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Aula 02
Como andam as revisões do direito material? Além disso, firmes e fortes para
mais um encontro de Constitucional?
Diego Cerqueira
diegocerqueira@estrategiaconcursos.com.br
https://www.facebook.com/profdiegocerqueira/
@profdiegocerqueira
*Esse curso é desenvolvido por mim Diego Cerqueira, mas conta com a
participação dos Profs. Ricardo Vale e Prfª Nádia Carolina na elaboração do
conteúdo da revisão de Direito Material Constitucional, assim como
trabalhamos na 1ª fase do Exame da OAB.
SUMÁRIO PÁGINA
1 – Organização do Estado 2-15
2 – Repartição de competências 15-35
3 – Intervenção 36-43
4 – Administração Pública 44-64
5 – Poder Executivo 65-90
6 – Marcação do Código 91
1. Organização do Estado
A doutrina tradicional considera que os elementos constitutivos do Estado são o
território, o povo e o governo soberano. Nesse sentido, Manoel Gonçalves
Ferreira Filho afirma que “o Estado é uma associação humana (povo), radicada
em base espacial (território), que vive sob o comando de uma autoridade (poder)
não sujeita a qualquer outra (soberana).”1 Assim, temos que:
1
FERREIRA FILHO, Manoel Gonçalves. Curso de Direito Constitucional, 38ª edição. Editora Saraiva, São Paulo, 2012, pp. 75-76.
FEDERAÇÃO CONFEDERAÇÃO
2
CARVALHO, Kildare Gonçalves. Direito Constitucional: Teoria do Estado e da Constituição, Direito Constitucional Positivo, 16ª
edição. Ed. Del Rey. Belo Horizonte, 2010.
3
MENDES, Gilmar Ferreira; COELHO, Inocêncio Mártires; BRANCO, Paulo Gustavo Gonet. Curso de Direito Constitucional, 6ª edição.
Editora Saraiva, São Paulo, 2011. pp. 828.
4
MASSON, Nathalia. Manual de Direito Constitucional, Ed. Juspodium, Salvador: 2013, pp. 429.
A federação brasileira
5
MORAES, Alexandre de. Constituição do Brasil Interpretada e Legislação Constitucional, 9ª edição. São Paulo Editora Atlas: 2010,
pp. 636.
Os entes federativos (U, E, DF, M) são todos autônomos, isto é, são dotados de
auto-organização, autolegislação, autoadministração e autogoverno,
dentro dos limites estabelecidos pela CF/88. Há uma limitação de poder.
Soberania
• É atributo apenas da República Federativa do Brasil, do Estado federal em seu
conjunto. A União é quem representa a RFB no plano internacional (art. 21, I),
mas possui apenas autonomia, jamais soberania.
União
1.2.2 Estados
6
Não confunda Estado federado (sinônimo de Estado-membro) com Estado federal (sinônimo de República Federativa do Brasil). Os
primeiros são parte do segundo.
estadual, importante dizer que este é unicameral, sendo formado apenas pela
Assembleia Legislativa, diferentemente do Legislativo federal, que é bicameral.
Distrito Federal
7
ADI 1.842, Rel. Min. Gilmar Mendes, DJe: 13.09.2013.
todas. Algumas não lhe foram estendidas (Ex: competência para dispor sobre sua
organização judiciária, que é privativa da União (art. 22, XVII, CF).
Além disso, não pode organizar nem manter o Judiciário nem o Ministério Público,
nem as polícias civil e militar e o corpo de bombeiros. Todos esses órgãos são
organizados e mantidos pela União, cabendo a ela legislar sobre a matéria. Nesse
sentido, determina a Súmula Vinculante nº. 39 do STF que:
Municípios
Os Municípios são entes autônomos, sendo sua autonomia alçada, pela CRFB/88
à condição de princípio constitucional sensível (CF, art. 34, VII, “c”).
8
MORAES, Alexandre de. Constituição do Brasil Interpretada e Legislação Constitucional, 9ª edição. São Paulo Editora Atlas: 2010,
pp. 714.
Por fim, ainda de acordo com art. 29, XIII, CF/88, a iniciativa popular de leis no
Município se dará através da manifestação de, pelo menos, 5% do eleitorado.
Meus amigos, um detalhe importante para nossa prova! A quem compete julgar
o Prefeito?
Outro detalhe. Para o Superior Tribunal, o Prefeito será julgado pelo Tribunal de
Justiça (e não pelo tribunal do júri) no caso de crimes dolosos contra a vida.
Agora, cumpre destacar pessoal que essa competência originária disposta pela
CRFB/88 (resguardada as exceções mencionadas), vale para o processo e
julgamento das infrações penais comuns contra o Prefeito Municipal. Isso não
se estende ações populares, ações civis públicas e demais ações de
natureza cível. Não há foro privilegiado...
Territórios Federais
Apesar de não existir, atualmente, nenhum Território Federal 10, estes poderão
ser criados a qualquer tempo. Para a criação dos Territórios Federais, é
necessária lei complementar.
O Poder Executivo nos Territórios Federais é chefiado pelo Governador, que não
é eleito pelo povo. O Governador do Território é nomeado pelo Presidente da
República, com nome aprovado previamente, por voto secreto, após
arguição pública pelo Senado Federal. Compete privativamente à União
legislar sobre a organização administrativa dos Territórios (art. 22, XVII).
9
Crimes próprios: são infrações político-administrativas, cuja sanção corresponde à perda do mandato e à suspensão dos direitos políticos;
crimes impróprios são verdadeiras infrações penais, apenados com penas privativas de liberdade.
10
Atualmente, não existe nenhum Território Federal. Com a CF/88, os territórios de Roraima e do Amapá foram transformados em estados
federados; por sua vez, o território de Fernando de Noronha foi incorporado ao estado de Pernambuco.
E quais são os requisitos para que sejam realizadas essas alterações na estrutura
dos Estados?
De 1988 até 1996, a criação de Municípios era bem simples. As restrições não
eram tão grandes e, como consequência disso, multiplicaram-se os Municípios.
Na tentativa de moralizar a criação de Municípios, foi promulgada a EC nº
15/1996, cujas regras estão válidas até hoje. São, 5 (cinco) os requisitos para a
criação, incorporação, fusão e desmembramento de municípios:
Tendo em vista que, até hoje, o Congresso não editou lei complementar dispondo
sobre o período dentro do qual poderão ocorrer alterações na estrutura de
Municípios, conclui-se que, atualmente, esses entes não podem ser criados.
2. Repartição de Competências
Repartição de competências e a federação brasileira
11
MASSON, Nathalia. Manual de Direito Constitucional. Ed. Juspodium, Salvador, 2013, pp. 453.
A doutrina entende que a repartição de competências pode sim ser alterada por
emenda constitucional, desde que não represente uma ameaça tendente a abolir
a forma federativa de Estado (essa sim uma cláusula pétrea). Assim, apenas não
seria válida uma emenda constitucional que reduzisse de forma substancial a
autonomia de um ou mais entes federados.
Pessoal, peço uma atenção extra pois entraremos num dos tópicos mais
recorrentes em provas da 2ª fase. Inclusive uma das questões discursivas do XX
Vamos a seguir dar uma olhadinha nas competências exclusivas mais importantes
para fins de prova, ok? Após isso, vale a pena fazer uma leitura do dispositivo na
íntegra...
Com base no inciso VIII, o STF entende que é inconstitucional lei estadual
que estabeleça a obrigatoriedade de utilização, pelas agências bancárias,
de equipamento que atesta a autenticidade de cédulas.13 Ora, se a competência
para a fiscalização das operações de natureza financeira é competência exclusiva
da União, não cabe aos Estados editar lei nesse sentido.
E, para fechar, em 2016 o STF entendeu que é inconstitucional lei estadual que
12
STF, ADIN 3258. Rel. Min. Joaquim Barbosa. 06.04.2005.
13
STF, ADIN 3515, Rel. Min. Cezar Peluso. 01.08.2011
14
STF, ADPF 46, Rel. Min. Eros Grau. 05.08.2009.
15
STF, ADIN 4083. Rel. Min. Carmen Lucia. 25.11.2010
16
STF, ADI 3959/SP. Rel. Min. Luís Roberto Barroso, 20.04.2016.
17
ADI 3610. Rel. Min. Cezar Peluso. 01.08.2011
18
ADI 2.257, Rel. Min. Eros Grau, j. 06.04.05, DJ de 26.08.05.
XI - trânsito e transporte;
A União tem competência privativa para legislar sobre trânsito e transporte. Logo,
são inconstitucionais:
19
ADI 2.655, Rel. Min. Ellen Gracie, j. 09.03.04, DJ de 26.03.04.
Por sua vez, na ADI nº 4167, o STF reconheceu a competência da União para
dispor sobre “normas gerais relativas ao piso de vencimento dos professores
da educação básica, de modo a utilizá-lo como mecanismo de fomento ao
sistema educacional e de valorização profissional, e não apenas como
instrumento de proteção mínima ao trabalhador”. Além disso, na mesma ADI, o
STF considerou que é constitucional a norma geral federal que reserva o
percentual mínimo de 1/3 da carga horária dos docentes da educação básica
para dedicação às atividades extraclasse.
20
ADI 4060/SC, Rel. Min. Luiz Fux. Data de Julg: 25.02.2015.
Destaca-se ainda que nada impede que a União retome, a qualquer momento,
sua competência, legislando sobre a matéria delegada. Isso porque a delegação
não se confunde com renúncia de competência. Para Alexandre de Moraes,
essa delegação depende do cumprimento de três requisitos:
Competências Comuns
As competências dos Municípios são listadas, em sua maior parte, no artigo 30,
CF. Nele, há competências materiais (administrativas) e legislativas.
Régua de correção:
Item Pontuação
0,00/0,80/0,90
A. A norma municipal é inconstitucional, porque inexistente
consulta pública à população e qualquer estudo prévio de
viabilidade do novo ente federativo OU porque compete ao
Estado autorizar, mediante lei ordinária, o desmembramento do
município (0,80), segundo o Art. 18, § 4o, da CRFB/88 (0,10).
0,00/0,25/0,35
B) Atualmente, a criação, o desmembramento e a fusão de
municípios não é possível até que seja editada a lei
complementar federal que discipline as limitações de calendário
para tais atos (0,25), conforme Art. 18, § 4o, da CRFB/88
No que toca ao item b, o tema de responsabilização do médico não pode ser editado
por lei estadual, já que a atribuição de responsabilidade civil é matéria de
competência da União, nos termos do art. 22, I, CRFB/88.
Régua de correção:
Item Pontuação
*Meus amigos, peço por enquanto, que se concentrem apenas no item “a”, já que a
alternativa “b” trata do tema de controle de constitucionalidade, tema este que
faremos a revisão nas aulas seguintes.
Até o presente momento não existe lei complementar a que se refere o Art. 18, §
4º, da CRFB/88, e o período da lei estadual está fora do âmbito da EC 57 (Art. 96
do ADCT), evidenciando, portanto, flagrante inconstitucionalidade por omissão, já
pronunciada pelo STF.
Régua de correção:
Item Pontuação
A. Não. A lei do Estado X é inconstitucional, pois segundo o Art. 0,00/0,10/0,2
18, § 4º, da CRFB/88 (0,10), norma constitucional de eficácia 0/0,45/0,55
limitada (0,10), é necessária a elaboração de lei complementar
federal para a produção de seus efeitos (0,45). / 0,65
(...)
B) Não. Quanto ao mérito, não tem razão o partido político no seu pleito, sendo
caso de improcedência da ação, uma vez que a competência privativa da União
do Art. 22, XXVII, da Constituição Federal se refere a normas gerais, tendo os
estados federados competência para legislar sobre o tema para atender às suas
peculiaridades, desde que não haja afronta às normas gerais editadas pela União.
(...)
3. Intervenção
Intervenção Federal
Nos casos previstos no art. 34, I, II, III e V, o Presidente age de ofício,
independentemente de provocação. É a intervenção federal espontânea.
Solicitação do Requisição do
PE e PL
PR PR
PJ
conveniência e
oportunidade
Deverá decretar
21 O precatório é uma ordem judicial para pagamento de débitos dos entes federativos.
22
IF nº 164 / SP. Rel. Min. Gilmar Mendes. DJe: 13.12.2003.
Intervenção Estadual
Como vimos, a intervenção federal será decretada pelo Chefe Executivo. Para
isso, ele edita um decreto. É o chamado decreto interventivo, que especificará
a amplitude, o prazo e as condições de execução e, se couber, nomeará o
interventor. Esse decreto será submetido à apreciação do Congresso Nacional
Nesses casos (art. 34, VI e VII – atuação do PGR), a Constituição estabelece que,
dispensada a apreciação pelo Congresso Nacional ou pela Assembleia Legislativa,
o decreto limitar-se-á a suspender a execução do ato impugnado, se essa
medida bastar ao restabelecimento da normalidade. Caso, porém, essa medida
não for suficiente para restabelecer a normalidade, o Presidente da
República decretará a intervenção federal, que será submetida ao controle
político do Congresso Nacional.
Nos demais casos (art. 34, I, II, III, IV e V), uma das consequências da
intervenção será o afastamento temporário das autoridades de seus cargos.
Cessados os motivos da intervenção, as autoridades afastadas de seus cargos a
estes voltarão, salvo impedimento legal. Ufa... vamos treinar um pouco.
STOP 26 03 2019
9. (OAB — Exame X) O Estado W, sem motivo de força maior, não repassa
aos municípios receitas tributarias determinadas pela Constituição Federal,
nos prazos nela determinados. O Município JJ necessita dos recursos para
realizar os serviços básicos de atendimento à população. Diante do narrado,
responda aos itens a seguir.
A) Nos termos do Art. 34, V, b) da CFRB. (Art.34. A União não intervirá nos Estados
nem no Distrito Federal, exceto para: V - reorganizar as finanças da unidade da
Federação que: a) suspender o pagamento da dívida fundada por mais de dois anos
consecutivos, salvo motivo de força maior; b) deixar de entregar aos Municípios
receitas tributárias fixadas nesta Constituição, dentro dos prazos estabelecidos em
lei;). Trata-se de intervenção para defesa das finanças estaduais.
Régua de correção:
Item Pontuação
A) Intervenção da União nos Estados (0,25). Art. 34, V, ”b”, 0,00/0,25/0,50
da CRFB (0,25).
B1) Decreto do Presidente (CFRB, Art. 36) (0,15). 0,00/0,15/0,30/0,45
Submissão ao Congresso (CFRB, Art. 36) (0,15).
Convocação extraordinária (0,15)
B2) Conselho da República (Art. 90, I, da CRFB) (0,15) e o 0,00/0,15/0,30
Conselho de Defesa Nacional (Art.91, § 1º, II, da CRFB)
(0,15).
Nesse sentido, o Supremo Tribunal Federal, de longa data, deixou assentada essa
impossibilidade, registrando que os municípios situados no âmbito dos estados-
membros não se expõem à possibilidade constitucional de sofrerem intervenção
decretada pela União, eis que, relativamente a esses entes municipais, a única
pessoa política ativamente legitimada a neles intervir é o Estado-membro. Por isso
mesmo, no sistema constitucional brasileiro, falece legitimidade ativa à União para
intervir em quaisquer Municípios, ressalvados, unicamente, os Municípios
localizados em Território Federal.
Régua de correção:
Item Pontuação
A) Não, pois a intervenção é medida excepcional, que só poderá 0,00/0,45/0,55/
ocorrer nas hipóteses taxativamente enumeradas no texto 0,65
constitucional. E a Constituição somente autoriza a intervenção
federal em estados ou em municípios situados em territórios
federais (0,45) - artigos 34 (0,10) e 35 (0,10) da CRFB.
Entretanto veda a intervenção federal em municípios situados
em estados (ainda que haja omissão do Estado). Obs.: A mera
citação do dispositivo legal não pontua.
B) Sim, pois a própria Constituição da República estabelece o 0,00/0,50/0,60
controle político a posteriori da Assembleia Legislativa do Estado
sobre o decreto de intervenção expedido pelo Governador
(0,50), de acordo com Art. 36, § 1º, CRFB (0,10). Obs.: A mera
citação do dispositivo legal não pontua.
Régua de correção:
Item Pontuação
A Não, porque o controle político exigido nessa hipótese é a 0,00/0,50/0,60/
posteriori (0,50) conforme o Art. 36, § 1o, da CRFB/88 (0,10).
B) Sim, porque embora obrigatória a oitiva dos Conselhos da 0,00/0,55/0,65
República e de Defesa Nacional, suas manifestações não
possuem caráter vinculante OU possuem caráter meramente
consultivo (0,55), conforme dispõem os Artigos 89 E 91, caput.
(0,10).
4. Administração Pública
Princípios Explícitos da Administração Pública
“LIMPE"
a) Princípio da legalidade
b) Princípio da impessoalidade
23
MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro, 21a Edição, 1995
Extrai-se também do art. 37, CF, alguns incisos importantes que se relacionam
com o princípio da impessoalidade, a exemplo dos incisos I e II, que tratam da
acessibilidade dos cargos e empregos públicos, de acordo com requisitos legais
(e não apenas pessoais), além é claro a obrigatoriedade do procedimento
licitatório de modo imparcial e impessoal nos termos da lei, regra que deve ser
observância obrigatória para as aquisições do Poder Público (art. 37, XXI).
c) Princípio da moralidade
O art. 37, § 4º, CF/88, por sua vez, prevê a responsabilização por atos de
improbidade administrativa. Os atos de improbidade administrativa poderão
ensejar a suspensão dos direitos políticos, a perda da função pública, a
indisponibilidade dos bens e ressarcimento ao Erário. Tudo isso sem
prejuízo da ação penal cabível, que também poderá ser proposta.
SU
PER
SUspensão dos REI Mnemônico: “SUPER REI”
direitos políticos PERda da função
pública REssarcimento ao
erário +
Indisponibilidade
dos bens
d) Princípio da publicidade
Cabe destacar, ainda, que somente com a publicidade dos atos administrativos é
que se torna viável o exercício do controle da Administração, seja este controle
realizado pelos próprios cidadãos (controle social) ou pelos chamados órgãos de
controle (CGU e TCU).
e) Princípio da eficiência
24
Pleno, SS 3902 AgR-segundo / SP - SÃO PAULO, Rel. Min. Ayres Britto, j. 09.06.2011, DJe-189 DIVULG 30-09-2011 PUBLIC 03-10-
2011.
servidores públicos (art. 37, VII). Recorde-se que o direito de greve dos
servidores públicos é norma constitucional de eficácia limitada.
Agentes Públicos
Segundo o art. 37, inciso I, CF/88, “os cargos, empregos e funções públicas são
acessíveis aos brasileiros que preencham os requisitos estabelecidos em lei,
assim como aos estrangeiros, na forma da lei”.
Os brasileiros, para que possam ter acesso aos cargos, empregos e funções
públicas, devem cumprir os requisitos definidos em lei. Assim, somente a lei
é que pode definir os requisitos para acesso a cargos públicos. E, aqui, o Supremo
já se manifestou várias vezes seguindo esse entendimento:
25
RE 558.833-AgR. Rel. Min. Ellen Gracie. Julgamento em 08.09.2009.
26
RE 559.823-AgR. Rel. Min. Joaquim Barbosa. Julgamento em 27.11.2007.
Concurso Público
O art. 37, inciso II, CF/88, dispõe que “a investidura em cargo ou emprego público
depende de aprovação prévia em concurso público de provas ou de provas e
títulos, de acordo com a natureza e a complexidade do cargo ou emprego, na
forma prevista em lei, ressalvadas as nomeações para cargo em comissão
declarado em lei de livre nomeação e exoneração”.
27
RE 598.099. Rel. Min. Gilmar Mendes. Julgamento em 10.08.2011.
(...)
PAUSA 27 03 2019
Cargos em comissão e funções de confiança
No art. 37, inciso V, a Carta da República trata das funções de confiança e dos
cargos em comissão:
Funções de confiança
Funções de confiança Cargos em comissão
e cargos em comissão
Vale destacar que o STF interpretou que a vedação ao nepotismo não alcançaria
a nomeação em 02 condições:
Além disso, cumpre destacar que em 2016 o Supremo Tribunal Federal firmou
uma nova posição de que “Nomeação para cargo político não afasta (por si
só) aplicação da súmula sobre nepotismo”. A análise deve ser caso a caso.
Tanto que cita até a possibilidade de verificar a eventual ocorrência de
“nepotismo cruzado” ou outra modalidade de fraude à lei e descumprimento dos
princípios administrativos.
Como tal lei ainda não foi editada, o STF, no julgamento de três mandados de
injunção, adotando a posição concretista geral, determinou a aplicação ao setor
público, no que couber, da lei de greve vigente no setor privado (Lei no
7.783/1989) até a edição da lei regulamentadora.
Artigo da CF Permissão
Art. 38, III Acúmulo do cargo de vereador e outro cargo, emprego ou função,
sem prejuízo da remuneração do cargo eletivo
Art. 95, parágrafo Permissão para que juízes exerçam o magistério
único, I
Art. 125, § 5º, II, Permissão para que membros do Ministério Público exerçam o
“d” magistério
Não menos importante, o art. 37, §10, CF/88 estabelece importante regra sobre
os proventos de aposentadoria. Como regra geral, é vedada a acumulação de
Um último detalhe para fecharmos esse tópico. O art. 38 da Carta Magna traz as
regras aplicáveis aos servidores que estiverem no exercício de mandato eletivo:
sua remuneração;
III - investido no mandato de Vereador, havendo
compatibilidade de horários, perceberá as vantagens de
seu cargo, emprego ou função, sem prejuízo da
remuneração do cargo eletivo, e, não havendo
compatibilidade, será aplicada a norma do inciso anterior;
IV - em qualquer caso que exija o afastamento para o
exercício de mandato eletivo, seu tempo de serviço será
contado para todos os efeitos legais, exceto para
promoção por merecimento;
V - para efeito de benefício previdenciário, no caso de
afastamento, os valores serão determinados como se
no exercício estivesse.
E qual remuneração será recebida pelo servidor afastado para exercer mandato
eletivo federal, estadual ou distrital? Boa pergunta. Ele receberá a remuneração
do mandato eletivo, obrigatoriamente. E se o for investido em mandato eletivo
municipal?
Nesse caso, temos regras diferentes. O servidor que for investido no mandato
de Prefeito, será afastado do cargo e poderá optar pela remuneração do
seu cargo ou pela remuneração do mandato eletivo.
O art. 38, IV, da CF/88 determina, ainda, que nos casos de afastamento do
servidor, seu tempo de exercício no mandato eletivo será contado como tempo
de serviço para todos os efeitos legais, exceto para promoção por merecimento.
Para efeito de benefício previdenciário, no caso de afastamento, os valores serão
determinados como se no exercício estivesse.
Obrigatoriedade de Licitação
Destaca-se, porém, que a Carta Magna permite que alguns casos excepcionais
sofram ressalva na legislação. Como se trata de situações excepcionais, as
A responsabilidade civil do Estado é objetiva, o que quer dizer que este terá a
obrigação de indenizar os danos que seus agentes, atuando nessa qualidade,
produzirem independentemente de terem agido com dolo ou culpa. É
exatamente isso o que dispõe o art. 37, § 6º, CF/88:
12. (OAB - XXV Exame de Ordem 2018) O Município Alfa, com o objetivo de
solucionar a falta de profissionais dedicados à saúde pública, após o regular
processo legislativo, altera a Lei Orgânica Municipal (LOM), de modo a
permitir a acumulação remunerada de 3 (três) cargos de profissionais da
área de saúde. No que tange à acumulação de cargos, as normas da
Constituição do estado em questão reproduzem as normas da Constituição
da República Federativa do Brasil, de 1988.
A) No caso prático, tem-se que a norma é inconstitucional. Isto porque, o art. 37,
inciso XVI, alínea c, da nossa Constituição de 1988 somente permite a acumulação
remunerada de 2 (dois) cargos ou empregos de profissionais da área de saúde,
sendo de observância obrigatória pela Lei Orgânica Municipal, conforme dispõe o
Art. 29, caput, da CRFB/88.
A norma da Lei Orgânica ela possui natureza municipal e, assim sendo, pode vir a
ser objeto da representação por inconstitucionalidade estadual, na forma do Art.
29 e do Art. 125, § 2o, ambos da CRFB/88.
Régua de correção:
Item Pontuação
5. Poder Executivo
Funções do Poder Executivo
Presidencialismo x Parlamentarismo
O presidencialismo tem suas origens nos EUA, que o adotaram como sistema
de governo na Constituição de 1787. Possui como características principais:
28
SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo, 35ª edição, Ed. Malheiros, São Paulo, 2012.
29
MORAES, Alexandre de. Constituição do Brasil Interpretada e Legislação Constitucional, 9ª edição. São Paulo Editora Atlas: 2010,
pp. 1228.
30
MENDES, Gilmar Ferreira; BRANCO, Paulo Gustavo Gonet, COELHO, Inocência Mártires. Curso de Direito Constitucional, 5ª edição.
São Paulo: Saraiva, 2010, pp. 935
O parlamentarismo, por sua vez, tem suas origens, na Inglaterra do século XI.
Suas características principais são as seguintes:
Investidura e Posse
A CRFB/88 diz que o Poder Executivo é exercido pelo Presidente da República,
auxiliado pelos Ministros de Estado. Para que um indivíduo possa ocupar o cargo
de Presidente, ele deverá cumprir os seguintes requisitos constitucionais:
31
MASSON, Nathalia. Manual de Direito Constitucional. Ed. Juspodium, Salvador, 2013, pp. 731-732
Se a maioria absoluta não for obtida no primeiro turno, será realizado o segundo
turno. Irão concorrer os dois candidatos mais votados no primeiro turno. Havendo
empate em segundo lugar, será qualificado o mais idoso, que irá, então,
disputar o segundo turno. Destaque-se que será considerado eleito, no segundo
turno, aquele que obtiver a maioria dos votos válidos.
Impedimento e Vacância
2º
• Presidente do Senado Federal
3º
• o Presidente do STF
Há uma notória distinção entre as leis e os decretos executivos. A lei pode inovar
o ordenamento jurídico, criando direitos e obrigações; o decreto executivo não
poderá fazê-lo, limitando-se a facilitar a execução das leis. Conforme lição de
Alexandre de Moraes, essa vedação não significa que o regulamento deva se
limitar a reproduzir o texto da lei, sob pena de inutilidade.
32
A divisão nesses grupos de funções se baseia na doutrina do Prof. Gilmar Mendes.
33
Há que se observar apenas que os Ministros de Estado devem ser escolhidos entre brasileiros com mais de 21 anos e no pleno exercício
dos direitos políticos.
lacunas de ordem prática ou técnica. Vale lembrar que a edição dos decretos
executivos é competência indelegável do Presidente da República.
Perceba que a criação ou extinção de órgão público não poderá ser objeto de
decreto autônomo: haverá necessidade de lei formal. Da mesma maneira, é
necessária lei para tratar da organização e funcionamento de administração
federal quando houver aumento de despesa. A extinção de funções ou cargos
públicos que estiverem ocupados também depende de lei formal.
O Tribunal de Contas da União (TCU) possui 9 (nove) Ministros. Desses, 2/3 são
escolhidos pelo Congresso Nacional e 1/3 pelo Presidente da República. Aqueles
que forem escolhidos pelo Presidente da República deverão ter seu nome
previamente aprovado pelo Senado Federal, após o que serão nomeados.
Destaque-se que, na forma do art. 84, XV, mesmo os Ministros do TCU escolhidos
pelo Congresso Nacional, serão nomeados pelo Presidente.
34
MASSON, Nathalia. Manual de Direito Constitucional. Ed. Juspodium, Salvador, 2013, pp. 749
Já no caso da extinção de cargos públicos, quando vagos, poderá ser feito por
decreto autônomo. No entanto, quando os cargos estiverem ocupados, a sua
extinção dependerá de lei formal. Considerando que a edição de decretos
autônomos é delegável, a extinção de cargos públicos vagos poderá ser
delegada aos Ministros de Estado, ao Advogado Geral da União e ao Procurador-
Geral da República. No entanto, a extinção de cargos públicos ocupados não é
matéria delegável.
No caso do inciso XXIV, atenção mais que especial (rs). Ele faz referência à
prestação de contas do Presidente da República, que deve ser apresentada
ao Congresso Nacional dentro de 60 dias após a abertura da sessão legislativa.
Destaque-se que compete ao Congresso Nacional julgar as contas do
Presidente da República, com parecer prévio do TCU.
(...)
VIII - celebrar tratados, convenções e atos
internacionais, sujeitos a referendo do Congresso
Nacional;
35
Inq. 672/DF. Rel. Min Celso de Mello, 16.04.1993.
36
ADI 4764, ADI 4797 e ADI 4798. Rel. Min. Luís Roberto Barroso. 04.05.2017.
(...)
Há dois tipos de infrações que podem ser cometidas pelo Presidente da República:
i) crimes comuns e; ii) crimes de responsabilidade. Os crimes comuns são as
infrações penais comuns, tipificadas no Código Penal e em outras leis penais
especiais. Já os crimes de responsabilidade são infrações político-
administrativas cometidas no exercício do cargo.
Uma vez que seja recebida a denúncia ou queixa-crime pelo STF, o Presidente
ficará suspenso das suas funções. Ele ficará suspenso e só retornará às suas
funções caso seja absolvido ao final do julgamento, ou se decorrerem mais
de 180 dias sem que o julgamento tenha sido concluído. Se o julgamento
demorar muito (mais de 180 dias), cessará o afastamento do Presidente, sem
prejuízo do regular prosseguimento do processo.
37
MS 21.623/DF. Rel. Min. Carlos Velloso, Julgamento em 17/12/1992.
Se a acusação for admitida pela Câmara dos Deputados (em votação nominal,
por 2/3 dos seus membros), o processo será remetido ao Senado Federal, a
fim de que este órgão processe e julgue o Presidente. (art. 51, CRFB/88)
*Novidade! Agora no final de 2015, na ADPF 378, o STF decidiu que, no Senado,
haverá novo juízo de admissibilidade da denúncia (por maioria simples). O
Senado Federal possui, dessa forma, discricionariedade para decidir pela
instauração ou não do processo contra o Presidente da República. Em outras
palavras, o Senado Federal não está vinculado ao juízo de admissibilidade
da Câmara dos Deputados.40
39
MS-MC-QO 21.564/DF. Rel. Min. Carlos Velloso. 27.08.1993.
40
ADPF 378. Rel. Min. Luiz Edson Fachin. Julg. 17.12.2015.
Admitida a denúncia pelo Senado Federal (por maioria simples), será instaurado
o processo contra o Presidente. O Senado Federal irá, então, atuar como
verdadeiro “Tribunal político”41, sendo presidido pelo Presidente do STF.
Cabe destacar que, segundo o STF, não é cabível recurso contra o mérito da
decisão do Senado Federal no processo de “impeachment”.43 Entretanto, o STF
considera que, no processo constitucional de “impeachment”, devem ser
assegurados os princípios do devido processo legal, dentre eles o
contraditório, a ampla defesa e a fundamentação das decisões. Assim, é cabível
controle jurisdicional quanto aos aspectos processuais (formais).
Uma vez condenado por crime de responsabilidade, não haverá qualquer pena
privativa de liberdade. As penalidades aplicadas serão duas: i) perda do cargo
e; ii) inabilitação, por 8 (oito) anos, para o exercício de função pública.
41
MENDES, Gilmar Ferreira; BRANCO, Paulo Gustavo Gonet, COELHO, Inocência Mártires. Curso de Direito Constitucional, 5ª edição.
São Paulo: Saraiva, 2010, pp. 959.
42
MORAES, Alexandre de. Constituição do Brasil Interpretada e Legislação Constitucional, 9ª edição. São Paulo Editora Atlas: 2010,
pp. 1279.
43
STF, MS 21.689-1/DF. Rel. Min. Carlos Velloso. 07.04.1995.
Destaque-se que essa inabilitação vale para toda e qualquer função pública,
sejam aquelas obtidas mediante aprovação em concurso público, cargos
comissionados ou mandatos eletivos.
Substituição Presidencial
Por fim, para fecharmos nosso estudo, temos um detalhe importante.
Estudamos agora a pouco que, quando o Presidente da República se torna réu
em processo-crime, ele fica afastado do exercício de suas funções. (Retornará
apenas se for absolvido ou se o julgamento não for concluído dentro de 180 dias).
Até aqui tudo bem?
E como ficaria a linha sucessória professor? Se os pretendentes na linha
sucessória forem réus em processo penal, eles podem vir a ocupar o cargo do
Presidente?
Então. No julgamento da ADPF nº. 402, o Supremo Tribunal entendeu que
aqueles que forem réus em processo-criminal não poderão exercer o cargo de
Presidente da República em substituição.
Por outro lado, dada a condição de réu em processo criminal, tal fato não impede
que o sujeito continue exercendo a função que ocupa, a exemplo do
Presidência da Câmara, do Senado, do STF.....
quem compete resolver definitivamente sobre Tratados, promovendo a sua
internalização, conforme dispõe o Art. 49, inciso I, da Constituição Federal.
B) Tratados internacionais que não versam sobre direitos humanos, como o
referido na questão, depois de internalizados, ingressam no ordenamento jurídico
com status de Lei Ordinária.
C) Pelo Princípio da Supremacia da Constituição, conflito entre norma
constitucional e norma com hierarquia de Lei Ordinária deve ser resolvido
atestando-se a primazia do dispositivo constitucional.
Régua de correção:
Item Pontuação
14. (OAB — Exame XII) Insatisfeito com a demora para a efetivação das
desapropriações necessárias à construção de uma rodovia federal, o
Presidente da República editou o Decreto nº. 9.999, por meio do qual,
expressamente, determinou a revogação do Decreto-Lei n. 3.365/1941, que
dispunha sobre a desapropriação por utilidade pública, e, ao mesmo tempo,
institui novo regramento a respeito do tema.
Sobre a hipótese apresentada, responda, justificadamente, aos itens a
seguir.
A) Em nosso ordenamento jurídico constitucional, existe previsão para a
edição de decreto autônomo? (Valor: 0,50)
B) É possível a revogação do Decreto-Lei n. 3.365/1941 pelo decreto
presidencial? (Valor: 0,75)
Régua de correção:
Item Pontuação
6. Marcação do Código
Art. 18 e parágrafos 2º ao 4º
Art. 21, incisos XIII e XIV, c/c art. 32, §1º Súmula vinculante 39, STF
Art, 37 (eficiência – c/c §2º, 3º, 7º e 8º + art. 41 §1º, III + §4º + art. 70, CRFB/88
Art. 2º da Lei nº 9.784/99 + art. 5º, XXXV, art. 37, VII Súmula 473, STF
Art. 37, XVI + art. 38, III + art. 95, parágrafo I e único + art. 125, § 5º, II, “d”
Art. 79 e 80
Art. 84 caput e incisos I ao VI, VIII, XIX e X + XV, XVII, XVIII, XXIII, XXV e XXVI
+ parágrafo único