Você está na página 1de 17

Universidade Estadual Paulista- UNESP

Faculdade de Engenharia de Bauru

Departamento de Engenharia Civil

Disciplina Materiais

Prof. Dr. Adilson Renófio

Grupo 8 - Seleção de Materiais

Grupo:

Edmar 412881

Evelyn 612634

Rita 412805

Rubens 517828

Suzy 518174

Thiago Cabral 412821


Índice

Resumo Pág. 03

1.Introdução Pág. 04

2.Elaboração da SM Pág. 05

3.Diferentes Requisitos Pág. 06

4.Índice de Mérito Pág. 07

5.Mapas de Propriedades- Diagrama de Seleção de Materiais Pág. 11

6.Visão Macroscópica e Microscópica Pág. 13

7.Matrizes de Decisão Pág. 15

8.Considerações Finais Pág. 16

9.Referências Pág. 16

2
Resumo

Uma atividade das mais importantes para o engenheiro de materiais e também para
profissionais de outras especialidades tecnológicas é a seleção de materiais (SM). Neste
trabalho se apresenta os principais requisitos de seleção e as diferentes situações nas quais
se exerce a SM. Em seguida discutiremos a aplicação das visões "macroscópica" e
"microscópica", a primeira necessária nos estágios iniciais do processo, para que nenhuma
oportunidade de seleção seja perdida, e a segunda mais adequada ao detalhamento final,
após aplicação das restrições pertinentes. Segue a apresentação do conceito de índice de
mérito (IM) e a metodologia para sua dedução. O IM é uma fórmula algébrica que no
contexto de determinado requisito identifica as variáveis importantes e suas relações
funcionais. Por fim discute-se a metodologia de formalização dos procedimentos de SM
através de matrizes de decisão.

3
1. Introdução

A Seleção de Material (SM) é uma das atividades mais importantes que pode ser destinada
a um Engenheiro de Produção dentro da elaboração de um projeto. É complexa, que exige
do profissional responsável uma gama de conhecimento e a necessidade de parcerias de
profissionais de outras áreas, tais como, por exemplo, Engenharia Mecânica e Matérias
entre outras. Decisões inadequadas ou inapropriadas podem ser desastrosas , tanto do ponto
de vista econômico como de ponto de vista de segurança.

Para um cientista de materiais ou para um Engenheiro de materiais, o projeto pode ser


considerado segundo vários contextos. Em primeiro lugar, pode significar o projeto de
novos materiais que possuam combinações únicas de suas propriedades. Sob outro aspecto,
projeto pode envolver a seleção de um novo material que possua uma melhor combinação
de características para uma aplicação específica: a escolha de um material não pode ser
feita sem levar em consideração os processos de fabricação exigidos (por exemplo,
conformação, solda, etc), os quais também dependem das propriedades de uma material que
possua melhores propriedades.

Para uma dada aplicação do futuro projeto onde a seleção de um material apresente uma
propriedade ou uma combinação de propriedade que seja desejável ou ótima, os elementos
desse processo de seleção envolvem a decisão dos limites e das restrições do problema e, a
partir desses limites, o estabelecimento de critérios que possam ser utilizados na SM para a
maximização do desempenho destes.

4
2. Elaboração de SM

Figura 1. Fluxograma das etapas para se chegar a um produto final.

O fluxograma acima reforça a idéia de que a SM, para ser bem elaborada, depende de
diversas etapas, desde o início ao fim do processo, e cada uma dessas etapas depende de
informações diferentes.

Para a realização de um projeto é necessária uma análise mercadológica levantando dados,


a partir do ambiente de implementação do projeto, avaliando os requisitos de mercado.
Estes dados fornecerão estatísticas que serão referências para a formação e composição do
custo provável (manufatura, material, manutenção, etc). Ainda, do conhecimento das
demandas ambientais depende o estabelecimento da expectativa de vida do produto, seu
desempenho, os requisitos de manutenção e as condições de operação. Por exemplo,
determinado ambiente industrial pode incentivar a corrosão sob tensão, o que deve ser
levado em conta na análise de tensões e no dimensionamento. Em resumo a Figura 1 mostra
os passos necessários para produzir determinado produto e ressalta quatro considerações

5
principais: (1) a função – o que o objeto deve fazer; (2) em que ambiente deverá operar; (3)
por quanto tempo, e (4) qual o custo da solução encontrada e como este se compara com as
expectativas

3. Diferentes necessidades de SM

Na esteira do desenvolvimento tecnológico, a seleção de material tem contribuído para


indicar as direções dos vetores tecnológicos e econômicos dos projetos de engenharia. A
engenharia moderna freqüentemente defronta-se com a necessidade de substituir o material
empregado na fabricação de um produto, por outro que atenda a novas exigências de
projeto ou da sociedade. A exigências da sociedade neste fim de século têm tido como
principais acionadores aspectos como: necessidade de se reduzir consumo de energia e
preservar a vida e o meio ambiente.

Afim de atender a estas demandas a engenharia deve colocar em prática mecanismos que
permitam prever a eficácia e a durabilidade das soluções encontradas para a fabricação de
um determinado produto. Isto requer o desenvolvimento de parâmetros específicos que
permitam quantificar a eficácia da escolha de um determinado material para a fabricação de
um produto e permita ao engenheiro conhecer, de maneira rápida todo o universo de
materiais que possam atender à sua demanda e escolher dentro deste universo aquele que
melhor se adeque à solução buscada.

As atividades de SM podem ser executadas tendo múltiplos objetivos em mente, cada um


caracterizado por um ou mais requisitos específicos. A lista a seguir fornece alguns
exemplos:

• Redução de custo: as estratégias podem incluir troca do material de construção, por


exemplo polímeros substituindo aços na indústria automotiva. Um exemplo é o

6
conjunto de pedais em nylon reforçado com fibra de vidro, utilizado em um
automóvel FIAT, que pesa 2,7 kg (cerca de metade do conjunto original em aço) e
custa cerca de 20% menos.
• Novas condições de serviço: exemplificadas por aumento de pressão e temperatura
em um equipamento de processo na indústria química.
• Materiais versus processo. Há casos em que é necessário proceder a substituição de
materiais para permitir a adoção de um processo de fabricação mais econômico.
• Redução de peso: este é um requisito universal para qualquer produto que seja
móvel. A indústria automotiva é especialmente sensível a este aspecto, que como
mostra a Figura 2, está fortemente relacionado com o consumo de combustível. A
Tabela I associa materiais a economia de peso na indústria automotiva. Os dados
são fornecidos em termos de igual rigidez e resistência, isto é, já incluem diferenças
de seção causadas pelos diferentes valores do módulo de elasticidade (E) e tensão
de escoamento (σy). Da figura e da tabela fica claro que substituição de materiais
tem enorme potencial para redução de massa.

7
. Figura 2. Efeito da massa do automóvel no consumo de combustível.

Tabela I. Economia de Massa (em %) Obtida Pela Substituição do Aço Baixo Carbono por
Diferentes Materiais, em Partes do Automóvel Construídas por Chapas Finas

Material Igual rigidez Igual resistência


Aço Base Base
Aço microligado 0 18
Alumínio 52 50
PRFV 38 25
PRFC 48 60

• Novos materiais: há casos em que adoção de um novo material leva ao reprojeto


completo do produto ou componente. Um exemplo é a substituição de ímãs
permanentes de ferrita por ímãs baseados em Terras Raras. . A Figura 3-a mostra a
curva de desmagnetização para ímãs permanentes de ferrita, de SmCo5 e de NdFeB,
que tem produtos de energia BHmax da ordem de 3, 20 e 35 MGOe. As dimensões
dos ímãs diminuem sensivelmente com BHmax contribuindo assim para a
miniaturização do dispositivo, motor ou alto-falante que seja. Mas como a Figura
3-b mostra há outras conseqüências: para motores elétricos de alta potência a
seleção de ímãs de Nd-Fe-B implica em total mudança de projeto, com os ímãs
sendo alojados no rotor ao invés de no estator .

8
(a) (b)

Figura 3. Em (a) tem-se curvas de magnetização de ímãs de ferrita, de SmCo5 e de Nd-Fe-


B. Em (b) são comparados circuitos esquemáticos de motores e alto-falantes construídos
com ímãs desses materiais.

4. Índice de Mérito

Para buscar soluções o engenheiro necessita lançar mão de bancos de dados com
informações que atendam o problema específico de seu projeto, e de um modelo que
permita julgar o desempenho dos diversos materiais para função específica desejada. O
conceito importante neste caso é o de Índice de Mérito (ou índice de desempenho) que rege
a aplicação buscada.

O Índice de Mérito (IM) é uma fórmula algébrica que expressa um compromisso entre duas
características ou propriedades. Em sua forma mais simples um IM é geralmente uma
fração, tendo no numerador a propriedade que se quer maximizar e no denominador a que
se deseja minimizar. Desta forma, o material que fornecer o maior valor é o mais
adequado.

9
Para se deduzir o IM devem ser seguidas algumas etapas:

• Estabelecimento da função do produto ou componente - normalmente realizada


por simples inspeção do objeto. Por exemplo, uma viga deve resistir a forças de
flexão; um ímã exerce uma força de atração ou repulsão; uma pá de ventilador
produz um fluxo de ar; um capacitor deve armazenar uma dada quantidade de
energia, etc.
• Estabelecimento do objetivo principal - expressa o requisito imposto àquela etapa
de seleção. Assim, para os exemplos dados acima, podemos ter:

Barra ⇒ Minimização de massa


Capacitor, ímã ⇒ Minimização de volume
Ventilador ⇒ Maximização da vazão de ar

Cada um desses objetivos pode ser expresso por uma equação

• Identificação da restrição - identificada com o desempenho e com a propriedade


que o controla, no contexto do objetivo desejado. Se Expressa por uma equação cuja
forma é determinada pela função do produto em estudo.

Analisando um estudo de caso:

O conceito do índice de mérito (IM) pode ser melhor compreendido através de um


modelo de produto que deva atender a uma função simples. É o caso do projeto do um
tirante que deve resistir a uma força de tração sem falhar por escoamento plástico, e que
seja leve (figura 4).
A decisão de projetar um tirante leve implica em minimizar a massa m do material a ser
empregado em sua fabricação. A massa é dada por:

m =A.l.ρ (1)

10
Figura 4. Representação de um tirante submetido à um carregamento trativo de uma força
F; A é a área da seção transversal resistente do tirante.

Onde A é a área da seção transversal do tirante, l o comprimento do tirante e ρ a densidade


do material do qual ele é feito. O comprimento l do tirante e a carga F são especificados
pelo projeto e não podem ser modificados. O raio do tirante r é livre e vai determinar a
seção resistente do tirante. A seção deve ser suficiente para suportar a carga F de modo que

(2)

Onde σ f é a tensão de falha do material, e Sf, o fator de segurança. Eliminando A das das
equações (1) e (2) tem-se que

(3)
Pode-se notar que a equação (3) fornece uma expressão na qual, o lado direito tem um
primeiro grupo de variáveis que caracterizam os parâmetros (os requerimentos) funcionais
do projeto, que são a carga e o fator de segurança; um segundo grupo de parâmetros
especificam a geometria do projeto, que é o comprimento do tirante; o terceiro grupo de
parâmetros define as propriedades do material. A melhor solução para o projeto de um

11
tirante leve é aquela que propõe um material com menor valor de (ρ/sf). Para uma melhor
adequação usa-se o conceito de IM que é exatamente o inverso dessa razão, assim, aquele
que possui o máximo valor de M é uma material que possui alto nível de desempenho.

(4)
M é denominado índice de desempenho para o tirante.

5. Mapas de Propriedades – Diagrama de Seleção de Materiais

O Mapa de Propriedades é um espaço bi-dimensional que permite conhecer o


comportamento de todas as classes de materiais, com respeito a uma propriedade ou uma
combinação de propriedades. Com seu auxílio, é possível comparar o desempenho de todas
as classes de materiais para uma dada aplicação, tornando a seleção de materiais mais
eficiente e abrangente.

Figura 5. Um exemplo dos Mapas de Propriedades é o mapa módulo de Young versus


densidade pode ser utilizado em processos de seleção objetivando minimização de massa
em projetos regidos por elasticidade

12
Considerando a aplicação do tirante leve, o mapa de propriedades de interesse é gerado em
um espaço limite de escoamento, σf, versus densidade, ρ. Este mapa é mostrado na figura 3
em escalas log-log. Para utilização do mapa de propriedades (a luz do critério estabelecido
no modelo), aplica-se logarítmo em ambos os lados da equação (4). Deste modo tem-se:

(5)

A equação (5) representa uma reta de coeficiente angular igual a 1 que pode ser traçada
sobre o mapa. Diferentes valores de M representam diferentes retas sobre o mapa. Os
materiais cujas envoltórias são cortadas pela reta que corresponde a um valor de M têm o
mesmo valor do IM. Em princípio, atenderão da mesma maneira ao critério estabelecido
pelo modelo. No mapa são indicados alguns materiais que seriam aprovados pelo critério de
índice de mérito M = sf/ρ = 85. São aqueles que são cortados ou se situam acima da reta
M=85.

Figura 6. Mapa de propriedades limite de escoamento versus densidade, apropriado


para a seleção de materiais para um tirante leve.

13
Outros critérios serão usados em etapas mais avançadas do projeto, como o processo de
fabricação e o custo dos materiais. Estes critérios deverão reduzir a escolha dos materiais
até chegar-se a um único material selecionado.

O custo do material é uma outra consideração importante no processo de seleção. Em


situações de engenharia na vida real, o aspecto econômico da aplicação é com freqüência a
questão preponderante, e irá normalmente ditar qual material será selecionado. Uma
maneira de determinar o custo do material é através do produto do preço do material (com
base em uma massa unitária) pela massa de material necessária. Dessa forma, quando o
fator econômico é levado em consideração, existe uma alteração significativa dentro do
esquema de classificação dos materiais.

Ao decidir em relação ao melhor material, pode ser interessante construir uma tabela
empregando os resultados dos vários critérios que foram usados. A tabulação incluiria, para
todos os materiais candidatos, o índice de desempenho, custos, etc., de acordo com cada
critério, assim como comentários referentes a quaisquer outras considerações importantes.
Essa tabela coloca em perspectiva as questões que são realmente importantes e facilita o
processo final de tomada de decisão.

6. Visão Macroscópica e Microscópica

O processo de seleção pode ser esquematizado como a Figura 4. Inicialmente existe uma
gama de opções de materiais que possivelmente podem ser adaptados a um projeto de modo
a não perder nenhuma oportunidade razoável. Mas conforme a aplicação de sucessivas
restrições transforma essa abordagem inicial em uma mais detalhada e seletiva à medida
que o processo se move para a direita da figura, o que dá a forma de um funil. Pode-se dizer
que o processo de seleção inicia com uma abordagem macroscópica e termina com uma
abordagem microscópica.

14
Figura 7. O “afunilamento” de um típico procedimento de seleção de materiais e alguns
critérios de decisão ao longo do evento.

7. Matrizes de Decisão

O fato de os procedimentos de seleção normalmente incluírem vários requisitos e a


existência de correlações inversas entre as propriedades dos materiais, geram situações de
conflito.

As matrizes de decisão contém os materiais candidatos, os requisitos, as propriedades dos


materiais (inclusive custo) e os fatores de proporcionalidade ou pesos. Esses constituem o
aspecto mais importante das matrizes e o que apresenta maiores dificuldades em sua
determinação. É a representação numérica da importância relativa dos critérios e sua
determinação depende de conhecimentos de diversas naturezas:

15
• Mercadológico – custo (função do nicho do mercado); escala de produção (tamanho do
mercado consumidor); durabilidade, estética, etc.

• Técnico – deve-se conhecer o efeito das propriedades mecânicas e físicas no contexto das
condições de operação: ex. o valor da tenacidade para um componente estático e para um
componente dinâmico terá pesos diferentes.

• Industriais e corporativos– disponibilidade de insumos primários ou de matérias primas;


existência de normalização, reciclabilidade, impacto ambiental.

8. Considerações Finais

SM é uma atividade que atravessa um grande número de áreas da engenharia e que,


também, relaciona-se com disciplinas não-técnicas como marketing.

Para selecionar os materiais alguns dados devem ser recolhidos e procedimentos devem ser
adotados, de forma que o produto atenda aos requisitos do mercado e seja viável ao
ambiente.

Deve-se dar grande importância não apenas ao material e suas características físicas
macroscópicas, como também a propriedades advindas de características microscopias e ao
processo ao qual o material deve ser submetido, pois este pode ser uma restrição de suma
importância dentro do projeto.

Por fim, é importante realçar que, na prática, vários requisitos devem ser obedecidos ao
mesmo tempo, o que conduz a situações pouco claras. É importante então sistematizar os
procedimentos de SM via o uso de matrizes de decisão.

16
9. Referências

Callister, W. D. Jr. Ciência e Engenharia De Materiais - Uma Introdução, 5ªEdição, Ltc


Editora, 2002

Ashby, M. F. Materials Selection in Mechanical Design, Pergamon Press. Oxford, 1992

ASM Handbook, Vol. 20., Materials selection and Design, ASM International, Materials
Park, OH, 1997.

Ashby, M.F, and D. R. H. Jones, Engineering Materials 1, An Introduction to Their


Properties and Applications, 2nd edition. Pergamon Press, Oxford, 1996

17

Você também pode gostar