instituição de isenções através de tratados internacionais,
concessão hipótese em que a União atua como representante da República no
de isenções âmbito externo.
heterôno- OBS: Há algumas hipóteses de isenções heterônomas previstas no
mas próprio texto constitucional e que, por isso, não representam vio-
lação ao princípio, tais como: isenção do ISS nas exportações de
serviços (art. 156, §3º, II).

É vedado aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios es-


tabelecer diferença tributária entre bens e serviços, de qualquer
natureza, em razão de sua procedência ou destino.
Princípio O princípio impede, por exemplo, a cobrança de alíquotas maiores
aplicável Não dis- de IPVA dos veículos importados.
apenas criminação #PEGADINHA #DERRUBANDOOCANDIDATO: De acordo com
aos Esta- baseada em expressa disposição constitucional, é vedado à União, aos Estados,
dos, DF procedência ao Distrito Federal e aos Municípios estabelecer diferença tributária
e Mu- ou destino entre bens e serviços, de qualquer natureza, em razão de sua pro-
nicípios. cedência ou destino. ERRADO!
De acordo com a própria disposição constitucional, trata-se de
princípio direcionado aos ESTADOS, DF E MUNICÍPIOS (art.
152).

Art. 3º do CTN: Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou


Conceito de
cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituí-
tributo
da em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada.

Natureza É determinada considerando o seu fato gerador, sendo irrelevantes a sua de-
jurídica nominação, características formais e destinação de sua arrecadação.

Teoria PENTAPARTIDA/PENTAPARTITE/QUINQUIPARTITE: prevalece no STF e na doutrina majo-


ritária. (Obs.: há posicionamentos minoritários que defendem a teoria tripartida – impostos, taxas e contri-
buições de melhoria – e até a teoria quadripartida, Ricardo Lobo Torres). O STF reconhece a existência de
cinco tipos de espécies tributárias (impostos, taxas, contribuições de melhoria, empréstimo compulsório
e contribuições especiais).

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Contribuições Empréstimo Contribuições


Impostos Taxas
de Melhoria Compulsório Especiais

União
*Estados, DF
e Municípios
União, Estados, União, Estados, União, Estados,
União (exceção). – con-
DF e Municípios. DF e Municípios. DF e Municípios.
tribuição previ-
denciária de seus
servidores

Regra: Lei Or- Lei Complemen-


Lei Ordinária Lei Ordinária Lei Ordinária
dinária tar

#SELIGANAJURIS

Isenção da taxa de registro de arma de fogo não se aplica para policiais rodoviários federais
aposentados. A isenção do recolhimento da taxa para emissão, renovação, transferência e expedi-
ção de segunda via de certificado de registro de arma de fogo particular prevista no art. 11, § 2º, da
Lei nº 10.826/2003 não se estende aos policiais rodoviários federais aposentados. STJ. 1ª Turma.REsp
1530017-PR, Rel. Min. Regina Helena Costa, julgado em 21/09/2017 (Info 612).

Inconstitucionalidade de taxa de combate a sinistros instituída por lei municipal. É incons-


titucional taxa de combate a sinistros instituída por lei municipal. A prevenção e o combate
a incêndios são atividades desenvolvidas pelo Corpo de Bombeiros, sendo consideradas atividades
de segurança pública, nos termos do art. 144, V e § 5º da CF/88. A segurança pública é atividade
essencial do Estado e, por isso, é sustentada por meio de impostos (e não por taxa). Desse
modo, não é possível que, a pretexto de prevenir sinistro relativo a incêndio, o Município venha a se
substituir ao Estado, com a criação de tributo sob o rótulo de taxa. Tese fixada pelo STF: “A seguran-
ça pública, presentes a prevenção e o combate a incêndios, faz-se, no campo da atividade precípua,
pela unidade da Federação, e, porque serviço essencial, tem como a viabilizá-la a arrecadação de
impostos, não cabendo ao Município a criação de taxa para tal fim.” STF. Plenário. RE 643247/SP, Rel.
Min. Marco Aurélio, julgado em 1º/8/2017 (repercussão geral) (Info 871).

Base de cálculo da taxa municipal de fiscalização e funcionamento. As taxas municipais de


fiscalização e funcionamento não podem ter como base de cálculo o número de empregados
ou ramo de atividade exercida pelo contribuinte. STF. 2ª Turma. ARE 990914/SP, Rel. Min. Dias
Toffoli, julgado em 20/6/2017 (Info 870). A taxa de fiscalização e funcionamento pode ter como
base de cálculo a área de fiscalização, na medida em que traduz o custo da atividade estatal de

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fiscalização. STF. 1ª Turma. RE 856185 AgR, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 04/08/2015.

Princípio da legalidade tributária e lei que delega a fixação do valor da taxa para ato infrale-
gal, desde que respeitados os parâmetros máximos. Não viola a legalidade tributária a lei que,
prescrevendo o teto, possibilita o ato normativo infralegal fixar o valor de taxa em proporção razoá-
vel com os custos da atuação estatal, valor esse que não pode ser atualizado por ato do próprio
conselho de fiscalização em percentual superior aos índices de correção monetária legalmente
previstos. STF. Plenário. RE 838284/SC, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 19/10/2016 (repercussão
geral) (Info 842 e 844).

Valor da taxa deve estar relacionado com o custo do serviço que as motiva. Em um determi-
nado Município, foi instituída uma taxa de localização e funcionamento de estabelecimento indus-
trial e comercial. Assim, os estabelecimentos comerciais e industriais eram obrigados a pagar uma
taxa ao Município por conta da fiscalização que ele exercia nesses empreendimentos (taxa de poder
de polícia). Comumente, era conhecida como “alvará de funcionamento”. Ocorre que a lei municipal
previu que a base de cálculo dessa taxa seria o número de empregados da empresa. Assim, quanto
mais trabalhadores, maior a base de cálculo. Esse critério escolhido é constitucional? NÃO. O STF
entendeu que o número de empregados não pode ser utilizado como base de cálculo para a
cobrança da taxa de localização e funcionamento de estabelecimento industrial e comercial.
O legislador municipal, ao escolher o número de empregados para fixar a base de cálculo, levou
em consideração qualidades externas e estranhas ao exercício do poder de polícia, sem pertinên-
cia quanto ao aspecto material da hipótese de incidência. A taxa é tributo contraprestacional
(vinculado), usado na remuneração de atividade específica, seja serviço ou exercício do poder
de polícia e, por isso, não pode fixar a base de cálculo usando como critério os sinais presuntivos de
riqueza do contribuinte. O valor das taxas deve estar relacionado com o custo do serviço que
as motiva, ou com a atividade de polícia desenvolvida. STF. 1ª Turma. RE 554951/SP, Rel. Min.
Dias Toffoli, julgado em 15/10/2013 (Info 724).

Súmula vinculante 41-STF: O serviço de iluminação pública não pode ser remunerado
mediante taxa. Aprovada em 11/03/2015, DJe 20/03/2015.

Súmula vinculante 29-STF: É constitucional a adoção, no cálculo do valor de taxa, de um ou


mais elementos da base de cálculo própria de determinado imposto, desde que não haja integral
identidade entre uma base e outra.

→ COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA
A atribuição da competência tributária a determinado ente político compreende a competência
legislativa para instituir o tributo e definir os seus aspectos, tais como fatos geradores, bases de cálculo,

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alíquotas, contribuintes, responsáveis, etc.


Uma das características mais importantes da competência tributária é que ela é indelegável.
Isso significa que se a CF/88 determina que cabe à União instituir imposto sobre a renda, a União não
pode delegar tal competência a outro ente. Nada impede, contudo, que seja delegada as funções de
arrecadar ou fiscalizar tributos, ou, como define o CTN, também as funções de executar leis, serviços,
atos ou decisões administrativas em matéria tributária.
Essa delegação por ocorre a outra pessoa jurídica de direito público e denomina-se capacida-
de tributária ativa. A delegação da capacidade tributária ativa compreende as garantias e os privilégios
processuais que competem à pessoa jurídica de direito público que a conferiu, e pode ser revogada a
qualquer tempo, por ato unilateral da pessoa jurídica que detém a competência tributária.

→ IMUNIDADE, ISENÇÃO, NÃO INCIDÊNCIA E ALÍQUOTA ZERO


IMUNIDADE ISENÇÃO

DISPENSA CONSTITUCIONAL do dever DISPENSA LEGAL do dever de pagar o tributo.


de pagar o tributo. São revogáveis, salvo se concedidas por prazo certo
A Constituição sequer fornece competência e com algo a ser cumprido pelo contribuinte.
tributária. Súmula 544 do STF: “Isenções tributárias concedidas,
Hipótese de não incidência constituciona- sob condição onerosa, não podem ser livremente
lmente qualificada. suprimidas”.
-IMUNIDADES são consideradas CLÁUSU- Nos termos do art. 111 do CTN, somente se pode uti-
LAS PÉTREAS. lizar a interpretação literal (nos exatos termos da lei).
Todos os métodos de interpretação
poderão ser utilizados para a aplicação #CUIDADO: Não confundir interpretação literal com
da imunidade. Ex.: intepretação literal, a restritiva. Logo, como deficiente visual, pode-se
sistemática, gramatical, ampliativo, restriti- considerar aquele que tem um ou os dois olhos afe-
vo, teleológico, etc. tados, estendendo assim a regra isentiva do IR.

NÃO INCIDÊNCIA ALÍQUOTA ZERO

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Fora do campo da tributação.


A dispensa do tributo se justifica pelo simples
O legislador não classificou o fato da vida co-
fato da alíquota não ter valor algum (zero).
mofato jurídico.
BC x ZERO = ZERO.
Exemplo: não há IPVA se o veículo for bicicleta.

CF:

Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte é vedado à União, aos Estados, ao
Distrito Federal e aos Municípios:
VI – instituir impostos sobre:
a) patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros;
b) templos de qualquer culto;
c) patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas fundações, das entidades sindicais dos
trabalhadores, das instituições de educação e de assistência social, sem fins lucrativos, atendidos os requisitos da lei;
d) livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão.
e) fonogramas e videofonogramas musicais produzidos no Brasil contendo obras musicais ou literomusicais
de autores brasileiros e/ou obras em geral interpretadas por artistas brasileiros bem como os suportes materiais ou
arquivos digitais que os contenham, salvo na etapa de replicação industrial de mídias ópticas de leitura a laser.

IMUNIDADES TRIBUTÁRIAS EM ESPÉCIE

Impede a instituição de impostos sobre o patrimônio, renda e serviços dos entes


da federação.
É estendida para fundações e autarquias, no que for vinculado a suas atividades
essenciais.
O STF vem estendendo a imunidade no caso de estatais prestadoras de serviço
público. No caso específico dos Correios, a imunidade engloba o IPTU, IPVA e até
as atividades que não se enquadram como serviço público.
Segundo a CF/88, a imunidade não se aplica quando existe exploração de ativi-
dade econômica, pagamento de tarifa pelo usuário e nem exonera o promitente
IMUNIDADE comprador de pagar impostos relativos aos bens imóveis. Por tal fundamento o
RECÍPROCA STF entendeu que deveria ser pago IPTU em imóvel da União arrendado a partic-
ulares, onde existe exploração de atividade econômica.
Recentemente, o STF entendeu que a imunidade tributária recíproca também se
estende a OAB, mesmo não sendo considerada pela própria jurisprudência do
Supremo como autarquia (STF. Plenário. RE 405267, Rel. Min. Edson Fachin, julgado
em 06/09/2018); bem como às caixas de assistência de advogados (As Caixas
de Assistência de Advogados encontram-se tuteladas pela imunidade recíproca
prevista no art. 150, VI, “a”, da Constituição Federal. STF. Plenário. RE 405267/MG,
Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 6/9/2018 -Info 914).

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Não se aplica para a Maçonaria; não basta a instituição professar alguns


princípios religiosos; deve se enquadrar de alguma forma como um templo.
Engloba todos os bens vinculados à atividade, bem como os que a exploração
reverte para as atividades essenciais. Um imóvel alugado que ajuda a financiar
o funcionamento da igreja também é imune do IPTU.
IMUNIDADE RE-
O ônus da prova de demonstrar a desvinculação da renda aos fins da entidade
LIGIOSA
é da fazenda pública.
Incide mesmo no caso de imóveis temporariamente vazios, bem como os em-
prestados aos líderes religiosos.
Não se aplica no caso de cemitérios privados explorados como atividade
econômica, sem vinculação com alguma igreja.

IMUNIDADE
Aplica-se no caso do patrimônio e renda vinculados a atividade partidária.
DOS PARTI-
Normalmente a cobrança em prova é sobre sua aplicação para as fundações.
DOS POLÍTI-
A imunidade em questão tem por objetivo proteger/assegurar o Estado
COS E SUAS
democrático de direito, o pluralismo político (CF, art. 1º, caput e V).
FUNDAÇÕES

Apenas no caso dos trabalhadores, a CF/88 NÃO garante aos sindicatos dos
IMUNIDADE empregadores.
DOS SINDICA- #SELIGANAPEGADINHA: O texto da CF é expresso a indicar que somente as
TOS DOS TRA- entidades sindicais dos trabalhadores serão beneficiárias da imunidade. Por-
BALHADORES tanto, sindicatos de empregadores (patronais) não são beneficiários da
imunidade.

Para as entidades educacionais e assistenciais a imunidade constitui norma de


eficácia limitada, eis que a parte final do dispositivo reclama a edição de lei que
irá dispor sobre os requisitos para gozo do benefício.
Requisitos no Art. 14 do CTN: não distribuir lucro; não remeter renda ao exte-
rior e escriturar livros fiscais. Aplica-se a lógica da reversão para as atividades
essenciais como nos templos.
Presume-se que imóvel adquirido pela entidade é vinculado, caso que existe
imunidade de ITBI.
Súmula 730 STF A imunidade tributária conferida a instituições de assistência so-
cial sem fins lucrativos pelo art. 150, VI, “c”, da Constituição, somente alcança as
entidades fechadas de previdência social privada se não houver contribuição
dos beneficiários.
O fato de a entidade utilizar seu patrimônio em atividade que gere renda,
IMUNIDADE DAS mesmo que não se enquadrem especificamente nas suas finalidades essenciais,
INSTITUIÇÕES não afasta a imunidade, desde que os recursos obtidos sejam destinados as
ASSISTENCIAIS suas finalidades.
Alguns casos específicos em que o STF entende que incide a imunidade:
- Imóvel alugado a terceiros: Súmula Vinculante 52 - Ainda quando alugado a
terceiros, permanece imune ao IPTU o imóvel pertencente a qualquer das en-
tidades referidas pelo art. 150, VI, c, da CF, desde que o valor dos aluguéis seja
aplicado nas atividades para as quais tais entidades foram constituídas.
- Imunidade tributária do patrimônio das instituições de educação sem fins
lucrativos (CF,048.634.809-11
CPF: art. 150, VI, c): não incideJaime
ALUNO: IPTUBatistella
sobre imóvel
Júniorde propriedade da
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A imunidade em análise é de cunho puramente objetivo, destinando-se aos


bens indicados (livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão),
independentemente de quem seja a pessoa que os detenha ou produza.
A finalidade dessa imunidade é facilitar o acesso aos bens culturais, fomentar
a livre manifestação do pensamento, a liberdade intelectual, artística, científica
e o acesso à informação, valores constitucionalmente protegidos no capítulo
dedicado aos direitos e garantias fundamentais (art. 5º).
Para fins de gozo da imunidade pouco importa o valor cultural, artístico, cul-
tural etc. da publicação, razão pela qual não se admite qualquer filtro referente
ao conteúdo das publicações para o fim de restringir a imunidade.
A IMUNIDADE CULTURAL NA JURISPRUDÊNCIA DO STF:
Situações em que foi reconhecida a imunidade:
a) listas telefônicas (RE 199.183/SP);
b) Apostilas: O preceito da alínea d do inciso VI do art. 150 da Carta da Repúbli-
ca alcança as chamadas apostilas, veículo de transmissão de cultura simplifica-
do. [RE 183.403, rel. min. Marco Aurélio, j. 7-11-2000, 2ª T, DJ de 4-5-2001.]
c) filmes e papéis fotográficos: Súmula 657/STF: A imunidade prevista no art.
150, VI, d, da CF abrange os filmes e papéis fotográficos necessários à publi-
cação de jornais e periódicos.
d) componentes eletrônicos integrantes de unidade didática de fas-
cículos impressos: A imunidade prevista no art. 150, VI, da CF alca-
nça componentes eletrônicos, quando destinados, exclusivamente,
a integrar a unidade didática com fascículos periódicos impressos.
[RE 595.676, rel. min. Marco Aurélio, j. 8-3-2017, P, DJE de 18-12-2017, Tema
259.]
ATENÇÃO: e) Livros eletrônicos (e-book) e seu suporte material (e-reader): A
imunidade tributária constante do art. 150, VI, d, da CF/1988 aplica-se ao livro
eletrônico (e-book), inclusive aos suportes exclusivamente utilizados para fixá-
IMUNIDADE CUL- lo. [RE 330.817, rel. min. Dias Toffoli, j. 8-3-2017, P, DJE de 31-8-2017, Tema 593.]
TURAL
Situações em que a imunidade foi afastada:
a) encartes com exclusiva finalidade comercial, mesmo que inseridos den-
tro de jornais (RE 213.094/ES);
OBS: presença de propaganda no corpo da própria publicação, sendo dela
inseparável, não retira a imunidade.
b) Maquinário para impressão de livros: (...) A regra imunizante constante
do art. 150, VI, d , da Constituição Federal não pode ser interpretada de modo
amplo e irrestrito. 2. Inexiste imunidade relativa a tributos incidentes sobre a
importação de máquina automática grampeadeira. 3 . Agravo interno a que
se dá provimento. (ARE 1100204 AgR, Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO, Re-
lator(a) p/ Acórdão: Min. ALEXANDRE DE MORAES, Primeira Turma, julgado
em 29/05/2018, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-116 DIVULG 12-06-2018 PUBLIC
13-06-2018)
c) Serviços de composição gráfica: Não há de ser estendida a imunidade
de impostos prevista no dispositivo constitucional sob referência, concedida
ao papel destinado exclusivamente à impressão de livros, jornais e periódicos,
aos serviços de composição gráfica necessários à confecção do produto final.
[RE 230.782, rel. min. Ilmar Galvão,
CPF: 048.634.809-11 ALUNO: j. 13-6-2000, 1ª T, DJ de
Jaime Batistella Júnior 10-11-2000.] = RE
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“Fonogramas e videofonogramas musicais produzidos no Brasil contendo


obras musicais ou literomusicais de autores brasileiros e/ou obras em geral in-
terpretadas por artistas brasileiros bem como os suportes materiais ou arquivos
digitais que os contenham, salvo na etapa de replicação industrial de mídias
IMUNIDADE
ópticas de leitura a laser.”
FONOGRÁFICA
Somente estão abrangidos pela imunidade os impostos que incidiriam direta-
mente sobre os fonogramas e videofonogramas (Ex. IPI, ICMS). Logo, a renda
obtida com a produção, gravação, distribuição e venda dos fonogramas e vid-
eofonogramas será tributada normalmente pelo IR.

#DIZERODIREITO Os requisitos para o gozo de imunidade hão de estar previstos em lei comple-
mentar. STF. Plenário. ADI 2028/DF, ADI 2036/DF, ADI 2228/DF, rel. orig. Min. Joaquim Barbosa, red.
p/ o ac. Min. Rosa Weber, julgados em 23/2 e 2/3/2017 (Info 855). STF. Plenário. RE 566622/RS, Rel.
Min. Marco Aurélio, julgado em 23/2/2017 (Info 855).

#SELIGA #OUTRASIMUNIDADES

- Tem imunidade de custas judiciais, na ação popular, salvo comprovada má-fé (art. 5º, LXXIII)

- Tem imunidade de emolumentos referentes ao registro civil de nascimento e certidão de óbito,


para os reconhecidamente pobres (art. 5º LXXVI, CF).

- Tem imunidade sobre operações que destinem a outros Estados petróleo, inclusive lubrificantes,
combustíveis líquidos e gasosos dele derivados, e energia elétrica (art. 155, § 2º, X, “b). O STF decidiu
que a imunidade visa beneficiar o Estado destinatário da mercadoria, a quem cabe todo o ICMS, e
não ao consumidor, o que faz com que a empresa que adquire combustível em outro Estado, para
uso próprio, se sujeite ao ICMS (RE198088).

- Nenhum outro imposto (exceto ICMS, II e IE) poderá incidir sobre operações relativas à energia
elétrica, serviços de telecomunicações, derivados de petróleo, combustíveis minerais do País, não
havendo qualquer restrição para a incidência de contribuições sociais e de intervenção no domínio
econômico, nos termos do art. 155, § 3º c/c 149, § 2º, II da CF.

- IPI sobre bens para o exterior.

- Pequenas glebas rurais (ex.: ITR).

- ICMS sobre mercadorias para o exterior.

- Transferência de imóveis para fins de reforma agrária.

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#APOSTACICLOS

Súmula 612-STJ: O certificado de entidade beneficente de assistência social (CEBAS), no prazo de


sua validade, possui natureza declaratória para fins tributários, retroagindo seus efeitos à data em
que demonstrado o cumprimento dos requisitos estabelecidos por lei complementar para a fruição
da imunidade. Aprovada em 09/05/2018, DJe 14/05/2018.

#DEOLHONATABELA #DIZERODIREITO:

IMUNIDADE SUBJETIVA IMUNIDADE OBJETIVA


IMUNIDADES MISTAS
(PESSOAL) (REAL)

Ocorre quando a imunidade Ocorre quando a imunidade


Verifica-se quando ocorre
foi instituída em razão das foi instituída em função de
uma combinação entre os dois
características de uma deter- determinados fatos, bens ou
critérios anteriores.
minada pessoa. situações.

A CF/88 prevê que o ITR não


incide sobre pequenas glebas
rurais, definidas em lei, quando
A imunidade que beneficia A imunidade que recai sobre
as explore o proprietário que
instituições de educação e livros, jornais, periódicos e
não possua outro imóvel. “Tal
de assistência social, sem fins o papel destinado à sua im-
imunidade é mista porque de-
lucrativos, é uma imunidade pressão é objetiva, porque não
pende de aspectos subjetivos
subjetiva, considerando que foi interessa quem seja a pessoa
(o proprietário possuir apenas
criada em função da condição envolvida, mas sim esta lista de
um imóvel) e objetivos (a área
pessoal dessas instituições. bens.
da pequena gleba estar den-
tro dos limites da lei.) (Ricardo
Alexandre)

#DEOLHONAJURIS:

A INFRAERO (empresa pública federal) celebrou contrato de concessão de uso de imóvel com uma
empresa privada por meio da qual esta última poderia explorar comercialmente um imóvel perten-
cente à INFRAERO. Vale ressaltar que esta empresa é uma concessionária de automóveis. A empresa
privada queria deixar de pagar IPTU alegando que o imóvel gozaria de imunidade tributária. O
STF não aceitou a tese e afirmou que não incide a imunidade neste caso. A atividade desenvolvida
pela empresa tem por finalidade gerar lucro. Se fosse reconhecida a imunidade neste caso, isso
geraria, como efeito colateral, uma vantagem competitiva artificial em favor da empresa, que teria
um ganho em relação aos seus concorrentes. Afinal, a retirada de um custo permite o aumento do
lucro ou a formação de preços menores, o que provoca desequilíbrio das relações de mercado. Não

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se pode aplicar a imunidade tributária recíproca se o bem está desvinculado de finalidade


estatal. STF. Plenário. RE 434251/RJ, rel. orig. Min. Joaquim Barbosa, red. p/ o ac. Min. Cármen Lúcia,
julgado em 19/4/2017 (Info 861).

Incide o IPTU, considerado imóvel de pessoa jurídica de direito público cedido a pessoa jurí-
dica de direito privado, devedora do tributo. Ex: a União celebrou contrato de concessão de uso
de imóvel com uma empresa privada por meio da qual esta última poderia explorar comercialmente
determinado imóvel pertencente ao patrimônio público federal. A empresa privada queria deixar
de pagar IPTU alegando que o imóvel gozaria de imunidade tributária. O STF não aceitou a tese
e afirmou que não incide a imunidade neste caso. STF. Plenário. RE 601720/RJ, rel. orig. Min. Edson
Fachin, red. p/ o ac. Min. Marco Aurélio, julgado em 6/4/2017 (repercussão geral) (Infos 860 e 861).

A imunidade recíproca, prevista no art. 150, VI, “a”, da Constituição Federal, não se estende a
empresa privada arrendatária de imóvel público, quando seja ela exploradora de atividade
econômica com fins lucrativos. Nessa hipótese é constitucional a cobrança do IPTU pelo Muni-
cípio. Ex: a União, proprietária de um grande terreno localizado no Porto de Santos, arrendou
este imóvel para a Petrobrás (sociedade de economia mista), que utiliza o local para armazenar
combustíveis. Antes do arrendamento, a União não pagava IPTU com relação a este imóvel em
virtude da imunidade tributária recíproca. Depois que houve o arrendamento, a Petrobrás passa a
ter que pagar o imposto. STF. Plenário. RE 594015/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 6/4/2017
(repercussão geral) (Info 860).

Os Correios gozam de imunidade tributária recíproca, razão pela qual os Municípios não
podem cobrar ISS sobre a prestação dos serviços postais. Ocorre que, durante muitos anos,
alguns Municípios cobravam o imposto porque ainda não se tinha uma certeza, na jurisprudência,
acerca da imunidade dos Correios. A ECT pode pleitear à repetição do indébito relativo ao ISS
cobrado sobre os serviços postais. Para isso, os Correios não precisam provar que assumiram o
encargo pelo tributo nem precisam estar expressamente autorizados pelos tomadores dos serviços.
Presume-se que os Correios não repassaram o custo do ISS nas tarifas postais cobradas dos
tomadores dos serviços. Isso porque a empresa pública sempre entendeu e defendeu que não
estava sujeita ao pagamento desse imposto. Não havendo repasse do custo do ISS ao consu-
midor final, os Correios podem pleitear a restituição sem necessidade de autorização do
tomador dos serviços. STJ. 2ª Turma.REsp 1.642.250-SP, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em
16/3/2017 (Info 602).

A imunidade da alínea “d” do inciso VI do art. 150 da CF/88 alcança componentes eletrôni-
cos destinados, exclusivamente, a integrar unidade didática com fascículos. STF. Plenário. RE
595676/RJ, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 8/3/2017 (repercussão geral) (Info 856).

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A imunidade tributária constante do art. 150, VI, “d”, da Constituição Federal (CF), aplica-se ao
livro eletrônico (“e-book”), inclusive aos suportes exclusivamente utilizados para fixá-lo. STF.
Plenário. RE 330817/RJ, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 8/3/2017 (repercussão geral) (Info 856).

Os requisitos para o gozo de imunidade hão de estar previstos em lei complementar. STF.
Plenário. ADI 2028/DF, ADI 2036/DF, ADI 2228/DF, rel. orig. Min. Joaquim Barbosa, red. p/ o ac. Min.
Rosa Weber, julgados em 23/2 e 2/3/2017 (Info 855). STF. Plenário. RE 566622/RS, Rel. Min. Marco
Aurélio, julgado em 23/2/2017 (Info 855).

A imunidade tributária subjetiva aplica-se a seus beneficiários na posição de contribuinte


de direito, mas não na de simples contribuinte de fato, sendo irrelevante, para a verificação
da existência do beneplácito constitucional, a repercussão econômica do tributo envolvido. • Se a
entidade imune for contribuinte de direito: incide a imunidade subjetiva. • Se a entidade imune for
contribuinte de fato: não incide a imunidade subjetiva. STF. Plenário. RE 608872/MG, Rel. Min. Dias
Toffoli, julgado em 22 e 23/2/2017 (repercussão geral) (Info 855).

O art. 150, VI, “c” da CF/88 prevê que as “instituições de educação e de assistência social, sem fins
lucrativos” gozam de imunidade tributária quanto aos impostos, desde que atendidos os requisitos
previstos na lei. A instituição de ensino continuará com a imunidade do imposto sobre o imóvel caso
ele esteja alugado a terceiros? SIM. Súmula vinculante 52-STF: Ainda quando alugado a tercei-
ros, permanece imune ao IPTU o imóvel pertencente a qualquer das entidades referidas
pelo art. 150, VI, c, da CF, desde que o valor dos aluguéis seja aplicado nas atividades para as
quais tais entidades foram constituídas. STF. Plenário. Aprovada em 17/06/2015.

Os veículos automotores pertencentes aos Correios são imunes à incidência do IPVA por
força da imunidade tributária recíproca (art. 150, VI, “a”, da CF/88). STF. Plenário. ACO 879/PB,
Rel. Min. Marco Aurélio, Red. p/ o acórdão Min. Roberto Barroso, 26/11/2014 (Info 769).

Os Correios gozam de imunidade tributária porque são uma empresa pública que desem-
penha serviços públicos. Ocorre que os Correios, além das atividades que desenvolvem de forma
exclusiva, como é o caso da entrega de cartas, também realizam alguns serviços em concorrência
com a iniciativa privada (ex.: entrega de encomendas). Mesmo quando os Correios realizam o
serviço de transporte de bens e mercadorias, concorrendo, portanto, com a iniciativa priva-
da, ainda assim gozam de imunidade e ficam livres de pagar ICMS. Assim, o STF decidiu que a
Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos — ECT goza de imunidade tributária recíproca mesmo
quando realiza o transporte de bens e mercadorias. STF. Plenário. RE 627051/PE, Rel. Min. Dias Toffo-
li, julgado em 12/11/2014 (repercussão geral)(Info 767).

Determinada entidade de assistência social sem fins lucrativos que atende pessoas com deficiência

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explora uma agência franqueada dos Correios. Em outras palavras, ela é proprietária de uma agên-
cia franqueada dos Correios. A renda obtida com essa atividade é revertida integralmente aos fins
institucionais dessa entidade. A venda das mercadorias nessa agência franqueada será imune de
ICMS? NÃO. O STJ decidiu que não há imunidade nesse caso. Isso porque a atividade econômica
fraqueada dos Correios não está relacionada com as finalidades institucionais da entidade
de assistência social, ou seja, o serviço prestado não possui relação com seus trabalhos na
área de assistência social, ainda que o resultado das vendas seja revertido em prol das suas
atividades essenciais. Logo, não se pode conceder a imunidade porque não está preenchido o
requisito exposto no ar. 150, § 4º da CF/88 e art. 14, § 2º do CTN. STJ. 2ª Turma. RMS 46170-MS, Rel.
Min. Humberto Martins, julgado em 23/10/2014 (Info 551).

A imunidade tributária recíproca reconhecida à Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos


— ECT alcança o IPTU incidente sobre imóveis de sua propriedade, bem assim os por ela
utilizados. Se houver dúvida acerca de quais imóveis estariam afetados ao serviço público, cabe à
administração fazendária (Fisco) produzir prova em contrário, haja vista militar em favor do contri-
buinte a presunção de imunidade anteriormente conferida em benefício dele. Assim, para que
o Município possa cobrar IPTU sobre o imóvel, ele deverá identificar e provar que aquele
imóvel específico não se destina às finalidades essenciais dos Correios. Ex.: o Ministro Relator
Dias Toffoli citou que a imunidade alcança os imóveis próprios da ECT, não abrangendo os imóveis
pertencentes às empresas que são franquias dos Correios ou que são meros prestadores de serviços
para a entidade. STF. Plenário. RE 773992/BA, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 15/10/2014 (reper-
cussão geral).

→ OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA
#tabelabásica

A classificação depende apenas do conteúdo pecuniário. Assim, tanto o


crédito quanto os juros e multas são considerados obrigação tributária
principal.
OBRIGAÇÃO
PRINCIPAL Obs.: Multa tributária. A multa é sanção por ato ilícito e, por isso, não é tributo.
Contudo, a obrigação de pagar a multa tributária foi tratada pelo CTN como
obrigação tributária principal. Em outras palavras, multa tributária não é tributo,
mas a obrigação de pagá-la tem natureza tributária.

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Segundo o § 2.º do art. 113 do CTN, a obrigação acessória tem por objeto as
prestações, positivas ou negativas, previstas no interesse da arrecadação ou da
fiscalização dos tributos.

Importante! As obrigações acessórias existem também para as entidades imun-


OBRIGAÇÃO es, no interesse da fiscalização e arrecadação de tributos, até mesmo para que
ACESSÓRIA a Administração Tributária tenha como fiscalizá-las e verificar se as condições
para a fruição da imunidade permanecem presentes.
#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA: A entidade que goza de imunidade tributária
tem o dever de cumprir as obrigações acessórias, dentre elas a de manter os
livros fiscais.
STF. 1ª Turma. RE 250844/SP, rel. Min. Marco Aurélio, 29/5/2012.

Art. 113. A obrigação tributária é principal ou acessória.

§1º A obrigação principal surge com a ocorrência do fato gerador, tem por objeto o pagamento de
tributo ou penalidade pecuniária e extingue-se juntamente com o crédito dela decorrente.

§ 2º A obrigação acessória decorre da legislação tributária e tem por objeto as prestações, posi-
tivas ou negativas, nela previstas no interesse da arrecadação ou da fiscalização dos tributos.

§3º A obrigação acessória, pelo simples fato da sua inobservância, converte-se em obrigação prin-
cipal relativamente à penalidade pecuniária.

#MAISUMATABELA

OBRIGAÇÃO PRINCIPAL OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA

Depende de lei Está prevista na legislação (sentido amplo)

Obrigação de dar Obrigação de fazer / não fazer

Visa o pagamento Função fiscal / arrecadatória

Pagar tributo Emitir nota fiscal

DOMICÍLIO TRIBUTÁRIO

Art. 127 CTN. Na falta de eleição, pelo contribuinte ou responsável, de domicílio tributário, na forma
da legislação aplicável, considera-se como tal:

I - quanto às pessoas naturais, a sua residência habitual, ou, sendo esta incerta ou desconhecida, o
centro habitual de sua atividade;

II - quanto às pessoas jurídicas de direito privado ou às firmas individuais, o lugar da sua sede, ou,

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em relação aos atos ou fatos que derem origem à obrigação, o de cada estabelecimento;

III - quanto às pessoas jurídicas de direito público, qualquer de suas repartições no território da
entidade tributante.

§ 1º Quando não couber a aplicação das regras fixadas em qualquer dos incisos deste artigo,
considerar-se-á como domicílio tributário do contribuinte ou responsável o lugar da situação dos bens ou
da ocorrência dos atos ou fatos que deram origem à obrigação.

§ 2º A autoridade administrativa pode recusar o domicílio eleito, quando impossibilite ou dificulte a


arrecadação ou a fiscalização do tributo, aplicando-se então a regra do parágrafo anterior.

Solidariedade

A solidariedade pode se dar por meio de lei, ou por interesse comum. Ex.: contribuições previden-
ciárias (por lei); tributos incidentes sobre o patrimônio (em razão de interesse comum).

#OLHONASÚMULA

Súmula 585-STJ: A responsabilidade solidária do ex-proprietário, prevista no art. 134 do Códi-


go de Trânsito Brasileiro – CTB, não abrange o IPVA incidente sobre o veículo automotor, no
que se refere ao período posterior à sua alienação.

Súmula 430-STJ: O inadimplemento da obrigação tributária pela sociedade não gera, por si só, a
responsabilidade solidária do sócio-gerente.

→ RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA
Artigos imprescindíveis do CTN:

Art. 128. Sem prejuízo do disposto neste capítulo, a lei pode atribuir de modo expresso a respons-
abilidade pelo crédito tributário a terceira pessoa, vinculada ao fato gerador da respectiva obrigação,
excluindo a responsabilidade do contribuinte ou atribuindo-a a este em caráter supletivo do cumprimen-
to total ou parcial da referida obrigação.

Art. 131. São pessoalmente responsáveis:

I - o adquirente ou remitente, pelos tributos relativos aos bens adquiridos ou remidos;

II - o sucessor a qualquer título e o cônjuge meeiro, pelos tributos devidos pelo de cujus até a data
da partilha ou adjudicação, limitada esta responsabilidade ao montante do quinhão do legado ou da
meação;

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III - o espólio, pelos tributos devidos pelo de cujus até a data da abertura da sucessão.

Art. 133. A pessoa natural ou jurídica de direito privado que adquirir de outra, por qualquer títu-
lo, fundo de comércio ou estabelecimento comercial, industrial ou profissional, e continuar a respectiva
exploração, sob a mesma ou outra razão social ou sob firma ou nome individual, responde pelos tributos,
relativos ao fundo ou estabelecimento adquirido, devidos até à data do ato:

I - integralmente, se o alienante cessar a exploração do comércio, indústria ou atividade;

II - subsidiariamente com o alienante, se este prosseguir na exploração ou iniciar dentro de seis


meses a contar da data da alienação, nova atividade no mesmo ou em outro ramo de comércio, indústria
ou profissão.

Art. 134. Nos casos de impossibilidade de exigência do cumprimento da obrigação principal pelo
contribuinte, respondem solidariamente com este nos atos em que intervierem ou pelas omissões de que
forem responsáveis:

I - os pais, pelos tributos devidos por seus filhos menores;

II - os tutores e curadores, pelos tributos devidos por seus tutelados ou curatelados;

III - os administradores de bens de terceiros, pelos tributos devidos por estes;

IV - o inventariante, pelos tributos devidos pelo espólio;

V - o síndico e o comissário, pelos tributos devidos pela massa falida ou pelo concordatário;

VI - os tabeliães, escrivães e demais serventuários de ofício, pelos tributos devidos sobre os atos
praticados por eles, ou perante eles, em razão do seu ofício;

VII - os sócios, no caso de liquidação de sociedade de pessoas.

Parágrafo único. O disposto neste artigo só se aplica, em matéria de penalidades, às de caráter


moratório.

Art. 138. A responsabilidade é excluída pela denúncia espontânea da infração, acompanhada, se for
o caso, do pagamento do tributo devido e dos juros de mora, ou do depósito da importância arbitrada
pela autoridade administrativa, quando o montante do tributo dependa de apuração.

Parágrafo único. Não se considera espontânea a denúncia apresentada após o início de qualquer
procedimento administrativo ou medida de fiscalização, relacionados com a infração.

A responsabilidade do adquirente, no trespasse, é:

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se o alienante CESSAR a exploração do comér-


INTEGRAL 
cio, indústria ou atividade;

se o alienante prosseguir na exploração ou


iniciar dentro de 6 meses (a contar da alienação)
SUBSIDIÁRIA 
nova atividade no mesmo ou em outro ramo de
comércio, indústria ou profissão.

Responsabilidade por substituição Responsabilidade por substituição


para frente para trás

Aqui a ideia é inversa. Em vez de antecipar a


Antecipa-se a exigência tributária pressupondo
exigência tributária, adia-se a exigência tributária
um fato gerador futuro.
sobre o fato gerador já ocorrido.

Em julgamento realizado em outubro de 2016, o STF alterou o entendimento anteriormente


adotado e reconheceu o direito do contribuinte sujeito a substituição tributária para a frente
requerer a restituição dos valores recolhidos a maior quando a operação efetivamente ocorrida
tenha valor menor que o previsto para fins de base de cálculo do ICMS-substituição. Neste julga-
mento, fixado por maioria, mas adotando a técnica da repercussão geral, foi fixada a seguinte tese: “É
devida a restituição da diferença do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) pago
a mais, no regime de substituição tributária para a frente, se a base de cálculo efetiva da operação for
inferior à presumida. STF. Plenário. ADI 2675/PE, Rel. Min. Ricardo Lewandowski e ADI 2777/SP, red. p/ o
ac. Min. Ricardo Lewandowski, julgados em 19/10/2016 (Info 844). STF. Plenário. RE 593849/MG, Rel. Min.
Edson Fachin, julgados em 19/10/2016 (repercussão geral) (Info 844)

Este entendimento manifestado na ADI 1851 está superado pela nova decisão do STF no RE 593849/
MG. Todos os Ministros que votaram pela rejeição da ADI 1851 já saíram do Supremo e houve, no caso,
um overriding, que ocorre quando o Tribunal supera parcialmente um entendimento anterior da própria
Corte, modificando o âmbito de incidência do precedente. Assim, atualmente, não importa se a siste-
mática da substituição tributária é facultativa ou obrigatória para o contribuinte. Também não importa
se o Estado-membro é ou não signatário do Convênio ICMS 13/97 ou se ele possui lei local tratando o
tema. Se for realizada a técnica da substituição tributária progressiva e a base de cálculo efetiva
da operação for inferior à presumida, será devida a restituição da diferença do ICMS pago a mais.

#MODULAÇÃODEEFEITOS: 1) Este entendimento do STF permitindo direito à restituição VALE: •


para todos os processos judiciais que já haviam sido ajuizados e que estavam aguardando o posiciona-
mento do STF na repercussão ora decidida; e • para as operações futuras, ou seja, para as situações em
que, após a decisão do STF, houver pagamento a maior, surgindo o direito à restituição. 2) Por outro lado,

170 CICLOS RETA FINAL TJ/PR | @CICLOSR3


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este posicionamento do Supremo NÃO SE APLICA: • para situações ocorridas antes da decisão e que não
tenham sido judicializadas; e • para situações que foram judicializadas, mas o contribuinte perdeu (não
teve direito à restituição) e houve trânsito em julgado.

RESPONSABILIDADE DE TERCEIROS

Responsabilidade subsidiária (Art. 134) Responsabilidade integral (Art. 135)

Atos culposos – omissão, culpa. Atos dolosos – fraude, má-fé, dolo.

Contribuinte responde primeiro Contribuinte é excluído

Abrange tributos + penalidades moratórias Abrange tributos + todas as penalidades

→ SUSPENSÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO

CAUSAS SUSPENSIVAS

Dilação do prazo para pagamento do tributo. Pode ser concedida em caráter


geral (lei) ou por ato administrativo, atendidos os requisitos legais (caráter indi-
vidual).
MORATÓRIA
Apesar de não constar expressamente, é da sua essência a concessão em vir-
tude de situações excepcionais (naturais, econômicas, sociais) que dificultem o
normal adimplemento das obrigações tributárias.

DEPÓSITO DO
o depósito apto a suspender o CT é aquele realizado no montante exigido pelo
MONTANTE
fisco e em dinheiro (Súmula 112 do do STJ)
INTEGRAL

RECLAMAÇÕES
E RECURSOS O recurso interposto na forma prevista na lei que regula o processo adm. Fis-
NOS TERMOS cal suspende a exigibilidade, de modo a obstar o solve et repete (pague depois
DA LEI DO reclame). Súmula Vinculante 21: É inconstitucional a exigência de depósito ou
PROCESSO AD- arrolamento prévios de dinheiro ou bens para a admissibilidade de recurso ad-
MINISTRATIVO ministrativo
TRIBUTÁRIO

MEDIDA LIM-
Em matéria tributária é comum a utilização do MS para questionar lançamen-
INAR
to ou a cobrança de tributo, de modo que a liminar para suspender o crédito
EM MANDA-
questionado se reveste de importante mecanismo para preservar o resultado
DO DE SEGU-
final e evitar prejuízos ao contribuinte.
RANÇA

171 CICLOS RETA FINAL TJ/PR | @CICLOSR3


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Medida de política fiscal por meio da qual se busca recuperar créditos e criar
condições que os contribuintes regularizem sua situação perante o Fisco.
PARCELAMEN- Será concedido mediante lei específica do ente da Federação com competência
TO para instituição do tributo.
Segundo o STJ, o parcelamento não se equipara a pagamento para fins de gozo
dos benefícios da denúncia espontânea (CTN, art. 138).

PARCELAMENTO MORATÓRIA PARCELADA

- medida excepcional (situações naturais,


- medida de política fiscal corriqueira, in-
econômicas ou sociais que dificultem o normal
stituída em situações de normalidade visando
adimplemento das obrigações tributárias);
recuperação de créditos e regularização fiscal;
- em geral, dispensa penalidades pecuniárias e
- Em regra, não exclui juros e multas.
juros

#APOSTACICLOS O parcelamento de ofício da dívida tributária não configura causa interruptiva da


contagem da prescrição, uma vez que o contribuinte não anuiu. 

STJ. 1ª Seção. REsp 1.658.517-PA, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, julgado em 14/11/2018 (recur-
so repetitivo) (Info 638).

E vamos à explicação do Dizer o Direito (#AJUDAMARCINHO):

O parcelamento é uma hipótese de moratória e, por isso, também está submetida à reserva legal
(art. 97, VI do CTN).

A liberalidade do Fisco em conceder ao contribuinte a opção de pagamento à vista (cota única) ou


parcelado (10 cotas), independente de sua anuência prévia, não configura as hipóteses de suspensão do
crédito tributário previstas no art. 151, I e VI do CTN (moratória ou parcelamento), tampouco causa de
interrupção da prescrição, a qual exige o reconhecimento da dívida por parte do contribuinte (art. 174,
parágrafo único, IV do CTN).

Com efeito, não houve adesão a qualquer hipótese de parcelamento por parte do contribuinte ou
reconhecimento de débito. Na verdade, o contribuinte do IPTU manteve-se inerte e sua inércia não pode
ser interpretada como adesão automática à moratória ou parcelamento, passível de suspender a exigi-
bilidade do crédito tributário.

O contribuinte não pode ser despido da autonomia de sua vontade, em decorrência de uma opção
unilateral do Estado, que resolve lhe conceder a opção de efetuar o pagamento em cotas parceladas.

Se a Fazenda Pública municipal entende que é mais conveniente oferecer opções parceladas para
pagamento do IPTU, ao tempo em que oferta ao contribuinte a possibilidade de quitação em cota única,

172 CICLOS RETA FINAL TJ/PR | @CICLOSR3


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com descontos que variam de 10 a 15% do crédito tributário constituído, o faz dentro de uma política
fiscal, por mera liberalidade, o que não induz a conclusão de que houve moratória ou parcelamento.

#APOSTACICLOS

As condições para a concessão de parcelamento tributário devem estrita observância ao princípio


da legalidade e não há autorização para que atos infralegais tratem de condições não previstas na lei de
regência do benefício.

STJ. 1ª Turma. REsp 1739641-RS, Rel. Min. Gurgel de Faria, julgado em 21/06/2018 (Info 629).

→ EXCLUSÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO

Apenas a ISENÇÃO e a ANISTIA excluem o crédito tributário.

CTN - Art. 175. Excluem o crédito tributário:

I - a isenção;

II - a anistia.

Parágrafo único. A exclusão do crédito tributário não dispensa o cumprimento das obrigações
acessórias dependentes da obrigação principal cujo crédito seja excluído, ou dela consequente.

ANISTIA

- Exclui o crédito relativo à penalidade pecuniária


- É o perdão legal de infrações, tendo como consequência a proibição de que sejam lançadas as
respectivas penalidades pecuniárias.
- Somente abrange infrações cometidas anteriormente à vigência da lei que a concede.
- Deve ser concedida antes do lançamento da penalidade pecuniária, pois, do contrário, constituído
o crédito, sua extinção só poderia ocorrer mediante remissão (outro instituto).
Não pode ser concedida em relação aos atos:
qualificados como crimes ou contravenções;
praticados com dolo, fraude ou simulação pelo sujeito passivo ou por terceiro em benefício daquele.
- Também pode ser concedida em caráter geral ou individual.

→ EXTINÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO

MODALIDADES EXTINTIVAS DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO

DIRETAS INDIRETAS
PROCESSUAIS
(INDEPENDEM DE LEI) (DEPENDEM DE LEI)

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Conversão do depósito em
Pagamento; Compensação; renda;
Homologação do pagamento Transação; Consignação em pagamento;
Antecipado; Remissão; Decisão Administrativa irre-
Decadência; Dação em pagamento em formável;
Prescrição. bens imóveis. Decisão judicial passada em
julgado.

- A prescrição é o prazo para efetivar a cobrança do tributo; a decadência é o prazo para constituir
o crédito.

CONTAGEM DO PRAZO DE DECADÊNCIA PARA OS TRIBUTOS SUJEITOS À LANÇAMENTO


POR HOMOLOGAÇÃO

Havendo antecipação total ou parcial do valor do tributo devido:

• Regra mais benéfica (CTN, art. 150, §4º);


• Decadência contada a partir da ocorrência do fato gerador da obrigação.

Não havendo antecipação de nenhuma quantia à título de recolhimento ou na existência de


dolo, fraude ou simulação:

• Regra geral (CTN, art. 173, I);


• Decadência contada a partir do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lança-
mento poderia ter sido efetuado.
Súmula 555 – STJ: Quando não houver declaração do débito, o prazo decadencial quinquenal para
o Fisco constituir o crédito tributário conta-se exclusivamente na forma do art. 173, I, do CTN, nos
casos em que a legislação atribui ao sujeito passivo o dever de antecipar o pagamento sem prévio
exame da autoridade administrativa.

Súmula 360 – STJ: O benefício da denúncia espontânea não se aplica aos tributos sujeitos a lança-
mento por homologação regularmente declarados, mas pagos a destempo.

Súmula 554 – STJ: Na hipótese de sucessão empresarial, a responsabilidade da sucessora abrange


não apenas os tributos devidos pela sucedida, mas também as multas moratórias ou punitiva refer-
entes a fato geradores ocorridos até a data da sucessão.

Súmula 436 – STJ: A entrega de declaração pelo contribuinte reconhecendo débito fiscal constitui o
crédito tributário dispensada qualquer outra providência por parte do fisco.

O depósito judicial integral do débito tributário e dos respectivos juros de mora, mesmo antes
de qualquer procedimento do Fisco tendente à sua exigência, não configura denúncia espontâ-
nea (art. 138 do CTN).

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Para que a denúncia espontânea seja eficaz e afaste a incidência da multa, é necessário o preen-
chimento de três requisitos: a) “denúncia” (confissão) da infração; b) pagamento integral do tributo
devido com os respectivos juros moratórios; e c) espontaneidade (confissão e pagamento devem
ocorrer antes do início de qualquer procedimento fiscalizatório por parte do Fisco relacionado com
aquela determinada infração).

O alienante possui legitimidade passiva para figurar em ação de execução fiscal de débitos
constituídos em momento anterior à alienação voluntária de imóvel. Ex: em 01/01/2015, data
do fato gerador do IPTU, João era proprietário de um imóvel; alguns meses mais tarde ele aliena
para terceiro; Município poderá ajuizar execução fiscal contra João cobrando IPTU do ano de 2015.
STJ. 2ª Turma. AgInt no AREsp 942940-RJ, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 15/8/2017 (Info
610).

Mesmo que o contribuinte, após ser excluído do REFIS, continue a realizar mensalmente o paga-
mento das parcelas de forma voluntária e extemporâneo, tal fato não tem o condão de estender a
interrupção do prazo prescricional e nem configurar ato de reconhecimento do débito (confissão
de dívida). Assim, não interrompe o prazo prescricional o fato de o contribuinte, após ser
formalmente excluído do REFIS, continuar efetuando, por mera liberalidade, o pagamen-
to mensal das parcelas do débito tributário. STJ. 2ª Turma. REsp 1493115-SP, Rel. Min. Mauro
Campbell Marques, julgado em 15/9/2015 (Info 570).

A revogação de liminar que suspendeu a exigibilidade do crédito tributário ocasiona a reto-


mada do lapso prescricional para o Fisco, desde que inexistente qualquer outra medida constan-
te do art. 151 do CTN ou recurso especial / extraordinário dotado de efeito suspensivo. STJ. 1ª Seção.
EAREsp 407940-RS, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 10/5/2017 (Info 605).

ICMS

LEGISLAÇÃO APLICÁVEL AO ICMS

ESPÉCIE NORMATIVA FUNÇÃO EXERCIDA

Delineamento geral, incluindo as regras que se aplicam a todos os


CONSTITUIÇÃO FEDERAL tributos e limitações ao poder de tributar.
Critérios da regra matriz de incidência.

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Fixar normas gerais do imposto (incluindo sujeitos ativo e pas-


LEI COMPLEMENTAR (princi-
sivo, substituição tributária, forma de concessão de isenções por
palmente a LC 87/96, conhe-
convênios, etc.)
cida como Lei Kandir)
Mecanismos para evitar guerra fiscal entre Estados.

CONVÊNIOS DO CONFAZ Instituir ou revogar isenções, incentivos e benefícios fiscais.

Fixação de alíquotas mínima e máxima em operações internas.


RESOLUÇÕES DO SENADO
Fixação de alíquotas interestaduais.
FEDERAL
Fixação de alíquotas em operações externas.

Instituição do tributo.
Normas específicas em matéria de ICMS.
NORMAS ESTADUAIS
Normas sobre sujeição passiva.
Instituição de obrigações acessórias e penalidades.

#REGRAS CONSTITUCIONAIS

• O ICMS será não cumulativo, compensando-se o que devido em cada operação com o montan-
te cobrado nas anteriores;

• A isenção ou não incidência não implicará em crédito para compensação com o montante de
operações seguintes, e acarretará a anulação do crédito relativo a operações anteriores;

• É possível que lei local preveja regime especial de tributação ao contribuinte, com renúncia ao
direito ao creditamento.

• O ICMS poderá ser seletivo pela essencialidade das mercadorias e serviços;

• Segundo a Constituição, 25% do produto do ICMS deve ser repartido aos Municípios do Estado,
sendo ¾ do valor na proporção do valor adicionado nas operações realizadas em seu território
e ¼ conforme dispuser a lei estadual. A lei do Estado do RJ excluía totalmente a capital da possi-
bilidade de obter parte do 1/4, sob argumento de correção de desigualdades regionais e sociais.
No RE 401.953 o STF entendeu que tal exclusão total era inconstitucional, a elevada participação
no primeiro critério não deve aniquilar o direito de concorrer ao segundo.

• O ICMS não compreenderá, em sua base de cálculo, o montante acrescido pelo IPI;

NÃO INCIDIRÁ ICMS

Sobre prestações de serviço de comunicação na Sobre operações que destinem combustíveis e


modalidade de radiodifusão de sons e imagens energia elétrica a outros estados destinadas à
de recepção livre e gratuita. comercialização ou à industrialização.

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Sobre prestação de serviços destinados ao exte-


Sobre o ouro definido como ativo financeiro.
rior.

É devida a restituição da diferença do ICMS pago a mais no regime de substituição tributária


para frente se a base de cálculo efetiva da operação for inferior à presumida. Em adequação
ao entendimento do Supremo Tribunal Federal, é devida a restituição da diferença do Imposto sobre
Circulação de Mercadorias e Serviços ICMS pago a mais no regime de substituição tributária para
frente se a base de cálculo efetiva da operação for inferior à presumida. STJ. 1ª Turma. REsp 687113-
RS, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, por unanimidade, julgado em 05/04/2018 (Info 623).

Responsabilidade pelo pagamento da diferença de alíquota caso tenha havido tredestina-


ção da mercadoria. A empresa vendedora de boa-fé que evidencie a regularidade da operação
interestadual realizada com cláusula FOB (Free on Board) não pode ser objetivamente responsa-
bilizada pelo pagamento do diferencial de alíquota de ICMS em razão de a mercadoria não ter
chegado ao destino declarado na nota fiscal. A despeito da regularidade da documentação, o Fisco
pode tentar comprovar que a empresa vendedora intencionalmente participou de eventual fraude
para burlar a fiscalização, concorrendo para a tredestinação da mercadoria (mediante simulação
da operação, por exemplo). Neste caso, sendo feita essa prova, a empresa vendedora poderá ser
responsabilizada pelo pagamento dos tributos que deixaram de ser oportunamente recolhidos. STJ.
1ª Seção. EREsp 1657359-SP, Rel. Min. Gurgel de Faria, julgado em 14/03/2018 (Info 622).

É válida lei estadual que dispõe acerca da incidência do ICMS sobre operações de importa-
ção editada após a vigência da EC 33/2001, mas antes da LC 114/2002. É válida lei estadual que
dispõe acerca da incidência do ICMS sobre operações de importação editada após a vigência da EC
33/2001 (12/12/2001), mas antes da LC federal 114/2002, visto que é plena a competência legislativa
estadual enquanto inexistir lei federal sobre norma geral, conforme art. 24, § 3º, da CF/88. Nesse
sentido, o STF julgou válida lei do Estado de SP, editada em 21/12/2001, que prevê a incidência de
ICMS sobre importação de veículo por pessoa física e para uso próprio. Não há inconstitucionalida-
de uma vez que a lei foi editada após a EC 33/2001, que autorizou a tributação. STF. 2ª Turma.ARE
917950/SP, rel. orig. Min. Teori Zavascki, red. p/ ac. Min. Gilmar Mendes, julgado em 5/12/2017 (Info
887).

Inconstitucionalidade de lei estadual que concede vantagens no parcelamento do ICMS para


empresas que aderirem a programa de geração de empregos. É inconstitucional lei estadual
que concede, sem autorização de convênio interestadual, vantagens no parcelamento de débitos
do ICMS para empresas que aderirem a programa de geração de empregos. O Estado-membro só
pode conceder benefícios de ICMS se isso tiver sido previamente autorizado por meio de convênio

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celebrado com os demais Estados-membros e DF, nos termos do art. 155, § 2º, XII, “g”, da CF/88 e o
art. 1º da LC 24/75. A concessão unilateral de benefícios de ICMS sem previsão em convênio repre-
senta um incentivo à guerra fiscal. STF. Plenário. ADI 3796/PR, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em
8/3/2017 (Info 856).

Constitucionalidade de regime tributário opcional com redução da base de cálculo condi-


cionada à renúncia ao regime de apuração normal de créditos e débitos. No Rio Grande do
Sul foi editada uma lei prevendo que as empresas transportadoras teriam duas opções de tributa-
ção do ICMS: 1ª) poderiam continuar com o sistema normal de créditos e débitos inerente ao ICMS;
2ª) poderiam aderir a um regime tributário opcional no qual teriam a redução da base de cálculo
para o percentual de 80%, condicionada ao abandono do regime de apuração normal de créditos e
débitos. O STF entendeu que não é inconstitucional lei estadual que permita que o contribuinte opte
por um regime especial de tributação de ICMS com base de cálculo reduzida, mediante expressa
renúncia ao aproveitamento de créditos relativos ao imposto pago em operações anteriores, ainda
que proporcional. Esta norma não viola o princípio da não cumulatividade. Assim, se a empresa
contribuinte optar pelo sistema da base de cálculo reduzida, não terá direito ao creditamento de
ICMS. STF. 1ª Turma. AI 765420 AgR-segundo/RS, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min.
Rosa Weber, julgado em 21/2/2017 (Info 855).

Súmula 509-STJ: É lícito ao comerciante de boa-fé aproveitar os créditos de ICMS decorrentes de


nota fiscal posteriormente declarada inidônea, quando demonstrada a veracidade da compra e
venda.

#DEOLHONAJURIS #STF #SAINDODOFORNO: O ICMS é um imposto de competência estadual.


Apesar disso, a CF/88 determina que o Estado deverá repassar 25% da receita do ICMS aos Municí-
pios. Esse repasse será realizado após cálculos que são feitos para definir o valor da cota-parte que
caberá a cada Município, segundo critérios definidos pelo art. 158, parágrafo único, da CF/88 e pela
lei estadual. A Constituição do Estado do Amapá previu que seria competência do TCE homologar
os cálculos das cotas do ICMS devidas aos Municípios. Este dispositivo é inconstitucional. Sujeitar o
ato de repasse de recursos públicos à homologação do TCE representa ofensa ao princípio
da separação e da independência dos Poderes. STF. Plenário. ADI 825/AP, Rel. Min. Alexandre de
Moraes, julgado em 25/10/2018 (Info 921).

ITCMD

IMPOSTO SOBRE A TRANSMISSÃO CAUSA MORTIS OU A DOAÇÃO DE QUAISQUER

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BENS OU DIREITOS

• Incide sobre a transmissão de bens, MÓVEIS ou IMÓVEIS, por HERANÇA ou DOAÇÃO, e está classifi-
cado como um tributo estadual, privativo, não vinculado, de arrecadação não vinculada, real, direto,
ordinário e de função predominantemente fiscal.

• Assim como ocorre com o ICMS, a Constituição Federal traz o delineamento geral do tributo, estabe-
lecendo critérios para a regra matriz de incidência.

• Até o advento da CF de 1988 todas as transmissões de bens imóveis ensejavam receita tributária para
os Estados. Não havia ITBI (hoje imposto municipal) e não havia tributação na transmissão de bens
MÓVEIS, apenas imóveis. Por isso, a parte do CTN que trata da tributação sobre bens móveis não está
regulada pelo CTN.

#OLHAOGANCHO – O artigo 24 da CF, que trata da competência legislativa concorrente, prevê


em seu §3º que “inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados exercerão a competência
legislativa plena, para atender as suas peculiaridades”. No caso da tributação de operações sobre
bens MÓVEIS, como não há previsão em lei federal, pois o CTN não tratou de tal hipótese, os Esta-
dos possuem competência legislativa plena para reger a matéria. Veja também o teor do artigo 34,
§3º, do ADCT: “Promulgada a Constituição, a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
poderão editar as leis necessárias à aplicação do sistema tributário nacional nela previsto”.
5

ITBI X ITCMD: PRINCIPAIS DIFERENÇAS5

IMPOSTO ITCMD ITBI

COMPETÊNCIA Estados e DF Municípios e DF

TRANSMISSÕES CAUSA
SIM NÃO
MORTIS

TRANSMISSÕES INTER VI- SIM, mas apenas nas DO-


SIM
VOS AÇÕES

TRANSMISSÃO DE BENS
SIM NÃO
MÓVEIS

TRANSMISSÃO DE BENS
SIM SIM
IMÓVEIS

5 Tabela adaptada da obra “Tributos em espécie”, Ed. Juspodivm.

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Bens imóveis e respec-


A competência é do Estado onde se encontra o imóvel
tivos direitos

Causa mor- A competência é do Estado em que for processado o


Bens móveis, títulos e tis arrolamento ou inventário
créditos A competência é do Estado onde for domiciliado o
Doação
doador

Definição
Casos do art. 155, §1º, Enquanto não editada, cada Estado define a com-
em lei com-
III petência em lei própria.
plementar

Quando se tratar de renúncia abdicativa, ou seja, caso o herdeiro abra mão da herança em bene-
fício do monte, não haverá incidência de ITCMD. Por outro lado, se houver renúncia translativa, ou seja,
se o herdeiro transferir sua parte para outra pessoa, haverá ITCMD.

#OLHONATABELA

RENÚNCIA TRANSLATIVA RENÚNCIA TRANSLATIVA


RENÚNCIA ABDICATIVA
GRATUITA ONEROSA

Existe quando há alguma


O herdeiro transfere sua parte
retribuição pela renúncia. Em
O herdeiro abre mão da her- para outra pessoa de maneira
tal caso incide o ITCMD causa
ança em benefício do monte. gratuita, incide o ITCMD causa
mortis e, sendo bem imóvel, é
Em tal caso não incide ITCMD. mortis e mais uma incidência
possível caracterizar, conforme
do ITCMD doação.
o caso, a ocorrência do ITBI.

#SURRADESÚMULAS #AQUIÉCESPE

Súmula 115-STF: Sobre os honorários do advogado contratado pelo inventariante, com a homolo-
gação do juiz, não incide o imposto de transmissão “causa mortis”.

Súmula 114-STF: O imposto de transmissão “causa mortis” não é exigível antes da homologação
do cálculo.

Súmula 112-STF: O imposto de transmissão “causa mortis” é devido pela alíquota vigente ao tempo
da abertura da sucessão.

Súmula 590-STF: Calcula-se o imposto de transmissão “causa mortis” sobre o saldo credor da
promessa de compra e venda de imóvel, no momento da abertura da sucessão do promitente

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vendedor.

Súmula 331-STF: É legítima a incidência do imposto de transmissão “causa mortis” no inventário


por morte presumida.

IPVA - IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE DE VEÍCULOS AUTOMOTORES

• O Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores – IPVA é um tributo estadual, direto, privati-
vo, não vinculado, de arrecadação não vinculada e ordinário. Deve observar todos os princípios cons-
titucionais relacionados aos tributos (espalhados nos artigos 150 e 151, CF), mas a fixação de sua base
de cálculo não se submete à noventena (#SELIGA #ISSOCAI - art. 150, §1º, CF).

• O STF entende que o IPVA veio em “substituição” à antiga T.R.U. (Taxa Rodoviária Única). Logo, o referi-
do imposto incide sobre a propriedade de veículos automotores terrestres, não podendo incidir sobre
embarcações e aeronaves.

• Apesar de haver previsão na Constituição Federal para que o Senado estabeleça alíquotas mínimas do
IPVA (art. 155, §6º, I), evitando-se guerra fiscal, até hoje não houve a edição de nenhuma Resolução
do Senado nesse sentido.

#OLHAOGANCHO – Assim como no caso do ITCMD, aqui também há competência PLENA dos
Estados para disciplinar a matéria, pois não há previsão de normas gerais relativas ao IPVA no CTN
ou outra lei federal. Aplica-se o artigo 24 da CF, que trata da competência legislativa concorrente,
prevê em seu §3º que “inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados exercerão a compe-
tência legislativa plena, para atender as suas peculiaridades”. Lembre-se também do teor do artigo
34, §3º, do ADCT: “Promulgada a Constituição, a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municí-
pios poderão editar as leis necessárias à aplicação do sistema tributário nacional nela previsto”.

#AJUDAMARCINHO #DIZERODIREITO #TUDOMASTIGADO

IPVA

IPVA é a sigla de Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores.

Trata-se de imposto estadual, previsto no art. 155, III, da CF/88.

Regramento legal

As normas gerais sobre o IPVA (fato gerador, base de cálculo, sujeito passivo etc.) deverão ser
previstas em uma lei complementar nacional a ser editada pelo Congresso Nacional (art. 146, III,

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“a”, da CF/88). Ocorre que esta lei ainda não existe. Em razão disso, os Estados-membros podem
legislar sobre o tema, conforme autorizado pelo art. 24, § 3º da CF/88, desde que respeitadas as
demais regras constitucionais.

Fato gerador

É a propriedade de veículo automotor. “Apenas a propriedade gera incidência de IPVA, e não a


mera detenção do veículo, o próprio uso ou mesmo a posse.” (SABBAG, Eduardo. Manual de Direito
Tributário. 8ª ed., São Paulo: Saraiva, 2016, p. 1317).

O IPVA só incide sobre veículos automotores terrestres. Assim, é inconstitucional lei estadual que
preveja pagamento de IPVA pela propriedade de embarcações ou de aeronaves. Nesse sentido: STF.
Plenário. RE 379572, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 11/04/2007.

Base de cálculo

É o valor venal do veículo.

Importante: o art. 150, § 1º da CF/88 prevê que a fixação da base de cálculo do IPVA não está sujeita
ao princípio da anterioridade nonagesimal. Isso significa que é possível que o Estado, nos últimos
dias do ano, altere a tabela de valor venal dos veículos e essa mudança já valha a partir de 1º de
janeiro do ano seguinte.

Alíquotas

As alíquotas serão fixadas por meio de lei de cada Estado-membro.

A CF/88, no entanto, determina que o Senado, mediante Resolução, defina alíquotas mínimas do
IPVA a fim de evitar a guerra fiscal (art. 155, § 6º, II, da CF/88). Logo, a lei estadual não poderá
estipular alíquotas menores que aquelas fixadas pelo Senado. Isso com o objetivo de evitar que os
Estados começassem a colocar valores muito baixos de IPVA para “incentivar” os proprietários de
carros a emplacarem seus veículos nesses locais.

A Constituição autoriza que as leis estaduais prevejam alíquotas do IPVA diferenciadas segundo o
tipo e a utilização do veículo.

Exemplo quanto ao tipo: a lei poderá prever que veículos utilitários poderão pagar alíquotas meno-
res que veículos de passeio.

Exemplo quanto à utilização: táxis poderão pagar alíquotas menores que veículos particulares.

O STF decidiu que é inconstitucional tributar diferentemente veículos nacionais e importados.

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Sujeito passivo

É o proprietário do veículo.

Lançamento do IPVA

O IPVA é um imposto sujeito a lançamento de ofício.

O lançamento de ofício (ou direto) é aquele no qual o Fisco, sem a ajuda do contribuinte, calcula o
valor do imposto devido e o cobra do sujeito passivo. A Administração tributária já possui de ante-
mão os elementos informativos para realizar a constituição do crédito tributário, não dependendo
de nenhuma providência do contribuinte para isso.

Em outras palavras, o próprio Fisco, sozinho, já calcula quanto o contribuinte deverá pagar e apenas
o avisa: pague este valor de imposto até o dia XX.

Além do IPVA, outro exemplo de imposto submetido a lançamento de ofício é o IPTU.

Notificação do lançamento

Após o Fisco realizar o lançamento, ele precisa comunicar que fez isso ao sujeito passivo para que
este possa pagar o tributo ou impugná-lo, caso não concorde com o que está sendo cobrado.

“É a notificação que confere efeitos ao lançamento realizado, pois antes daquela não se conta prazo
para pagamento ou impugnação.” (ALEXANDRE, Ricardo. Direito tributário esquematizado. 10ª ed.,
São Paulo: Método, 2016, p. 377).

Forma de notificação do contribuinte

O CTN não prevê a forma como o contribuinte deverá ser notificado de que houve o lançamento
de ofício e de que ele deverá pagar o tributo. Diante dessa lacuna, a jurisprudência entende que a
legislação que rege cada tributo poderá disciplinar o meio idôneo para essa notificação.

No caso do IPTU, por exemplo, a maioria das leis municipais prevê que a notificação ocorre median-
te o envio de uma correspondência ao sujeito passivo. Esse procedimento é considerado legítimo:

Súmula 397-STJ: O contribuinte do IPTU é notificado do lançamento pelo envio do carnê ao seu
endereço.

Se o Estado-membro, no início do ano, divulga um calendário informando os proprietários


dos veículos que deverão efetuar o pagamento do IPVA em cada data, este modo de notifi-
cação é válido?

SIM. O envio do carnê é apenas uma modalidade, que não exclui outras eventualmente mais conve-

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nientes para a Administração, como é o caso da divulgação de um calendário de pagamento, com


instruções para os contribuintes fazerem o pagamento. Nesse sentido:

A cientificação do contribuinte para o recolhimento do IPVA pode ser realizada por qualquer meio
idôneo, como o envio de carnê ou a publicação de calendário de pagamento, com instruções para
o pagamento.

STJ. 1ª Seção. REsp 1320825/RJ, Rel. Min. Gurgel de Faria, julgado em 10/08/2016.

Vale ressaltar, no entanto, que o Min. Gurgel de Faria ressalvou que essa espécie de notificação
pessoal presumida (por meio da divulgação de “calendário de pagamento”) somente pode ser consi-
derada válida em relação aos impostos reais, cuja exigibilidade por exercício é de notório conheci-
mento da população. Em outros termos, nos casos de IPTU e IPVA, por exemplo, todo mundo sabe
que todo ano deverá pagar.

Qual é a principal função da notificação do contribuinte do IPVA?

A notificação do contribuinte para o recolhimento do IPVA perfectibiliza a constituição definitiva do


crédito tributário.

Em outras palavras, com a notificação do contribuinte para o recolhimento da exação (pagamento


do tributo) ocorre a constituição definitiva do crédito tributário.

Caso o contribuinte, mesmo depois de notificado, não pague o IPVA, o Fisco poderá ajuizar
execução fiscal cobrando este imposto. A partir de quando é contado o prazo para o ajuiza-
mento desta ação?

O prazo prescricional para a execução fiscal inicia-se no dia seguinte à data estipulada para o venci-
mento do imposto. Isso porque, antes dessa data, o pagamento não é exigível do contribuinte.

Assim, por exemplo, se o proprietário recebeu um carnê com data de vencimento para o dia 03/03,
o prazo prescricional para o Estado-membro ajuizar execução fiscal iniciará no dia 04/03, caso o
contribuinte não pague na data.

Qual é o prazo que o Fisco estadual possui para cobrar judicialmente o imposto?

O prazo prescricional é de 5 anos (art. 174 do CTN).

Resumindo:

A notificação do contribuinte para o recolhimento do IPVA perfectibiliza a constituição definitiva do


crédito tributário, iniciando-se o prazo prescricional para a execução fiscal no dia seguinte à data
estipulada para o vencimento da exação.

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STJ. 1ª Seção. REsp 1320825/RJ, Rel. Min. Gurgel de Faria, julgado em 10/08/2016 (recurso repetitivo)
(Info 588).

Releitura do art. 174 do CTN pelo STJ

O art. 174 do CTN estabelece o seguinte:

Art. 174. A ação para a cobrança do crédito tributário prescreve em cinco anos, contados da data
da sua constituição definitiva.

Para o STJ, a constituição definitiva do IPVA ocorre com a notificação do contribuinte para paga-
mento.

Desse modo, se fossemos utilizar a redação literal do art. 174, o prazo prescricional teria início na
data da notificação do sujeito passivo (constituição definitiva). Ex: no dia em que ele recebeu o carnê
de pagamento ou na data em que foi divulgado o calendário de pagamentos.

Ocorre que o STJ fez uma releitura dessa parte final do dispositivo e decidiu que o prazo prescri-
cional deverá ser contado a partir do dia seguinte à data estipulada como vencimento do imposto.

O STJ deicidiu assim porque antes de passar a data do vencimento do tributo, o Fisco ainda não
poderá executar o contribuinte, que ainda nem pode ser considerado devedor.

Até o último dia estabelecido para o vencimento, é assegurado ao contribuinte realizar o recolhi-
mento voluntário, sem qualquer outro ônus, por meio das agências bancárias autorizadas ou até
mesmo pela internet, ficando em mora tão somente a partir do dia seguinte.

Desse modo, tem-se que a pretensão executória da Fazenda Pública (actio nata) somente surge no
dia seguinte à data estipulada para o vencimento do tributo.

Assim, o STJ “corrige” a parte final do art. 174, que deve ser lido da seguinte forma: a ação para
a cobrança do crédito tributário decorrente de IPVA prescreve em cinco anos, contados do dia
seguinte à data estipulada para o vencimento da exação.

Em concursos, se for cobrada a redação literal do art. 174 em provas objetivas, essa alterna-
tiva está correta. No entanto, é possível que o entendimento do STJ seja exigido, especialmente
em provas discursivas ou orais.

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IPTU

Súmula 614-STJ: O locatário não possui legitimidade ativa para discutir a relação jurídico-tributária
de IPTU e de taxas referentes ao imóvel alugado nem para repetir indébito desses tributos.

Alienante do imóvel continua responsável pelos débitos tributários cujo fato gerador ocor-
reram antes da alienação. O alienante possui legitimidade passiva para figurar em ação de execu-
ção fiscal de débitos constituídos em momento anterior à alienação voluntária de imóvel. Ex: em
01/01/2015, data do fato gerador do IPTU, João era proprietário de um imóvel; alguns meses mais
tarde ele aliena para terceiro; Município poderá ajuizar execução fiscal contra João cobrando IPTU
do ano de 2015. STJ. 2ª Turma. AgInt no AREsp 942940-RJ, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em
15/8/2017 (Info 610).

Obrigatoriedade da publicação oficial da planta de valores imobiliários para apuração da


base de cálculo do IPTU. A Planta Genérica de Valores, por conter dados indispensáveis à apura-
ção da base de cálculo do IPTU, deve ser objeto de publicação oficial. A mera afixação da Planta de
Valores no átrio da sede do município não supre essa exigência de publicação oficial. STJ. 2ª Turma.
REsp 1645832/SP, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 07/03/2017.

Não se pode aplicar a imunidade tributária recíproca se o bem está desvinculado de fina-
lidade estatal. A INFRAERO (empresa pública federal) celebrou contrato de concessão de uso de
imóvel com uma empresa privada por meio da qual esta última poderia explorar comercialmente
um imóvel pertencente à INFRAERO. Vale ressaltar que esta empresa é uma concessionária de
automóveis. A empresa privada queria deixar de pagar IPTU alegando que o imóvel gozaria de
imunidade tributária. O STF não aceitou a tese e afirmou que não incide a imunidade neste caso. A
atividade desenvolvida pela empresa tem por finalidade gerar lucro. Se fosse reconhecida a imuni-
dade neste caso, isso geraria, como efeito colateral, uma vantagem competitiva artificial em favor
da empresa, que teria um ganho em relação aos seus concorrentes. Afinal, a retirada de um custo
permite o aumento do lucro ou a formação de preços menores, o que provoca desequilíbrio das
relações de mercado. Não se pode aplicar a imunidade tributária recíproca se o bem está desvincu-
lado de finalidade estatal. STF. Plenário. RE 434251/RJ, rel. orig. Min. Joaquim Barbosa, red. p/ o ac.
Min. Cármen Lúcia, julgado em 19/4/2017 (Info 861).

Se uma pessoa jurídica de direito público faz contrato de cessão de uso de imóvel com
empresa privada, esta última não goza de imunidade e deverá pagar IPTU. Incide o IPTU,
considerado imóvel de pessoa jurídica de direito público cedido a pessoa jurídica de direito priva-
do, devedora do tributo. Ex: a União celebrou contrato de concessão de uso de imóvel com uma

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empresa privada por meio da qual esta última poderia explorar comercialmente determinado imóvel
pertencente ao patrimônio público federal. A empresa privada queria deixar de pagar IPTU alegan-
do que o imóvel gozaria de imunidade tributária. O STF não aceitou a tese e afirmou que não incide
a imunidade neste caso. STF. Plenário. RE 601720/RJ, rel. orig. Min. Edson Fachin, red. p/ o ac. Min.
Marco Aurélio, julgado em 6/4/2017 (repercussão geral) (Infos 860 e 861).

Sociedade de economia mista com finalidade lucrativa e que for arrendatária de imóvel
público não goza de imunidade tributária. A imunidade recíproca, prevista no art. 150, VI, “a”,
da Constituição Federal, não se estende a empresa privada arrendatária de imóvel público, quando
seja ela exploradora de atividade econômica com fins lucrativos. Nessa hipótese é constitucional
a cobrança do IPTU pelo Município. Ex: a União, proprietária de um grande terreno localizado no
Porto de Santos, arrendou este imóvel para a Petrobrás (sociedade de economia mista), que utiliza o
local para armazenar combustíveis. Antes do arrendamento, a União não pagava IPTU com relação
a este imóvel em virtude da imunidade tributária recíproca. Depois que houve o arrendamento, a
Petrobrás passa a ter que pagar o imposto. STF. Plenário. RE 594015/DF, Rel. Min. Marco Aurélio,
julgado em 6/4/2017 (repercussão geral) (Info 860).

ISS

ECT tem direito à repetição do indébito relativo ao ISS sem necessidade de prova de ter
assumido o encargo pelo tributo e sem autorização dos tomadores dos serviços. Os Correios
gozam de imunidade tributária recíproca, razão pela qual os Municípios não podem cobrar ISS
sobre a prestação dos serviços postais. Ocorre que, durante muitos anos, alguns Municípios cobra-
vam o imposto porque ainda não se tinha uma certeza, na jurisprudência, acerca da imunidade
dos Correios. A ECT pode pleitear à repetição do indébito relativo ao ISS cobrado sobre os servi-
ços postais. Para isso, os Correios não precisam provar que assumiram o encargo pelo tributo
nem precisam estar expressamente autorizados pelos tomadores dos serviços. Presume-se que os
Correios não repassaram o custo do ISS nas tarifas postais cobradas dos tomadores dos serviços.
Isso porque a empresa pública sempre entendeu e defendeu que não estava sujeita ao pagamen-
to desse imposto. Não havendo repasse do custo do ISS ao consumidor final, os Correios podem
pleitear a restituição sem necessidade de autorização do tomador dos serviços. STJ. 2ª Turma.REsp
1.642.250-SP, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 16/3/2017 (Info 602).

Lei municipal que veicula exclusão de valores da base de cálculo do ISSQN. É inconstitucio-
nal lei municipal que veicule exclusão de valores da base de cálculo do ISSQN fora das hipóteses
previstas em lei complementar nacional. Também é incompatível com o texto constitucional medida

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fiscal que resulte indiretamente na redução da alíquota mínima estabelecida pelo art. 88 do ADCT,
a partir da redução da carga tributária incidente sobre a prestação de serviço na territorialidade do
ente tributante. STF. Plenário. ADPF 190/SP, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 29/09/2016 (Info 841).

Incide ISS sobre o serviço prestado pelos planos de assistência à saúde. As operadoras de
planos privados de assistência à saúde (plano de saúde e seguro-saúde) realizam prestação de
serviço sujeita ao Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza - ISSQN, previsto no art. 156,
III, da CF/88. STF. Plenário. RE 651703/PR, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 29/09/2016 (repercussão
geral) (Info 841).

Incidência de ISS sobre montagem de pneus. Incide ISS (e não ICMS) sobre o serviço de monta-
gem de pneus, ainda que a sociedade empresária também forneça os pneus utilizados na monta-
gem. STJ. 2ª Turma. REsp 1307824-SP, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 27/10/2015
(Info 573).

IMPOSTO DE RENDA - IR

Súmula 598-STJ: É desnecessária a apresentação de laudo médico oficial para o reconhecimen-


to judicial da isenção do Imposto de Renda, desde que o magistrado entenda suficientemente
demonstrada a doença grave por outros meios de prova.

Súmula 590-STJ: Constitui acréscimo patrimonial a atrair a incidência do Imposto de Renda, em


caso de liquidação de entidade de previdência privada, a quantia que couber a cada participante,
por rateio do patrimônio, superior ao valor das respectivas contribuições à entidade em liquidação,
devidamente atualizadas e corrigidas.

#APOSTACICLOS

Súmula 627-STJ: O contribuinte faz jus à concessão ou à manutenção da isenção do imposto de


renda, não se lhe exigindo a demonstração da contemporaneidade dos sintomas da doença nem
da recidiva da enfermidade.

STJ. 1ª Seção. Aprovada em 12/12/2018, DJe 17/12/2018.

#APOSTACICLOS

A remuneração percebida pelos atletas profissionais a título de direito de arena sujeita-se à incidên-
cia do Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF.

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STJ. 1ª Turma. REsp 1.679.649-SP, Rel. Min. Regina Helena Costa, julgado em 17/05/2018 (Info 626).

#EXPLICANDOMELHOR #DIZERODIREITO #AJUDAMARCINHO

Arena

O direito de arena é como se fosse o “pagamento” pelo fato de as emissoras de comunicação esta-
rem mostrando a imagem do “time” (entidade desportiva) e dos jogadores na “arena” disputando
a competição.

Assim, por exemplo, para a TV Globo poder transmitir os jogos do Campeonato Brasileiro, ela tem
que pagar o direito de arena aos clubes de futebol.

Vimos no caput do art. 42 que o direito de arena pertence às entidades de prática desportiva.
Mas e os jogadores?

As entidades desportivas têm que repassar 5% da receita do direito de arena para os sindicatos de
atletas profissionais, e estes distribuirão, em partes iguais, aos atletas profissionais participantes do
espetáculo, como parcela de natureza civil (art. 42, § 1º).

Obs: esse percentual poderá ser alterado por meio de convenção coletiva.

Exceção ao direito de imagem

“O direito de imagem é amplo e pertence por inteiro ao seu titular. Abre-se, no entanto, uma exce-
ção para o atleta que participa de um espetáculo, reservando-se um percentual maior para a remu-
neração das entidades esportivas, que afinal são as que organizam, investem e remuneram para
garantir o êxito do empreendimento.” (Min. Ruy Rosado de Aguiar, no REsp 46.420/SP).

Os atletas profissionais devem pagar imposto de renda com relação ao valor que recebem a
título de direito de arena?

SIM.

A remuneração percebida pelos atletas profissionais a título de direito de arena sujeita-se à incidên-
cia do Imposto sobre a Renda de Pessoa Física - IRPF.

STJ. 1ª Turma. REsp 1.679.649-SP, Rel. Min. Regina Helena Costa, julgado em 17/05/2018 (Info 626).

Acréscimo patrimonial

O direito de arena é um rendimento extra que o esportista participante do espetáculo desportivo


recebe, possuindo, portanto, nítido conteúdo de acréscimo patrimonial.

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Vale ressaltar que somente fará jus à parcela relativa ao direito de arena o esportista profissional
que mantiver relação laboral com a entidade de prática desportiva, formalizada em contrato de
trabalho. Desse modo, conclui-se que a verba em questão retribui e decorre da própria existência
do contrato de trabalho, remunerando e acrescendo os ganhos do atleta em contrapartida pela
autorização dada para o uso da sua imagem.

Não se trata de verba de caráter indenizatório

Não se pode dizer que o direito de arena possui caráter indenizatório. Isso porque não há dano ou
lesão passível de reparação econômica.

A rigor, o atleta profissional é pago, antecipadamente, mediante repasse do valor do direito de


arena, em retribuição a uma prestação consistente na cessão dos seus elementos audiovisuais, inde-
finidamente vinculados a determinado espetáculo esportivo, cuja exibição pode, ou não, protrair-se
no tempo.

O esportista profissional, portanto, é remunerado, previamente, para abdicar da exclusividade do


exercício de um direito disponível, nos termos pactuados.

→ EXECUÇÃO FISCAL

A Lei nº 6.830/80 estabelece um rito específico para a cobrança de créditos da Fazenda Pública. Os
entes políticos e as respectivas autarquias possuem a prerrogativa de constituir unilateralmente o
título executivo que irá lastrear a execução. Essa é a disposição da LEF:

Art. 1º - A execução judicial para cobrança da Dívida Ativa da União, dos Estados, do Distrito Feder-
al, dos Municípios e respectivas autarquias será regida por esta Lei e, subsidiariamente, pelo Código
de Processo Civil.

Execução fiscal é uma modalidade de execução por quantia certa, com base em título extrajudicial,
constituído pela certidão de dívida ativa regularmente inscrita (para possibilitar a execução fiscal,
é indispensável que a dívida ativa esteja regularmente inscrita), de caráter expropriatório, que se
realiza no interesse da Fazenda Pública.

A dívida ativa poderá compreender qualquer valor. As obrigações contratuais, inclusive, desde que
submetidas ao controle de inscrição, podem ser exigidas por via de execução fiscal.

Diferentemente da maioria dos demais títulos extrajudiciais, é constituído independentemente da


manifestação da vontade do devedor (como acontece na relação contratual, por exemplo). Desde
que observados os requisitos legais na sua formação, dentre os quais se insere o direito à ampla
defesa no correspondente procedimento fiscal, a certidão de dívida ativa goza de presunção5 de

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certeza e liquidez, sendo apta para lastrear a execução fiscal.

A regra geral de competência é o domicílio do executado, no de sua residência ou onde for encon-
trado.

Na execução fiscal, o devedor é citado para, em cinco dias (lembre que na execução comum esse
prazo é de 3 dias), pagar ou oferecer bens à penhora. Caso pague, o juiz dará vista à Fazenda e,
com a concordância desta, a execução será extinta.

Garantido o juízo, é viabilizada a oposição de embargos à execução fiscal. De acordo com a siste-
mática da LEF, a garantia ao juízo é pressuposto de admissibilidade dos embargos à execução fiscal.
No mais, o prazo para apresentação dos embargos é contado a partir da data em que o devedor é
intimado do termo de formalização de garantia (depósito, fiança bancária, penhora).

Não embargada a execução ou rejeitados os embargos, passa-se à expropriação dos bens, na


forma preconizada para a execução comum. Do mesmo modo, não havendo concessão de efei-
to suspensivo aos embargos ou sendo estes julgados improcedentes, a execução prossegue com
venda dos bens penhorados em leilão público.

#APOSTACICLOS

O prazo de 1 (um) ano de suspensão do processo e do respectivo prazo prescricional previsto no


art. 40, §§ 1º e 2º da Lei nº 6.830/80 (LEF) tem início automaticamente na data da ciência da Fazen-
da Pública a respeito da não localização do devedor ou da inexistência de bens penhoráveis no
endereço fornecido, havendo, sem prejuízo dessa contagem automática, o dever de o magistrado
declarar ter ocorrido a suspensão da execução. STJ. 1ª Seção. REsp 1.340.553-RS, Rel. Min. Mauro
Campbell Marques, julgado em 12/09/2018 (recurso repetitivo) (Info 635).

→ Exceção de pré-executividade

O objetivo é demonstrar a inexequibilidade da CDA e ocasionar a extinção da execução fiscal. Não


precisa de garantia.

Súmula 393 STJ: A exceção de pré-executividade é admissível na execução fiscal relativa-


mente às matérias conhecíveis de ofício que não demandem dilação probatória.

Não pode discutir responsabilidade de sócios. Algumas hipóteses de cabimento: modificação do


crédito tributário (suspensão da exigibilidade, exclusão ou extinção), imunidades e prescrição.

#SOPÃODEJURIS #PRAFINALIZAR

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O erro culposo na classificação aduaneira de mercadorias importadas e devidamente declaradas


ao fisco não se equipara à declaração falsa de conteúdo e, portanto, não legitima a imposição da
pena de perdimento. STJ. 1ª Turma. REsp 1316269-SP, Rel. Min. Gurgel de Faria, julgado em 6/4/2017
(Info 604).

A ausência de prévio processo administrativo não enseja a nulidade da Certidão de Dívida


Ativa (CDA) nos casos de tributos sujeitos a lançamento de ofício. STJ. 2ª Turma. AgRg no AREsp
370.295-SC, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 1º/10/2013 (Info 531).

A cassação de registro especial para a fabricação e comercialização de cigarros, em virtude de


descumprimento de obrigações tributárias por parte da empresa, não constitui sanção política. STF.
Plenário. RE 550769/RJ, rel. Min. Joaquim Barbosa, julgado em 22/5/2013 (Info 707).

A correção monetária dos depósitos judiciais deve incluir os expurgos inflacionários. STJ. Corte Espe-
cial. REsp 1131360-RJ, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, Rel. para acórdão Min. Maria Thereza de
Assis Moura, julgado em 3/5/2017 (recurso repetitivo) (Info 607).

A irrisoriedade do valor em relação ao total da dívida executada não impede sua penhora
via BacenJud. STJ. 2ª Turma. REsp 1646531/RJ, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 06/04/2017.

É permitido o redirecionamento da execução fiscal contra o sócio-gerente que, no momento


da dissolução, exercia a gerência, mas que não era o gerente no momento do fato gera-
dor do tributo? 1ª corrente: NÃO. Posição da 1ª Turma do STJ. AgRg no AREsp 729285/SC, Rel.
Min. Sérgio Kukina, julgado em 06/08/2015. 2ª corrente: SIM. Posição da 2ª Turma do STJ. REsp
1520257-SP, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 16/6/2015 (Info 564).

No caso em que a garantia à execução fiscal tenha sido totalmente dispensada de forma expressa
pelo juízo competente — inexistindo, ainda que parcialmente, a prestação de qualquer garantia
(penhora, fiança, depósito, seguro-garantia) —, o prazo para oferecer embargos à execução
deverá ter início na data da intimação da decisão que dispensou a apresentação de garantia,
não havendo a necessidade, na intimação dessa dispensa, de se informar expressamente o
prazo para embargar. STJ. 2ª Turma. REsp 1440639-PE, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado
em 2/6/2015 (Info 563).

Na ação de execução fiscal, frustradas as diligências para localização de outros bens em nome do
devedor e obedecida a ordem legal de nomeação de bens à penhora, não cabe ao magistrado recu-
sar a constrição de bens nomeados pelo credor fundamentando a decisão apenas na assertiva de
que a potencial iliquidez deles poderia conduzir à inutilidade da penhora. Isso porque, nos termos
do art. 612 do CPC 1973 (art. 797 do CPC 2015), a execução é realizada no interesse do credor que

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adquire, pela penhora, o direito de preferência sobre os bens indicados. Ademais, conforme precei-
tua o art. 591 do CPC 1973 (art. 789 do CPC 2015), todo o patrimônio presente e futuro do devedor
pode ser utilizado para pagamento de débitos. Ex: a União ajuizou execução fiscal contra João
cobrando uma dívida de R$ 20 mil. Foi tentada a penhora “on line” (via sistema “Bacen Jud”), não
tendo sido localizadas contas bancárias em nome do devedor. Buscou-se também a localização de
outros bens penhoráveis, mas sem sucesso. Diante disso, a União requereu a penhora de um veículo
do executado, qual seja, um Volkswagen SANTANA CD (fabricado em 1985). O juiz indeferiu a cons-
trição do veículo, sob o argumento de que o bem era muito antigo, o que ensejaria a inutilidade
da penhora. Em uma situação parecida com esta, o STJ deu provimento ao recurso e determinou
que a penhora fosse realizada. STJ. 1ª Turma. REsp 1523794-RS, Rel. Min. Sérgio Kukina, julgado em
19/5/2015 (Info 563).

Em sede de execução fiscal, a Fazenda Pública não tem direito de substituir a fiança bancária pres-
tada pela sociedade empresária executada e anteriormente aceita pelo ente público por penhora
de depósito de quantia destinada à distribuição de dividendos aos acionistas da devedora, a não
ser que a fiança bancária se mostre inidônea. STJ. 1ª Seção. EREsp 1163553-RJ, Rel. originário e voto
vencedor Min. Arnaldo Esteves Lima, Rel. para o acórdão Min. Mauro Campbell Marques, julgado
em 22/4/2015 (Info 569).

O art. 185-A do CTN prevê a possibilidade de ser decretada a indisponibilidade dos bens e direi-
tos do devedor tributário na execução fiscal. Vale ressaltar, no entanto, que a indisponibilidade de
que trata o art. 185-A do CTN só pode ser decretada se forem preenchidos três requisitos: 1) deve
ter havido prévia citação do devedor; 2) o executado deve não ter pago a dívida nem apresenta-
do bens à penhora no prazo legal; 3) não terem sido localizados bens penhoráveis do executado
mesmo após a Fazenda Pública esgotar as diligências nesse sentido. Obs.: para que a Fazenda
Pública prove que esgotou todas as diligências na tentativa de achar bens do devedor, basta que
ela tenha adotado duas providências: a) pedido de acionamento do Bacen Jud (penhora “on line”)
e consequente determinação pelo magistrado; b) expedição de ofícios aos registros públicos do
domicílio do executado e ao Departamento Nacional ou Estadual de Trânsito — DENATRAN ou
DETRAN. STJ. 1ª Seção. REsp 1377507-SP, Rel. Min. Og Fernandes, julgado em 26/11/2014 (recurso
repetitivo) (Info 552).

Súmula 560-STJ: A decretação da indisponibilidade de bens e direitos, na forma do art. 185-A do


CTN, pressupõe o exaurimento das diligências na busca por bens penhoráveis, o qual fica caracte-
rizado quando infrutíferos o pedido de constrição sobre ativos financeiros e a expedição de ofícios
aos registros públicos do domicílio do executado, ao Denatran ou Detran.

Quando a sociedade empresária for dissolvida irregularmente, é possível o redirecionamento da

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execução fiscal para o sócio-gerente da pessoa jurídica executada mesmo que se trate de
dívida ativa NÃO-TRIBUTÁRIA. Assim, por exemplo, a Súmula 435 do STJ pode ser aplicada tanto
para execução fiscal de dívida ativa tributária como também na cobrança de dívida ativa NÃO-TRI-
BUTÁRIA. STJ. 1ª Seção. REsp 1371128-RS, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 10/9/2014
(recurso repetitivo) (Info 547).

Nos casos de dissolução irregular da sociedade empresária, o redirecionamento da Execu-


ção Fiscal para o sócio-gerente não constitui causa de exclusão da responsabilidade tribu-
tária da pessoa jurídica. Apesar de o art. 135 do CTN falar em “responsabilidade pessoal”, o STJ
consolidou o entendimento de que essa responsabilidade do sócio-gerente, por atos de infração
à lei, é solidária (não excluindo a responsabilidade da empresa). Logo, responderão pelo débito o
sócio-gerente e a pessoa jurídica, figurando ambos na execução fiscal, em litisconsórcio passivo. STJ.
2ª Turma. REsp 1455490-PR, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 26/8/2014 (Info 550).

A garantia do juízo no âmbito da execução fiscal deve abranger honorários advocatícios mesmo
que eles não constem na CDA? SIM. Há situações em que o valor dos honorários advocatícios já
consta na própria CDA. Isso ocorre quando a lei que rege o crédito cobrado permite essa inclusão.
Nesses casos, não há qualquer dúvida de que a garantia oferecida deverá abranger também o
montante dos honorários. Existem, contudo, outras hipóteses em que na CDA não vêm previstos os
honorários e estes são arbitrados pelo juiz ao despachar a petição inicial na execução. Aqui havia
dúvida se a garantia deveria também englobá-los. O STJ entendeu que sim. Isso porque, como a
LEF não trata do assunto, deve-se aplicar subsidiariamente o CPC e este determina que a penhora
de bens seja feita de modo a incluir o principal, os juros, as custas e os honorários advocatícios. Em
resumo, a garantia do juízo no âmbito da execução fiscal deve abranger honorários advocatícios,
sejam eles previstos na CDA ou arbitrados judicialmente. STJ. 2ª Turma. REsp 1409688-SP, Rel. Min.
Herman Benjamin, julgado em 11/2/2014 (Info 539).

Se o devedor aderiu a parcelamento administrativo dos débitos tributários, os seus bens


penhorados na execução fiscal deverão ser liberados? • Se a penhora ocorreu ANTES do
parcelamento: NÃO. • Se a penhora ocorreu DEPOIS do parcelamento: SIM. STJ. 2ª Turma.
REsp 1421580-SP, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 4/2/2014 (Info 537).

A constatação posterior ao ajuizamento da execução fiscal de que a pessoa jurídica executa-


da tivera sua falência decretada antes da propositura da ação executiva não implica a extin-
ção do processo sem resolução de mérito. Deve ser dada a oportunidade de o exequente
retificar a CDA, fazendo constar a informação de que a parte devedora se encontra em esta-
do falimentar, e emendar a Inicial. STJ. 1ª Seção. REsp 1372243-SE, Rel. originário Min. Napoleão
Nunes Maia Filho, Rel. para acórdão Min. Og Fernandes, julgado em 11/12/2013 (recurso repetitivo)

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(Info 538).

Os valores depositados em contas em nome das filiais estão sujeitos à penhora por dívidas tribu-
tárias da matriz. STJ. 1ª Seção. REsp 1.355.812-RS, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em
22/5/2013 (recurso repetitivo) (Info 524).

#chuvadesúmula #nãosaboteassúmulas

Súmula 66 STJ: compete a Justiça Federal processar e julgar execução fiscal promovida por conse-
lho de fiscalização profissional.

Súmula 515 STJ: A reunião de execuções fiscais contra o mesmo devedor constitui faculdade do
Juiz.

Súmula 414 STJ: A citação por edital na execução fiscal é cabível quando frustradas as demais
modalidades.

Súmula 435 STJ: Presume-se dissolvida irregularmente a empresa que deixar de funcionar no seu
domicílio fiscal, sem comunicação aos órgãos competentes, legitimando o redirecionamento da
execução fiscal para o sócio-gerente.

#ATENÇÃO: o STJ entende que essa súmula aplica-se tanto para dívidas tributárias como
não-tributárias. Assim, quando a sociedade empresária for dissolvida irregularmente, é possível o
redirecionamento de execução fiscal de dívida ativa não-tributária contra o sócio-gerente da pessoa
jurídica executada, independentemente da existência de dolo (REsp 1.371.128-RS, Rel. Min. Mauro
Campbell Marques, julgado em 10/9/2014).

Súmula 314 STJ: Em execução fiscal, não localizados bens penhoráveis, suspende-se o processo
por 1 ano, findo o qual se inicia o prazo da prescrição quinquenal intercorrente.

Súmula 409 STJ: em execução fiscal, a prescrição ocorrida antes da propositura da ação pode ser
decretada de ofício. #ATENÇÃO: Art. 487. Haverá resolução de mérito quando o juiz: II — decidir,
de ofício ou a requerimento, sobre a ocorrência de decadência ou prescrição;

Súmula 153 STJ: A desistência da execução fiscal, após o oferecimento dos embargos, não exime o
exequente dos encargos da sucumbência.

Súmula 189 STJ: é desnecessária a intervenção do MP nas execuções fiscais.

Súmula 452 STJ (execução fiscal): A extinção das ações de pequeno valor é faculdade da Adminis-
tração Federal, vedada a atuação judicial de ofício.

Súmula 394 STJ: É admissível, em embargos à execução, compensar os valores de imposto de


renda retidos indevidamente na fonte com os valores restituídos apurados na declaração anual.

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Súmula 121 STJ: Na execução fiscal o devedor deverá ser intimado, pessoalmente, do dia e hora
da realização do leilão.

Súmula 393 STJ: A exceção de pré-executividade é admissível na execução fiscal relativamente às


matérias conhecíveis de ofício que não demandem dilação probatória.

Súmula 523-STJ: A taxa de juros de mora incidente na repetição de indébito de tributos estaduais
deve corresponder à utilizada para cobrança do tributo pago em atraso, sendo legítima a incidência
da taxa Selic, em ambas as hipóteses, quando prevista na legislação local, vedada sua cumulação
com quaisquer outros índices.

Súmula 188-STJ: Os juros moratórios, na repetição do indébito tributário, são devidos a partir do
trânsito em julgado da sentença.

Súmula 162-STJ: Na repetição de indébito tributário, a correção monetária incide a partir do paga-
mento indevido.

#APOSTACICLOS

O prazo de 1 (um) ano de suspensão do processo e do respectivo prazo prescricional previsto no


art. 40, §§ 1º e 2º da Lei nº 6.830/80 (LEF) tem início automaticamente na data da ciência da Fazen-
da Pública a respeito da não localização do devedor ou da inexistência de bens penhoráveis no
endereço fornecido, havendo, sem prejuízo dessa contagem automática, o dever de o magistrado
declarar ter ocorrido a suspensão da execução. STJ. 1ª Seção. REsp 1.340.553-RS, Rel. Min. Mauro
Campbell Marques, julgado em 12/09/2018 (recurso repetitivo) (Info 635).

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DIREITO AMBIENTAL 6

PRINCÍPIOS

• Princípio do desenvolvimento sustentável: Desenvolvido inicialmente na Conferência de Estocolmo


de 1972; noção da necessidade da coexistência harmônica do desenvolvimento econômico com
os limites ambientais, para que estes não se esgotem e fiquem preservados para as futuras
gerações.

• Princípio da reparação integral: Também conhecido como “princípio da responsabilidade”, ou


“princípio do poluidor-pagador” (polluter pay principle); busca imputar ao poluidor o custo social
da poluição por ele gerada, engendrando um mecanismo de responsabilidade por dano ecológico.
Não pode ser confundido com uma permissão à degradação, mas evitar a degradação ambiental. Está
consagrado no art. 4º, inc. VII, da Lei 6.938/81, recepcionada pelo novo ordenamento constitucional:
VII – à imposição, ao poluidor e ao predador, da obrigação de recuperar e/ou indenizar os danos
causados e, ao usuário, da contribuição pela utilização de recursos ambientais com fins econômicos.

PRINCÍPIO DA PREVENÇÃO PRINCÍPIO DA PRECAUÇÃO

- NÃO é possível visualizar o perigo concreto; há


incerteza científica.
Foi proposto na conferência Rio 92 com a se-
- PERIGO CONCRETO de dano; os riscos ou
guinte definição: “O Princípio da precaução é a
impactos já conhecidos pela ciência.
garantia contra os riscos potenciais que, de acor-
do com o estado atual do conhecimento, não
podem ser ainda identificados.”

#DEOLHONAJURIS

STJ: O princípio da precaução pressupõe a inversão do ônus probatório, competindo a


quem supostamente promoveu o dano ambiental comprovar que não o causou ou que a
substância lançada ao meio ambiente não lhe é potencialmente lesiva. (Jurisprudência em
teses) #VAICAIR

Princípio da precaução, campo eletromagnético e legitimidade dos limites fixados


pela Lei 11.934/2009 - No atual estágio do conhecimento científico, que indica ser incer-
ta a existência de efeitos nocivos da exposição ocupacional e da população em geral a
campos elétricos, magnéticos e eletromagnéticos gerados por sistemas de energia elétrica,

6 Por Eloise Barreto (@eloisebarreto)

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não existem impedimentos, por ora, a que sejam adotados os parâmetros propostos pela
Organização Mundial de Saúde (OMS), conforme estabelece a Lei nº 11.934/2009. STF.
Plenário. RE 627189/SP, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 8/6/2016 (repercussão geral) (Info
829).

• Princípio da cooperação: tanto diz respeito à cooperação internacional entre as nações,


como internamente, à cooperação entre os entes federativos e, ainda, a sociedade civil
organizada, conforme contemplado genericamente no art. 225 da Constituição Fede-
ral, quando ali se prescreve que se impõe ao Poder Público e à coletividade o dever de
defender o meio ambiente e preser vá-lo.

• Princípio da Proibição do Retrocesso: Significa dizer que, o direito já obtido passa a


constituir uma garantia institucional e um direito subjetivo.

• Princípio da informação: cada indivíduo terá acesso adequado às informações relati-


vas ao meio ambiente de que disponham as autoridades públicas, inclusive informações
acerca de materiais e atividades perigosas em suas comunidades, bem como a opor-
tunidade de participar dos processos decisórios. Os Estados irão facilitar e estimular a
conscientização e a participação popular, colocando as informações à disposição de
todos. (DECLARAÇÃO DO RIO... 1992, p. 2)

• Princípio da participação comunitária: a resolução dos problemas ambientais deve-se


dar por intermédio da cooperação entre o Estado e a sociedade, através da participação
dos diferentes grupos sociais na formulação e na execução da política ambiental.

• Princípio da função socioambiental da propriedade: estabelece o condicionamento


do uso da propriedade à preser vação do meio ambiente e ao bem-estar social, confor-
me também foi reconhecido pelo legislador ordinário, limitando o direito fundamental
da propriedade, tanto rural como urbana, à sua finalidade social.

• Princípio da ubiquidade: a proteção ambiental deve ser levada em conta em toda vez
que uma política, atuação, legislação sobre qualquer tema, atividade, obra, etc. tiver
que ser criada e desenvolvida.

• Princípio da solidariedade intergeracional: por meio do qual se busca assegurar a


solidariedade da presente geração em relação às futuras, para que também estas
possam usufruir de forma sustentável dos recursos naturais.

• Princípio da subsidiariedade: o ente político centralizador, no caso a União, somente


deve agir quando o regional, no caso estadual, ou local – municipal, não for capaz de

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realizar determinada ação.

• Princípio usuário pagador: Busca-se evitar que o “custo zero” dos ser viços e recursos
naturais acabe por conduzir o sistema de marcado a uma exploração desenfreada do
meio ambiente.

• Princípio da Responsabilidade comum, mas diferenciada: “(...) tem feição ambiental


internacional, decorrendo do Princípio da Isonomia, pontificando que todas as nações
são responsáveis pelo controle da poluição e a busca da sustentabilidade, mas os países
mais poluidores deverão adotar as medidas mais drásticas, pois são os principais
responsáveis pela degradação ambiental na Biosfera.

#SÚMULASNOVAS #APOSTACICLOS

- Súmula 618-STJ: A inversão do ônus da prova aplica-se às ações de degradação ambien-


tal. STJ. Corte Especial. Aprovada em 24/10/2018, DJe 30/10/2018.

- Súmula 613-STJ: Não se admite a aplicação da teoria do fato consumado em tema de


Direito Ambiental. STJ. 1ª Seção. Aprovada em 09/05/2018, DJe 14/05/2018 (Info 624).

ALGUNS INSTRUMENTOS DE PROTEÇÃO INTERNACIONAL

#NÃOCUSTAGARANTIR

Conferência de Estocolmo de 1972 – primeiro instrumento de Direito Internacional


o
Ambiental que aborda as principais questões que prejudicavam o planeta e a recomendação
de critérios para minimizá-los. Ser viu para inserir no plano internacional a dimensão ambiental
como condicionadora e limitadora do modelo tradicional econômico e dos recursos naturais do
planeta.

Conferência de Joanesburgo, na África do Sul, de 2002 - procurou a adoção de


o
medidas concretas e identificações de metas quantificáveis para colocar em ação de forma
concreta a Agenda 21 (produzida na Rio92). Dentre outros temas, foram avaliados os avanços
obtidos e ampliadas as finalidades para as chamadas “metas do milênio” que visavam, além de
garantia da sustentabilidade ambiental, a erradicação da fome e a miséria, o alcance de educa-
ção primária com iguais oportunidades para homens e mulheres.

COMPETÊNCIA EM MATÉRIA AMBIENTAL

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COMPETÊNCIAS NA CF

- atribuída a um ente com a exclusão dos demais; É INDELEGÁVEL (art. 25, §§ 1º e


2º da CF);
Competência EXCLUSIVA da União
• elaborar e executar planos nacionais e regionais de ordenação do território e
de desenvolvimento econômico e social;
• planejar e promover a defesa permanente contra as calamidades públicas,
especialmente as secas e inundações;
EXCLUSIVA: • instituir um sistema nacional de gerenciamento de recursos híbridos e definir
critérios de outorga de direitos de seu uso;
• instituir diretrizes para o desenvolvimento urbano, inclusive habitação, sanea-
mento básico e transportes urbanos;
• e explorar os serviços e instalações nucleares de qualquer natureza e exercer
o monopólio estatal sobre a pesquisa, a lavra, o enriquecimento e reprocessa-
mento, a industrialização e o comércio de minérios nucleares e seus derivados,
atendidos princípios e condições estabelecidos pela própria Constituição.

É atribuída a um ente; é DELEGÁVEL e pode haver SUPLEMENTAÇÃO de com-


petência (art. 22, parágrafo único, CF);
Competência Legislativa (PRIVATIVA) da União:
PRIVATIVA:
• águas e energia;
• jazidas, minas e outros recursos minerais; e
• atividades nucleares de qualquer natureza.

União, Estados e DF podem dispor sobre a mesma matéria; União legisla sobre
normas gerais (art. 24 CF); ATENÇÃO – Os Municípios não aparecem aqui.
Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente
sobre:
CONCOR-
• VI - florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, defesa do solo e
RENTE:
dos recursos naturais, proteção do meio ambiente e controle da poluição;
• VII - proteção ao patrimônio histórico, cultural, artístico, turístico e paisagístico;
• VIII - responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e
direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico;

24, §2º A competência da União para legislar sobre normas gerais não exclui a
SUPLEMEN- competência suplementar dos Estados.
TAR: Art. 30. Compete aos Municípios: (...) II – suplementar a legislação federal e a es-
tadual no que couber.

Competência administrativa comum – O artigo 23 da Constituição estabelece como sendo dever


da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, de forma cooperativa:
• proteger os documentos, as obras e outros bens de valor histórico, artístico e cultural, os monumentos,

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as paisagens naturais notáveis e os sítios arqueológicos;

• impedir a evasão, a destruição e a descaracterização de obras de arte e de outros bens de valor histó-
rico, artístico e cultural;

• proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer de suas formas; preservar as florestas,
a fauna e a flora;

• e, por fim, registrar, acompanhar e fiscalizar as concessões de direitos de pesquisa e exploração de


recursos híbridos e minerais em seus territórios.

As normas de cooperação entre os entes federativos deverão ser fixadas por Lei Comple-
mentar (está tudo lá na LC 140/11).

→ Competência dos Estados

Além da competência concorrente disciplinada no art. 24 da CF e da competência executiva comum


disciplinada no art. 23, CF, os Estados também possuem:

Competência executiva exclusiva – A Constituição não enumera as competências executivas


exclusivas dos Estados, somente as dos Municípios e da União. A competência que lhe sobra é a rema-
nescente, ou seja, aquelas que não foram designadas para outro ente público.

A Constituição ainda dispõe aos Estados o poder de explorar diretamente, através de concessão,
os serviços de gás canalizado e instituir regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e micror-
regiões, constituídas por agrupamento de Municípios limítrofes, para integrar a organização, o
planejamento e a execução de funções públicas de interesse comum.

Competência legislativa – Também se trata de competência remanescente. Cabe ao Estado legis-


lar tudo aquilo que a Constituição não atribuiu aos Municípios ou à União.

→ COMPETÊNCIA DOS Municípios

Competência executiva exclusiva – Além da Competência comum, descrita no artigo 23, os


Municípios são dotados de competência exclusiva em matéria ambiental, cabendo-lhes, conforme o art.
30 da CF: 

• Promover o adequado ordenamento territorial, o que deve ser feito mediante planejamento e controle
do uso, do parcelamento e da ocupação do solo urbano, feita em conjunto com a da União de execu-
tar planos elaborados para a ordenação do território regional.

• Proteger o patrimônio histórico-cultural local com observância da legislação e da ação fiscalizadora da


União e dos Estados.

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• Competência legislativa – O artigo 30, inciso I da Constituição estabelece que é competência muni-
cipal legislar sobre:

Assuntos de interesse local – Deve-se buscar por uma predominância de interesse. Essa predo-
minância é o que propõe Paulo Machado, ao lecionar que “caberá aos Municípios legislar sobre todas
aquelas matérias em que seu interesse prevalece sobre os interesses da União e dos Estados”.

#DEOLHONAJURIS

É inconstitucional lei estadual que prevê a supressão de vegetal em APP para a realização
de atividades exclusivamente de lazer – É inconstitucional lei estadual prevendo que é possível
a supressão de vegetal em Área de Preservação Permanente (APP) para a realização de “pequenas
construções com área máxima de 190 metros quadrados, utilizadas exclusivamente para lazer”. Essa
lei possui vícios de inconstitucionalidade formal e material. Há inconstitucionalidade formal porque
o Código Florestal (lei federal que prevê as normas gerais sobre o tema, nos termos do art. 24, § 1º,
da CF/88) não permite a instalação em APP de qualquer tipo de edificação com finalidade mera-
mente recreativa. Existe também inconstitucionalidade material porque houve um excesso e abuso
da lei estadual ao relativizar a proteção constitucional ao meio ambiente ecologicamente equilibra-
do, cujo titular é a coletividade, em face do direito de lazer individual. STF. Plenário. ADI 4988/TO,
Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 19/9/2018 (Info 916).

É inconstitucional lei estadual que remete o regramento do cultivo comercial e das ativi-
dades com organismos geneticamente modificados à regência da legislação federal – A
competência para legislar sobre as atividades que envolvam organismos geneticamente modifica-
dos (OGM) é concorrente (art. 24, V, VIII e XII, da CF/88). No âmbito das competências concorrentes,
cabe à União estabelecer normas gerais e aos Estados-membros editar leis para suplementar essas
normas gerais (art. 24, §§ 1º e 2º). Determinado Estado-membro editou lei estabelecendo que toda
e qualquer atividade relacionada com os OGMs naquele Estado deveria observar “estritamente à
legislação federal específica”. O STF entendeu que essa lei estadual é inconstitucional porque signi-
ficou uma verdadeira “renúncia” ao exercício da competência legislativa concorrente prevista no art.
24, V, VIII e XII, da CF/88. Em outras palavras, o Estado abriu mão de sua competência suplementar
prevista no art. 24, § 2º da CF/88. Essa norma estadual remissiva fragiliza a estrutura federativa
descentralizada, e consagra o monopólio da União, sem atentar para nuances locais. STF. Plenário.
ADI 2303/RS, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 5/9/2018 (Info 914).

Compete aos Municípios legislar sobre meio ambiente em assuntos de interesse local - O
Município tem competência para legislar sobre meio ambiente e controle da poluição, quando se
tratar de interesse local. Ex: é constitucional lei municipal, regulamentada por decreto, que preveja

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a aplicação de multas para os proprietários de veículos automotores que emitem fumaça acima de
padrões considerados aceitáveis. STF. Plenário. RE 194704/MG, rel. orig. Min. Carlos Velloso, red. p/
o ac. Min. Edson Fachin, julgado em 29/6/2017 (Info 870)

Inconstitucionalidade de lei que proíbe a queima da cana - O Município é competente para


legislar sobre o meio ambiente, juntamente com a União e o Estado-membro/DF, no limite do seu
interesse local e desde que esse regramento seja harmônico com a disciplina estabelecida
pelos demais entes federados (art. 24, VI, c/c o art. 30, I e II, da CF/88). O STF julgou incons-
titucional lei municipal que proíbe, sob qualquer forma, o emprego de fogo para fins de limpeza
e preparo do solo no referido município, inclusive para o preparo do plantio e para a colheita de
cana-de-açúcar e de outras culturas. STF. Plenário. RE 586224/SP, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em
5/3/2015 (repercussão geral) (Info 776).

Competência legislativa suplementar – A Constituição possibilita aos Municípios preencher


lacunas de normas estaduais ou federais ou adaptá-las ao contexto local. A suplementação
envolve tanto o próprio caráter supletivo, que é o de erradicar as lacunas, como o complementar,
que é o de detalhar as normas existentes. No exercício desta competência, os Municípios podem
criar normas sobre assuntos que não existem nas esferas superiores.

#DEOLHONAJURIS

#IMPORTANTE Os Municípios podem legislar sobre Direito Ambiental, desde que o façam funda-
mentadamente. STF. 2ª Turma. ARE 748206 AgR/SC, Rel Min. Celso de Mello, julgado em 14/3/2017
(Info 857).

O Município tem competência para legislar sobre meio ambiente e controle da poluição, quando se
tratar de interesse local. Ex: é constitucional lei municipal, regulamentada por decreto, que preveja
a aplicação de multas para os proprietários de veículos automotores que emitem fumaça acima de
padrões considerados aceitáveis. STF. Plenário. RE 194704/MG, rel. orig. Min. Carlos Velloso, red. p/
o ac. Min. Edson Fachin, julgado em 29/6/2017 (Info 870).

Ação direta de inconstitucionalidade estadual. Lei municipal que altera regime de ocupação do solo
de zona de proteção ambiental. Lei municipal é a via própria para alteração do regime de ocupação
do solo. [RE 519.778 AgR, rel. min. Roberto Barroso, j. 24-6-2014, 1ª T, DJE de 1º-8-2014.]

É proibida a utilização de qualquer forma de amianto. As leis estaduais que proíbem o uso do
amianto são constitucionais. O art. 2º da Lei federal nº 9.055/95, que autorizava a utilização da
crisotila (espécie de amianto), é inconstitucional. Houve a inconstitucionalidade superveniente (sob
a óptica material) da Lei nº 9.055/95, por ofensa ao direito à saúde (art. 6º e 196, CF/88); ao dever

203 CICLOS RETA FINAL TJ/PR | @CICLOSR3


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estatal de redução dos riscos inerentes ao trabalho por meio de normas de saúde, higiene e segu-
rança (art. 7º, inciso XXII, CF/88); e à proteção do meio ambiente (art. 225, CF/88). STF. Plenário. ADI
3937/SP, rel. orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Dias Toffoli, julgado em 24/8/2017 (Info 874)

#SAINDODOFORNO #APOSTACICLOS

Viola a Constituição Federal lei municipal que proíbe o trânsito de veículos, sejam eles motorizados
ou não, transportando cargas vivas nas áreas urbanas e de expansão urbana do Município. Essa lei
municipal invade a competência da União. O Município, ao inviabilizar o transporte de gado vivo
na área urbana e de expansão urbana de seu território, transgrediu a competência da União, que já
estabeleceu, à exaustão, diretrizes para a política agropecuária, o que inclui o transporte de animais
vivos e sua fiscalização. Além disso, sob a justificativa de criar mecanismo legislativo de proteção
aos animais, o legislador municipal impôs restrição desproporcional. Esta desproporcionalidade fica
evidente quando se verifica que a legislação federal já prevê uma série de instrumentos para garan-
tir, de um lado, a qualidade dos produtos destinados ao consumo pela população e, de outro, a
existência digna e a ausência de sofrimento dos animais, tanto no transporte quanto no seu abate.
STF. Plenário. ADPF 514 e ADPF 516 MC-REF/SP, Rel. Min. Edson Fachin, julgados em 11/10/2018
(Info 919).

É inconstitucional lei estadual que prevê a supressão de vegetal em APP para a realização de ativi-
dades exclusivamente de lazer. STF. Plenário. ADI 4988/TO, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em
19/9/2018 (Info 916).

TUTELA CONSTITUCIONAL DO MEIO AMBIENTE

Art. 25, §3º Os Estados poderão, mediante lei complementar, instituir regiões metropolitanas, aglom-
erações urbanas e microrregiões, constituídas por agrupamentos de municípios limítrofes, para integrar a
organização, o planejamento e a execução de funções públicas de interesse comum.

Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa,
tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os
seguintes princípios:

(...) VI - defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento diferenciado conforme o impacto
ambiental dos produtos e serviços e de seus processos de elaboração e prestação;

Art. 182. A política de desenvolvimento urbano, executada pelo Poder Público municipal, conforme
diretrizes gerais fixadas em lei, tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da
cidade e garantir o bem- estar de seus habitantes.

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§ 1º O plano diretor, aprovado pela Câmara Municipal, obrigatório para cidades com mais de vinte
mil habitantes, é o instrumento básico da política de desenvolvimento e de expansão urbana.

§ 2º A propriedade urbana cumpre sua função social quando atende às exigências fundamentais de
ordenação da cidade expressas no plano diretor.

§ 3º As desapropriações de imóveis urbanos serão feitas com prévia e justa indenização em dinheiro.

§ 4º É facultado ao Poder Público municipal, mediante lei específica para área incluída no plano
diretor, exigir, nos termos da lei federal, do proprietário do solo urbano não edificado, subutilizado ou não
utilizado, que promova seu adequado aproveitamento, sob pena, sucessivamente, de:

I - parcelamento ou edificação compulsórios;

II - imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana progressivo no tempo;

III - desapropriação com pagamento mediante títulos da dívida pública de emissão previamente
aprovada pelo Senado Federal, com prazo de resgate de até dez anos, em parcelas anuais, iguais e suces-
sivas, assegurados o valor real da indenização e os juros legais.

Segundo o STF, o direito ao meio ambiente equilibrado é um direito fundamental de terceira ger-
ação, com titularidade transindividual.

O meio ambiente é previsto como “bem de uso comum do povo”. Atenção, pois o conceito não se
confunde com o de bem público de uso comum do povo presente no CC.

O caput do Art. 225 implica na solidariedade intergeracional e intrageracional: o meio ambiente


pertence a todos (intrageracional) e deve ser preservado para as presentes e futuras gerações (in-
tergeracional).

Espaços territoriais especialmente protegidos podem ser instituídos inclusive por atos administrati-
vos, mas sua supressão ou modificação só pode ocorrer através de lei em sentido formal.

Estudo prévio de impacto ambiental é obrigatório no caso de atividades consideradas efetiva ou


potencialmente causadoras de significativa degradação do meio ambiente. É inconstitucional norma
que dispensa sua realização quando presente a hipótese (ADI 1.086).

São vedadas práticas que submetam animais à crueldade. O STF já entendeu inconstitucional a real-
ização de rinhas de galo e farra do boi. A EC 96/2017 previu que não se enquadram como práticas
cruéis as que utilizem animais como forma de manifestação cultural, devendo ser regulamentadas
por leis específicas que garantam o bem-estar dos animais.

A localização de usinas nucleares deve ser prevista em lei federal.

205 CICLOS RETA FINAL TJ/PR | @CICLOSR3


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São patrimônios nacionais a Floresta Amazônica, Mata Atlântica, Serra do Mar, Pantanal e Zona
Costeira (#ISSOSEMPRECAI). A CF/88 enfatizou a importância de tais biomas, não transformou tais
áreas em bens públicos (RE 134.297) e sua menção não significa atração da competência da Justiça
Federal ou interesse automático da União nas demandas (RE 300.244 e CC 99.294).

#APOSTACICLOS #SUMULASNOVAS

Súmula 629-STJ: Quanto ao dano ambiental, é admitida a condenação do réu à obrigação de fazer
ou à de não fazer cumulada com a de indenizar. STJ. 1ª Seção. Aprovada em 12/12/2018, DJe 17/12/2018.

Súmula 623-STJ: As obrigações ambientais possuem natureza propter rem, sendo admissível cobrá-
-las do proprietário ou possuidor atual e/ou dos anteriores, à escolha do credor. Importante. Aprovada
em 12/12/2018.

ESPÉCIES DE MEIO AMBIENTE

Conceito clássico, que engloba ar, água, solo, etc. Previsto na PNMA como “o
Meio Ambi-
conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e
ente Natural
biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas”. O conceito
(Físico)
legal é amplo, mas não o suficiente para o presente na CF/88.

Meio Ambi- Integrado pelo patrimônio histórico, artístico, arqueológico, paisagístico e turísti-
ente Cultural co.

Meio Ambi-
Integrado pelas edificações e equipamentos públicos.
ente Artificial

Integra a proteção do homem em seu local de trabalho, com observância das


Meio Ambi- normas de segurança. Abrange saúde, prevenção de acidentes, dignidade, etc.
ente do Tra- OBS: Apesar de divergências sobre constituir ou não modalidade autônoma, O
balho STF já reconheceu a existência do meio ambiente do trabalho, ao lado no natural,
do cultural e do artificial (ADI 3540/MC)

#APOSTACICLOS #REAÇÃOLEGISLATIVA: Art. 225, §7º Para fins do disposto na parte final do
inciso VII do § 1º deste artigo, não se consideram cruéis as práticas desportivas que utilizem animais,
desde que sejam manifestações culturais, conforme o § 1º do art. 215 desta Constituição Federal, regis-
tradas como bem de natureza imaterial integrante do patrimônio cultural brasileiro, devendo ser regu-
lamentadas por lei específica que assegure o bem-estar dos animais envolvidos. (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 96, de 2017)

LEI COMPLEMENTAR 140/11 – COOPERAÇÃO ENTRE OS ENTES FEDERADOS EM


MATÉRIA AMBIENTAL

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A lei institui que a gestão:


» é descentralizada → para abranger a atuação da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Muni-
cípios.

» é democrática → para assegurar a participação da população, com vários instrumentos de inserção


social.

» gestão eficiente → traduz a ideia de ecoeficiência - é do que a procura, cada vez mais, por tecno-
logias limpas que causem um menor impacto ambiental.

OBJETIVO  a harmonização das políticas administrativas dos entes federados para promover a
proteção adequada e uniforme, do meio ambiente, preservada as características peculiares.
Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios,
no exercício da competência comum a que se refere esta Lei Complementar:
I - proteger, defender e conservar o meio ambiente ecologicamente equilibrado, promovendo gestão
descentralizada, democrática e eficiente;
II - garantir o equilíbrio do desenvolvimento socioeconômico com a proteção do meio ambiente, obser-
vando a dignidade da pessoa humana, a erradicação da pobreza e a redução das desigualdades sociais e
regionais;
III - harmonizar as políticas e ações administrativas para evitar a sobreposição de atuação entre os
entes federativos, de forma a evitar conflitos de atribuições e garantir uma atuação administrativa eficiente;
IV - garantir a uniformidade da política ambiental para todo o País, respeitadas as peculiaridades
regionais e locais.
São instrumentos de cooperação previstos na LC 140/2011:
Art. 4º Os entes federativos podem valer-se, entre outros, dos seguintes instrumentos de cooperação
institucional:
I - consórcios públicos, nos termos da legislação em vigor;
São criados pelas entidades políticas para atender a objetivos comuns.
II - convênios, acordos de cooperação técnica e outros instrumentos similares com órgãos e
entidades do Poder Público, respeitado o art. 241 da Constituição Federal;
CONVÊNIOS:
Art. 5º O ente federativo poderá delegar, mediante convênio, a execução de ações administra-
tivas a ele atribuídas nesta Lei Complementar, desde que o ente destinatário da delegação disponha
de órgão ambiental capacitado a executar as ações administrativas a serem delegadas e de conselho de
meio ambiente.
Parágrafo único. Considera-se órgão ambiental capacitado, para os efeitos do disposto no caput,
aquele que possui técnicos próprios ou em consórcio, devidamente habilitados e em número compatível

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com a demanda das ações administrativas a serem delegadas.


III - Comissão Tripartite Nacional, Comissões Tripartites Estaduais e Comissão Bipartite do Distrito
Federal;
IV - fundos públicos e privados e outros instrumentos econômicos;
V - delegação de atribuições de um ente federativo a outro, respeitados os requisitos previs-
tos nesta Lei Complementar;
VI - delegação da execução de ações administrativas de um ente federativo a outro, respei-
tados os requisitos previstos nesta Lei Complementar.

ETEP – VISÃO GERAL

UNIDADES DE CONSERVAÇÃO (UC) – LEI 9.985/00

ESPAÇOS TERRITORIAIS ES- ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE (APP) – CÓDIGO FLOR-


PECIALMENTE PROTEGIDOS ESTAL
(ETEP) RESERVA LEGAL (RL) – CÓDIGO FLORESTAL

OUTROS: QUILOMBOS, TERRAS INDÍGENAS.

SISTEMA NACIONAL DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO DA NATUREZA - SNUC

O SNUC é constituído pelo conjunto das unidades de conservação federais, estaduais e


municipais.
Dentre os objetivos do SNUC, pode-se destacar:
• contribuir para a manutenção da diversidade biológica e dos recursos genéticos no território nacional
e nas águas jurisdicionais;

• contribuir para a preservação e a restauração da diversidade de ecossistemas naturais;

• promover o desenvolvimento sustentável a partir dos recursos naturais;

• recuperar ou restaurar ecossistemas degradados;

• proteger os recursos naturais necessários à subsistência de populações tradicionais, respeitando e


valorizando seu conhecimento e sua cultura e promovendo-as social e economicamente.

ESTRUTURA DO SISNAMA

ÓRGÃO SUPERIOR Conselho de Governo

208 CICLOS RETA FINAL TJ/PR | @CICLOSR3


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ÓRGÃO CONSULTIVO
CONAMA – Conselho Nacional de Meio Ambiente
E DELIBERATIVO

ÓRGÃO CENTRAL MMA – Ministério do Meio Ambiente

ÓRGÃOS EXECUTORES IBAMA e ICMBio

ÓRGÃOS SECCIONAIS Órgãos e entidades ESTADUAIS

ÓRGÃOS LOCAIS Órgãos e entidades MUNICIPAIS

#ATENÇÃO: No texto da Lei 6.938/81 consta como órgão central a “Secretaria de Meio Ambiente”.
Contudo, em 1992, esta secretaria foi transformada em Ministério do Meio Ambiente. Consequen-
temente, o presidente do CONAMA que era o Secretário passou a ser o Ministro.

#ATENÇÃO! O Ibama, atuará em caráter supletivo! Podem integrar o SNUC, excepcionalmente e


a critério do Conama, unidades de conservação estaduais e municipais que, concebidas para aten-
der a peculiaridades regionais ou locais, possuam objetivos de manejo que não possam ser satisfa-
toriamente atendidos por nenhuma categoria prevista nesta Lei e cujas características permitam, em
relação a estas, uma clara distinção.

• CATEGORIAS DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO

#SURRADETABELA #COLANARETINA #SEMPRECAI


CATEGORIA OBJETIVO ESPÉCIES DE UC

I - Estação Ecológica;
Unidades de Preservar a natureza II - Reserva Biológica;
PROTEÇÃO INTE- + III - Parque Nacional;
GRAL Uso indireto IV - Monumento Natural;
V - Refúgio de Vida Silvestre.

I - Área de Proteção Ambiental;


II - Área de Relevante Interesse Ecológico;
Conservação
III - Floresta Nacional;
Unidades de +
IV - Reserva Extrativista;
USO SUSTENTÁVEL Uso sustentável
V - Reserva de Fauna;
VI – Reserva de Desenvolvimento Sustentável; e
VII - Reserva Particular do Patrimônio Natural.

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DOMÍNIO E POSSE

PRIVADO PÚBLICO OU PRIVADO PÚBLICO

Monumento Natural (MONA) Estação Ecológica (EE)

Refúgio da Vida Silvestre (RVS) Reserva Biológica (RB)

Reserva Área de Proteção Ambiental (APA) Parque Nacional (PARNA)


Particular do
Floresta Nacional (FLONA)
Patrimônio
Sustentável Reserva Extrativista (RESEX)
(RPPN) Área de Relevante Interesse
Ecológico (ARIE) Reserva de Fauna (REFAU)

Reserva de Desenvolvimento Sustentável


(RDS)

#NÃOCONFUNDIR:

Todas as “reservas”, com exceção da RPPN, são de domínio público.

Todas as “áreas” podem ser de domínio público ou privado.

UNIDADES DE PROTEÇÃO INTEGRAL: ADMITE-SE O USO INDIRETO DOS BENS AMBIENTAIS

É a UC que se destina a preservação da natureza e a realização de pesquisas


Estação ecológi-
científicas, sendo de propriedade pública; é proibida a visitação pública,
ca
exceto para fins educativos.

É a UC que tem como objetivo a preservação integral da biota e demais atrib-


Reserva biológi- utos naturais existentes, sem a interferência humana direta; é de propriedade
ca pública, proibida a visitação pública, exceto para fins educativos. Poderá
haver pesquisa científica se autorizada.

É a UC de propriedade pública que tem o fito de preservar ecossistemas natu-


Parque nacional rais de grande relevância ecológica e beleza cênica; pode haver pesquisas se
autorizadas e turismo ecológico.

É a UC que busca preservar sítios naturais raros, singulares ou de grande


Monumento
beleza cênica, admitida a visitação pública, podendo a área ser pública ou
natural
particular, se compatível.

210 CICLOS RETA FINAL TJ/PR | @CICLOSR3


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É a UC que tenta preservar ambientes naturais típicos de reprodução de


Refúgio da vida espécies ou comunidades da flora local e da fauna residente ou migratória,
silvestre podendo ser constituído por áreas públicas ou particulares, admitida a visi-
tação pública.

UNIDADES DE USO SUSTENTÁVEL: ADMITE-SE O USO DIRETO DA NATUREZA, DESDE QUE


DE FORMA SUSTENTÁVEL

Área de É a UC que pode ser formada por áreas públicas ou particulares, em geral ex-
proteção ambi- tensas, com certo grau de ocupação humana, com atributos bióticos, abióticos
ental ou mesmo culturais, visando promover a diversidade e assegurar a sustentabil-
(APA) idade do uso dos recursos.

É a UC que pode ser formada por áreas públicas ou particulares, em geral de


Área de rele-
pouca extensão, com pouca ou nenhuma ocupação humana, com característi-
vante interesse
cas naturais extraordinárias ou que abriga exemplares raros da biota regional,
ecológico
visando manter a manter ecossistemas naturais de importância regional ou
(ARIE)
local.

É a UC de propriedade pública, composta por uma área coberta de vegetação


Floresta nacio-
predominantemente nativa, com o objetivo de manter o uso sustentável dos
nal
recursos e desenvolver a pesquisa científica, sendo permitida a ocupação por
(FLONA)
populações tradicionais.

É a UC de propriedade pública utilizada pelas populações extrativistas tradi-


Reserva extrativ-
cionais como condição de sobrevivência, que têm o uso concedido pelo Poder
ista
Público, podendo haver agricultura e criação de animais de pequeno porte,
(RESEX)
sendo permitida a visitação pública e a pesquisa.

É a UC de propriedade pública, composta por área natural com animais nati-


Reserva da fau-
vos, adequada ao estudo científico, ligada ao manejo dos recursos faunísticos,
na
permitida a visitação pública e proibida a caça.

É a UC de propriedade pública composta por área natural e que abriga pop-


Reserva de
ulações tradicionais, cuja existência baseia-se em sistemas sustentáveis de
desenvolvimen-
exploração transmitidos por gerações, protegendo a natureza, permitida a
to sustentável
visitação pública e a pesquisa.

É a UC de propriedade privada, gravada com perpetuidade, com o objetivo de


Reserva particu- conservar a diversidade biológica, apenas sendo permitida a pesquisa e a vis-
lar do patrimô- itação. Apesar de ser formalmente considerada como de USO SUSTENTÁVEL,
nio natural na prática, tem o regime jurídico de proteção integral, visto que o inciso III, do
(RPPN) §2º, do artigo 21, que previa o extrativismo na área foi vetado pelo Chefe do
Executivo.

211 CICLOS RETA FINAL TJ/PR | @CICLOSR3


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#JURIS: Inconstitucionalidade da redução de unidade de conservação por medida provisó-


ria.

É inconstitucional a redução ou a supressão de espaços territoriais especialmente protegidos, como


é o caso das unidades de conservação, por meio de medida provisória. A redução ou supressão
de unidade de conservação somente é permitida mediante lei em sentido formal (STF - Info 896).

É possível afirmar, portanto, que a proteção do meio ambiente, nesse caso, representa um limite
material implícito à edição de medida provisória.

CUIDADO: #PEGADINHA. Quando alguma questão de prova afirmar sem ressalva que é proibida
a alteração de unidade de conservação mediante decreto ou medida provisória. Alteração não tem
só sentido de supressão ou redução, de modo que a alteração por tais instrumentos, quando tiver
por finalidade aumentar os limites da unidade ou estabelecer regime de proteção mais rigoroso e
benéfico ao meio ambiente, será lícita.

#ATENÇÃO #VAICAIRNAPROVA

É possível a transformação de UC de uso sustentável em UC de proteção integral, total ou


parcialmente, por meio de instrumento normativo de mesmo grau hierárquico que o da cria-
ção, obedecendo os procedimentos de prévio estudo técnico e consulta pública. A transformação
de UC de proteção integral para UC de uso sustentável, por sua vez, depende de lei. A desafeta-
ção ou redução dos limites de uma UC apenas pode se dar por meio de lei específica (exceção
ao princípio do paralelismo das formas, caso a unidade de conservação tenha sido instituída por
outro instrumento normativo), já que o art. 225, §1º, III, CRFB, afirma que alteração e supressão
somente podem ser feitas por lei.

Zona de amortecimento: é o entorno de uma UC, onde as atividades humanas estão sujeitas
a normas e restrições específicas, com o propósito de minimizar os impactos negativos sobre a
UC (art. 2º, XVIII, Lei do SNUC). Todas as UC devem possuir uma zona de amortecimento, salvo as
Áreas de proteção ambiental e as Reservas Particulares do Patrimônio Natural (art. 25, caput).

Corredor ecológico: São porções de ecossistemas naturais ou seminaturais, ligando unidades de


conservação, que possibilitam entre elas o fluxo de genes e o movimento da biota, facilitan-
do a dispersão de espécies e a recolonização de áreas degradadas, bem como a manutenção de
populações que demandam, para a sua sobrevivência, áreas com extensão maior do que aquelas

212 CICLOS RETA FINAL TJ/PR | @CICLOSR3


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da UC individual.

• COMPENSAÇÃO AMBIENTAL: instrumento previsto no art. 36 da Lei 9.985/00; obriga o empreendedor


a apoiar a implantação e manutenção de Unidades de Conservação do Grupo de Proteção Integral
nos casos de empreendimento que causem significativo impacto ambiental com fundamento no EIA/
RIMA.

#DEOLHONAJURIS: O STF na ADI 3.378-6 entendeu que a compensação ambiental é constitucio-


nal, ela não ofende o princípio da legalidade e também não há violação ao princípio da separação
dos Poderes. Contudo, à luz do princípio da proporcionalidade, o STF entendeu inconstitucional a
fixação de percentual mínimo para reparação. O valor da compensação-compartilhamento é de ser
fixado proporcionalmente ao impacto ambiental, após estudo em que se assegurem o contraditório
e a ampla defesa.

CÓDIGO FLORESTAL – LEI 12.651/12 – ÁREAS DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE E


RESERVAS LEGAIS

• NÃO CONFUNDA APP com RESERVA LEGAL:

Área de Preservação Permanente - APP: área protegida, coberta ou não por vegetação nati-
va, com a função ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica
e a biodiversidade, facilitar o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar
das populações humanas;

Reserva Legal: área localizada no interior de uma propriedade ou posse rural, delimitada nos
termos do art. 12, com a função de assegurar o uso econômico de modo sustentável dos recursos
naturais do imóvel rural, auxiliar a conservação e a reabilitação dos processos ecológicos e promov-
er a conservação da biodiversidade, bem como o abrigo e a proteção de fauna silvestre e da flora
nativa;

ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE RESERVA LEGAL

ZONA RURAL

ZONA URBANA ZONA RURAL

PODE SER EM ÁREA PÚBLICA OU PRIVADA

• SOBRE A APP:

213 CICLOS RETA FINAL TJ/PR | @CICLOSR3


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Art. 4o  Considera-se Área de Preservação Permanente, em zonas rurais ou urbanas, para os
efeitos desta Lei:
I - as faixas marginais de qualquer curso d’água natural perene e intermitente, excluídos os efêmeros,
desde a borda da calha do leito regular, em largura mínima de:
a) 30 (trinta) metros, para os cursos d’água de menos de 10 (dez) metros de largura;
b) 50 (cinquenta) metros, para os cursos d’água que tenham de 10 (dez) a 50 (cinquenta) metros de
largura;
c) 100 (cem) metros, para os cursos d’água que tenham de 50 (cinquenta) a 200 (duzentos) metros de
largura;
d) 200 (duzentos) metros, para os cursos d’água que tenham de 200 (duzentos) a 600 (seiscentos)
metros de largura;
e) 500 (quinhentos) metros, para os cursos d’água que tenham largura superior a 600 (seiscentos)
metros;
II - as áreas no entorno dos lagos e lagoas naturais, em faixa com largura mínima de:
a) 100 (cem) metros, em zonas rurais, exceto para o corpo d’água com até 20 (vinte) hectares de super-
fície, cuja faixa marginal será de 50 (cinquenta) metros;
b) 30 (trinta) metros, em zonas urbanas;
III - as áreas no entorno dos reservatórios d’água artificiais, decorrentes de barramento ou represamen-
to de cursos d’água naturais, na faixa definida na licença ambiental do empreendimento;                      (Incluí-
do pela Lei nº 12.727, de 2012).
IV - as áreas no entorno das nascentes e dos olhos d’água perenes, qualquer que seja sua situação
topográfica, no raio mínimo de 50 (cinquenta) metros;                         (Redação dada pela Lei nº 12.727, de
2012).
V - as encostas ou partes destas com declividade superior a 45°, equivalente a 100% (cem por cento)
na linha de maior declive;
VI - as restingas, como fixadoras de dunas ou estabilizadoras de mangues;
VII - os manguezais, em toda a sua extensão;
VIII - as bordas dos tabuleiros ou chapadas, até a linha de ruptura do relevo, em faixa nunca inferior a
100 (cem) metros em projeções horizontais;
IX - no topo de morros, montes, montanhas e serras, com altura mínima de 100 (cem) metros e
inclinação média maior que 25°, as áreas delimitadas a partir da curva de nível correspondente a 2/3 (dois
terços) da altura mínima da elevação sempre em relação à base, sendo esta definida pelo plano horizontal
determinado por planície ou espelho d’água adjacente ou, nos relevos ondulados, pela cota do ponto de sela
mais próximo da elevação;
X - as áreas em altitude superior a 1.800 (mil e oitocentos) metros, qualquer que seja a vegetação;
XI - em veredas, a faixa marginal, em projeção horizontal, com largura mínima de 50 (cinquenta) metros,

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a partir do espaço permanentemente brejoso e encharcado.


OBS: § 1o  Não será exigida Área de Preservação Permanente no entorno de reservatórios artificiais de
água que não decorram de barramento ou represamento de cursos d’água naturais.      (Redação dada pela
Lei nº 12.727, de 2012).
Art. 6o  Consideram-se, ainda, de preservação permanente, quando declaradas de interesse social por
ato do Chefe do Poder Executivo, as áreas cobertas com florestas ou outras formas de vegetação destinadas
a uma ou mais das seguintes finalidades:
I - conter a erosão do solo e mitigar riscos de enchentes e deslizamentos de terra e de rocha;
II - proteger as restingas ou veredas;
III - proteger várzeas;
IV - abrigar exemplares da fauna ou da flora ameaçados de extinção;
V - proteger sítios de excepcional beleza ou de valor científico, cultural ou histórico;
VI - formar faixas de proteção ao longo de rodovias e ferrovias;
VII - assegurar condições de bem-estar público; 
VIII - auxiliar a defesa do território nacional, a critério das autoridades militares.
 IX - proteger áreas úmidas, especialmente as de importância internacional. (Incluído pela Lei nº 12.727,
de 2012).
• SOBRE A RESERVA LEGAL:

Art. 12.  Todo imóvel rural deve manter área com cobertura de vegetação nativa, a título de
Reserva Legal, sem prejuízo da aplicação das normas sobre as Áreas de Preservação Permanente,
observados os seguintes percentuais mínimos em relação à área do imóvel, excetuados os casos previstos no
art. 68 desta Lei:
I - localizado na Amazônia Legal:
a) 80%, no imóvel situado em área de florestas;
b) 35% (trinta e cinco por cento), no imóvel situado em área de cerrado;
c) 20% (vinte por cento), no imóvel situado em área de campos gerais;
II - localizado nas demais regiões do País: 20% (vinte por cento).
(...)
§ 5o  Nos casos da alínea a do inciso I, o poder público estadual, ouvido o Conselho Estadual de Meio
Ambiente, poderá reduzir a Reserva Legal para até 50% (cinquenta por cento), quando o Estado tiver Zonea-
mento Ecológico-Econômico aprovado e mais de 65% (sessenta e cinco por cento) do seu território ocupado
por unidades de conservação da natureza de domínio público, devidamente regularizadas, e por terras indí-
genas homologadas.
Art. 14.  A localização da área de Reserva Legal no imóvel rural deverá levar em consideração os
seguintes estudos e critérios:

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I - o plano de bacia hidrográfica;


II - o Zoneamento Ecológico-Econômico 
III - a formação de corredores ecológicos com outra Reserva Legal, com Área de Preservação Perma-
nente, com Unidade de Conservação ou com outra área legalmente protegida;
IV - as áreas de maior importância para a conservação da biodiversidade; e
V - as áreas de maior fragilidade ambiental.
Art. 15.  Será admitido o cômputo das Áreas de Preservação Permanente no cálculo do percentual da
Reserva Legal do imóvel, desde que:
I - o benefício previsto neste artigo não implique a conversão de novas áreas para o uso alternativo do
solo;
II - a área a ser computada esteja conservada ou em processo de recuperação, conforme comprovação
do proprietário ao órgão estadual integrante do Sisnama; e
III - o proprietário ou possuidor tenha requerido inclusão do imóvel no Cadastro Ambiental Rural - CAR,
nos termos desta Lei.
§ 1o  O regime de proteção da Área de Preservação Permanente não se altera na hipótese prevista
neste artigo.
Art. 16.  Poderá ser instituído Reserva Legal em regime de condomínio ou coletiva entre proprie-
dades rurais, respeitado o percentual previsto no art. 12 em relação a cada imóvel. 

ÁREA DE FLORESTAS 80% DE RLF

AMAZÔNIA LEGAL Área de cerrado 35% de RLF

Campos gerais 20% de RLF

DEMAIS REGIÕES 20% de RLF

REGIME DE PROTEÇÃO - APP REGIME DE PROTEÇÃO – RESERVA LEGAL

216 CICLOS RETA FINAL TJ/PR | @CICLOSR3


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Art. 7o  A vegetação situada em Área de Preser-


vação Permanente deverá ser mantida pelo
proprietário da área, possuidor ou ocupante a
Art. 17.  A Reserva Legal deve ser conservada
qualquer título, pessoa física ou jurídica, de di-
com cobertura de vegetação nativa pelo propri-
reito público ou privado.
etário do imóvel rural, possuidor ou ocupante
§ 1o  Tendo ocorrido supressão de vegetação
a qualquer título, pessoa física ou jurídica, de
situada em Área de Preservação Permanente, o
direito público ou privado.
proprietário da área, possuidor ou ocupante a
§ 1o  Admite-se a exploração econômica da
qualquer título é obrigado a promover a recom-
Reserva Legal mediante manejo sustentável,
posição da vegetação, ressalvados os usos autor-
previamente aprovado pelo órgão competente do
izados previstos nesta Lei. (...)
Sisnama, de acordo com as modalidades previstas
Art. 8o  A intervenção ou a supressão de
no art. 20.
vegetação nativa em Área de Preservação
Art. 19.  A inserção do imóvel rural em perímetro
Permanente somente ocorrerá nas hipóteses
urbano definido mediante lei municipal não deso-
de utilidade pública, de interesse social ou de
briga o proprietário ou posseiro da manutenção
baixo impacto ambiental previstas nesta Lei.
da área de Reserva Legal, que só será extinta
§ 1o  A supressão de vegetação nativa protetora
concomitantemente ao registro do parcelamento
de nascentes, dunas e restingas somente poderá
do solo para fins urbanos aprovado segundo a
ser autorizada em caso de utilidade pública.
legislação específica e consoante as diretrizes do
§ 2o  A intervenção ou a supressão de vegetação
plano diretor de que trata o § 1o do art. 182 da
nativa em Área de Preservação Permanente de
Constituição Federal.
que tratam os incisos VI e VII do caput do art.
Art. 21.  É livre a coleta de produtos florestais
4o poderá ser autorizada, excepcionalmente, em
não madeireiros, tais como frutos, cipós, folhas e
locais onde a função ecológica do manguezal este-
sementes, devendo-se observar:
ja comprometida, para execução de obras habita-
I - os períodos de coleta e volumes fixados em
cionais e de urbanização, inseridas em projetos
regulamentos específicos, quando houver;
de regularização fundiária de interesse social, em
II - a época de maturação dos frutos e sementes;
áreas urbanas consolidadas ocupadas por popu-
III - técnicas que não coloquem em risco a so-
lação de baixa renda.
brevivência de indivíduos e da espécie coletada
§ 3o  É dispensada a autorização do órgão am-
no caso de coleta de flores, folhas, cascas, óleos,
biental competente para a execução, em caráter
resinas, cipós, bulbos, bambus e raízes.
de urgência, de atividades de segurança nacional
Art. 23.  O manejo sustentável para exploração
e obras de interesse da defesa civil destinadas
florestal eventual sem propósito comercial, para
à prevenção e mitigação de acidentes em áreas
consumo no próprio imóvel, independe de autor-
urbanas.
ização dos órgãos competentes, devendo apenas
§ 4o  Não haverá, em qualquer hipótese, direito
ser declarados previamente ao órgão ambiental a
à regularização de futuras intervenções ou su-
motivação da exploração e o volume explorado,
pressões de vegetação nativa, além das previstas
limitada a exploração anual a 20 (vinte) metros
nesta Lei.
cúbicos.
Art. 9o  É permitido o acesso de pessoas e ani-
mais às Áreas de Preservação Permanente para
obtenção de água e para realização de atividades
de baixo impacto ambiental.

217 CICLOS RETA FINAL TJ/PR | @CICLOSR3


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USO ECOLOGICAMENTE SUSTENTÁVEL DE APICUNS E SALGADOS:

Art. 11-A.  A Zona Costeira é patrimônio nacional, nos termos do § 4o do art. 225 da Constituição
Federal, devendo sua ocupação e exploração dar-se de modo ecologicamente sustentável.

§ 1o  Os apicuns e salgados podem ser utilizados em atividades de carcinicultura [criação de


camarões] e salinas, desde que observados os seguintes requisitos:

I - área total ocupada em cada Estado não superior a 10% (dez por cento) dessa modalidade
de fitofisionomia no bioma amazônico e a 35% (trinta e cinco por cento) no restante do País,
excluídas as ocupações consolidadas que atendam ao disposto no § 6o deste artigo;

II - salvaguarda da absoluta integridade dos manguezais arbustivos e dos processos ecológicos


essenciais a eles associados, bem como da sua produtividade biológica e condição de berçário de
recursos pesqueiros;       

III - licenciamento da atividade e das instalações pelo órgão ambiental estadual, cientificado o Insti-
tuto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA e, no caso de uso de
terrenos de marinha ou outros bens da União, realizada regularização prévia da titulação perante
a União;

IV - recolhimento, tratamento e disposição adequados dos efluentes e resíduos;

V - garantia da manutenção da qualidade da água e do solo, respeitadas as Áreas de Preservação


Permanente; e             

VI - respeito às atividades tradicionais de sobrevivência das comunidades locais.       

#JURISPRUDÊNCIANOVA #AJUDAMARCINHO

O STF analisou a constitucionalidade do Código Florestal (Lei nº 12.651/2012) e decidiu:

1) declarar a inconstitucionalidade das expressões “gestão de resíduos” e “instalações necessárias


à realização de competições esportivas estaduais, nacionais ou internacionais”, contidas no art. 3º,
VIII, b, da Lei nº 12.651/2012;

2) dar interpretação conforme a Constituição ao art. 3º, VIII e IX, da Lei, de modo a se condicionar
a intervenção excepcional em APP, por interesse social ou utilidade pública, à inexistência de
alternativa técnica e/ou locacional à atividade proposta;

3) deve-se dar interpretação conforme a Constituição ao art. 3º, XVII e ao art. 4º, IV, para fixar a
interpretação de que os entornos das nascentes e dos olhos d´água intermitentes configuram área

218 CICLOS RETA FINAL TJ/PR | @CICLOSR3


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de preservação permanente;

4) declarar a inconstitucionalidade das expressões “demarcadas” e “tituladas”, contidas no art. 3º,


parágrafo único;

5) deve-se dar interpretação conforme a Constituição ao art. 48, § 2º, para permitir compensação
apenas entre áreas com identidade ecológica;

6) deve-se dar interpretação conforme a Constituição ao art. 59, §§ 4º e 5º, de modo a afastar, no
decurso da execução dos termos de compromissos subscritos nos programas de regularização
ambiental, o risco de decadência ou prescrição, seja dos ilícitos ambientais praticados antes de
22.7.2008, seja das sanções deles decorrentes, aplicando-se extensivamente o disposto no § 1º do
art. 60 da Lei 12.651/2012, segundo o qual “a prescrição ficará interrompida durante o período de
suspensão da pretensão punitiva”.

Todos os demais dispositivos da Lei foram considerados constitucionais. STF. Plenário. ADC 42/DF,
ADI 4901/DF, ADI 4902/DF, ADI 4903/DF e ADI 4937/DF, Rel. Min. Luiz Fux, julgados em 28/2/2018
(Info 892)

AGROTÓXICOS

O tema é regulado pela Lei nº 7.802, de 11 de julho de 1989:

Art. 2º Para os efeitos desta Lei, consideram-se:

I - agrotóxicos e afins:

a) os produtos e os agentes de processos físicos, químicos ou biológicos, destinados ao uso nos


setores de produção, no armazenamento e beneficiamento de produtos agrícolas, nas pastagens,
na proteção de florestas, nativas ou implantadas, e de outros ecossistemas e também de ambientes
urbanos, hídricos e industriais, cuja finalidade seja alterar a composição da flora ou da fauna, a fim
de preservá-las da ação danosa de seres vivos considerados nocivos;

b) substâncias e produtos, empregados como desfolhantes, dessecantes, estimuladores e inibidores


de crescimento;

II - componentes: os princípios ativos, os produtos técnicos, suas matérias-primas, os ingredientes


inertes e aditivos usados na fabricação de agrotóxicos e afins.

Art. 3º Os agrotóxicos, seus componentes e afins, de acordo com definição do art. 2º desta Lei,

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só poderão ser produzidos, exportados, importados, comercializados e utilizados, se previamen-


te registrados em órgão federal, de acordo com as diretrizes e exigências dos órgãos federais
responsáveis pelos setores da saúde, do meio ambiente e da agricultura.

Legitimidade para requerer o cancelamento ou a impugnação do Registro de Agrotóxicos

Art. 5º Possuem legitimidade para requerer o cancelamento ou a impugnação, em nome próprio,


do registro de agrotóxicos e afins, arguindo prejuízos ao meio ambiente, à saúde humana e dos
animais:

I - entidades de classe, representativas de profissões ligadas ao setor;

II - partidos políticos, com representação no Congresso Nacional;

III - entidades legalmente constituídas para defesa dos interesses difusos relacionados à prote-
ção do consumidor, do meio ambiente e dos recursos naturais.

Art. 14. As responsabilidades administrativa, civil e penal pelos danos causados à saúde das pessoas
e ao meio ambiente, quando a produção, comercialização, utilização, transporte e destinação
de embalagens vazias de agrotóxicos, seus componentes e afins, não cumprirem o disposto na
legislação pertinente, cabem:

a) ao profissional, quando comprovada receita errada, displicente ou indevida;

b) ao usuário ou a prestador de serviços, quando em desacordo com o receituário;

b) ao usuário ou ao prestador de serviços, quando proceder em desacordo com o receituário ou


as recomendações do fabricante e órgãos registrantes e sanitário-ambientais;

c) ao comerciante, quando efetuar venda sem o respectivo receituário ou em desacordo com


a receita;

c) ao comerciante, quando efetuar venda sem o respectivo receituário ou em desacordo com a


receita ou recomendações do fabricante e órgãos registrantes e sanitário-ambientais;

d) ao registrante que, por dolo ou por culpa, omitir informações ou fornecer informações incor-
retas;

e) ao produtor que produzir mercadorias em desacordo com as especificações constantes do


registro do produto, do rótulo, da bula, do folheto e da propaganda;

e) ao produtor, quando produzir mercadorias em desacordo com as especificações constantes


do registro do produto, do rótulo, da bula, do folheto e da propaganda, ou não der destinação às

220 CICLOS RETA FINAL TJ/PR | @CICLOSR3


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embalagens vazias em conformidade com a legislação pertinente; 

f ) ao empregador, quando não fornecer e não fizer manutenção dos equipamentos adequa-
dos à proteção da saúde dos trabalhadores ou dos equipamentos na produção, distribuição e
aplicação dos produtos.

POLÍTICA NACIONAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS – LEI 12.305/2010

Resíduo sólido é “material, substância, objeto ou bem descartado resultante de


atividades humanas em sociedade, a cuja destinação final se procede, se propõe
proceder ou se está obrigado a proceder, nos estados sólido ou semissólido, bem
como gases contidos em recipientes e líquidos cujas particularidades tornem
inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou em corpos d’água, ou
exijam para isso soluções técnica ou economicamente inviáveis em face da mel-
hor tecnologia disponível”.
#ATENÇÃO: Não se confunde com rejeito, que é o resíduo sólido que não com-
porta mais reutilização, devendo ser destinado à disposição final ambientalmente
adequada.
A orientação normativa da PNRS busca, nessa ordem: a) não geração dos resídu-
os; b) reduzir os resíduos; c) reutilização; d) reciclagem; e) tratamento; f ) desti-
CONCEITO nação final ambientalmente adequada (Art. 9º).

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Os princípios estão elencados no Art. 6º: prevenção, precaução, poluidor-pa-


gador, protetor-recebedor, cooperação social.
A lei estabelece uma visão sistêmica na gestão dos resíduos, considerando todas
as variantes ambientais, econômicas, sociais, tecnológicas e de saúde pública.
A responsabilidade é compartilhada pelo ciclo de vida do produto. Todos são
PRINCÍPIOS
responsáveis, do importador, fabricante, comerciante ao consumidor.
E DIRETRIZES
Há o reconhecimento do resíduo sólido reutilizável e reciclável como bem de val-
GERAIS
or econômico e de valor social que promove o trabalho, renda e cidadania, com
respeito às diversidades locais e regionais.
#ECOEFICIÊNCIA: é a compatibilização entre fornecimento de produtos a preços
competitivos que sejam capazes de atender as necessidades humanas e redução
do consumo ao, no mínimo, equivalente à capacidade de renovação do planeta.

I - quanto à origem:
a) resíduos domiciliares: os originários de atividades domésticas em residências
urbanas;
b) resíduos de limpeza urbana: os originários da varrição, limpeza de logradouros
e vias públicas e outros serviços de limpeza urbana;
c) resíduos sólidos urbanos: os englobados nas alíneas “a” e “b”;
d) resíduos de estabelecimentos comerciais e prestadores de serviços: os gerados
nessas atividades, excetuados os referidos nas alíneas “b”, “e”, “g”, “h” e “j”;
e) resíduos dos serviços públicos de saneamento básico: os gerados nessas ativi-
dades, excetuados os referidos na alínea “c”;
f ) resíduos industriais: os gerados nos processos produtivos e instalações industri-
ais;
g) resíduos de serviços de saúde: os gerados nos serviços de saúde, conforme
definido em regulamento ou em normas estabelecidas pelos órgãos do Sisnama
CLASSIFI- e do SNVS;
CAÇÃO h) resíduos da construção civil: os gerados nas construções, reformas, reparos e
demolições de obras de construção civil, incluídos os resultantes da preparação e
escavação de terrenos para obras civis;
i) resíduos agrossilvopastoris: os gerados nas atividades agropecuárias e silvicul-
turais, incluídos os relacionados a insumos utilizados nessas atividades;
j) resíduos de serviços de transportes: os originários de portos, aeroportos, termi-
nais alfandegários, rodoviários e ferroviários e passagens de fronteira;
k) resíduos de mineração: os gerados na atividade de pesquisa, extração ou ben-
eficiamento de minérios;
II - quanto à periculosidade:
a) resíduos perigosos: aqueles que, em razão de suas características de inflamab-
ilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade, patogenicidade, carcinogenicidade,
teratogenicidade e mutagenicidade, apresentam significativo risco à saúde públi-
ca ou à qualidade ambiental, de acordo com lei, regulamento ou norma técnica;
b) resíduos não perigosos: aqueles não enquadrados na alínea “a”.

222 CICLOS RETA FINAL TJ/PR | @CICLOSR3


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São os planos de resíduos sólidos, elaborados pelo Poder Público e pessoas


jurídicas geradoras de resíduos:
a) Plano Nacional: elaborado pela União sob coordenação do Ministério do Meio
Ambiente, prazo indeterminado com horizonte de 20 anos, devendo ser atualiza-
do a cada quatro anos. Levanta a situação, metas, prioridades e instrumentos.
b) Plano Estadual: cada Estado deve elaborar, abrangendo todo seu território.
Prazo indeterminado, horizonte de 20 anos e atualizado a cada 4 anos. Deve
existir tal plano para receber os recursos relativos aos resíduos da União.
c) Plano Municipal: devem elaborar seus planos de gestão integrada de resíduos
sólidos. No caso de municípios com menos de 20 mil habitantes, podem elaborar
planos simplificados, salvo se em área de especial interesse turístico, de influên-
cia de obras ou empreendimentos com impacto nacional ou regional ou se o
território abranger, total ou parcialmente, unidade de conservação, nesses casos
deve adotar o plano com conteúdo integral. É possível elaborar plano intermu-
nicipal por meio de consórcios públicos.
d) Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos: elaborados por pessoas jurídi-
cas que desempenham atividades que produzem resíduos sólidos como resíduos
industriais, hospitalares, mineração, transporte, saneamento básico, construção
INSTRUMEN-
civil, agrossilvopastoris e outros que gerem produtos perigosos ou acima de um
TOS
volume acima do equiparado ao domiciliar.
A logística reversa “é o instrumento de desenvolvimento econômico e social
caracterizado por um conjunto de ações, procedimentos e meios destinados a
viabilizar a coleta e a restituição dos resíduos sólidos ao setor empresarial, para
reaproveitamento, em seu ciclo ou em outros ciclos produtivos, ou outra desti-
nação final ambientalmente adequada. “
Os fornecedores de materiais como agrotóxicos, seus resíduos e embalagens,
assim como outros produtos cuja embalagem, após o uso, constitua resíduo
perigoso; pilhas e baterias; pneus; óleos lubrificantes, seus resíduos e embalagens;
lâmpadas fluorescentes, de vapor de sódio e mercúrio e de luz mista e produtos
eletroeletrônicos e seus componentes são obrigados a instalar um mecanismo de
coleta independente do serviço público, cabendo aos consumidores a devolução
aos comerciantes, estes aos fabricantes, etc. É possível que tais pessoas celebrem
contrato com o Poder Público para tal mas isso deve ser remunerado de maneira
autônoma.
Na hipótese de o município instalar sistema de coleta seletiva os consumidores
são obrigados a acondicionar adequadamente os resíduos e disponibilizar tam-
bém adequadamente para a coleta.

223 CICLOS RETA FINAL TJ/PR | @CICLOSR3


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São proibidas as formas de destinação ou disposição final de resíduos sólidos ou


rejeitos: a) lançamento em praias, no mar ou em quaisquer corpos hídricos (ba-
cias de decantação impermeabilizadas e aprovadas não se enquadram como tal);
b) lançamento in natura a céu aberto, excetuados os resíduos de mineração; c)
queima a céu aberto ou em recipientes, instalações e equipamentos não licencia-
dos para essa finalidade (possível no caso de emergência sanitária se acompan-
VEDAÇÕES hado) ; d) outras formas vedadas pelo poder público.
Nas áreas de disposição final: a) utilização dos rejeitos dispostos como alimen-
tação; b) catação; c) criação de animais domésticos; d) fixação de habitações
temporárias ou permanentes; e) outras atividades vedadas pelo poder público.
#SELIGA: O Art. 49 também veda a importação de resíduos sólidos, ainda que
para reuso ou reciclagem (ANTES da lei, o STF já entendeu pela proibição de
importação de pneus usados).

Atenção para não confundir:

VII - DESTINAÇÃO FINAL AMBIENTALMENTE VIII - DISPOSIÇÃO FINAL AMBIENTALMENTE


ADEQUADA: ADEQUADA:

destinação de RESÍDUOS que inclui


a reutilização,
a reciclagem,
a compostagem,
a recuperação e
distribuição ordenada de REJEITOS em ater-
o aproveitamento energético
ros, observando normas operacionais específi-
ou outras destinações admitidas
cas de modo a evitar danos ou riscos à saúde
pelos órgãos competentes do Sisnama, do
pública e à segurança e a minimizar os impactos
SNVS e do Suasa,
ambientais adversos;
entre elas a disposição final,
observando normas operacionais específicas
de modo a EVITAR danos ou riscos à saúde
pública e à segurança e a MINIMIZAR os im-
pactos ambientais adversos;

Veja que a destinação final engloba a possibilidade de outro aproveitamento dos resíduos e a
disposição final é para os rejeitos, já é o FIM, já não há mais o que fazer com o resíduo, que será deixado
em aterros.

Conceito de LOGÍSTICA REVERSA:

– instrumento de desenvolvimento econômico e social


– caracterizado por um conjunto de ações, procedimentos e meios
– destinados a viabilizar a coleta e a restituição dos resíduos sólidos ao setor empresarial,

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– para reaproveitamento, em seu ciclo ou em outros ciclos produtivos,


– ou outra destinação final ambientalmente adequada.

LICENCIAMENTO AMBIENTAL

LEI COMPLEMENTAR 140/2011: COMPETÊNCIA PARA LICENCIAMENTO AMBIENTAL


Apenas um ente político (U, E, DF ou M) expede a licença.
Não há possibilidade de mais de um ente expedir licença para o mesmo empreendimento.

XIV - promover o licenciamento ambiental de empreendimentos e atividades:


a) localizados ou desenvolvidos conjuntamente no Brasil e em país limítrofe;
b) localizados ou desenvolvidos no mar territorial, na plataforma continental ou na
zona econômica exclusiva;
c) localizados ou desenvolvidos em terras indígenas;
d) localizados ou desenvolvidos em unidades de conservação instituídas pela União,
exceto em Áreas de Proteção Ambiental (APAs);
e) localizados ou desenvolvidos em 2 (dois) ou mais Estados;
UNIÃO f ) de caráter militar, excetuando-se do licenciamento ambiental, nos termos de ato do
(art. 7º, Poder Executivo, aqueles previstos no preparo e emprego das Forças Armadas, con-
XIV) forme disposto na Lei Complementar no 97, de 9 de junho de 1999;
g) destinados a pesquisar, lavrar, produzir, beneficiar, transportar, armazenar e dispor
material radioativo, em qualquer estágio, ou que utilizem energia nuclear em qualquer
de suas formas e aplicações, mediante parecer da Comissão Nacional de Energia Nu-
clear (Cnen); ou
h) que atendam tipologia estabelecida por ato do Poder Executivo, a partir de prop-
osição da Comissão Tripartite Nacional, assegurada a participação de um membro do
Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), e considerados os critérios de porte,
potencial poluidor e natureza da atividade ou empreendimento;

XIV - promover o licenciamento ambiental de atividades ou empreendimentos utiliza-


dores de recursos ambientais, efetiva ou potencialmente poluidores ou capazes, sob
qualquer forma, de causar degradação ambiental, ressalvado o disposto nos arts. 7o e
9o;
ESTADOS
REGRA GERAL: Trata-se de competência residual, isto é, a competência do ente estad-
(art. 8º,
ual para licenciar surge nos casos não tipificados como da competência da União ou
XIV e XV)
dos Municípios.
XV - promover o licenciamento ambiental de atividades ou empreendimentos localiza-
dos ou desenvolvidos em unidades de conservação instituídas pelo Estado, exceto em
Áreas de Proteção Ambiental (APAs);

225 CICLOS RETA FINAL TJ/PR | @CICLOSR3


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XIV - observadas as atribuições dos demais entes federativos previstas nesta Lei Com-
plementar, promover o licenciamento ambiental das atividades ou empreendimentos:
MU-
a) que causem ou possam causar impacto ambiental de âmbito local, conforme tipolo-
NICÍPIOS
gia definida pelos respectivos Conselhos Estaduais de Meio Ambiente, considerados os
(art. 9º,
critérios de porte, potencial poluidor e natureza da atividade; ou
XIV)
b) localizados em unidades de conservação instituídas pelo Município, exceto em
Áreas de Proteção Ambiental (APAs);

DISTRITO engloba as competências para o licenciamento em empreendimentos no seu território


FEDERAL nas hipóteses em que competente Estado ou Município. Nesse sentido, art. 10 dispõe:
(art. 10) São ações administrativas do Distrito Federal as previstas nos arts. 8o e 9o.

Art. 12. Para fins de licenciamento ambiental de atividades ou empreendimentos uti-


lizadores de recursos ambientais, efetiva ou potencialmente poluidores ou capazes,
sob qualquer forma, de causar degradação ambiental, e para autorização de su-
pressão e manejo de vegetação, o critério do ente federativo instituidor da unidade de
conservação não será aplicado às Áreas de Proteção Ambiental (APAs).
Parágrafo único. A definição do ente federativo responsável pelo licenciamento e
autorização a que se refere o caput, no caso das APAs, seguirá os critérios previstos
nas alíneas “a”, “b”, “e”, “f” e “h” do inciso XIV do art. 7o , no inciso XIV do art. 8o e na
alínea “a” do inciso XIV do art. 9o .
APAS:
Assim, poderá a União (IBAMA), o Estado ou mesmo o Município ser competente para
REGRA
licenciar empreendimento no interior de APAs. Apenas não se definirá tal competência
ESPECÍFI-
exclusivamente em face do ente que instituiu a unidade. Será preciso avaliar a com-
CA
petência de acordo com os demais critérios definidos nos arts. 7º, 8º e 9º da norma.
Nesse sentido, a competência será, em regra, do Estado, tendo em vista a previsão
genérica contida no inciso XIV do art. 8º, segundo o qual:
Art. 8o São ações administrativas dos Estados: (...) XIV - promover o licenciamento am-
biental de atividades ou empreendimentos utilizadores de recursos ambientais, efetiva
ou potencialmente poluidores ou capazes, sob qualquer forma, de causar degradação
ambiental, ressalvado o disposto nos arts. 7º e 9º;
A competência para licenciar empreendimento em APA poderá ser, contudo, do Mu-
nicípio, no caso de atividade que cause impacto de âmbito local (art. 9º, XIV).

LICENCIAMENTO LICENÇA

Procedimento administrativo Ato administrativo

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Concedida na fase preliminar;


LICENÇA PRÉVIA Aprova a localização do empreendimento;
Atesta a viabilidade ambiental.
LICENCI-
AMENTO LICENÇA DE INSTA-
Autoriza a instalação do empreendimento.
ORDINÁRIO LAÇÃO

LICENÇA DE OPER- Autoriza a operação ou funcionamento do empreendi-


AÇÃO mento.

PRAZO MÍNIMO  aquele previsto no cronograma.


LICENÇA PRÉVIA
PRAZO MÁXIMO  05 anos

PRAZOS DE LICENÇA DE INSTA- PRAZO MÍNIMO  aquele previsto no cronograma


VALIDADE LAÇÃO PRAZO MÁXIMO  06 anos

LICENÇA DE OPER- PRAZO MÍNIMO  04 anos


AÇÃO PRAZO MÁXIMO  10 anos

RENOVAÇÃO O pedido de renovação deve ser feito com antecedência MÍNIMA de 120 dias.
DO LICENCI-
AMENTO O prazo de validade ficará AUTOMATICAMENTE renovado até manifestação
(LC 140/2011 definitiva do órgão ambiental competente, desde que o requerimento tenha sido
e Res. CONA- formulado com a antecedência indicada acima.
MA 237/97)

ATUAÇÃO SUPLETIVA X SUBSIDIÁRIA

» Atuação supletiva: um ente se substitui ao ente federativo originariamente detentor das atribuições,
nas hipóteses definidas na Lei Complementar 140;

» Atuação subsidiária: um ente visa a auxiliar no desempenho das atribuições decorrentes das compe-
tências comuns, quando solicitado pelo ente federativo originariamente detentor das atribuições.
(Dica para lembrar - Subsidiária → Solicitar).

TAXA DE LICENCIAMENTO X TCFA


Taxa de licenci- Refere-se ao procedimento licenciatório, que culmina na expedição da licença
amento ambiental.

Tem como fato gerador o exercício do poder de polícia sobre os empreendi-


TCFA
mentos já licenciados e em atividade.

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RESPONSABILIDADE AMBIENTAL

Poluidor é pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado, responsável, direta ou indi-
retamente, por atividade causadora de degradação ambiental.

#DEOLHONAJURIS: O particular que deposita resíduos tóxicos em seu terreno, expondo-os a


céu aberto, em local onde, apesar da existência de cerca e de placas de sinalização informando a
presença de material orgânico, o acesso de outros particulares seja fácil, consentido e costumei-
ro, responde objetivamente pelos danos sofridos por pessoa que, por conduta não dolosa, tenha
sofrido, ao entrar na propriedade, graves queimaduras decorrentes de contato com os resíduos. STJ
(Info 544).

- Tríplice Responsabilização da Pessoa Física ou Jurídica:


a) Penal
b) Cível
c) Administrativa
Art. 225, § 3º da CF/88. As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão
os infratores, pessoas físicas ou JURÍDICAS, a sanções penais e administrativas, independentemente
da obrigação de reparar os danos causados [cível].

#DEOLHONAJURIS: Na hipótese de ação civil pública proposta em razão de dano ambiental,


é possível que a sentença condenatória imponha ao responsável, cumulativamente, as obrigações de
recompor o meio ambiente degradado e de pagar quantia em dinheiro a título de compensação por
dano moral coletivo. STJ (Info 526).

#DEOLHONAJURIS: Determinada empresa de mineração deixou vazar resíduos de lama tóxica


(bauxita), deixando inúmeras famílias desabrigadas e sem seus bens móveis e imóveis. O STJ, ao julgar a
responsabilidade civil decorrente desses danos ambientais, fixou as seguintes teses em sede de recurso
repetitivo: a) a responsabilidade por dano ambiental é objetiva, informada pela teoria do risco integral
b) em decorrência do acidente, a empresa deve recompor os danos materiais e morais causados e c) na
fixação da indenização por danos morais, recomendável que o arbitramento seja feito caso a caso e com
moderação, proporcionalmente ao grau de culpa, ao nível socioeconômico do autor, e, ainda, ao porte
da empresa, orientando-se o juiz pelos critérios sugeridos pela doutrina e jurisprudência, com razoabili-
dade, valendo-se de sua experiência e bom senso, atento à realidade da vida e às peculiaridades de cada
caso, de modo que, de um lado, não haja enriquecimento sem causa de quem recebe a indenização e,
de outro, haja efetiva compensação pelos danos morais experimentados por aquele que fora lesado. STJ.
(Info 545).

228 CICLOS RETA FINAL TJ/PR | @CICLOSR3


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- Responsabilidade Civil Objetiva:

#DEOLHONAJURIS:

- A responsabilidade por dano ambiental é OBJETIVA, informada pela teoria do RISCO INTEGRAL.
Não são admitidas excludentes de responsabilidade, tais como o caso fortuito, a força maior, fato de
terceiro ou culpa exclusiva da vítima. O valor a ser arbitrado como dano moral não deverá incluir um
caráter punitivo. É inadequado pretender conferir à reparação civil dos danos ambientais caráter puni-
tivo imediato, pois a punição é função que incumbe ao direito penal e administrativo. Assim, não há que
se falar em danos punitivos (punitive damages) no caso de danos ambientais. STJ, julgado em 26/3/2014
(recurso repetitivo) (Info 538).

- As empresas adquirentes da carga transportada pelo navio Vicuña no momento de sua explosão,
no Porto de Paranaguá/PR, em 15/11/2004, não respondem pela reparação dos danos alegadamente
suportados por pescadores da região atingida, haja vista a ausência de nexo causal a ligar tais prejuí-
zos (proibição temporária da pesca) à conduta por elas perpetrada (mera aquisição pretérita do metanol
transportado). Situação concreta: três indústrias químicas adquiriam uma grande quantidade de “meta-
nol”, substância utilizada como matéria-prima para a produção de alguns medicamentos. Elas adquiriram
o metanol da METHANEX CHILE LIMITED, empresa chilena que ficou responsável tanto pela contratação
quanto pelo pagamento do frete marítimo. O navio contratado pela empresa chilena para o transporte foi
o “BTG Vicuña”, de bandeira do Chile. Ocorre que quando já estava atracado no porto de Paranaguá/PR,
o navio explodiu. Isso provocou uma tragédia ambiental porque houve o vazamento de milhões de litros
de óleo e de metanol. Em razão do derramamento, a pesca na região ficou temporariamente proibida.
STJ. 2ª Seção. REsp 1602106-PR, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 25/10/2017 (Info 615).7

- João é pescador artesanal e vive da pesca que realiza no rio Paranapanema, que faz a divisa dos
Estados de São Paulo e Paraná. A empresa “XXX”, após vencer a licitação, iniciou a construção de uma
usina hidrelétrica neste rio. Ocorre que, após a construção da usina, houve uma grande redução na quan-
tidade de alguns peixes existentes no rio, em especial “pintados”, “jaú” e “dourados”. Vale ressaltar que
estes peixes eram os mais procurados pela população e os que davam maior renda aos pescadores do
local. Diante deste fato, João ajuizou ação de indenização por danos morais e materiais contra a empresa
(concessionária de serviço público) sustentando que a construção da usina lhe causou negativo impacto
econômico e sofrimento moral, já que ele não mais poderia exercer sua profissão de pescador. O pesca-
dor terá direito à indenização em decorrência deste fato? Danos materiais: SIM. Danos morais: NÃO. STJ.
4ª Turma. REsp 1371834-PR, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, julgado em 5/11/2015 (Info 574)

7 Como se vê dos julgados acima, em que pese a responsabilidade ser objetiva e informada pela teoria do risco integral,
ainda assim há de ser comprovado o nexo de causalidade.

229 CICLOS RETA FINAL TJ/PR | @CICLOSR3


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- Responsabilidade Administrativa:

#DEOLHONAJURIS:

Configurada infração ambiental grave, é possível a aplicação da pena de multa sem a necessidade
de prévia imposição da pena de advertência (art. 72 da Lei 9.605/98). STJ. (Info 561).

A responsabilidade administrativa ambiental, como regra, apresenta caráter subjetivo, exigindo


dolo ou culpa para sua configuração. STJ. 2ª Turma. REsp 1640243/SC, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado
em 07/03/2017.

- Reponsabilidade penal:

CF/88:

Art. 225 (...) § 3º As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os
infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da
obrigação de reparar os danos causados.

Lei n.° 9.605/98:

Art. 3º As pessoas jurídicas serão responsabilizadas administrativa, civil e penalmente confor-


me o disposto nesta Lei, nos casos em que a infração seja cometida por decisão de seu representante
legal ou contratual, ou de seu órgão colegiado, no interesse ou benefício da sua entidade.

Parágrafo único. A responsabilidade das pessoas jurídicas não exclui a das pessoas físicas, autoras,
co-autoras ou partícipes do mesmo fato.

A teoria da dupla imputação que era aplicada pelo STJ, que entendia só ser possível a persecução
penal da pessoa jurídica quando uma pessoa física também fosse denunciada, foi superada pelo
STF. Não existe necessidade de persecução penal concomitante.

Mesmo sendo possível ação penal contra a pessoa jurídica, não se admite o uso de HC, já que o
remédio constitucional tutela a liberdade de locomoção.

DOSIMETRIA DAS SANÇÕES – CRITÉRIOS:

a gravidade do fato, tendo em vista os motivos da infração e suas consequências para a saúde
pública e para o meio ambiente;
os antecedentes do infrator quanto ao cumprimento da legislação de interesse ambiental;
a situação econômica do infrator, no caso de multa.

230 CICLOS RETA FINAL TJ/PR | @CICLOSR3


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PENAS RESTRITIVAS DE DIREITO – PESSOAS FÍSICAS:

I - prestação de serviços à comunidade;


II - interdição temporária de direitos;
III - suspensão parcial ou total de atividades;
IV - prestação pecuniária;
V - recolhimento domiciliar.

PENAS RESTRITIVAS DE DIREITO – PESSOAS JURÍDICAS:

I - suspensão parcial ou total de atividades;


II - interdição temporária de estabelecimento, obra ou atividade;
III - proibição de contratar com o Poder Público, bem como dele obter subsídios, subvenções ou
doações.

OBS: Embora não listada expressamente como sanção, o art. 24 da lei n. 9605 permite a liquidação
forçada da pessoa jurídica, quando esta tiver sido constituída preponderantemente com a finalidade de
praticar delitos ambientais, sendo o patrimônio considerado instrumento do crime:

Art. 24. A pessoa jurídica constituída ou utilizada, preponderantemente, com o fim de permitir, facil-
itar ou ocultar a prática de crime definido nesta Lei terá decretada sua liquidação forçada, seu patrimônio
será considerado instrumento do crime e como tal perdido em favor do Fundo Penitenciário Nacional.

De acordo com o STJ, a liquidação forçada, presentes os seus requisitos, é modalidade de pena
autônoma adequada à natureza das PJ’s (REsp 610.114).

#JURIS: É possível aplicar o princípio da insignificância para crimes ambientais. Ex: pessoa
encontrada em uma unidade de conservação onde a pesca é proibida, com vara de pescar, linha e
anzol, conduzindo uma pequena embarcação na qual não havia peixes. STF. 2ª Turma. Inq 3788/DF,
Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 1°/3/2016 (Info 816).

O STF entendeu que não existia, no caso concreto, o requisito da justa causa a propiciar o pros-
seguimento da ação penal, especialmente pela mínima ofensividade da conduta do agente, pela
ausência de periculosidade social da ação, pelo reduzido grau de reprovabilidade do comporta-
mento e pela inexpressividade da lesão jurídica provocada. Assim, apesar de a conduta do denun-
ciado amoldar-se à tipicidade formal e subjetiva, o STF entendeu que não havia a tipicidade mate-
rial, consistente na relevância penal da conduta e no resultado típico, em razão da insignificância da
lesão produzida no bem jurídico tutelado. A jurisprudência do STF é no sentido da aplicabilidade
do princípio da insignificância aos crimes ambientais, tanto com relação aos de perigo concreto —
em que haveria dano efetivo ao bem jurídico tutelado —, quanto aos de perigo abstrato, como no

231 CICLOS RETA FINAL TJ/PR | @CICLOSR3


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art. 34, caput, da Lei nº 9.605/98. No processo em exame, não se produziu prova material de que
tenha havido qualquer dano efetivo ao meio ambiente. Ademais, mesmo diante de crime de perigo
abstrato, não é possível dispensar a verificação “in concreto” do perigo real ou mesmo potencial
da conduta praticada pelo acusado com relação ao bem jurídico tutelado. Esse perigo real não se
verificou no caso concreto.

No mesmo sentido, STJ: Não se configura o crime previsto no art. 34 da Lei nº 9.605/98 na hipó-
tese em que há a devolução do único peixe – ainda vivo – ao rio em que foi pescado. STJ. 6ª Turma.
REsp 1.409.051-SC, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 20/4/2017 (Info 602).

A pesca ilegal realizada em uma Estação Ecológica deve, em princípio, receber a tutela penal pres-
tada pelo Estado, pois se trata de intervenção humana presumidamente danosa a uma Unidade de
Proteção Integral, que tem como objetivo “a preservação da natureza e a realização de pesquisas
científicas” (art. 9º da Lei nº 9.985/2000). No entanto, a intervenção do Direito Penal deve ser sempre
a ultima ratio, somente atuando quando os demais ramos do Direito não forem suficientes. Trata-se do
princípio da intervenção mínima. Neste caso específico, embora a pesca tenha ocorrido numa Estação
Ecológica, a conduta em si não causou lesão ao bem jurídico, pois o único bagre encontrado com o
denunciado no momento da autuação estava vivo e, por isso, foi devolvido ao rio.

232 CICLOS RETA FINAL TJ/PR | @CICLOSR3

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