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Mais de um século se passou e até hoje nos preocupamos com a identidade do curso de
pedagogia.
Para que possamos compreender como se deu o processo de criação do curso de
pedagogia no Brasil, primeiramente, devemos entender o contexto histórico em que se deu sua
criação. Destacando os principais fatos históricos, políticos e culturais da época.
No período de transição do século XIX para o século XX a economia brasileira se
baseava no setor primário, num contexto predominantemente rural.
O índice de analfabetismo da população era altíssimo, tornando o exercício do poder e
sua resistência cada vez mais local. Os grandes fazendeiros controlavam determinadas regiões
politicamente, representando o exercício do poder cada vez mais elitizado.
Do início do século XX até o início da República Nova, o que se percebe é que a
educação de um modo geral não representou preocupação dos dirigentes da nação. Ou melhor,
dizendo, a educação não era prioridade.
Já a década de 20 foi marcada por mudanças no modelo econômico, a partir da
Primeira Guerra Mundial. O processo de industrialização provocou a transição “de um
modelo agrário – comercial – exportador dependente para o modelo capitalista – urbano –
industrial” (Brzezinski, 1996, p. 25). Com isso, houve um crescimento no processo de
urbanização.
Nessa época, idéias liberais propunham uma Pedagogia Nova, alicerçada no ideário do
americano John Dewey, que pregava a reformada sociedade pela reformado homem. “Existia
a ilusão liberal que a escolarização garantiria a ascensão social” (Brzezinski, 1996, p.27).
Nesse cenário, aconteceram as primeiras iniciativas com a preocupação de criar cursos
voltados para a formação de professores em nível superior.
As primeiras tentativas de criação dos estudos pedagógicos em nível superior
aconteceram na forma da Lei Estadual nº 1750/ 1920, feita por Sampaio Dória em São Paulo,
que criava a Faculdade de Educação. Que na verdade não chegou a ser instalada.
Assim, podemos nos perguntar: como se deu a origem e a criação do curso de
pedagogia ? se aprofundarmos no estudo das Escolas Normais, identificaremos que o curso de
pedagogia tem sua origem nos cursos pós-normais.
Só foi instalado em 1939, juntamente com as licenciaturas criadas na fase organização
da antiga Faculdade Nacional de Filosofia, da Universidade do Brasil pelo Decreto-lei nº
1190.
Essa faculdade visava à dupla função de formar bacharéis e licenciados para
várias áreas, entre elas, a área pedagógica,seguindo a fórmula “3 + 1”, em que as
disciplinas de natureza pedagógica, estavam justapostas às disciplinas de
conteúdo, com duração de três anos. (Sheibe, 1999, p.223)
A criação ou instalação do curso de pedagogia foi marcada por contradições,
principalmente com relação ao campo de atuação profissional indefinido quanto as suas
funções. “Seu principal campo de trabalho era o curso normal,um campo não exclusivo dos
pedagogos, uma vez que pela Lei Orgânica do Ensino Normal, para lecionar nesse curso era
suficiente o diploma do ensino superior”.(Sheibe, 1999, p. 224)
Além disso, os estudos pedagógicos de nível superior eram considerados inferiores aos
cursos de Medicina, Direito, etc., que existiam na época. Inferioridade atribuída
principalmente pela duração do curso no esquema 3 +1, enquanto os demais formavam
profissionais em cinco ou seis anos. Nesse contexto os profissionais dessa área
estigmatizados, desprestigiados, situação que dura até os dias atuais.
De acordo com Brzezinski (1996) a configuração desse curso sugere mais um
“arranjo” do que uma verdadeira escola de nível superior. Devido qos constantes ajustes e
adaptações,confirmando que as raízes do curso de pedagogia realmente se encontram na
Escola Normal.
O processo de estruturação dos estudos pedagógicos em nível superior,nos
regulamentos de uma universidade se dá de forma lenta e irregular no período que vai desde
os anos 30 até os anos 60. marcado pela resistência a mudança, dos diferentes setores sociais
agravada pelo desprestigio desse curso.
Vale apena ressaltar, que para complicar ainda mais a situação do recém criado
curso,havia mais uma ambigüidade que reforçava sua desvalorização, que segundo Brzezinski
(1996, p. 217) “era o fato de os egressos desse curso atuarem na Escola Normal, que formava
professores primários, sem que dominassem o conteúdo do curso “primário”.
O que se pode perceber é que a história do curso de pedagogia é marcada por grandes
contradições, avanços e recuos, impostos sob forma de Leis, Decretos, etc, de maneira
impositiva. Marcada pela desarticulação entre os saberes, formando um profissional
despreparado pedagogicamente para a prática.
A partir de 1945, devido a grandes pressões internas e externas, exercidas
principalmente pelo governo norte-americano inicia-se um processo de redemocratização no
país, com a implementação de um modelo econômico apoiado na industrialização.
O novo modelo econômico que se instava no período passa a exigir mão-de-obra
especializada, para atender a essas exigências, o novo modelo de ensino adotado se
caracteriza pelo ensino profissionalizante, e pelo ensino superior nas Faculdades de Filosofia.
Intensificando o processo de formação de professores com o propósito de atender a grande
demanda.
Diante dessa realidade, na década de 60 acontece uma grande expansão das
Faculdades de Filosofia. Essa expansão se dá desordenadamente, em condições inadequadas e
de baixa qualidade.
Podemos citar alguns fatores que contribuíram para o desprestígio das Faculdades de
Filosofia, como: