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3 - PODER JUDICIÁRIO

3.1. Poder Judiciário: estrutura.


A estrutura do Poder Judiciário é determinada pelo Constituição Federal.

Art. 92 da CF/88

STF Art. 101 a 103-A CF


Art. 92 CF/88 Art. 101 CF

CNJ
Art. 103-B CF

Art. 111 e 116 CF Art. 118 e 121 CF Art. 122 e 124 CF

TST TSE STM STJ Art. 104 e 105 CF

Art. 111, I, CF Art. 118, I, CF Art. 122, I, CF Art. 104 CF

Art. 106 e 110 CF Art. 125 CF

TRTs TREs (não há) TRFs TJs


Art. 125 CF,
Art. 111, II, CF Art. 118, II, CF Art. 106, I, CF Art. 70 CE/AM

Juízes do Juízes Juntas Auditorias Juízes Tribunal do Juízes de Conselho de


Trabalho Eleitorais Eleitorais Militares Federais Júri Direito Just. Militar
Art. 111, III,CF Art. 118, III, CF Art. 118, IV, CF Art. 122, II, CF Art. 106, II, CF Art. 76 CE/AM Art. 77 CE/AM Art. 79 CE/AM

Figura 1 - Organização do Poder Judiciário

Constituição Federal: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm


Constituição do Estado do Amazonas: http://www2.senado.leg.br/bdsf/item/id/70430
http://www.pge.am.gov.br/wp-content/uploads/2017/11/CEAM-Atualizada-ate-EC-96-de-2017.pdf

Tribunais de Arbitragem exercem jurisdição nos termos da Lei nº 9.307/1996


(http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9307.htm).

Tribunal de Contas da União (Art. 71, CF/88; Lei nº 8.443/1992 – Lei orgânica
http://www.planalto.gov.br/CCivil_03/leis/L8443.htm), Tribunal de Contas do Estado do Amazonas (Art. 40
CE/AM/1989; Lei Estadual nº 2.423/1996 – Lei Orgânica http://www.tce.am.gov.br/portal/wp-
content/uploads/lei_organica/lei_estadual_2423-1996_atualizada_(13-06-2013).pdf); Superior Tribunal de Justiça
Desportiva, Tribunais de Justiça Desportiva, Comissões Disciplinares (Art. 52 da Lei nº 9.615/1998
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9615consol.htm), Tribunal Marítimo (Lei nº 2.180/1954
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L2180.htm) não são órgãos do Poder Judiciário.

3.2. Organização judiciária.


A organização judiciária compreende toda a matéria concernente à constituição da magistratura, composição
e atribuições dos juízos e tribunais, garantias de independência e subsistência dos juízes, bem como as condições de
investidura, acesso e subsistência dos órgãos auxiliares e distribuição de suas atribuições (J. E. Carreira Alvim).

Segundo consta no TJDFT:


GRAU DE JURISDIÇÃO OU INSTÂNCIA - Quando se fala em Grau de Jurisdição ou Instância
indica-se a hierarquia judiciária de um órgão. Existem os juízos de Primeiro Grau, de Segundo
Grau, de grau inferior, de grau superior etc. Por princípio, as demandas judiciais são sujeitas a
dois graus de jurisdição: a Primeira Instância refere-se, em regra, ao juízo em que se iniciou a
demanda, ou onde foi proposta a ação; a Segunda é aquela à qual se recorre quando se
pretende modificar decisão ou sentença final. Entretanto, ressalte-se que é na Primeira que se
processará todo o feito até a decisão final e a execução de sentença que ali for proferida
(Disponível em: http://www.tjdft.jus.br/acesso-rapido/informacoes/vocabulario-
juridico/entendendo-o-judiciario/grau-de-jurisdicao-ou-instancia. Acesso em: 26 Mar 2016).

Assim, a palavra instância se confunde com grau de jurisdição. Nesse caso, como não há falar em 3º ou 4º grau
de jurisdição, não há falar em 3ª ou 4ª instância (apesar da divergência doutrinária).
Pelas mesmas razões já apresentadas sobre a não utilização das expressões “terceiro grau de
jurisdição” e “quarto grau de jurisdição”, devem ser evitadas as expressões “terceira instância”
e “quarta instância”. Quando um terceiro ou quarto órgão jurisdicional manifesta-se em um
caso concreto – e isto é possível, mercê da sistemática dos recursos especiais e extraordinários
(arts. 105, III, e 102, III, respectivamente, da Constituição Federal, e arts. 541 a 543 do Código
de Processo Civil) –, o Superior Tribunal de Justiça e o Supremo Tribunal Federal atuam como
órgãos de sobreposição (v. n. 1 do Capítulo 3 da Parte II). Exercem, é certo, “jurisdição superior”
nos termos aqui discutidos mas isto não significa entendê-los como meros órgãos revisores, de
“segunda instância” ou de um novo “segundo grau de jurisdição”, do quanto decidido pelos
demais órgãos jurisdicionais (BUENO, Cassio Scarpinella. Curso sistematizado de direito
processual civil: teoria geral do direito processual civil, vol. 1. – 8. ed. rev. e atual. – São Paulo:
Saraiva, 2014).

Há a expressão “instância superior” e “instância inferior”, elas são utilizadas quando se faz referência entre
instâncias. Exemplo: O TJ-AM é instância superior para o Juízo da 1ª Vara Criminal da Comarca de Manaus e é instância
inferior para o Superior Tribunal de Justiça.

A expressão “instância recursal” serve para referência à juízo ao qual se recorre de decisão de instância
inferior.

A expressão “primeira instância” refere-se ao juízo de 1º grau de jurisdição e a expressão “segunda instância”
refere-se ao juízo de 2º grau quando no exercício da competência recursal ordinária. Competência recursal ordinária
não pode ser confundida com Recurso Ordinário (art. 102, II e art. 105, II, da CF/88).

A competência recursal ordinária está para o duplo grau de jurisdição, onde a matéria é devolvida à instância
superior. Já a competência recursal extraordinária está para a tutela recursal do sistema jurídico e não diretamente
das partes, assim, nesses recursos (por exemplo: Recurso Extraordinário [art. 102, III, CF/88]; Recurso Especial [art.
105, III, CF/88]) não há exame dos fatos, mas, apenas das teses jurídicas. Logo, em função de competência recursal
extraordinária, os Tribunais Superiores (inclusive o STF) não estão prestando o terceiro ou quarto grau de jurisdição.

Competência
Instâncias Órgãos Recursal Recursal
Originária
Ordinária Extraordinária
Supremo Tribunal Federal X X X
Extraordinárias Superior Tribunal de Justiça,
X X X
Tribunal Superior do Trabalho, ...
Tribunal de Justiça, Tribunal
2ª X X
Ordinárias Regional Federal, ...
1ª Juiz de Direito, Juiz Federal, ... X

3.2.1. ORGANIZAÇÃO DA JUSTIÇA FEDERAL


A Justiça Federal é organizada em Regiões Federais.

Figura 2 - Mapa da distribuição das Regiões Federais


Existe a ADI nº 5017 - AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE – com liminar deferida pelo Ministro Luiz
Fux com o seguinte teor:
"(...) Ante o exposto, em caráter excepcional, e sujeito ao referendo do Colegiado, defiro a
medida cautelar pleiteada, para suspender os efeitos da EC 73/2013. Solicitem-se, com
urgência, informações ao Congresso Nacional, acerca do pedido de medida cautelar, no prazo
de cinco dias. Após, abra-se vista dos autos pelo prazo de três dias, sucessivamente, para o
advogado-geral e para o procurador-geral da República. Recebidas as informações
preliminares, ou certificado o transcurso do prazo assinalado para tanto, a medida cautelar
deverá ser submetida ao referendo do Plenário. Publique-se. Int.. " (BRASIL. Supremo Tribunal
Federal (STF). Presidência. ADI nº 5017. Requerente: ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS
PROCURADORES FEDERAIS - ANPAF. Relator: Min. Luiz Fux. Brasília, 18 de julho de 2013. DJ nº
148, 01/08/2013).

Então, apesar de o art. 27, § 11, das ADCT ter sido modificado por força da EC nº 73, os efeitos dessa
modificação foram suspensos por decisão da Presidência do STF (Min. Joaquim Barbosa) em sede da ADI nº 5017 e,
assim, permanece o efeito da redação anterior, logo, ainda são apenas 5 TRF em operação atualmente.

A Justiça Federal em 1º Grau é organizada da seguinte maneira:

2º Grau Tribunal Regional Federal

1º Grau Seção Judiciária Subseção Judiciária

Figura 3 - Organização da Justiça Federal

Assim, infere-se que há 5 Tribunais Regionais Federais, há 1 Seção Judiciária em cada Capital de Estado e há
várias Subseções Judiciárias nos municípios de interior dos Estados. Essas divisões são para definir a competência e
não para dividir a jurisdição (ela é indivisível).

No caso do Amazonas, há a Seção Judiciária do Amazonas (em Manaus) (www.jfam.jus.br) e há a Subseção


Judiciária de Tabatinga e a Subseção Judiciária de Tefé.

Não há entrâncias na Justiça Federal.

Ainda, há na Justiça Federal os Juizados Especiais Federais. Eles são regulamentados pela Lei nº 10.259/2001
(dispõe sobre a instituição dos Juizados Especiais Cíveis e Criminais no âmbito da Justiça Federal).

3.2.2. ORGANIZAÇÃO DA JUSTIÇA ESTADUAL (Justiça Comum)


Em cada Estado há a estrutura de Tribunais de Justiça do Estado, como é o caso do Estado do Amazonas que
tem o Tribunal de Justiça do Estado do Amazonas (nome completo, sigla TJ-AM, site: www.tjam.jus.br).

2º Grau Tribunal de Justiça

Entrância
1º Grau Entrância Inicial
Intermediária
Entrância Final

Figura 4 - Organização da Justiça Estadual

Há a classificação das comarcas por entrâncias. Essa classificação pode ser por inicial, intermediária e final, ou
pode ser ordinal: 1ª, 2ª... até a 4ª entrância.

Entrância é uma forma de classificar as comarcas para utilizar esse critério para a promoção dos magistrados,
eles começam a carreira na 1ª Entrância ou Entrância Inicial, conforme a organização do Estado, e com as promoções
são deslocados para a entrância final, especial ou 2ª, 3ª ou 4ª (a última quando ordinal), o nome varia conforme o
Estado, sendo sempre a capital do Estado.
No Amazonas há apenas duas entrâncias, a inicial (no interior) e a final (em Manaus), conforme art. 8º da Lei
Complementar Estadual nº 17/1997, com redação dada pela LCE nº 68/09. Originalmente, a Lei Complementar tratou
as entrâncias por classificação ordinal. No entanto, a Lei Complementar nº 68/09 passou a tratar as entrâncias como
inicial e final.

No Estado do Amazonas, há 1 comarca na capital e 60 no interior, sendo que há 61 municípios no interior.


Atualmente, apenas o Município de Tonantins não tem comarca instalada, sendo Termo Judicial de Santo Antônio de
Iça. Assim, a comarca de Santo Antônio de Iça abrange o território dos dois municípios, conforme art. 8º da Lei
Complementar Estadual nº 17/1997, com redação dada pela LCE nº 68/09.

Tribunal de Justiça Lei Complementar Estadual nº 17/1997


Art. 3º, I

Turmas Recursais Conselhos de


Juízes de Direito Juízes Substitutos
dos Juizados Tribunal do Júri Juízes de Direito Justiça e Auditoria Juizados de Paz
Auxiliar de Carreira
Especiais Militar
Art. 3º, II Art. 3º, III Art. 3º, IV Art. 3º, V Art. 3º, VI Art. 3º, VII Art. 3º, VIII

Figura 5 - Organização do Poder Judiciário no Estado do Amazonas

Tribunal Pleno
Art. 25 a 32

Conselho da Lei Complementar Estadual nº 17/1997


Magistratura
Art. 33 a 47

Câmaras Cíveis Câmaras Criminais


Reunidas Reunidas
Art. 48 a 50 Art. 48 a 50

1ª Câmara Cível 2ª Câmara Cível 3ª Câmara Cível 4ª Câmara Cível 2ª Câmara Criminal 2ª Câmara Criminal
Isolada Isolada Isolada Isolada Isolada Isolada
Art. 51, I Art. 51, II Art. 51, III Art. 51, IV Art. 51, V Art. 51, VI
Art. 52 a 60 Art. 52 a 60 Art. 52 a 60 Art. 52 a 60 Art. 52 a 60 Art. 52 a 60
Art. 61 e 62 Art. 61 e 62 Art. 61 e 62 Art. 61 e 62 Art. 63 e 65 Art. 63 e 65

Figura 6 - Organização do TJ-AM

No tribunal de Justiça do Estado do Amazonas, há 4 Câmaras Cíveis Isoladas e 2 Câmaras Criminais Isoladas,
todas com 4 desembargadores. Só não participam das Câmaras o Presidente e o Corregedor.

Os Juízes de Direito podem ser denominados: Juízes de Direito Substitutos de Carreira (art. 97 da LCE nº 17);
Juízes de Direito de 1ª Entrância (por força da LCE nº 68/09, o correto é designá-los como Juízes de Direito de
Entrância Inicial, porém, ainda é pouco usual) (art. 98 a 99 da LCE nº 17), assim, os Juízes de Direito no Interior
(Entrância Inicial) podem estar investidos de competência da Justiça Federal, do Trabalho e Eleitoral (porém, o
TRT/11 atualmente presta jurisdição no interior do Amazonas por meio de seus próprios juízes); Juízes de Direito de
2ª Entrância (Art. 150 a 163 da LCE nº 17).
Comarca da Capital Lei Complementar Estadual nº 17/1997
Art. 150

Competência Competência
Competência
Jurisdicional Jurisdicional
Jurisdicional Civil
Penal Especial

Varas da Fazenda Varas de Delitos Vara do Juizado


Varas Cíveis e de Pública Estadual Vara do Juizado
sobre Tráfico e Uso Infracional da
Acidente do e de Crimes Varas Criminais de Substâncias
Cível da Infância Infância da
Trabalho contra a Ordem Entorpecentes da Juventude Juventude
Tributária
Art. 151 Art. 152, I Art. 155 Art. 156 Art. 161, I Art 161, II

Vara Vara Especializada


Varas Varas da Fazenda Varas do Tribunal Especializada em Vara de execução
do Meio Ambiente
Especializadas da Pública de medidas
do Júri Crimes e de Questões
Dívida Ativa Municipal e de socioeducativas
deTrânsito Agrárias
Estadual Crimes contra a
Ordem Tributária Art. 157 Art. 158 Art. 161, III Art. 161-A até D
Art. 152, II Art. 153, I
Juizado
Vara da Auditoria Especializado no Vara de Registros
Varas Militar Combate à Violência Públicos e
Especializadas da (Estadual) Doméstica e Familiar Usucapião
Varas de Família Contra a Mulher
Dívida Ativa
Municipal Art. 159 Art. 429 Art. 161-E
Resolução nº 18/2012
Art. 153, II Art. 154 Vara Especializada
em Crimes Contra a
Vara do Juizado Vara de
Vara de Órfãos Dignidade Sexual
Especial das de Crianças e Execuções Penais
Fazendas Públicas e Sucessões Adolescentes
Estadual e
Municipal Art. 429 Art. 160
Resolução nº 09/2010 Resolução nº 07/2014
Art. 429 Vara de
Central de
Execuções de
Inquéritos
Medidas e Penas
Policiais
Alternativas
Art. 160-A Art. 161-F

Figura 7 - Organização da Comarca da Capital

Na Comarca da Capital há 20 Varas Cíveis e de Acidentes do Trabalho; 4 Varas da Fazenda Pública Estadual e
de Crimes contra a Ordem Tributária; 1 Varas Especializada da Dívida Ativa Estadual; 2 Varas da Fazenda Pública
Municipal e de Crimes contra a Ordem Tributária; 1 Vara Especializada da Dívida Ativa Municipal; 8 Varas de Família e
1 Núcleo de Conciliação das Varas de Família; 11 Varas Criminais; 3 Varas do Tribunal do Júri; 4 Varas Especializadas
em Crimes de Uso e Tráfico de Entorpecentes (VECUTE); 1 Vara Especializada em Crimes de Trânsito; 3 Juizados
Especializados no Combate a Violência Doméstica e Familiar Contra a Mulher; 1 Vara Especializada em Crimes Contra
a Dignidade Sexual de Crianças e Adolescentes; 1 Vara de Execuções Penais e 1 Vara de Execuções de Medidas e Penas
Alternativas; 1 Vara de Registros Públicos e Usucapião; 1 Juizado Cível da Infância e da Juventude; 1 Juizado Infracional
da Infância e da Juventude; 1 Vara de Execução de Medidas Sócio Educativas; 1 Vara Especializada do Meio Ambiente
e de Questões Agrárias (VEMAQA), 1 Central de Inquéritos.

Há ainda, 16 Varas do Juizado Especial Cível e 5 Varas do Juizado Especial Criminal e 3 Turmas Recursais.

Varas do Juizados Varas do Juizados


Fórum
Especiais Cíveis Especiais Criminais
1ª; 3ª; 5ª; 6ª; 7ª; 12ª; 13ª; 15ª; 17ª.
Fórum Desembargador Mário Verçosa
13ª; 15ª.
Casa da Justiça Desembargador Paulo Herban Maciel Jacob 2ª.
Fórum Desembargador Lúcio Fonte de Rezende 4ª; 11ª; 14ª.
Fórum Desembargador Azarias Menescal de Vasconcellos 9ª; 10ª; 16ª. 19ª.
Centro Universitário Nilton Lins 8ª. 18ª.
Os Juizados Especiais são regulamentados pelas Lei nº 9.099/1995 (dispõe sobre os Juizados Especiais Cíveis
e Criminais) e Lei nº 12.153/2009 (dispõe sobre os Juizados Especiais da Fazenda Pública no âmbito dos Estados, do
Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios). Conforme a Resolução nº 09/2010, foi instalada na Comarca de
Manaus, para funcionamento no prédio do Fórum Henoch Reis, a Vara do Juizado Especial das Fazendas Públicas,
que funciona exclusivamente com processos automatizados e eletrônicos.

Diferentemente do que ocorre nas ações em trâmite nas varas comuns em que a instância imediatamente
superior é o Tribunal de Justiça, nos juizados especiais, a instância imediatamente superior é a das Turmas Recursais.
Na comarca de Manaus, há 3 Turmas Recursais. Logo, essas turmas fazem as vezes do 2º Grau, não cabendo recurso
das decisões dessa ao Tribunal de Justiça.

TJ-AM Turma Recursal

1ª Vara do Juizado
1ª Vara Cível
Especial Cível
Figura 8 - Comparativo de instâncias

3.2.3. ORGANIZAÇÃO DA JUSTIÇA DISTRITAL (DISTRITO FEDERAL)


A Justiça no Distrito Federal é equivalente à Justiça dos Estados, porém, com algumas peculiaridades. O Distrito
Federal tem equivalência política aos Estados e abrange as competências dos Municípios (art. 32, § 1º, CF/88). Não há
municípios no Distrito Federal, conforme art. 32, caput, CF/88. Sendo assim, o DF possui Regiões Administrativas e
não municípios.

TJDFT
Lei nº 11.697/08

Conselho Conselho da
Especial Magistratura
Art. 1º, II, L 11.697 Art. 1º, III, L 11.697

Juízes de Direito Aud e Conselho


Tribunais do Júri
do DF e T de Just Militar
Art. 1º, IV, L 11.697 Art. 1º, V e VI, L 11.697 Art. 1º, VII, L 11.697

Figura 9 - Organização da Justiça do Distrito Federal e Territórios

No DF não há comarcas, mas, circunscrições. E também como na Justiça Federal, não há entrâncias.

ANEXO IV – Quantitativo de Cartórios Judiciais (Lei nº 11.697/08)

Situação Atual Situação Proposta


Circunscrições Varas Varas a serem
existentes criadas
Distrito Federal 20 20
Especial de Brasília 56 13
Brazlândia 6 2
Ceilândia 20 0
Gama 12 3
Paranoá 8 3
Planaltina 8 5
Samambaia 14 0
Sobradinho 8 6
Taguatinga 20 0
Santa Maria 10 0
Núcleo Bandeirante 0 9
São Sebastião 0 6
Riacho Fundo 0 6
Total 182 73

3.2.4. ORGANIZAÇÃO DA JUSTIÇA DO TRABALHO


A Justiça do Trabalho tem no seu ápice o Tribunal Superior do Trabalho (TST - http://www.tst.jus.br), também
possui Regiões, onde os Tribunais Regionais do Trabalho estão instalados, são atualmente 24 Regiões.

Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região Jurisdição no Estado do Rio de Janeiro


Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região Jurisdição no Estado de São Paulo (capital)
Tribunal Regional do Trabalho da 3ª Região Jurisdição no Estado de Minas Gerais
Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região Jurisdição no Estado do Rio Grande do Sul
Tribunal Regional do Trabalho da 5ª Região Jurisdição no Estado da Bahia
Tribunal Regional do Trabalho da 6ª Região Jurisdição no Estado de Pernambuco
Tribunal Regional do Trabalho da 7ª Região Jurisdição no Estado do Ceará
Tribunal Regional do Trabalho da 8ª Região Jurisdição nos Estados do Pará e Amapá
Tribunal Regional do Trabalho da 9ª Região Jurisdição no Estado do Paraná
Tribunal Regional do Trabalho da 10ª Região Jurisdição no Distrito Federal e Tocantins
Tribunal Regional do Trabalho da 11ª Região Jurisdição no Estado de Roraima e Amazonas
Tribunal Regional do Trabalho da 12ª Região Jurisdição no Estado de Santa Catarina
Tribunal Regional do Trabalho da 13ª Região Jurisdição no Estado da Paraíba
Tribunal Regional do Trabalho da 14ª Região Jurisdição nos Estados do Acre e Rondônia
Tribunal Regional do Trabalho da 15ª Região Jurisdição no Estado de São Paulo (Interior)
Tribunal Regional do Trabalho da 16ª Região Jurisdição no Estado do Maranhão
Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região Jurisdição no Estado do Espírito Santo
Tribunal Regional do Trabalho da 18ª Região Jurisdição no Estado de Goiás
Tribunal Regional do Trabalho da 19ª Região Jurisdição no Estado de Alagoas
Tribunal Regional do Trabalho da 20ª Região Jurisdição no Estado de Sergipe
Tribunal Regional do Trabalho da 21ª Região Jurisdição no Estado do Rio Grande do Norte
Tribunal Regional do Trabalho da 22ª Região Jurisdição no Estado do Piauí
Tribunal Regional do Trabalho da 23ª Região Jurisdição no Estado do Mato Grosso
Tribunal Regional do Trabalho da 24ª Região Jurisdição no Estado do Mato Grosso do Sul
No Amazonas, a Região Competente é a 11ª Região (TRT/11 - http://portal.trt11.jus.br). Essa região é
competente no Estado do Amazonas e no Estado de Roraima. A sede do TRT/11 fica na Rua Visconde de Porto Alegre,
1265- Praça 14 de Janeiro, Manaus/AM.

Em Manaus, há o Fórum Trabalhista de Manaus Ministro Mozart Victor Russomano que se situa na Rua Ferreira
Pena, 546 - Centro. Manaus/AM. Nesse Fórum há 19 Varas do Trabalho.

Ainda no Amazonas, o TRT/11 tem varas do trabalho em Coari, Eirunepé, Humaitá, Itacoatiara, Lábrea,
Manacapuru, Parintins, Presidente Figueiredo, Tabatinga e Tefé. Em Roraima há Vara do Trabalho apenas na capital,
Boa Vista.

3.2.5. ORGANIZAÇÃO DA JUSTIÇA MILITAR


A Justiça Militar tem o Superior Tribunal Militar (STM - http://www.stm.jus.br) como ápice e é dividida em
circunscrições. A lei 8.457/1992, organiza a Justiça Militar da União e regula o funcionamento de seus Serviços
Auxiliares.
STM

Auditoria de
Correição

1ª CJM 2ª CJM 3ª CJM 4ª CJM 5ª CJM 6ª CJM 7ª CJM 8ª CJM 9ª CJM 10ª CJM 11ª CJM 12ª CJM

1ª Auditoria 2ª Auditoria 1ª Auditoria 1ª Auditoria 2ª Auditoria Auditoria Auditoria Auditoria Auditoria Auditoria Auditoria Auditoria 1ª Auditoria Auditoria

3ª Auditoria 4ª Auditoria 2ª Auditoria 3ª Auditoria 2ª Auditoria

Figura 10 - Organização da Justiça Militar da União

Há 12 Circunscrições Judiciárias Militares (CJM) que são as seguintes: 1ª CJM (RJ e ES) – 4 Auditorias; 2ª CJM
(SP) – 2 Auditorias; 3ª CJM (RS) – 3 Auditorias; 4ª CJM (MG); 5ª CJM (PR e SC); 6ª CJM (BA e SE); 7ª CJM (PE, AL, PB e
RN); 8ª CJM (PA, AP, MA); 9ª CJM (MS, MT); 10ª CJM (CE e PI); 11ª CJM (DF, GO e TO); e 12ª CJM (AM, AC, RO e RR).
Apenas a 1ª, 2ª, 3ª e 11ª CJM tem mais de uma Auditoria.

Não Tribunais Regionais na Justiça Militar.

A composição dos Conselhos de Justiça está regulamentada entre os art. 16 e art. 26 da Lei nº 8.457.

Conselho de
Justiça

Presidente Membro Membro Membro Membro


=Militar= =Militar= =Militar= =Militar= =Juiz Togado=

Figura 11 - Organização do Conselho Permanente de Justiça da Justiça Militar da União

O presidente do Conselho Permanente será um Oficial Superior e os demais membros militares serão Oficiais
Intermediários ou Subalternos (para consultar os postos militares acesse: http://www.eb.mil.br/postos-e-
graduacoes), todos sorteados para exercício da função por um trimestre, quando serão sorteados novos juízes
militares. Haverá um Conselho Permanente para julgar os membros de cada uma das Forças Armadas, ou seja, haverá
três Conselhos Permanente de Justiça (Marinha do Brasil, Exército Brasileiro e Força Aérea Brasileira) funcionando
concomitantemente a cada trimestre. Ainda, haverá Conselhos Especiais de Justiça para julgar os oficiais (art. 27, I, da
Lei nº 8.457).

3.2.6. ORGANIZAÇÃO DA JUSTIÇA ELEITORAL


A Justiça Eleitoral tem o Tribunal Superior Eleitoral (TSE - http://www.tse.jus.br) no ápice e é dividida em
regiões. Há 1 Tribunal Regional Eleitoral por Unidade Federativa (Estados e DF)
(http://www.tse.jus.br/institucional/tribunais-regionais).

No Amazonas o Tribunal Regional Eleitoral no Amazonas (TRE-AM - http://www.tre-am.jus.br) tem sua


organização da seguinte forma: “O Estado do Amazonas possui 70 zonas eleitorais distribuídas em seu território, sendo
13 delas na capital Manaus e as restantes localizadas no interior” (TRE-AM, disponível em: http://www.tre-
am.jus.br/institucional/zonas-eleitorais/zonas-eleitorais, acesso em: 24/03/2016).

3.3. Unidade e duplo grau de jurisdição


Jurisdição é: “Função do Estado, pela qual ele, no intuito de solucionar os conflitos de interesse em caráter
coativo, aplica a lei geral e abstrata aos casos concretos que lhe são submetidos” (GONÇALVES, Marcus Vinicius Rios.
Direito processual civil esquematizado. – 5. ed. – São Paulo : Saraiva, 2015).

Segundo Bueno:
[...] por “duplo grau de jurisdição” deve ser entendido o modelo no qual se garante a
revisibilidade ampla das decisões judiciais, quaisquer decisões, por magistrados
preferencialmente diversos e localizados em nível hierárquico diverso. Por “revisibilidade
ampla” deve ser entendida a oportunidade de tudo aquilo que levou o órgão a quo a proferir
uma decisão e ser contrastado pelo magistrado ad quem (BUENO, Cassio Scarpinella. Curso
sistematizado de direito processual civil: teoria geral do direito processual civil, vol. 1. – 8. ed.
rev. e atual. – São Paulo: Saraiva, 2014).

Assim, infere-se que o duplo grau de jurisdição não significa que há mais de uma jurisdição, mas que a
jurisdição pode ser prestada por um juízo inicial (juízo a quo) (juízo de competência originária) e esse julgado pode ser
revisto (reformado ou confirmado) por outro juízo (juízo ad quem [juízo final]) (competência recursal ordinária).

Não há dispositivo constitucional que expressamente garanta esse direito como absoluto. Assim, nem sempre
caberá duplo grau de jurisdição.

O duplo grau de jurisdição funciona com a devolução do caso (mediante recurso interposto pela parte que
alegar prejuízo injusto sofrido por decisão judicial proferida pelo juízo a quo) à instância imediatamente superior à
instância de competência originária. Por exemplo, quando alguém é condenado pelo Juízo da 1ª Vara Cível da Comarca
de Manaus e apela da sentença, assim, o recurso produz efeito devolutivo e os autos são remetidos ao Tribunal de
Justiça do Estado do Amazonas, onde o caso será rejulgado nos limites do pedido recursal (somente sobre o que foi
recorrido pelo apelante – extensão do efeito devolutivo).

Exemplo:

2º Grau Tribunal de Justiça do Estado

1º Grau Juízo da Vara Cível

Figura 12 - Exemplo de Instâncias

Não há duplo grau de jurisdição em casos julgados originariamente pelo STF (art. 102, I, CF/88); nas causas em
que o tribunal se deparar com processo em condições de imediato julgamento (não precisar de maior instrução) e
reformar sentença fundadas nas hipóteses de extinção do processo sem resolução do mérito (art. 1.013, § 3º, NCPC).

Duplo grau de jurisdição é uma faculdade que assiste ao jurisdicionado que tenha interesse recursal e
preencha os demais requisitos recursais. Logo, por regra, ele é facultativo. No entanto, quando das hipóteses do art.
496 do NCPC, haverá a remessa necessária (que não é recurso). Assim, duplo grau de jurisdição não pode ser
conceituado como acesso recursal, mas, acesso a outro juízo, uma vez que há duplo grau de jurisdição na remessa
necessária e ela não é recurso, uma vez que não tem as características dos recursos. Então, o duplo grau não está
ligado à recorribilidade, mas, à revisibilidade.

3.4. Composição dos juízos e tribunais.


Não se deve confundir Juízo e Juiz. A primeira expressão significa uma estrutura organizacional do Poder
Judiciário, ou seja, é o órgão julgador e a última significa a pessoa (pessoa humana) que ocupa função dentro do órgão.

O órgão denominado Juízo pode ter um ou mais juízes. Em 1º Grau, em regra, as decisões dos juízos são
realizadas por único juiz, assim, disse que são monocráticas. Esse órgão é comumente denominado “Vara”. Exceção
ao número de julgadores é feita às decisões em Tribunal do Júri e em Conselho de Justiça (Justiça Militar da União e
também dos Estados), quando a decisão é tomada pelo colegiado.

Já nas instâncias superiores, as decisões, em regra, são proferidas em colegiado (por mais de um magistrado),
exceto, quando proferidas pelo relator (v.g. art. 932 NCPC). Esses órgãos são denominados Câmaras ou Turmas,
quando fracionários do tribunal, ou Tribunal Pleno, quando reunidos todos os julgadores (o Pleno pode ser substituído
por Câmara Especial que reunirá parcela dos julgadores e substituirá a necessidade de reunião de todos, como ocorre
em São Paulo).

3.5. Critérios de ingresso na magistratura.


CRITÉRIO Funcionamento Cargo
Eleição pelo voto popular A população elege os magistrados. Não adotada no Brasil.
Livre escolha pelo Executivo O Chefe do Poder Executivo escolhe os Não adotada no Brasil.
magistrados livremente e sem a
interferência dos outros Poderes.
Livre nomeação pelo Poder Os magistrados escolhem outros Desembargadores oriundos de cargos
Judiciário magistrados pelos critérios de de Juiz.
merecimento e antiguidade e sem TSE e TRE nos termos do art. 120 CF/88.
interferência dos outros Poderes.
Ocorre em alguns Estados.
Nomeação pelo Poder Os magistrados são indicados Ministro do Supremo Tribunal Federal.
Executivo com aprovação do livremente pelo Chefe do Poder
Legislativo Executivo, o indicado é sabatinado e
aprovado pelo Poder Legislativo (no
Brasil, pelo Senado Federal) e
posteriormente ocorre a nomeação
pelo Chefe do Poder Executivo.
Nomeação pelo Poder O Poder Legislativo ou o Poder Indicados pelo Judiciário:
Executivo por indicação do Judiciária indica o magistrado e o Chefe Desembargadores Federais dos
Judiciário ou Legislativo do Poder Executivo aprova e nomeia. Tribunais Regionais Federais; Ministros
Normalmente, ocorre a remessa de do TSE e dos desembargadores dos TRE,
listra tríplice e dentre esses a escolha é indicados pelo STF e pelo STJ,
livre ao Chefe do Poder Executivo. respectivamente, e aprovados pela
Presidência da República (art. 120
CF/88).
Indicados pelo Legislativo: Membro do
CNJ.
Nomeação pelo Poder O Poder Judiciário elabora lista tríplice, Ministros do STJ.
Executivo, por indicação do o Poder Legislativo (no Brasil é o Senado
Judiciário, com aprovação do Federal) aprova os indicados e o Chefe
Legislativo do Poder Executivo escolhe livremente
entre os aprovados para nomeá-lo.
Nomeação pelo Poder O Ministério Público ou a OAB elaboram Quinto Constitucional nos Tribunais de
Executivo, por indicação de lista sêxtupla de seus respectivos 2ª Instância (TJ, TRF, TRT) e o Terço
órgãos representativos dos membros, o Poder Judiciário reduz a Constitucional nos Tribunais Superiores
advogados e do Ministério lista para tríplice e o Chefe do Poder (STJ, TST, STM).
Público, com a participação do Executivo escolhe livremente entre os
Judiciário e do Legislativo três aprovados pelo Legislativo.
Escolha por órgão A escolha ocorre por determinado Não adotada no Brasil.
especializado Conselho que é composto por
representantes dos três poderes e pela
advocacia. Se ocorresse no Brasil,
indubitavelmente, contaria com a
participação do MP.
Escolha por concurso Os cidadãos habilitados nos termos da Todos os Juízes de 1ª Instância.
lei (Bacharéis em Direito e com no
mínimo três anos de experiência)
prestam concurso de provas e títulos
para admissão à carreira da
magistratura.
Escolha por sorteio Os cidadãos participam de um sorteio Jurados nos Tribunais do Júri –os
para a escolha dos componentes do cidadãos em geral concorrem ao
Conselho. sorteio.
O Presidente e os Membros (exceto o
Juiz Auditor) que formam o Conselho de
Justiça da Justiça Militar da União e da
Justiça Militar dos Estados - os oficiais
de carreira da respectiva Força
concorrem ao sorteio.

No Amazonas, os Juízes de Direito tem sua carreira organizada da seguinte forma (art. 166 da LCE nº 17): a)
Juízes Substitutos de Carreira; b) Juízes de Direito de 1ª Entrância; c) Juízes de Direito de 2ª Entrância. E a promoção
ocorre nas seguintes hipóteses (art. 167 da LCE nº 17): a) nomeação; b) promoção; c) remoção; d) permuta; e) acesso;
f) reintegração; g) readmissão; h) aproveitamento; i) reversão.

3.6. Garantias da magistratura: independência política e jurídica dos juízes.


O Art. 95 da CF/88 trata das garantias constitucionais da magistratura. A Lei Complementar nº 35/1979 (dispõe
sobre a Lei Orgânica da Magistratura Nacional) detalha as garantias nos art. 25 a 34.

A vitaliciedade (Art. 95, I, da CF/88; art. 26 a 29 da LC nº 35) é conquistada pelo Juiz de 1º Grau com 2 anos de
carreira e após sua conquista, o magistrado não poderá ser excluído do cargo senão por sentença transitada em
julgado (nenhum juiz é julgado por órgão singular – art. 108, I, “a”, CF/88), porém, antes disso, poderá ser excluído
desde que por decisão do tribunal que o enquadra por meio de processo administrativo disciplinar. A vitaliciedade é
instantânea para os Juízes das demais instâncias.

A inamovibilidade (Art. 95, II, da CF/88; art. 30 e 31 da LC nº 35) implica em o magistrado não poder ser
movimentado de comarca ou similares sem que haja prévio interesse manifestado pelo juiz, salvo em razão de
interesse do serviço público.

A irredutibilidade de vencimentos (Art. 95, III, da CF/88; art. 32 da LC nº 35) implica em o magistrado não
sofrer redução de seus subsídios (eles não recebem salário), isso não afasta a responsabilidade tributária que incide
sobre patrimônio e renda do mesmo.

Essas garantias constitucionais foram concebidas para que os magistrados não fiquem expostos ao poder das
autoridades públicas para poder conhecer e aplicar o direito conforme os ideais da Justiça, logo, há falar que essas são
garantias políticas e que isso permite a independência jurídica.

3.6. Auxiliares da Justiça: conceito e classificação.


Os auxiliares da Justiça são órgãos secundários da atividade jurisdicional que podem integrar os quadros de
servidores do Poder Judiciário (serventuários), são os auxiliares permanentes, ou serem eventuais pois não são
serventuários, mas, pessoas naturais ou jurídicas que prestam serviços à Justiça. O NCPC apresenta no art. 149 um rol
exemplificativo dos auxiliares da Justiça:

Distribuidor

Escrivão Oficial de Justiça Conciliador Partidor


Permanentes
Diretor de
Contabilista Mediador Meirinho
Secretaria

Peritos Administradores Tradutores Escreventes


Auxiliares da De encargo
Justiça judicial
Regulador de
Depositários Intérpretes
avarias

ECT Jornais
Extravagantes
Impressa Oficial
No NCPC, há disposições sobre os auxiliares da Justiça: Oficial de Justiça (art. 150, 151, 154 e 155); Escrivão
(em Vara – 1ª Instância) e Diretor de Secretaria (em Secretaria de Tribunal) (art. 152, 153 e 155); Perito (art. 156 a
158); Depositário e Administrador (art. 159 a 161); Intérprete e Tradutor (art. 162 a 164); Conciliadores e Mediadores
(art. 165 a 175); e Regulador de Avarias (art. 707 a 711).

3.7. Órgãos do foro extrajudicial.


Segundo Carreira Alvim: “Os órgãos do foro extrajudicial não se compreendem entre os auxiliares da Justiça,
pois apenas administrativamente são subordinados ao Judiciário, pelo qual são fiscalizados, não desempenhando,
diretamente, qualquer função no processo” (ALVIM, José Eduardo Carreira. Teoria geral do processo. – 18. ed. – Rio
de Janeiro: Forense, 2015).

Tabelionato de Notas e
Ofício de Registro de Ofício de Registro das
Registro de Contratos
Imóveis Pessoas Naturais
Marítimos
Extrajudicial da Capital
Cartório de Títulos e
Ofício de Protesto de Letras Documentos e das Pessoas Tabelionato de Notas
Jurídicas

Figura 13 - Organização dos órgãos do foro extrajudicial da Comarca de Manaus

Em Manaus são 6 Ofício de Registro de Imóveis (funcionam cumulativamente com os 4 primeiros Ofícios de
Protesto de Letras), 6 Ofícios de Protesto de Letras (funcionam cumulativamente com os 4 primeiros Ofícios de
Registro de Imóveis), 12 Ofícios de Registro das Pessoas Naturais (Registro Civil), 1 Cartório de Títulos e Documentos
das Pessoas Jurídicas, 1 Tabelionato de Notas e Registro de Contratos Marítimos, 9 Tabelionato de Notas (dois
possuem matriz e sucursal, perfazendo 11 locais). Disponível em:
http://www.tjam.jus.br/index.php?option=com_content&view=article&id=4266&Itemid=728 Nesse link, é possível
encontrar a tabela de emolumentos e outras informações relevantes.

3.8. Ministério Público e sua posição na ordem jurídica.


Nos termos do art. 127 da CF/88, o Ministério Público funciona junto ao Poder Judiciário, porém, não pertence
a ele, pois, exerce função essencial à Justiça, como a advocacia.

A Constituição Federal prevê o Ministério Público entre os art. 127 e 130-A. Já a Constituição do Estado do
Amazonas trata do Ministério Público nos art. 83, I; art. 84 a 93.

O MP não está subordinado a qualquer dos três Poderes, apesar do STF já ter se manifestado no sentido de
ele pertencer à estrutura do Poder Executivo (ADI 132-9/RO). Porém, isso não quer dizer que ele esteja subordinado
a esse poder, pois, são características do MP a autonomia.

A Lei Complementar n. 75/93 dispõe sobre “a organização, as atribuições e o estatuto do Ministério Público
da União”, e a Lei n. 8.625/93 “institui a Lei Orgânica Nacional do Ministério Público, e dispõe sobre normas gerais
para a organização do Ministério Público dos Estados”. Já o Ministério Público Junto ao Tribunal de Contas da União
(Ministério Público de Contas) está regulamentado nos art. 80 a 84 da Lei nº 8.443/1992 (dispõe sobre a Lei Orgânica
do Tribunal de Contas da União).

No Estado do Amazonas, o Ministério Público está regulamentado na Lei Complementar Estadual nº 11/1993
(dispõe sobre a Lei Orgânica do Ministério Público do Estado do Amazonas). Já o Ministério Público Junto ao Tribunal
de Contas do Estado do Amazonas (Ministério Público de Contas) está regulamentado nos art. 111 a 119 da Lei Estadual
nº 2.423/1996 (dispõe sobre a Lei Orgânica do Tribunal de Contas do Estado do Amazonas).
Procurador Geral
da República
Art. 25 a 27

Conselho Nacional
do Ministério
Lei Complementar nº 75/1993 Público
Art. 130-A CF/88

Ministério Público Ministério Público


da União dos Estados
Art. 24 Art. 83 CE-AM

Ministério Público Ministério Público Ministério Público Ministério Público


Federal do Trabalho Estadual Junto ao TCE
Art. 37 a 82 Art. 83 a 115 Art. 17 LCE 17 Art. 111 LE 2423

Ministério Público
Ministério Público Ministério Público
do Distrito Federal
Militar Junto ao TCU
e Territórios
Art. 116 a 148 Art. 149 a 181 Art. 80 Lei 8.443

Figura 14 - Organização do Ministério Público Nacional

3.9. Funções, garantias e proibições do Ministério Público.


a) Funções do MP (art. 129 CF/88) – O Ministério Público pode atuar em processos como parte (dominus litis)
ou como fiscal da lei (custos legis). Como dominus litis o MP atua como autor promovendo demandas em prol da
sociedade e como custos legis ele atual emitindo parecer sobre o cumprimento da lei pelas partes.

b) Garantias do MP (art. 128, §5º, I, CF/88) – o MP tem garantias análogas as da Magistratura.

c) Proibições do MP (art. 128, §5º, II, CF/88) – o MP tem vedações análogas as da Magistratura.

3.10. Princípios informativos do Ministério Público.


O MP tem os seguintes princípios constitucionais (art. 127, § 1º, CF/88):

Unidade – o MP é uno, pois, todos os órgãos (membros) fazem parte de uma só corporação.

Indivisibilidade – o MP é que atua como parte ou fiscal da lei nos processos, assim, não é o órgão (membro),
dessa forma, eles podem ser substituídos e isso não significa sucessão ou substituição processual. “Apesar de uno e
indivisível, exerce a sua função por numerosos órgãos, que abrangem o MP Federal, o MP do Trabalho, o MP militar,
o MP do Distrito Federal e dos Territórios e os MPs Estaduais” (Gonçalves, Marcus Vinicius Rios. Direito processual
civil esquematizado. – 5. ed. – São Paulo: Saraiva, 2015).

Independência Funcional – os órgãos (membros) do MP agem sem qualquer subordinação hierárquica


enquanto nas respectivas funções. Assim, se um Promotor de Justiça entende que é o caso de denunciar alguém
indiciado, não poderá um Procurador da Justiça (órgão superior no Ministério Público do Estado) dar ordem para que
o indiciado não seja denunciado pelo Promotor. Ou seja, não há hierarquia funcional entre os órgãos do MP.

Poderá haver a possibilidade de o órgão do MP não oferecer denúncia pedindo arquivando do inquérito
policial e o juiz discordar do MP, nos termos do art. 28 do Código de Processo Penal (CPP), remeterá os autos ao
Procurador-Geral do MP que se entender de maneira diversa do órgão do MP, poderá designar outro órgão do MP
para oferecer a denúncia. Nesse caso, o órgão que receber a designação não poderá recusar o oferecimento da
denúncia, pois, estará agindo em representação da decisão do Procurador-Chefe e não do próprio ofício que exerce.

3.11. Advocacia pública.


A Advocacia Pública é órgão pertencente ao Poder Executivo e tem por objetivo defender judicialmente e
extrajudicialmente os interesses dos respectivos entes públicos da administração direta e indireta. Bem como, a
Advocacia Pública presta consultoria e assessoramento jurídico ao Poder Executivo.
A Advocacia Pública está prevista na Constituição Federal nos art. 131 e 132, onde trata da Advocacia-Geral
da União. Na Constituição do Estado do Amazonas, ela está prevista nos art. 83, II; art. 94 a 101. Já no Município de
Manaus, a Advocacia Pública está prevista nos art. 89 a 93 da Lei Orgânica do Município de Manaus. Logo, percebe-se
que cada ente tem a própria advocacia.

A Advocacia-Geral da União está organizada conforme a Lei Complementar nº 73/1993 (Institui a Lei Orgânica
da Advocacia-Geral da União) (http://www.planalto.gov.br/CCivil_03/leis/LCP/Lcp73.htm). A Procuradoria-Geral do
Estado do Amazonas está organizada pela Lei Estadual nº 1.639/1983 (Lei Orgânica da Procuradoria Geral do Estado)
(http://www.pge.am.gov.br/lei-organica-da-pge/). E a Procuradoria-Geral do Município está regulamentada na Lei
Municipal nº 1.015/2006 (dispõe sobre a Procuradoria Geral do Município) (http://www.cmm.am.gov.br/wp-
content/uploads/2014/02/LEI_1015_DE_14_07_20061.pdf).

3.12. Advocacia privada.


A Advocacia Privada está elencada ao lado do Ministério Público como função essencial à Justiça. Ela está
prevista no art. 133 da Constituição Federal.

Há a Lei nº 8.906/1994 (dispõe sobre o Estatuto da Advocacia e a Ordem dos Advogados do Brasil).

A advocacia privada exige para seu exercício a inscrição junto à OAB. Para tanto, exige-se, especificamente, a
graduação em Direito e a aprovação no Exame de Ordem.

Excepcionalmente, o advogado pode realizar a prestação de assistência judiciária sem cobrar pelos serviços.
Nesse caso, denomina-se pro bono e exige-se do advogado a observância de certos cuidados para não ser confundido
como prática ilícita de captação de clientela. Para tanto, o Novo Código de Ética e Disciplina contará com o disposto
no art. 30 in verbis:
Art. 30. No exercício da advocacia pro bono, e ao atuar como defensor nomeado, conveniado
ou dativo, o advogado empregará o zelo e a dedicação habituais, de forma que a parte por ele
assistida se sinta amparada e confie no seu patrocínio.
§ 1º Considera-se advocacia pro bono a prestação gratuita, eventual e voluntária de serviços
jurídicos em favor de instituições sociais sem fins econômicos e aos seus assistidos, sempre
que os beneficiários não dispuserem de recursos para a contratação de profissional.
§ 2º A advocacia pro bono pode ser exercida em favor de pessoas naturais que, igualmente,
não dispuserem de recursos para, sem prejuízo do próprio sustento, contratar advogado.
§ 3º A advocacia pro bono não pode ser utilizada para fins político-partidários ou eleitorais,
nem beneficiar instituições que visem a tais objetivos, ou como instrumento de publicidade
para captação de clientela.
Disponível em: http://www.oab.org.br/noticia/28512/oab-aprova-advocacia-pro-bono-no-
brasil
Acesso em: 28 Mar 2016.
O Código de Ética e Disciplina da OAB vigente está disponível no seguinte endereço:
http://www.oab.org.br/arquivos/resolucao-n-022015-ced-2030601765.pdf

Outro ponto importante de observância obrigatória aos advogados é sobre os honorários advocatícios
(regulado nos art. 21 a 26 da Lei nº 8.906/1994), especialmente, sobre a prática de aviltamento dos honorários (prática
de cobrar honorários em valor ínfimos e inexequíveis, prejudicando, assim, todos os profissionais), prática vedada nos
termos do art. 2º, parágrafo único, VIII, “f”, do Código de Ética e Disciplina da OAB. Assim, o advogado deve observar
o valor mínimo regulamentado pela seccional da OAB em que o advogado está inscrito. No Amazonas, a Seccional por
meio da Resolução OAB/AM-CP nº 004/2015 (aprova a Nova Tabela de Honorários Mínimos do Estado do Amazonas),
disponível em: http://oabam.org.br/downloads/pdf/resolucao_oabam_004_2015.pdf e a tabela está disponível em:
http://oabam.org.br/downloads/pdf/tabela-honorarios-estado-amazonas-2015.pdf

3.13. Defensoria Pública.


Também considerada pelo Constituinte como Função Essencial à Justiça, a Defensoria Pública está prevista no
art. 134 e 135 da Constituição Federal. E a Constituição do Estado do Amazonas prevê a Defensoria Pública nos art.
83, III; art. 102; e art. 103 da CE-AM.

A Defensoria Pública da União está organizada pela Lei Complementar nº 80/1994 (organiza a Defensoria
Pública da União, do Distrito Federal e dos Territórios e prescreve normas gerais para sua organização nos Estados).
Já a Defensoria Pública do Estado do Amazonas está organizada pela Lei Complementar Estadual nº 1/1990 (dispõe
sobre a organização da Defensoria Pública do Estado do Amazonas, estabelece o regime dos seus membros, cria o
quadro funcional).

A Defensoria Pública é necessária para viabilizar o acesso à Justiça aos economicamente hipossuficientes, na
forma do art. 5º, LXXIV, da CF/88. Destaca-se os objetivos da Defensoria Pública insculpidos no art. 3º-A da LC nº
80/1994, incluso pela Lei Complementar nº 132/2009.

Em geral, são considerados presumidamente hipossuficientes as pessoas que tem renda de até 3 salários-
mínimos. No entanto, não há em lei essa estipulação. A lei apenas estipula que deve ser hipossuficiente.

Segundo a DPE-RS:
“A Defensoria Pública presta atendimento a todas as pessoas que estejam em condição de
vulnerabilidade, assim consideradas aquelas que, por razão da sua idade, gênero, estado físico
ou mental, ou por circunstâncias outras (sociais, econômicas, étnicas e/ou culturais),
encontram dificuldades em exercitar seus direitos.
Quanto ao critério econômico, consideram-se vulneráveis todas as pessoas que comprovarem
renda familiar mensal igual ou inferior a três salários mínimos nacionais, considerando-se os
ganhos totais brutos da sua entidade familiar”. (Disponível em:
http://www.defensoria.rs.def.br/conteudo/20000).
Assim, cabe ao Conselho Superior da Defensoria Pública estipular por Resolução o critério para o acesso à
Defensoria Pública. Em São Paulo, a DPE-SP deliberou por meio do CSDP o limite de 3 salários-mínimos, nos termos da
Resolução nº 137/2009.

No Estado do Amazonas, a DPE-AM tem a Resolução nº 012/2014-CSDPE/AM que regulamenta as hipóteses


de denegação de atendimento pela Defensoria Pública, concernentes a interesses individuais. Nessa resolução, o art.
2º, caput, define como hipossuficiente a Pessoa Natural que tenha renda limitada a 3 salários-mínimos. Assim,
percebe-se que há no Brasil uma uniformização da hipossuficiência. Essa resolução está disponível em:
http://www.defensoria.am.gov.br/?q=275-conteudo-43160-resolu-o-n-012-2014-csdpe-am
Note-se a possibilidade da DPE-AM cobrar honorários advocatícios dos que a ela recorrerem e não forem
hipossuficientes, tudo nos termos dos art. 4º e 5º da citada resolução.

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